Buscar

Importância da Drenagem de Solos

Prévia do material em texto

GEOTECNIA APLICADA
Ronei Tiago Stein
Drenagem superficial 
e profunda
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer a importância da drenagem de solos.
  Indicar medidas de drenagem superficial e profunda.
  Determinar os tipos de drenagem utilizados em obras geotécnicas.
Introdução
Sistemas de drenagem são obras de engenharia que buscam escoar a 
água (normalmente da chuva) para locais adequados, a fim de evitar 
danos à população de modo geral ou de infraestrutura. Porém, para 
projetar os sistemas de drenagem, devem ser levados em conta alguns 
fatores, como: tráfego de veículos, valor das propriedades sujeitas a danos 
por inundações, tráfego de pedestres, escolha entre as soluções em 
canal aberto ou em tubulações subterrâneas, profundidade das galerias 
para drenar propriedades lindeiras, espaço disponível no subsolo da via 
pública, existência de água pública para receber o despejo das galerias 
de águas pluviais, entre outros. 
Neste capítulo, você vai ver a importância do sistema de drenagem 
em solos, bem como a diferença entre sistema de drenagem superficial 
e profunda e seus respectivos dispositivos. Por fim, vai conhecer quais 
são os principais tipos de drenagem utilizados em obras geotécnicas. 
1 Importância da drenagem de solos
Para fi ns de engenharia, solo é defi nido como um agregado não cimentado de 
grãos minerais e matéria orgânica decomposta (partículas sólidas), com líquido 
e gás preenchendo os espaços vazios existentes entre as partículas sólidas 
(DAS, 2013). De acordo com Fiori e Carmignani (2009), uma massa de solo 
pode ser considerada como um conjunto de partículas sólidas, apresentando 
vazios de formas e tamanhos variados que, por sua vez, podem ser preenchidos 
com água, ar ou ambos. Logo, o solo pode ser equacionado da seguinte forma:
Solo = sólido + líquido + gases
O teor de umidade (ou umidade natural) é definido como a razão do peso 
de água (Pa) pelo peso de material sólido (Ps), sendo expresso em porcentagem. 
Dessa forma, o teor de umidade do solo pode ser definido como a razão entre 
o peso da água e o peso total.
Os índices físicos do solo expressam relações matemáticas entre pesos e volumes 
dos componentes de uma massa de solo, ou seja, entre as frações de sólidos, líquidos 
e gases. 
Fiori e Carmignani (2009, p. 20) mencionam que o valor da umidade natural 
do solo varia em função da localização da amostra, ou seja:
Se próxima ou na superfície do terreno, se em profundidade, se nas pro-
ximidades de lagos, rios ou fontes, se coletada logo após uma chuva, etc. 
Amostras de solo coletadas abaixo do nível permanente do lençol freático não 
deverão apresentar variações no seu conteúdo em água pelo fato de estarem 
saturadas. Por outro lado, amostras coletadas acima do nível permanente do 
lençol freático apresentarão uma variação natural de umidade por causa, 
principalmente, de fatores de ordem climática, como temperatura, intensidade 
e duração das chuvas, entre outros. O conteúdo máximo de água em um solo 
depende do índice de vazios.
É importante mencionar que a resistência do solo está relacionada, dentre 
outros fatores, ao grau de saturação do solo. Em solos não saturados, a água 
preenche parcialmente os vazios, e as tensões provocadas pelo fluido nos 
poros são negativas. A condição de não saturação do solo ocorre na camada 
Drenagem superficial e profunda2
acima do lençol freático. Porém, quando o solo está saturado, sua resistência 
diminui, aumentando sua viscosidade, podendo provocar a queda de taludes 
ou até grandes deslizamentos (Figura 1).
Figura 1. Os deslizamentos são mais comuns em dias de muita chuva, pois os 
solos se tornam mais saturados, o que diminui sua resistência devido ao aumento 
da viscosidade. 
Fonte: Três... (2019, documento on-line).
Segundo Ferraz, Santos e Paim (2017), a drenagem consiste em uma garantia 
de que a obra resistirá à força das águas durante um determinado período de 
tempo. Para isso, um sistema eficiente de drenagem (seja superficial ou profundo) 
é a garantia de um comportamento satisfatório de uma estrutura de contenção. 
