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atividade 1 - comunicação (Artes Visuais)

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CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR POLO CAMPO GRANDE – RIO DE JANEIRO 
GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
STÉFANE DANTAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE DISCURSIVA UNIDADE 1 
COMUNICAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPO GRANDE – RJ 
MAIO 2022 
DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE: 
 
Ao longo da unidade estudamos sobre os gêneros discursivos e como eles afetam diretamente 
as relações humanas e de comunicação no que diz respeito ao uso da língua. Sabemos que 
diversos fatores influenciam diretamente na maneira como um indivíduo se comunica, e isso 
varia de acordo com sua cultura, criação, meio em que vive, situação classe econômica e nível 
de escolaridade. 
 
O Brasil é um país de grande extensão e, dessa forma, permite que existe uma grande 
pluralidade de povos. Estes, mesmo falantes da Língua Portuguesa, continuam tendo suas 
próprias maneiras de falá-las ou expressá-las. 
 
Sabemos ainda que os gêneros discursivos sofrem variações quanto ao uso da língua formal 
ou informal. Um mesmo indivíduo pode abarcar em sua comunicação diferentes variações, 
como, por exemplo, quando este tem que se expressar durante uma reunião de trabalho 
(língua formal) ou em uma comemoração com amigos (língua informal). 
 
Diante deste contexto, identifique diferentes gêneros discursivos presentes na nossa língua e 
como eles se transformam de acordo com o emprego em diferentes contextos sociais e 
geográficos de comunicação, verificando em qual campo estes gêneros se alocam mais 
tipicamente, se no formal ou no informal. 
 
A partir dessa reflexão, então, eleja uma região do Brasil e cite alguns exemplos de atos de 
preconceito linguístico que os povos da região sofrem e o que isso reflete na em sua vivência 
e comunicação na sociedade, articulando com sua exposição acerca dos gêneros discursivos.? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GÊNEROS DO DISCURSO 
 
Os diversos tipos de discursos (tipos de textos) estão presentes no cotidiano e até fazem parte 
da rotina. Muitas das vezes não são percebidos, mas eles continuam lá e servem para ajudar na 
comunicação. Ao redigir ou ler um texto acadêmico, jornalístico, pessoal, artístico, entre outros, 
percebe-se que cada um tem a sua particularidade. 
A base para cada tipo de texto pode ser mais flexível, chamado de informal, como numa troca 
de mensagens entre dois amigos em determinada rede social. Ou pode ser menos flexível, como 
por exemplo, um Projeto de Lei do Senado Federal, onde a linguagem exigida é a formal, 
obedecendo à norma culta e padrão da língua portuguesa. 
Numa situação de interação a escolha da linguagem que será usada não pode ser aleatória, o 
falante fará uso da mais adequada para a situação na qual ele estará inserido, seja ela formal ou 
informal. 
Veja na imagem a seguir, as esferas de comunicação e alguns dos inúmeros e infinitos tipos de 
discursos que correspondem a cada uma dessas esferas: 
 
 
 
Um dos fatores para a mudança de um determinado gênero do discurso é o tempo. O momento 
histórico – e por consequência o avanço da tecnologia – influencia e tem a capacidade de 
transformar os gêneros. Quando se percebe que existe uma infinidade de situações 
Imagem criada e adaptada de “Os gêneros discursivos e 
a gramática, Juliana Corá, 2014.” 
comunicativas é que se constata a possibilidade do surgimento de novos gêneros, logo seu 
número pode ser infinito. 
Um exemplo para isso é a forma como as pessoas se comunicavam com outras que estavam 
distantes geograficamente falando. Fosse numa situação formal ou informal, no passado se fazia 
uso de telegramas, cartas ou fax, para se comunicar, dar uma notícia, fazer um curso, marcar 
um encontro, enviar uma imagem, dentre outros. Com o passar do tempo, a criação de novas 
tecnologias tem deixado alguns gêneros “para trás”, trazendo novas maneiras de se comunicar. 
Hoje em dia, o que é usado são as mensagens instantâneas, os e-mails, os chats de bate papo 
online, as videoconferências, as aulas online, e muitos outros novos gêneros. 
 
