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LISTA INTELIGENTE PORTUGUÊS U F P R Crase TEXTO BASE 1 Leia atentamente o texto abaixo. Quanto mais selvagem, melhor Metrópoles estão trocando parques e jardins por “matas” onde vegetação cresce vontade. É o rewilding, conceito que protege o meio ambiente e agrada aos olhos. Milhões de moradores de Barcelona, como de boa parte do mundo, passaram meses trancados em casa no ano passado, em lockdown rigoroso por causa da pandemia. Ao saírem, tiveram uma surpresa. Sem humanos por perto, os pássaros e pequenos roedores tomaram conta dos parques, onde plantas e flores puderam crescer e desabrochar vontade. A população de borboletas duplicou e a biodiversidade local deu um salto de 28%. impressionante explosão ecológica promoveu uma virada de consciência: antes resistentes ampliação dos santuários silvestres, temendo volta de bichos indesejáveis, os barcelonenses passaram a apoiar ideia e a prefeitura já pôs várias iniciativas do gênero em andamento. A experiência catalã de rewilding, como é chamada a recuperação de biomas mais selvagens (wild, em inglês), vem se repetindo em diversas metrópoles, como uma forma natural, simpática e inclusiva de preservar o fustigado meio ambiente. Visto como o que de mais moderno em urbanismo, o rewilding pretende redefinir o conceito de área verde: saem os jardins impecáveis e gramados bem aparados, entra vegetação natural da região, que cresce sem poda, irrigação nem pesticidas, permitindo que o ecossistema encontre seu equilíbrio. Em pouco tempo, insetos, pássaros, peixes e outros animais retornam ao hábitat, criando um vigoroso ciclo de biodiversidade. Em Barcelona, a prefeitura plantou árvores ao longo de ruas e avenidas, criando corredores verdes para os animais se locomoverem. Além disso, uma área de 780 000 metros quadrados de espaço subaproveitado, como estacionamentos, está sendo transformada em mata, onde funcionários de parques espalham colmeias e abrigos para pássaros e morcegos. Revista Veja. Edição 2765. n.46, p. 70, novembro 2021. Adaptado. • lockdown - confinamento • rewilding - renaturalizar FepeseQUESTÃO 1 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 1 Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do texto. A a / a / a / À / à / a / a / à / a B à / à / à / A / a / à / à / à / à C à / a / à / À / a / à / a / há / à D a / a / a / A / à / a / a / há / a E a / à / à / A / à / a / a / há / a TEXTO BASE 2 Texto Eu sei, mas não devia Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. À comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar O dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra. A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. À ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. As bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta. A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma. COLASANTI, M. Eu sei, mas não devia. Jornal do Brasil, 19/2. EAMQUESTÃO 2 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 2 Assinale a opção cuja crase se justifica, respectivamente, pelo mesmo caso empregado em “E, à medida que se acostuma, esquece o sol [...] (2º§) e “A gente se acostuma à poluição.” (8º§). A À proporção que íamos caminhando, chegávamos à casa da Vovô. B Vá à Bahia no próximo final de semana e fique à espera de minha resposta. C Por que disseste à Beatriz que foste até à farmácia ontem? D Entreguei todo meu dinheiro à sua mãe às pressas. E Estamos à procura da felicidade constantemente. Refiro-me à felicidade plena. TEXTO BASE 3 TEXTO Sobrecarga de atividades atinge alunos e docentes e expõe lacunas do ensino remoto A estudante Ohanna Sanna, 18, relata que teve dificuldade para se adaptar ____ essa rotina de estudos. “No começo, para cada matéria, os professo res estavam colocando três ou quatro atividades [5] para entregar na semana. Em alguns casos, a gente nem tinha três, quatro aulas com aquele professor”, reclama ____ estudante. Aluna do terceiro ano do ensino médio, ela conta que, após reclamações dos alunos, a coordenadora [10] da escola definiu junto aos professores uma redução na carga de trabalhos. Como aluno do ensino médio e do técnico, Guilherme de Oliveira Silva, 17, estava acostumado ____ estudar em dois períodos e ainda reservar um [15]tempo para se preparar para os vestibulares. “Como os professores estão passando mais atividades como forma de avaliação, eu não tive tempo ainda de pegar os livros para estudar para o vestibular”, diz o aluno. “Isso está me preocupando [20] bastante. Estou considerando como um ano perdido”, acrescenta o jovem, que pretende prestar o Enem e os vestibulares da Fuvest, da Unicamp e da Unesp. Fragmento adaptado de: https://bit.ly/3gpjFo6. Acesso em: 23 ago. 2020. PUC-RSQUESTÃO 3 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 3 Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do texto. A à – a – à B à – à – à C a – à – à D a – a – a UVVQUESTÃO 4 Começam ___ cair uns pingos de chuva. Tão leves e raros que nem ___ borboletas ainda perceberam, e continuam ___ pousar, ___ tontas, de jasmim em jasmim. As pedras estão muito quentes, e cada gota que cai logo se evapora. Os meninos olham para o céu cinzento, estendem ___mão - vão fazer outra coisa. Excerto do texto de Cecília Meireles - Chuvas com lembranças. Assinale a alternativa que preenche, corretamente, a lacuna da frase: A à / às / a / às / a. B à / as / à / às / a. C a / as / a / às / a. D a / às / a / às / a. E a / às / a / às / à. TEXTO BASE 4 O que nos torna pouco competitivos? Renato Rozental Lamentar a morte de mais de meio milhão de brasileiros por covid-19 é pouco. Esta é uma discussão de resposta muito clara, quase óbvia. Se tivéssemos capacidade interna, poderíamos ter suprido parte das necessidades do mercado e reduzido o impacto da pandemia no sistema de saúde em tempo hábil. O quadro de calamidade é resultado de décadas de políticas de incentivo ___ mera reprodução em vez de estímulo ___ capacitação profissional e ao domínio do processo produtivo. [5] Começar reproduzindo (‘copiando’) não é um problema. Basta lembrar da história do nylon, fibra têxtil sintética patenteada pela empresa norte-americana DuPont em 1935 e usada para provocar a indústria japonesa e fazê-la exportar menos seda. A resposta japonesa foi contundente e imediata: ‘copiar’ o processo de manufatura e produzir nylon 6 meses após a desfeita. Atualmente, a China domina o mercado mundial de nylon, seguida por Estados Unidos, Japão e Tigres Asiáticos. Os chineses perceberam que, na era tecnológica, “o caminho mais curto para crescer é apostar em três frentes: inovação, inovação e [10] inovação”. Nesse contexto, pergunto: qual é o perfil da nossa indústria farmacêutica? Produzimos genéricos… até hoje. Mas a política de ‘genéricos’ tem como fragilidade o fato de incluir apenas medicamentos cujas patentes já tenham expirado. O problema do conhecimento tecnológico insuficiente e a dificuldade do nosso país em evoluir de ‘copiar’ para ‘inovar’ precisa ser tratado com prioridade e sem demagogia para romper o ciclo vicioso da dependência tecnológica e trazer um diferencial competitivo. [15] O projeto de cranioplastia, reparo craniano extenso, pode ilustrar tanto a inovação estimulada pela demanda como os entraves burocráticos ao desenvolvimento do produto. Pelo lado clínico, ___ cirurgias de reconstrução do crânio após remoção da calota craniana envolvem um alto custo, incluindo a malha de titânio e porcelanato usada atualmente, totalizando um gasto entre R$ 120 mil e R$ 200 mil por paciente, o que torna sua realização no Sistema Único de Saúde (SUS) economicamente inviável. A cranioplastia faz-se necessária não somente por razões estéticas – o que, por si só, já justificaria o procedimento –, [20] mas também para assegurar que o cérebro do paciente fique mais protegido e com melhor irrigação sanguínea, resultando em melhoras cognitivas e comportamentais e facilitando ___ reintrodução do indivíduo na sociedade. No momento, infelizmente, a implantação de próteses cranianas é realizada pelo SUS somente mediante doação ou após sentença judicial, considerando que o paciente corre risco de vida. Nossa equipe desenvolveu uma solução utilizando uma prótese de polimetilmetacrilato (PMMA) confeccionada durante o [25] período da cirurgia, com resultados semelhantes e até superiores aos das próteses de titânio e porcelanato disponíveis, mas com custo cerca de 20 vezes menor que o praticado no mercado, tornando o tratamento, em teoria, viável e acessível à rede SUS. Estamos confiantes nos resultados das próteses feitas de PMMA, na análise dos custos e na adequabilidade do produto para o mercado. A ciência translacional não é algo que possa se embutir no sistema por decreto. Grandes organizações, públicas e privadas, [30] estão amarradas nas suas próprias burocracias, o que dificulta o processo criativo e de inovação. No contexto da inovação em saúde, precisamos inserir formas de gestão flexíveis, ágeis, que envolvam tomadas de decisão descentralizadas, permitindo a responsabilização de todos os atores envolvidos, de modo a ampliar os espaços de criatividade e de ousadia na busca e na implementação de soluções. O que não dá para aceitar é continuar ___ andar com o ‘freio de mão puxado’ e na contramão do desenvolvimento sustentável. [35] Por fim, a dicotomia entre público e privado já deveria ter sido ultrapassada. A saúde é direito de todos e dever do Estado. Quem trabalha com inovação quer ver o produto funcionando no mercado global. Certa vez, em 1995, tive a oportunidade de ouvir