Em caso de ausência ou deficiência de um sistema de drenagem, podem ocorrer 
problemas de infiltrações nos taludes, motivando saturação e, consequentemente, 
erosão, que podem promover escorregamentos (MANUAL...,1991). 
Logo, percebe-se a importância da drenagem de solos em obras de geo-
tecnia em uma rede que consiste em técnicas de engenharia com a função 
principal de escoar a água do ciclo hidrológico natural. Com as atividades 
antrópicas, o desmatamento se tornou inevitável, o que acaba contribuindo para 
o aumento do escoamento superficial. Além disso, com a impermeabilização 
do solo (devido a concretagem e pavimentação), a água não infiltra no solo, 
aumentando ainda mais o escoamento superficial. Logo, a drenagem tem um 
papel fundamental, que é conduzir a água até locais seguros (normalmente 
rios, oceanos), visando evitar prejuízos nas obras civis.
3Drenagem superficial e profunda
O ciclo hidrológico consiste no “[...] processo natural de evaporação, condensação, preci-
pitação, detenção e escoamento superficial, infiltração, percolação da água no solo e nos 
aquíferos, escoamentos fluviais e interações entre esses componentes” (RIGHETTO, 1998, p. 4).
Para planejar um sistema de drenagem, é necessário tomar alguns cuidados, 
como:
  delimitar a região afetada, sabendo exatamente a origem da água, o seu 
caminho natural, entre outros fatores;
  saber a origem da água, ou seja, é necessário que o engenheiro saiba 
a média anual de chuvas, a vazão da água, a sua força, entre outros;
  realizar ensaios no local, a fim de saber a profundidade do lençol fre-
ático, o tipo de solo encontrado na área, entre outros;
  analisar a topografia do local/área.
O tipo de solo interfere muito no sistema de drenagem. Por exemplo, solos mais argilosos 
tendem a reter mais umidade, devido a sua maior porosidade, o que dificulta tanto a infil-
tração de água nesse tipo de solo quanto a sua secagem, que é mais lenta. São diferentes 
de solos arenosos, nos quais, por apresentarem maior porosidade, a água infiltra com 
maior facilidade e sua secagem é mais rapidamente. Em contrapartida, solos mais arenosos 
são mais suscetíveis a sofrer erosão, pois quanto maior a porosidade, mais frágeis são.
O sistema de drenagem pode ser definido, portanto, como o “[...] conjunto 
de elementos interligados em um sistema, destinado a captar as águas pluviais 
precipitadas sobre uma região, conduzindo-as, de forma segura, a um destino 
final” (MIGUEZ; VERÓL; REZENDE, 2015, p. 186). Dessa forma, de acordo 
com Ramos, Barros e Palos (1999), é fundamental que o sistema cumpra alguns 
objetivos, como os que você confere a seguir.
  Reduzir a exposição da população e das propriedades ao risco de inun-
dações, bem como reduzir o nível de danos causados.
Drenagem superficial e profunda4
  Articular-se com o projeto de desenvolvimento urbano e a ocupação 
do solo, de forma a assegurar medidas corretivas compatíveis com as 
metas e os objetivos definidos para a região.
  Minimizar alterações hidrossedimentológicas, reduzindo não só alte-
rações hidrológicas que revertem em aumento do risco de inundações, 
mas, também, problemas de erosão e sedimentação, que revertem em 
desequilíbrios morfológicos.
  Preservar as várzeas não urbanizadas, sempre que possível, em uma 
condição que minimize as interferências com o escoamento das vazões 
de cheias, com a sua capacidade de armazenamento e com os ecossis-
temas aquáticos e terrestres de especial importância.
  Promover a utilização das várzeas, quando necessário, para atividades 
de lazer e contemplação, em harmonia com a manutenção das funções 
ecossistêmicas fluviais e compondo paisagens multifuncionais.
  Proteger a qualidade ambiental e o bem-estar social.