Ora, da mesma forma, quando se alteram as condições sociais no decorrer da História, alteram-
se os gêneros, podendo estes desaparecer ou transformarem-se, ou serem criados, de acordo com 
as necessidades, interesses e condições de funcionamento dos grupos sociais que as utilizam, 
alterando-se também as formas de atividades a eles associadas. Dessa forma, a transformação, 
a exploração das possibilidades de cada gênero, o seu enriquecimento, seriam formas de se 
transformar a própria atividade ligada a eles. (Machado, 1998, p.15) 
 
O contexto social e geográfico também são fatores de alteração dos tipos de discursos. As 
mudanças dos gêneros do discurso estão diretamente ligadas às transformações ocorridas na 
sociedade em que esses estão inseridos. Isto porque o interlocutor está em contínua 
transformação e adaptação aos novos procedimentos de organização e as novas situações 
comunicativas. 
Sendo assim, percebe-se que alguns dos gêneros do discurso podem se transformar, se renovar 
ou até mesmo desaparecer por conta dessas mudanças. 
 
PRECONCEITO LINGUÍSTICO 
 
No Brasil há uma variedade do uso da língua portuguesa pelos seus falantes. Cada região, classe 
social, gênero, profissão ou situação em que esse falante está inserido vai revelar diversos 
modos de se comunicar. 
Atentando-se à região do Nordeste, onde se percebe que existe um forte preconceito linguístico 
por conta do seu jeito de falar, serão citados dois casos onde os nordestinos foram alvo desse 
tipo de preconceito. 
 
 
Caso 1: 
“Em outubro de 2010, após a eleição presidencial, uma 
estudante chamada Mayara Petruso foi condenada pela 
Justiça de São Paulo por ter postado mensagens 
preconceituosas e incitado a violência contra nordestinos 
em sua página no Twitter. Na ocasião, a jovem cursava o 
primeiro ano de Direito, residia na capital com duas amigas 
e estagiava em escritório de advocacia de renome.” 
 
 
Caso 2: 
“O evento da OAB em que falaria iria acontecer no próprio 
hotel em que me hospedara. Consciente do meu dever de 
anfitrião, desci para o auditório 20 minutos antes da 
abertura. Sempre aproveitei este tempo para conhecer, 
aprender e interagir com outras vozes. Neste dia, entretanto, 
o seguinte fato me servira como grande lição: 
– Pegue água para mim! –era a ríspida voz de uma senhora advogada, elegante e ricamente 
trajada, confundindo-me com o garçom. 
– Pois não, minha senhora! –respondi, gentilmente, dirigindo-me à copa do hotel em busca do 
objeto de desejo daquela desavisada pessoa. 
– Fique aqui! –disse-me ela, sem qualquer gesto de agradecimento ao receber o seu copo 
d’água, para depois continuar. –Não saia daqui, pois acho que tudo vai demorar para começar. 
É sempre assim com esses nordestinos preguiçosos, acho que esse tal presidente sergipano 
deve ainda estar dormindo no quarto. 
– Pois não, minha senhora! Estou aqui exatamente para servir a senhora e a todos vocês –
continuei, calmamente, ao seu lado. E assim permaneci todo tempo, sendo vigiado pelo seu 
agressivo olhar, até que me convidaram para compor a mesa na qualidade de presidente 
nacional da OAB.” 
Cezar Britto é sergipano, advogado e escritor, autor de livros jurídicos, romances e crônicas. 
Foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil e da União dos Advogados da Língua 
Portuguesa. É membro vitalício do Conselho Federal da OAB e da Academia Sergipana de 
Letras Jurídicas. 
 
