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Caso 10 - Hipertensão Arterial Sistêmica 1. Controle da PA a longo prazo Fisiologia Básica - Rui Curi ● Pressão sanguínea - Definido como a força dividida pela unidade de área, sendo no corpo humano entendida como a força que o volume sanguíneo exerce contra a parede dos vasos, por unidade de área, responsável pelo fluxo que mantém a circulação sanguínea. - No ventrículo esquerdo há uma pressão aproximada de 120 mmHg, enquanto no átrio direito há uma pressão de 5 mmHg, que permite o fluxo sanguíneo entre estas cavidades. PSA = DC x RVP - A pressão corporal é chamada de arterial devido a importância das artérias e arteríolas na resistência do fluxo, devido a quantidade de fibras elásticas e musculares lisas que controlam a variação do diâmetro do vaso. - Sua regulação depende de mecanismos que atuam em curto, médio e longo prazo. - Os fatores que influenciam a PA são: eficiência da bomba cardíaca (força de contração e frequência cardíaca), resistência vascular periférica total e volume sanguíneo, influenciando também no controle da mesma. ● Controle neural da pressão arterial (curto prazo) - Desencadeamento de respostas rápidas para controle. - Mecanorreceptores: sensíveis à deformação mecânica dos vasos e câmaras ventriculares. Chamados de barorreceptores (curvatura da aorta e seio carotídeo), localizados na região de alta pressão arterial, ativados quando ocorre um aumento rápido e intenso da pressão. - Quando os barorreceptores são ativados constantemente, se adaptam ao novo nível pressórico, assumindo um novo nível de PA como normal. ● Mecanismos humorais de controle da PA (médio e longo prazo) - Dependem da síntese e secreção de hormônios Bruna Bergamo - 57 1. Liberação de catecolaminas pela medula da adrenal - Ativação da glândula suprarrenal (adrenais) quando há maior necessidade de fluxo sanguíneo perante esforço, pós ativação do Sistema Nervoso Simpático. - Adrenal: glândulas endócrinas, localizadas acima dos rins, responsáveis pela liberação de hormônios em resposta ao estresse, como cortisol, aldosterona, androgênios e catecolaminas (epinefrina 90% e norepinefrina 10% - células cromafins) Epinefrina → receptores beta-adrenérgicos → via adenilato ciclase → ATP clivado em AMPc → diminuindo a afinidade das proteínas contráteis ao cálcio → hiperpolarização da membrana celular da musculatura lisa → vasodilatação Epinefrina → síntese e liberação de óxido nítrico → adrenoceptores beta 1/2/3 → vasodilatação → aumento do fluxo sanguíneo Norepinefrina → receptores alfa-adrenérgicos dos vasos sanguíneos → aumento da resistência vascular periférica total → aumento da PA Norepinefrina → diminuição na capacitância venosa (estiramento sem aumentar a pressão) + aumento do retorno venoso → aumento do débito cardíaco → aumento da PA Norepinefrina → liga-se aos receptores alfa-adrenérgicos das arteríolas → ativação da via da fosfolipase C → diacilglicerol e inositol trifosfato → contração da musculatura lisa vascular → aumento da resistência vascular periférica → aumento da PA Norepinefrina → receptores beta-adrenérgicos do coração → aumento da frequência cardíaca + contratilidade → aumento do débito cardíaco → aumento da PA Bruna Bergamo - 57 2. Vasopressina (VP) - Conhecida como arginina vasopressina ou hormônio anti-diurético (ADH) - Nonapeptídeo sintetizado pelos corpos celular dos neurônios magnocelulares do núcleo paraventricular do hipotálamo e supraóptico, transportados pelos prolongamentos axonais até o lobo posterior da hipófise (neuro-hipófise), onde o ADH fica armazenado até sua liberação na corrente sanguínea. - Liberação devido ao aumento na osmolaridade plasmática, hipovolemia e diminuição constante da PA. - Receptores: V¹ da musculatura lisa dos vasos arteriais e V² nos rins. Desidratação/consumo excessivo de sal → aumento da concentração plasmática de Na+ → aumento da osmolaridade plasmática → órgãos circunventriculares (CVOs) → alterações dos osmorreceptores do hipotálamo (sem barreira hematoencefálica) → neurônios magnocelulares do PVN e SON → síntese de VP pelos terminais axonais na neuro-hipófise VP → ligação nos receptores V¹ das artérias → proteína G → ativação da fosfolipase C → inositol trifosfato (IP³) e diacilglicerol → proteína