2 Medidas de drenagem superficial e profunda
O sistema de drenagem é composto por dois subsistemasque trabalham em conjunto 
para alcançar os objetivos expostos anteriormente: a microdrenagem (também 
denominada de drenagem superfi cial) e a macrodrenagem (drenagem profunda). De 
acordo com Ferraz, Santos e Paim (2017), a drenagem (superfi cial ou profunda), é 
considerada uma alternativa dentre muitos métodos utilizados para a estabilização 
de taludes, bem como para uma possível diminuição da inclinação do talude.
Drenagem superficial
De maneira bem simples, a drenagem superfi cial busca captar a água da chuva (ou 
de outras fontes) e, em seguida, escoá-la de forma superfi cial. Ou seja, a drenagem 
superfi cial tem como objetivo interceptar e captar, conduzindo ao desague seguro 
as águas provenientes de suas áreas adjacentes e aquelas que se precipitam sobre 
o corpo da estrada/edifi cação, buscando promover a segurança e estabilidade.
Para um sistema de drenagem superficial eficiente, Brasil (2006) descreve 
que seo utiliza uma série de dispositivos com objetivos específicos, como os 
que você vê detalhados a seguir.
  Bueiros (ou bocas de lobo): buscam permitir a passagem livre das 
águas que atravessam o leito da estrada. Wilken (1978) descreve que a 
5Drenagem superficial e profunda
capacidade de escoamento de uma boca de lobo (Figura 2) depende da 
altura de água no trecho da sarjeta imediatamente a montante da boca 
de lobo. Se estiver localizada em um trecho de declividade uniforme, 
a altura de água na sarjeta dependerá das suas características de es-
coamento, como o conduto livre. Tais características incluem a seção 
transversal, a declividade e a rugosidade da sarjeta e das superfícies 
do pavimento sobre as quais a água escoa. De modo geral, os bueiros 
estão compostos por duas partes principais: boca e corpo. 
Figura 2. Bueiro e seus componentes.
Fonte: (a) Higitec (2017, documento on-line); (b) Mr.1/Shutterstock.com.
  Corpo: situado sob os cortes e aterros, é construído sobre uma base, geralmente de con-
creto, denominada berço, cujo objetivo é garantir estabilidade e alinhamento ao corpo.
  Boca: constitui os dispositivos de admissão e lançamento, a montante e a jusante, 
sendo composta de soleira, muro de testa e alas.
Drenagem superficial e profunda6
  Valetas de proteção de corte: seu objetivo é receber/captar as águas que 
escorrem pela área ou pelo terreno (Figura 3a) para que não atinjam o 
talude de corte, o que pode causar erosão ou até mesmo deslizamentos 
(em casos mais extremos).
  Valetas de proteção de aterro: tem função muito similar à das valetas 
de proteção de corte, buscando captar as águas que escorrem pela área/
terreno, impedindo que a água pluvial atinja o pé do talude de aterro. 
Além dessa função, as valetas de proteção normalmente recebem águas 
pluviais de outros dispositivos de drenagem superficial, como é o caso 
das águas das sarjetas e valetas de corte (Figura 3b).
Figura 3. Vista para uma valeta de proteção de corte (a) e vista para uma valeta de 
proteção de aterro (b).
Fonte: Adaptada de Molle ([201-?], documento on-line).
7Drenagem superficial e profunda
As valetas podem ser abertas ou fechadas, porém, normalmente, opta-se pelos canais 
abertos, pois, segundo Ramos, Barros e Palos (1999), apresentam como vantagens:
  facilidade de manutenção e limpeza;
  maior economia de investimento;
  possibilidade de integração paisagística com valorização das áreas ribeirinhas;
  maior facilidade para ampliações futuras caso seja necessário.
  Sarjetas de corte: têm como objetivo “[...] captar as águas que se 
precipitam sobre a plataforma e taludes de corte e conduzi-las, lon-
gitudinalmente à rodovia, até o ponto de transição entre o corte e o 
aterro”. Assim, permitem “[...] a saída lateral para o terreno natural ou 
para a valeta de aterro ou, então, até a caixa coletora de um bueiro de 
greide” (BRASIL, 2006, documento on-line). A Figura 4a apresenta 
um exemplo de sarjeta de corte.
