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INSTALAÇÕES 
ELÉTRICAS E DE 
COMUNICAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Descrever as funções dos quadros de distribuição, de luz e de passagem.
 > Definir os componentes do quadro de distribuição.
 > Identificar os principais dispositivos de proteção.
Introdução
Em sua casa, você recebe energia elétrica da concessionária para alimentar seus 
mais diversos equipamentos, que, basicamente, dividem-se em três conjuntos: 
os de iluminação, aqueles que são ligados às tomadas de uso geral (TUG) e, por 
fim, aqueles que têm tomadas próprias, chamadas de tomadas de uso específico 
(TUE). O ponto inicial por onde a energia é entregue é o quadro de medição, o qual 
é conduzido para um segundo quadro, em que será feita a divisão dos circuitos 
que alimentarão cada uma das cargas de forma individual ou em conjunto. Esse 
último quadro pode ser chamado de quadro de distribuição ou de luz.
O critério de divisão dos circuitos respeita a ABNT NBR 5410:2004 e outras 
recomendações de autores reconhecidos na área de instalações elétricas, como 
Creder (2016). No mencionado quadro, além da divisão, também é instalado o 
dispositivo de proteção, os disjuntores, que desligarão automaticamente, em 
caso de falha, ou manualmente, no caso de uma manutenção.
Neste capítulo, vamos explicar como é feita a divisão no quadro de distribuição 
e quais são suas principais funções. Além disso, vamos discriminar cada um dos 
componentes presentes nesse quadro e, por fim, descrever o funcionamento 
dos dispositivos de proteção, de forma que você aprenda a escolher seu tipo e 
dimensionar seu valor nominal.
Divisão de circuitos
Cassio Hideki Fujisawa
Divisão de circuitos e quadro de distribuição
A principal função do quadro de distribuição, ou quadro de luz, é definir por 
qual circuito as cargas elétricas serão alimentadas, pois não é seguro nem 
conveniente que todos os equipamentos sejam alimentados em derivação 
de apenas um condutor único de fase e outro de neutro. Dessa maneira, é 
nesse quadro que ocorrerá a distribuição das cargas em vários circuitos, 
sendo circuito o conjunto de pontos de carga (tomadas ou iluminação) que 
são alimentados pelos mesmos condutores de fase e neutro (em alguns 
casos, pode ser por dois condutores de fase). Além disso, são protegidos 
pelo mesmo disjuntor (ou outro dispositivo de proteção) a partir do quadro 
de luz (CREDER, 2016). 
Uma orientação inicial para realizar a divisão do circuito é dada pela norma 
ABNT NBR 5410:2004 na subseção 4.2.5, “Divisão da instalação”, que cita cinco 
exigências que devem ser atendidas. Vejamos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE 
NORMAS TÉCNICAS, 2004).
1. Segurança: evitar que a falha em um equipamento ou em um circuito 
interrompa o fornecimento de todos os equipamentos da residência.
2. Conservação de energia: buscar um melhor uso do recurso (ou seja, 
eletricidade), possibilitando o acionamento de cargas apenas quando 
for necessário.
3. Funcional: adequar o circuito conforme a funcionalidade da residência 
(ou comércio), criando diferentes ambientes, como sala de televisão, 
sala de estar, quartos, etc.
4. Produção: minimizar a parada de parte ou de toda a linha de produção 
de uma indústria por meio da divisão de circuitos que restrinjam a 
interrupção de energia apenas à região da ocorrência.
5. Manutenção: facilitar a atuação dos técnicos para a verificação e o 
reparo dos equipamentos.
Essas cinco exigências servem para melhor planejar os circuitos com base 
em uma visão mais geral do projeto, mas, na mesma norma (subseções 4.2.5 
e 9.5.3) e em Cruz e Aniceto (2011), há outras especificações sobre a divisão 
dos circuitos de forma mais prática, como explicado a seguir (ASSOCIAÇÃO 
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004; CRUZ; ANICETO, 2011).
a) Todo aparelho que necessitar de uma corrente superior a 10 A deve 
possuir um circuito próprio e independente.