quinase C → aumento da concentração de Ca²+ intracelular → contração do músculo liso → aumenta RVP → aumento da PA VP → fechamento dos canais de K+ sensíveis a ATP + inibição da via do óxido nítrico + potenciação das vias adrenérgicas e vasoconstritores VP → membrana basolateral dos túbulos coletores renais → receptores V² nos rins → ativação de proteínas G → liberação de AMPc → ativação das quinases A → fosforilação de proteínas → transporte de vesículas intracelulares com aquaporinas de tipo 2 - AQP2 (canais de água) → fusão das AQP2 à membrana apical das células dos túbulos coletores → aumenta a permeabilidade das paredes à água → reabsorção de água → maior concentração da urina + aumento do volume sanguíneo circulante → aumento da PA VP → aumento da reabsorção de NaCl pela alça de Henle espessa → aumento da osmolaridade intersticial → aumenta o gradiente osmótico → favorece a absorção de água pelo ducto coletores → aumento do volume sanguíneo circulante → aumento da PA 3. Rins - Natriurese/ diurese pressórica = acoplamento entre os mecanismos de ajustes renais e hemodinâmicos - Volume do líquido extracelular (LEC) = plasma sanguíneo (constante) + líquido intersticial → alterações no volume podem acarretar em alterações no volume plasmático e consequentemente, da PA. - Controle do volume circulante efetivo: circula no leito arterial e perfunde nos órgãos. (30% do volume circulante total) - Controle do volume do LEC: regulação do conteúdo de Na+ corporal → balanço de sódio + controle da osmolaridade extracelular → balanço de água Aumento da ingestão de Na+ → aumento da osmolaridade plasmática → ativação de osmorreceptores → aumento da sensação de sede + aumento das vias de liberação Bruna Bergamo - 57 de VP → aumento da reabsorção de água → normalização da osmolaridade do LEC → aumento do volume do LEC Manutenção do volume de LEC Natriurese pressórica: aumento da pressão de perfusão sanguínea renal → aumenta excreção de Na+ Diurese pressórica: aumento da PA → aumento na taxa de filtração glomerular → aumento da carga filtrada de Na+ → aumento da excreção de Na+ e água - Regulação a longo prazo da PA: capacidade excretora renal ajustada às necessidades de manutenção do equilíbrio de fluidos corporais, quando há uma alteração no volume de LEC em curto prazo, há alterações cardiovasculares, mas em longo prazo há um mecanismo de feedback rim-fluidos corporais, por meio =, principalmente da taxa de filtração glomerular (TFG), controlada pela PA, VP, peptídeo natriurético atrial (PNA), prostaglandinas, fatores derivados do endotélio e sistema renina-angiotensina-aldosterona 4. Sistema renina-angiotensina-aldosterona - Controle da PA a longo prazo, devido a ação vasoconstritora da ANG II e a influência da mesma para liberação de aldosterona, importante para reabsorção renal de Na+ e água. - Aparelho justaglomerular (AJG): estrutura do néfron, formada pelas arteríola aferente e eferente renal + componente tubular chamado de mácula densa, que é um conjunto de células epiteliais que armazenam a enzima renina Causas de liberação da renina: Queda do volume circundante → queda da perfusão renal → barorreceptores das células granulares da arteríola aferente renal desativados → liberação de renina pelo AJG → aumento compensatório da PA (maneira oposta funciona da mesma maneira) Queda da PA → ativação dos barorreceptores arteriais → ativação de centros bulbares → aumento da atividade nervosa simpática → liberação de renina (bloqueio de beta adrenérgicos inibe a liberação de renina) Diminuição do volume circundante efetivo → queda na taxa de filtração glomerular → diminuição na concentração de NaCl no núcleo na mácula densa → aumento da liberação de renina pelo AJG Renina → circulação sanguínea → fígado → clivagemdo angiotensinogênio → angiotensina I → porção luminal do endotélio vascular abundante no pulmão (tosse) → enzima conversora de angiotensina (ECA) → remoção de dois aminoácidos da porção C-terminal da ANG I → angiotensina II Bruna Bergamo - 57 Angiotensina II - Circulação sistêmica → liga-se aos receptores subtipo AT¹ na musculatura lisa dos vasos → ativa proteína G → ativação da fosfolipase C → trifosfato e diacilglicerol → ativação da quinase C → aumento na concentração intracelular de Ca2+ → vasoconstrição → aumento da PA - Vasoconstrição da arteríola eferente renal → sangue com passagem lentificada → aumento da filtração glomerular → queda da pressão hidrostática nos capilares peritubulares subsequentes → aumento da reabsorção de Na+ - Hipertrofia e remodelamento da musculatura lisa vascular e estriada cardíaca, aumentando o inotropismo (força de contração cardíaca) e cronotrópicos (aumento da frequência cardíaca) - Liberação de VP pela neuro-hipófise → aumento dos efeitos vasoconstritores e renais. - Órgãos circunventriculares → receptores para angiotensina II → conexão com hipotálamo, sistema límbico e tronco encefálico → estímulo dos centros da sede e apetite pelo sal - Células da zona glomerulosa do córtex das glândulas adrenais → rins → facilita a reabsorção de Na+ nos ductos e túbulos coletores renais → reabsorção de água → aumento do volume circulante efetivo → aumento da PA - SNP → receptores AT¹ → facilita a neurotransmissão noradrenérgica das fibras pós ganglionares simpáticas → aumento da liberação + diminuição da recaptação de norepinefrina → aumento da atividade nervosa simpática - SNC → receptores AT¹ → bulbo ventrolateral rostral → neurônios pré motores simpáticos → coluna intermediolateral da medula → aumenta a atividade simpática dos vasos arteriais → aumento da resistência periférica total → aumento da PA - Núcleo do trato solitário → diminuição da sensibilidade barorreflexa → impede a bradicardia reflexa ao aumento da PA - ECA: inativa a bradicinina → diminuição da tosse (inibidores de ECA causam tosse) Receptores da Angiotensina II: - AT1 apresenta maior densidade nas células musculares dos vasos, pulmões, fígado, rins, coração e Aorta - AT2 são mais abundantes em tecidos de desenvolvimento fetal, em pequenas quantidades em tecidos adultos dos rins, adrenais, coração, cérebro, útero e ovários. ● Aldosterona: - Aumento da absorção de sódio e liberação de potássio Epitélio do rim por difusão → citoplasma → receptor mineralocorticoide → complexo → núcleo → transcrição de DNa→ Rna mensageiros para transporte de sódio → traduzidos pelos ribossomos → enzimas e transportes de membrana para transporte de sódio → aumento da absorção de sódio ECA: inativa a bradicinina → diminuição da tosse (inibidores de ECA causam tosse) Bruna Bergamo - 57 5. Peptídeo natriurético atrial - Distensão das paredes atriais → miócitos cardíacos atriais → aumento do fluxo sanguíneo renal e filtração glomerular → elevação do coeficiente ultrafiltração glomerular → excreção de água e sódio - Receptores ANPA e ANPB → guanilato ciclase da musculatura lisa vascular → vasodilatação - Aumento da taxa de filtração glomerular → diminuição na liberação de renina → aumento da excreção de Na+ e água - Bloqueio da liberação da VP, ANG II e aldosterona → diminuição da PA → aumento da permeabilidade capilar Bruna Bergamo - 57 Bruna Bergamo - 57 2. Fisiopatologia da HAS Patologia básica - Robbins ● Introdução - Aumenta o risco de acidente vascular cerebral, doença coronariana aterosclerótica, hipertrofia cardíaca, insuficiência cardíaca, dissecção aórtica, demência por multi infarto e insuficiência renal - Combinação de polimorfismo genético + fatores ambientais que causam aumento do volume sanguíneo ou resistência periférica - Causada pelo aumento da atividade simpática ou sensibilidade e resistência ao sódio (obesidade - leptina e insulina, nicotina, estresse, idosos sensíveis ao sódio, etc) ● Epidemiologia - Pressão diastólica acima de 90 mmHg e sistólica superior a 140 mmHg associa-se ao diagnóstico de hipertensão arterial. - 25% dos indivíduos da população são hipertensos - Sem tratamento adequado, 50% morrem de doença cardíaca isquêmica ou de insuficiência cardíaca congestiva e 33% de acidente vascular cerebral. ● Patogenia - 95% dos casos é idiopática, ou seja, compatível com vida longa, passível de complicações relacionadas a outras intercorrências. - Hipertensão secundária decorrente de doença renal primária, estreitamento da artéria renal ou distúrbios suprarrenais - Distúrbios genéticos raros podem afetar a reabsorção renal de sódio. - Defeitos genéticos na enzima do metabolismo da aldosterona → aumento da secreção de aldosterona → aumento da reabsorção de água → expansão do plasma sanguíneo - Mutações