  Sarjetas de aterro: são utilizadas para “[...] captar as águas precipitadas 
sobre a plataforma, de modo a impedir que provoquem erosões na borda 
do acostamento e/ou no talude do aterro, conduzindo-as ao local de 
deságue seguro” (BRASIL, 2006, documento on-line).
  Sarjeta de canteiro central: sua função é “[...] captar as águas prove-
nientes das pistas e do próprio canteiro central e conduzi-las longitudi-
nalmente até serem captadas por caixas coletoras de bueiros de greide” 
(BRASIL, 2006, documento on-line). Esse dispositivo de drenagem é 
muito comum entre rodovias duplas, separadas por um canteiro central 
(Figura 4b). 
Drenagem superficial e profunda8
  Descidas d’água: também conhecidas como escadas hidráulicas, seu 
objetivo é “[...] conduzir as águas captadas por outros dispositivos de 
drenagem, pelos taludes de corte e aterro” (BRASIL, 2006, docu-
mento on-line). A Figura 4c apresenta um exemplo desse dispositivo 
de drenagem.
  Saídas d’água: são dispositivos “[...] destinados a conduzir as águas 
coletadas pelas sarjetas de aterro, lançando-as nas descidas d’água. 
Logo, consistem em dispositivos de transição entre as sarjetas de aterro 
e as descidas d’água” (BRASIL, 2006, documento on-line). 
  Caixas coletoras: conforme DNIT (BRASIL, 2006, documento on-line), 
este dispositivo tem como objetivos:
[...] coletar as águas provenientes das sarjetas e que se destinam aos bueiros de 
greide; coletar as águas provenientes de áreas situadas a montante de bueiros 
de transposição de talvegues, permitindo sua construção abaixo do terreno 
natural; coletar as águas provenientes das descidas d'água de cortes, condu-
zindo-as ao dispositivo de deságue seguro; permitir a inspeção dos condutos 
que por elas passam, com o objetivo de verificação de sua funcionalidade e 
eficiência; possibilitar mudanças de dimensão de bueiros, de sua declividade 
e direção, ou ainda quando a um mesmo local concorre mais de um bueiro.
  Bueiros de greide: são dispositivos “[...] destinados a conduzir para 
locais de deságue seguro as águas captadas pelas caixas coletoras” 
(BRASIL, 2006, documento on-line).
  Corta-rios: são canais de desvio abertos com a finalidade de evitar 
que um curso d’água existente (como um rio por exemplo) interfira 
na diretriz da rodovia, obrigando a construção de sucessivas obras 
de transposição de talvegues. Também são utilizados para afastar as 
águas que, ao serpentear em torno da diretriz da estrada, coloquem 
em risco a estabilidade dos aterros ou para melhorar a diretrizes 
de rodovias.
9Drenagem superficial e profunda
Figura 4. Exemplo de elementos da drenagem superficial: (a) sarjetas de corte; 
(b) sarjetas de canteiro central; (c) descidas d’água. 
Fonte: (a) Madhourse/Shutterstock.com; (b) Alf Ribeiro/Shutterstock.com; (c) Escada... 
(2013, documento on-line).
Drenagem superficial e profunda10
Drenagem profunda
Segundo Das (2013), a drenagem profunda (também denominada subterrânea) 
tem como objetivo amenizar a presença de águas de infi ltração e percolação 
nos solos que causam inconvenientes e problemas para os mais variados 
tipos de obras de engenharia civil. Dessa forma, a drenagem profunda tem 
por objetivo captar e conduzir as águas subterrâneas para locais seguros e 
que não causem danos às obras/edifi cações de engenharia. Quando falamos 
de água subterrâneas, estamos falando principalmente da água presente em 
solos, nas rochas (nas fendas) e no lençol freático.
Os principais elementos que possuem a função de drenar essas águas do 
subsolo são:
  Drenos profundos: têm como objetivo “[...] interceptar o fluxo da água 
subterrânea através do rebaixamento do lençol freático, impedindo-o de 
atingir o subleito” (BRASIL, 2006, documento on-line). Normalmente 
esses drenos são instalados horizontalmente (e, por isso, podem ser 
denominados também drenos longitudinais profundos). Conforme 
descrevem Rodrigues, Suzuki e Tavares (2016), a altura desses drenos 
depende da profundidade do lençol freático, podendo chegar a 1,50 m ou, 
no máximo, a 2,00 m. Recomenda-se a instalaçãode drenos profundos 
nos cortes com presença de lençol d’água até a profundidade de 1,5 m 
abaixo do greide.