Divisão de circuitos2
b) Pontos de tomada dos ambientes do tipo cozinha, área de serviço, copa 
e afins devem ter circuitos exclusivos para esses locais. As tomadas 
de banheiros e lavabos também devem estar em circuitos diferentes 
de salas e quartos.
c) Circuitos de iluminação (até 10 A) e de pontos de tomada (até 16 A) devem 
ser distintos. De forma geral, os circuitos devem ser individualizados 
pela função dos equipamentos.
d) Como exceção à regra anterior, um mesmo circuito pode alimentar 
tomadas e iluminação, desde que sua corrente nominal não ultrapasse 
16 A e que esse circuito não seja o único de iluminação nem de tomadas. 
Lembramos que, ainda assim, a regra (b) deve ser respeitada.
e) Em residências que tiverem duas ou mais fases, as cargas de iluminação 
e tomadas devem ser distribuídas de forma a obter o maior equilíbrio 
possível.
f) Sempre devem ser previstas instalações futuras, tanto na possibilidade 
de um aumento de corrente em determinado circuito quanto no espaço 
dos eletrodutos e do próprio quadro de distribuição.
As tomadas são classificadas em dois tipos: as de uso geral (TUGs) e 
as de uso específico (TUEs). As primeiras, como o próprio nome diz, 
são gerais, ou seja, não possuem um aparelho definido a ser conectado nela. Já 
as segundas são para um aparelho específico, em geral aparelhos de elevada 
potência, como chuveiro elétrico, torneira elétrica, ar-condicionado, etc., ou 
para aparelhos fixos, em que a tomada deve ser instalada a, no máximo, 1,5 
m do aparelho, como acontece com geladeiras, máquinas de lavar roupa, etc. 
Veja, a seguir, um exemplo de divisão dos circuitos a partir do conhecimento 
prévio da quantidade de carga prevista de iluminação e de tomadas, tanto 
das de uso geral quanto das de uso específico.
Divisão de circuitos 3
Em uma residência, tem-se os dados de potência prevista de ilumina-
ção e de tomadas indicados no Quadro 1 para seis cômodos. Também 
se pode assumir que a tensão de fase-neutro fornecida pela concessionária 
local é de 220 V. 
Quadro 1. Dados de potência prevista na residência
Cômodo
Iluminação 
(em VA) TUGs (em VA) TUEs (em VA)
Cozinha 100 1.800 —
Área de serviço 100 1.200 —
Sala 280 400 —
Quarto 1 100 300 —
Quarto 2 160 300 —
Banheiro 100 600 (chuveiro) 5.500
Considerando que esse seja o total de carga prevista para unidade con-
sumidora, determine quantos circuitos serão necessários e quais cargas que 
participarão de cada um deles.
Resolução:
Umas das recomendações é o uso de um circuito distinto entre iluminação 
e tomadas. Assim, poderemos, inicialmente, escolher um circuito próprio da 
iluminação. Para isso, calcularemos o total dessa carga para, então, determinar 
sua corrente total:
Segundo a equação de potência, definimos a corrente:
Como essa corrente é inferior aos 10 A, apresentado nas regras, podemos, 
então, definir o primeiro circuito. 
Para determinar o circuito de tomada, existe outra recomendação: utilizar 
as tomadas dos ambientes de cozinha e área de serviço de forma independente 
dos quartos e da sala, bem como utilizar um circuito próprio para banheiros. 
Dessa forma, teremos três circuitos, com o seguinte agrupamento por cômodos:
Divisão de circuitos4
1) sala (sl) e quartos (qt);
2) cozinha (cz) e área de serviço (as);
3) banheiro (bh).
Da mesma forma como foi feito para iluminação, é necessário calcular a 
corrente de cada um desses agrupamentos de carga. Primeiramente, calculamos 
as potências:
Em seguida, as correntes:
Analisando as correntes, podemos concluir que nenhuma delas é superior 
aos 16 A, estando, assim, dentro da norma. Temos, então, mais três circuitos. A 
última carga, que não participou de nenhum circuito, é o chuveiro elétrico, que 
possui uma potência de 5.500 VA e tem a seguinte corrente:
Como essa corrente possui um valor superior a 10 A e é um ponto único de 
tomada (ou de outra forma, é um único aparelho), ela deve possuir um circuito 
próprio. Por fim, para esse total de cargas previstas, serão necessários cinco 
circuitos da seguinte forma.
 � Circuito 1: iluminação total.
 � Circuito 2: TUG da sala e dos quartos.
 � Circuito 3: TUG dacozinha e da área de serviço.
 � Circuito 4: TUG do banheiro.
 � Circuito 5: TUE do chuveiro.
Ainda com respeito ao quadro de distribuição, é necessário definir a 
quantidade de quadros necessários em uma instalação. Para isso, deve-se 
levar em consideração a flexibilidade, a quantidade de centros de carga, a 
segurança e a viabilidade econômica.