proteicas que afetam a reabsorção de sódio ● Mecanismos da hipertensão essencial - Redução da excreção renal de sódio é o fator etiológico mais comum, que provoca o aumento do volume sanguíneo, débito cardíaco e PA → rins excretam sódio adicional, novo estado de excreção constante de sódio - Aumento da resistência vascular devido a uma vasoconstrição crônica - Fatores ambientais como estresse, obesidade, tabagismo, falta de atividade física e consumo de sal. ● Morfologia - Acelera a aterogênese - Alterações degenerativas nas paredes das artérias de médio e grande calibre - Associada a duas doenças de pequenos vasos: arteriolosclerose hialina e arteriolosclerose hiperplásica. Estresse hemodinâmico crônico → extravasamento dos componentes do plasma através das células endoteliais lesadas + aumento da produção de MEC pelas células Bruna Bergamo - 57 musculares lisas → estreitamento luminal → espessamento hialino homogêneo → arteriosclerose hialina Estresse hemodinâmico crônico → lesões em casca de cebola → espessamentos laminares concêntricos nas paredes arteriais (células musculares lisas com membranas basais espessadas e reduplicadas) + estreitamento luminal → depósito fibrinoide e necrose na parede dos vasos renais ● Adaptação estrutural https://bjan-sba.org/article/5e498b5e0aec5119028b45e3/pdf/rba-38-4-257.pdf - Conceito proposto por Folkow para entendimento do estado hemodinâmico, qualquer que seja a natureza da hipertensão. Hipertrofia adaptativa da musculatura lisa das paredes das arteríolas → hipertrofia da musculatura do ventrículo esquerdo → amplificação dos estímulos pressores e inotrópicos → variação da resistência vascular sistêmica e da pressão arterial a influências constritoras ou dilatadoras - O estado inotrópico do ventrículo esquerdo em resposta a catecolaminas é superior no hipertenso com relação ao normotenso, o qual é proporcional ao aumento da massa do ventrículo esquerdo, permitindo que o coração hipertrofiado mantenha determinado DC em uma pressão mais elevada que o normal. Aumento da massa do ventrículo esquerdo → desempenho inotrópico proporcional → coração mantém o DC em uma pressão maior → aumento do consumo de oxigênio pelo miocárdio → isquemia miocárdica e depressão da contratilidade Primeiros estágios da hipertensão → aumento da resistência vascular sistêmica + aumento do débito cardíaco → mantém níveis altos → progressão da hipertrofia da musculatura arteriolar → elevação da sobrecarga ventricular (pós carga) Angiotensina II → hipertrofia ventricular → limitação da complacência diastólica → limitação do enchimento ventricular → ejeção sistólica menor - Endotelina: pró hormônio da ET-1 Hipertensos → aumento da concentração de endotelina → efeito miocárdio inotrópico positivo, fibrose do músculo cardíaco, vasoconstrição coronariana, secreção de peptídeo natriurético atrial, vasoconstrição renal, redução do ritmo de filtração glomerular e da excreção urinária de sódio, aumento da secreção de aldosterona, vasoconstrição e broncoespasmo pulmonar e hipertrofia vascular → aumento da PA Bruna Bergamo - 57 https://bjan-sba.org/article/5e498b5e0aec5119028b45e3/pdf/rba-38-4-257.pdf 3. Manifestações clínicas http://files.bvs.br/upload/S/0047-2077/2014/v102n5/a4503.pdf● Coração: - Hipertrofia ventricular esquerda → disfunção diastólica → reduz o fluxo coronariano por grama do tecido miocárdico → episódios isquêmicos - Dilatação ventricular → diminuição na fração de ejeção → disfunção sistólica → galope protodiastólico → terceira bulha - Galope pré sistólico (quarta bulha) - Ictus propulsivo não desviado para esquerda - Espessamento e calcificação da válvula aórtica → sopro sistólico mais audível no foco aórtico - Segunda bulha A2 intensa e clangorosa - Dispneia - Hipertrofia ventricular esquerda → Insuficiência cardíaca (sinais: edema de membros inferiores, derrame pleural, hepatomegalia e estase jugular) + hipertensão pulmonar - Hipertrofia ventricular esquerda → maior fração de ejeção → hipertensão pulmonar → hipertrofia ventricular direita → regurgitação da valva tricúspide → reflexo hepatojugular - Sobrecarga atrial → estase jugular + edema com cacifo Hipertrofia ventricular concêntrica: patológica, ocorre aumento da massa do ventrículo esquerdo porém o tamanho da cavidade