Existem diferentes materiais que são empregados nos drenos profundos, como os 
que você confere a seguir.
  Materiais filtrantes: areia, terra, agregados britados, dentre outros.
  Materiais drenantes: britas (grossa, média, e fina), cascalhos, etc.
  Materiais condutores: tubos de concreto, cerâmicos ou plásticos. 
11Drenagem superficial e profunda
  Drenos espinha de peixe (sub-superficiais): destinados à “[...] drena-
gem de grandes áreas, pavimentadas ou não, normalmente usados em 
série, em sentido oblíquo em relação ao eixo longitudinal da rodovia ou 
área a drenar” (BRASIL, 2006, documento on-line) (Figura 5).
Figura 5. Exemplos de dreno do tipo espinha de peixe.
Fonte: EthelJay/Shutterstock.com.
  Drenos sub-horizontais: são aplicados para “[...] prevenção e correção 
de escorregamentos nos quais a causa determinante da instabilidade 
é a elevação do lençol freático ou do nível piezométrico de lençóis 
confinados” (BRASIL, 2006, documento on-line).
  Galerias de drenagem: têm como objetivo transportar a água da 
chuva (pluvial), a água de dejetos líquidos e sólidos de todo o sistema 
de drenagem urbana (normalmente das ruas e avenidas), desde a cap-
tação até o local de despejo, que normalmente são recursos hídricos 
(Figura 6). Essas galerias subterrâneas normalmente apresentam seção 
circular, retangular ou oval. 
Drenagem superficial e profunda12
Figura 6. Saída de uma galeria de drenagem.
Fonte: Rootstock/Shutterstock.com.
  Poços de alívio (ou trincheiras): tem como objetivo drenar as águas 
que fluem através do maciço e aliviar as supressões impostas pela 
carga hidráulica do reservatório (OLIVEIRA, 2008). Ou seja, o poço 
de alívio consiste em furos de drenagem abertos na área/terreno (com 
diâmetros entre 75 e 150 mm), com o objetivo de reduzir as subpressões 
desenvolvidas pela percolação de água na fundação.
3 Tipologias de drenagem em obras geotécnicas
Durante muitos anos, a drenagem foi abordada como algo acessório pelos 
governantes. Dessa forma, o crescimento das áreas urbanizadas se processou 
de forma acelerada e somente em algumas cidades a drenagem foi considerada 
fator preponderante no planejamento da sua expansão. Porém, cada vez mais, 
a drenagem vem sendo um assunto de destaque nos projetos civis, visto sua 
importância para garantir a segurança da população e da infraestrutura de 
modo geral (CANHOLI, 2005).
Dessa forma, é essencial investir em medidas de infiltração e drenagem 
das águas pluviais. De acordo com Suzuki, Azevedo e Kabback Junior (2013), 
as medidas de infiltração possuem como principais vantagens:
13Drenagem superficial e profunda
  aumento da recarga do lençol freático;
  diminuição das vazões máximas de jusante;
  estímulo do uso de paisagens verdes;
  busca da preservação da vegetação natural. 
Existem medidas muito simples que buscam promover a infiltração e a 
drenagem em obras e que incluem desde a adoção de calçamentos permeáveis, 
ou de módulos vazados, para passeios públicos e estacionamentos, até pequenas 
obras ou dispositivos criados e localizados com o objetivo de propiciar maior 
infiltração no solo. Entre esses dispositivos, Miguez, Veról e Rezende (2015) 
citam os que você confere a seguir.
  Planos de infiltração: áreas planas, normalmente gramadas ou vege-
tadas de alguma forma, que recebem a água de uma área imperme-
ável, fazendo essa água (ou parte dela, dependendo da precipitação) 
infiltrar-se no terreno enquanto são percorridas. Ao final desses planos 
de infiltração, normalmente são colocadas valas de infiltração, ou 
drenos, para coletar o excesso. Eventualmente, dependendo do volume 
precipitado, esses planos podem ficar submersos durante algum tempo.
