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CENTRO UNIVERSITÁRIO SUDOESTE PAULISTA 
INSTITUIÇÃO CHADDAD DE ENSINO 
 
PSICOLOGIA 
 
 
 
 TAINARA DEL FÁVERO DE PAIVA XAVIER 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES SOCIAIS ATRAVÉS DO BRINCAR: UM 
OLHAR PARA O ESPECTRO AUTISTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ITAPETININGA – SP 
2023 
 
 
 
TAINARA DEL FÁVERO DE PAIVA XAVIER 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES SOCIAIS ATRAVÉS DO BRINCAR: UM 
OLHAR PARA O ESPECTRO AUTISTA 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao 
Centro Universitário Sudoeste Paulista de 
Itapetininga – UniFSP – ao curso de graduação 
em Psicologia como requisito parcial para a 
obtenção do título de bacharel em Psicologia 
 
Orientador: Polyana Pimentel Proença 
 
 
 
 
 
ITAPETININGA - SP 
2023 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho por qualquer meio 
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. 
 
 
 
 
 
 
 
HIPOTERMIA INDUZIDA PÓS – PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA 
 
 
 
XAVIER, Tainara Del Fávero de Paiva. Desenvolvimento de habilidades sociais através do 
brincar: um olhar para o espetro autista. – Tainara Del Fávero de Paiva Xavier – Itapetininga - 
SP, 2023. 21 p. 
 
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Centro Universitário Sudoeste 
Paulista, Campus Itapetininga, Itapetininga – SP, 2023. 
 
Orientadora: Polyana Pimentel Proença 
 
1. Habilidades sociais 2. Brincar 3. Transtorno do espectro autista 4. Desenvolvimento infantil. I. 
XAVIER, Tainara. II. PROENÇA, Polyana. III. Centro Universitário Sudoeste Paulista. IV. 
Desenvolvimento de habilidades sociais através do brincar: um olhar para o transtorno do espectro 
autista. 
4 
 
DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES SOCIAIS ATRAVÉS DO BRINCAR: UM 
OLHAR PARA O ESPECTRO AUTISTA 
 
Tainara Del Fávero de Paiva Xavier1; Profª Polyana Pimentel Proença2 
 
1Graduanda do curso de Psicologia no Centro Universitário Sudoeste Paulista- UniFSP; 2Aprimoramento em 
Psicologia Perinatal e da Parentalidade, Pós – Graduação em Psicologia Analítica – Unicamp, Pós- Graduação em 
Saúde da Família – Unesp, Graduada em Psicologia – UniFSP, Graduada em Enfermagem – UFSCar e Docente 
do Centro Universitário Sudoeste Paulista – UniFSP. 
 
Endereço eletrônico: tainaradelfavéro@gmail.com 
 
RESUMO 
 
Na infância, período do desenvolvimento humano que engloba a construção de aspectos físicos, 
cognitivos e psicossociais, o brincar atua como meio de comunicação e aprendizagem de 
habilidades sociais (HS). Logo, crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) – 
compreendido como um transtorno do neurodesenvolvimento que apresenta como principais 
características prejuízos relacionados à interação social – podem apresentar comportamentos 
prejudiciais à experiência do brincar – exercendo-o de forma isolada e disfuncional – e, 
consequentemente apresentar déficits na aquisição de HS. Considerando a psicoterapia como 
um ambiente repleto de possibilidades para aquisição de novos comportamentos, o presente 
estudo pretende investigar qual a importância do brincar enquanto instrumento psicoterapêutico 
para construção de habilidades sociais de crianças com TEA. O aumento da incidência de 
crianças diagnosticadas - 1 para cada 36 - é um fator determinante para escolha do tema. 
Objetiva-se analisar a importância do brincar como instrumento na construção de habilidades 
sociais de crianças com TEA e assim, a atuação da Psicologia neste contexto. A abordagem 
baseou-se no método de pesquisa bibliográfica, mediante a análise de seis estudos que 
apresentavam relação com o tema de interesse. Os resultados alcançados revelaram que o 
brincar além de auxiliar no diagnóstico precoce e na construção de um plano de intervenção 
adequado, potencializa o desenvolvimento de HS de crianças com TEA principalmente no que 
diz respeito à socialização, assertividade e empatia. 
 
Palavras–chave: Habilidades sociais. Brincar. Transtorno do espectro autista. 
Desenvolvimento infantil. 
 
 
DEVELOPMENT OF SOCIAL SKILLS THROUGH PLAYING: A LOOK AT 
THE AUTISTIC SPECTRUM 
 
ABSTRACT 
 
In childhood, a period of human development that encompasses the construction of physical, 
cognitive and psychosocial aspects, playing acts as a means of communication and learning 
social skills (HS). Therefore, children with Autism Spectrum Disorder (ASD) – understood as 
a neurodevelopmental disorder whose main characteristics are losses related to social 
interaction – may present behaviors that are harmful to the experience of playing – exercising 
it in an isolated and dysfunctional way – and, consequently, present deficits in the acquisition 
of HS. Considering psychotherapy as an environment full of possibilities for acquiring new 
behaviors, the present study aims to investigate the importance of playing as a 
5 
 
psychotherapeutic instrument for building social skills in children with ASD. The increase in 
the incidence of diagnosed children - 1 in every 36 - is a determining factor in choosing the 
topic. The aim is to analyze the importance of playing as an instrument in building the social 
skills of children with ASD and, therefore, the role of Psychology in this context. The approach 
was based on the bibliographic research method, through the analysis of six studies that were 
related to the topic of interest. The results achieved revealed that playing, in addition to helping 
with early diagnosis and the construction of an appropriate intervention plan, enhances the 
development of HS in children with ASD, especially with regard to socialization, assertiveness 
and empathy. 
 
