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1 Disciplina 1 Comportamento do Consumidor Ivan Rizzo 2 INTRODUÇÃO “Estudo de processos envolvendo indivíduos ou grupos que selecionam, adquirem, utilizam ou dispõem de produtos, serviços, ideias ou experiências que satisfaçam as suas necessidades e desejos”. Essa é a definição de “Comportamento do Consumidor”, tema da primeira disciplina do Módulo 1 do MBA em Vendas, Marketing e Geração de Valor. A matéria é conduzida pelo professor Ivan Rizzo, graduado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mestre em Administração pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e doutorando pela Universidade de São Paulo (USP). Rizzo reúne mais de 20 anos de experiência em consultoria de marketing, estudos de viabilidade e em indústrias do entretenimento, além de ter produzido diversos artigos publicados em revistas nacionais e internacionais. O docente, além de lecionar a disciplina de Comportamento do Consumidor, conduz conteúdos das áreas de Marketing Estratégico e Branding em cursos de pós-graduação, bem como é membro de comissões da Associação Brasileira de Franchising, entre outras atividades. Inicialmente, vamos trabalhar modelos de segmentação de mercado e de clientes. Em seguida, falaremos de pesquisas de clientes potenciais, além do tópico “Ciências Comportamentais”, que aborda as emoções das experiências nas decisões de compra. Por fim, você vai aprender estratégias de vendas baseadas em gatilhos mentais. Antes de começar a leitura do conteúdo, grave esta informação: a palavra- chave do nosso estudo é processo, algo com começo, meio e fim. Do despertar da necessidade do consumidor, passando pela pesquisa até a compra em si e pós-venda, te apresentaremos todas as etapas que permeiam os comportamentos dos consumidores. Ótima leitura! 3 Aula 2 – Segmentação de Mercado e Clientes – Parte 1 Podemos definir segmentação como o ato de escolher e direcionar ações a um público específico com o intuito de comunicar e vender. Entre os objetivos, estão achar o nicho de clientes que possam fazer os seus resultados crescerem mais rápido, manter o foco do consumidor diante da prateleira infinita, que é a série de produtos disponíveis no mercado – muitos deles se tornam os seus concorrentes -, além do dilema da atenção: somos bombardeados, todos os dias, com muitas informações, de publicidades a noticiários, que aos poucos vão minando o nosso foco. Nesse contexto, a segmentação ajuda a manter a atenção do público na sua oferta. Outro benefício da segmentação de mercado e clientes é a possibilidade de facilitar o posicionamento do seu negócio na mente dos consumidores. Em um mercado em que a concorrência é enorme, o seu empreendimento precisa ter um posicionamento muito claro e que o diferencia das demais empresas. Assim, você gera autoridade diante da audiência e passa mais credibilidade e experiências positivas ao público. Outro ponto relevante: a segmentação ajuda a nortear os próximos passos de um empreendimento. Dessa forma, você poderá deixar claro, por exemplo, se quer aumentar a interação com a sua audiência ou aprofundar o relacionamento com o cliente. Não importa o tamanho da empresa. Muito menos se o empreendimento é novo ou com experiência de mercado. A segmentação sempre será um passo essencial e indispensável aos negócios que buscam sucesso. Afinal, quem fala para todo mundo não fala para ninguém. Portanto, é preciso ter claro qual cliente você quer alcançar. 4 Processo de segmentação A segmentação pode ser entendida como o processo de escolha de quais clientes a empresa irá atingir preferencialmente. E quem são esses consumidores? Os que apresentam maior probabilidade de compra e os que se mostram o público mais barato de ser impactado. O processo de segmentação se dá por meio de quatro aspectos. São eles: • Demográfico • Geográfico • Psicográfico • Comportamental Seja qual for o aspecto definido por você para segmentar o seu público, é necessário que sejam respeitados alguns crivos, considerados os fundamentos da segmentação. Uma segmentação eficiente deve ser, obrigatoriamente: 1 – Mensurável 2 – Relevante 3 – Acessível 4 – Diferenciável 5 – Acionável Antes de nos aprofundarmos nos aspectos e crivos, é importante que você reflita acerca da seguinte analogia: é mais inteligente e estratégico pescar em um barril do que pescar em um mar aberto. Um espaço segmentado proporciona muito mais assertividade em suas conversões, enquanto em uma área ampla e sem nichos, a chance de fracasso é iminente. Você está olhando o mar aberto ou focado no barril? 5 Critérios de segmentação Segmentação geográfica O aspecto geográfico é o mais utilizado pelas empresas. As corporações possuem sedes, centros de distribuição e dividem as suas equipes de vendas em regiões geográficas, alcançando, dessa forma, os públicos de cada área física. Nesse contexto, é fundamental que você observe as diferentes regiões a partir de suas necessidades, hábitos, costumes e estilos de vida específicos de cada população. A cultura e os costumes de cada região, portanto, são relevantes para a segmentação do público. A questão geográfica também otimiza o planejamento de mídia e comunicação. Os veículos de imprensa e empresas de publicidade locais ainda têm relevância nas regiões, uma vez que apresentam um bom alcance de público e porque sabem a melhor forma de comunicar para essa população, justamente por dominar os hábitos e costumes desse público. Emissoras de rádio e televisão, além de outdoors, são exemplos de mídias que podem ser aproveitadas pelos empreendimentos para comunicar de maneira segmentada e estratégica. Outros fatores também influenciam as decisões de negócio. A localização da sua empresa, por exemplo, é uma informação crucial para as definições. Qual é o estado? Fica em qual cidade? É zona rural ou urbana? Está instalada em um prédio residencial ou comercial? As respostas para essas e outras perguntas darão o direcionamento necessário para guiar os esforços das equipes de vendas. Dessa forma, elas saberão onde atuar e quais tipos de ofertas serão realizadas, conforme o público de cada região. Exemplos de segmentação geográfica 1 – Localização de loja: você pode pesquisar outras empresas que atendam públicos semelhantes ao seu. Assim, o seu empreendimento pode ser instalado em localizações próximas a essas empresas, aumentando as chances de atender clientes que correspondam ao ser perfil. Isso diminui o risco de insucesso. 2 – Planejamento de expansão: é preciso estar atento às ações de expansão 6 para determinadas regiões e de que forma elas podem beneficiar o seu empreendimento. O professor Ivan Rizzo cita como exemplo um planejamento de expansão de uma rede de restaurantes de estrada que ele atuou. Inicialmente, foi realizada uma pesquisa sobre os principais trajetos dos passageiros, bem como foram observadas as obras estruturais feitas nesses percursos. Assim, foi possível definir os locais estratégicos para a instalação das unidades do restaurante. 3 – Trabalho em campo: não se limite à análise do mapa geográfico onde você vai instalar a sua empresa ou realizar uma promoção. Rizzo também vivenciou a criação de uma campanha para divulgar uma rede de lojas de material de construção, inicialmente no Vale do Paraíba. Mas, ao chegar à região, descobriu que maioria dos trabalhadores da localidade, oriundos de grandes montadoras de automóveis, estava em férias coletivas; logo, esses clientes não estavam dispostos, no momento, a investir em grandes obras. Para salvar a campanha, Rizzo e sua equipe levaram a promoção para a região Centro-Oeste, onde o mercado estava aquecido graças ao segmento agrícola e à exportação de minérios. A ação, então, foi um sucesso, pois a clientela estava disposta a investirem grandes obras. 4 – Geolocalização: uma academia sofreu os impactos da pandemia da Covid- 19: diante da crise econômica e do isolamento social, alguns clientes deixaram de frequentar o espaço. No pós-pandemia, o empreendimento resolveu iniciar uma campanha para trazer de volta o público ausente. Como ela realizou esse trabalho? Por meio da geolocalização dos celulares dos ex-alunos, a academia conseguiu mapear quais atividades esse público estava fazendo no momento, sendo possível, inclusive, identificar se estavam em outras academias e em crossfits. Assim, foi muito mais assertivo e barato identificar e convidar os alunos que não estavam frequentando outros estabelecimentos. Hoje, os rastros digitais são dados relevantes para as empresas. Segmentação demográfica Pode ser entendida a partir de informações pessoais do consumidor, como 7 idade, estágio da vida familiar, renda, geração, tamanho da família, religião, escolaridade, ocupação, entre outras informações. Os gráficos demográficos nos ajudam a entender os atuais cenários populacionais, como no caso das pirâmides etárias, que apontam, por exemplo, uma diminuição na taxa de natalidade no Brasil, logo, a população se mostrará mais envelhecida. Porém, por que essa informação é relevante? Reflita: um educador que almeja abrir uma escola infantil enfrentará muito mais concorrência, uma vez que os gráficos indicam, com o passar do tempo, diminuição no número de crianças. Por outro lado, há aumento significativo na quantidade de idosos e da expectativa de vida, o que pode impulsionar, por exemplo, a abertura de serviços voltados à área da saúde direcionados ao bem- estar dos pacientes mais velhos. Para além da idade, um aspecto exige atenção redobrada dos empresários e profissionais do marketing: as gerações. Elas apresentam características próprias, fatores e definições que nos ajudam a nortear as nossas ações para que, dessa