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Neste capítulo, serão abordadas as principais rotinas de pagamento 
de empregados, com destaque para os encargos sociais que incidem 
sobre a folha de pagamento, cujo correto enquadramento permitirá que 
o empregador atenda às legislações fiscal e previdenciária.
Trata-se de tema tão importante para o setor responsável pela ela-
boração da folha de pagamento que a incorreta observância das nor-
mas fiscais e previdenciárias no momento da elaboração da folha de 
pagamento poderá acarretar ao responsável todas as consequências 
oriundas de um processo penal, independentemente da aplicação de 
sanções administrativas.
Capítulo 11
Principais rotinas 
de pagamento 
de empregados – 
parte 2
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1 Encargos sociais sobre a folha de 
pagamento (previdência social; FGTS; IRRF; 
PIS e Pasep) 
Além de a folha de pagamento expressar a importância recebida pelo 
empregado, pode-se dizer que sua elaboração é uma obrigação do empre-
gador de natureza fiscal (relacionada ao recolhimento de tributos) e contábil 
(correspondente à escrituração das operações realizadas pela empresa).
Tal afirmação pode ser corroborada pelo disposto no artigo 32, da Lei 
Federal no 8.212/1991, a seguir:
Art. 32. A empresa é também obrigada a:
I. preparar folhas-de-pagamento das remunerações pagas 
ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de 
acordo com os padrões e normas estabelecidos pelo órgão 
competente da Seguridade Social;
II. lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, 
de forma discriminada, os fatos geradores de todas as 
contribuições, o montante das quantias descontadas, as 
contribuições da empresa e os totais recolhidos;
III. prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil todas as 
informações cadastrais, financeiras e contábeis de seu 
interesse, na forma por ela estabelecida, bem como os 
esclarecimentos necessários à fiscalização;
IV. declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao 
Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço 
– FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por 
esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base 
de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária 
e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho 
Curador do FGTS;
V. (Vetado);   
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VI. comunicar, mensalmente, aos empregados, por intermédio 
de documento a ser definido em regulamento, os valores 
recolhidos sobre o total de sua remuneração ao INSS. 
(BRASIL, 1991)
A folha de pagamento deve ser elaborada com o apontamento de 
algumas informações relevantes, tais como a identificação da empresa 
(nome e CNPJ), o nome do empregado, o mês de referência, o valor total 
bruto dos vencimentos com a discriminação de cada verba trabalhista, 
o valor total dos descontos, o valor líquido recebido pelo empregado, os 
encargos sociais incidentes, a contribuição assistencial ao sindicato, o 
IRRF e a cota previdenciária cabível ao empregado.
Os principais encargos sociais constantes da folha de pagamento são:
I. Contribuição previdenciária devida ao INSS: a previdência social 
tem como objetivo assegurar ao empregado ou outras catego-
rias de segurados os benefícios decorrentes de doença, invalidez, 
velhice, desemprego, morte e proteção à maternidade.
Para que isso ocorra, a previdência social foi organizada pelo legisla-
dor, sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obri-
gatória por parte de determinados segurados, dentre eles, o empregado.
IMPORTANTE 
Dessa forma, é obrigação legal do empregador recolher a contribuição 
previdenciária devida ao INSS, obedecidos os critérios atuariais trazidos 
pela Emenda Constitucional no 103/2020, sendo certo que, na parte que 
cabe ao empregado, deverão ser observadas as alíquotas informadas 
no artigo 28 dessa emenda e, no que diz respeito ao empregador, de 
rigor que se atente à alíquota de 20%, estabelecida pelo artigo 22 da Lei 
no 8.212/1991.
 
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II. Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS): o FGTS é um 
direito assegurado aos empregados por força do artigo 7o, inciso III, 
da Constituição Federal. Segundo Ricardo Resende (2016, p. 870):
[...] o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é um fundo 
formado por recolhimentos mensais incidentes sobre a remu-
neração do empregado, efetuados em conta vinculada na Caixa 
Econômica Federal (CEF) em nome do trabalhador, que visa 
principalmente à subsistência do trabalhador durante o período 
de desemprego, em substituição à antiga indenização celetista 
prevista no artigo 478 da CLT.
Após o advento da Constituição Federal de 1988, o recolhimento do 
FGTS passou a ser obrigatório para qualquer tipo de empregador. Cabe 
ressaltar que até mesmo o Poder Público, que mantém funcionários 
contratados sob o regime celetista, está obrigado a preceder ao reco-
lhimento do FGTS.
Em regra, a alíquota do FGTS mensal importa em 8% (oito por cen-
to) sobre a remuneração mensal do empregado, cabendo ressaltar que, 
em casos de rescisão do contrato de trabalho sem justa causa, o em-
pregador deverá arcar com multa de 40% (quarenta por cento) sobre o 
valor depositado na conta vinculada do empregado. A base de cálculo 
do FGTS engloba todas as parcelas de natureza salarial e ainda incide 
sobre o aviso prévio, trabalhado ou não. 
Compete à Caixa Econômica Federal (CEF) administrar as contas 
vinculadas e centralizar os recursos do FGTS. 