de Eric Kandel (Universidade Columbia), Rodolfo Llinás (Universidade de Nova York) e Torsten Wiesel (Universidade Rockfeller) uma previsão sobre o cenário de concessões nos Institutos Nacionais da Saúde (NIH) em 2015-2020: “quem não desenvolvesse uma ‘pílula’ para a sociedade como resultado do seu projeto de pesquisa estaria fora do pool”. Tal visão está se [40] tornando uma realidade global. Pessoalmente, acredito que um dos compromissos mais preciosos que temos com a nossa população é o de proporcionar hoje, e não amanhã, uma solução para que todos possam ser atendidos a tempo e desfrutem de boa qualidade de vida. (ROZENTAL, Renato.O que nos torna pouco competitivos? [Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde. Fundação Oswaldo Cruz e Instituto de Ciências Biomédicas. Universidade Federal do Rio de Janeiro]. Matéria publicada em Ciência Hoje de 20 de agosto de 2021. Disponível em: https://cienciahoje.org.br/artigo/o-que-nos-torna-pouco- competitivos/. Acesso em 18 de setembro de 2021). Texto adaptado para esta prova. UPFQUESTÃO 5 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 4 Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas das linhas 4, 16, 21 e 33, nessa ordem. A à – à – às – a – a. B à – à – às – à – a. C a – a – as – à – à. D à – à – as – a – a. E a – a – as – à – a. UFRRQUESTÃO 6 O poema Corpo-África foi publicado no portal da literatura afro- brasileira – LITERAFRO - em setembro de 2021, em cujo tema assim se lia: RESISTIR/EXISTIR: a poesia afro-brasileira nos Cadernos Negros 39, um poema contemporâneo que é construído por meio da força criadora da linguagem figurada como um desabafo do eu-lírico, em que 2 mundos em conflito estão apartados pelo racismo. Há um jogo de algumas metonímias cuja maior expressão está resumida em seu título Corpo-África. Em vários versos, percebemos as partes do corpo sendo mencionadas como representantes desse todo que seria a identidade africana sendo negada e silenciada pelo racismo estrutural da sociedade ou, então, partes do outro corpo adversário, causadores do sofrimento do eulírico. Nesse contexto, considere as alternativas a seguir e assinale a que apresenta o uso CORRETO da crase. A Há a demonstração que devemos ser contrários àqueles que defendem o preconceito racial. B Há particularidades de vivência à ser vinculada ao mundo africano. C A representação do navio negreiro leva à pensar em pessoas que têm seu mundo compartilhado com outros. D A implementação de uma concepção de inferiorização cria uma alusão à crimes com perdão. E O corpo intensifica à uma comunhão de forças e de raças. UFRGSQUESTÃO 7 ........ me perguntam: quantas palavras uma pessoa sabe? Essa é uma pergunta importante, principalmente para quem ensina línguas estrangeiras. Seria muito útil para [5] quem planeja um curso de francês ou japonês ter uma estimativa de quantas palavras um nativo conhece; e quantas os alunos precisam aprender para usar a língua com certa facilidade. Essas informações seriam preciosas [10] para quem está preparando um manual que inclua, entre outras coisas, um planejamento cuidadoso da introdução gradual de vocabulário. À parte isso, a pergunta tem seu interesse próprio. Uma língua não é apenas [15] composta de palavras: ela inclui também regras gramaticais e um mundo de outros elementos que também precisam ser dominados. Mas as palavras são particularmente numerosas, e é notável como qualquer pessoa, instruída ou [20] não, ........ acesso a esse acervo imenso de informação com facilidade e rapidez. Assim, perguntar quantas palavras uma pessoa sabe é parte do problema geral de o que é queuma pessoa tem em sua mente e que ........ [25] permite usar a língua, falando e entendendo. Antes de mais nada, porém, o que é uma palavra? Ora, alguém vai dizer, “todo mundo sabe o que é uma palavra”. Mas não é bem assim. Considere a palavra olho. É muito claro [30] que isso aí é uma palavra – mas será que olhos é a mesma palavra (só que no plural)? Ou será outra palavra? Bom, há razões para responder das duas maneiras: é a mesma palavra, porque significa a [35] mesma coisa (mas com a ideia de plural); e é outra palavra, porque se pronuncia diferentemente (olhos tem um “s” final que olho não tem, além da diferença de timbre das vogais tônicas). Entretanto, a razão principal por que julgamos [40] que olho e olhos sejam a mesma palavra é que a relação entre elas é extremamente regular; ou seja, vale não apenas para esse par, mas para milhares de outros pares de elementos da língua: olho/olhos, orelha/orelhas, [45] gato/gatos, etc. E, semanticamente, a relação é a mesma em todos os pares: a forma sem “s” denota um objeto só, a forma com “s” denota mais de um objeto. Daí se tira uma consequência importante: não é preciso aprender [50] e guardar permanentemente na memória cada caso individual; aprendemos uma regra geral (“faz-se o plural acrescentando um “s” ao singular”), e estamos prontos. Adaptado de: PERINI, Mário A. Semântica lexical. ReVEL, v. 11, n. 20, 2013. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas das linhas 01, 20 e 24, nessa ordem. A Às vezes – têm – lhe B Às vezes – tem – lhe C As vezes – têm – o D Às vezes – tem – o E As vezes – têm – lhe TEXTO BASE 5 Instrução: A questão referem-se ao texto abaixo Esse delírio que por aí vai pelo futebol ........ seus fundamentos na própria natureza humana. O espetáculo da luta sempre foi o maior encanto do homem; e o prazer da vitória, pessoal ou do partido, [5] foi, é e será a ambrosia dos deuses manipulada na Terra. Admiramos hoje os grandes filósofos gregos, Platão, Sócrates, Aristóteles; seus coevos, porém, admiravam muito mais os atletas que venciam no estádio. Milon de Crotona, campeão na arte de [10] torcer pescoços de touros, só para nós tem menos importância que seu mestre Pitágoras. Para os gregos, para a massa popular grega, seria inconcebível a ideia de que o filósofo pudesse no futuro ofuscar a glória do lutador. [15] Na França, o homem hoje mais popular é George Carpentier, mestre em socos de primeira classe; e, se derem nas massas um balanço sincero, verão que ele sobrepuja em prestígio aos próprios chefes supremos vencedores da guerra. [20] Nos Estados Unidos, há sempre um campeão de boxe tão entranhado na idolatria do povo que está em suas mãos subverter o regime político. E os delírios coletivos provocados pelo combate de dois campeões em campo? Impossível assistir-se [25] a espetáculo mais revelador da alma humana que os jogos de futebol. Não é mais esporte, é guerra. Não se batem duas equipes, mas dois povos, duas nações. Durante o tempo da luta, de quarenta a cinquenta [30] mil pessoas deliram em transe, estáticas, na ponta dos pés, coração aos pulos e nervos tensos como cordas de viola. Conforme corre o jogo, ........ pausas de silêncio absoluto na multidão suspensa, ou deflagrações violentíssimas de entusiasmo, que [35] só a palavra delírio classifica. E gente pacífica, bondosa, incapaz de sentimentos exaltados, sai fora de si, torna-se capaz de cometer os mais horrorosos desatinos. A luta de vinte e duas feras no campo transforma [40] em feras os cinquenta mil espectadores, possibilitando um enfraquecimento mútuo, num conflito horrendo, caso um incidente qualquer funda em corisco, ....... eletricidades psíquicas acumuladas em cada indivíduo. [45] O jogo de futebol teve a honra de despertar o nosso povo do marasmo de nervos em que vivia. Adaptado de LOBATO, Monteiro. A onda verde. São Paulo: Globo, 2008. p. 119-120. UFRGSQUESTÃO 8 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 5 Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas das linhas 01, 32 e 43, nessa ordem. A tem – haverá – as. B têm – houveram – as. C tem – haverão – as. D tem – haverá – às. E têm – houveram – às. TEXTO BASE 6 O texto a seguir é referência para a questão. Os tatuís e o antropoceno Você está em 2043. Cinco anos atrás, a civilização entrou em colapso. Metade da humanidade foi dizimada por epidemias, inundações, vazamentos em reatores nucleares, guerra civil. Os estados nacionais estão falidos. Não há mais elefantes, nem girafas, nem onças, nem centenas de outras espécies. A internet é lenta e deficiente, quase não funciona. Não há mais viagens aéreas. A comida é pouca e sempre a mesma. As usinas elétricas pararam de funcionar. A eletricidade é conseguida em pequena escala, com painéis solares. Um dia, uma velhinha é assaltada por um jovem que rouba seus painéis solares. E aí começa o seguinte diálogo: “Você faria isso com seus parentes?” “Meus parentes morreram todos. E tiveram uma vida melhor que a minha. Você também teve. Sua eletricidade, seu carro, seu conforto... Vocês viveram bem _____ beça. Chegou _____ hora de pagar a conta. Você começa a pagar hoje. É como se eu fosse um oficial de justiça, sacou?” “Mas não fui eu, pessoalmente, quem sujou o mundo. Foi o sistema. E é muito difícil mudar o sistema”. “Então! É a mesma coisa. Não sou eu, pessoalmente, quem está roubando você. É o sistema. E é muito difícil mudar o sistema” Essa cena está no romance The bone clocks, do escritor inglês David Mitchell, publicado em 2014. Ela me causou pesadelos durante algumas semanas, e continua me assombrando. Trabalhei na área de meio ambiente durante alguns anos, e não foram poucos os relatórios, livros e artigos científicos que li sobre as catástrofes ecológicas contemporâneas e a devastação tão característica da nossa época. Mas nenhum desses documentos me deixou marcas tão profundas quanto o trecho que citei acima. Isso me fez pensar, mais uma vez, no potencial inigualável da literatura para