Nos dois casos acima existem preconceitos contra os nordestinos. No primeiro contra o povo 
nordestino no geral, e no segundo contra uma pessoa em específico. No primeiro quem praticou 
o ato foi uma estudante de Direito, e no segundo quem sofreu o preconceito foi o próprio 
Presidente da OAB. 
A fala da estudante no primeiro caso revela-nos a noção de preconceito (social/cultural) contra 
a região do Nordeste. Na visão dela, a exposição da ideia de que os nordestinos não são gentee que eles deveriam morrer foi por conta de que a candidata do PT Dilma Rousseff venceu em 
todos os nove estados nordestinos a eleição para presidência. Sua fala cria um juízo de valor, 
além de uma superioridade, no que diz respeito ao seu olhar de desprezo em relação aos 
nordestinos que vivem em São Paulo. 
Deve-se lembrar que esta postagem não explora o ato de preconceito linguístico em si (em 
relação ao modo com que os nordestinos falam), mas uma xenofobia regional. E percebemos 
que esse tipo de preconceito afeta de forma gigantesca a formação identitária desses indivíduos 
na sociedade. 
A segunda situação ocorreu com o advogado sergipano Cezar Britto que em 2010 era o 
presidente nacional da OAB. Uma mulher o confunde com um garçom e faz um comentário 
totalmente preconceituoso contra os nordestinos dizendo que são um povo preguiçoso e que o 
evento demoraria a começar pois o presidente ainda devia estar em seu quarto dormindo. Seu 
comentário demonstra que a imagem que ela tem do povo nordestino é a de que são preguiçosos, 
que estão a todo tempo desocupados, ou seja, que eles não têm uma ocupação na sociedade. 
A relação do preconceito linguístico com o social está em total conformidade. Pois, se o sujeito 
nordestino fala “errado”, consequentemente todos os elementos culturais de sua região também 
estarão errados, feios ou serão inaceitáveis. 
 
Parece haver cada vez mais, nos dias de hoje, uma forte tendência a lutar contra as mais variadas 
formas de preconceito, a mostrar que eles não têm nenhum fundamento racional, nenhuma 
justificativa, e que são apenas o resultado da ignorância, da intolerância ou da manipulação 
ideológica [...] esse preconceito ser alimentado diariamente em programas de televisão e de 
rádio, em colunas de jornal e revista e manuais que pretendem ensinar o que é “certo” e o que é 
“errado” [...]. Bagno (2000, p. 13) 
 
Desse modo, a comunicação entre duas pessoas de diferentes região ou classe não vai ser a 
mesma, pois elas têm vivências que não são iguais. Porém, a linguagem que elas irão utilizar 
será a mesma – formal ou informal – e os tipos de gêneros do discurso também serão adaptados 
de acordo com a situação comunicativa e de acordo com o contexto social desses falantes. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. 5. ed. São Paulo: Edições 
Loyola, 1999. 
 
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. 
 
CORÁ, Juliana. Os Gêneros Discursivos e a Gramática. Paraná, 2014. 
 
MACHADO, Anna R. O Diário de Leituras: a introdução de um novo instrumento na 
escola. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1998 
 
Jovem é condenada por mensagem contra nordestinos no Twitter. G1 São Paulo. 16 Mai. 2012. 
Disponível em: https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/05/condenada-estudante-que-
publicou-mensagem-contra-nordestinos-em-sp.html. Acesso em 03 junho 2022. 
 
Os nordestinos e o preconceito nosso de cada dia. Socialista Morena Arte e Política. 10 Out. 
2017. Disponível em: https://www.socialistamorena.com.br/os-nordestinos-e-o-preconceito-
nosso-de-cada-dia/. Acesso em 03 junho 2022. 
https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/05/condenada-estudante-que-publicou-mensagem-contra-nordestinos-em-sp.html
https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/05/condenada-estudante-que-publicou-mensagem-contra-nordestinos-em-sp.html
https://www.socialistamorena.com.br/os-nordestinos-e-o-preconceito-nosso-de-cada-dia/
https://www.socialistamorena.com.br/os-nordestinos-e-o-preconceito-nosso-de-cada-dia/

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