forma, saibamos como lidar com cada uma delas. Hoje, existem, ao todo, cinco gerações, conforme o quadro a seguir: Podemos dizer que a Geração Alpha é a mais difícil de obtermos informações por meio de pesquisas, uma vez que a maioria desse público é menor de 18 anos. São jovens que vivenciam a pandemia da Covid-19 e acompanham, até 8 agora, as mudanças impostas pela maior crise sanitária dos últimos tempos: isolamento social, retração econômica, mudanças tecnológicas e expansão do trabalho híbrido, principalmente dos seus pais que passaram a trabalhar também na própria casa. Os costumes e hábitos dessa geração podem ser observados nos shoppings, festas, visual, escolas e nas formas de consumo, como os tipos de roupas e calçados que essas pessoas utilizam. Vamos mais a fundo: O relatório “Edelman Trust Barometer 2022: A Nova Dinâmica de Influência” revelou que a Geração Z ditará o rumo da economia. Vale a leitura. Cuidado com os dados específicos do mercado Além da questão das gerações, fontes de informações e dados podem nortear as decisões e estratégias de negócio. No entanto, a checagem desses conteúdos deve ser bastante minuciosa, para que possamos extrair informações verídicas e condizentes com o mercado. Portais de notícias e sites institucionais são exemplos de canais que podem nos munir de informações acerca do mercado. Vejamos, a seguir, um quadro da Associação Brasileira de Empresas de Propaganda (Abep), sobre a divisão de classes por cidades brasileiras: Se observarmos Brasília, identificamos que 12,1% da população corresponde à classe A. Diante dessa informação, você pode, por exemplo, abrir um estabelecimento de sorvetes finos segmentando um público de alto poder https://exame.com/negocios/geracao-z-influencia-posicionamento-de-marcas-e-outras-geracoes/ 9 aquisitivo. O empreendimento prospera e, então, você decide expandir para outras cidades, na expectativa de que o sucesso se repita. Você escolhe Recife e Salvador. Implanta, nesses locais, o mesmo estabelecimento de sorvetes finos. No entanto, esquece que os dados indicam que, nessas cidades, os percentuais de pessoas na classe A são 4% e 4,4%, respectivamente, bem inferiores ao índice de Brasília. Logo, será muito mais difícil comercializar o produto, porque a realidade do público, segundo a pesquisa, é de classes sociais inferiores e com menor poder de compra. Portanto, tome muito cuidado com os dados e fontes que você utilizará como base para a tomada de decisões, assim como é necessário analisar as características e costumes de cada região. Só dessa forma será possível segmentar o público de maneira assertiva. Vivemos sob a era da informação, fato que nos proporciona acesso a fontes públicas e confiáveis. Confira, a seguir, alguns exemplos de fontes que podem te ajudar a fazer segmentação geográfica: - IBGE (POF e PNAD) - IPEA - Sebrae - Instituto Locomotiva - Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Dilema Diante de tudo que estudamos até aqui, vamos analisar a seguinte situação: imagine que seu público esteja segmentado geograficamente como Inglaterra e com o aspecto demográfico “terceira idade”. Essas informações ainda não são suficientes para você diferenciar, por exemplo, duas pessoas que são inglesas e idosas. Sendo assim, para que você consiga segmentar de forma mais aprofundada, será necessário abordar tipos de informações mais sutis, como a psicográfica e a comportamental. Esses dois aspectos veremos na próxima aula. Até lá! 10 Aula 3 – Segmentação de Mercado e Clientes – Parte 2 3 – Segmentação psicográfica Na aula anterior, compreendemos a importância da segmentação geográfica, que traz informações sobre onde as pessoas moram, quais deslocamentos fazem e onde consomem. Vimos, também, a segmentação demográfica, que apresenta informações acerca do estágio de vida, idade, gerações, costumes, hábitos e demais características que nos ajudam a direcionar as ações de negócios. A partir de agora, vamos estudar uma segmentação mais sutil: a psicográfica. De acordo com o professor Ivan Rizzo, a segmentação psicográfica analisa os traços psicológicos do indivíduo, de personalidade, a classe social, o estilo de vida, além dos valores e crenças. Sobre classe social, é importante fazermos um esclarecimento: no Brasil, atualmente, temos dois critérios dominantes: o primeiro é o da faixa salarial, enquanto o segundo é o critério “Brasil”. O critério da faixa salarial define as classes sociais das pessoas conforme a quantidade de salários-mínimos que as famílias recebem. Observe o quadro a seguir: Esse tipo de critério apresenta um problema. Imagine que um trabalhador, denominado como classe B, recebe 13 salários mínimos mensais, mas tem 13 filhos. Com esse cenário, praticamente ele vai investir um salário mínimo para criar cada filho, o que diminui, drasticamente, o poder de compra para produtos não essenciais. Classe A B C D E Salários-mínimos Acima de 20 10 a 20 4 a 10 2 a 4 Até 2 11 Por outro lado, há um profissional que recebe 10 salários mínimos e, a partir do critério da faixa salarial, é classificado como classe C. No entanto, esse trabalhador não tem filho, mora sozinho e adquire, com frequência, artigos de luxo, lazer e não essenciais, apresentando um poder de compra superior ao personagem citado anteriormente. Portanto, é evidente que o critério salarial por si só não resolve o nosso trabalho de segmentação, tendo em vista que outras situações interferem no poder de compra do público. O foco, portanto, deve estar direcionado às dores e aos problemas do consumidor que precisam ser resolvidos. É por isso que existe outro critério para a definição de classe social, que chamamos de “Brasil”. Capitaneado pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, o “Critério de Classificação Econômica Brasil” analisa a Pesquisa de Orçamento Familiar, do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística(IBGE), além de descobrir informações como o número de eletrodomésticos de uma residência, o grau de instrução do chefe da casa, se existe água encanada, entre outros detalhes. Cabe, então, a utilização de outra classificação para a definição de classe social: “Estratificação Socioeconômica e Consumo no Brasil”. Valouis: valores e estilo de vida Ainda no âmbito da segmentação psicográfica, temos o valouis, abreviação em inglês de valores e estilo de vida. Vamos a uma história contada pelo professor Ivan Rizzo: O professor trabalhava em uma empresa de entretenimento que resolveu realizar um evento de hipismo (público classe A), na cidade de São Paulo (segmentação geográfica). A equipe comercial foi às ruas prospectar patrocinadores: um deles foi uma marca do segmento náutico, que expos um stand durante a ação. Ao final do evento, o representante da empresa náutica foi questionado sobre uma possível renovação de patrocínio para a próxima edição. Ele declinou! Argumentou que pouquíssimas pessoas passaram pelo stand. O motivo? Ao analisar o perfil e a rotina de adeptos ao hipismo, o time do professor Rizzo identificou que esse público é entusiasta de corrida a cavalos, provavelmente 12 frequenta haras, acorda cedo, compra ração para os animais, solicita atendimento veterinário e, só depois, inicia a cavalgada. Após uma manhã cheia de atividades, esse adepto ao hipismo vai almoçar e não segue para programações náuticas. De fato, esse público tem tempo disponível, alto poder aquisitivo e está em uma região potencialmente interessante. Características que chamaram a atenção da empresa náutica. Porém, o estilo de vida dele é diferente. Apesar dos aspectos em comum, a pequena diferença no estilo de vida não levou os consumidores de hipismo a visitar um produto de atividades náuticas. Vejamos, agora, outra história do professor Ivan Rizo: Uma rede de fast food do segmento árabe decidiu ampliar a sua atuação, passando a permear a gastronomia italiana. Como dominava o processo, resolveu investir em um novo mercado, até porque a base alimentar era parecida: massas e trigo. A lógica de consumo também era similar. Sabe qual o prato chefe oferecido no lançamento? Coxinha! Um produto nada a ver com a gastronomia italiana. Em determinado momento, a empresa refletiu se iria retomar a proposta inicial, que era oferecer pratos italianos, ou se identificaria que estava atingindo um público diferente para começar a abraçar esses clientes e focar nos seus principais desejos. Posteriormente, a empresa mudou um pouco o portfólio de produtos, mas alterou bastante o layout das lojas. Depois disso, a quantidade de visitas não cresceu, porém, o ticket médio aumentou cerca de 23%. Mas, o que aconteceu? O consumidor que ia nas lojas apenas para consumir um lanche rápido passou a enxergar as unidades como uma oportunidade de sair com a família nos fins de semana. A marca passou a ser vista para além de um fast food, uma vez que se tornou um local de entretenimento e interação familiar. Vamos mais a fundo: dois sites trazem informações relevantes sobre comportamentos e hábitos dos públicos. O primeiro deles é o Strategic Business Insights, que apresenta informações como “o quanto você é religioso” e “que tipo de conteúdo assiste no YouTube”. Outro site disponibiliza o estudo do Mosaic Brasil. A pesquisa faz segmentações geográfica, demográfica e alguns http://www.strategicbusinessinsights.com/ http://www.strategicbusinessinsights.com/ https://www.serasaexperian.com.br/solucoes/mosaic/ https://www.serasaexperian.com.br/solucoes/mosaic/ 13 tipos de psicográfica. É importante que você acesse e faça leituras frequentes das informações disponíveis em ambos os sites. Vamos destacar, a seguir, um recorte específico do Mosaic Brasil, o dos moradores de regiões rurais