evocar uma realidade. Talvez por isso a antropóloga Donna Haraway tenha sugerido que antropoceno não é uma palavra adequada para dar conta do terror da era em que vivemos. Em seu lugar, ela propôs o termo cthuluceno, em homenagem ao monstro apocalíptico criado pelo escritor H. P. Lovecraft. Voltei a pensar no livro do David Mitchell ao esbarrar com uma fotografia que tirei na praia de Ipanema, anos atrás. Nela, meu filho de cinco anos segura um solitário tatuí na palma de sua mão. Era a primeira vez que ele via o pequeno crustáceo que eu encontrava aos milhares quando tinha a idade dele e frequentava _____ mesma praia. Naquele dia, passamos mais de uma hora caminhando na beira do mar _____ procura de outros tatuís, mas não achamos mais nenhum. Desde então, nunca mais vimos um tatuí. O tatuí (Emerita brasiliensis), para quem nunca viu um, é (ou era) um bicho característico do litoral atlântico sulamericano, mais ou menos desde o Espírito Santo até o estuário do rio da Prata. Tem uns três ou quatro centímetros de comprimento e dizem que é muito saboroso (nunca provei, para mim seria como comer um animal doméstico). É uma espécie muito sensível _____ variações no ambiente e, por isso, tem sido usada como bioindicador, ou seja, como ferramenta para monitorar o estado do ecossistema em que vive. Fatores como aumento da poluição marinha e elevação da temperatura da água afetam rapidamente o comportamento, as características físicas e o ciclo de vida dos tatuís. Uma vez li em algum lugar que, quanto mais calor no ambiente, mais rápido bate o pequeno coração do tatuí e, portanto, menor é o seu tempo de vida. Não sei se isso é verdade, mas não deixa de ser uma maneira tristemente poética de dar conta do desaparecimento dos tatuís das praias cariocas. Em 2043, terei setenta e um anos. É difícil não me identificar com a velhinha da história. Mais difícil ainda acreditar que, no mundo de 2043, ainda existirão elefantes, girafas, onças e tatuís. Bom, pelo menos nos restará o consolode saber que não fomos nós, pessoalmente, que criamos esse mundo. Foi o... sistema. (Gustavo Pacheco, diplomata e antropólogo. Disponível em: <https://epoca.globo.com/gustavo-pacheco/os-tatuis- oantropoceno-23031237>.) UPQUESTÃO 9 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 6 Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas desse texto. A à – à – a – a – às. B a – a – à – à – as. C a – à – a – a – às. D a – a – à – a – as. E à – a – a – à – às. TEXTO BASE 7 O texto a seguir é referência para a questão. Butão e Costa Rica disputam atualmente o título mundial de felicidade. Nos anos 30, o troféu coube ____ Ilhas Salomão, onde os antropólogos mostraram que havia liberdade com os costumes sexuais e compreensão para com a educação das crianças. Na Idade Média os paraísos medievais eram feitos de comida abundante e segurança, assim como as utopias modernas giraram em torno da liberdade e da igualdade. As variações de conteúdo sugerem uma constante: a felicidade é composta do que nos falta, mais exatamente, da relação com o que nos falta. Se entre nós e o que nos falta está o trabalho, temos uma relação com ____ felicidade. Se entre nós e o que nos falta está o amor, eis que a felicidade muda de figura. Se nos falta dinheiro, poder ou fama, ali estará a substância da felicidade. A felicidade depende da teoria da transformação que carregamos conosco. Se entre nós e o que nos falta existe apenas e tão somente uma imagem, a transformação dessa imagem será o processo mesmo _____ que chamaremos felicidade. Se entre nós e o que nos falta existe um oceano (que nos levaria até as Ilhas Salomão), então nossa felicidade tem estrutura de viagem. Se entre nós e a felicidade está a presença incômoda de pessoas indesejáveis e seus costumes perturbadores, então nossa felicidade seguirá _____ gramática da guerra ou da segregação. O terceiro critério de produção da felicidade diz respeito ao outro. Por exemplo, nos faltam asas, mas em geral não nos lamentamos disso. Afinal, ninguém tem asas. Nossa felicidade depende de como supomos a felicidade de nosso vizinho. Se ele aparecesse com asas biônicas, imediatamente nos tornaríamos seres infelizes, afetados por essa privação. Civilizações obcecadas com felicidade, como a nossa, são também culturas de inveja e da competição. Como nossa felicidade depende de nossa teoria transindividual da transformação em relação ao que nos falta, a tarefa de educar nossas crianças tornou-se um desafio contemporâneo. Queremos tanto fazê-las felizes porque isso realiza nossa felicidade. Aqui a armadilha tem sido fatal. Imaginamos que o encontro de contrariedades reais traz infelicidades, por isso tentamos poupar nossos alunos de experimentarem sua própria falta. Supomos, depois, que nossa teoria da transformação será igual _____ deles (afinal, vivemos mais, sabemos como é o mundo), por isso não trabalhamos para que eles construam responsabilidade ou implicação com a felicidade que lhes concerne inventar. Além disso, sancionamos _____ ilusão da felicidade indiferente, baseada no conforto e na satisfação de si, custeada pelo mito de que se nós nos amamos e ficamos juntos e protegidos tudo vai terminar bem. Infelizmente, usado dessa maneira o amor mata ou imbeciliza. Praticada dessa maneira, produzimos com eles uma felicidade feita de negação de diferenças reais (que, portanto, não serão tratadas), de recusa de falsidade nas experiências de reconhecimento (que, portanto, serão odiadas) e de imperativos de sucesso que correspondem _____ realização, empobrecida, de nossa própria felicidade, não da deles. É assim que estamos prometendo uma felicidade venenosa e ainda queremos fazer das escolas uma extensão desse projeto mórbido. Precisamos de uma felicidade mais cara – esta está dando errado. (Christian Ingo Lenz Dunker, psicanalista, professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Disponível em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/) UPQUESTÃO 10 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 7 Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas acima, na ordem em que aparecem no texto. A as – a – à – a – a – à – à. B às – a – a – a – à – a – à. C às – à – à – à – a – a – a. D as – à – a – à – à – à – à. E as – a – à – a – à – a – a. FACISAQUESTÃO 11 Segue, abaixo, excerto de um texto publicado na conta do Instagram @topdestinos. Preencha as lacunas com as palavras, em sua forma correta, indicadas numa das assertivas abaixo. “A rivalidade entre Porto e Lisboa equivale ____ que existe entre paulistas e cariocas. Vai do futebol ____ gastronomia ____ inclui arquitetura e política. Por exemplo: Lisboa é ____ capital de Portugal ____ o nome do país vem de Porto”. A sequência correta é A a, à, porém, há, portanto. B à, à, mas, à, entretanto. C a, a, e, a, mas. D à, à, e, a, mas. E à, a, e, a, portanto. TEXTO BASE 8 Leia o texto. Fome e subdesenvolvimento A fome é, de longe, o sintoma mais grave e mais geral do subdesenvolvimento. Resulta de todo um conjunto de causas e provoca toda uma gama de consequências. Sendo a alimentação a necessidade primeira do homem e a busca da alimentação tendo sido, durante milênios, uma preocupação quase obsessiva, a fome é, entre as características do subdesenvolvimento, aquela que mais profundamente choca a opinião dos países ricos. É a manifestação mais flagrante da miséria, a expressão das privações que não é possível eludir: admite-se que os homens fiquem nus (é, diz-se, “a tradição”), que se alojem em cabanas (à primeira vista é “pitoresco”), que sejam doentios (não existe a doença nos países desenvolvidos?), que não tenham trabalho (“certamente não gostam de se cansar”), etc., mas não é possível admitir a fome. Sua denúncia é, de fato, o único meio de levar a opinião pública dos países desenvolvidos a tomar consciência dos problemas do subdesenvolvimento. (…) Yves Lacoste. Geografia do subdesenvolvimento. FepeseQUESTÃO 12 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 8 Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras (V) e as falsas (F). ( ) A crase foi usada de forma correta em: “Fiz referência àquilo que me disseste e me coloquei à disposição para esclarecer os fatos mencionados no relatório das ações para combate à fome”. ( ) A crase é facultativa nas seguintes situações: “Isso cheira à molho de tomate”, “Fiz referência à esta situação” e “Estou disposto à combater os casos de fome de minha comunidade”. ( ) A crase é proibida nas seguintes situações: “Estávamos frente a frente” e “Somente obedeço a leis justas”. ( ) Em termos do uso da crase, as seguintes situações igualam- se: “Dirijo-me a Roma” e “Fui a Bahia”, em ambas ocorre o fenômeno da crase na palavra sublinhada. ( ) Está correto o uso da crase em: “Suas opiniões são análogas às que dei na entrevista ontem”. Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo. A V • V • V • F • F B V • V • F • V • F C V • F • V • F • V D F • V • F • V • F E F • F • F • V • V EEARQUESTÃO 13 Quanto ao uso ou não do acento grave indicador de crase, assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto abaixo. “Minha mãe, pessoa mais intransigente da casa, um dia acordou aberta _____ novas experiências. Deixou de lado seu ponto de vista contrário _____ aquisição de animais domésticos e achou que valeria _____ pena adotar um cão. Porém, quanto _____ passarinhos, jamais; queria-os livres para voarem rumo ______ liberdade.” A a - a - à - a - a B à - a - à - à - à C à - à - a - à - a D a - à - a - a - à ACAFEQUESTÃO 14 Preencha os espaços em branco com Há, a, à, nessa ordem. I ____ dois anos não ___ visitava, mas sua mãe sempre esteve ___ espera. ll ____ beira do precipício, ____ poucos arbustos ___ decorar a paisagem. III ____ quem quisesse ver, demonstrei que não ___ possibilidade de resolver ___ questão. IV ____ alguma chance, ____ custa de muito esforço, de obter ___ vaga pretendida. V ____ ao menos três maneiras de encaminhar isso ___ quem está ___ disposição para ajudar.As frases corretas, de acordo com a ordem proposta, são: A I - V B II - III - IV C I - III - IV D III - V UFRRQUESTÃO 15 Leia os textos e em seguida responda. I. “No crepúsculo em que habito, passeio ____ noite em amarelos, rosas em becos desconhecidos” (Devair Fiorotti) II. “Minha poesia carrega em si uma cor que ___ vezes nem minha alma contém.” (Eli Macuxi) III. “Cai o sol na terra de Makunaima/ Boa Vista no céu, lua cheia de mel/ sobe___ serra de Pacaraima/ eu sou de Roraima” (Neuber Uchôa e Zeca Preto) IV. “Eu sou cavalo selvagem/ Meu mundo é ___ imensidão” (Eliakin Rufino) V. “Ele retira forças pra atravessar os desertos/ que enfrentamos juntos/ e para beber ___ estrelas e aos olhos/ da mulher que amo e que não está comigo.” (Roberto Mibielli) As lacunas são preenchidas corretamente pela sequência: A a, a, a, à, as B à, às, a, a, as C a, às, à, à, às D à, as, à, a, às E à, às, a, a, às UFRRQUESTÃO 16 Leia o período abaixo e analise as alternativas a seguir: Para alguns, a obra Macunaíma não tem à ver com a preguiça do povo brasileiro. Para outros, o personagem principal revela a verdadeira síntese do comodismo e o preconceito de que brasileiro não gosta de trabalhar. Por conseguinte, Mário de Andrade determinou que muitos mentirosos fossem às favas. I. O uso da crase em “à ver” está de acordo com a norma gramatical vigente; II. Em “a verdadeira”, o artigo “a” deveria estar com a crase porque “verdadeira” é uma palavra feminina; III. A expressão “às favas” está dentro dos padrões da Norma Culta. IV. Em “brasileiro não gosta de trabalhar” o verbo gostar é intransitivo. Está (ão) CORRETA (S): A ) Apenas I e III. B Apenas II. C Apenas II e IV. D Apenas III. E Apenas I, III e IV. TEXTO BASE 9 INSTRUÇÃO: Responder à questão com base no texto. TEXTO Festas de casamento falsas viram moda na Argentina Comida gostosa, música boa, bar liberado ____ noite toda... quem nunca ______ até altas horas numa boa festa de casamento? Esse ritual, que muitos já presenciaram ao longo da vida, é, porém, desconhe- [5] cido para alguns representantes das gerações mais jovens. Mas há uma solução para elas: Casamento Falso (ou Falsa Boda, no nome original em espanhol), uma ideia de cinco amigos de La Plata, na Argentina. O [10] detalhe era que os convidados não eram amigos ou parentes dos noivos, mas ilustres desconhecidos que compraram entradas para o evento. Martín Acerbi, um publicitário de 26 anos, estava cansado de ir sempre ____ mesmas boates. “Quería- [15] mos organizar uma festa diferente, original”, disse. E assim pensaram em fazer esse evento “temático”, que chamaram de Casamento Falso. Pablo Boniface, um profissional de marketing de 32 anos que esteve em um Casamento Falso em [20] Buenos Aires em julho, disse que para ele foi a oca- sião perfeita para realizar algo que sempre quis fazer: colocar uma gravata. “Para mim essas festas são até melhores do que um casamento real, _____ você não precisa se sentar [25] com estranhos e ficar entediado. Você passa bons momentos com seus amigos e não se encontra com todos os tios e avôs que normalmente frequentam essas cerimônias”, disse Pablo. Adaptado de: http://www.bbc.com/portuguese/ noticias/2015/08/150831_falsos_casamentos_tg. Acesso em 07 set. 2016. PUC-RSQUESTÃO 17 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 9 Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto. A a – se divertiu – às – porque B à – divertiu-se – as – por que C a – divertiu-se – as – porque D à – se divertiu – às – por que E a – divertiu-se – às – por que UFRGSQUESTÃO 18 Instrução: A questão estão relacionadas ao texto abaixo. – Temos sorte de viver no Brasil – dizia meu pai, depois da guerra. – Na Europa mataram milhões de judeus. Contava as experiências que os médicos [5] nazistas faziam com os prisioneiros. Decepavam-lhes as cabeças, faziam-nas encolher – à maneira, li depois, dos índios Jivaros. Amputavam pernas e braços. Realizavam estranhos transplantes: uniam a [10] metade superior de um homem ........ metade inferior de uma mulher, ou aos quartos traseiros de um bode. Felizmente morriam essas atrozes quimeras; expiravam como seres humanos, não eram obrigadas a viver [15] como aberrações. (........ essa altura eu tinha os olhos cheios de lágrimas. Meu pai pensava que a descrição das maldades nazistas me deixava comovido.) Em 1948 foi proclamado o Estado de [20] Israel. Meu pai abriu uma garrafa de vinho – o melhor vinho do armazém –, brindamos ao acontecimento. E não saíamos de perto do rádio, acompanhando ........ notícias da guerra no Oriente Médio. Meu pai estava [25] entusiasmado com o novo Estado: em Israel, explicava, vivem judeus de todo o mundo, judeus brancos da Europa, judeus pretos da África, judeus da Índia, isto sem falar nos beduínos com seus camelos: tipos muito [30] esquisitos, Guedali. Tipos esquisitos – aquilo me dava ideias. Por que não ir para Israel? Num país de gente tão estranha – e, ainda por cima, em guerra – eu certamente não chamaria a [35] atenção. Ainda menos como combatente, entre a poeira e a fumaça dos incêndios. Eu me via correndo pelas ruelas de uma aldeia, empunhando um revólver trinta e oito, atirando sem cessar; eu me via caindo, [40] varado de balas. Aquela, sim, era a morte que eu almejava, morte heroica, esplêndida justificativa para uma vida miserável, de monstro encurralado. E, caso não morresse, poderia viver depois num kibutz. Eu, que [45] conhecia tão bem a vida numa fazenda, teria muito a fazer ali. Trabalhador dedicado, os membros do kibutz terminariam por me aceitar; numa nova sociedade há lugar para todos, mesmo os de patas de cavalo. Adaptado de: SCLIAR, M. O centauro no jardim. 9. ed. Porto Alegre: L&PM, 2001 Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas das linhas 10, 15 e 23, nessa ordem. A à – À – às B a – A – às C à – A – às D a – À – as E à – A – as CESMACQUESTÃO 19 O uso da norma culta da gramática portuguesa costuma ser socialmente valorizada, como algo distintivo e de prestígio. Identifique a alternativa em que o uso da crase está em concordância com as normas sintáticas e ortográficas. A Dediquei o livro à meus filhos e à minhas filhas para incentivá-los à escrever. B À exposição mostrou as vanguardas europeias as visitantes brasileiras. C A exposição durou toda à semana; dia à dia, sem interrupção. D Graças às minhas alunas expositoras, não perdi nenhuma sessão apresentada. E Quando compreendi que às coisas são reais e todas diferentes, comecei à não saber que função têm. UNIFESPQUESTÃO 20 Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas da tira. A Por que – à – a – porquê B Porquê – a – a – por que C Por que – à – à – porque D Por quê – à – à – porque E Por quê – a – a – porque UNIPAMQUESTÃO 21 Este texto publicitário foi transcrito com lacunas. Leia-o para responder ao que se pede. O acesso ____ internet é essencial para atingirmos os objetivos globais da humanidade. Quando as pessoas têm acesso ____ ferramentas e ao conhecimento existente na internet, elas têm acesso _____ oportunidades que fazem a vida ser melhor para todos nós. A internet tem um papel fundamental no combate _____ injustiça, no compartilhamento de novas ideias e no auxilio _____ empreendedores na geração de empregos. No entanto, metade das pessoas neste planeta não tem acesso ____ ela, especialmente mulheres e meninas. A internet pertence ____ todos. Ela deveria ser acessível ____ todos. (Adaptado de Folha de S.Paulo, 1º out. 2015). Assinale a alternativa que preenche com correção gramatical as lacunas do texto. A à, às, a, à, a, a, a, a B à, as, a, a, à, a, à, à C a, as, à, à, a, à, à, a D a, às, a, a, à, a, a, à TEXTO BASE 10 Observe o texto abaixo e responda à questão LEI Nº 12.990, DE 9 DE JUNHO DE 2014. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono ______ seguinte Lei: Art. 1° Ficam reservadas aos negros 20% (vinte por cento) das vagasoferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União, na forma desta Lei. § 1° A reserva de vagas será aplicada sempre que o número de vagas oferecidas no concurso público for igual ou superior ___ 3 (três). § 2° Na hipótese de quantitativo fracionado para o número de vagas reservadas __ candidatos negros, esse será aumentado para o primeiro número inteiro subsequente, em caso de fração igual ou maior que 0,5 (cinco décimos), ou diminuído para número inteiro imediatamente inferior, em caso de fração menor que 0,5 (cinco décimos). § 3° A reserva de vagas a candidatos negros constará expressamente dos editais dos concursos públicos, que deverão especificar o total de vagas correspondentes____ reserva para cada cargo ou emprego público oferecido. Art. 2° Poderão concorrer ___vagas reservadas a candidatos negros aqueles que se autodeclararem pretos ou pardos no ato da inscrição no concurso público, conforme o quesito cor ou raça utilizado pela Fundação Instituto. (BRASIL. LEI Nº 12.990, DE 9 DE JUNHO DE 2014. . Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- 2014/2014/Lei/L12990.htm. Acessado em 20/11/2016) FDSMQUESTÃO 22 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 10 Respectivamente, as lacunas ficam preenchidas de modo correto com a seguinte sequência: A a – há – à – à – as. B a – a – a – à – às. C a – a – há – a – as. D à – à – há – a - às E há – a – à – a – às. ESAQUESTÃO 23 Assinale a alternativa que preenche, de acordo com a norma padrão, as lacunas da seguinte frase: “O professor se referia _______ alunas dispostas ________ vencer qualquer obstáculo do dia ______ dia.” A às – a – a B às – a – à C às – à – a D as – à – à E as – a – à UEA - SISQUESTÃO 24 Na esteira do regionalismo, Rachel de Queiroz compôs dois romances de ambientação cearense, O quinze e João Miguel. Em ambos releva notar uma prosa enxuta e viva. Confrontados com A bagaceira, de José Américo, esses livros podem dizer-se mais próximos do ideal neorrealista que nortearia ___ narrativa social do Nordeste. Os períodos são, em geral, menos “literários”, breves, colados ___ transcrição dos atos e dos acontecimentos. E ___ diálogo é corrente, lembrando às vezes a novelística popular que, mais tarde, atrairia ___ escritora ao passar do romance para o teatro de raízes regionais e folclóricas. (Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira, 1994. Adaptado.) Assinale a alternativa que preenche, respectivamente, as lacunas do texto. A a – à – o – a B a – à – o – à C à – à – ao – à D a – a – o – a E à – a – ao – a UFRGSQUESTÃO 25 Instrução: As questões de 10 a 17 estão relacionadas ao texto abaixo. [1] Não faz muito que temos esta nova TV com controle remoto, mas devo dizer que se trata agora de um instrumento sem o qual eu não saberia viver. Passo os dias sentado na [5] velha poltrona, mudando de um canal para o outro – uma tarefa que antes exigia certa movimentação, mas que agora ficou muito fácil. Estou num canal, não gosto – zap, mudo para outro. Eu gostaria de ganhar em dólar [10] num mês o número de vezes que você troca de canal em uma hora, diz minha mãe. Tratase de uma pretensão fantasiosa, mas pelo menos indica disposição para o humor, admirável nessa mulher. [15] Sofre minha mãe. Sempre sofreu: infância carente, pai cruel, etc. Mas o seu sofrimento aumentou muito quando meu pai a deixou. Já faz tempo; foi logo depois que eu nasci, e estou agora com treze anos. Uma idade em [20] que se vê muita televisão, e em que se muda de canal constantemente, ainda que minha mãe ache isso um absurdo. Da tela, uma moça sorridente pergunta se o caro telespectador já conhece certo novo sabão [25] em pó. Não conheço nem quero conhecer, de modo que – zap – mudo de canal. ―Não me abandone, Mariana, não me abandone!‖. Abandono, sim. Não tenho o menor remorso, e agora é um desenho, que eu já vi duzentas [30] vezes, e – zap – um homem falando. Um homem, abraçado ........ guitarra elétrica, fala ........ uma entrevistadora. É um roqueiro. É meio velho, tem cabelos grisalhos, rugas, falta-lhe um dente. É o meu pai. [35] É sobre mim que ele fala. Você tem um filho, não tem?, pergunta a apresentadora, e ele, meio constrangido – situação pouco admissível para um roqueiro de verdade –, diz que sim, que tem um filho só que não vê há [40] muito tempo. Hesita um pouco e acrescenta: você sabe, eu tinha que fazer uma opção, era a família ou o rock. A entrevistadora, porém, insiste (é chata, ela): mas o seu filho gosta de rock? Que você saiba, seu filho gosta de rock? [45] Ele se mexe na cadeira; o microfone, preso ........ desbotada camisa, roça-lhe o peito, produzindo um desagradável e bem audível rascar. Sua angústia é compreensível; aí está, num programa local e de baixíssima [50] audiência – e ainda tem de passar pelo vexame de uma pergunta que o embaraça e à qual não sabe responder. E então ele me olha. Vocês dirão que não, que é para a câmera que ele olha; aparentemente é isso; [55] mas na realidade é a mim que ele olha, sabe que, em algum lugar, diante de uma tevê, estou a fitar seu rosto atormentado, as lágrimas me correndo pelo rosto; e no meu olhar ele procura a resposta ........ pergunta [60] da apresentadora: você gosta de rock? Você gosta de mim? Você me perdoa? – mas aí comete um engano mortal: insensivelmente, automaticamente, seus dedos começam a dedilhar as cordas da guitarra, é o vício do [65] velho roqueiro. Seu rosto se ilumina e ele vai dizer que sim, que seu filho ama o rock tanto quanto ele, mas nesse momento – zap – aciono o controle remoto e ele some. Em seu lugar, uma bela e sorridente jovem que está – [70] à exceção do pequeno relógio que usa no pulso – nua, completamente nua. Adaptado de: SCLIAR, M. Zap. In: MORICONI, Í. (Org.) Os cem melhores contos brasileiros. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. p. 547-548. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas nas linhas 31, 32, 46 e 59, nesta ordem. A à – a – à – a B à – à – a – a C a – à – a – à D a – a – à – a E à – a – à – à UCSQUESTÃO 26 O ato de escrever nos modifica, e é por essa razão que ele faz sentido Cristovão Tezza Há muitos anos, ouvi o escritor português Augusto Abelaira (1926-2003) classificar toda a literatura do mundo em apenas duas famílias: “Grandes Esperanças” e “Ilusões Perdidas”. A brincadeira com as obras-primas de Dickens e Balzac poderia ser estendida ao temperamento dos escritores, os soturnos e solares. [5] Como classificar e coçar é só começar, e a ficção – o nome já o diz – não é uma ciência, pensei em separar os escritores em função de como eles ____ o mundo que pretendem “revelar”. As aspas se explicam adiante. A primeira vertente seria a conspiratória. Segundo ela, somos naturalmente seres negativos que se dirigem à morte. Infelizmente, não há nada que se possa fazer a respeito, porque a natureza é soberana, [10] e a subjetividade, uma mentira. Pela escrita, fomos arrancados do aqui e agora do mundo natural, ao qual não podemos voltar. Assim, escrever será sempre um processo insidioso de ocultação, e são impressionantes os meios de que ____ a escrita para nos enganar, criando fantasmas paralelos e arbitrários que asfixiam o real tentando simular um impossível retorno à suposta paz primitiva. [15] É falsa, portanto, a distinção entre ficção e não ficção – tudo é ficção; ou, pior, tudo é uma mentira, e a penosa ética da escrita seria torná-la límpida, trazer a mentira à luz do sol, denunciando perpetuamente o fracasso, que, queiramos ou não, se volta sobre si mesmo. Não há escape ou segurança, exceto no próprio ato de escrever, que é, necessariamente, um ato de desespero. A segunda vertente é a encantatória. Vivemos em uma rede maravilhosa – não necessariamente [20] otimista, alegre ou feliz, mas no sentido atávico das mil e uma noites, o maravilhoso como suspensão do tempo edas regras sensoriais. Essa rede fantástica de sentidos, causas e efeitos existe segundo essências inatingíveis pela lógica humana e revela sinais milagrosos em toda parte. O artista é a antena com poderes de captação de um saber que, apesar da intransponível opacidade da natureza, está sempre pulsando no entorno à espera de [25] um intérprete. O escritor seria esse arauto das forças misteriosas do mundo. Nessa visão, de um apelo instintivamente escapista, escrever também é tirar o manto que oculta a realidade e revelá-la tal qual ela é. Para o poeta Ezra Pound, havia mesmo uma raça pulsando em alguma parte, que o poeta, “antena da raça”, deve farejar. A expressão é historicamente grotesca, mas o seu espírito tem uma atração perene, uma espécie de “alma do mundo”, o comando romântico irresistível. [30] O fato é que, tanto para os encantatórios como para os conspiratórios, a realidade é um dado prévio que se deixa ver apenas por enigmas e só pode ser pressentido; escrever é revelar, ou, mais precisamente, deixar o mundo revelar-se pelas mãos do escritor. São visões com o charme do irracionalismo poético – e certamente obras-primas se escreveram e continuarão se escrevendo sob o sopro dessa natureza regressiva. [35] Para colocar essa teoria capenga em minha própria medida, gosto de pensar em mim mesmo como escritor de uma realidade encantatória, mas o espírito da conspiração vive me puxando o tapete. A ideia de que os escritores “revelam” alguma coisa é enganosa – eu aqui, cristalino; e o mundo lá, turvo e misterioso. Escrever é uma ação sobre o mundo, e sou parte dele. O ato de escrever nos modifica, e é por essa razão que ele faz sentido. É possível que o primeiro impulso seja o da “revelação” – o que é isso que estou [40] vendo ou sentindo? –, mas já no instante seguinte a redução da vida real ____ letras, a reapresentação e o fechamento do mundo pela gramática, pelo funil das sentenças, cria uma terceira realidade, um desejo que se desenha, um objeto espelhado, uma hipótese, que, por sua própria natureza, surge não “revelando” o mundo, que nada diz por si mesmo, mas fazendo concorrência a ele, como queriam os verdadeiros realistas. [45] Levando-se adiante ____ conversa solta, pode-se extrair daí uma ética laica do ato de escrever ficção, ou seja, o seu princípio inegociável, desde os diálogos socráticos e seu sabor romanesco: o fato de que somos seres inacabados. Fico por aqui: para salvação deste escriba, e alegria do leitor, acabou o espaço. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/cristovao- te zza/2017/07/1897639-o-ato-de-escrever-nos-modifica -e-e- por-essa-razao-que- -ele-faz-sentido.shtml>. Acesso em: 3 set. 17. (Adaptado.) Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas nas linhas 6, 13, 40 e 45 do texto. A vêm, dispõem, as, a B veem, dispõe, às, a C veem, dispõem, às, a D vêem, dispõem, às, à E vêem, dispõe, as, à FEMAQUESTÃO 27 Fui ____ instituição de ensino. Dirigi-me ____ Diretor, ____ quem perguntei se poderia entregar ____ premiação ____ aluna ganhadora do concurso de redação. A alternativa que completa corretamente a frase acima é: A a – ao – a – a - à B à – ao – à – a - à C a – ao – a – à – à D à – ao – a – a - a E à – ao – a – a – à TEXTO BASE 11 Leia o texto a seguir, que traz um verbete, gênero textual presente na esfera didática e instrucional, a fim de responder à questão. TEXTO Resiliência re·si·li·ên·ci·a sf 1 FÍS. Elasticidade que faz com que certos corpos deformados voltem à sua forma original. 2 FIG. Capacidade de rápida adaptação ou recuperação. (Fonte: http://michaelis.uol.com.br/busca?id=0LE9G) IFALQUESTÃO 28 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 11 “Elasticidade que faz com que certos corpos deformados voltem à sua forma original.” A crase, exercendo o uso facultativo, semelhante ao enunciado apresentado no trecho , pode também ser percebida na alternativa. A Referi-me àquilo e não a outros assuntos mais complexos da conjuntura política. B Ele costumeiramente assiste à televisão até tarde da noite. C Temos a Filosofia como corrente epistemológica pertencente às Humanidades. D Entregue essa encomenda à Roberta e não à Renata, a sua irmã. E Marina frequentemente trabalha aos sábados, das 10h às 14h. UNIFUNECQUESTÃO 29 Embora já sejam parte do dia a dia da população, ainda dúvidas sobre o uso correto de máscaras. E não estamos falando daquelas pessoas que as usam cobrindo qualquer parte do rosto, menos nariz e boca. Uma das questões ainda em estudo é o melhor jeito de higienizar o acessório sem prejuízo sua capacidade barrar o novo coronavírus. Pensando nisso, cientistas da Coreia do Sul e do Japão divulgaram pesquisa em que o desempenho e as diferenças dos filtros que as máscaras após serem limpos com álcool. As pesquisas levaram em conta a eficiência filtragem, a taxa de fluxo de ar e as propriedades das máscaras após a limpeza. A conclusão foi a de que apenas os filtros de nanofibra podem ser reutilizados várias vezes se higienizados com álcool. (https://revistagalileu.globo.com. Adaptado.) A alternativa que preenche, respectivamente, as lacunas do texto de acordo com a norma-padrão é: A podem haver – à – de – comparam – compõem – da. B pode haver – à – de – comparam – compõem – da. C há – à – em – compara – compõe – da. D há – a – para – compara – compõe – na. E pode haver – a – de – comparam – compõe – na. CUSCQUESTÃO 30 A crase está presente no exemplo: Dia Mundial de Combate à Doença. Indique as frases em que o uso da crase está correto: I. Ministério da Saúde lança campanha para combater à dengue. II. O governo atribuiu dificuldades para enfrentar à tuberculose. III. O combate à tuberculose deve ser compromisso dos governos municipal, estadual e federal. IV. A crise hídrica leva à redução da água potável. Pode-se afirmar que: A apenas III e IV estão corretas. B apenas I e II estão corretas. C apenas III e IV estão corretas. D apenas I, II e III estão corretas. E apenas IV está correta. Crase Questão 1: [E] Questão 2: [E] Questão 3: [D] Questão 4: [C] Questão 5: [D] Questão 6: [A] Questão 7: [B] Questão 8: [A] Questão 9: [E] Questão 10: [B] Questão 11: [D] Questão 12: [C] Questão 13: [D] Questão 14: [A] Questão 15: [E] Questão 16: [D] Questão 17: [A] Questão 18: [E] Questão 19: [D] Questão 20: [D] Questão 21: [A] Questão 22: [B] Questão 23: [A] Questão 24: [A] Questão 25: [E] Questão 26: [B] Questão 27: [E] Questão 28: [D] Questão 29: [B] Questão 30: [C] Ditados populares e provérbios EsPCExQUESTÃO 1 Nos provérbios abaixo, assinale aquele em que se observa a concordância prescrita pela gramática. A “Não se apanham moscas com vinagre.” B “Casamento e mortalha no céu se talha.” C “Quem cabras não têm e cabritos vende, de algum lugar lhes vem.” D “Diga-me com quem andas e dir-te-ei quem tu és.” E “Em terra de urubus diplomados, não se ouve cantos de sabiás.” TEXTO BASE 1 O PODER DE DEUS Zé Maria e Alice começaram a namorar numa festa de cruzeiro. Ele era retireiro, ela cozinhava na fazenda. Quando resolveram casar, trataram de fazer uma cafua, formar jardim, plantar horta-de-couve, vedada com bambu em pé, por causa das galinhas. Do alto da serra vinha no cascalho uma água clara, servia a bica, na porta da cozinha, depois descia horta abaixo. De noite, o rego d’água marulhava, era uma beleza. Um dia de sábado, depois do almoço, Zé Maria bebeu café e sentou no banquinho na banda de fora. Tirou a palha do bolso de trás, pegou a faca, começou a fazer o pito. Alice, não passou muito, acabou de arrumar a cozinha e veio pra janela. Já andava muito gorda, pesadona, o menino devia nascer dentro de mês e pouco. Ela gostava de ficar em pé depois da comida, mesmo sentindo pressão nas veias das pernas. Zé Maria, alisando a palha com o corte da faca, pensava em como ia ser bonito o crioulinho (ou crioulinha) queia nascer: pra ele não fazia diferença se fosse homem ou mulher. Havia de ser uma beleza, de certo ia puxar a mãe. Ele também não era de jogar fora, em solteiro nunca faltou namorada, vivia rodeado de moça. Tinha acabado de alisar a palha, ia pegando o fumo no bolso quando Alice, já na janela, limpou a garganta e perguntou: - Zé? - Hein - Hein. - Ocê acha que Deus, se quiser, pode fazer chover, mesmo sendo um dia clarinho como esse de hoje? - Acho. - Assim de repente? - Acho. Pegou o fumo, foi picando devagar, bem devagarinho, rendendo aquela hora de pachorra que ele apreciava tanto. O fumo picado na mão esquerda, foi esfregando os pedacinhos com o polegar e o indicador da mão direita, esmigalhando, até não ter nenhum toco, nenhum fiapo mais grosso, fazia o cigarro apagar. Aí Alice falou: - Zé? Depois de ter chovido, ocê acha que Deus, se Ele quiser, pode fazer tudo secar duma hora pra outra? - Acho. - Mesmo tendo sido chuva de dilúvio? - É. Zé Maria abriu a palha, fez uma espécie de chochozinho, foi espalhando o fumo. Acertou a camada e começou a enrolar, nem muito apertado nem muito bambo: regular. Alice perguntou: - Ocê acha, Zé, que se Deus quiser que geia, mesmo sendo na volta do dia, tem base de gear? - Acho. Deus tem poder de fazer tudo que Ele quiser. - Tudo mesmo, Zé? - É. Mas por que essa perguntação, Alice? - À toa, Zé. A gente fica pensando... Ela não acabou a frase, ele não perguntou nada. Tirou a binga do bolso, abriu, lembrou do velho Severino, seu avô. Tinha sido presente dele, hoje não encontrava mais. Pegou o fuzil, um pedaço de ferro, mais a pedra-figo, começou a bater. A primeira fagulha que caiu soprou calibrado, foi soprando, logo aparecia o fogo, aquela cor bonita dentro do cilindro de lata. Quando ele ia acendendo o cigarro, a mulher perguntou: - Se for muito da vontade de Deus, mas muito mesmo, que a gente tem um filho branco, ou quem sabe, mulato, ocê acha que Ele pode fazer isso? - Pode, Alice. Ela já ia respirando aliviada, quase sem acreditar, quando ele completou: - Poder, pode, mas só tem uma coisa... - O que é, Zé Maria? - ... ocê vai levar um cacete que, se viver pra lembrar, nunca mais há de esquecer. (ROMANO, Olavo. Minas e seus casos. São Paulo: Ática, 1984, p. 51-53) UNIPAMQUESTÃO 2 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 1 Não raro, o povo mineiro é alvo de constantes críticas, seja por seu modo de falar, seja por suas atitudes. Tais críticas são retratadas em causos, piadas, charges e provérbios. Na maioria deles, contudo, o mineiro sempre se sai bem das situações mais embaraçosas, demonstrando a sua esperteza e combatendo o preconceito de que mineiro é ingênuo e caipira. Assinale o provérbio que poderia ser usado como título do causo que você leu. A Mineiro dorme no chão para não cair da cama. B Mineiro não dá ponto sem nó. C Mineiro não perde o trem. D Mineiro come quieto. UFTQUESTÃO 3 Leia os provérbios a seguir para responder à questão 07. Antes que cases, olha o que fazes. Quem casa não pensa, quem pensa não casa. Procura e acharás. Quem procura acha. Se queres bom conselheiro, procura o travesseiro. A noite é boa conselheira. Assinale a alternativa INCORRETA quanto à leitura discursiva e gramatical dos provérbios: A Os provérbios são expressos de modo pessoal e impessoal, como podemos ver respectivamente nos exemplos: "Se queres bom conselheiro, procura o travesseiro" e "A noite é boa conselheira". B A opção pela impessoalidade no ato de citar um provérbio reflete a tendência de quem enuncia de não se envolver diretamente com o dito. É o caso de "Antes que cases, olha o que fazes". C Os provérbios com marcas pessoais tratam de um discurso predominantemente centrado no enunciador, ou seja, em quem diz o dito. É o caso de "Procura e acharás" e "Se queres bom conselheiro, procura o travesseiro". D O uso de provérbios revela um discurso de autoridade, ou um discurso autoritário: eles provêm de uma sabedoria popular anônima. E Em "Procura e acharás", a classificação modo-temporal de acharás é futuro do presente do indicativo; forma hoje em desuso na oralidade no português brasileiro. TEXTO BASE 2 Examine a charge do cartunista Quino para responder à questão. UNICIDQUESTÃO 4 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 2 Dos seguintes provérbios, o que mais se aproxima da mensagem transmitida pela charge é: A “Há males que vêm para o bem”. B “O peixe morre pela boca”. C “Antes só que mal acompanhado”. D “Contra a força não há argumento”. E “Cão que ladra não morde”. UNIFORQUESTÃO 5 Herdamos os provérbios da sabedoria popular. Nascem do bom senso do povo e trazem um ensinamento. Muitas vezes questionados, mas em quase sua totalidade aceitos. Com base na leitura da tirinha, assinale a opção que apresenta o provérbio que se aproxima da situação vivenciada pelos personagens. A O riso é a mais antiga e ainda a