Divisão de circuitos 5
Em geral, em residência térrea, instala-se apenas um quadro de distribui-
ção; porém, em prédios de mais de um pavimento, é usual ter um quadro de 
distribuição por andar. Nesse caso, apesar de encarecer a obra pelo aumento 
de materiais devido à adição de novos quadros de distribuição, é importante 
que eles sejam de fácil de acesso, visando à segurança, pois, em caso de 
emergência, o quadro de distribuição no piso térreo não seria rapidamente 
acessado, por exemplo, por um indivíduo que estivesse no último andar.
Com respeito à localização do quadro de distribuição, deve-se ponderar 
os seguintes aspectos.
 � Facilidade de acesso: é usual em locais como corredores e atrás de 
portas de entrada de sala ou de serviço. Nunca devem estar em locais 
restritos, que fiquem trancados, como armários ou banheiros, tampouco 
devem ter móveis na frente ou próximos, obstruindo o acesso.
 � Proteção: o quadro de distribuição não deve ser instalado em locais 
com riscos de choques mecânicos, ou seja, devem estar em locais 
seguros e sem acesso a terceiros.
 � Proximidade dos centros de carga: quanto mais próximo aos pontos 
de carga de maior potência, menor será o custo da instalação, pois 
menores serão os condutores de maior custo, que são os de maior 
capacidade de condução de corrente.
Segundo Cruz e Aniceto (2011), um bom método para identificar o centro 
de carga é o método do baricentro, que utiliza os dados de potência e lo-
calização de cada um dos pontos de utilização. A localização é feita a partir 
dos eixos x e y aplicados na planta baixa do projeto arquitetônico, conforme 
pode ser visto na Figura 1.
Figura 1. Localização das cargas e o centro de carga na planta.
Fonte: Cruz e Aniceto (2011, p. 306).
Divisão de circuitos6
O centro de carga será obtido a partir de:
onde (X,Y) são as coordenadas do centro de carga e (xn,yn) e Sn são as coorde-
nadas e a potência do ponto de carga n, respectivamente. Nessas equações, 
pode ser vista a ponderação da localização pela potência, que resulta nas 
coordenadas (X,Y), as quais serão utilizadas para auxiliar na escolha da lo-
calização do quadro de distribuição.
Após definir o local da instalação do quadro de distribuição, ele deve ser 
claramente identificado, de forma que não perca sua identificação facilmente. 
Na parte interna do quadro de distribuição, os disjuntores de cada circuito 
também devem ser identificados de forma clara e permanente, evitando 
qualquer tipo de confusão (CARVALHO JÚNIOR, 2017).
Sobre a recomendação de considerar futuras instalações, existe um mínimo 
de espaço reservado no quadro de distribuição, segundo a norma ABNT NBR 
5410:2004, que pode ser visto no Quadro 2.
Quadro 2. Espaço reservado no quadro de distribuição para futuras 
instalações
Quantidade de circuitos instalados Espaço mínimo reservado
Até 6 2
7 a 12 3
13 a 30 4
Acima de 30 15% dos circuitos instalados
Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004).
Em instalações elétricas que são atendidas por mais de uma fase, é ne-
cessário que as fases estejam equilibradas quanto à potência consumida. 
Ou seja, na divisão das cargas entre os circuitos, é importante que cada 
uma das fases atenda ao mesmo valor de potência ou que a diferença seja 
a menor possível.
Divisão de circuitos 7
Para a verificação do correto balanceamento de fases após ter definido 
os circuitos e as fases de cada um deles, pode-se fazer o cálculo da corrente 
máxima de cada fase e compará-la com as demais fases. A diferença precisa 
ser menor do que 10% (CRUZ; ANICETO, 2011). A corrente deve ser calculada 
da seguinte forma:
onde Imax é a corrente máxima de determinada fase, Dmax é a demanda máxima 
dessa fase e v é a tensão fase-neutro fornecida pela concessionária local. 
Vale ressaltar que os valores de demanda máxima e de potência instalada 
são diferentes: a demanda máxima é calculada a partir da potência instalada 
com o valor do fator de demanda.