brasileiras. São quase 20 milhões. Habitantes das áreas rurais - 9,38% da população total Subgrupos: Pedacinho de terra Jovens trabalhadores do agronegócio Saudade da Roça Juventude do Norte e Nordeste Rural Idosos da Agricultura Familiar do Norte e Nordeste Sertão profundo Descrição: 1 – Mais homens do que mulheres 2 – Baixa renda 3 – Vivem com família estendida 4 – Alguns participam de programas sociais governamentais 5 – Rurais 6 – Acesso restrito à educação Esse conjunto de informações nos permite uma análise mais aprofundada do dia a dia desse público, porque podemos, a partir dela, adentrar no mundo desses clientes, cujos detalhes não conhecíamos. E são os detalhes e peculiaridades que nos ajudam a gerar ótimos insights para o oferecimento de produtos. Vimos, até aqui, a importância da segmentação para o direcionamento das nossas ações, além das segmentações geográfica, demográfica e psicográfica. Na próxima aula, abordaremos a segmentação comportamental. Esperamos você! 14 Aula 4 – Segmentação de Mercado e Clientes – Parte 3 4 – Segmentação comportamental Sutis e efêmeras. Assim são, segundo o professor Ivan Rizzo, as características da segmentação comportamental. No dia a dia, somos submetidos a diversas sensações e sentimentos, do sono que insiste em nos acompanhar pela manhã, passando pela irritação ao enfrentarmos congestionamentos de trânsito no percurso ao trabalho, até as alegrias e tristezas que temos ao acompanhar um jogo de futebol do nosso time de coração. Todas elas estimulam potenciais negócios. Critérios de segmentação comportamental 1 – Ocasião de uso: existem as ocasiões normais e as especiais. As primeiras dizem respeito às atividades que já fazemos em nosso cotidiano e que demandam consumos frequentes. Já as especiais correspondem a eventos que não acontecem com frequência, a exemplo de um casamento: se você for convidado, talvez precise investir em um sapato social especificamente para a cerimônia, enquanto um tênis é o produto utilizado por você em situações normais, da sua rotina. 2 – Benefícios: correspondem às funcionalidades dos produtos que devem apresentar qualidade, serviço, economia, entre outros aspectos. O público busca praticidade para resolver problemas e dores. 3 – Estágio de aptidão: significa o nível de entendimento e domínio técnico sobre um determinando produto, assim como a sua evolução ao longo do tempo. O estágio de aptidão do consumidor pode ser inconsciente, consciente, informado, interessado, desejoso a comprar e recorrente. 4 – Atitude em relação ao serviço: nesse ponto, é possível identificar a forma como o consumidor se porta diante do seu serviço. O cliente pode estar entusiasta, positivo, indiferente, negativo e hostil. E no relacionamento com o mercado, é fundamental que você tenha, claramente, ciência de quem é o seu 15 consumidor. Diante disso, cliente sempre será aquele a quem você direciona os seus esforços de marketing e cabe a você analisar também como esse cliente tem se portado perante a sua marca. 5 – Grau de lealdade: pode ser nenhum, médio, forte e defensor da marca. Existem consumidores que entram em um estabelecimento, e compram um determinado produto sem conhecer ao menos a marca. Outros indivíduos são verdadeiros fãs de um produto, fazendo questão de elogiá-lo e divulgá-lo por onde passam. Vamos entender, na prática, como esses critérios se transformam em informações relevantes para segmentarmos o público: No lado esquerdo, você vê o índice de buscas por tratamentos para queimadura decorrente do sol, na Inglaterra. Nesse caso, o pico é sempre no meio ano, quando há uma transição do período de neve para a fase de fortes ondas solares, época em que há um pico de 35 graus. Já no lado direito, há buscas por cura para ressacas. O gráfico indica pico de demandas nos fins de semana. Nos dois casos, podemos identificar comportamentos de consumidores a partir do que eles procuram em um mecanismo de busca. E essas informações podem nos nortear para o lançamento de produtos e serviços, fazendocom que consigamos alcançar nichos mais segmentados e assertivos. 16 Outro exemplo: a GWI, empresa especializada em pesquisas, perguntou às pessoas o que motiva a decisão de viajar. Quarenta e dois por cento citaram custo e benefício, enquanto uma em cada cinco pessoas falou visitar amigos e parentes. Com base nessas informações, você pode elaborar campanhas e ações para divulgar produtos que atendam ao desejo do público pesquisado. Hoje, já podemos usar um marketing cada vez mais granular, respeitando obviamente a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Há dados públicos que podem ser utilizados para guiar o seu trabalho de segmentação, bem como você pode estimular que as pessoas te cedam as informações que você precisa, por meio de pesquisas que o seu próprio negócio pode criar para captar leads e suas respectivas informações, com a devida autorização. Vamos mais a fundo: proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural. Esse é o objetivo da LGPD. Saiba mais em um texto publicado pelo Ministério Público Federal. Estudamos, até aqui, as segmentações essenciais para que possamos comunicar com pessoas. São elas: geográfica, demográfica, psicográfica e comportamental. Concluída essa etapa, abordaremos, a partir de agora, o trabalho de segmentação voltado às empresas, que chamaremos de segmentação B2B. Segmentação B2B Em sua trajetória profissional, além de se relacionar com pessoas físicas, você poderá atuar com corporações. Nesse contexto, seu cliente final pode ser uma companhia, bem como, você pode negociar com uma empresa cujo cliente final são indivíduos físicos. A segmentação B2B – negócio vendendo para negócio - reúne fatores relevantes que devem ser considerados no momento em que você direcionará as suas ações para alcançar o público desejado. São eles: 1 – Localização: a questão geográfica indicará em qual região o empresário https://www.mpf.mp.br/servicos/lgpd/o-que-e-a-lgpd https://www.mpf.mp.br/servicos/lgpd/o-que-e-a-lgpd https://www.mpf.mp.br/servicos/lgpd/o-que-e-a-lgpd 17 investirá seus esforços e instalará a sua estrutura física, como escritório e centros de distribuição. Assim, traçará uma logística para oferecer serviços e produtos às corporações alvo da sua segmentação. 2 – Porte: é preciso definir o tamanho das empresas com o qual você trabalhará. Empresas de grande porte, por exemplo, possuem processos mais burocráticos e tradicionais, diferente das de menor porte, que são mais flexíveis em suas atividades. 3 – Setor: outro tipo de segmentação leva em consideração a escolha de um setor específico. O empreendedor pode optar, por exemplo, por atuar apenas com a higienização de hospitais, definindo, dessa forma, um nicho de mercado que seguirá regras e demandas bem específicas. 4 – Quantia de funcionários: você pode estabelecer que vai trabalhar com empresas que possuam um determinado número de funcionários. Vale lembrar que muitas corporações têm seus portes definidos conforme a quantidade de colaboradores e o faturamento anual. 5 – Quantidade de filiais e franquias: um fator que pode ser levado em consideração, na hora de você negociar com uma empresa, é o número de filiais e franquias que ela possui. Por exemplo, você pode ter estabelecido como regra que apenas fará negociações com marcas que reúnam, no mínimo, mil funcionários. Tudo dependerá do mercado pretendido. 6 – Capital social: é definido como o valor financeiro investido por cada um dos sócios para a abertura de um empreendimento. Esse investimento pode acontecer por meio de bens financeiros, materiais ou imateriais. Portanto, você pode escolher um valor médio referente a um capital social como critério para definir com quais companhias atuará em conjunto. 7 – Faturamento: além dos critérios vistos até aqui, um aspecto que também pode ser levado em consideração é o faturamento das empresas que estão no seu radar de negociação. Nesse contexto, você também consegue estabelecer uma média de faturamento como critério para guiar as suas decisões de negócios. 18 Vamos, agora, refletir: qual a melhor segmentação para o seu negócio? Essa resposta só você, com base na sua experiência, vai poder revelar. O que definirá a sua segmentação são as dores do público que você almeja sanar. “A segmentação é uma decisão relevante para atingir determinados públicos de maneira eficiente”, reforça o professor Ivan Rizzo. Vamos praticar em um exercício: Imagine que você é dono de uma empresa de maquininhas de transações financeiras. Ao todo, há cinco supervisores comerciais que precisam ir a campo para atender estabelecimentos comerciais da área da alimentação. A pergunta é: como dividir a prospecção de mercado de forma justa, igualitária e que dê o mesmo tipo de oportunidade a todas as equipes comerciais? Vamos à solução proposta: devemos criar um diagrama em que, no eixo “X”, que deve ficar na horizontal, a gente indique o grau de transformação ofertado pelos estabelecimentos comerciais: Baixo – abaixo de 20% de transformação Médio – entre 20% e 80% de transformação Alto – acima de 80% de transformação Já no eixo “Y”, que deve ficar na vertical, indicaremos o grau de solução oferecida: Completa – pacote completo de serviços e de produtos, assessoria financeira, adiantamento de crédito, entre outros benefícios. Média – alguns serviços adicionais para parte específica do portfólio. Baixa: portfólio básico, sem serviços adicionais. A seguir, você confere algumas classificações relacionadas aos estabelecimentos alimentícios com os quais a sua empresa atuará: 19 Antes de continuarmos, observe o seguinte sobre o grau de transformação dos comércios: uma padaria transforma a massa bruta