mais terrível forma da crítica. B Quem a si próprio elogia não merece crédito. C Nem tudo que reluz é ouro. D Na terra de sapo de cócoras com ele. E Quem tudo quer tudo perde. URCAQUESTÃO 6 TEXTO 1 Canto X – Nossa Rainha Marcelino Freire Mãe, eu quero ser Xuxa. Mas minha filha. Eu quero ser Xuxa. A menina não tem nem nove anos, fica tagarelando com as bonecas. Com as pedras do Morro. Eu quero ser Xuxa. Mas minha filha. A mãe ia fazer um book, como? Viu no jornal quanto custa. Perguntou ao patrão, no Leblon. Um absurdo! Ia bater na porta da Rede Globo? Nunca. A menina parecia uma lombriga. Porque nasceu desmilinguida. Mas vivia dizendo, a quem fosse: eu quero ser Xuxa. Que coisa! Que doença! Ainda era muito pequena. Eu quero ser Xuxa. Quem não pode se acode. A mãe já vivia da ajuda do povo. Mas tinha de levar a menina ao cinema. Toda vez que aparecia um filme novo. O que Xuxa está pensando? O que Padre Marcelo está pensando? Que tanto disco à venda, que tanto boneco, que tanta prece! Tenha santa paciência. O Padre Marcelo a mãe trocou por um pai de santo. Esse, pelo menos, só me pede umas velas. De quando em quando, uma galinha preta. Que eu aproveito e levo daqui, quando tem reveillon. Despacho de rico só tem o que é bom. Mas a menina não tem jeito. É uma paixão que não tem descanso. Eu quero ser Xuxa. Eu quero ser Xuxa. Eu quero ser Xuxa. Um dia eu esfolo essa condenada. Deus me perdoe. Essa danada da Xuxa. Dou uma surra nela para ela tomar jeito. Fazer isso com filha de pobre. Que horror! A mãe mal chegou do trabalho a menina já falou. Que a Xuxa vem esse final de semana. O que ela vem fazer no morro?, a mãe perguntou. Se a Xuxa que eu conheço aqui é só você, querida. Alisou a cabeça da maldita, deu um abraço cego e mandou dormir. Maldita, sim. Quem disse que a danada foi pra cama? Puta que pariu! A mãe tinha de faltar ao trabalho de novo. Tinha medo que a filha tivesse um troço. Se jogasse debaixo do carro, sei lá. Fosse pisoteada, que remorso! Eu não. Mãe que é mãe acompanha a filha no dia mais feliz da sua vida. Pendurou a menina nas costas e enfrentou o calor. E o empurraempurra. E também gritou para ver se a Xuxa ouvia: Xuxa, Xuxa, Xuxa. Pelo amor de Deus! Faz essa menina calar a boca. Diz pra ela pensar em outra coisa, sonhar com os pés no chão. Quando ela vai ser, assim como você, um dia? A Rainha dos Baixinhos nossa Rainha da Bateria, sei não, sei lá. O morro nessa euforia, todo mundo doido para vêla sambar. A expressão, Quem não pode se acode, pertence ao que chamamosprovérbios populares; dadas as expressões populares, marque a que se encontra em desacordo com a sabedoria popular. A Quem espera sempre cansa. B Quem semeia vento colhe tempestade. C Quem ri por último ri melhor. D As aparências enganam. E Nem tudo que reluz é ouro. UNIFORQUESTÃO 7 A tirinha trata sobre questões relacionadas ao tema da inclusão. Utilizando a ironia como recurso, o quadrinho aborda duas diferentes concepções do conceito de visão. Pode-se traçar um paralelo entre a tirinha e o conhecido ditado popular que afirma A “Quem vê cara, não vê coração”. B “À noite, todos os gatos são pardos”. C“O pior cego é aquele que não quer ver”. D “O olho do dono é o que engorda o gado”. E “O que os olhos não veem, o coração não sente”. TEXTO BASE 3 Para responder à questão, leia o texto a seguir. PERDÃO Diz a oração católica que devemos perdoar a quem nos ofendeu (assim como esperamos o perdão divino às nossas ofensas, claro). De fato, a neurociência já sabe que perdoar – tanto pontualmente como por hábito – favorece o bem-estar e a saúde cardiovascular. O perdão põe fim ao estresse causado pelo ódio crônico, que estimula a produção de hormônios de estresse, perturba o sono, aumenta o risco cardiovascular e de depressão e ansiedade. O que acontece no cérebro que perdoa? Um estudo italiano recrutou voluntários para seguir um roteiro que os orientava a imaginar situações de ofensas pessoais, e em seguida os instruía a perdoar o inimigo imaginário ou, ao contrário, os incitava a planejar vingança. Tudo isso acontecia dentro de um aparelho de ressonância magnética, que permitia à equipe acompanhar as mudanças de atividade no cérebro dos voluntários enquanto eles perdoavam ou não. O estudo mostrou que tanto o perdão quanto a vingança envolvem ativação nas mesmas estruturas – mas de maneiras diferentes. O perdão ocorre quando a ativação do córtex pré- frontal dorsomedial, que regula nosso comportamento emocional, é comandada por duas estruturas que nos permitem adotar o ponto de vista do agressor e reavaliar o estado emocional deste: o precuneus e o lobo parietal inferior, respectivamente. Isso fomenta a empatia, que coíbe ímpetos de retaliação via o córtex pré-frontal, e traz um estado emocional positivo: o alívio do perdão concedido. Se não há perdão, o córtex pré-frontal dorsomedial também é ativado, mas sob o controle do giro temporal medial, e não do precuneus e do parietal inferior (que também estão ativos, mas ocupados em julgar o agressor um vilão). O giro temporal medial representa a intenção alheia –nesse caso, de nos fazer mal. Como a agressão foi intencional e não temos empatia com o vilão, o cérebro faz o que é mais sensato: odeia ativamente quem o insultou, sem perdão. Perdoar, portanto, não depende dos fatos, e sim da nossa avaliação – consciente – da intenção e das emoções de quem nos ofendeu. Quer perdoar? Coloque-se no lugar do outro. Não quer perdoar? Recusese a ver o insulto pelos olhos do seu agressor – o que, francamente, em alguns casos é a coisa sensata a fazer. O perdão católico universal não nos mantém a salvo de quem não presta. Ruminar o ódio faz mal, mas ainda há saída: banir o infrator da sua vida e mente. Quando não há perdão, a distância ajuda. (HOUZEL, Suzana Herculano- Folha de São Paulo, 18/02/2014, Caderno Equilíbrio, p.5.) FCMMGQUESTÃO 8 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 3 Assinale a alternativa em que haja adequação entre o trecho do texto e os respectivos provérbios. A “O perdão católico universal não nos mantém a salvo de quem não presta.” – “Mais vale perdoar do que castigar.”/”Quem semeia ventos, colhe tempestade.” B “O perdão põe fim ao estresse causado pelo ódio crônico, que estimula a produção de hormônios de estresse” – “Ladrão que rouba ladrão merece 100 anos de perdão.”/ “O ódio quer vingança.” C ''Ruminar o ódio faz mal, mas ainda há saída: banir o infrator da sua vida e mente. Quando não há perdão, a distância ajuda.” – “Perdoar não é esquecer.”/ “Longe dos olhos, longe do coração.” D “Como a agressão foi intencional e não temos empatia com o vilão, o cérebro faz o que é mais sensato: odeia ativamente quem o insultou, sem perdão.” – "Ao que erra, perdoa-se uma vez, mas não três."/ “Errar é humano.” TEXTO BASE 4 TEXTO PARA A QUESTÃO Uma planta é perturbada na sua sesta* pelo exército que a pisa. Mas mais frágil fica a bota. Gonçalo M. Tavares, 1: poemas. *sesta: repouso após o almoço. FUVESTQUESTÃO 9 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 4 O ditado popular que se relaciona melhor com o poema é: A Para bom entendedor, meia palavra basta. B Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. C Quem com ferro fere, com ferro será ferido. D Um dia é da caça, o outro é do caçador. E Uma andorinha só não faz verão. TEXTO BASE 5 Leia a charge a seguir e responda à questão: TEXTO IFNMGQUESTÃO 10 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 5 Pode-se resumir uma história em um ditado popular, um provérbio. Esses ditados populares servem como “moral da história”. A partir dos seus conhecimentos e da leitura da charge (TEXTO), marque a alternativa que contém o ditado popular que melhor resume a história. A Um burro calado passa por intelectual. B A cavalo dado não se olha os dentes. C Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço. D Macaco velho não põe a mão em cumbuca. TEXTO BASE 6 Texto Crônica dos 30 anos Fábio José dos Santos* Na minha infância, havia uma brincadeira através da qual, por meio de uma espécie de numerologia pueril e leiga, era possível descobrir, no presente dos oito ou nove [5] anos, como seria o nosso futuro. Por meio dessa consulta – séria, é bom deixar claro –, éramos capazes de obter dados relacionados a áreas diferentes da nossa vida. Era possível prever, por exemplo, quando iríamos nos casar, qual seria [10] nossa profissão, se seríamos ricos, pobres ou lascados, e, ainda, quantos filhos teríamos. Naquela época, contraí matrimônio aos vinte e cinco, e tive três ou quatro filhos. Penso que passei pelas três condições financeiras possíveis [15] – comi caviar e degustei farinha seca. Ah, e passei por várias profissões. (Não preciso dizer que fiz a consulta mais de uma vez) O fato é que, em geral, rejeitei, voluntária ou involuntariamente, a série completa dos [20] vaticínios que fiz quando criança. O Tempo é senhor dos destinos, creio. Contudo, a história não se escreve sozinha, ela é o resultado de como conduzimos nossas vidas, muito embora estejamos habilitados a escrever apenas rascunhos, que servem para compor a versão mais ou [30] menos final do livro da vida (em certos casos, o texto pode ser reescrito, quase que integralmente). Hoje é o dia em que celebro minha [35] trigésima primavera. E enquanto recebo os parabéns – inclusive de amigos distantes no tempo e no espaço –, sinto que o Tempo já me pesou menos. Com efeito, já lá se foram trinta anos que comecei a morrer... E ainda me lembro [40] do cheiro e do gosto de algumas coisas do passado... Mas o passado passou. E o ruim desse processo é que o tempo, inflexível, não