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RELAÇÕES DO TRABALHO Lohana do Espírito Santo Ernandes IBMR - Direito A Constituição Federal de 1988 e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) regulam a jornada de trabalho no Brasil, estabelecendo parâmetros fundamentais para a proteção dos direitos dos trabalhadores e para a organização do tempo de trabalho e descanso. A Constituição, em seu artigo 7º, inciso XIII, determina que a jornada de trabalho normal não pode exceder 8 horas diárias e 44 horas semanais. Este limite visa assegurar que os trabalhadores tenham tempo suficiente para o descanso e atividades pessoais, essenciais para a saúde e bem- estar. A CLT reforça essa determinação, especificando também a necessidade de intervalos para repouso e alimentação durante a jornada. Os parâmetros constitucionais e legais estabelecem que a jornada de trabalho deve observar limites para prevenir a fadiga, promover a qualidade de vida do trabalhador e equilibrar a vida profissional e pessoal. Estes limites são fundamentados em razões biológicas, sociais, econômicas, religiosas e familiares. Tais razões visam prevenir o desgaste físico e mental, permitir interações sociais e participação comunitária, facilitar a distribuição de empregos, e garantir tempo para práticas religiosas e convivência familiar, essenciais para a formação e manutenção dos laços sociais. A legislação trabalhista brasileira prevê algumas situações em que a jornada de trabalho pode exceder os limites estabelecidos, sempre mediante certas condições e compensações. Horas extras podem ser realizadas em casos de necessidade, sendo limitadas a um máximo de 2 horas por dia e remuneradas com acréscimo. Acordos e convenções coletivas permitem horários diferenciados, como a jornada de 12x36, comum em setores como saúde e segurança. O regime de tempo parcial, regulamentado pela Reforma Trabalhista de 2017, permite jornadas inferiores a 44 horas semanais, ajustadas conforme a necessidade de cada setor, respeitando-se os direitos proporcionais dos trabalhadores. Além disso, a CLT permite a compensação de jornada, onde o excesso de horas em um dia pode ser compensado com a redução em outro, desde que acordado entre empregado e empregador. Situações especiais podem justificar a extensão da jornada sem que configure ilegalidade, como casos de força maior ou serviços inadiáveis, que demandam jornadas mais longas para evitar prejuízos ou garantir a segurança. O banco de horas permite a acumulação de horas extras para compensação em períodos de menor demanda, desde que acordado previamente e respeitando os limites legais. A limitação da jornada de trabalho é uma medida essencial para proteger a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, garantindo um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. No entanto, a legislação brasileira é flexível o suficiente para acomodar as necessidades específicas de diferentes setores e situações, sempre buscando um equilíbrio entre os interesses dos empregadores e os direitos dos trabalhadores. É fundamental que quaisquer extensões de jornada sejam acompanhadas de devidas compensações e acordos, assegurando que os trabalhadores não sejam prejudicados em seus direitos fundamentais. Rio de Janeiro – RJ – 2024