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Empreendedorismo Empreendedorismo Presidente do Grupo Splice Reitor Diretor Administrativo Financeiro Diretora da Educação a Distância Gestor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas Gestora do Instituto da Área da Saúde Gestora do Instituto de Ciências Exatas Autoria Parecerista Validador Antônio Roberto Beldi João Paulo Barros Beldi Claudio Geraldo Amorim de Souza Jucimara Roesler Henry Julio Kupty Marcela Unes Pereira Renno Regiane Burger Schirlei Mari Freder Aécio Antônio de Oliveira *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. 44 Sumário Os diversos âmbitos do empreendedorismo ..............6 Histórias inspiradoras .................................................26 Empreendedorismo no Brasil e no mundo ...............44 Comportamento empreendedor e intraempreendedor .....................................................63 Intraempreendedorismo, desenvolvimento de um empreendimento .........................................................81 Modelagem de Negócios .............................................98 Startups .......................................................................115 Incubadoras e aceleradoras de empresas ..............132 Empreendedorismo Empreendedorismo 7 Palavras do professor Caro aluno! Cara aluna! Bem-vindo à disciplina de Empreendedorismo! A proposta principal deste estudo é contextualizar o tema de maneira que você tenha condições de compreender do que se trata e de que modo utilizará o empreendedo- rismo em sua prática e escolha profissional. Abordaremos as perspectivas de conteúdos desde o empreendedorismo voltado aos negócios com fins lucrativos, que tem por objetivo principal o lucro destinado aos seus sócios, até outra modalidade de empreendedo- rismo, que é aquele voltado para a área social: os negócios sociais. Estes, por sua vez, também apresentam finalidades lucrativas, porém, têm como pano de fundo a necessidade de resolver um problema social. Separamos algumas histórias inspiradoras e também conteúdos sobre o perfil empreendedor e intraempreendedor e, nas últimas unidades, conversaremos sobre a aplicação de ferramentas para a modelagem de negócios, bem como sobre as inovadoras técnicas de financiamento com as aceleradoras e incubadoras de empresas e a criação de novas empre- sas em um novo formato: as startups. Em suma, ao final desta disciplina, você conseguirá compreender os diferentes contextos nos quais se insere a geração de negócios e de que modo você poderá definir sua futura carreira profissional. Essa definição certamente envolverá a escolha por seguir uma carreira dentro de uma empresa ou organização da sociedade civil ou abrir seu próprio negócio, tanto na área econômica tradicional quanto na área dos negócios sociais. Bons estudos! 8 Os diversos âmbitos do empreendedorismo Para iniciar seus estudos Olá! Nesta unidade, você conseguirá compreender os diferentes con- textos nos quais se insere o empreendedorismo. A geração de negócios ocorre tanto na área econômica tradicional, na qual se encontra a maioria das empresas, quanto na área dos negócios sociais, que são aqueles vol- tados à transformação social. Vamos lá? Objetivos de Aprendizagem • Contextualizar o empreendedorismo e as diversas maneiras de empreender, tanto no âmbito dos negócios quanto na perspec- tiva da transformação social. 9 Empreendedorismo | Os diversos âmbitos do empreendedorismo 1.1 Contextualizando o tema do empreendedorismo Quando um empreendimento é inaugurado, podemos dizer que ele cumpriu um ciclo, composto por várias eta- pas de um processo. Sim, são várias etapas a serem cumpridas para que as iniciativas empreendedoras comecem a cumprir suas finalidades. E, mesmo antes dessas etapas, por menor que seja a iniciativa empreendedora, certa- mente ela necessitou de um plano para existir. Esse plano bem elaborado será capaz de responder se a ideia realmente possui possibilidades e perspectivas ou se ainda são necessários esforços para amadurecer uma ou outra etapa do futuro empreendimento. A constru- ção de um planejamento empreendedor torna-se um desafio, exigindo persistência, comprometimento, criati- vidade, pesquisa e dedicação. Também representa uma etapa essencial para que as chances de sucesso aumen- tem. No processo criativo, que envolve desde a fase de ideação de uma nova empresa ou negócio até a implementa- ção dessa ideia, Drucker (2003, p. 25) destaca que alguns modos de pensar são fundamentais. Entre eles, é citado o modo de pensar inovativo, pois a inovação “[...] é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio diferente ou um serviço diferente”. Sendo assim, o processo de inovação é uma oportunidade de identificar e explorar novos negócios e também de reinventar negócios que estão funcionando. Dessa forma, Drucker apresenta a inovação como uma disciplina de diagnóstico: um exame sistemático das áreas de mudança que tipicamente oferecem oportunidades ao empreendedor e que são inspiradas pela inovação econômica e social, a partir da busca por mudanças e solução de problemas. Utiliza-se o monitoramento de sete fontes para uma oportunidade inovadora. Tais fontes podem servir de guia para você identificar oportunidades de inovação em sua empresa e em seu ambiente de trabalho. Segundo Drucker (2003), as primeiras quatro fontes são aquelas que estão dentro da empresa ou do negócio. Normalmente são confiáveis e exige-se pequenos esforços para capturá-las: • O inesperado: o sucesso, o fracasso e o evento externo; • A incongruência: entre a realidade como ela é de fato e a realidade como se presume ser ou como deveria ser; • A inovação baseada na necessidade do processo; • Mudanças na estrutura do setor em que o negócio está inserido ou na estrutura do mercado, que muitas vezes pegam todos desprevenidos. Em seguida, Drucker (2003) apresenta as outras três fontes para oportunidades inovadoras, que implicam em mudanças fora da empresa ou do negócio em si: • Mudanças demográficas; • Mudanças de percepção, disposição e significado; • Conhecimento novo, tanto científico quanto não científico. 10 Empreendedorismo | Os diversos âmbitos do empreendedorismo Sendo assim, o empreendedor precisa ter sempre em mente o que pode ser explorado no mercado. É quase como que algumas perguntas perseguissem o empreendedor. Figura 1: Questões que acompanham o empreendedor Legenda: Perguntas para o empreendedor. Fonte: Elaborada pela autora (2016). Cabe destacar que algumas soluções ainda não são possíveis, pois dependem de tecnologia ainda não disponível ou porque não encontramos as soluções técnicas para resolvê-las. Nesses casos, o conhecimento pessoal do empreendedor pode agregar valor para tornar possível a produção de algum produto ou a prestação de algum tipo de serviço. Um exemplo simples: a Gillette inventou a lâmina de barbear, mas, na época em que isso ocorreu, não existiam máquinas para fazer uma lâmina de aço fina, com a espessura que estavam idealizando. Então, foi necessário esperar o desenvolvimento das máquinas que fossem capazes de atender à proposta e, dessa forma, tornar a ideia viável. Algo interessante no perfil do empreendedor é que esse conhecimento não vem só de um lugar ou de uma ciência única, mas, sim, de um conjunto multidisciplinar de saberes, envolvendo várias experiências vividas pelo empreendedor. Além disso, quando se busca a solução para um problema, geralmente na etapa de exploração da ideia, em muitos casos recomenda-se a utilização de assessorias com especialistas – na agricultura,por exem- plo, os adubos são resultado de pesquisas de várias áreas, como botânica, química, agronomia, engenharia de alimentos, física etc. Multidisciplinar: várias disciplinas dentro de uma mesma área do conhecimento. Glossário 11 Empreendedorismo | Os diversos âmbitos do empreendedorismo Para que possamos avançar e compreender melhor o contexto em que se insere um empreendedor, no próximo item, abordaremos os 5 “Ps” do Empreendedorismo. As características apresentadas em cada “P” podem ser natas, ou seja, nascem com o empreendedor e aprimoram-se com as experiências da vida; em outros casos, algumas dessas características podem ser desenvolvidas por meio de cursos e das diversas experiências pessoais e profissionais vivenciadas pelas pessoas. 1.1.1 Os 5 “Ps” do Empreendedorismo Diante dessa introdução apresentada, veja que, dos diversos conhecimentos e habilidades que um empreende- dor precisa ter e saber, trazemos algo que pode ser muito inspirador quando analisamos o campo do empreen- dedorismo, que são os 5 “Ps” do Empreendedorismo. São diversas teorias e diversos autores que se dedicam a essa análise, sempre buscando compreender o perfil do “ser empreendedor”, e também de que modo ocorre o empreendedorismo. Nessa análise, os 5 “Ps” do Empreendedorismo são apresentados como se fossem um ciclo. Ressalta-se que eles nem sempre acontecerão na ordem aqui apontada, porém, o que será exposto certamente fará você refletir em cada etapa e contribuir nos processos de tomada de decisão. Os 5 “Ps” do Empreendedorismo relatados por Gimenez em seu livro “Empreendedorismo, Sustentabilidade a vida de professor: prosa e poesia” são descritos a partir da experiência acadêmica e da dedicação de muitos anos de pesquisa na área. [Ao] descrever as características de cada “P” pode facilitar a análise e compreensão do modo como podemos verificar isso nas práticas empreendedoras, independente do porte ou tamanho da empresa. [...] são características que podem se tornar um padrão quando buscamos analisar o comportamento empreendedor (FREDER; FREITAS; MINGHINI, 2016, p. 105). Em um estudo aplicado por Freder, Freitas e Minghini (2016), uma pergunta norteou as questões utilizadas na entrevista: “apesar das dificuldades, o que motiva o empreendedor brasileiro?” Os autores partiram então para uma comparação entre os “5 Ps” de Gimenez (2015) e os depoimentos do Dr. Ozires Silva, fundador da Embraer e importante empreendedor brasileiro, em seu livro “Cartas a um jovem empreendedor: realize seu sonho. Vale a pena” (SILVA, 2007). Notaram que os “empreendedores brasileiros têm em comum os aspectos de liderança, protagonismo e o forte desejo de transformar suas realidades” (FREDER; FREITAS; MINGHINI, 2016, p. 104) e que essas são informações recorrentes em diversas pesquisas sobre o perfil do empreendedor. 