em pães, salgados e muitos outros produtos oriundos de um processo de fabricação. Já uma quitanda popular de um bairro apenas revende produtos já prontos para o uso. Ou seja, o nível de transformação da padaria é superior ao de uma quitanda, além de sofrer mais exigências burocráticas e fiscalizatórias para o seu funcionamento, como as normas da vigilância sanitária que são mais rígidas e complexas para uma padaria do que para uma simples quitanda. Voltemos, então, para a tabela a seguir, que já apresenta a distribuição dos eixos X e Y: Ao observar a atuação dos estabelecimentos e suas respectivas classificações, você precisa medir o nível de transformação de cada um (eixo horizontal) e definir o grau da solução que irá oferecer. O professor Ivan Rizzo traz como exemplo um restaurante: apresenta nível alto de transformação, uma vez que, durante a sua operação, transforma ingredientes brutos em pratos de comida deliciosos. Por outro lado, a solução a ser oferecida a um restaurante pode ser média, tendo em vista que além da transação básica de pagamentos das contas em débito ou crédito, será necessário, no máximo, acompanhar as gorjetas pagas aos garçons. A sua tarefa é justamente analisar os estabelecimentos e suas respectivas 20 classificações e preencher a tabela levando em consideração os níveis de transformação e de solução necessária. E, como existem mais estabelecimentos do que os cinco supervisores comerciais que irão a campo prospectar clientes, você pode reagrupá-los por similaridade. Na prática, os grupos serão divididos em segmentos mais comuns e com características parecidas, fazendo com que todos os clientes sejam atendidos. Aula 4 – Pesquisas Qualitativas Nas últimas aulas, entendemos a importância da segmentação de clientes e de mercado para o direcionamento das ações de marketing e comunicação das empresas e dos profissionais. Aprendemos que há divisões de cunhos geográficos, demográficos, psicográficos e comportamental. Agora, porém, é momento de aprendermos a levantar as informações e dados que precisamos paraguiar as ações da nossa empresa diante do público consumidor. Inicialmente, compreenda que a escolha do tipo da pesquisa vai depender de diversos fatores, entre eles estão quais são os objetivos, o tipo de informação pretendida, a origem do público-alvo, além do prazo para o trabalho e do orçamento disponível para a execução dos estudos. Dito isso, vamos à definição do que é pesquisa qualitativa, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae): “A pesquisa qualitativa é usada para conhecer a percepção dos clientes sem quantificá-los. Nesse caso, o interesse está nas avaliações subjetivas e normalmente visa identificar as percepções humanas sobre produtos, serviços e empresas, a fim de apontar comportamentos e tendências”. Seu foco é qualificar a informação, levando em consideração a base de clientes disponível ou de ex-clientes. A pesquisa quantitativa, por outro lado, tem o intuito de mensurar – por meio de números e estatísticas - determinadas intenções e o potencial de mercado de um segmento. Vamos imaginar a seguinte situação: você é responsável por um spa e precisa calcular a média de quilos que os seus clientes perderam ao longo de um ano. 21 Ao realizar as entrevistas e finalizar os cálculos, é possível chegar à média quantificada que não apresenta diferenças gigantescas. Portanto, houve, nesse caso, uma pesquisa quantitativa. Entretanto, uma pequena parcela de clientes revela que perdeu muito mais quilos que os demais. São resultados que chamamos de discrepantes. E para entendermos por que há essa diferença anormal, pode ser realizada uma pesquisa qualitativa. Apenas com os clientes que apresentaram resultados discrepantes, você pode promover uma entrevista para identificar o que os fizeram perder bem mais peso do que os demais. É possível descobrir, por exemplo, que além das atividades do spa e das dietas, um determinado cliente fez sessões de remo que contribuíram para o resultado. Diante dessas análises, o spa poderá ofertar aos consumidores, no próximo ano, um método que apresenta a promessa de uma perda média de peso resultante da pesquisa quantitativa. Já como complemento, poderão ser oferecidas atividades extras, a exemplo de aulas de remo – diferencial identificado na pesquisa qualitativa -, para potencializar os resultados referentes à eliminação de quilos. Exemplos de pesquisas qualitativas Observe a seguinte frase: “Todo empreendedor brasileiro é selfmade man. Afinal, Thiago Nigro, Flavio Augusto, Geraldo Rufino, Silvio Santos, entre outros, foram. Mas, e o Jorge Paulo Lemann, Eduardo Saverin e Gustavo Caetano? A pesquisa qualitativa tem o papel de investigar e buscar informações que vão além da questão estatística. No caso da frase acima, chegamos à conclusão de que existem empreendedores que conseguimos qualificar como bem-sucedidos pelo próprio esforço, porém, não é possível generalizarmos para todos os empreendedores. Portanto, não podemos fazer generalizações a partir de casos isolados. É 22 necessário testarmos e investigarmos as informações para que, só depois, a gente chegue a conclusões. Exemplos de pesquisas quantitativas - “O Brasil forma 11 mil dentistas por ano”. (Fonte: IBGE). - “Brasileiros lideram a lista de estrangeiros jogando futebol na Europa, com 468 atletas atuando em 31 campeonatos nacionais”. (Fonte: Fifa/CIES). - “A taxa global de alfabetização para todas as pessoas maiores de 15 anos é de 84,1%”. (Fonte: CIA World Factbook”). Vamos utilizar a primeira frase para uma análise rápida: “O Brasil forma 11 mil dentistas por ano”. Nós sabemos o que é “Brasil” (informação geográfica”, entendemos o significado de formar (formação profissional em uma determinada área”, identificamos em “11 mil dentistas” o quantitativo de graduados que entra no mercado, e a expressão “por ano” indica o período que isso acontece. Logo, percebemos que toda a construção da pesquisa indica um resultado concreto, palpável e sem subjetividade. Todos os dados citados nos exemplos de pesquisa quantitativa podem ser medidos e mensurados, justamente por serem concretos. Eles, por si só, já trazem uma informação. Além disso, atente para a fonte dos dados: é necessário verificar a veracidade, o período em que as informações foram colhidas e a área em que atuam as instituições. Em resumo, devemos entender a seguinte diferenciação: Pesquisa qualitativa: busca validar uma ideia e considera a subjetividade dos respondentes. Pesquisa quantitativa: busca quantificar e trabalhar com previsão atrelada à precisão. 23 Tipos de pesquisas qualitativas Netnografia: é o comportamento das pessoas no ambiente on-line. O termo nasce da etnografia, a ciência antropológica que estuda culturas e povos tradicionais, entendendo, dessa forma, como essas comunidades vivem, no que elas creem e de forma se organizam. Baseado na essência etnográfica, o pesquisador Robert V. Kozinets criou a netnografia, com o objetivo de investigar o comportamento dos consumidores na internet. Quando analisamos o comportamento do público na internet, identificamos os tipos de conteúdos que as pessoas postam, quais páginas e assuntos elas seguem e têm interesse, se elas falam individualmente ou representam grupos. Além disso, podemos identificar se um indivíduo fala de um produto ou serviço em tom de expectativa ou como autoridade – quando ele utiliza o produto ou serviço e expõe a sua opinião nas redes sociais -. Há um fato curioso sobre a netnografia: segundo o professor Ivan Rizzo, ela foi criada por Kozinets para estudar os fãs de Star Wars: o que eles postavam sobre o assunto, quando viram a série de filmes pela primeira vez, quais cenas foram as mais marcantes, entre outras informações consideradas rastros digitais publicados pelos próprios fãs na grande rede. Esse método, inclusive, é utilizado por grandes empresas, a exemplo da Coca-Cola, Amazon e Google. Entrevista: ela serve, como toda pesquisa qualitativa, para explorar situações em que a empresa não conhecia, medindo a intenção das pessoas, além de injetar qualidades e características em informações que elas não apresentavam originalmente. Neste caso, é fundamental ouvir as próprias palavras dos entrevistados, identificando as dores e objeções que eles possuem em relação a algum tipo de transação. Por exemplo, é possível identificar por que um cliente não consegue adquirir um carro neste momento; pode ser um problema de falta de recursos ou dificuldade de acesso a crédito bancário. Mas, isso só será descoberto após uma entrevista muito bem conduzida. Tipos de estruturas de entrevista Temos, ao todo, três tipos de estruturas de entrevistas. A primeira é chamada 24 de “Roteiro totalmente estruturado”, que é utilizado quando buscamos respostas sem divergências. É quase um questionário de múltiplas escolhas, de tão rígida que é. Um exemplo claro é a entrevista realizada em debates políticos, onde é feita a mesma pergunta para vários candidatos. Assim, a temática é a mesma para todos eles e cada um precisa elaborar a sua respectiva resposta. O mais utilizado, porém, é o “Roteiro semiestruturado”. Nele, existem tópicos que você deseja que sejam abordados, e não necessariamente na ordem. Eles são aplicados em um ambiente natural, onde o entrevistado se sinta à vontade. O professor Ivan Rizzo exemplifica o roteiro semiestruturado em um trabalho acadêmico realizado por ele com motoristas de aplicativo. O objetivo do projeto é identificar como o clima impacta na rotina e no trabalho dos condutores. Em formato de tópicos, o trabalho faz as seguintes perguntas: - Você tem outra ocupação além de motorista? - Qual app de viagem utiliza? - Trabalha em horário fixo (dia/noite)? - Prefere trabalhar em dia de calor ou chuva? - Qual o motivo desta preferência? - Como isso afeta o seu planejamento? - Você acessa a previsãodo tempo por onde? Uma técnica desse tipo de entrevista é não perguntar o porquê das respostas. Segundo Rizzo, quando questionamos o motivo, o entrevistado tenta justificar e acha que respondeu de maneira equivocada. E quais foram os resultados da pesquisa? Todos os motoristas têm uma preferência, ou seja, não ficam “em cima do muro”. Os condutores que são a favor da chuva justificam com o fato de que as corridas se tornam mais longas e, consequentemente, o preço “dinâmico” se torna maior. Já os que são contra argumentam que o trânsito fica lento, 25 tomado por congestionamento, resultando, posteriormente, em tempo parado devido à necessidade limpeza ou manutenção dos carros. No que diz respeito aos motoristas a favor do calor, eles explicam que as pessoas ficam com preguiça de andar a pé; elas, então, passam a solicitar mais corridas de aplicativo. Sobre os que são contra, eles justificam que, diante dos fortes raios, até o “olho dói”. A pesquisa ainda revelou outras conclusões: - Apesar de haver uma preferência clara, o clima não afeta o planejamento dos motoristas. - Os condutores preferem focar em suas metas. - As missões compensam. Podemos, então, apresentar a seguinte conclusão: a tecnologia do app de viagem é dominante sobre qualquer outra agenda. Todas essas informações só foram levantadas graças à sistemização por meio de um roteiro semiestruturado. Por fim, existe a entrevista desestruturada. São conversas não organizadas, que acontecem sem o mínimo de planejamento. Nela, existem inúmeras respostas divergentes, porque toda comunicação é feita de forma aleatória. Focus Group: nesse tipo de entrevista qualitativa, o objetivo é descobrir, dentro de um grupo, novas possibilidades de aplicação de produtos e serviços. Observe a imagem a seguir: 26 Um mediador se reúne em uma mesa com consumidores a serem entrevistados. Por trás de um espelho, há toda equipe da empresa que busca as respostas desses clientes. E é essa equipe que vai enviando perguntas ao mediador, para que, pouco a pouco, o máximo de informações possa ser extraído. O Focus Group pode reunir de seis a dez pessoas. Mais do que isso, a comunicação vira ruído e, por consequência, a apuração de informações não terá êxito. Vale lembrar que esse tipo de entrevista qualitativa é caro, mas, por outro lado, apresenta um detalhamento maior de informações que podem acabar validando o seu produto ou serviço. Painéis de consumo: são agrupamentos de pessoas com características em comum, como universitários, aposentados, migrantes ou servidores públicos federais, que apresentam padrões de comportamento. Nesse cenário, é possível “clusterizar” clientes, identificar padrões comportamentais, compreender mercados de difícil acesso, como, por exemplo, “Em que hora do dia você consome iogurte?”. Nos painéis, diferente do Focus Group, que reúne pessoas aleatórias, os grupos já são formados com perfis e características semelhantes. Aula 6 – Pesquisas Quantitativas Depois de abordarmos os tipos de entrevistas qualitativas, que levam em consideração aspectos comportamentais e subjetivos que vão além das estatísticas, chegou o momento de entendermos as características da pesquisa quantitativa. Vamos à definição. De acordo com Aliaga M. e Gunderson B (2002), a pesquisa quantitativa busca a explicação de fenômenos “por meio da coleta de dados numéricos que serão analisados através de métodos matemáticos (em particular, os estatísticos)”. A partir dessa definição, notamos, claramente, que esse tipo de levantamento procura uma precisão dos resultados, evitando, dessa forma, equívocos e erros de interpretação na análise de dados. Antes de prosseguirmos, é fundamental que você entenda a diferença dos 27 dados primários para os dados secundários. No primeiro caso, são informações coletadas pela primeira vez, a partir de uma demanda passada para o pesquisador. Os secundários já estão disponíveis no mercado, fruto de levantamentos de empresas e instituições especializadas em pesquisas, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Vamos mais a fundo: O site Rock Content, especializado em comunicação e marketing digital, publicou, em seu blog, as definições, características e importância dos dados primários e secundários para as ações estratégicas das marcas para o relacionamento com o público e com o mercado. Vale a leitura. É preciso tomar cuidado com o levantamento dos dados primários. Você mediu a margem de erro? Analisou o nível de significância da mostra? Os dados correspondem a um cenário real? Todos esses pontos exigem a sua atenção, uma vez que erros no processo de apuração podem causar sérios problemas para a sua tomada de decisões. Características das pesquisas quantitativas Como adiantamos na nossa leitura, a pesquisa quantitativa pode contar com dados primários coletados pelo próprio pesquisador, sendo necessária atenção total ao tamanho da mostra, ao nível de confiança e à margem de erro aceitável. Também existem, por outro lado, os dados secundários, já disponibilizados no mercado. São oriundos de fontes renomadas e credenciadas, a exemplo da Organização das Nações Unidas (ONU) e do IBGE. Redobre a atenção quanto às fontes, porque, dependendo do seu segmento de mercado, é mais indicado utilizar dados de instituições com atuação e experiência em áreas iguais ou, pelo menos, semelhantes à sua. Dessa forma, as informações coletadas serão condizentes com a realidade do seu mercado. https://rockcontent.com/br/blog/dados-primarios-e-dados-secundarios-de-marketing/ 28 Tipos de pesquisas quantitativas Regressão: é a correlação de uma variável com outra de forma que você consiga desenhar uma tendência. Um exemplo bem comum é “temperatura e venda de protetor solar”. Quanto mais quente a temperatura em decorrência do sol, maior será a comercialização de protetor solar. Ou seja, ocorreu uma regressão positiva, pois fenômeno e mercado apresentaram crescimento. Pode ocorrer também, no entanto, uma correlação negativa. Ela acontece, por exemplo, quando há aumento de temperatura ocasionando diminuição na comercialização de edredons, tendo em vista que, durante o período de calor, as pessoas sentem menos frio, logo não precisam de cobertor. É uma regressão negativa justamente porque houve aumento no fenômeno, mas foi registrada queda no mercado de edredons. Diante das tendências identificadas nas correlações, é possível definir uma projeção de vendas, assim como, uma marca poderá se preparar para períodos de baixa demanda. Também é importante dominar o seguinte raciocínio: os pontos podem caminhar juntos, sem sentidos opostos ou desproporcionalmente juntos. Essa leitura é fundamental na hora que você estiver montando o seu planejamento, vendendo ou faturando. Classificação: o segundo tipo de pesquisa quantitativa é o que classifica os dados. Essa classificação se dá, normalmente, em dados discretos, considerados um range, com início e fim. Exemplo: pessoas que ganham de dois a cinco salários-mínimos. Então, teremos um range inferior a dois salários mínimos ou 29 um range superior a cinco salários mínimos. E todo mundo que está nesses grupos (dentro de um range) são submetidos a políticas públicas ou ações comerciais baseadas em faixas de renda. Esse tipo de análise pode ser feito em outras esferas, tais como grau de escolaridade, orçamento de viagem e valor de carro. A classificação, na prática, prediz dados não ordenados, enquanto a regressão prevê dados ordenados. Esses são, portanto, os dois tipos de pesquisa quantitativa que devemos trabalhar em nossos projetos. Aula 7 – Processo de Decisão do Consumidor – Parte 1 Nas últimas aulas, estudamos o quão é importante a segmentação de mercado e clientes, assim como é fundamental o trabalho de pesquisas para levantarmosdados sobre consumidores e mercado. A partir de agora, estudaremos o que se passa na mente do consumidor durante o processo decisório de compra e na fase comportamental pós-consumo. A obra “A Sociedade do Consumo”, de autoria do estudioso Jean Baudrillard (1981), expõe uma análise aprofundada das características da sociedade atual. Além de Baudrillard, pensadores como Zygmund Bauman, Mike Featherstone e Gilles Lipovetsky defendem que a sociedade pós-moderna é considerada a sociedade do consumo. Sob essa ótica, a automatização do sistema de produção transforma o homem em um consumidor e a própria humanidade cria espaços que fomentam o consumo, que passa a ser, claramente, um exercício padrão moldado a partir das relações sociais. “O consumo surge como modo ativo de relação, como modo de atividade sistemática e de resposta global, que serve de base a todo nosso sistema cultural”, diz Jean Baudrillard. 