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Parasitologia: Ciclos, Sintomas e Tratamento

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Parasitologia: Descrição Detalhada dos Ciclos de Vida, Aquisição, 
Sintomas e Tratamento 
1. Tricomoníase 
Agente Causal: Trichomonas vaginalis 
Ciclo de Vida: Trichomonas vaginalis é um protozoário flagelado que se 
transmite principalmente por contato sexual. Após a transmissão, os trofozoítos 
se aderem às células epiteliais do trato geniturinário e se multiplicam por divisão 
binária. O ciclo de vida não inclui a formação de cistos, o que significa que o 
parasita não sobrevive muito tempo fora do hospedeiro humano. 
Aquisição: A transmissão ocorre principalmente por contato sexual 
desprotegido. Em casos raros, pode ocorrer através de fômites contaminados, 
como roupas íntimas ou toalhas. 
Sintomas: 
• Homens: Muitas vezes são assintomáticos, mas podem apresentar 
uretrite, secreção uretral e disúria. 
• Mulheres: Apresentam corrimento vaginal verde-amarelado, espumoso e 
com odor desagradável, prurido e irritação vulvovaginal, disúria e 
desconforto durante a relação sexual. 
Tratamento: O tratamento padrão inclui metronidazol ou tinidazol administrado 
em dose única ou em um regime de doses múltiplas. É essencial tratar ambos 
os parceiros sexuais para prevenir a reinfecção e a propagação da doença. 
2. Doença de Chagas 
Agente Causal: Trypanosoma cruzi 
Ciclo de Vida: O ciclo de vida do Trypanosoma cruzi envolve dois hospedeiros: 
o vetor (barbeiro) e o hospedeiro vertebrado (humano ou animal). O parasita é 
transmitido aos humanos quando as fezes do barbeiro, que contêm 
tripomastigotas metacíclicas, entram em contato com a pele ou mucosas. Dentro 
do corpo humano, os tripomastigotas invadem as células, transformam-se em 
amastigotas e se multiplicam. As células se rompem, liberando novos 
tripomastigotas que podem invadir outras células ou ser ingeridos por outro 
barbeiro. 
Aquisição: Além da transmissão vetorial, a doença pode ser adquirida por 
transfusão de sangue, transplante de órgãos, transmissão vertical (de mãe para 
filho) e consumo de alimentos contaminados. 
Sintomas: 
• Fase Aguda: Inclui febre, mal-estar, linfadenopatia, 
hepatoesplenomegalia e o sinal de Romaña (edema palpebral unilateral). 
• Fase Crônica: Pode ocorrer anos após a infecção inicial, levando a 
complicações cardíacas (cardiomiopatia chagásica), distúrbios digestivos 
(megacólon, megaesôfago) e outras manifestações graves. 
Tratamento: O tratamento da fase aguda inclui benzonidazol ou nifurtimox, que 
são mais eficazes quando administrados precocemente. Na fase crônica, o 
tratamento é principalmente sintomático, focando nas complicações específicas, 
como o manejo de insuficiência cardíaca ou intervenções cirúrgicas para 
problemas gastrointestinais. 
3. Amebíase 
Agente Causal: Entamoeba histolytica 
Ciclo de Vida: Entamoeba histolytica apresenta um ciclo de vida que inclui 
formas trofozoítas e císticas. Os cistos são ingeridos através de água ou 
alimentos contaminados. No intestino delgado, os cistos se transformam em 
trofozoítos, que se multiplicam e podem invadir a mucosa intestinal. Trofozoítos 
também podem se tornar cistos que são excretados nas fezes, permitindo a 
transmissão a novos hospedeiros. 
Aquisição: A infecção ocorre principalmente pela ingestão de água ou alimentos 
contaminados com cistos de E. histolytica, ou através de contato direto com 
fezes infectadas. 
Sintomas: 
• Intestinal: Pode variar de assintomático a diarreia leve, cólicas 
abdominais, disenteria com sangue e muco, e colite amebiana. 
• Extra-intestinal: Abscesso hepático é a complicação mais comum, 
manifestando-se com dor no quadrante superior direito, febre e 
hepatomegalia. 
Tratamento: Metronidazol é usado para eliminar trofozoítos invasores, seguido 
por um agente luminal (paramomicina ou iodoquinol) para eliminar cistos e 
prevenir a transmissão. 