Keywords: Social skills. To play. Autism spectrum disorder. Child development. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM V 
(APA,2023), o transtorno do espectro autista (TEA) é compreendido como um transtorno do 
neurodesenvolvimento que apresenta como principais características prejuízos relacionados a 
interação social e à comunicação social recíproca, acompanhado por padrões restritos e 
repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. 
A partir desses critérios diagnósticos, em uma escala progressiva, são estabelecidos três 
níveis de gravidade para o TEA. No nível 1, na ausência de apoio, o indivíduo apresenta déficits 
na comunicação social, interesse reduzido por interações sociais e inflexibilidade de 
comportamento, como: dificuldade em trocar de atividade, organizar e planejar tarefas. No nível 
2, o indivíduo necessita de apoio substancial e apresenta déficits graves na comunicação social 
verbal ou não verbal, limitação nas interações sociais e inflexibilidade comportamental, como: 
dificuldade em aceitar mudanças, sofrimento ao mudar foco e ações e comportamentos 
restritivos e repetitivos presentes. No nível 3, o indivíduo exige apoio muito substancial e 
apresenta déficits nas habilidades de comunicação social – verbal ou não verbal – dificuldade 
nas interações sociais – respostas mínimas a aberturas sociais, extrema dificuldade em lidar 
com mudança e mudar o foco das ações e comportamentos repetitivos e restritos capazes de 
impactar o funcionamento do indivíduo em todas as esferas (APA, 2023). 
Tais sintomas estão presentes desde a infância e são capazes de prejudicar e limitar o 
funcionamento diário do indivíduo de diversas formas, dada a gravidade do padrão 
(APA,2023). Assim, devido à falta de interesse nas relações sociais, crianças com TEA em sua 
maioria, apresentam déficits nas capacidades sociais e comunicacionais o que pode limitar a 
aprendizagem, em especial aquela que ocorre por meio da interação social e do contato com 
pares (APA,2023). Neste aspecto, as crianças com TEA apresentam déficits na construção de 
6 
 
habilidadessociais dada a dificuldade de estabelecer um vínculo com o meio social (PRADO 
et al., 2022). 
Segundo Prado et al., (2022), habilidades sociais são um conjunto de comportamentos 
que beneficiam a interação social, visto que, estabelecem uma ligação entre o indivíduo, o 
mundo e o meio social. Ainda, é compreendida como a capacidade de expressar opiniões, 
sentimentos positivos e negativos, aceitar e rejeitar críticas, manifestar respeito e empatia, falar 
em público, fazer amizades e entre outros (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2018). Tendo em 
vista, que a aquisição de comportamentos socialmente habilidosos reflete em aspectos 
relacionados à qualidade de vida, uma vez que auxiliam no processo de interação social, 
convivência e aprendizagem (COURA; PINTO, 2021). 
Na infância – período do desenvolvimento humano que engloba a construção de 
aspectos físicos, cognitivos e psicossociais – o brincar conquista espaço e importância como 
recurso no desenvolvimento e aprendizagem de habilidades sociais (COTONHOTO; 
ROSSETTI; MISSAWA, 2019 apud QUEIROZ et al., 2020). Dentre as principais 
especificidades, o brincar revela-se como a maneira que a criança tem de assimilar e interpretar 
o mundo, os objetos, a cultura e as relações da qual faz parte (WAJSKOP, 1995, p. 66 apud 
COURA; PINTO, 2021). 
Devido aos déficits e dificuldades presentes, crianças com TEA podem apresentar 
comportamentos prejudiciais a experiência do brincar, uma vez que limitam essa função, 
exercendo um brincar isolado e disfuncional. Deste modo, quando não permitem a participação 
de outras pessoas neste processo, dificultam a interação com pares e consequentemente a 
aquisição de habilidades sociais. Diante do exposto, o presente estudo pretende responder a 
seguinte questão: qual a eficácia do brincar enquanto instrumento psicoterapêutico para 
construção de habilidades sociais de crianças com TEA? 
O aumento da incidência de crianças diagnosticadas com TEA é um fator determinante 
para escolha do tema. De acordo com relatórios publicados pelo Center for Disease Control and 
Prevention (CDC) durante os últimos 20 anos – após análise de dados de 11 locais da Rede de 
Monitoramento de Deficiências do Desenvolvimento e Autismo (ADDM) nos Estados Unidos 
– o aumento de crianças diagnosticadas com TEA vem crescendo gradativamente. Em 2000 o 
índice era de 1 em 150 crianças. Atualmente, após um estudo realizado no ano de 2020 a 
prevalência de TEA foi de 1 para 36 crianças de 08 anos, sendo mais prevalente entre meninos 
do que entre meninas (MAENNER et al., 2020). 
Os sintomas decorrentes do TEA se apresentam já na infância, e desde então 
influenciam a maneira da criança perceber e interagir com o mundo. Assim, quanto mais cedo 
7 
 
e mais eficaz for o método de intervenção destinado ao desenvolvimento de habilidades sociais 
destas crianças maiores serão as chances de se alcançar bons resultados e consequentemente 
uma melhor qualidade de vida destes indivíduos (COTONHOTO; ROSSETTI; MISSAWA, 
2019 apud QUEIROZ et al., 2020). 
De acordo com Prado et al., (2022), diante desta perspectiva a Psicologia pode atuar 
como peça fundamental, uma vez que durante o processo de psicoterapia – levando em 
consideração a subjetividade de cada indivíduo e aplicando um plano de intervenção adequado 
com objetivos simples – o profissional poderá ensinar habilidades sociais para crianças com 
TEA através do brincar funcional. 
Neste sentido, objetiva-se analisar a importância do brincar como instrumento 
psicoterapêutico na construção de habilidades sociais de crianças com TEA. E para alcançar o 
objetivo geral deste estudo, pretende-se articular sobre o desenvolvimento infantil, definir TEA, 
articular sobre o diagnóstico de TEA, propor a definição de habilidades sociais, verificar a 
importância do brincar como meio de intervenção na psicoterapia infantil e verificar a 
aplicabilidade do brincar enquanto instrumento terapêutico para a construção de habilidades 
sociais de crianças com TEA. 
 