Segundo o artigo 15 da Lei Federal no 8.036/1990, o FGTS deve ser 
recolhido pelo empregador mensalmente, todo dia 7 (sete), levando-se 
em consideração a remuneração auferida pelo empregado no mês an-
terior. Por outro lado, o FGTS devido por força da rescisão contratual 
(FGTS do último mês de trabalho + multa de 40%) deverá ser recolhido 
dentro dos prazos previstos no artigo 477 da Consolidação das Leis 
do Trabalho (1943).
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Por fim, conforme observa Resende (2016), o FGTS não pode ser 
pago diretamente ao empregado.
III. Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF): em conformidade com 
a Lei no 8.541/1992 (BRASIL, 1992), o empregador efetua a reten-
ção de parte do valor devido ao empregado e repassa aos cofres 
públicos, a título de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). 
Entretanto, tal retenção deverá observar a faixa de rendimentos cons-
tantes da tabela progressiva mensal para cálculo do Imposto de Renda 
Pessoa Física (IRPF) elaborada pela Receita Federal do Brasil. Por esse 
motivo, dependendo do valor recebido mensalmente pelo empregado, 
não haverá qualquer retenção do IRPF.
Por fim, uma vez efetuada a retenção de partedo valor recebido pelo 
empregado, caso o empregador não repasse o respectivo valor para o 
Fisco, poderá sofrer todas as consequências oriundas de um processo 
de natureza penal, em virtude do ajuste do crime previsto no artigo 2o, 
inciso II, da Lei no 8.137/1990 (BRASIL, 1990).
IV. Programa de Integração Social (PIS): criado pela Lei Comple-
mentar no 7/1970, trata-se de uma contribuição social de natu-
reza tributária, cobrada das pessoas jurídicas, idealizada com o 
objetivo de promover uma aproximação entre o empregado da 
iniciativa privada e o desenvolvimento da empresa em que este 
trabalha dentro do segmento de atuação.
Com o número de registro no PIS, o empregado alcança benefícios 
legais individuais e também contribui para o desenvolvimento da corpo-
ração dentro do setor de mercado.
A gestão desse programa é de competência exclusiva da Caixa 
Econômica Federal (CEF), destinando-se ao financiamento do paga-
mento de alguns benefícios ao trabalhador, em especial o seguro-de-
semprego e o abono salarial, sendo este devido àqueles que, estando 
cadastrados há pelo menos 5 (cinco) anos no Programa de Integração 
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Social (PIS), trabalharam, no ano anterior, no mínimo 6 (seis) meses for-
malmente registrados e que perceberam renda mensal de até 2 (dois) 
salários mínimos, os quais receberão valor proporcional ao período tra-
balhado (por exemplo, caso o empregado tenha trabalhado seis meses, 
ele receberá exatamente metade de um salário mínimo).
IMPORTANTE 
Na prática, o PIS tornou-se um importante instrumento governamental 
para melhor distribuição de renda. 
 
V. Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público 
(Pasep): criado pela Lei Complementar no 8/1970, visava arre-
cadar contribuições de percentuais das receitas auferidas pelas 
entidades participantes, a fim de compor o chamado Fundo PIS/
Pasep, o qual se destinava à distribuição aos servidores públicos 
e militares, proporcionalmente ao salário e tempo de serviço de 
cada um.
Com efeito, o artigo 239 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 
1988) modificou o direcionamento dos valores arrecadados com as 
contribuições tanto para o PIS como para o Pasep, os quais passaram a 
compor o denominado Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), com vis-
tas a garantir o financiamento de programas voltados para o desenvol-
vimento econômico vinculados ao Banco Nacional de Desenvolvimento 
Econômico e Social (BNDES), bem como para garantir o pagamento do 
seguro-desemprego e do abono salarial. 
Destinado aos servidores públicos submetidos ao regime jurídico 
estatutário federal, o Pasep tem sua administração atribuída ao Banco 
do Brasil.
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Considerações finais
Dando continuidade ao tema “rotinas de pagamentos”, como o próprio 
nome diz, são práticas absolutamente rotineiras em um departamento 
de recursos humanos, donde se extrai sua absoluta relevância para o pro-
fissional que irá lidar com essas questões em seu dia a dia profissional.
São questões que se inter-relacionam e que, caso não observadas 
em suas inteirezas, poderão representar inúmeros problemas de ordem 
fiscal e trabalhista, acarretando a formação de responsabilidades inde-
sejáveis para a empresa, seus dirigentes e também para o próprio pro-
fissional incumbido da organização de tais pagamentos.
Referências 
BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio 
de 1943. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.
htm>. Acesso em: 30 jun. 2017.
__________. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao. 
htm>. Acesso em: 21 jan. 2017.
__________. Lei Federal no 8.036, de 11 de maio de 1990. Disponível em: <www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8036consol.htm>. Acesso em: 29 jun. 2017.
__________. Lei Federal no 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Disponível em: 
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8137.htm>. Acesso em: 21 ago. 2017.
__________. Lei Federal no 8.212, de 24 de julho de 1991. Disponível em: <www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8212cons.htm>. Acesso em: 29 jun. 2017.
__________. Lei Federal no 8.541, de 23 de dezembro 1992. Disponível em: <www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8541.htm>. Acesso em: 29 jun. 2017.
RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho esquematizado. 6. ed. rev., atual. e ampl. 
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016.
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