12 Empreendedorismo | Os diversos âmbitos do empreendedorismo A seguir, no Quadro 1, consta a descrição dessas cinco características empreendedoras apontadas por Gimenez (2015). Quadro 1 – Descrição dos “Cinco Ps” do Empreendedorismo. Os “Cinco Ps” Descrição das Características Primeiro “P” - Paixão • Relaciona-se com a dedicação que se devota a algo ou alguém; • O empreendimento é um objeto de desejo; • Sem a paixão pode ser difícil atender as demandas do objeto de desejo que é o empreendimento. Segundo “P” – Propósito • O propósito é o guia da Paixão; • Refere-se a motivação para empreender; • Vincula-se com a razão da existência do empreendimento que é o que se oferece ao mercado ou a sociedade. Terceiro “P” – Pessoas • Pessoas compõe o mercado; • O empreendimento deve ter capacidade de atrair e ofertar algo para as pessoas; • O empreendimento necessita das pessoas para existir: sócios, funcionários, fornecedores, parceiros, etc. Quarto “P” - Práticas • Saber fazer; • Vincula-se aos três papeis do empreendedor: criador, organizador e condutor. Quinto “P” - Produto • Todo empreendimento se constrói a partir de um produto (tangível ou intangível) ofertado para o mercado ou para a sociedade; • Nesse quinto “P” são materializados os outros 4 “Ps”: Paixão, propósito, Pessoas e Práticas. Legenda: Características dos “Cinco Ps” do Empreendedorismo. Fonte: Adaptado de Gimenez (2015) e Freder; Freitas; Minghini (2016). Quando nos lembramos dos empreendedores, podemos afirmar que “[...] estas características fazem com que tenham coragem de superar diariamente os desafios apresentados em suas práticas empreendedoras” (FREDER; FREITAS; MINGHINI, 2016, p. 104). Então, vamos aprofundar-nos um pouco mais nessas características a partir das descrições para os Cinco Ps, do Professor Fernando Gimenez (2015) e comparar com os relatos do Dr. Ozires Silva (2007), grande empreendedor brasileiro e fundador da Embraer. 13 Empreendedorismo | Os diversos âmbitos do empreendedorismo Veja que algo interessante foi constatado no “Primeiro P”, a Paixão, de Gimenez (2015): “[...] está relacionado com a dedicação que devotamos a algo ou alguém que nos aproxima da felicidade” (GIMENEZ, 2015, p. 13). De modo convergente, Silva descreve que é o “Sonho de Voar” e é quando “o empreendedor imagina a obra que pretende construir, e se indaga sobre a capacidade dessa obra manter-se em pé no futuro” (SILVA, 2007, p. 8). O segundo “P”, o Propósito, “[...] se refere à motivação para empreender. [...] tem a ver também com a razão da existência do empreendimento, o que é oferecido ao mercado se for uma empresa, ou a sociedade, se for outro tipo de organização” (GIMENEZ, 2015, p. 13). Nessa etapa, geralmente o empreendedor enxerga um propósito e cria métodos e processos que contribuirão para viabilizar sua ideia, seu produto ou serviço e, dessa forma, vemos o nascimento de um novo negócio. O terceiro “P”, as Pessoas, mostra que o “[...] empreendimento, em geral, necessita de outras pessoas para exis- tir: empregados, sócios, fornecedores, parceiros, etc. Para cada tipo de público há interações que precisam ser estabelecidas” (GIMENEZ, 2015, p. 13-14). Nesse item, já notamos que, sem dúvida, mesmo que no início do seu negócio ainda não tenha funcionários contratados, desde sempre o empreendedor se relacionará com diversas pessoas; assim, saber fazer isso de forma eficiente e garantindo bons resultados é uma importante habilidade a ser desenvolvida. Após a formalização e com o negócio em funcionamento, as diversas relações e experiências do empreendedor serão as que contribuirão para as Práticas, o quarto “P”, afinal empreender: [...] requer um saber fazer que é direcionado por três eixos: imaginar uma nova organização, bus- car e articular recursos e tecnologias em um modo de operação e estimular e conduzir pessoas visando atingir objetivos. [...] Em essência, dizem respeito ao exercício de três papéis empreende- dores: criador, organizador e condutor (GIMENEZ, 2015, p. 14). Até aqui, você deve ter percebido que, além dos “Ps”, uma série de outras habilidades vão somando-se na prática empreendedora, entre elas, as citadas anteriormente: criador, organizador e condutor. Podemos dizer até mesmo que o empreendedor é como se fosse um compositor que faz uma música e que depois ensaiará sua música com uma grande orquestra, tornando-se o maestro. Para que o som seja perfeito, tudo deve estar em harmonia e equilíbrio, da mesma forma como ocorre nas empresas. Seguimos agora para o último “P”, o Produto. Gimenez (2015) diz o seguinte: Todo empreendimento se constrói em torno da capacidade de entregar um produto, tangível ou intangível, para a sociedade, de forma mais ampla, ou mercado, de forma mais estreita. É no pro- duto que surge o resultado de Paixão, Propósito, Pessoas e Práticas (GIMENEZ, 2015, p. 14). 14 Empreendedorismo | Os diversos âmbitos do empreendedorismo Diante disso, Freder, Freitas e Minghini (2016, p. 107) apresentam uma sugestão de ciclo no qual se pode visualizar a criação e a realimentação de processos dentro de um empreendimento, pois é bem possívelque os negócios de fato necessitem de “um ciclo que [...] se reinicia de tempos em tempos”, conforme apresentado na Figura 2. Figura 2 – Ciclo dos 5 Ps do Empreendedorismo. Legenda: Esquema com a imagem do Ciclo dos 5 Ps do Empreendedorismo. Fonte: Freder et al. (2016, p. 107). Por fim, mesmo com os 5 “Ps”, Freder, Freitas e Minghini (2016, p. 107) abordam algo interessante quando dizem que “[...] tem um comportamento no empreendedor que chama a atenção em nossas pesquisas: a inquietação”. Ao trazerem essa questão, finalizam seu estudo dizendo que “[...] os 5 ‘Ps’ podem ser caracterizados até mesmo como um tipo de ciclo que se reinicia em um novo projeto na empresa, ou até mesmo em uma nova empresa” (FREDER; FREITAS; MINGHINI, 2016, p. 107). Apresentar os cinco “Ps” teve como objetivo mostrar uma forma como iniciativas empreendedoras podem surgir. Elas podem ocorrer com você, no seu negócio ou em suas atividades intraempreendedoras e, dessa forma, caso você identifique uma dessas características, poderá compreender a importância desses ciclos. 15 Empreendedorismo | Os diversos âmbitos do empreendedorismo Figura: 3: empreendedores indivíduo empreendedor. Legenda: Profissionais empreendedores. Fonte: http://br.freepik.com/vetores-gratis/equipe-do-negocio-que-descreve-pacote_831669.htm Nos ciclos, temos a oportunidade de avaliar nossas ações e, desse modo, corrigir erros e realimentar os processos organizacionais. Essa orientação também vale para o processo contínuo de formação, pois será a partir dessas vivências que você alimentará suas ideias e sua motivação. Todos esses temas, de maneira direta ou indireta, serão abordados em diversos conteúdos ao longo do curso. Note então que é possível aplicar diversas técnicas e métodos em seu dia a dia; dessa forma, você será o agente de sucesso de seus negócios. Veja a dica portal da “Endeavor”, que aborda inúmeros assuntos voltados ao tema empreen- dedorismo, bem como a temas de interesse do próprio empreendedor, como o seu desen- volvimento pessoal, autoconhecimento etc. O site também disponibiliza uma série de mate- riais para download gratuito: <https://endeavor.org.br/>. https://endeavor.org.br/ 16 Empreendedorismo | Os diversos âmbitos do empreendedorismo 1.2 Empreendedorismo: os negócios no campo econômico tradicional e os negócios sociais Os negócios no campo econômico dito tradicional são a grande maioria das empresas das quais utilizamos algum serviço ou produto em nosso cotidiano. E são essas empresas, muitas delas de pequeno e médio portes, que movimentam a economia das cidades e dos países. Podemos citar, por exemplo, alguns desses serviços e produtos que utilizamos em nosso dia a dia: padaria, serviço médico, escola, supermercado, incluindo constru- toras e instituições bancárias. Para compreender em qual categoria estão localizadas essas empresas, são utilizados os termos setor primário, setor secundário e setor terciário. As empresas vinculadas ao setor primário são as que exploram os recursos naturais, como mineração, agricultura, pesca, pecuária, extrativismo vegetal e caça. No setor secundário, estão as empresas que transformam a matéria-prima que vem do setor primário em pro- dutos, materiais tangíveis, dentro de processos industrializados, por exemplo: roupas, máquinas, automóveis, alimentos industrializados, eletrônicos, casas etc. Já as empresas vinculadas ao setor terciário são aquelas da área dos serviços. Esses são intangíveis, porém, atu- almente, representam boa parte do PIB de muitas cidades no Brasil e no mundo. Podemos citar como exemplos empresas vinculadas ao comércio, à educação, à saúde, às telecomunicações, serviços de informática, seguros, transporte, serviços de limpeza, serviços de alimentação, turismo, serviços bancários e administrativos, transpor- tes etc. PIB – Produto Interno Bruto: representa o montante, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos em determinada região, cidade ou país durante determi- nado período de tempo. Geralmente, esse acompanhamento é feito mensalmente. Glossário Essa abordagem refere-se às atividades empreendedoras voltadas aos negócios com fins lucrativos, ou seja, que têm como objetivo principal o lucro destinado aos seus sócios. Nessa modalidade, estão os exemplos citados anteriormente: empresas dos setores primário, secundário e terciário. Agora, abordaremos outra modalidade de empreendedorismo, que é aquele voltado à área social, e que tem, como pano de fundo, a necessidade de resolver um problema social. Esse tipo de atividade é dividido em duas modalidades: organizações da sociedade civil sem fins lucrativos, mas com fins econômicos; e os negócios sociais, com fins econômicos e lucrativos. 