4. Malária 
Agente Causal: Plasmodium spp. (P. falciparum, P. vivax, P. ovale, P. malariae, 
P. knowlesi) 
Ciclo de Vida: O ciclo de vida do Plasmodium envolve um hospedeiro 
vertebrado (humano) e um vetor (mosquito Anopheles). Após a picada do 
mosquito infectado, esporozoítos são introduzidos na corrente sanguínea e 
migram para o fígado, onde se desenvolvem em merozoítos. Estes são liberados 
na corrente sanguínea e invadem glóbulos vermelhos, onde passam por ciclos 
de multiplicação e liberação que causam os sintomas característicos da malária. 
Aquisição: Principalmente pela picada de mosquitos Anopheles infectados. 
Pode também ocorrer por transfusão de sangue, uso de seringas contaminadas 
e transmissão vertical. 
Sintomas: 
• Febre intermitente, calafrios, sudorese, cefaleia, fadiga, anemia, icterícia, 
hepatomegalia e esplenomegalia. 
• P. falciparum: Pode causar malária cerebral e outras formas severas com 
alta mortalidade. 
Tratamento: Depende da espécie de Plasmodium e da região: 
• P. falciparum: Tratamento com terapias combinadas à base de 
artemisinina (ACT). 
• P. vivax/ovale: Cloroquina, seguida de primaquina para eliminar 
hipnozoítos hepáticos e prevenir recaídas. 
5. Toxoplasmose 
Agente Causal: Toxoplasma gondii 
**Ciclo de 
Ciclo de Vida: Toxoplasma gondii tem um ciclo de vida complexo, envolvendo 
hospedeiros definitivos (felinos) e intermediários (humanos e outros animais). 
Oocistos são excretados nas fezes dos gatos e podem ser ingeridos por 
hospedeiros intermediários. No hospedeiro intermediário, os oocistos liberam 
taquizoítos que se disseminam e se diferenciam em bradizoítos, formando cistos 
nos tecidos. 
Aquisição: A infecção ocorre pela ingestão de oocistos em água ou alimentos 
contaminados, carne mal cozida contendo cistos, ou contato direto com fezes de 
gatos. Transmissão vertical pode ocorrer durante a gravidez. 
Sintomas: 
• Em imunocompetentes: Geralmente assintomática ou com sintomas leves 
como febre, linfadenopatia e mialgia. 
• Em imunocomprometidos: Pode causar encefalite, pneumonite e 
coriorretinite. 
• Congênita: Pode resultar em hidrocefalia, calcificações intracranianas e 
coriorretinite. 
Tratamento: O tratamento inclui a combinação de pirimetamina com 
sulfadiazina, suplementada com ácido folínico para reduzir a toxicidade. Em 
casos de infecção congênita ou em imunocomprometidos, o tratamento é 
essencial e pode ser prolongado. 
6. Filariose 
Agente Causal: Wuchereria bancrofti, Brugia malayi, Brugia timori 
Ciclo de Vida: Os vermes filarídeos têm um ciclo de vida que envolve mosquitos 
como vetores. As larvas (microfilárias) são transmitidas aos humanos através da 
picada de mosquitos infectados. Dentro do corpo humano, as larvas migram para 
os vasos linfáticos, onde se desenvolvem em vermes adultos, causando 
inflamação e obstrução linfática. 
Aquisição: A infecção é adquirida pela picada de mosquitos do gênero Culex, 
Anopheles, Aedes ou Mansonia que estejam infectados com larvas de filarídeos. 
Sintomas: 
• Fase Aguda: Linfangite, linfadenite, febre, dor. 
• Fase Crônica: Linfedema, elefantíase, hidrocele, danos permanentes ao 
sistema linfático. 
Tratamento: O tratamento inclui dietilcarbamazina (DEC), ivermectina e 
albendazol. O manejo da elefantíase e linfedema pode envolver cuidados com a 
pele, drenagem linfática e, em casos graves, intervenção cirúrgica. 
7. Esquistossomose 
Agente Causal: Schistosoma spp. (S. mansoni, S. haematobium, S. japonicum) 
Ciclo de Vida: Os ovos de Schistosoma são liberados nas fezes ou urina de 
humanos infectados e eclodem em água doce, liberando miracídios que infectam 
caramujos. Dentro dos caramujos, transformam-se em cercárias, que são 
liberadas na água e podem penetrar a pele humana. As cercárias se transformam 
em esquistossômulos e migram para o fígado, onde amadurecem em vermes 
adultos que migram para os vasos sanguíneos. 
Aquisição: A infecção ocorre pelo contato com água doce contaminada, onde 
cercárias penetram a pele. 
Sintomas: 
• Fase Aguda: Dermatite cercariana, febre de Katayama, eosinofilia, 
hepatomegalia, esplenomegalia.• Fase Crônica: Hematuria (S. haematobium), fibrose hepática, hipertensão 
portal, carcinoma de bexiga. 
