Buscar

Prévia do material em texto

Dos Direitos sociais
O que são os direitos sociais?
Os direitos sociais têm como propósito proteger as necessidades básicas da sociedade e buscar reduzir as vulnerabilidades sociais decorrentes do sistema econômico capitalista. No contexto brasileiro, esses direitos estão estabelecidos no artigo 6º da Constituição Federal de 1988 e abrangem áreas como saúde, educação, moradia, lazer, transporte e trabalho.
A Constituição Federal de 1988 define em seu artigo 6º que:
“São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015). ”
A partir da determinação da Constituição Federal de 1988 sobre quais são esses direitos, fica previsto que é incumbência do Estado garantir sua efetivação. No próximo tópico, abordarei os principais entre eles.
Trabalho.
É um direito normatizado pelo artigo 7º da Constituição Federal. Esse dispositivo assegura aos trabalhadores uma série de garantias mínimas, como a proteção contra demissões arbitrárias ou sem justa causa, desde que seja concedida uma indenização indenizatória (inciso I).
Além disso, estabelece o direito ao seguro-desemprego (inciso II) e ao fundo de garantia (inciso III). Também prevê que o salário não pode ser inferior ao salário mínimo (inciso IV) e estabelece o pagamento do décimo terceiro salário (inciso VII).
Educação.
O direito à educação é compartilhado pelo Estado e pela família. O Estado tem a responsabilidade de implementar políticas públicas que garantam o acesso à educação, seguindo os princípios estabelecidos na Constituição Federal, conforme destacado no artigo 206. Além disso, há a obrigação explícita de oferecer educação fundamental de forma gratuita, conforme previsto no artigo 208.
É relevante observar que o Supremo Tribunal de Justiça emitiu a Súmula Vinculante nº 12, com o propósito de prevenir a violação do que está estipulado no artigo 206, inciso IV, da Constituição Federal: 
“A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal”.
Saúde.
A temática da saúde é abordada no Capítulo II, Seção II da Constituição Federal, compreendendo os artigos 196 a 200. O ponto central é o Sistema Único de Saúde – SUS, que garante o acesso universal à saúde e é uma responsabilidade conjunta da União, Estados e Municípios.
Moradia.
Embora não disponha de um capítulo específico, a questão da moradia é abordada como uma obrigação do Estado de criar políticas públicas para aqueles que se referem, conforme previsto no artigo 23, inciso IX. Esse direito não se refere necessariamente à posse de uma residência própria, mas sim à garantia de um abrigo adequado, um local que preserve a intimidação pessoal dos membros da família.
Este direito pode ser uma das mais exigências de segurança devido à fragilidade das políticas urbanas nas cidades brasileiras.
Segurança.
Outro direito social que apresenta desafios significativos para ser assegurado pelo Estado, pois é um dos temas que mais suscitam controvérsias nos debates públicos e entre a população brasileira. A Constituição Federal de 1988 não define uma política nacional de segurança, deixando a responsabilidade de sua promoção para leis ordinárias e para os Estados.
Lazer.
A Constituição estabelece, no parágrafo 3º do Artigo 217, que “o Poder Público estimulará o lazer como meio de promover a inclusão social”. Esse direito está associado à necessidade de descanso dos trabalhadores, permitindo a recuperação de energia para a retomada das atividades.
Proteção a maternidade e a infância.
O direito à proteção da maternidade e da infância é contemplado tanto como um direito previdenciário (nos termos do artigo 201, II) quanto como um direito assistencial (nos termos do artigo 203, I e II). Além disso, é importante mencionar a previsão de licença à gestante, conforme previsto no artigo 7º, XVIII, da Constituição Federal.
Previdência social.
Um dos direitos sociais mais antigos, tem como propósito assegurar o apoio aos cidadãos em situações de incapacidade para o trabalho devido a razões de saúde. Além disso, fornece auxílio financeiro na aposentadoria, condicionado à comprovação de contribuições ao longo dos anos de trabalho.
É notável que constitui uma das principais despesas para os Estados em geral. Recentemente, o Brasil passou por uma reforma previdenciária, resultado de abordagens neoliberais.
Assistência aos desamparados.
A Constituição Federal estabelece que a assistência social será prestada aos necessitados, independentemente de contribuírem ou não com a previdência social.
Transporte.
O direito ao transporte foi integrado como um direito social por meio de uma Emenda Constitucional, entretanto, não há disposições adicionais específicas sobre o assunto na Constituição. A regulamentação desse direito fica a carga do legislador infraconstitucional.
Essa regulamentação abrange questões relacionadas à proteção ambiental, à operação das cidades, ao planejamento e gestão urbana, à sustentabilidade, ao bem-estar social e à qualidade de vida de forma coletiva.
Reserva do possível e mínimo existencial. 
O Princípio da Reserva do Possível, também conhecido como Princípio da Reserva de Consistência, é uma construção jurídica originada no sistema jurídico germânico, derivada de uma ação judicial que buscava permitir a certos estudantes o acesso ao ensino superior público, com base na garantia da livre escolha de trabalho, ocupação ou profissão. A Suprema Corte Alemã, nesse caso, distribuída pelo Estado só pode ser exigida a fornecer benefícios aos interessados ​​se os limites de razoabilidade. Os direitos sociais que envolvem a prestação de determinadas ações estão sujeitos à reserva do possível, no sentido de considerar aquilo que o indivíduo, de maneira racional, pode razoavelmente esperar da sociedade. Isso justifica a restrição do Estado com base em suas condições socioeconômicas e estruturais.
Por outro lado, conforme estipulado no artigo 7º, inciso IV, da Constituição Federal, o mínimo existencial é definido como o conjunto de bens e necessidades básicas essenciais para uma vida digna, incluindo elementos como saúde, moradia e educação fundamental. A violação do mínimo existencial ocorre quando há omissão na realização de direitos fundamentais ligados à dignidade humana, sem espaço para discricionariedade por parte do gestor público. É crucial, portanto, ampliar ao máximo o núcleo essencial desse direito, evitando reduzir o conceito de mínimo existencial à ideia de mínimo vital. É importante ressaltar que se o mínimo existencial se limitasse apenas ao necessário para a sobrevivência, não seria necessário constitucionalizar o direito social, bastaria considerar o direito à vida.

Mais conteúdos dessa disciplina