2 MÉTODO 
Neste estudo realizou-se uma pesquisa bibliográfica, a qual consiste em reunir e analisar 
obras já publicadas sobre o tema de interesse, a fim de direcionar a construção do trabalho 
cientifico (SOUSA; OLIVEIRA; ALVES, 2021). Trata-se de uma pesquisa básica que tem por 
finalidade ampliar o conhecimento referente ao tema proposto. Apresenta caráter descritivo, o 
qual consiste em descrever um fenômeno ou uma população e as relações entre estes observadas 
e analisadas através da coleta de informações (SOUSA; OLIVEIRA; ALVES, 2021). 
A busca de materiais para o desenvolvimento do estudo ocorreu por meio das 
plataformas de dados periódicos: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 
Superior (CAPES), Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PePSIC), Portal Regional da 
biblioteca virtual em saúde (BVS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Google 
Acadêmico, utilizando-se como descritores: “habilidades sociais” e “brincar” e “transtorno do 
espectro autista” e “desenvolvimento infantil”. 
Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: (I) estudo 
publicados nos últimos cinco anos (2018 a 2023); (II) artigos em língua portuguesa; (III) artigos 
cujo os títulos apresentavam relação com o tema (IV) artigos cujo resumo abordavam a 
temática, (V) artigos de acesso gratuito, (IV) artigos cujo conteúdo têm relação com a temática. 
8 
 
Dentre os critérios de exclusão encontra-se (I) artigos em línguas estrangeiras; (II) artigos cujo 
título não apresenta relação com tema, (III) artigos cujo resumo não abordava relação com a 
temática, (IV) artigos cujo conteúdo não têm relação com a temática. 
Ao realizar a coleta de dados nas plataformas PePSIC, BVS e SciELO, utilizando-se 
como descritores: “habilidades sociais” e “brincar” e “transtorno do espectro autista” e 
“desenvolvimento infantil” não foram encontrados resultados. 
Na plataforma CAPES utilizando os descritores “habilidades sociais” and “brincar” and 
“transtorno do espectro autista” and “desenvolvimento infantil” foram encontrados 6 
resultados. Foi excluído 1 artigo cujo título não possuía relação com o tema. Restaram 5 artigos 
a serem analisados pelo resumo. 
Na plataforma Google Acadêmico, utilizando os descritores “habilidades sociais” e 
“brincar” e “transtorno do espectro autista” e “desenvolvimento infantil”, foram encontrados 
798 resultados. Foram excluídos 539 artigos cujo título não abordava relação com a temática, 
219 artigos com o ano de publicação inferior a 2018 e 11 artigos em língua estrangeira. Destes 
restaram 29 artigos a serem analisados pelo resumo. 
Ao todo, foram selecionados 34 artigos a serem analisados pelo resumo. Destes, foram 
excluídos 25 artigos cujo resumo não possuía relação com o tema, restando 9 artigos a serem 
lidos na integra. Destes foram excluídos 3 artigos cujo assunto não possuía relação com o tema, 
restando 6 artigos a serem incluídos na revisão. 
 
9 
 
Fluxograma 1 - processo de seleção dos resultados 
Fonte: Elaborado pelas autoras (2023) 
 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
De acordo com os resultados coletados, apesar dos critérios de inclusão englobarem 
estudos publicados nos últimos 5 anos, 6 dos estudos selecionados (100%) são dos últimos 3 
anos. Deste modo, os artigos selecionados para estudo foram organizados no Quadro 1. 
Entre eles, dois artigos (QUEIROZ, Francisca Francisete de Sousa Nunes et al. 2020 e 
SILVA, Priscila et al. 2020) foram publicados em 2020 (33,33% dos artigos selecionados), um 
Busca de artigos encontrados pelos descritores: 
PePSIC = 0 
BVS = 0
SciELO = 0
CAPES = 0 6
Google Acadêmico = 798
804 estudos encontrados 
Excluídos pelo ano de publicação:
PePSIC = 0 
BVS = 0
SciELO = 0
CAPES = 0
Google Acadêmico = 219
219 estudos excluídos
Exclusão de artigos em língua estrangeira: 
PePSIC = 0 
BVS = 0
SciELO = 0
CAPES = 0
Google Acadêmico = 11
11estudos excluídos
Exclusão de artigos pelo título : 
PePSIC = 0 
BVS = 0
SciELO = 0
CAPES = 01
Google Acadêmico = 539
540 estudos escluídos
Resultados excluídos pelo resumo: 
PePSIC = 0 
BVS = 0
SciELO = 0
CAPES: 02
Google Acadêmico: 23
25 estudos excluídos
Exclusão após a leitura na íntegra: 
PePSIC = 0 
BVS = 0
SciELO = 0
CAPES: 0
Google Acadêmico: 03
03 estudos excluídos
Estudos incluídos na revisão:
PePSIC = 0 
BVS = 0
SciELO = 0
CAPES: 2
Google Acadêmico: 4
6 estudos selecionados
10 
 