17 Empreendedorismo | Os diversos âmbitos do empreendedorismo 1.2.1 Organizações da Sociedade Civil - OSCs As Organizações da Sociedade Civil, em geral, são constituídas no formato jurídico – por exemplo, sociedades, clubes ou associações – e, desse modo, são Organizações Não Governamentais (ONGs) ou organizações do ter- ceiro setor. Figura 4: Organizações da Sociedade Civil. Legenda: Organizações/entidades. Fonte: http://www.123rf.com/photo_29167346_hands-teamwork-union-icon-stylized-colorful-vector.html?term=hands %2Bholding%2Bcompanies&vti=loo3m3nutsy5l45i62 Para contextualizar o surgimento dos termos ONG e organizações do terceiro setor, trazemos algumas explica- ções de Albuquerque (2006) que, de forma sistemática, apresenta essa abordagem em vários países. Os dois termos citados anteriormente são recorrentemente utilizados no Brasil. Terceiro Setor: para entender a separação dos setores, conceitua-se o primeiro setor para a área governamental, o segundo setor para a iniciativa privada (empresas, indústrias e o comércio em geral) e o terceiro setor para as organizações sociais, sem fins lucrativos. Glossário O termo “terceiro” setor vem da tradução de third sector, utilizado nos Estados Unidos também com outras expressões, como “organizações sem fins lucrativos” (nonprofit organizations) e “setor voluntário” (voluntary sector). Na Inglaterra, utilizam-se dois termos: “caridades” (charities), termo de origem medieval que ressalta o aspecto de obrigação religiosa; e “filantropia” (philantropy), que é um conceito mais moderno e humanista em relação ao anterior. Na Europa Continental, predomina o termo “Non-governmental Organization (NGOs), ou, em por- tuguês, Organização Não Governamental (ONG), cuja origem são os projetos realizados por representações da 18 Empreendedorismo | Os diversos âmbitos do empreendedorismo Organização das Nações Unidas (ONU) em diversos países europeus. Ao estabelecerem cooperação interna- cional nos anos 1960 e 1970, surgem as ONGs, com o objetivo de desenvolver projetos no “Terceiro Mundo”, estabelecendo diversas parcerias. No Brasil e na América Latina, utiliza-se o termo “sociedade civil”. Sua origem é do século XVIII, período no qual se desenvolvia uma espécie de plano governamental que incluía as organizações privadas que realizavam ativi- dades de interação com a sociedade, podemos dizer que realizavam ações sociais. (ALBUQUERQUE, 2006). O termo sociedade civil é também utilizado para descrever as associações e organizações que não fazem parte do Estado. Essas organizações são privadas, mas cumprem uma finalidade pública, ou seja servem a comunidade, por isso elas se distinguem do Estado e promovem direitos coletivos e do mercado (ALBUQUERQUE, 2006). Essas organizações da sociedade civil, de acordo com Albuquerque (2006), possuem características específicas que se diferenciam das características das empresas e das organizações governamentais: • Fazem contraponto às ações do governo: os bens e serviços públicos resultam da atuação do Estado e também da multiplicação de várias iniciativas particulares. • Fazem contraponto às ações do mercado: abrem o campo dos interesses coletivos para a iniciativa indi- vidual. • Dão maior dimensão aoselementos que as compõem: realçam o valor tanto político quanto econômico das ações voluntárias sem fins lucrativos. • Projetam uma visão integradora da vida pública: enfatizam a complementação entre ações públicas e privadas. Note, portanto, que ao descrever as características dessas instituições, podemos visualizar diversas organizações que surgiram em determinados contextos históricos para atender a determinados fins; em muitos casos, a área governamental brasileira não atendia de modo satisfatório ou atendia de modo insuficiente às demandas apre- sentadas nos diversos segmentos da sociedade: social, educacional, esportivo, saúde, habitação etc. Na atualidade, um dos maiores desafios no contexto em que essas instituições estão inseridas, que é o terceiro setor, é criar um conceito comum para a área, que está seguindo para uma nova nomenclatura: “Organizações da Sociedade Civil (OSCs)”. Essas organizações possuem interesses e necessidades compartilhados por outras organizações, incluindo as mais diversas áreas e setores, como cultura, educação, saúde, social, esportiva etc. OSCs - as Organizações da Sociedade Civil são entidades privadas sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria e capazes de gerenciar suas atividades. Elas atuam na promo- ção e na defesa de direitos em áreas como saúde, educação, cultura, ciência e tecnologia, desenvolvimento agrário, assistência social, moradia e direitos humanos, entre outras. Elas podem ser entidades privadas sem fins lucrativos; sociedades cooperativas; organizações religiosas. Glossário 19 Empreendedorismo | Os diversos âmbitos do empreendedorismo Figura: 5: Planejando a gestão de voluntariado. Legenda: Desafio. Fonte: http://www.123rf.com/search.php?word=challenge+icon&imgtype=&t_word=&t_lang=en&oriSearch=profile+infog raphic&sti=mn2lewqfa5adqt29ht|&mediapopup=48482417 Outro desafio para a gestão é de que modo planejar as atividades dos voluntários, pois se sabe que eles represen- tam a maioria dos indivíduos dessas entidades. Um bom plano para treinar e capacitar voluntários atuantes pode facilitar e potencializar as possíveis parcerias com o governo e as empresas, pois ambos têm muito a contribuir para a garantia de, no futuro, apoiar uma maior autonomia para essas organizações da sociedade civil. No Brasil, a Lei Federal nº 13.019, de 2014, vem sendo implementada para que se tenha mais regulação no ter- ceiro setor e para as organizações da sociedade civil; entre elas, estão as entidades culturais polono-brasileiras. O Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC) é um conjunto de estratégias que busca melho- rar a relação das organizações da sociedade civil com o poder público, a sua sustentabilidade econômica e a obtenção de títulos e certificados. Dentro dessa nova legislação que pretende regular as ações das organizações da sociedade civil, estão ações como a unificação do conceito e da terminologia a ser utilizada por essas entidades. São OSCs: creches e institui- ções para idosos; comunidades terapêuticas; cooperativas de produtores rurais, catadores/reciclagem, pessoas com deficiência, APAEs, esportivas, culturais etc. Para compreender suas características de acordo com esse novo marco legal, veja a Tabela 1. 20 Empreendedorismo | Os diversos âmbitos do empreendedorismo Tabela 1: Características das Organizações da Sociedade Civil. Tipo de entidade Características Entidade privada sem fins lucrativos Não distribui resultado ou sobra de qualquer natureza e os aplica integralmente na consecução de seu objeto social. É formada de duas formas: • Associação (união de pessoas com objetivos para o bem social da coletividade ou se restringir a um público menor – como no caso de clubes); ou • Fundação (formada a partir de um capital financeiro de empresas ou pessoas). Sociedade Cooperativa Está prevista na Lei Federal 9.867/99. É integrada por pessoa em situação de risco ou vulnerabilidade pessoal ou social. É alcançada por programas e ações de combate a pobreza e de geração trabalho/renda. É voltada para: • Fomento, educação, capacitação de trabalhadores rurais ou capacitação de agentes de assistência técnica e extensão rural; ou • Execução de atividade ou projeto de interesse público. Organização religiosa É disciplinada pela Lei Federal 10.825/03. Deve se dedicar a atividade ou projeto de interesse público e cunho social distintos de religiosos. Legenda: Tipologia das Organizações da Sociedade Civil. Fonte: Assembleia Legislativa de Minas Gerais. <http://www.almg.gov.br/hotsites/2016/mrosc?aba=js_a-nova- -lei&subcontent:a-nova-leimodelos-juridicosexigenciasrecursos-e-gestaoacompanhamento=prestacao-de-contas-ha- -novidades>. Até aqui foi exposto, de modo atual, o contexto em que essas entidades estão inseridas, pois se sabe que vem ocorrendo uma série de novidades no marco legal que regulamenta o funcionamento delas e que certamente impactarão na gestão. Esse é um assunto que interessa aos empreendedores que pretendem envolver-se com essa área, tendo em vista o nível de importância dessas entidades para a sociedade brasileira. http://www.almg.gov.br/hotsites/2016/mrosc?aba=js_a-nova-lei&subcontent:a-nova-leimodelos-juridicosexigenciasrecursos-e-gestaoacompanhamento=prestacao-de-contas-ha-novidades http://www.almg.gov.br/hotsites/2016/mrosc?aba=js_a-nova-lei&subcontent:a-nova-leimodelos-juridicosexigenciasrecursos-e-gestaoacompanhamento=prestacao-de-contas-ha-novidades http://www.almg.gov.br/hotsites/2016/mrosc?aba=js_a-nova-lei&subcontent:a-nova-leimodelos-juridicosexigenciasrecursos-e-gestaoacompanhamento=prestacao-de-contas-ha-novidades 21 Empreendedorismo | Os diversos âmbitos do empreendedorismo 1.2.1 Negócios sociais Os negócios sociais possuem características diferentes das organizações da sociedade civil e também daquelas empresas do campo tradicional da economia. Também podemos dizer que os negócios sociais são uma nova alternativa para solucionar problemas nas mais diversas áreas da sociedade, como ambiental, habitação, educa- ção, saúde etc. Portanto, os negócios sociais têm fins econômicos e lucrativos, com personalidade jurídica de empresas tradicio- nais, porém, com o objetivo principal de solucionar um