A potência instalada é o valor de potência nos pontos de carga, que 
são os valores de potência utilizados na previsão de carga, no cálculo 
da corrente dos circuitos e no método do centro de carga. Já a demanda é a 
potência realmente absorvida em determinado instante, ou seja, ela representa 
quais equipamentos realmente estão sendo utilizados nesse instante. Já o valor 
de demanda máxima é o maior valor de demanda em determinado período (por 
exemplo, uma semana, um mês, um ano). Como a demanda seria calculada a partir 
de um histórico de consumo de uma instalação, é utilizado um fator (chamado 
de fator de demanda) que estima uma demanda máxima e que é fornecido pela 
concessionária local (NISKIER; MACINTYRE, 2013).
Definido o local do quadro de distribuição, os circuitos e o balanceamento 
das fases, é possível projetar o percurso dos eletrodutos que conterão os 
condutores até os pontos de carga distribuídos pela unidade consumidora. 
Nesse percurso, é recomendado, segundo Cruz e Aniceto (2011), que, a cada 
15 m de eletroduto, seja instalada uma caixa de passagem, a cada curva 
de 90o e em caso de emendas e derivação dos condutores. Essas caixas de 
passagem facilitarão a instalação e a manutenção dos condutores, além de 
serem utilizadas para os comandos de iluminação e os pontos de tomada.
Componentes do quadro de distribuição
O consumo de energia elétrica em uma residência parte do fornecimento da 
eletricidade pela concessionária local, geralmente em 127 V ou 220 V, depen-
dendo da região do País e do padrão adotado por ela. Inicialmente, a energia 
Divisão de circuitos8
passa pelo quadro de medição, onde será aferido o montante consumido, e, 
em seguida, o fluxo de potência segue para o quadro de distribuição. Nesse 
ponto, são feitas duas ações principais: a divisão em circuitos terminais e a 
proteção da instalação elétrica. Para a realização de ambas as ações, são 
necessários alguns dispositivos que vão compor o quadro de distribuição. 
Nesta seção, vamos tratar de cada um dos componentes e de suas respectivas 
funções, segundo Cruz e Aniceto (2011) e Carvalho Júnior (2017).
A caixa será o local onde todos os componentes estarão alojados, podendo 
ser de PVC (policloreto de vinila) ou de metal. A caixa possui uma estrutura 
de fixação de disjuntores e de barramentos de cobre. Na Figura 2, é possível 
ver um exemplo de caixa aberta (à esquerda), com os disjuntores instalados 
em trilhos e os barramentos na parte inferior. Na imagem à direita, tem-se a 
caixa com o tampo, onde apenas as chaves de abertura e fechamento ficarão 
acessíveis, sem a possibilidade de contato com as partes vivas, evitando 
choques elétricos.
Figura 2. Caixa para quadro de distribuição.
O segundo componente é o disjuntor termomagnético, utilizado tanto na 
proteção geral quanto na proteção dos circuitos terminais. Ele terá a função 
de manobra, no caso de uma abertura intencional do circuito para realizar 
alguma manutenção ou verificação, e de proteção contra sobrecarga de 
corrente e corrente de curto-circuito, quando fará a abertura automática 
do disjuntor. A especificação dele é feita a partir da quantidade de polos, 
relacionada à quantidade de fases do circuito a se proteger, ao nível de tensão 
em que será operado e ao valor de corrente nominal que determinará o limite 
Divisão de circuitos 9
inferior para abertura do circuito. Outra característica é a forma de fixação 
na caixa, que pode ser bolt-on ou DIN. 
Veja, na Figura 3, um exemplo com seis disjuntores da marca Steck: os dois 
da esquerda são bipolares, os dois do meio são unipolares e os da direita 
são tripolares. Neles, vêm escritos o valor da corrente nominale sua tensão 
de operação.
Figura 3. Disjuntores termomagnéticos.
Para a realização das conexões entre os disjuntores e os demais com-
ponentes de proteção, são utilizados os barramentos e condutores com 
terminais. Com isso, as conexões se tornam mais seguras, pois aumentam a 
proteção contra choques elétricos. Existem os barramentos de neutro e de 
proteção, que são alojados nas laterais das caixas (conforme o modelo) e que 
consistem em barras de cobre que facilitarão as conexões e a organização 
dos condutores para os circuitos. Exemplos dessas barras podem ser vistos 
na Figura 4.
Figura 4. Barras para neutro e proteção.
Divisão de circuitos10
Por sua vez, o barramento de fase possui um formato um pouco diferente 
e é conectado diretamente nos disjuntores. Na Figura 5, temos um exemplo 
desse barramento para os disjuntores do tipo DIN.
Figura 5. Barramento de fases.