30 Reconhecimento do problema Antes de tudo, precisamos entender que, primeiro, consumimos por razões utilitárias. Bebemos água porque precisamos de hidratação, bem como usamos roupas para nos protegermos do frio, por exemplo. Para além das razões utilitárias, nós consumimos, pois queremos adentrar e nos sentirmos pertencentes a determinados grupos e para termos sensações de felicidade. Compramos, por exemplo, roupas de uma marca específica para sermos bem-vistos e aceitos em tribos sociais. Dito isso, vamos acompanhar o ensinamento do professor Ivan Rizzo: as razões utilitárias reúnem atributos ou benefícios objetivos e funcionais de um produto ou serviço. Em contraponto, as razões hedônicas apresentam aspectos multissensoriais, emotivos e de fantasia da utilização de um produto ou serviço. Para cada tipo de consumo, existem argumentos diferentes. Enquanto nas razões utilitárias é vendido o preço, nas razões hedônicas são vendidos valor e experiência. Alguns exemplos de argumentos: Razões utilitárias • Comunicação • Busca de informações • Conveniência • Fatores econômicos Razões hedônicas • Divertimento • Passa tempo • Ralaxamento • Conviver com amigos • Participar de comunidades 31 Formas de ver o comportamento do consumidor No processo de observação e análise do mercado, é possível enxergarmos as maneiras de vermos o comportamento consumidor. Vejamos a seguir: Homo economicus -> busca da decisão ótima: nesse caso, o indivíduo tem duas ou mais opções de compra. No fim das contas, ele escolhe a que, teoricamente, apresenta mais vantagens para ele e se mostra mais barata. O problema é que, nem sempre, esse consumidor tem à disposição bases de comparação. Abordagem psicodinâmica -> respostas a forças instintivas: se você frequentou um shopping e sentiu o cheiro de uma loja de panetone de chocolate, você respondeu a forças instintivas. Isso pode acontecer também quando o cliente é atraído para uma loja, por exemplo, ao sentir um cheiro delicioso de um perfume. Nessa forma de ver o comportamento do consumidor, existe um problema: a dificuldade de mensurar essas ações de forças instintivas. Sabemos que influenciam na decisão de compra, mas o quanto, ainda é uma informação não concreta. Abordagem comportamental -> tudo (ações, pensamentos, sensações...) pode ser considerado “comportamento”: parte do pressuposto que tudo o que fazemos pode ser considerado como comportamento. Essa é uma abordagem que, no decorrer deste texto, acompanharemos de maneira mais profunda. Abordagem cognitiva -> indivíduo é uma caixa de processamento (SOR): neste caso, ocorre um estímulo, temos um impacto no organismo que, por fim, gera uma reposta. Abordagem humanista -> vontade = comportamento versus intenção: aqui, a vontade nasce de uma diferença entre o que é comportamento e o que é a intenção. Como assim? Se você já começou um regime em uma segunda-feira, sabe que a intenção é bem diferente do comportamento. Nesse sentido, você sabe que alimentação saudável é importante, que precisa emagrecer, porém, não resiste a um sorvete 32 delicioso. Contudo, é notório que há uma discrepância entre o que as pessoas afirmam que vão fazer e o que realmente elas fazem. Neste estudo, o nosso foco será na abordagem comportamental. No seu dia a dia, porém, é provável que você tenha contato com todos esses pontos. Compare alternativas como consumidor, mas também como fornecedor de soluções para os seus consumidores. A todo tempo, buscamos maximizar a utilidade do nosso dinheiro, conforto psicológico, bem como somos submetidos a estímulos, por isso, essas abordagens se misturam no cotidiano. Foco na abordagem comportamental A abordagem comportamental entende o ciclo do comportamento do consumidor por meio de seis etapas. Observe o esquema a seguir: 1 – Reconhecimento do problema 2 – Busca de informações 3 – Processamento de informações 4 – Avaliações das alternativas 5 – Compra 6 – Consumo e avaliação pós-consumo Reconhecimento do problema No esquema, podemos analisar que existem influências ambientais que nos estimulam a reconhecer um problema, necessidade ou dor que nos leva a 33 consumir um determinado produto ou serviço. Elas possuem relação com fatores como cultura, classe social, influências pessoais, família e situação econômica. Também existem as diferenças individuais que atuam como estimulantes ao consumo, por meio de aspectos como recursos do consumidor, motivação e envolvimento, conhecimento, atitudes, personalidade, valores, estilo de vida, além de outros aspectos. A nossa memória também nos impulsiona a comprar algo. Ela nos lembra, por exemplo, que precisamos de uma camisa para nos protegermos do frio. Aula 8 – Processo de Decisão do Consumidor – Parte 2 Busca de informações O esquema funciona da seguinte maneira: a pessoa reconhece uma necessidade, sofre influências ambientais, como a cultura e de que forma os grupos sociais as aceitam, em seguida, faz uma busca interna na memória para tentar identificar experiências que as ajudem na tomada de decisão, assim como realiza buscas externas para obter informações que também as ajudem na decisão de consumo. 34 É importante que você tenha a ciência de que o consumidor não toma a decisão milésimos de segundos antes da compra e nem forma opinião exatamente antes de decidir. Às vezes, leva alguns meses até que ele decida. Alguns estudos mostram que, antes de optarem por uma viagem, os clientes passam cerca de seis meses refletindo. No caso de automóveis, o tempo de reflexão pode chegar a um ano. Para que o ciclo de compra do consumidor ficasse mais claro, pesquisadores do Google criaram uma metodologia batizada de ZMOT (Zero Momento of Truth). Observe o esquema a seguir: O objetivo da metodologia é entender o ciclo de compra do consumidor, como ele se forma e como é possível ganharmos oportunidades durante as etapas. Então, existe um estímulo, depois ocorre o instante “Zero”, ou seja, o primeiro momento da verdade (prateleira) e, no segundo momento da verdade, o cliente consome o produto ou serviço de fato (experiência). No entanto, em um estudo realizado em 2011, os pesquisadores do Google perceberam que, entre o estímulo e o segundo momento da verdade, existe o ZMOT. É justamente nessa etapa que as pessoas começam a buscar informações e passam a entender se, de fato, elas vão precisar daquilo e se vão se satisfazer com a primeira alternativa que pensaram. Elas fazem isso via respostas a estímulos, anúncios de publicidade, visitando lojas e vendo depoimentos de outros consumidores. 35 A partir do método e de suas respectivas conclusões, os pesquisadores do Google sugeriram quatro mecanismos para conquistar os consumidores ZMOT. São eles: • Bom posicionamento nos mecanismos de busca • Facilitar a comparação com alternativas• Boas avaliações on-line • Facilitar degustação por meio de cupons, descontos e promoções. Vamos refletir, então, sobre um ponto importante: se a partir dos mecanismos de pesquisas, a gente consegue precisar que a compra em si só acontecerá em seis meses, é válido continuar divulgando anúncios e publicidades antes da aquisição? Talvez, seria mais inteligente anunciar apenas no período previsto para a conversão? Se você pensar dessa forma, cometerá um erro. Caso apareça ao público apenas no momento da compra, a sua marca poderá ser classificada como “desconhecida” dos clientes. Vimos, até aqui, que durante o processo de decisão de compra dos consumidores, existe a etapa do reconhecimento do problema e da necessidade, além do momento de buscas de informações que influenciarão tão decisão. Veremos agora, então, como se dá o processamento de informações. 36 Processamento de informações De acordo com o professor Ivan Rizzo, o processamento de informações acontece a partir de dois estímulos: os oriundos dos profissionais de marketing e de outros estimuladores, como as redes sociais e recomendações de influenciadores. E isso ocorre em cinco etapas, conforme o esquema a seguir: Exposição: informação e comunicação persuasiva devem atingir os consumidores onde eles estejam. Atenção: mensagem recebida e seu código são relevantes. Aqui, o objetivo é garantir que o conteúdo seja relevante para o público. Diante da gigantesca quantidade de informações que recebemos diariamente, a falta de atenção é um problema frequente envolto por três arenas de disputas: 1 – Física: um adulto fica concentrado, em média, por oito segundos. 2 – Virtual: concorrência com telas, excesso de estímulos, entre outros aspectos. 3 – Ciberespaço: novas formas de interação que tomam o nosso tempo, a exemplo do Metaverso. Compreensão: comparação com outras categorias representadas na memória dos consumidores. Portanto, a sua empresa precisa estar bem posicionada para proporcionar ótimas referências na memória do consumidor. Aceitação: o foco é modificar ou alterar crenças e atitudes vigentes. Aqui, o objetivo é quebrar objeções. Havendo rejeição e recusa do seu produto ou serviço, você vai procurar melhorias para que a conversão ocorra em uma próxima oportunidade. 37 Retenção: a informação foi aceita e armazenada, permitindo acesso no futuro. Agora, um alerta: é muito difícil modificar a informação armazenada na mente do consumidor, portanto, é preciso, antes da retenção, fazer um trabalho inteligente e estratégico para que a experiência e posicionamento do seu produto sejam positivos no público. Depois de entendermos as cinco etapas do processamento de informações, vejamos, a seguir, como fica o esquema completo: Agora que já sabemos realizar o processamento das informações, podemos migrar para a próxima etapa: as avaliações das alternativas. Até a próxima aula! Aula 9 – Processo de Decisão do Consumidor – Parte 3 No ciclo de comportamento de consumidor, vimos, até aqui, a etapa do reconhecimento do problema, a buca por informações, o processamento de informações e, agora, veremos como o consumidor avalia as alternativas. Avaliação das alternativas O consumidor, durante a sua jornada, faz alguns questionamentos. São eles: 1 – A compra deve ser feita ou não? 2 – Quando? 3 – Que tipo de produto? Que marca? 