artigo (MOURA, Alanna et al., 2021) foi publicado no ano de 2021 (16,66% dos artigos 
selecionados), e três artigos (SOUSA, Cynthia Alves Felix et al.; PRADO, Carla Beatriz; 
MUNER, Luana Comito; e ILTCHENCO, Andressa Colatto; RIBAS, Letícia Pacheco; 2022) 
foram publicados em 2022 (50% dos artigos selecionados). 
O estudo realizado por Queiroz et al. (2020) teve como método a revisão bibliográfica, 
e a coleta de dados se deu através de produções datadas entre o ano de 2010 a 2019, tendo como 
objetivo definir habilidades-alvo para a classificação de brincadeiras a serem incorporadas em 
um projeto denominado Interautismo, que consiste em um sistema de apoio para familiares e 
profissionais da saúde na aquisição de atividades lúdicas, que possam auxiliar no 
desenvolvimento da criança com TEA. 
Silva e Jung (2020) teve como objetivo realizar um estudo qualitativo de caráter 
descritivo e exploratório através da aplicação de questionários semi-estruturados a 10 
participantes, que por sua vez eram responsáveis legais de indivíduos com TEA. Este estudo 
teve como base compreender a influência lúdica do instrumento Lego serious Play no 
desenvolvimento destas pessoas. O instrumento, por sua vez, proporciona uma forma lúdica de 
interação entre seus participantes através de regras e papéis específicos a serem desenvolvidos 
dentro da brincadeira. 
O artigo de autoria de Moura et al. (2021) utilizou como método uma revisão teórica a 
partir de publicações entre os anos de 2010 e 2020, tendo como base a perspectiva sócio-
histórica de Vygotsky. Neste estudo, buscou-se proporcionar reflexões acerca dos impactos do 
brincar no desenvolvimento infantil de pessoas com TEA. O estudo publicado na Revista 
Educação Especial escrito por Sousa et.al (2022) trata-se de uma revisão sistemática, construída 
a partir da seleção e analise de 25 artigos científicos cujo o intuito era expor o treinamento de 
habilidades sociais em pessoas com TEA. 
O estudo realizado por Iltchenco et al. (2022) aprovado pelo Comitê de Ética em 
Pesquisa de um hospital pediátrico do município de Porto Alegre no estado do Rio Grande do 
Sul, teve como método um estudo de caso do tipo observacional analítico de corte transversal 
tendo como objetivo observar por meio da brincadeira as características interacionais do brincar 
de crianças não verbais com suspeita de TEA. 
O estudo publicado por Prado et al. (2022) na Revista Cathedral, utilizou como método 
a pesquisa bibliográfica básica de natureza qualitativa e teve como objetivo expor a eficácia do 
brincar enquanto instrumento terapêutico no desenvolvimento de novas aprendizagens de 
crianças com TEA. 
 
11 
 
Quadro 1 – Análise dos resultados 
 
Autores Ano Tipo de pesquisa Participantes Método Objetivo Resultados 
 
Queiroz, 
F.F.S.N 
Brasil, C.C.P 
Brasileiro, 
F.N.V 
Gabler, F. 
Filho, J.E.V 
 
 
 
2020 
 
 
 
Qualitativa 
 
 
 
Sem participantes 
 
 
Revisão 
bibliográfica – 
pesquisa 
descritiva 
Identificar as 
habilidades-alvo que 
podem ser desenvolvidas 
por meio da utilização de 
brincadeiras para 
estimular o 
desenvolvimento global 
de crianças com TEA 
 
 
As habilidades identificadas são: 
habilidades comunicativas, 
habilidades sociais e habilidades 
motoras 
 
Silva, P 
Jung, H.S 
 
 
 
 
2020 
 
 
Qualitativa 
 
 
10 participantes 
maiores de 18 
anos 
 
 
Pesquisa 
descritiva e 
exploratória 
Identificar a influência 
da experiência lúdica – 
através da legoterapia – 
no desenvolvimento da 
criança com TEA 
Identificado melhoras no 
comportamento social, na 
linguagem e comunicação. A 
experiência é capaz de promover a 
interação e o trabalho em 
conjunto. 
 
 
 
Moura, A.M 
Santos, B.M.L 
Marchesini, 
A.L.S 
 
 
 
 
2021 
 
 
 
 
Qualitativa 
 
 
 
 
Sem participantes 
 
 
 
 
Revisão teórica – 
pesquisa 
descritiva 
 
 
Identificar relações entre 
a prática do brincar e os 
diferentes aspectos do 
desenvolvimento infantil 
da criança com TEA, 
O ato de brincar desempenha um 
papel indispensável no 
desenvolvimento cognitivo, 
social, emocional e psicológico da 
criança com TEA, estimulando a 
formação do pensamento abstrato, 
da imaginação, da criatividade, da 
imitação, além de promover o 
aumento do repertório 
comunicativo e comportamental. 
Sousa, C.A.F 
Araújo, H.J.N 
Barbosa, M.F 
 
2022 
 
Qualitativa 
 
Sem participantes 
 
Revisão 
sistemática – 
pesquisa 
descritiva 
Identificar modelos e 
ferramentas de ensino 
capazes de auxiliar o 
desenvolvimento de 
habilidades sociais de 
crianças com TEA 
Foram identificados: utilização da 
musicoterapia, ferramentas 
virtuais, intervenção baseada na 
interação entre pares, atividades 
lúdicas e procedimentos 
tradicionais e estruturados. 
(continua) 
12 
 
 
 
Autores Ano Tipo de pesquisa Participantes Método Objetivo Resultados 
Iltchenco, A.C 
Ribas, P.L 
 
 
2022 
 
 
Qualiquantitativa 
Três participantes 
do sexo 
masculino, com 
idade entre 3 anos 
e 4 anos 
Estudo de caso 
múltiplos do tipo 
observacional 
analítico de corte 
transversal 
Descrever as 
características da 
interação em relação à 
brincadeira funcional e 
simbólica de crianças 
com suspeita de TEA 
Observou-se que características da 
brincadeira funcional e simbólica 
e a atenção compartilhada, se 
presentes, são aspectos que 
atenuam o risco para TEA e 
podem auxiliar no diagnóstico 
 