permanece, devido o aumento da pós carga (força que o coração precisa fazer para suprir a pressão alta dos vasos) → Hipertensão Hipertrofia ventricular excêntrica: prática de exercícios físicos aeróbios, ocorre com o aumento da massa do ventrículo paralelo ao aumento da cavidade ventricular, com o intuito de promover uma maior ejeção de sangue na sístole ventricular → Bradicardia para manter a constante da equação da pressão. ● Abdome - Drenagem + função renal prejudicada → aumento do volume abdominal → abdome volumoso - Perda da massa renal → disfunção renal → diminuição da produção de eritropoetina → anemia - Lesão glomerular → proteinúria → urina espumosa → noctúria e urina de baixa densidade - Hepatomegalia: átrio direito sobrecarregado pela alta chegada de fluxo sanguíneo, ocorre regurgitação da valva tricúspide, causando retorno venoso e acúmulo de sangue no sistema porta hepático, contribuindo para estase jugular - Estase jugular: aumento do enchimento venoso jugular → reflexo hepatojugular (sinal de regurgitação da valva tricúspide) Bruna Bergamo - 57 http://files.bvs.br/upload/S/0047-2077/2014/v102n5/a4503.pdf ● Pulmões SONS ANORMAIS DESCONTÍNUOS Estertores finos (crepitantes): final da inspiração, agudo, não alteram com a tosse, audíveis nas bases pulmonares. (feixe de velcro) → abertura sequencial das vias fechadas devido presença de líquido, como ocorre na pneumonia, edema pulmonar e doença intersticial (grasnidos - gaivotas) + estertores crepitantes na HAS → aumento da quantidade de sangue nos pulmões devido a hipertrofia do VE, que prejudica a entrada de sangue no AE. Estertores grossos: bolhosos, mais graves, audível em todo o tórax no início da inspiração e durante toda expiração, modificado pela tosse → abertura e fechamento das vias aéreas com secreções viscosas e espessas, movimentadas quando o paciente tosse, como em casos de bronquite crônica e bronquiectasia. SONS ANORMAIS CONTÍNUOS Obstruções nas vias aéreas por secreção, espasmo ou corpo estranho Roncos: passagem do ar pelas paredes brônquicas de grande calibre estreitadas por secreção, intensidade muda pós tosse ou expectoração Sibilos: agudos, como chiado, predominam na expiração, passagem de ar por brônquios e bronquíolos (pequeno calibre) estreitados, como em asma, DPOC e bronquite, disseminados por todo tórax, quando localizados indicam neoplasia ou corpo estranho. Estridores: obstrução parcial da laringe ou traqueia, difteria, laringite agudas, aspiração de corpo estranho, mais intensos na respiração forçada. ● HAS e Insuficiência cardíaca congestiva - Aumento da pós carga → hipertrofia ventricular esquerda → disfunção ventricular → sobrecarga hemodinâmica + diminuição da relação fração de ejeção e da massa do VE → insuficiência cardíaca + focos de isquemia - Sobrecarga crônica da pressão arterial elevada → aumento da massa cardíaca por hipertrofia dos cardiomiócitos → comprometimento do enchimento ventricular → insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada → dilatação das cavidades cardíacas → prejuízo ao débito cardíaco → insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida → elevação de marcadores cardíacos → possíveis isquemias Bruna Bergamo - 57 Fisiopatologia Porth- 9° Edição ● Lesões dos órgãos-alvo: complicações cardíacas, encefálicas, vasculares periféricas, renais e retinianas. 1. Coração: hipertrofia ventricular esquerda concêntrica, angina ou infarto do miocárdio, revascularização coronariana, insuficiência cardíaca Aumento da força que o coração precisa fazer para ejetar o sangue na circulação sistêmica → aumenta carga de trabalho do VE → hipertrofia concêntrica do VE 2. Encefálico: acidente vascular encefálico ou ataque isquêmico transitório 3. Doença renal crônica (redução da perfusão dos glomérulos → glomeruloesclerose → fibrose tubulointersticial) 4. Doença vascular periférica 5. Retinopatia 4. Fatores de risco http://sociedades.cardiol.br/socerj/revista/2002_04/a2002_v15_n04_art02.pdf ● Fatores de risco - VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial: idade, sexo, etnia, fatores socioeconômicos, ingestão de sal, excesso de peso e obesidade, ingestão de álcool, genética e sedentarismo + tabagismo e não adesão ao tratamento. - Idade: alterações na musculatura lisa e no tecido