5 – Em qual tipo de loja? E em qual loja? 38 6 – Como pagar? No papel de empresa, você precisa analisar todas essas perguntas e realizar um checklist. Se não marcar todas elas, é sinal de que é necessário mudar as suas estratégias de marketing, tendo em vista que você precisa criar comunicações que possam impulsionar o consumidor a solucionar todas essas questões, os aproximando, dessa forma, da concretização da compra. Compra Dando continuidade ao ciclo de comportamento do consumidor, após passarmos pelo reconhecimento do problema, pela busca de informações, processamento de informações e avaliação das alternativas, enfim, vamos abordar o principal objetivo das empresas: a compra. Vamos observar os resultados da pesquisa a seguir, realizada pela Opinion Box: As principais razões pelas quais os clientes não compram são: 1 – Frete considerado caro 2 – Prazo de entrega demorado 3 – Usabilidade ruim da plataforma de venda 4 – Incerteza sobre se vai precisar do produto Todas essas razões são fontes de informações para a sua empresa. A partir delas, você pode abordar o cliente e questionar por qual motivo ele não finalizou a aquisição; com a resposta captada, abre-se um leque de possibilidades de remarketing para que você consiga quebrar todas as objeções existentes e converter o caso em venda. UX e CX: viva à experiência do cliente! Mais que um diferencial, a experiência bem-sucedida é um pilar da atuação das empresas no relacionamento com o consumidor. Vivemos uma era mercadológica em que o cliente é o centro das atenções; portanto, as marcas precisam proporcionar uma jornada marcante, do primeiro contato ao pós- venda. 39 Dois conceitos ditam as estratégias de relacionamento com o público: Customer Experience (CX) e User Experience (UX). O primeiro caso aborda toda comunicação, interação, atendimento e excelência que uma marca proporciona para o consumidor até o momento da compra. Esse conjunto de boas ações pode gerar percepções muito positivas do cliente para com a marca, tornando uma experiência memorável no sentido positivo. Já o UX permeia a forma como o consumidor vai interagir no pós-compra, mais precisamente durante a usabilidade do produto ou serviço. A experiência deve ser intuitiva, agradável e acessível, independente se ocorre no universo físico ou no meio digital. Vamos mais a fundo: A Opinion Box publicou, em seu blog, um artigo que explica, detalhadamente, a importância do CX e do UX para a valorização da experiência do consumidor. Confira o conteúdo e se aprofunde na temática. Vejamos, agora, como o esquema do ciclo de comportamento do consumidor fica mais robusto, uma vez que acrescentamos mais informações, incluindo os acontecimentos oriundos do pós-venda: No contexto da satisfação, a maneira mais viável de entendermos o assunto é analisando a balança a seguir: https://blog.opinionbox.com/diferenca-entre-ux-e-cx/ https://blog.opinionbox.com/diferenca-entre-ux-e-cx/ 40 A lógica é bem simples: se você cria uma grande expectativa por um produto e, ao consumi-lo, acontece uma desconformidade, a sua satisfação vai para baixo. Por outro lado, se a sua expectativa for atendida e até mesmo superada, o nível de satisfação é alavancado. Esse tipo de balança é muito relevante, principalmente, para quem trabalha com serviços. Consumo e avaliação pós-consumo No que diz respeito ao pós-consumo, percebemos o surgimento da necessidade que é aquilo que fazemos após consumirmos algo. O objetivo aqui é dar utilidade a objetos vinculados aos produtos adquiridos, como marcas de bebidas alcoólicas e refrigerantes que trabalham com garrafas retornáveis, assim como empresas de água mineral que oferecem copos não descartáveis e que podem ser utilizados novamente. Álbum de figurinhas da Copa do Mundo é outro exemplo: mesmo após a compra, você pode ir a um evento de trocas de figurinhas que reúne outros usuários, gerando, dessa forma, uma atividade pós-compra. Outros itens de pós-consumo são os produtos por assinatura, a exemplo de plataformas de streaming, serviços de limpeza por demanda, recompra garantida de carros, entre outros, além de Upsell e Cross Sell. Vamos mais a fundo: artigo publicado no site “Resultados Digitais” traz os conceitos e aplicações de Upsell e Cross Sell. Vale a leitura. https://resultadosdigitais.com.br/vendas/cross-selling-up-selling/ 41 Aula 10 – Compreensão do InconscienteNem todas as decisões que tomamos são racionais. Portanto, as decisões dos consumidores podem parecer irracionais e inconscientes. Nesta aula, inciaremos o estudo da compreensão do insconsciente, cujo entendimento é conceituado assim: é a compreensão do efeito de estímulos externos de forma inconsciente nas decisões das pessoas, por meio de cheiros, sons, interações com outros indvíduos, emoções, entre outras possibilidades. Essa compreensão do inconsciente contribui para ações em empresas e marcas, como a definição de novos layouts de loja, iluminação, som ambiente, tipo de perfume utilizado no ambiente de atendimento ao cliente e muitas outras iniciativas. No entanto, quanto mais distante você estiver do consumidor final, mais difícil será aplicar essas ações com base na compreensão. Sobretudo, é fundamental acompanhar de perto o seu público consumidor e, dessa maneira, a marca terá mais autonomia para implementar ações que atendam aos seus estímulos. O inconsciente interfere em nosso processo decisório há bastante tempo. No entanto, só agora, é possível mensurar essa interferência, por meio de uma série de ferramentas desenvolvidas. Ferramentas de mapeamento do inconsciente Eye Tracking Uma câmera é acoplada na lateral de um óculos que acompanha o movimento dos olhos dos usuários. Então, é possível rastrear o que as pessoas estão vendo. 42 Na imagem anterior, uma embalagem de carne, há indicações de que o consumidor não faz uma leitura linear: ele pega a embalagem, depois verifica o preço, passa para a informação sobre o fornecedor, entre outras observações. Tudo isso acontece em frações de segundo. A partir dos registros do Eye Tracking, o setor de marketing, por exemplo, pode tomar decisões para melhorar as informações impressas na embalagem, facilitando, assim, a leitura do cliente. Mapa de calor É uma série de câmeras, instaladas em uma loja, que registra os movimentos e principais espaços que o cliente ocupa. Assim, é possível identificar os percursos feitos pelo público, as mídias que mais chamam a atenção, os locais evitados e por que um determinado produto gerou impacto positivo. A partir desses registros, o mapa de calor permite que a empresa realize alterações e melhorias no espaço físico. Por exemplo, uma área com calor é evitada com frequência pelos consumidores, logo, é necessária a instalação de aparelho de ar-condicionado nesse espaço. Teste A/B Nas empresas, a rotina dos profissionais de marketing é tomada pela necessidade de melhoramento das estratégias de comunicação. A mudança das cores de um site institucional, por exemplo, exige uma análise do impacto dessa alteração no público da marca. O Teste A/B é uma alternativa muito comum quando os times de marketing estão em dúvida sobre duas alternativas diferentes. Observe o caso a seguir: 43 Nesse caso, há uma dúvida sobre a cor a ser aplicada na barra superior de um site de um hotel. Levando a situação para o teste, na alternativa A – barra de cor vermelha -, você pode informar que a diária do hotel custa R$ 100 e o café da manhã, R$ 15. Já na alternativa B, pode ser divulgado que a diária custa R$ 115, com café da manhã gratuito. Está sendo cobrado o mesmo valor, mas foram aplicadas comparações diferentes. Feito isso, você deve separar uma parte da sua base de leads, 10%, por exemplo, para anunciar a opção A. Outro percentual da base similar e com o mesmo perfil da anterior receberá o anúncio da opção B. Dessa maneira, será possível identificar qual das opções recebeu mais cliques e mais interações. Perceba que foi possível descobrir, por meio do inconsciente, como as pessoas decidem. O consumidor realiza a leitura de formas diferentes e o entendimento dessa leitura é fundamental para as estratégias da sua empresa. O Teste A/B é mais utilizado para produtos digitais. Porém, Timothy Ferriss, autor do livro físico “Trabalhe 4 horas por semana”, que aborda a temática “outsourcing”, realizou a testagem A B para chegar à melhor nomenclatura de sua obra. Antes do lançamento, o escritor lançou mídias divulgando o livro com o nome tradicional – Outsourcing -. Mas, também utilizou publicidades com chamadas do tipo “Trabalhe menos”. Os cliques mostraram que as headlines menos formais e mais ligadas ao “Trabalhe menos” apresentaram melhores audiências. Aula 11 – Emoções e Experiências durante das compras Após abordarmos a compreensão do insconciente como ponto influenciador das decisões dos clientes, estudaremos, a partir de então, as emoções e experiências dos consumidores durante o processo de compra. O pesquisador Martin Lindstrom, autor da obra “buy . ology”, garante que 85% das nossas decisões são emocionais, enquanto apenas 15% são racionais. 