  Valas de infiltração: dispositivos de drenagem longilíneos, muitas 
vezes utilizados ao longo de estradas ou conjuntos habitacionais e que 
podem aparecer no fim de planos de infiltração. Essas valas concentram 
o fluxo das áreas adjacentes e criam condições para infiltração ao longo 
do seu comprimento. Devem ter volume suficiente para que não ocorra 
transbordamento, enquanto não ocorre toda a infiltração, funcionando 
como um reservatório de detenção, à medida que a vazão que escoa 
para a vala seja maior do que a sua capacidade de infiltração.
  Bacias de percolação: dispositivos de percolação utilizados dentro de 
lotes, também com o objetivo de diminuir o escoamento superficial e 
aumentar a recarga. As bacias são construídas para receber a água que 
vem do telhado e criar condições de escoamento através do solo. Isso 
ocorre pela remoção de camada superior do solo, substituindo-a por 
cascalho, o que cria espaço para armazenamento. Para que esse disposi-
tivo funcione, o nível do lençol freático precisa ser relativamente baixo; 
caso contrário, talvez não haja área suficiente para armazenamento.
Muitas obras de engenharia necessitam realizar cortes em taludes e, dessa 
forma, para evitar a sua erosão, é importante investir em obras de contenção 
(Figura 7). Não basta apenas plantar vegetação sobre locais íngremes, porque 
Drenagem superficial e profunda14
demora para crescer e enraizar e, com as chuvas, o solo acaba sendo levado 
(processo denominado lixiviação). Assim, é importante investir em barreiras 
de contenção, comumente construídas com pedras, concreto ou madeira. É 
importante, também, construir canais para escoar a água da chuva e evitar a 
erosão. Após a sua construção, as barreiras devem ser cobertas com vegetação, 
como, por exemplo, gramíneas, para impedir que o solo seja lixiviado pela 
água das chuvas. 
Figura 7. Obras de engenharia utilizadas para conter a erosão em encostas. 
Fonte: ThamKC/Shutterstock.com.
15Drenagem superficial e profunda
Miguez Veról e Rezende (2015) descrevem que o reflorestamento de áreas 
degradadas, como das encostas e margens de rios que foram ocupadas irre-
gularmente, é uma importante medida extensiva para restabelecimento do 
balanço hidrológico natural de uma bacia urbanizada. O reflorestamento 
previne a erosão, preservando a camada superficial do solo, e favorece a 
infiltração; assim, o volume de escoamento superficial é reduzido, o que 
permite o correto funcionamento das estruturas de drenagem, uma vez que 
uma menor quantidade de água e sedimentos chega ao sistema. 
Outro dispositivo que busca facilitar e agilizar a drenagem da água do solo 
são os geodrenos, que, segundo Almeida e Marques (2010), até pouco tempo 
atrás, eram preenchidos com areia, material que permitia a drenagem das 
águas subterrâneas. Porém, os revestimentos de areia (também denominados 
drenos de areia) estão caindo em desuso e sendo substituídos tipicamente 
pelos geodrenos pré-fabricados. Os geodrenos são tipicamente compostos de 
um núcleo drenante envolto por um filtro geotêxtil. O núcleo é tipicamente de 
plástico e possui ranhuras ou canais que permitem a drenagem livre da água. 
O filtro geotêxtil, por sua vez, permite a passagem de água para o núcleo, 
retendo as partículas de solo (Figura 8). 
Figura 8. Composição típica do geodreno.
Fonte: Maxdren ([2019], documento on-line).
A função dos geodrenos é facilitar e acelerar a drenagem de água do solo, 
diminuindo a distância de viagem da água dentro do solo. Na grande maioria 
dos casos, os geodrenos são dispostos verticalmente na área onde há necessi-
dade de se realizar a drenagem de água. Almeida e Marques (2010) destacam 
que a utilização de drenos verticais promove a aceleração dos recalques ao 
diminuir o caminho de drenagem dentro da massa de solo compressível para 
cerca da metade da distância horizontal entre drenos.