 
 
 
Prado, C. B. O 
Muner, L.C 
 
 
 
 
 
2022 
 
 
 
 
 
Qualitativa 
 
 
 
 
 
Sem participantes 
 
 
 
Revisão 
bibliográfica – 
pesquisa básica de 
caráter descritivo 
 
 
Verificar os benefícios 
das brincadeiras no 
tratamento do transtorno 
do Espectro Autista e 
identificar a evolução no 
tratamento terapêutico 
do TEA a partir da 
prática das brincadeiras. 
Verificou-se que o brincar é um 
importante instrumento 
terapêutico no TEA, por 
apresentar: espontaneidade, 
estimuladoras sociais e diversas 
oportunidades de aprendizagem. 
Além de, compor eficazes 
modelos de intervenções para o 
Espectro, através do faz de conta, 
da narração, das trocas de turno e 
de novas oportunidades de 
aprendizagem. 
(conclusão) 
Fonte: Elaborado pelas autoras (2023) 
13 
 
Deste modo, cinco dos artigos selecionados (Queiroz et al., 2020; Silva et.al, 2020; 
Moura et al., 2021; Sousa et.al 2022 e Prado et al., 2022) apresentaram a abordagem qualitativa 
como tipo de pesquisa, compondo 83,33% dos estudos analisados. O estudo de Iltchenco et al. 
(2022) por sua vez, utilizou como abordagem o modelo qualiquantitativo compondo 16,66% 
dos artigos selecionados. 
Dentre os seis artigos selecionados, o método de coleta de dados através de participantes 
esteve presente em dois artigos (Iltchenco et al., 2022 e Silva et al., 2020), compondo 33,33% 
dos estudos analisados. Destes, quatro artigos tiveram como único embasamento a coleta de 
dados através de materiais teóricos já publicados (66,66% dos artigos selecionados). Em relação 
aos objetivos, 100% dos artigos selecionados tiveram êxito na execução dos mesmos, os quais 
foram descritos no item resultados expostos na tabela acima. Com base nos estudos realizados, 
100% dos artigos selecionados auxiliaram na construção e execução dos objetivos específicos 
a serem alcançados nesta revisão sistemática.De acordo com Brasil (2016) apud Queiroz et al. (2020), compreende-se o 
desenvolvimento infantil como um processo multidimensional e integral, ou seja, envolve 
diversos aspectos pessoais e interpessoais do indivíduo e tem como efeito tornar o mesmo capaz 
de responder as suas necessidades e as do meio em que vive. Tal processo inicia-se desde a 
concepção e engloba aspectos referentes ao amadurecimento neurológico, crescimento físico, 
capacidades cognitivas, sensoriais, comportamentais e de linguagem, assim como interações 
sociais e afetivas. 
Ainda, segundo os autores, ao falar de desenvolvimento infantil é necessário que se fale 
também sobre o ato de brincar, já que o mesmo é uma das principais ações realizadas pela 
criança ao longo da infância, atuando como mediador desta para/com o mundo. Deste modo, o 
brincar ganha espaço e importância em diversas temáticas relacionadas a infância, 
principalmente nas que dizem respeito ao desenvolvimento e aprendizagem infantil (QUEIROZ 
et al., 2020). 
Segundo a revisão de literatura realizada por Moura et al. (2021), é através do brincar 
que a criança se depara com situações desafiadoras, capazes de auxiliar no processo de interação 
com pares, atenção concentrada, imaginação, imitação e etc. As autoras ainda compreendem 
que a partir da brincadeira a criança entra em contato com diversos estímulos essenciais para o 
seu desenvolvimento, dentre eles destacam-se as habilidades sociais que serão experienciadas 
a partir do autoconhecimento e manejo das situações vivenciadas durante o brincar. 
Segundo informações coletadas no estudo realizado por Del Prette e Del Prette, (2017) 
apud Sousa et al. (2022), as habilidades sociais são compreendidas como um conjunto de 
14 
 