Por fim, os terminais dos condutores são ilustrados na Figura 6, sendo 
do tipo anel e forquilha.
Figura 6. Terminais.
Outro dispositivo de proteção presente no quadro de distribuição é o 
interruptor diferencial residual (IDR), que monitora eventual corrente de 
fuga. Em outras palavras, ele se certifica de que toda corrente que entra nos 
circuitos (na instalação elétrica como um todo) retorna pelos condutores, por 
isso esse dispositivo se conecta a todas as fases e ao neutro.
Em uma situação de choque elétrico, parte da corrente não retornará 
pelo circuito, pois vai percorrer pela pessoa até a terra. Ou, em uma outra 
situação possível, parte da corrente pode ser conduzida para a terra através 
de algum material metálico, que poderá se aquecer, iniciando um incêndio. Por 
Divisão de circuitos 11
isso os IDRs são importantes, para evitar acidentes como choques elétricos 
e incêndios.
Também há o disjuntor diferencial residual (DDR), o qual, além de atuar na 
presença de corrente de fuga, também atua em caso de sobrecorrente, como 
foi citado quanto ao funcionamento do disjuntor termomagnético. 
Na Figura 7, pode ser visto um exemplo de IDR da marca Schneider Electric.
Figura 7. Interruptor diferencial residual de quatro polos.
Por fim, o último componente de proteção é o dispositivo de proteção 
contra surtos (DPS), cuja função é conduzir as correntes para a terra (bar-
ramento de proteção) em caso de elevadas tensões, como em situações de 
descargas atmosféricas. Dessa forma, os demais elementos da instalação 
elétrica (e as pessoas, é claro) ficam protegidos no caso de surto de tensão. 
Na Figura 8, é ilustrado um modelo de DPS da Siemens.
Figura 8. Dispositivo de proteção contra surtos.
Divisão de circuitos12
Agora que você já viu todos os componentes de um quadro de distribuição, 
vamos analisar mais detalhadamente os três dispositivos de proteção na 
próxima seção.
Proteção: dispositivos e como funcionam
O primeiro dispositivo de que trataremos é o disjuntor termomagnético, 
que, como já foi falado, faz a proteção de correntes em sobrecarga, ou seja, 
interrompe o circuito no caso da corrente se manter acima do valor nominal. 
Esse dispositivo também protege de correntes de curto-circuito com valores 
de 1.000% a 10.000% acima do nominal (CRUZ; ANICETO, 2011).
A primeira parte do nome do dispositivo (“termo”) se refere a seu funcio-
namento térmico. Ele é composto, principalmente, por um bimetal, e cada 
um dos metais possui um coeficiente de dilatação distinto, de modo que, em 
caso de aquecimento, ocorre uma deformação suficiente para a abertura do 
circuito. Essa é a proteção em caso de sobrecarga.
Já a segunda parte do nome (“magnético”) se refere a um sistema magnético 
com bobina e mola. Em caso de uma elevada corrente, o eletroímã formado 
pela bobina terá força suficiente a ponto de promover uma abertura imediata 
do circuito. Nesse caso, a proteção será contra corrente de curto-circuito.
O tempo de atuação desse disjuntor é variável conforme o valor de corrente: 
quanto maior for o valor acima do nominal, mais rápida será a atuação. Para 
identificar mais detalhadamente essa relação, utiliza-se o gráfico da curva 
de atuação do disjuntor.
Na Figura 9, tem-se uma curva típica de atuação, onde o eixo y representa 
o tempo em segundos e o eixo x representa o valor de corrente como múltiplo 
do valor nominal. Como já foi dito, quanto maior for o valor de x (ou seja, 
maior o valor de corrente), menor será o valor de y (ou seja, menor o tempo 
de atuação). 
Divisão de circuitos 13
Figura 9. Curva de atuação do disjuntor termomagnético.
Pode-se verificar, no gráfico da Figura 9, que existem duas partes distin-
tas. Quando o tempo de atuação é superior a 1 s e a corrente está abaixo de 
cinco vezes o valor nominal, essa região é a atuação do relé térmico em que 
ocorre de forma mais lenta. A outra parte é quando a atuação é inferior a 
1 s e a corrente é superior a cinco vezes a nominal; nessa região, a atuação 
será efetuada pelo relé magnético. A curva da esquerda é tida como corrente 
convencional de não atuação e a da direita é a convencional de atuação. 