Drenagem superficial e profunda16
Na grande maioria dos casos, os geodrenos são cravados no solo com auxílio de 
máquina e são utilizados em obras com extensas áreas de sobrecargas sobre solos 
moles, ou seja, que apresentam baixa resistência. Como exemplos de obras que 
fazem uso dos geodrenos,temos as rodovias, as ferrovias, os aeroportos, dentre 
outros, quando construídas sobre solos moles. Por ocuparem uma extensa área de 
solo, é comum que esses tipos de obras possuam cargas distribuídas de aterros que 
sobrecarregam os solos moles, gerando um excesso de poropressão no interior do 
solo. Esse excesso de poropressão é dissipado com o tempo e causa recalques na 
construção, podendo provocar diversas patologias. Uma alternativa para evitar 
a criação de patologias por esses tipos de recalques é acelerar a dissipação da 
poropressão com a aplicação de geodrenos. Assim, os recalques são controlados e 
grande parte ocorre antes da finalização da obra e sua ocupação, garantindo mais 
segurança e menor desenvolvimento de patologias devido a recalques.
Outra solução para conter a água subterrânea são as membranas geotêxteis. 
Segundo Queiroz (2016), a principal função das membranas geotêxteis é filtrar 
e drenar; logo, esse material é utilizado em obras que necessitam de elemento 
filtrante e/ou drenante eficiente. A Figura 9 apresenta alguns exemplos de 
como os geotêxteis são utilizados.
Figura 9. Aplicações dos geotêxteis como filtro em obras de drenagem subterrânea 
de estradas — trincheiras laterais. 
Fonte: Queiroz (2016, p. 388).
17Drenagem superficial e profunda
Percebe-se a importância de investir em obras de drenagem, pois esses 
sistemas garantem segurança, qualidade, maior vida útil das edificações/
construções e, principalmente, a segurança da população. Muitos governantes 
ainda fazem uso da expressão “cano enterrado não gera voto”, porém, essa 
mentalidade precisa mudar urgentemente (TUCCI, 2005). Com a retirada da 
vegetação nativa e a impermeabilização do solo através de rodovias e calçadas, 
a infiltração de água diminui, aumentando o escoamento superficial. Essa água 
escoa para regiões mais baixas, provocando sérios problemas de inundações 
e resultando em prejuízos econômicos e sociais. 
Logo, é função dos engenheiros encontrar soluções que busquem conci-
liar tanto o desenvolvimento econômico e social quanto a sustentabilidade 
ambiental do sistema. É fundamental analisar os índices pluviométricos, o 
tipo de solo, as características geomorfológicas, a topografia, o relevo, dentre 
outros, antes de projetar um sistema de drenagem.
ALMEIDA, M. S. S.; MARQUES, M. E. S. Aterros sobre solos moles: projeto e desempenho. 
São Paulo: Oficina de Textos, 2010.
BRASIL. Ministério dos Transportes. Departamento Nacional de Infraestrutura de Trans-
portes. Manual de drenagem rodoviária. 2. ed. Rio de Janeiro: DNIT, 2006. Disponível 
em: http://www1.dnit.gov.br/arquivos_internet/ipr/ipr_new/manuais/manual_drena-
gem_rodovias.pdf. Acesso em: 18 ago. 2020.
CANHOLI, A. P. Drenagem urbana e controle de enchentes. São Paulo: Oficina de Textos, 
2005. 
DAS, B. M. Fundamentos de engenharia geotécnica. São Paulo: Cengage Learning, 2013.
ESCADA hidráulica de Camorim. In: WIKIPÉDIA. [S. l.: s. n.], 2013. Disponível em: https://
pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Escada_hidr%C3%A1ulica_de_Camorim.jpg. Acesso 
em: 18 ago. 2020.
FERRAZ, R. L.; SANTOS, I. G.; PAIM, M. A. M. Caso de ruptura de um talude associada 
a problemas no sistema de drenagem superficial. In: COBRAE, 7., 2017. Anais [...]. Flo-
rianópolis, 2017.
FIORI, A. P.; CARMIGNANI, L. Fundamentos de mecânica dos solos e das rochas: aplicações 
na estabilidade de taludes. 2. ed. Curitiba: UFPR, 2009.