44 Product Placement Em seu livro, Martin Lindstrom revela alguns exemplos para explanar como as emoções influenciam os consumidores. Nesta primeira explicação, ele insere um produto como parte de um enredo para ser lembrado, no chamado Product Placement. O escritor promoveu um teste em um ambiente universitário, onde ofereceu aos alunos oportunidades de receberem vouchers da Amazon. Observe: A relevância do estudo se dá pelo fato de que o pesquisador mapeou as atividades cerebrais dos participantes, constantando uma ativação muito grande do sistêmica límbico, a área cerebral ligada às experiências e recompensas. A parte do cérebro vinculadas às emoções mostrou-se excitada quando aparecia a oportunidade de ganho. Em outros estudos, o pesquisador também identificou que as pessoas vinculavam marcas a emoções, justamente no processo que chamamos de Product Placement. O produto, nesse caso, passa a fazer parte do enredo. Na prática, isso ocorre quando, por exemplo, um programa de entretenimento, do tipo gincana, é gravado dentro de um supermercado cuja marca é exposta ao longo da exibição, da mesma forma que, em uma série, os personagens consomem um determinado tipo de refrigerante. Mensagem subliminar Um segunda forma de as experiências interferirem na rotina das pessoas é a mensagem subliminar. Ela é definida como uma sugestão, ideia ou sentimento 45 que, a princípio, não estão explícitos para o consumidor. Ainda em seu livro, Martin Lindstrom mostra um teste para exemplificar a mensagem subliminar. Idosos foram submetidos a dois jogos de caça-palavras. O primeiro grupo encontrava apenas palavras positivas, como experiente, sábio e talentoso. Já o segundo grupo de idosos descobriu palavras negativas, a exemplo de doente, cansado e senil. O pesquisador, então, constatou que o tempo de balanço - movimento comum que fazemos quando estamos com as pernas suspensas - aumentou em 10% no grupo dos idosos que encontraram termos postivos. Isso que dizer que a mensagem subilinar estimulou os idosos submetidos ao teste, que se sentiram mais revigorados ao ler as palavras essencialmente boas. Rituais e Superstições Têm o objetivo de propagar a ideia de conforto e pertencimento, quando são associados ao consumo. A TAM, antiga marca do segmento aéreo, trabalhou a questão do pertencimento com os seus clientes. A companhia perdia muito tempo quando os aviões aterrisavam nos aeroportos e os funcionários tinham que limpar os carpetes das aeronaves. Diante do problema, a empresa teve a ideia de criar uma espécie de “tapete vermelho”, geralmente associado a glamour quando personalidades caminham sobre ele. Ao passarem pelo tapete antes de embarcarem nos aviões, os passageiros faziam a higienização dos sapatos. O que seria apenas um trabalho de higienização se tornou um verdadeiro ritual de pertencimento, no que a TAM batizou de “The Magic Red Carpet”. Só os usuários da companhia tinham o prazer de caminhar pelo glamuroso tapete. Um exemplo clássico de ritual e participação no próprio enredo é o autor dos personagens da Marvel, Stan Lee. Em todosos filmes da franquia, o autor aparece, construindo, dessa forma, uma marca em todas as obras. 46 Foto: Divulgação Aula 12 – Gatilhos Mentais Decisões tomadas pelo cérebro quando ele está no nível inconsciente. É dessa forma que os especialistas definem os gatilhos mentais. No âmbito do marketing, são instrumentos estratégicos para induzir os consumidores a adrquirirem produtos e serviços. Agora, vamos explicar os gatilhos mentais e como eles podem funcionar no contexto do comportamento do consumidor. Confira: Especificidade Neste gatilho mental, a empresa fala para o cliente qual problema é capaz de resolver. No entanto, além disso, é revelada uma habilidade, atrelada a uma mensuração que busca comprovar os resultados concretos apresentados por determinado produto. Vamos a alguns exemplos práticos: em vez de divulgar “Lavamos tapete”, revele o seu resultado concreto: “700 clientes aprovaram o nosso sistema de limpeza totalmente automatizado”. No lugar de “Creme dental muito bom”, aplique “9 em cada 10 dentistas recomendam”. Não comunique com a frase “Emagreça com o nosso método”, tendo em vista que é mais atrativo utilizar a especificidade por meio da promessa “Perca 6 quilos em um mês usando o nosso método”. Por fim, em vez de usar “Invista com inteligência”, prefira “Do mil ao milhão”. Autoridade Um dos gatilhos mentais mais utilizados pelos indivíduos que almejam portar-se como detentores do conhecimento. É uma forma de comprovar para o público 47 que você domina e é especialista em um assunto específico. Na prática, no lugar de dizer “Sou advogado”, você pode optar por “especialista em tributação pela Fundação...”, da mesma forma que em vez de escolher “Admirada pelos clientes”, uma melhor alternativa é “O melhor NPS da categoria”. Você pode deixar de divulgar “Experiência comprovada” e trocar por “20 anos de experiência na área”. No gatilho mental de autoridade, o expert é bom em um segmento, a expertise pode ser mensurada e comparada com os resultados de outros especialistas. Prova social São informações, experiências e detalhes que comprovam a qualificação de um indivíduo/marca e que o ajudam a ser validado em um grupo. A descrição desses detalhes pode ser encontrada em documentos, a exemplo de currículos. Tomemos, como exemplo, um professor de Direito especializado em preparações para a prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Sua formação acadêmica, experiências profissionais, prêmios, cursos de atualização, causas resolvidas e muitas outras informações, quando documentadas e compartilhadas ao público, são consideradas provas sociais. Escassez Trabalha o conceito “Fear off Missing Out”, que significa “medo de perder uma oportunidade”. É um gatilho mental que estimula a ideia de que “vai perder se não tomar uma atitude”, conforme as situações a seguir: • Joga com o sentimento de urgência ou de perda • É fundamental que a escassez seja verdadeira • Os primeiros 5 clientes ganharão uma reunião com o presidente de uma empresa • A ideia não é vender preço, mas oferecer valor Ao trabalhar com o gatilho mental da escassez, você pode utilizar o recurso do contador de tempo, por exemplo. Na medida em que o temporizador vai esgotando, aumenta a pressão para o cliente tomar uma decisão. O contador pode ser aplicado nas seguintes situações: 48 1 – Para promoções: na página de destino. 2 – Para quantidade: na página do produto. 3 – Para diminuir abandono: na página do checkout. 4 – Para criar senso de urgência: em todo o site. 5 – Para aumentar call to action: no e-mail marketing. Urgência De acordo com o Google, quatro em cada cinco pessoas demandam respostas urgentes dos seus fornecedores. Em uma sociedade com tempo escasso e repleta de atividades profissionais e familiares, a urgência nas transações é essencial. No âmbito do ciclo do comportamento do consumidor, o gatilho mental da urgência é utilizado para pressionar a decisão do cliente. Promoções com períodos curtos são exemplos de ações que estimulam respostas rápidas sob pressão. A rapidez nas ações é, de fato, uma exigência do mercado. O consumidor exige retornos imediatos, assim como os usuários de tecnologia procuram ferramentas com usabilidade fluida e sem travas. Observe esta pesquisa promovida pelo Google: Prova Enquanto a prova social é de autoria do próprio especialista ou marca, a prova é oriunda de pessoas que testemunham a respeito da sua autoridade, produto ou serviços. São indivíduos que acompanham o seu trabalho ou que já experimentaram o seu serviço. Depoimentos oriundos desse público passam 49 mais credibilidade sobre você ou acerca do seu negócio para o mercado. De acordo com o professor Ivan Rizzo, as pessoas confiam mais em testemunhais de outros usuários do que da própria empresa. Sendo assim, é fundamental aproveitar a possibilidade de alanvancar o tradicional boca-a- boca. Grave, sempre que possível, depoimentos de clientes que exaltem o seu trabalho ou o produto oferecido pela sua marca. Publicados em redes sociais e em páginas de vendas, esses depoimentos fortalecem a sua autoridade e credibilidade diante do público consumidor. Storytelling Considerado a arte de contar histórias, por meio de técnicas inspiradoras, o gatilho mental do storytelling, bastante utilizado em redações publicitárias, conteúdos para redes sociais e copywrinting, transforma informações frias em histórias envolventes. Neste contexto, o produto deve fazer parte do enredo, assim como a sua utilização, desde que haja uma narratologia. Antes da oferta em si de um produto para venda, um conteúdo de valor é transmitido de forma envolvente por meio de um roteiro elaborado. Aula 13 – Construindo uma Persona Consumidor Depois de definir o público-alvo de um negócio e um grupo específico de consumidores ideais para um produto ou serviço, é necessário destrinchar ainda mais os indivíduos que fazem parte desse cojunto. A persona, conforme conceituação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), é o afunilamento e caracterização destrinchada de uma pessoa do público-alvo, quem consideramos ser o cliente ideal. Vamos entender também o conceito de buyer persona: é a sistematização de uma série de conhecimentos que uma organização tem dentro de um formato 50 que unifique o raciocínio dentro de uma empresa. Antigamente, as empresas realizavam uma grande e demorada pesquisa de mercado, que envolvia testar, promover um teste conceitual, criar um modelo, focar em uma cidade específica, sentir a temperatura do mercado, realizar o lançamento e vender. Hoje, porém, isso não acontece mais. Porque, diante da dinâmica e velocidade do mercado, outra empresa pode aparecer e tomar essa fatia de mercado. Antes, as marcam aprendiam para só depois implementar. Atualmente, uma empresa aprende um pouco, incrementa o produto, melhora a comunicação, implementa, recebe feedbacks e, dessa forma, vai aperfeiçoando o produto já implementado no mercado. “Você vai parar pelo mesmo lugar várias vezes, para fazer refinos e melhoras no seu processo. E quando você já tem o mínimo de conhecimento de segmentação, já fez a segmenção geográfica, psicográfica e demográfica, logo depois, constrói uma persona”, explica o professor Ivan Rizzo. Esse processo pode ser realizado da seguinte maneira: A personagem tem um filho, não conta com muito dinheiro para investir em roupa, mas almeja produtos confortáveis e que estejam na moda. Essa é a persona criada pela GAP. A persona é a representação de seu cliente a partir de pesquisas de mercado e dados reais, criando um consenso dentro da organização para otimizar as decisões de marketing. 51 Problemas da criação de uma persona Em parte considerável dos casos, quando uma empresa junto ao time de marketing