comportamentos que contribuem para o desenvolvimento e manutenção do indivíduo em 
sociedade, facilitando a inserção e aceitação do mesmo no meio social. 
Neste sentido, de acordo com os autores alguns exemplos dessas habilidades dizem 
respeito a comportamentos relacionados a autocontrole, assertividade, expressividade 
emocional, empatia, resolução de problemas interpessoais, fazer amizades, habilidade de 
civilidade e habilidades relativas ao contexto escolar (DEL PRETTE E DEL PRETTE, 2017 
apud SOUSA et al., 2022). 
De acordo com o estudo de Sousa et al. (2022), tais habilidades podem ser 
desenvolvidas pelo indivíduo através de treinamentos comportamentais. Contudo, o 
Treinamento de Habilidades Sociais (THS) tem como base um conjunto de procedimentos 
comportamentais cujo objetivo é melhorar a capacidade do indivíduo nas relações sociais 
(HEIMBERG et al., 1977 apud SOUSA et al., 2022). 
Segundo o estudo realizado por Prado et al. (2022) crianças com TEA perdem grandes 
habilidades sociais por não conseguir estabelecer um vínculo com o meio social. Para Silva et 
al. (2020), o autismo é compreendido como um distúrbio global do desenvolvimento, no qual 
há o comprometimento de diversas áreas do psiquismo e do comportamento do indivíduo. 
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da 
Associação Americana de Psiquiatria – DSM-5 apud Iltchenco et al. (2022), os sinais do TEA 
surgem de forma gradual nos primeiros anos de vida marcado pelo desenvolvimento anormal 
na linguagem e interação social da criança. 
O diagnóstico por sua vez, leva em consideração a subjetividade de cada indivíduo, pois 
os sinais se apresentam de forma variada, razão pela qual se utiliza a expressão “espectro” na 
nomenclatura. O processo de avaliação da criança com suspeita de TEA deve ser realizado por 
uma equipe multidisciplinar e deve contar com avaliações qualitativas, analise dos 
comportamentos apresentados pela criança, informações coletadas através de entrevistas com 
pais/cuidadores ou responsáveis pela criança, como também a utilização de instrumentos 
validados garantindo efetividade na tarefa (ILTCHENCO et al., 2022). 
De acordo com o estudo realizado por Iltchenco et al. (2022), aprovado pelo Comitê de 
ética em Pesquisa de um hospital pediátrico do município de Porto Alegre no estado do Rio 
Grande do Sul, Brasil (parecer n° 3.766.738), um dos sinais apresentados por crianças com TEA 
diz respeito a ausência do brincar simbólico, ou seja, de utilizar objetos e acessórios com o 
intuito de “faz de conta”. Tendo em vista, os autores objetivaram descrever características 
interacionais de três crianças com suspeita de TEA, a fim de auxiliar no rastreamento precoce 
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e no plano de intervenção adequado, de acordo com as limitações apresentadas. Deste modo, 
trouxe a importância do brincar enquanto método de avaliação diagnóstica para o TEA. 
Os pacientes participantes do estudo desenvolvido por Iltchenco et al. (2022) eram todos 
do sexo masculino com faixa etária de 3 anos a 4 anos e 6 meses provenientes do serviço de 
fonoaudiologia do hospital onde o mesmo foi realizado. Utilizou-se como instrumento 
avaliativo o protocolo PROTEA-R, o qual vem sendo utilizado por diferentes especialistas, a 
fim de rastrear a presença de comportamentos inerentes ao TEA. Tal protocolo busca avaliar a 
frequência, intensidade e peculiaridade dos sintomas através de registros qualitativos. Dentre 
estes, avalia-se os aspectos presentes no brincar, como: funcionalidade, simbolismo, cognição, 
coordenação, imitação, atenção compartilhada, engajamento social e movimentos 
estereotipados. 
O estudo iniciou-se com uma entrevista de anamnese pré-estabelecida no protocolo 
PROTEA-R realizada com pais/responsáveis por crianças com TEA. A fim de observar as 
características interacionais do brincar, de acordo com os itens do protocolo, foram realizados 
dois encontros com a criança. Nestes, a mesma só contava com a companhia do pesquisador e 
de brinquedos pré-estabelecidos como instrumentos do protocolo. Os brinquedos foram 
dispostos no chão visando o brincar livre, tendo como objetivo avaliar as respostas 
comportamentais apresentadas pela criança, tais como: resposta a atenção compartilhada, de 
engajamento social, de imaginação, de contato físico e de imitação (ILTCHENCO et al., 2022). 
Em um segundo momento, objetivou-se o brincar semiestruturado. Neste, os brinquedos 
foram entregues para a criança, um a um, a fim de observar a resposta visual, tátil e auditiva da 
mesma em relação ao objeto visando avaliar a busca por ajuda, a presença de comportamentos 
atípicos, de brincadeiras exploratórias e simbólicas inerentes a interação com o brinquedo 
(ILTCHENCO et al., 2022). 
Com base nas intervenções realizadas por Iltchenco et al. (2022), observou-se que o 
paciente 1- com idade de 4 anos e 2 meses optou na maioria das vezes por um brincar isolado, 
com objetos de encaixe e com animais de estimação. Nestas interações o menino colocou os 
objetos em ordem e separou os mesmos por cores e tamanhos. Apresentou falas com presença 
de onomatopeias e palavras isoladas. Observou-se também a tentativa de formar frases, porém, 
sem sucesso. Além disto, a criança apresentou déficit no contato visual e movimentos 
estereotipados. 
O paciente 2 – com idade de 3 anos e 6 meses apresentou boa interação com o 
pesquisador e no ato de brincar foram observados comportamentos tais como: o uso de todos 
os brinquedos dispostos na sala, a busca por ajuda - convidando o avaliador para auxiliar e 
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brincar junto, a presença de simbolismo, de atenção compartilhada e a presença de 
comportamentos de apego e empatia em relação aos familiares (ILTCHENCO et al., 2022). 
O paciente 3 – com idade de 4 anos apresentou momentos de interação com o avaliador 
e comportamentos de brincar em conjunto, de explorar os brinquedos, de realizar situações 
imaginativas com os mesmos, além de empolgação com o ato. Porém, não demonstrou contato 
visual e apresentou fala ecolálica, bem como frases sem contexto (ILTCHENCO et al., 2022). 
De acordo com os resultados obtidos através do estudo, observou-sepor parte das 