problema social. Negócios Sociais são empresas que têm a única missão de solucionar um problema social, são autossustentáveis financeiramente e não distribuem dividendos. Como uma ONG, tem uma mis- são social, mas como um negócio tradicional, geram receitas suficientes para cobrir seus custos. É uma empresa na qual o investidor recupera seu investimento inicial, mas o lucro gerado é rein- vestido na própria empresa para ampliação do impacto social (YUNUS BRASIL, 2017). Ao contrário das empresas tradicionais, cuja medição de sucesso é feita pela análise de percentual de lucro gerado, nos negócios sociais, a medição do sucesso é feita a partir do volume quantitativo ou qualitativo de impacto positivo gerado para pessoas ou para o meio ambiente. Na Figura 6, constam informações que podem ajudar você a compreender o contexto no qual se inserem as empresas vinculadas aos negócios sociais. Figura 6 – Diferenças entre ONGs, Negócios Sociais e Negócios Tradicionais. Legenda: Apresentação das diferenças entre ONGs, Negócios Sociais e Negócios Tradicionais. Fonte: <http://www.yunusnegociossociais.com/o-que-so-negcios-sociais>. http://www.yunusnegociossociais.com/o-que-so-negcios-sociais 22 Empreendedorismo | Os diversos âmbitos do empreendedorismo A medição do sucesso dos negócios sociais é feita a partir do volume quantitativo ou quali- tativo de impacto positivo gerado para pessoas ou para o meio ambiente. Esperamos ter contribuído para o seu aprendizado sobre o tema do empreendedorismo nessa abordagem que acabamos de percorrer. Vale destacar que as áreas do terceiro setor e negócios sociais sequer eram reconhecidas como setor econômico até poucas décadas atrás. Porém, pela relevância e pelo volume de empregos gerados,vêm destacando-se e consolidando-se, gerando, desse modo, novas possibilidades de empreender nas mais diversas áreas. 23 Considerações finais Chegamos ao fim da Unidade de Estudo 1 e esperamos que você possa ter iniciado o seu processo de inspiração e motivação para compreender a área de empreendedorismo e, mais do que isso, escolher sua profissão a partir dessa abordagem. De tudo que vimos, cabe destacar: • perfil empreendedor; • os 5 “Ps” do Empreendedorismo; • o empreendedorismo na área econômica tradiconal; • o empreendedorismo na área do terceiro setor; • o empreendedorismo na área dos negócios sociais. Outro ponto interessante que foi abordado é a constatação de que exis- tem dois tipos de empreendedores: os natos e aqueles que desenvolvem as habilidades empreendedoras com o tempo. Diante disso tudo, você já escolheu o que quer seguir? Referências bibliográficas 24 ALBUQUERQUE, Antônio Carlos Carneiro de. Terceiro setor: história e gestão de organizações. São Paulo: Summus Editorial, 2006. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Disponível em: <https:// www.priberam.pt/dlpo/multifuncional>. Acesso em: 23 jan. 2017. DRUCKER, F. P. Inovação e espirito empreendedor, prática e princípios. São Paulo: Thomson-Pioneira, 2003. ENDEAVOR. Disponível em: <https://endeavor.org.br/>. Acesso em: 8 jan. 2017. FREDER, S. M.; FREITAS, V. Z.; MINGHINI, L. Os 5 Ps do Empreendedo- rismo: um estudo de caso. Revista Cátedra Ozires Silva de Empreende- dorismo e Inovação Sustentáveis, v. 1, N 1, 2016. Disponível em: <http:// revista.isaebrasil.com.br/>. Acesso em: 28 dez. 2016. GIMENEZ, F. A. P. Empreendedorismo, Sustentabilidade a vida de pro- fessor: prosa e poesia. Curitiba: Edição do Autor, 2015. SILVA, O. Cartas a um jovem empreendedor: realize seu sonho, vale a pena. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. YUNUS BRASIL. Disponível em <http://www.yunusnegociossociais. com/o-que-so-negcios-sociais>. Acesso em: 8 jan. 2017. 26 Histórias inspiradoras Para iniciar seus estudos Olá! Nesta unidade, serão apresentadas diversas histórias inspiradoras de empresas brasileiras de sucesso, bem como algumas dicas de livros e fil- mes que contribuirão para que você assimile conhecimento e também para a sua escolha profissional. Trazer esses casos também tem como objetivo fazer com que você perceba os diversos pontos em comum que existem nessas histórias e como podemos, por exemplo, identificar as características dos “5 Ps” nelas. A partir desses casos, você também terá condições de encontrar a solução para o desafio que irei propor ao fim de nossos encontros. Vamos lá? Objetivos de Aprendizagem • Apresentar casos de empreendedores brasileiros que atuam em diversos setores econômicos. 27 Empreendedorismo | Histórias inspiradoras 1.1 Empresas brasileiras de sucesso A proposta de trazer casos de empresas brasileiras dá-se tanto porque os índices de sobrevivência desafiam pes- quisadores e especialistas quanto porque, ao mesmo tempo em que ocorrem as dificuldades, as soluções encon- tradas também são incríveis e fogem até mesmo das bases teóricas que guiam nossas pesquisas. Figura 7: Empresas. Legenda: Representação de conjunto de empresas. Fonte: http://pt.123rf.com/photo_44865001_criativo-modelo-de-projeto-do-edif%C3%ADcio,-para-sua-empresa,- -ilustra%C3%A7%C3%A3o-vetorial.html?term=company&vti=md9dwk0ffgqbrllvar Outro ponto interessante que justifica apresentar os casos brasileiros é que nossa legislação e nossas realidades política e econômica são diferentes das de outros países; assim, não faria tanto sentido trazer outras situações. Porém, isso não quer dizer que você não possa inspirar-se em casos internacionais – você pode buscar exemplos de propostas e melhorias em seu negócio em outras empresas similares. Uma das formas de analisar perfis das empresas e perfil dos empreendedores é por meio dos dados sobre o empreendedorismo publicados pelo projeto Global Entrepreneurship Monitor (GEM), iniciado em 1999 por meio de uma parceria entre a London Business School e o Babson College, abrangendo, no primeiro ano, 10 países. O objetivo principal do projeto é “[...] compreender o papel do empreendedorismo no desenvolvimento econômico e social dos países” (GEM, 2015, p. 21). Desde 1999, cerca de 100 países vincularam-se ao projeto e liberam seus dados para as pesquisas. Por isso, na área do empreendedorismo, o projeto GEM tornou-se o maior estudo em andamento no mundo. O Brasil aderiu em 2010 e, desde então, diversas instituições brasileiras que possuem algum vínculo com o tema vêm asso- ciando-se e colaborando para as pesquisas. A seguir, destacaremos alguns pontos interessantes que constam na pesquisa mais recente, publicada em 2015. 28 Empreendedorismo | Histórias inspiradoras A cada ciclo de pesquisa, o GEM utiliza metodologias de análise diferenciadas. Para o ano de 2015, a análise foi de acordo com as etapas do processo empreendedor: [...] que começa com a intenção dos indivíduos em iniciar um negócio, prossegue até a criação do empreendimento, passa pelas fases iniciais de seu desenvolvimento (nascentes e novos) e ter- mina até o empreendimento ser considerado como estabelecido (GEM 2015, p. 21). Figura 8: Processo empreendedor adotado nas análises GEM 2015. Legenda: Processo empreendedor adotado nas análises GEM 2015. Fonte: GEM (2015, p. 21-22). A partir de dados estatísticos, é possível obter conclusões que vão desde a intensidade da atividade empreende- dora em cada país até as características dos empreendedores e dos empreendimentos. Tudo isso tem o objetivo de fornecer dados que possam auxiliar na elaboração de políticas públicas de incentivo e fomento do empreen- dedorismo em cada país analisado. Possivelmente por isso, a cada novo ciclo, novos países aderem ao projeto, pois os dados levantados são relevan- tes e apresentam diversas informações que poderão direcionar inúmeras estratégias de desenvolvimento local e regional. 29 Empreendedorismo | Histórias inspiradoras Esse interesse justifica-se pela metodologia adotada pelo projeto GEM, pois ele considera o PIB dos países e pro- põe comparações entre aqueles que possuem os mesmos parâmetros. Veja, na figura a seguir, como acontece essa classificação, que ocorre conforme o nível de desenvolvimento econômico de cada país. Figura 9: Classificação dos países segundo seu desenvolvimento econômico. Legenda: Tabela do desenvolvimento econômico de cada país. Fonte: GEM (2015, p. 23). A classificação adotada pelo projeto GEM (2015, p. 22) é “[...] estabelecida pelo Fórum Econômico Mundial (WEF) (Global Competitiveness Report), com base no tamanho do PIB, renda per capita e quota de exportação de pro- dutos primários, conforme a seguir”: • Países impulsionados por fatores – são caracterizados pela predominância de atividades com forte dependência dos fatores trabalho e recursos naturais. • Países impulsionados pela eficiência – são caracterizados pelo avanço da industrialização e ganhos em escala, com predominância de organizações intensivas em capital. • Países impulsionados pela inovação – são caracterizados por empreendimentos intensivos em conheci- mento e pela expansão e modernização do setor de serviços. O Brasil ficou classificado como sendo um dos países impulsionados pela eficiência e, para facilitar a comparação do Brasil com outros países, a equipe que coordenou os trabalhos do relatório escolheu seis países de referência, representativos desses três grupos. Entre os países impulsionados pela inovação, foram selecionados Estados Unidos e Alemanha; pela eficiência, a África do Sul, a China e o México; e, por fatores, a Índia. 