permite que recuemos na linha da vida até aqueles momentos que tanto nos fizeram felizes. [45] E, em trinta anos, quantas experiências prazerosas eu tive... Durante todos esses anos, eu cresci. O mundo cresceu também. Aliás, tudo ficou maior. É verdade que a experiência nos faz aumentar o [50] tamanho das coisas que nos cercam. E o que antes era pequeno, como era o nosso mundo, assume proporções hercúleas. Por que mesmo temos de ser responsáveis? Não seria bem mais fácil se nossos pais sempre passassem à frente [55] e, como há vinte, vinte e cinco anos, resolvessem todos os problemas como sempre o fizeram, num passe de mágica? E me fica a questão: é mesmo imperativo que experimentemos a dor, o desespero, as turbulências, enfim, a morte? Mas [60] tudo isso estava lá, também. De qualquer forma, hoje celebro trinta anos de idade. Segundo o professor Narciso, cheguei à metade da minha vida. De fato. De fato. Nesse tempo, vi o mesmo de diversas [65] formas. Conheci e continuo conhecendo muitas coisas novas. Fui de um extremo ao outro dos hemisférios do meu mundo. Eu mudei; tudo mudou. E as previsões da infância não se realizaram. Não casei aos vinte e cinco, não [70] tenho (ainda?) nenhum dos quatro filhos que me seriam destinados, não me tornei presidente nem cantor. Aquelas previsões não foram bem previstas. Contudo, preciso deixar claro: isso não me frustra. Preciso dizer a todos: acho que sou [75] muito bem sucedido. A emenda, se houve, saiu bem melhor que o soneto. Preciso dizer, ainda: a danada da consulta aos númeroslá dos idos anos 80 não era capaz de prever aquilo que, julgo, era mais fundamental, a saber, se o [80] interessado seria ou não seria feliz, a despeito, entre outros, de sua condição de rico, pobre ou lascado. Mas eu posso afirmar, do alto dos meus trinta bem vividos anos, que a felicidade tem-me acompanhado ao longo de todos esses anos, [85] razão por que me sinto, hoje, imensamente realizado. Os números erraram – graças a Deus! __________ *Professor de Língua Portuguesa do IFAL, Campus [90] Maceió IFALQUESTÃO 11 PARA RESPONDER À QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 6 Nessa crônica, o seu autor faz referências a alguns ditados populares implícita ou explicitamente. A única opção em que não há correspondência entre o que é dito e o ditado em si é: A Farinha do mesmo saco. (1º parágrafo) B O tempo é senhor do destino. (2º parágrafo) C Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe. (3º parágrafo) D Ninguém sabe ser filho senão quando chega a ser pai. (4º parágrafo) E Pior a emenda do que o soneto. (5º parágrafo) UECEQUESTÃO 12 TEXTO 3 Velhice Vinícius de Moraes [115] Virá o dia em que eu hei de ser um velho experiente Olhando as coisas através de uma filosofia sensata E lendo os clássicos com a afeição que a [120] minha mocidade não permite. Nesse dia Deus talvez tenha entrado definitivamente em meu espírito Ou talvez tenha saído definitivamente dele. Então todos os meus atos serão [125] encaminhados no sentido do túmulo E todas as ideias autobiográficas da mocidade terão desaparecido: Ficará talvez somente a ideia do testamento bem escrito. [130] Serei um velho, não terei mocidade, nem sexo, nem vida Só terei uma experiência extraordinária. Fecharei minha alma a todos e a tudo Passará por mim muito longe o ruído da [135] vida e do mundo Só o ruído do coração doente me avisará de uns restos de vida em mim. Nem o cigarro da mocidade restará. Será um cigarro forte que satisfará os [140] pulmões viciados E que dará a tudo um ar saturado de velhice. Não escreverei mais a lápis E só usarei pergaminhos compridos. [145] Terei um casaco de alpaca que me fechará os olhos. Serei um corpo sem mocidade, inútil, vazio Cheio de irritação para com a vida Cheio de irritação para comigo mesmo. [150] O eterno velho que nada é, nada vale, nada vive O velho cujo único valor é ser o cadáver de uma mocidade criadora. MORAES, Vinícius. Velhice. Disponível em:http://www.viniciusdemoraes.com.br/ptbr/poesia/ poesias- avulsas/velhice. Acesso: 23/9/17. Os versos “Virá o dia em que eu hei de ser um velho experiente/ Olhando as coisas através de uma filosofia sensata/ E lendo os clássicos com a afeição que a minha mocidade não permite” (linhas 115- 120) podem ser traduzidos pelo seguinte ditado popular: A A velhice é a segunda meninice. B Quanto mais idade, mais maturidade. C A velhice é um tirano que castiga os prazeres com pena de morte. D A juventude leviana faz velhice desolada. TEXTO BASE 7 Para responder à questão, leia o texto a seguir. PÉ FRIO, CABEÇA QUENTE §1 Durante anos, Pedro Nava deixava seu apartamento, no velho prédio onde viveu metade da vida, no bairro da Glória, cruzava o hall e, no mesmo andar, assumia a condição de médico reumatologista, um dos mais reputados do Rio de Janeiro. Quando ali estive pela primeira vez, sem reumatismo algum, o dr. Nava já não exercia a profissão. Fazia pouco mais de uma década que ele, à beira dos 70, irrompera na paisagem literária como caudaloso memorialista, o maior que já tivemos, assumindo, assim, em regime de monogamia, um talento praticamente desmobilizado desde o fecho da primeira juventude. §2 Certa manhã de maio de 1983, às vésperas de completar 80 anos, Pedro Nava me levou ao antigo consultório, instalado num salão com pé-direito altíssimo. Sentou-se por detrás de um vetusto birô, como em outros tempos se dizia, e indicou uma cadeira de braços em frente a ele. Quando, em vão, tentei puxá-la para perto da mesa, Nava riu, como quem tivesse pregado uma peça: tinha mandado aparafusar a cadeira no assoalho, para evitar, justificou, que pacientes mais carentes acabassem no seu colo. §3 Pela primeira vez, parei para pensar no desamparo que, em doses variáveis, bate em mim, quem sabe em você também, durante uma consulta médica. Desamparo que, às vezes, vem misturado a uma inconfessável satisfação por nos sentirmos numa súbita berlinda, já que o assunto único, ali, somos nós. Nossa coqueluche, nossa catapora, nosso prontuário cirúrgico e hospitalar. Mais: a incidência de determinada doença que desfolhou boa parte de nossa árvore genealógica. As tias que, para além talvez das coincidências, morreram todas do mesmo mal. A intrigante insistência da pancada seca dos enfartes, a reprise de determinado tipo de tumor. O pai que por pouco não virou caso médico, tão rara é a doença que nos levou à orfandade. §4 Vá me dizer que também você não sente alguma excitação, a palavra é esta, quando o médico se põe a escarafunchar o histórico de sua saúde. E também, mesclada ao alívio, uma ponta de decepção, diante da notícia de que não se achou problema algum. Do outro lado da mesa, o doutor pode estar atento a essa eventualidade. Quem nunca ouviu falar de médicos - Pedro Nava era um deles - que, para não desapontar o impaciente, inventam uma anormalidade qualquer, benigna, à qual irá corresponder uma receita, algum placebo, para que a criatura não saia com as mãos vazias? §5 Escrevi, faz tempo, sobre um camarada que chamei de “hipocondríaco sem remédio”. Pois bem, faltou coragem para admitir que também sou um pouco assim, hipocondríaco, incurável mas com muito remédio, cada vez mais. Gosto muito, confesso, de uma boa anamnese, aquele interrogatório sobre a saúde atual e pregressa, quase sempre extensivo aos familiares. A sabatina mais esmiuçadora pela qual passei aconteceu na primeira vez que fui ao consultório de um homeopata, de onde sairia, mais de hora depois, levando um verdadeiro buquê de florais. Que perguntas mais inesperadas ouvi ali! Estava vendo o momento em que o doutor iria perguntar se eu tinha tomado chuva, e, ante a negativa, receitar: “Então tome. Dois copos”. §6 Numa ocasião me consultei com um médico, alopata, esse, que me virou pelo avesso, na indisfarçável esperança de que eu fosse o seu primeiro paciente a padecer da doença de Crohn - insidiosa inflamação do trato gastrointestinal, traduziu, à beira da euforia de uma estreia. E se for?, consegui indagar. Pausa terrível, nublada pelos mais negros presságios. “Você tem um bom psicoterapeuta?”, desembuchou ele, sílaba por sílaba, e pôs-se a explicar que eu precisaria me armar para padecimentos vitalícios. Não conteve a frustração quando reiterados exames eliminaram a hipótese na qual investira. “Ainda não”, terá ruminado o doutor, “ainda não...” §7 No consultório high tech de um mago da medicina ortomolecular, em frente a enorme tela que amplificava imagens de um microscópio de última geração, ao qual fora submetida uma gota de sangue meu, tive o dissabor de presenciar o espetáculo de hemácias, leucócitos e neutrófilos a nadar de lá pra cá, qual tubarões e garoupas num aquário. Como me senti? Como a lagartixa que contempla, a um palmo de distância, a ponta saltitante de seu rabinho recém-amputado. §8 Outra gota, essa de sangue coagulado, encheu a tela com o que parecia ser o chão gretado de um açude nordestino reduzido a nada. Em busca de consolo na literatura, concluí que havia em mim, na falta de um Graciliano, ao menos o solo estorricado sobre o qual perambula a pobre gente de Vidas Secas. §9 Não precisou de tão afiada tecnologia o velho acupunturista chinês com o qual me consultei por aquela mesma época. Antes de dardejar agulhas certeiras, o sábio chim esquadrinhou minha carcaça com mãozinhas secas e percuciente olhar amendoado, antes de proferir o mais preciso e sintético parecer a respeito do que comigo se passava, ou passa ainda: §10 - Pé frio, cabeça quente! (Humberto Werneck. http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,pe-frio-cabeca- quente,10000092718. Acessado