Tratamento: Praziquantel é o tratamento de escolha para todas as espécies de 
Schistosoma. Ele é eficaz em uma única dose ou em doses divididas. 
8. Ascaridíase 
Agente Causal: Ascaris lumbricoides 
Ciclo de Vida: Os ovos de Ascaris são ingeridos através de alimentos ou água 
contaminados. No intestino delgado, as larvas eclodem e penetram a parede 
intestinal, entrando na corrente sanguínea e migrando para os pulmões. Após 
subir pelas vias respiratórias e serem deglutidas, as larvas retornam ao intestino 
delgado, onde se desenvolvem em vermes adultos. 
Aquisição: A infecção ocorre pela ingestão de alimentos ou água contaminados 
com ovos de Ascaris provenientes de solo contaminado. 
Sintomas: 
• Fase Pulmonar: Tosse, dificuldade respiratória, sibilância. 
• Fase Intestinal: Dor abdominal, náusea, vômito, obstrução intestinal, má 
absorção, desnutrição. 
Tratamento: O tratamento inclui albendazol, mebendazol ou pamoato de 
pirantel, que são eficazes na eliminação de vermes adultos. 
9. Giardíase 
Agente Causal: Giardia lamblia (também conhecida como Giardia intestinalis ou 
Giardia duodenalis) 
Ciclo de Vida: O ciclo de vida de Giardia lamblia envolve duas formas: cistos e 
trofozoítos. Os cistos são a forma infectante e são ingeridos através de água ou 
alimentos contaminados. No intestino delgado, os cistos se transformam em 
trofozoítos que se aderem à mucosa intestinal e se multiplicam. Trofozoítos 
podem se transformar novamente em cistos que são excretados nas fezes, 
permitindo a transmissão a novos hospedeiros. 
Aquisição: A infecção ocorre pela ingestão de água ou alimentos contaminados 
com cistos de Giardia. A transmissão também pode ocorrer por contato direto 
com fezes infectadas, especialmente em ambientes com saneamento precário. 
Sintomas: 
• Diarreia aquosa, esteatorreia (fezes gordurosas), dor abdominal, náusea, 
vômito, perda de peso e desidratação. Em alguns casos, a infecção pode 
ser assintomática. 
Tratamento: O tratamento inclui metronidazol, tinidazol ou nitazoxanida. É 
importante tratar todos os membros da família e melhorar as condições de 
higiene para prevenir a reinfecção. 
10. Leishmaniose 
Agente Causal: Leishmania spp. (principalmente L. donovani, L. 
infantum/chagasi para leishmaniose visceral, e L. tropica, L. major, L. braziliensis 
para leishmaniose cutânea e mucocutânea) 
Ciclo de Vida: O ciclo de vida de Leishmania envolve dois hospedeiros: o vetor 
(mosquito flebotomíneo) e o hospedeiro vertebrado (humano ou animal). Os 
promastigotas metacíclicos são transmitidos aos humanos através da picada do 
mosquito. No corpo humano, os promastigotas são fagocitados por macrófagos 
e se transformam em amastigotas, que se multiplicam dentro das células 
hospedeiras. Os amastigotas são liberados quando as células se rompem e 
podem infectar novas células ou ser ingeridos por outro mosquito durante a 
picada. 
Aquisição: A infecção é adquirida pela picada de mosquitos flebotomíneos 
infectados. Pode ocorrer também por transfusão de sangue, compartilhamento 
de seringas contaminadas e, raramente, por transmissão vertical. 
Sintomas: 
• Leishmaniose Cutânea: Úlceras cutâneas indolores que podem cicatrizar 
espontaneamente ou evoluir para formas crônicas. 
• Leishmaniose Mucocutânea: Lesões destrutivas nas mucosas do nariz, 
boca e garganta. 
• Leishmaniose Visceral (Calazar): Febre prolongada, perda de peso, 
hepatoesplenomegalia, pancitopenia e hipergamaglobulinemia. Se não 
tratada, pode ser fatal. 
Tratamento: O tratamento varia conforme a forma clínica e a espécie de 
Leishmania: 
• Leishmaniose Cutânea: Antimoniato de meglumina, miltefosina, ou 
terapias locais como crioterapia. 
• Leishmaniose Mucocutânea: Antimoniato de meglumina, anfotericina B. 
• Leishmaniose Visceral: Anfotericina B lipossomal, antimoniais 
pentavalentes, ou miltefosina.

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