30 Empreendedorismo | Histórias inspiradoras Das informações apresentadas nesse relatório, há um gráfico que resume dados de 2002 até 2015, com o perfil dos empreendedores brasileiros. Algumas informações importantes podem ser verificadas na figura a seguir. Figura 10: Proporção de empreendedorismo e PIB. Legenda: Gráfico coma proporção de empreendedorismo x PIB. Fonte: GEM (2015, p. 33). Dos dados dos empreendedores iniciais por oportunidade no Brasil, no período de 2002 a 2015, contata-se um aumento frequente até 2014. A queda inicia-se em 2015, período em que a crise econômica se acentuou no país. A proporção do número de empreendedores por oportunidade diminuiu de 70,6%, em 2014, para 56,5% em 2015. Notem que nesse mesmo período a taxa de crescimento do PIB também diminuiu. Como consequência, percebe-se o aumento do desemprego e, paralelamente, o aumento dos empreendedores por necessidade, saindo de 29,1%, em 2014, para 43,5% em 2015. Conforme dito anteriormente, o empreendedorismo contribui para o desenvolvimento dos países. Vamos ima- ginar uma situação: quando a economia do Brasil se estabilizasse, se existissem políticas de estímulo para os empreendedores por oportunidade, será que eles continuariam empreendedores ou voltariam ao mercado com carteira assinada? E se, junto com essa política, houvesse incentivo para que os empreendedores por oportuni- dade também mantivessem seus negócios ativos, gerando empregos, renda e o desenvolvimento dos bairros, por exemplo? Certamente esse tipo de estratégia pode contribuir, e muito, para que os países possam melhorar seus indicadores econômicos e de desenvolvimento social. Mas nem sempre é desse modo que as coisas se organizam. Em dados momentos, as estratégicas econômicas visam trazer grandes empreendimentos para instalarem-se no país. Em outros, ocorre o incentivo da agricultura. Mesmo assim, no campo do empreendedorismo, o que se percebe é que tem havido mais incentivos para a cria- ção e a manutenção de empresas. Um dos grandes desafios do futuro para o Brasil é criar oportunidades e incentivos para que essas empresas se formalizem, pois boa parte delas ainda é informal. Esse tipo de situação prejudica toda a sociedade. Uma das justificativas para a não formalização é a grande carga tributária, que sobrecarrega as empresas. Essa discussão vem sendo debatida em todo o país nos últimos cinco anos e existem projetos no legislativo federal para que a situação possa ser revisada. 31 Empreendedorismo | Histórias inspiradoras Voltando ao relatório GEM 2015, nele constam alguns dados importantes sobre a formalização. Dos empreende- dores iniciais e dos empreendedores estabelecidos, aqueles que possuem CNPJ, ou seja, os formais, acabam dife- renciando-se positivamente daqueles que não possuem a formalização. Os indicadores positivos concentram-se nos itens novidade do produto ou serviço, geração de empregos e faturamento. Para resolver a questão da formalização, na última década, algumas condições favoráveis, ainda que insuficien- tes, foram e vêm sendo implantadas por meio de políticas governamentais. Para exemplificar, cita-se a criação da categoria SIMPLES, que apresenta carga tributária menor; do MEI, categoria para o Microempreendedor Indivi- dual; e o mais recente, o Programa Bem Mais Simples. Em geral, esses programas objetivam a redução da burocracia na gestão das empresas e nos processos de aber- tura e fechamento delas; visam também simplificar o sistema de arrecadação de tributos, por isso o grande inte- resse governamental em contribuir para esses processos de formalização. Na avaliação dos especialistas do relatório GEM 2015, ainda há a ausência de políticas públicas “[...] adequadas às necessidades dos empreendedores e há excesso de burocracia para abertura, funcionamento e encerramento dos negócios” (GEM, 2015, p. 83). As empresas também “[...] enfrentam alta carga tributária e complexidade da legislação brasileira, que aumentam os custos de operação e tornam os negócios menos competitivos” (GEM, 2015, p. 89). Por isso, em diversos estudos, vemos as discussões sobre a melhoria nos processos de competitividade das empresas brasileiras frente ao cenário internacional. Ressalta-se que os empreendimentos estão, sim, direta- mente vinculados às estratégias de desenvolvimento local. Na tabela a seguir, é possível verificar diversos fatores que estimulam e favorecem o empreendedorismo no Brasil. O fator favorável mais citado pelos especialistas refere-se à capacidade empreendedora dos brasileiros (54,1%). Entre os países selecionados, o Brasil é o que apresenta a maior taxa de empreendedorismo inicial (21,0%), equi- valente à do México. Tabela 2: Fatores que favorecem o empreendedorismo. Legenda: Principais fatores que favorecem o empreendedorismo em cada país selecionado. Fonte: GEM (2015, p. 86). 32 Empreendedorismo | Histórias inspiradoras Na tabela a seguir, que traz os principais obstáculos para a abertura e a manutenção de novos negócios no Brasil, os elementos destacados pelos especialistas foram as políticas governamentais (54,1%), a educação e a capaci- tação (48,6%), os custos do trabalho, o acesso e a regulamentação (33,8%). Tabela 3: Obstáculos para o empreendedorismo. Legenda: Principais obstáculos para o empreendedorismo em cada país selecionado. Fonte: GEM (2015, p. 87). Com as informações constantes nessas duas últimas tabelas, pode-se verificar que cada país tem tanto incenti- vos quanto obstáculos específicos às suas realidades. Por fim, cabe destacar as sugestões de melhoria para incentivar as políticas para o empreendedorismo no Brasil, apontadas pelos especialistas no relatório GEM 2015 (p. 15). Veja a tabela a seguir. Tabela 4: Sugestões de melhoria e incentivo ao empreendedorismo no Brasil. Legenda: Recomendações de melhoria e incentivo ao empreendedorismo brasileiro. Fonte: GEM (2015, p. 15). 33 Empreendedorismo | Histórias inspiradoras Perceba que políticas e programas governamentais aparecem nessas recomendações, porém, o que mais chama a atenção é a necessidade de educação e capacitação, representando 48,6% das orientações dos especialistas participantes da pesquisa. Essa necessidade de capacitação vai desde os processos formais de escolarização até a especialização para gerir os negócios. No entanto, cabe destacar também as capacitações com temas específicos para o dia a dia da empresa, pois vários empreendedores têm dificuldades em compreender, por exemplo, rotinas contábeis, altera- ções tributárias e situações jurídicas. Essas capacitações concedem mínimas condições para que o empreende- dor consiga gerenciar seu negócio com segurança. Finalizamos essa introdução com informações relevantes sobre o cenário do empreendedorismo no Brasil. Agora, convido-o a iniciar um novo tópico, no qual serão apresentados alguns casos reais de empresas brasileiras. 1.1.1 Casos de empresas brasileiras Diante do que foi tratado na primeira parte desta unidade, chega o momento de conhecer alguns casos reais de empresas brasileiras. Esses casos foram relatados pelos próprios fundadores e são bem interessantes e inspirado- res, de empresas estabelecidas em várias áreas. Perceba que, na maioria dos depoimentos, aparecem os relatos de dificuldades e desafios, porém, também nota-se, em comum, o “brilho no olho”, a motivação que move todo empreendedor. Os casos a seguir fazem parte de um levantamento feito por Malheiros (2014), do Portal Endeavor. Recomendo que assista a todos eles, pois agregarão na assimilação das diversas abordagens que serão feitas nessa disciplina. “Acredite em você, sempre!”, frase de Robinson Shiba, fundador da empresa “China in Box”. É preciso acreditar que vai dar certo. “Mas só acreditar, sem implantação, sem ação, não fun- ciona”. Assista à inspiradora e bem-humorada história de Robinson Shiba e de como surgiu a ideia da comida chinesa em uma caixinha. Para assistir ao depoimento dele, acesse o link: https://www.youtube.com/ watch?v=POAfq1FyFBM https://www.youtube.com/watch?v=POAfq1FyFBM https://www.youtube.com/watch?v=POAfq1FyFBM 34 Empreendedorismo | Histórias inspiradoras “As conexões que movem a vida” palavras de Marcelo Sales, fundador do portal “21212. com”. Marcelo Sales é um empreendedor e um nerd e tem muito orgulho disso. O primeironegócio dele foi vender suco de uva na rua, e foi aí que as conexões começaram a mover sua vida, até virar fundador da Movile, Empreendedor Endeavor e fundador da aceleradora de negócios 21212.com. Para assistir ao depoimento dele, acesse o link: https://www.youtube.com/ watch?v=JR7Omeoatek “A fórmula da autoestima”, palavras Leila Velez, atual presidente e cofundadora da marca “Beleza Natural”. “A gente não queria tratar só o fio de cabelo, mas também a alma, o sen- timento. Então criamos um lugar para a mulher de classe C viver a experiência de ser bem tratada”. Leila Velez e seus primeiros sócios viram potencial em uma parte invisível do Brasil, em uma época em que ninguém olhava para a base da pirâmide. Para assistir ao depoimento dela, acesse o link: https://www.youtube.com/ watch?v=yIm8ZpR9hxg E que tal pensarmos em algo diferente, por exemplo, não seguir os conselhos que você recebe ao longo da vida? Sim, alguns deles desmotivam o empreendedor. Para exemplificar isso, apresenta-se o depoimento de Salim Mattar, fundador da Localiza Rent a Car. “Quando um louco se junta com outros cinco para contar o momento de virada da sua jornada empreendedora, o resultado só pode ser uma noite histórica”. “Os conselhos que não segui”. Para assistir ao vídeo, acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=U0MrwFlLCCo. https://www.youtube.com/watch?v=JR7Omeoatek https://www.youtube.com/watch?v=JR7Omeoatek https://www.youtube.com/watch?v=yIm8ZpR9hxg https://www.youtube.com/watch?v=yIm8ZpR9hxg https://www.youtube.com/watch?v=U0MrwFlLCCo 35 Empreendedorismo | Histórias inspiradoras 1.2 Dicas de filmes para empreendedores Em diversas profissões, a utilização de recursos multimídia é muito indicada, pois possibilita desenvolver nossas habilidades de aprendizagem. Se eventualmente não conseguimos apreender algum conteúdo na leitura ou na explicação do professor, isso pode acontecer quando assistimos a um filme, por exemplo. Você deve lembrar-se que, na Unidade 1, abordamos as diversas experiências vivenciadas pelo empreendedor e a maneira como essas experiências influenciam a sua