autoras Iltchenco et al. (2022) que o paciente 1 apresentou um risco mais elevado para o TEA, 
através de características mais evidentes de autismo como descritas acima decorrentes do ato 
de brincar funcional. 
Ainda segundo as autoras, Iltchenco et al. (2022), embora os sinais surjam nos primeiros 
anos de vida, o diagnóstico só pode ser confirmado oficialmente após os três anos, pois é na 
infância que o cérebro está em processo de desenvolvimento e deste modo, apresenta mudanças 
em suas funções cognitivas através das experiências vividas pela criança. Devido à está 
condição, o rastreamento precoce de suspeitas de TEA e sua identificação de forma correta 
podem auxiliar no desenvolvimento infantil, uma vez que possibilita à criança um 
acompanhamento correto e programas de intervenção adequados para o TEA. 
Segundo Prado et al. (2022), são diversas as abordagens que podem ser utilizadas como 
meio de intervenção para o TEA, e estás devem levar em consideração a subjetividade de cada 
um, explorando suas capacidades e desafios de forma individual. Deste modo, os meios de 
intervenção devem ser elaborados por uma equipe multiprofissional, que vai analisar de forma 
única e individual as comorbidades e necessidades inerentes ao indivíduo com TEA. 
De acordo com o estudo realizado pelo autor citado acima, um dos principais focos 
dentro da promoção de um plano de intervenção no desenvolvimento da criança com TEA diz 
respeito aos domínios sociais que se apresentam de forma empobrecida no repertório 
comportamental de pessoas com autismo. Deste modo, é necessário que os programas de 
intervenção visem a aquisição de habilidades básicas, tais como imitação, competências sociais 
e de jogos, comunicação e expressão. Esse conjunto de habilidades junto a eficácia de sua 
aplicabilidade e aprendizagem contribuirá na adaptação geral da pessoa com TEA, auxiliando 
na interação deste com o meio social (PRADO et al., 2022). 
De acordo com Serra (2020) apud Prado et al. (2022) é de grande importância que no 
projeto de intervenção elaborado para criança com TEA seja ofertado manejo de 
comportamentos e oportunidades de aprendizagem. Para os autores, a modelagem social é uma 
das principais ferramentas capazes de possibilitar a aquisição de habilidades sociais. 
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Contudo, o brincar funcional pode ser um grande aliado na construção de habilidades 
sociais desde que seja manejado de forma correta, de acordo com a necessidade de cada 
indivíduo (PRADO et al., 2022). Segundo Moura et al. (2021), através do brincar a criança 
pode ampliar o seu contato com o mundo, enriquecendo relações sociais e individuais, já que o 
brincar possibilita vivências capazes de inserir a criança no âmbito sociocultural. 
De acordo com o estudo realizado por Moura et al. (2021), crianças com TEA são 
impactadas pela ausência do repertório comportamental inerente ao brincar. Tais impactos 
refletem no desenvolvimento infantil e em aspectos referentes a linguagem, comunicação e 
desenvolvimento de habilidades sociais. 
Segundo o DSM-5 apud Iltchenco et al. (2022), é notório observar ausência de 
brincadeiras imaginativas em crianças com TEA, como por exemplo, explorar e manipular 
brinquedos de acordo com a sua função simbólica. Além disso, há um déficit em relação as 
brincadeiras de imitação social e de interação com pares trazendo informações importantes 
acerca da compreensão de habilidades sociais, cognitivas e comunicativas de crianças autistas. 
Para Bagarollo, Ribeiro e Panhoca (2013) apud Moura et al. (2021), as dificuldades 
relacionadas ao brincar presentes em crianças com TEA não se resume apenas a causas 
biológicas – presentes nesta condição, mas também a causas comportamentais caracterizadas 
pelo déficit de repertório adquirido através do brincar, bem como, dificuldade em compartilhar 
e elaborar brincadeiras e procura pelo outro com a intenção de interagir. 
No entanto, segundo Moura et al. (2021), o ato de brincar não deve ser negado a criança 
com TEA, visto que elas também estão em processo de desenvolvimento e deste modo possuem 
condições de aprender por meio da interação com o outro. Dessa forma, a medida em que a 
criança é exposta ao ato de brincar também é exposta a estímulos capazes de desenvolver 
habilidades sociais, uma vez que através das brincadeiras é possível trabalhar estratégias que 
motivem o aprendizado da autorregulação, da empatia, de situação que demandem capacidade 
de adaptação e de comportamentos assertivos durante o contexto do brincar e da interação com 
pares. 
Neste processo, a psicoterapia surge como peça fundamental, uma vez que atua como 
mediador entre a criança e o mundo externo. De acordo com Prado et al. (2022), seguindo um 
plano de intervenção e meta com objetivos simples o terapeuta pode ensinar habilidades sociais 
através do brincar, como por exemplo, engajamento social e aquisição de comportamentos 
assertivos na interação com o outro através do jogo de memória, onde na troca de turno com o 
terapeuta, a criança pode aprender a “parar”, “esperar”, “respeitar” e além disso, desenvolver a 
comunicação expressiva através da nomeação de figuras presentes no jogo. 
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Os jogos de perseguição também atuam como meio de intervenção para aquisição de 
habilidades sociais, pois através deste a criança pode correr atrás do terapeuta estabelecendo 
uma interação ou até mesmo cair no chão e pedir ajuda para se levantar. O terapeuta também 
pode inverter os papéis e ensinar a criança através da modelação quais comportamentos ela 
poderia apresentar nesta brincadeira (PRADO et al., 2022). 
Jogos de representação também podem auxiliar na construção de habilidades sociais, 
nestes, o terapeuta pode realizar a brincadeira em conjunto ou apresentar papeis para a criança, 
que através do espelho social pode aprender com o terapeuta. Por exemplo, ao alimentar a 
boneca, dar banho e cobrir para não passar frio pode estar exercendo a habilidade de empatia 
combinada às diversas funções relacionadas ao tema do jogo, o qual de forma simples e natural 
pode ensinar habilidades indispensáveis para a competência social da criança com TEA 
(PRADO et al., 2022). 
Segundo Tavares (2019) apud Prado et al. (2022), neste quesito, o terapeuta pode 