Essa curva é do tipo C e existem, ainda, os tipos B e D: no primeiro, ocorre 
o disparo instantâneo em valores inferiores de corrente (entre três e cinco 
vezes o nominal) e, no segundo, em valores superiores (entre 10 e 20 vezes o 
nominal), tudo isso comparando com o tipo C.
O segundo dispositivo de proteção tratado nesta seção é o diferencial 
residual, que, na seção anterior, foi citado como tipo interruptor. Sua função 
principal é evitar choques elétricos e incêndios. Vamos, agora, entender 
melhor como é o funcionamento desse dispositivo. 
Tomemos, como exemplo, uma proteção de um circuito formado por uma 
fase e um neutro. Nesse caso, a conexão do diferencial residual será feita com 
os dois condutores, que internamente passarão, cada um, por uma bobina. 
Essas duas bobinas terão um mesmo núcleo magnético e estarão enroladas 
em sentido contrário, de forma que, em normal funcionamento do circuito 
(por exemplo, tendo 1 A de corrente no condutor de fase e retornando 1 A 
pelo condutor de neutro), provocarão um fluxo magnético resultante nulo. 
Se, por algum motivo (um choque elétrico ou um mau isolamento de algum 
equipamento), a corrente retornada pelo neutro for inferior à corrente con-
duzida pela fase, haverá um fluxo magnético resultante diferente de zero. 
Divisão de circuitos14
Nessa situação, estará presente uma corrente de fuga. Uma terceira bobina 
enrolada nesse mesmo núcleo magnético e com a presença de fluxo magné-
tico resultante induzirá uma corrente que promoverá a abertura do circuito.
O nome é diferencial residual porque, a todo momento, é feita, de 
forma eletromagnética, a diferença das correntes entre os dois 
condutores, e, caso haja a presença de uma corrente residual, ocorrerá a atuação 
do dispositivo.
A corrente de fuga normalmente ocorre em caso de choque elétrico ou 
é causadora de um princípio de incêndio por dissipação de calor em algum 
objeto inflamável, e o dispositivo diferencial residual evita esses dois tipos 
de acidentes.
Os seguintes valores são especificados para esse dispositivo:
 � valor nominal de corrente;
 � número de pólos;
 � corrente diferencial residual nominal (I∆N) — para alta sensibilidade, 
a atuação ocorre para valores menores do que 30 mA, e, para baixa 
sensibilidade, seu disparo é acima dos 30 mA, mas inferior a 300 mA 
ou 500 mA, dependendo do modelo;
 � tensão nominal;
 � capacidade de curto-circuito — valor de corrente que não danifique 
o dispositivo.
Para finalizar, segundo Cruz e Aniceto (2011), em ambientes muito úmidos, 
como banheiros, cozinha, área de serviço e áreas externas, é obrigatória a 
utilização desse dispositivo, devido ao grande risco de choque elétrico ou 
de problemas de isolamento elétrico.
O terceiro e último componente é o DPS, que protege a instalação elétrica 
e, indiretamente, as pessoas contra sobretensões muito elevadas, causadas, 
sobretudo, por descargas atmosféricas. Seu funcionamento consiste em um 
elemento de resistênciavariável em função da tensão elétrica aplicada sobre 
ele. Em caso de um surto de tensão, sua resistência se torna baixa o suficiente 
para escoar a corrente para o condutor de proteção que está conectado no 
sistema de aterramento do edifício. Assim, protege toda a instalação elétrica.
Neste capítulo, vimos, inicialmente, a função do quadro de distribuição, 
suas regras para divisão de circuitos com um exemplo ilustrativo, seu nú-
Divisão de circuitos 15
mero adequado em uma residência e sua localização. Também foi discutido 
um procedimento de verificação do balanço de potêcia entre as fases. Na 
sequência, vimos, em detalhes, os componentes de um quadro de distribuição 
completo e, por fim, descrevemos os elementos de proteção.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5410:2004: Instalações 
elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro, ABNT, 2004.
CREDER, H. Instalações elétricas. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
CRUZ, E. C. A.; ANICETO, L. A. Instalações elétricas: fundamentos, prática e projetos em 
instalações residenciais e comerciais. 3. ed. São Paulo: Érica, 2011.
NISKIER, J.; MACINTYRE, A. J. Instalações elétricas. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
CARVALHO JÚNIOR, R. de. Instalações elétricas e o projeto de arquitetura. 8. ed. São 
Paulo: Blucher, 2017.
Leituras recomendadas
MAMEDE FILHO, J. Instalações elétricas industriais. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
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