dinâmica profissional. Por isso, quando assistimos a um filme, podemos elaborar pequenas conexões cerebrais que irão se conectar a alguma ideia que estamos traba- lhando, buscando por uma solução ou resposta. A seguir, apresenta-se sinopses de seis filmes que certamente poderão te inspirar. Um ótimo filme para abordar noções de empreendedorismo, trabalho em equipe, competência e inovação é “Kinky Boots: fábrica de sonhos”, direção de Julian Jarrold, EUA/Reino Unido, 2005, Miramax Filmes, 107 min. Para reagir diante de um quadro de falência, eles precisam criar alternativas de mercado, compreendendo novos segmentos e novas oportunidades. Figura 11: Dicas de filmes. Legenda: Ícones representativos da arte cinematográfica. Fonte: http://pt.123rf.com/photo_39386245_modelo-de-cartaz-filme-cinema-realista-com-rolo-de-filme,- -v%C3%A1lvula,-pipoca,-%C3%B3culos-3d,-conceptbanners-com-.html?term=movies%2Btv&vti=lc54ta8r5qkzovjq52 36 Empreendedorismo | Histórias inspiradoras A seguir, são listados outros cinco filmes, a partir de uma lista um pouco maior sugerida por Gomes (2015). • À Procura da Felicidade – Principal mensagem: persistência. Sinopse: Baseado em uma história real, o filme mostra Chris em busca da carreira que acredita e do sus- tento da família. Ele enfrenta um difícil momento: desempregado, abandonado pela mulher e lutando para criar seu filho pequeno, acaba não tendo onde morar, mas persegue um sonho, que é o que o motiva. Esse filme é exatamente o que um empreendedor precisa assistir antes de começar um negócio. (GOMES, 2015). • Chef – Principal mensagem: ter foco e estar aberto a aprender. Sinopse: A obra mostra a história de Carl que, após perder o emprego em um restaurante, abre um trailer de comida - foodtruck. O objetivo é recuperar seu instinto criativo e, ao mesmo tempo, aproximar-se da família. O filme mostra um pouco esse lado de ter o foco em um negócio com o que você gosta de fazer, aprendendo sempre (GOMES, 2015). • Jobs – Principal mensagem: ter coragem para apostar em suas ideias, inovar e ter paixão pelo que faz. Sinopse: O filme Jobs (2013), estrelado por Ashton Kutcher, conta a trajetória de Steve Jobs, fundador de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Jobs teve parte de sua vida revelada nesse filme. É interessante ver como blefes podem gerar resultado, como ter ambição pode trazer lucro e que o lema “vendo, depois crio” é uma constante no universo dos magnatas da tecnologia (GOMES, 2015). • A Grande Virada – Principal mensagem: mantenha seus valores éticos e morais. Sinopse: A Grande Virada (“Jerry Maguire”, 1996) é um filme estrelado por Tom Cruise, que interpreta um agente esportivo que é afastado dos negócios por acreditar que os agentes deveriam dar um tratamento mais humano aos atletas. Ele é demitido e começa a perder seus clientes, tendo que recomeçar. O filme mostra a dificuldade de montar um negócio em um mercado competitivo, que é possível vencer depois de um fracasso e que. independentemente das consequências imediatas que isso possa acarretar, sem- pre deve-se manter seus valores éticos e morais (GOMES, 2015). • Decisões Extremas – Principal mensagem: a importância de um propósito para as empresas. Sinopse: O filme Decisões Extremas (2010) é um exemplo de empreendedorismo. Os filhos do casal Aileen e John Crowley têm uma doença degenerativa. Marcados pela falta de esperança, suas trajetórias mudam quando descobrem um cientista que pode trazer a cura. Mas, para isso, John precisa abrir uma empresa para fabricar os remédios. O filme mostra que as empresas precisam ter um propósito para serem criadas e que o empresário tem que acreditar nela e no que produz. A partir de problemas pessoais, o persona- gem encontra uma saída, que é a abertura de uma startup (GOMES, 2015). 37 Empreendedorismo | Histórias inspiradoras 1.3 Dicas de livros para empreendedores Da mesma forma que os filmes, os livros podem ser uma ótima fonte de inspiração. Conforme citado no início do tópico anterior, algumas pessoas apreendem conteúdos por meio de filmes; outras, por meio de livros. Figura 12: Dicas de livros. Legenda: Biblioteca. Fonte:http://pt.123rf.com/photo_43200350_livro,-leitura,-%C3%B3culos..html?term=book&vti=lileqcjnak5zkjaha3 Sugere-se, nesse tópico sobre livros, uma lista com cinco obras, baseada em outra lista um pouco maior de indi- cações elaborada por Fernandes (2015), do website Jornal do Empreendedor: • Desperte seu gigante interior - Uma das frases inspiradoras do livro: “Se você não pode, você deve, se você deve, você pode”. Sinopse: Anthony Robbins é diferente da maioria dos escritores motivacionais por dois motivos. Primeiro, ele trata o treinamento da mente e do corpo como um desafio tecnológico, e não moral. Em segundo lugar, de alguma forma, ele consegue ser um modelo inspirador e o cara mais chato do mundo (FERNAN- DES, 2015). • Somos o que pensamos ser - Uma das frases inspiradoras do livro: “Os sonhadores são os salvadores do mundo. Como o mundo visível e sustentado pelo invisível, homens assim, através de suas provações, pecados e tendências mesquinhas, são nutridos pelas belas visões de seus sonhadores solitários”. Sinopse: Livros motivacionais são geralmente sobre a tomada de medidas imediatas. Ele explica como seus pensamentos moldam sua personalidade e como a sua personalidade leva você a agir e determina suas ações (FERNANDES, 2015). • Não faça tempestade em copo d’água - Uma das frases inspiradoras do livro: “O estresse nada mais é do que uma forma socialmente aceita de doença mental”. Sinopse: Uma grande parte da motivação é limpar a sua mente da desordem que te coloca pra baixo. Richard Carlson ajuda a diferenciar entre o que é realmente importante – e merecedor da sua atenção – e o que é apenas ruído (FERNANDES, 2015). 38 Empreendedorismo | Histórias inspiradoras • Motivação3.0 - Uma das frases inspiradoras do livro: “Para os artistas, cientistas, inventores, estudantes e o resto de nós, a motivação intrínseca – é a unidade para realizar as coisas, porque é interessante, desa- fiador e essencial para os altos níveis da criatividade”. Sinopse: Motivação vem do uso criterioso de oportunidades e desafios. Segundo Daniel Pink, não é bem assim. Seu livro ilustra o fato de que a motivação vem de várias fontes, e que no mais alto nível de desem- penho, a motivação vem de seu sentido mais profundo, daquilo que você quer ser (FERNANDES, 2015). • O poder do pensamento positivo - Uma das frases inspiradoras do livro: “A ação é uma grande restau- radora e construtora da confiança. A inércia não é apenas o resultado, mas a causa do medo. Talvez a sua ação vai torná-lo bem sucedido, ou talvez ela precise de ajuste. Mas qualquer ação é melhor do que não fazer nada”. Sinopse: Quando foi publicado pela primeira vez, psicólogos e teólogos atacaram o livro como herege e acusaram o autor Norman Vicent Peale de ser um fantoche. Hoje, a ciência tem verificado que o conceito básico do livro – ser otimista – faz você mais feliz e saudável e, portanto, mais propenso a ter sucesso (FERNANDES, 2015). 1.4 Outras fontes de inspiração e motivação Para fechar esta unidade, são apresentadas a seguir dicas complementares, que podem ser fontes de inspiração e motivação para os empreendedores e intraempreendedores. Mas lembre-se que a lista não se esgota aqui! Se todas as experiências vivenciadas podem contribuir para refinar nosso olhar nas experiências futuras que tere- mos, por que não investir nelas? Uma dessas experiências pode vir a partir de algo muito pessoal, que são nossos hobbies. Sim, eles também podem ser fontes de inspiração. Inclusive, quantos desses hobbies acabam se transfor- mando em empresas de sucesso? Várias delas surgiram a partir de um hobby. Figura 13: Hobby. Legenda: Representação de alguns hobbies. Fonte: http://pt.123rf.com/search.php?word=recreation+icon&imgtype=0&t_word=recreation+icon&t_ lang=pt&oriSearch=book&srch_lang=pt&sti=mr4yhtee1xqaq4q6t9|&mediapopup=39028856 39 Empreendedorismo | Histórias inspiradoras Vamos falar sobre a importância de desenvolver hábitos que ajudem a trazer inspiração e motivação. Sabemos que todas as ideias que serão colocadas em prática surgem a partir das experiências que o empreendedor tem em seu dia a dia, não é mesmo? Em muitos casos, a motivação pode vir de um hobby; em outros, pode surgir de um insight em um momento de lazer. É dessa forma que a inspiração e a motivação se tornam o combustível para gerar novas ideias e buscar soluções para o negócio. Insight – iluminação; revelação ou visão inesperada e repentina de alguma coisa. Glossário Outra dica é visitar feiras e participar de eventos em áreas diferentes de seu ramo de atuação. Em uma sociedade cada vez mais interdisciplinar, é recomendado que possamos estar atentos a outros olhares, a outras formas de perceber o mundo dos negócios. É também uma oportunidade para observar de que modo outros empreende- dores têm buscado soluções para seus negócios, de que forma se relacionam com a tecnologia, o que utilizam para melhorar o relacionamento com o cliente, entre tantas outras questões que permeiam o dia a dia do empre- endedor. Por fim, para manter-se atualizado, você pode utilizar as mais variadas fontes (impressas e eletrônicas) para con- sultas e até mesmo para inspiração. Veja algumas dicas: • acompanhar blogs e sites que tratam dos temas inovação, empreendedorismo e mercado; • acompanhar canais do Youtube que abordam os temas do empreendedorismo; • assinar revistas impressas sobre empreendedorismo e também da área do seu negócio. Lista de sites: http://www.sebrae.com.br http://www.prointec.com.br http://www.inovacao.unicamp.br http://www.inovacao.unicamp.br 40 Empreendedorismo | Histórias inspiradoras Outra dica valiosa é navegar nos sites de empresas reconhecidas como as mais inovadoras; vá até a aba “Institu- cional” ou “Sobre nós”, veja