utilizar o brincar como meio de estabelecer vínculo com a criança, a medida em que ganha sua 
confiança usando objetos de seu interesse, ou que se torne a principal companhia de jogo para 
criança. Assim, quando bem estabelecido esse vínculo mediado pelo brincar pode auxiliar no 
alcance de objetivos traçados pelo terapeuta. 
De acordo com Rogers e Dawson (2014) apud Prado et al. (2022), através do brincar 
funcional, o repertório comportamental da criança com TEA é enriquecido. Além disso, através 
das informações coletadas referentes a uma pesquisa de intervenção realizada por Pinho (2018) 
apud Moura et al. (2021), observou-se que atividades lúdicas incentivam a aquisição e 
desenvolvimento de habilidades sociais de crianças com TEA, uma vez que possibilitam a 
construção de um momento prazeroso e funcional com pares, desenvolvendo a capacidade de 
imitação e auxiliando na aquisição de um repertório simbólico. 
Para Moura et al. (2021), através do brincar a criança é capaz de manejar suas emoções; 
desenvolver empatia através da interação com o outro – de forma que ao perceber o outro 
observe que ele também é dotado de emoções; autonomia – uma vez que através do brincar a 
criança entra em contato com as escolhas, atitudes, tomadas de decisão, organização do 
ambiente, resolução de conflitos e definição de regras e estratégias para atender as demandas 
que surgirão no processo do brincar. 
Segundo Silva et al. (2020), as brincadeiras podem auxiliar também na aquisição de 
comportamentos referentes ao expressar assertivo da agressividade, manter domínio sobre a 
angustia, manejo em situações imediatas e futuras, alémde contato social, fazendo com que 
está ação atue como um meio de estimular o desenvolvimento e aprendizagem infantil. Segundo 
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Moura et al. (2021), através das brincadeiras é possível ganhar a atenção da criança e assim a 
aprendizagem pode ocorrer mediante a esta motivação. 
O estudo realizado por Silva e Jung (2020) argumenta tal informação à medida em que 
objetiva através de um estudo qualitativo de caráter exploratório compreender a influência 
lúdica de um instrumento denominado Lego serious Play no desenvolvimento de pessoas com 
TEA. Tal instrumento visa, mediante o brincar de lego, estimular a atenção compartilhada, 
resolução de problemas, comunicação, raciocínio, diálogo e principalmente habilidades sociais. 
Os autores iniciaram o estudo com questionários semiestruturados para 
pais/responsáveis maiores de 18 anos de crianças com TEA. Foram selecionados 10 
participantes e destes todos colaboraram com a pesquisa. A partir dos dados coletados nos 
questionários aplicados as autoras realizaram uma complementação com achados teóricos 
acerca da temática (SILVA; JUNG, 2020). 
Os resultados alcançados com o estudo em questão, realizado por Silva et al. (2020), 
trouxeram uma estimativa positiva e otimista em relação a convivência social de indivíduos 
com TEA inseridos nas atividades desenvolvidas com a LEGO Terapia. Deste modo, os autores 
concluíram que a atividade lúdica em si é peça fundamental no desenvolvimento integral da 
criança com TEA, pois através dela o indivíduo é capaz de expandir ideias, construir identidade, 
bem como habilidades e potenciais. 
 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O presente artigo teve como objetivo identificar a importância do brincar enquanto 
instrumento psicoterapêutico para o desenvolvimento de habilidades sociais de crianças com 
Transtorno do Espectro Autista (TEA). Dessa forma, teve seus objetivos alcançados, uma vez 
que os achados deste estudo sugerem que a brincadeira é o principal espaço para se observar 
características do desenvolvimento social da criança com TEA, bem como as habilidades 
sociais presentes na mesma. Além disso, possibilitou o levantamento de pesquisas relacionadas 
à atuação da Psicologia com crianças no TEA. 
Além do exposto, o estudo sugere que o brincar pode ser utilizado como instrumento 
para o diagnóstico precoce de TEA, uma vez que atua como mediador da criança para/com o 
mundo, trazendo a compreensão desta acerca de diversas etapas inerentes ao desenvolvimento 
infantil. Também, auxilia na construção de um plano de intervenção psicoterapêutico 
especializado para cada criança, capaz de potencializar o desenvolvimento de habilidades 
sociais, principalmente no que diz respeito a socialização, assertividade e empatia. 
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Contudo, considerando a temática, entende-se que o artigo possuí limitações, uma vez 
que analisou somente literatura em língua portuguesa e utilizou como método a revisão 
sistemática. Sendo assim, apesar do método utilizado incluir estudos relacionados à temática 
trazendo proximidade para a atuação da Psicologia neste contexto, não se refere à uma pesquisa 
aplicada, possibilitando dados para a Psicologia aplicada. 
Outra questão em evidência, é que apesar da pesquisa abranger estudos realizados nos 
últimos 5 anos, os 6 artigos selecionados para analise correspondem aos anos de 2020 a 2022 e 
em sua maioria são revisões sistemáticas. Observa-se que para Psicologia trata-se de um tema 
recente, que necessita de mais estudos e pesquisas aplicadas a partir da abordagem deste estudo, 
a fim de possibilitar maior compreensão acerca da utilização desta ferramenta como 
instrumento psicoterapêutico que busque potencializar a aquisição de habilidades sociais de 
crianças com TEA. 
Considerando a importância do lúdico na área da psicoterapia infantil, o brincar ganha 
espaço seja no estabelecimento de um vínculo terapêutico ou na construção de habilidades 
sociais de crianças com TEA. Em suma, devido alta incidência de crianças diagnosticadas com 
TEA e a busca de um tratamento psicoterapêutico que garanta melhores condições de 
socialização para as mesmas, nota-se a importância do atuar da Psicologia neste contexto, uma 
vez que, enquanto ciência pautada no compromisso social pode contribuir para mais estudos e 
mais reflexões acerca da temática, bem como na garantia de um plano de intervenção adequado 
que leve em consideração a subjetividade de cada criança, a fim de auxiliá-las nos desafios 
oriundos ao Espectro. 
 
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