HIGITEC. Como evitar entupimento de bueiros? São Paulo: Higitec, 2017. Disponível em: 
https://www.higitec.com.br/blog/como-evitar-entupimento-de-bueiros/. Acesso 
em: 18 ago. 2020.
Drenagem superficial e profunda18
MANUAL de taludes de rodovias orientação para diagnóstico e soluções de seus 
problemas. São Paulo: DER, 1991. Disponível em: http://www.der.sp.gov.br/WebSite/
Documentos/Geotecnia.aspx. Acesso em: 18 ago. 2020.
MAXDREN. Geodreno RV-30/1. São Paulo: Maxdren, [2019]. Disponível em: https://www.
aecweb.com.br/cls/catalogos/ramalho/catalogo-geodreno.pdf. Acesso em: 18 ago. 
2020.
MIGUEZ, M. G.; VERÓL, A. P.; REZENDE, O. M. Drenagem urbana: do projeto tradicional 
à sustentabilidade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
MOLLE, N. L. D. Seções de sarjetas. In: TBN2NET. [S. l.: s. n., 201-?]. Disponível em: https://
tbn2net.com/help/C3DRENESG4/tipossarjetas.html#:~:text=As%20valetas%20de%20
prote%C3%A7%C3%A3o%20de%20aterros%20t%C3%AAm%20como%20objetivo%20
interceptar,dispositivo%20de%20transposi%C3%A7%C3%A3o%20de%20talvegues. 
Acesso em: 18 ago. 2020.
OLIVEIRA, A. G. S. Análise da eficácia dos dispositivos de vedação e drenagem utilizados 
em fundações permeáveis de barragens de Terra. Dissertação (Mestrado) - Escola de 
Engenharia de São Carlos, São Carlos, 2008. Disponível em: https://www.teses.usp.br/
teses/disponiveis/18/18132/tde-13042010-091918/pt-br.php. Acesso em: 18 ago. 2020.
QUEIROZ, R. C. Geologia e geotecnia básica para engenharia civil. São Paulo: Blucher, 2016.
RAMOS, C. L.; BARROS, M. T. L.; PALOS, J. C. F. (coord.). Diretrizes básicas para projetos de 
drenagem urbana no município de São Paulo. São Paulo: FCTH, 1999. Disponível em: 
http://www.fau.usp.br/docentes/deptecnologia/r_toledo/3textos/07drenag/dren-sp.
pdf. Acesso em: 18 ago. 2020.
RIGHETTO, A. M. Hidrologia e recursos hídricos. São Carlos: EESC/USP, 1998.
RODRIGUES, C. G. S.; SUZUKI, C. Y. O.; TAVARES, M. B. Drenagem de rodovias: drenagem 
profunda e subterrânea. 2016. Disponível em: https://servicos.unitoledo.br/repositorio/
bitstream/7574/256/1/Caroline%20Gisela%20Salom%C3%A3o%20Rodrigues%20-
-%20C%C3%A1ssio%20Yudi%20Omori%20Suzuki%20-%20DRENAGEM%20EM%20
RODOVIAS-DRENAGEM%20PROFUNDA%20OU%20SUBTERR%C3%82NEA.pdf. Acesso 
em: 26 jul. 2020.
SUZUKI, C. Y.; AZEVEDO, A. M.; KABBACH JÚNIOR, F. I. K. Drenagem subsuperficial de 
pavimentos: conceitos e dimensionamento. São Paulo: Oficina de Textos, 2013. 
TRÊS semanas após deslizamento, RS-122 segue bloqueada entre Farroupilha e São 
Vendelino. Jornal NH, nov. 2019. Disponível em: https://www.jornalnh.com.br/noti-
cias/regiao/2019/11/26/tres-semanas-apos-deslizamento--rs-122-segue-bloqueada-
-entre-farroupilha-e-sao-vendelino.html. Acesso em: 18 ago. 2020.
TUCCI, C. E. M. Gestão de inundações urbanas. Porto Alegre: UFRGS, 2005.
WILKEN, P. S. Engenharia de drenagem superficial. São Paulo: Companhia de Tecnologia 
de Saneamento Ambiental, 1978. 
19Drenagem superficial e profunda
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Drenagem superficial e profunda20

Mais conteúdos dessa disciplina