missão, visão, valores e entenda um pouco por que elas são o que são: 3M http://www.3m.com.br/3M/pt_BR/3m-do-brasil/ Pixar http://www.pixar.com/ Disneylandia https://disneyland.disney.go.com/ Cirque du soleil https://www.cirquedusoleil.com/es/espectaculos E você, já acessou alguma experiência multimídia, como um filme que te trouxe alguma reflexão sobre o que você tem feito e, de repente, surgiu um insight que te deu uma resposta que há tanto tempo você buscava? http://www.3m.com.br/3M/pt_BR/3m-do-brasil/ http://www.pixar.com/ https://disneyland.disney.go.com/ https://www.cirquedusoleil.com/es/espectaculos 41 Considerações finais Chegamos ao fim dessa Unidade 2. Vimos muitos casos de sucesso de empresas brasileiras de diversos setores econômicos e de diversos portes. Tudo isso é muito inspirador, não é mesmo?. Vamos relembrar alguns pontos principais: • dados do relatório GEM; • empresas brasileiras de sucesso; • filmes e livros inspiradores; • outras formas de buscar inspiração e motivação. A proposta de trazer os casos de empresas brasileiras deu-se porque nossa legislação e nossas realidades política e econômica são diferentes das de outros países; assim, não faria tanto sentido apresentar outras situações. Porém, isso não quer dizer que você não possa se inspirar em casos inter- nacionais – você pode buscar exemplos de propostas e melhorias para seu negócio em outros similares. É isso! Até o próximo encontro. Referências bibliográficas 42 ENDEAVOR. Disponível em: <https://endeavor.org.br/>. Acesso em: 8 jan. 2017. FERNANDES, André Bartholomeu. Jornal do Empreendedor: 2015. Dis- ponível em: <http://www.jornaldoempreendedor.com.br/destaques/ lideranca/os-10-maiores-livros-motivacionais-de-todos-os-tempos/>. Acesso em: 10 set. 2016. GEM: Global Entrepreneurship Monitor. Empreendedorismo no Brasil: 2015. Coordenação de Simara Maria de Souza Silveira Greco; autores : Mariano de Matos Macedo... [et al] -- Curitiba: IBQP, 2014. 178p. : il. GOMES, Veronica. 20 filmes inspiradores que todo empreende- dor deve assistir. 2015. Disponível em: <http://www.revistamktnews. com/2015/07/20-filmes-inspiradores-que-todo.html>. Acesso em: 10 jan. 2017. MALHEIROS, Manuela. 7 Histórias de Empreendedores de Sucesso Bra- sileiros. 2014. Disponível em: <https://endeavor.org.br/empreendedores- -de-sucesso/?esvt=-b&esvq=_cat%3Aempreendedor&esvadt=999999- --1&esvcrea=77671305205&esvplace=&esvd=c&esvaid=50078&gclid= CJvI25K2t9ECFRAGkQodLCkC3g>. Acesso em: 10 jan. 2017. 44 Empreendedorismo no Brasil e no mundo Para iniciar seus estudos Nesta unidade, conversaremos sobre o contexto do empreendedo- rismo no Brasil e no mundo. Estudaremos dois tópicos para abordar de que modo ocorre a formação da cultura organizacional, bem como sua importância. Por fim, veremos às fontes de financiamento e inovação no Brasil. Vamos lá? Objetivos de Aprendizagem • Contextualizar o processo histórico do tema do empreendedo- rismo no Brasil e no mundo e discutir sobre as limitações e/ou dificuldades para empreender no Brasil.. 45 Empreendedorismo | Empreendedorismo no Brasil e no mundo 1.1 Contexto do empreendedorismo no Brasil e no mundo Figura 14: Aumento do número de empreendedores. Legenda: Aumento do número de empreendedores. Fonte: http://www.123rf.com/search.php?word=infographic++flat&imgtype=0&t_word=&t_lang=en&oriSearch=infograp hic+flat+way&sti=n4o9pnsm5ip0t2sihb|&mediapopup=40686841 Embora o empreendedorismo sempre tenha feito parte das políticas brasileiras, ele ganhou força a partir da década de 1990, com a abertura da economia. Na época, investidores estrangeiros voltaram a aplicar seu dinheiro no Brasil, fazendo com que as exportações aumentassem. Com essa retomada da economia, naturalmente ocor- reu o crescimento no número de empreendedores, que viram a oportunidade de desenvolver seu próprio negócio Nos últimos 10 anos, também é possível constatar asimportantes políticas de incentivo para o empreendedor brasileiro. Os incentivos vão desde a diminuição no percentual de impostos até as melhorias nos processos burocráticos, facilitando a abertura e a gestão das empresas. Interessante notar que esses benefícios têm favorecido empresas de diversos portes, porém, as principais políti- cas são para organizações de pequeno e médio porte, que representam quase 80% do montante das empresas brasileiras. No entanto, manter-se no mercado sempre foi um desafio para os empreendedores no mundo todo. O fato de ter ideias criativas não é sinônimo de sucesso para o negócio; para além da boa ideia, é necessário perceber as influências e os sinais que o mercado traz a cada momento para o processo de amadurecimento da ideia e do próprio negócio. 46 Empreendedorismo | Empreendedorismo no Brasil e no mundo De que modo é possível identificar oportunidades para empreender e como escolher a área? Identificar as opor- tunidades de negócios representa tirar o sonho da mente, agindo para torná-lo real. Sampaio (2014) afirma que “[...] se o sonho é o combustível, a atitude, ou, mais especificamente, a atitude empreendedora, é o motor dos grandes projetos pessoais e profissionais”. Sendo assim, percebe-se que após sonhar e idealizar o empreendi- mento, é chegada a hora de identificar se o mercado tem a necessidade do negócio. Nesse processo, o Sebrae (2015) apresenta alguns pontos relevantes, vejamos: Figura 15: Pontos relevantes para novos empreendimentos. NECESSIDADES IDENTIFICADAS BUSCA DE INFORMAÇÕES ESCALA DIFERENCIAÇÃO OBSERVAÇÃO E ANÁLISE Legenda: Pontos relevantes para novos empreendimentos. Fonte: http://www.123rf.com/search.php?word=infographic+flat+five+steps&start=100 • Necessidades identificadas – observar as necessidades que a oportunidade busca atender ou quais pro- blemas poderão ser resolvidos. • Escala – ficar atento ao público-alvo e ao porte desse mercado; quanto maior for essa abrangência, maior a probabilidade de ser uma boa oportunidade. • Diferenciação – quanto maior for o espaço para a inovação, maior é a chance de tornar-se um negócio efetivo. • Observação e análise – usar ferramentas que ajudem a fazer a análise de forma a conseguir uma iden- tificação mais precisa. Analisar o fluxo de pessoas, a frequência de repetição de determinados hábitos e costumes. • Busca de informações – ficar atento aos investimentos estruturantes que serão feitos no seu bairro, na sua cidade, na sua região. Estar atento à concorrência é essencial nesse processo. Mas é importante lembrar de outras informações, tais como valor do investimento e retorno, análise da concor- rência e, principalmente, mercado potencial, ou seja, o que o mundo diz sobre o seu ramo de atuação. Outra questão imprescindível para as empresas é adotar processos de inovação a tal ponto que seja possível estabelecer uma cultura organizacional inovadora 47 Empreendedorismo | Empreendedorismo no Brasil e no mundo 1.2 Estabelecendo a cultura organizacional O que é cultura organizacional? Quais fatores são determinantes para a cultura da organização? Como ela influencia o perfil o empreendedor? E a inovação? Costumes, crenças e valores que identificam uma organização ou empresa são chamados de cultura. Para Marras (2000), cada empresa ou organização possui crenças e valores próprios e estes formam sua cultura interna. Nesse sentido, cada organização possui suas próprias características e, influenciada pelas pessoas que a com- põem, forma sua cultura. Essa cultura pode ser classificada como subjetiva dos traços de desenvolvimento cog- nitivo das pessoas (conhecimento, inteligência etc.) e/ou objetiva, que são crenças, valores, a maneira de ser de cada indivíduo, que o difere dos demais (MARRAS, 2000). Para entender melhor o assunto, são apresentadados os componentes da cultura: a. Valores – são crenças e conceitos que moldam o contorno cultural do grupo, estabelecendo padrões de comportamento, de avaliação e de imagem. b. Ritos – são praticados com a finalidade de perpetuar, no dia a dia, os valores organizacionais, e tornar a cultura mais coesa. Por exemplo: café da manhã com o diretor. c. Mitos – são figuras imaginárias, geralmente oriundas da interpretação de fatos não concretos, e que são utilizadas para reforçar crenças organizacionais com o intuito de manter certos valores históricos. Por exemplo: nossa empresa é uma grande família. d. Tabus – no processo cultural, os tabus têm a função de orientar comportamentos e atitudes, principal- mente focando em questões de proibição ou de coisas não bem-vindas ou não permitidas. Por exemplo: questões religiosas, presença indesejada de mulheres (MARRAS, 2000). No processo de formação e identificação da cultura, cabe ao gestor de pessoas gerir esse processo de identifi- cação cultural. Nesse sentido, a busca de valores compartilhados, que são os valores tanto da organização como dos empregados, devem ser vistos como geradores dos impulsos dos comportamentos e das atitudes das pes- soas envolvidas na organização (MARRAS, 2000). De acordo com o tipo de gestão, a cultura pode ser determinante para o sucesso ou o fracasso da organização. Para Chiavenato (2010, p. 177), “[...] ela pode ser flexível e impulsionar a organização, como também pode ser rígida e travar o seu desenvolvimento”. Pessoas e organizações cada vez mais flexíveis são peças-chave para o sucesso. Integrar e absolver o melhor de cada pessoa, de cada organização, pode ser determinante para a exce- lência nos relacionamentos e nos resultados organizacionais. Nesse sentido, Chiavenato (2010) afirma que existem culturas adaptativas e não adaptativas. As organizações que adotam culturas adaptativas em geral promovem revisões e atualizações de suas culturas, e caracterizam-se pela criatividade, inovação e mudança, o que consequentemente gera um clima organizacional favorável para a geração de ideias, desafiando seus servidores a desenvolver novas formas de trabalho. Já as organizações que se caracterizam pela cultura não adaptativa são conservadoras, mantendo-se inalteradas, como se não tivessem sofrido nenhuma influência do mundo, continuando com seus valores e costumes arraigados. Se uma empresa é composta por pessoas, então, a empresa possui uma cultura, e o grande desafio é a cultura para a inovação; a diversidade de ideias e visões pode ser benéfica porque a inovação exige essa variedade de saberes e beneficia-se ao desafiar e questionar as suposições dadas como certas. Já é possível perceber a existên- cia de empresas que adotam métodos e processos para promover essa cultura para a inovação. 48 Empreendedorismo | Empreendedorismo no Brasil e no mundo Porém, uma boa parte das empresas resiste em adotar a inovação em seus processos. Existe uma lista de des- culpas: “nós tentamos isso antes”, “isso é muito louco para ser considerado”, “não precisamos mudar, está tudo certo“, “este não é o meu trabalho”, “em time que está ganhando não se mexe” etc. O pior de tudo é quando se ouve “nós não somos uma empresa inovadora, esse assunto é para Apple, Nike, 3M, Microsoft, e não para nossa fabriquinha de fundo de quintal”. E quando se diz “nós”, incluímos todos os atores envolvidos no processo, desde a concepção da ideia até a che- gada do produto ao seu consumidor final. Veja, se a organização é formada por pessoas, todos os envolvidos devem ter em mente a cultura inovadora, ter conhecimento sobre o que a organização quer ofertar no mercado. E, para implementar a inovação, a organização precisa ter todo o aporte dos seus fornecedores e parceiros, para assegurar a entrega de matérias-primas de acordo com a necessidade da empresa. Um fator comum nas empresas que implementam uma cultura organizacional inovadora é o encorajamento para a geração de ideias, do novo, mostrando aos envolvidos a potencialidade do que se propõem a oferecer para o mercado. Dessa forma, é possível fazer com que eles assimilem essa cultura e comprometam-secom novos processos. Vamos adotar como exemplo a empresa 3M, tradicional e inovadora, que adota regras para uma cultura inova- dora. Essas regras constam nos relatórios da companhia (MITCHELL,1989): Defina metas para a inovação: por determinação corporativa, 25% a 30% das vendas anuais devem ser de novos produtos, com cinco anos ou menos. Compromisso com a pesquisa e o desenvolvimento: a 3M investe em Planejamento e Desenvolvi- mento – P&D quase que duas vezes mais que as companhias americanas. Uma das metas do planeja- mento é relacionada à redução de tempo pela metade para o lançamento de produtos. Inspirar o empreendedorismo interno: líderes inovadores são encorajados a trabalhar em novas ideias e têm a oportunidade de gerenciar seus produtos como se estivessem dirigindo seu próprio negócio. Aos funcionários da 3M, é permitido dedicar 15% do seu tempo em pesquisas de interesse pessoal, mesmo que não estejam relacionadas com os projetos atuais da companhia. Facilitar, não obstruir. as divisões são pequenas e é permitido operar com muita independência, além de os funcionários terem acesso constante a informações e recursos técnicos. Os pesquisadores com boas ideias são premiados com US$ 50 mil de subvenção para desenvolver seus brainstorms em novos produtos Foco no cliente. a definição de qualidade da 3M é demonstrar que o produto pode fazer aquilo que o cliente deseja e não atender à exigência de algum padrão arbitrário. Tolerar o fracasso. o pessoal da 3M sabe que se suas ideias fracassarem, ainda será possível encontrar outras ideias inovadoras. A administração sabe que erros serão cometidos e que a crítica destrutiva acaba com a iniciativa. Enquanto a inovação está profundamente enraizada em comportamentos ligados à cultura da empresa, a licença e a autoridade para determinar o valor da inovação sempre iniciam-se a partir da liderança. De acordo com Koulopoulos (2011), os líderes que esperam que sua empresa alcance altos níveis de inovação sustentada precisam superar a inércia da empresa e concentrar-se em quatro objetivos: 49 Empreendedorismo | Empreendedorismo no Brasil e no mundo Figura: 3.3: Objetivos para alcançar altos níveis de inovação. OBJETIVO 1 Separar no que a empresa é boa, dos demais negócios, focando a inovação para o que seria sua maior competência. OBJETIVO 4 Criar uma estrutura que favoreça a inovação, sem burocracia, interdepartamental, foco no cliente, flexível. OBJETIVO 2 Os líderes devem criar uma cultura para a inovação, que inclua atitudes e os comportamentos necessários para a sustentação, reforçada constantemente por programas que desenvolvem uma visão compartilhada em toda a empresa. OBJETIVO 3 O sucesso é importante, mas não podemos nos acomodar, isso pode interferir na capacidade de aceitar e de explorar novas ideias, assim como, reconhecer novas tendências. Legenda: Objetivos para alcançar altos níveis de inovação. Fonte: http://www.123rf.com/photo_38436281_abstract-vector-4-steps-infographic-template-in-flat-style-for-layout- -workflow-scheme-numbered-optio.html?term=infographic%2Bflat%2Bfour%2Bsteps&vti=lt8wyducwaxai1pi77 Defender a liderança dentro de uma empresa é um assunto muito discutido e pesquisado na última década. Alguns especialistas defendem que para melhorar a competitividade das empresas brasileiras, além de todo o apoio que devem ter por meio de políticas e programas governamentais, é necessário valorizar e estimular a criação de lideranças empresariais. Essas lideranças assumem riscos e são protagonistas nessa área empreendedora. Elas podem surgir em qualquer ambiente e porte de empresa, basta ter espaço para serem estimuladas e desenvolvidas. 50 Empreendedorismo | Empreendedorismo no Brasil e no mundo O papel do líder pode até ser comparado ao do intraempreendedor, pois muitas vezes esse papel não é do funda- dor da empresa, e, sim, de um gestor, diretor ou coordenador de área, que acaba assumindo um papel de muita relevância dentro da organização e também com os parceiros com os quais se relaciona: clientes, comunidade do entorno, governo e fornecedores. Por fim, para ter condições de avaliar o seu negócio ou empresa quanto à capacidade de inovar, é só dirigir-se aos clientes e perguntar: “você acha que estamos sendo inovadores?”. Se a resposta for afirmativa: “o que estamos fazendo de inovações que agregam valor ao cliente?“. A partir dessas questões, dependendo das respostas que surgem, o empreendedor tem plenas condições de criar estratégias e diretrizes necessárias para estimular a inovação em qualquer setor da empresa. Dependendo do tipo de empresa, por exemplo, a inovação em um processo interno faz com que o atendimento ao cliente seja mais ágil e confiável, o que ajuda a conquistar a confiança dos clientes já existentes e a angariar novos clientes. Em outros casos, a empresa pode ter necessidade de inovar, por exemplo, em algum equipamento ou serviço que está vinculado diretamente ao atendimento do cliente. Sim, isso deve ser pensado o tempo todo, pois o resultado final é a estabilização ou o aumento de faturamento, e na escala macroeconômica, esse resul- tado individual da empresa contribuirá para o desenvolvimento da cidade na qual ela está instalada Mesmo com todo o esforço e as novidades na legislação e nas políticas para as empresas brasileiras, os desafios enfrentados ainda são grandes. Uma das formas de analisar perfis das empresas e perfis dos empreendedores é por meio dos dados sobre o empreendedorismo publicados pelo projeto Global Entrepreneurship Monitor - GEM, iniciado em 1999 por uma parceria entre a London Business School e o Babson College. O objetivo principal do projeto é “[...] compreender o papel do empreendedorismo no desenvolvimento econômico e social dos países” (GEM, 2015, p. 21). No relatório GEM, publicado em 2015, no item da pesquisa aplicada aos empreendedores brasileiros, diversas informações relevantes são destacadas. Quando esses dados são comparados com outros países, vemos a dife- rença interessante nas demandas, pois, conforme já conversamos, essas são específicas para cada país. Na tabela a seguir, estão demonstrados os dados vinculados aos principais fatores favoráveis e também aos obs- táculos para a abertura e a manutenção de novos negócios no Brasil. Esses dados foram obtidos em entrevistas a partir da avaliação dos empreendedores brasileiros nessa pesquisa de 2015. 51 Empreendedorismo | Empreendedorismo no Brasil e no mundo Tabela 5 – Fatores favoráveis e obstáculos para abertura e manutenção das empresas brasileiras OBSTÁCULOS FAVORÁVEIS Acesso a recursos financeiros ou financiamentos (empréstimos ou financiamentos) 49,1 19,3 Legislação e impostos (leis e carga tributária) 54,4 2,8 Programas de orientação para abrir ou manter um negócio 8,4 10,4 Educação fundamental, médio ou superior 2,8 5,9 Formação e capacidade de mão de obra 6,7 20,5 Serviços de apoio especializados (contador, consultor, advogado, etc.) 4,1 3,3 Fornecimento de água e energia, rede de esgoto e coleta de resíduos sólidos 0,6 2,7 Sistema de transportes (estradas, rodovias, portos) 0,6 3,2 Estrutura tecnológica dos meios de comunicação (cobertura telefônica, acesso a internet) 1,3 3,6 Mercado dominado por grandes empresas 2,8 2,3 Entendimento da população brasileira sobre iniciativas empreendedoras 1,8 10,2 Legenda: Fatores favoráveis e obstáculos para abertura e manutenção das empresas brasileiras Fonte: GEM (2015, p. 89). A partir dos dados apresentados, boa parte dos empreendedores cita dois obstáculos principais: • Legislação e impostos (leis e carga tributária), 49,1%; • acesso a recursos financeiros (empréstimos ou financiamentos), 54,4%. Os fatores favoráveis citados pelos empreendedores entrevistados não são tão significativos quanto os que se referem aos obstáculos para abertura e manutenção de novos negócios: • formação e capacidade de mão de obra (20,5%); • acesso a recursos