conjuntivo dos vasos sanguíneos devido ao envelhecimento - Sexo: hormônios femininos como fator de proteção, mulheres tem incidência mais baixa antes da menopausa - Etnia: negros tem maior propensão de desenvoler hipertensão e formas mais graves da doença e patologias associadas. - Fatores socioeconômicos: nível de escolaridade e renda - Sal: sódio como potente estimulante cardíaco e atividades hipertensivas nos vasos sanguíneos periféricos - Obesidade: mais relação da circunferência abdominal do que o IMC devido a taxa de gordura visceral Obesidade → aumento do fluxo sanguíneo → aumento do débito cardíaco → aumento da PA Obesidade → aumento da resistência vascular periférica devido adipócitos ou placas de ateroma → aumento da PA Bruna Bergamo - 57 http://sociedades.cardiol.br/socerj/revista/2002_04/a2002_v15_n04_art02.pdf Obesidade → aumento da concentração da leptina (hormônio de saciedade) → aumenta a atividade do sistema nervoso simpático Adipocitocina 6 → interleucinas → pró inflamatória → aumento da pressão - Insulina: Hiperinsulinemia → aumento da atividade simpática → aumenta a reabsorção de sódio e água Hiperinsulinemia → bombas de canais de sódio e cálcio → deixa de diminuir o influxo de cálcio → contração da musculatura dos vasos → aumenta resistência periférica → aumento da PA Diminuição na liberação de óxido nítrico → diminui o efeito vasodilatador - Alcoolismo: aumento da pressão com ingestão de álcool pela ativação do sistema nervoso simpático e aumento da produção do cortisol (mineralocorticoide em altas concentrações, intensificação da inflamação) + aumenta ativação plasmática da renina + diminui a capacidade dos barorreceptores de detectar o aumento da pressão. - Vinho: vinho tinto → flavonoides → auxiliam na regulação da pressão (apenas uma hipótese, dependendo da dose diária) + antiagregante plaquetário. Vinho tinto possui substâncias que impedem a oxidação de lipídios, causando o aumento do HDL e diminuição do LDL. - Nicotina: aumento do trabalho cardíaco, disfunção do endotélio capilar, liberação de catecolaminas, hiper reatividade vascular aumentada - Hiperatividade simpática: aumento na liberação de catecolaminas 5. Farmacologia ● Captopril https://www.saudedireta.com.br/catinc/drugs/bulas/captoprilgermed.pdf Inibição da ECA → aumenta concentração de bradicinina → óxido nítrico → vasodilatação Inibe a enzima conversora de angiotensina I em angiotensina II no leito vascular pulmonar. Bruna Bergamo - 57 https://www.saudedireta.com.br/catinc/drugs/bulas/captoprilgermed.pdf Redução de angiotensina II leva a uma secreção diminuída de aldosterona e, como resultado, podem ocorrer pequenos aumentos de potássio sérico, juntamentecom perda de sódio e fluidos. A ECA é idêntica à bradicininase e o captopril também pode interferir na degradação da bradicinina, provocando aumento da concentração de bradicinina ou prostaglandina E2. O captopril promove atenuação da dilatação progressiva e da deterioração da função do ventrículo esquerdo, e a inibição da ativação neuro-humoral. Captopril → redução da aldosterona → diminuição da reabsorção de sódio e água pelos rins Os efeitos do tratamento com captopril sobre a manutenção da função renal são adicionais a qualquer benefício alcançado a partir da redução da pressão arterial. Nos pacientes com diabetes mellitus e microalbuminúria, o captopril reduziu a taxa de excreção da albumina e atenuou o declínio da taxa de filtração glomerular durante 2 anos de tratamento. Logo após a administração de uma dose terapêutica oral, a absorção de captopril é rápida e o pico sanguíneo é obtido em 1 hora. Reduções máximas da pressão arterial são frequentemente observadas 60 a 90 minutos após administração oral. A redução da pressão arterial pode ser progressiva, podendo levar várias semanas para obter efeito terapêutico máximo. Bruna Bergamo - 57 Outros inibidores da enzima ECA: Enalapril ● Losartana https://www.saudedireta.com.br/catinc/drugs/bulas/losartion.pdf Mecanismo de ação - Liga-se ao receptor AT1 de forma seletiva, competindo no sítio de ligação com a angiotensina II e impedindo sua ação. - Não inibe nenhum outro composto ou receptor, inclusive a cininase II (ECA), enzima que degrada a bradicinina. Bruna Bergamo - 57 https://www.saudedireta.com.br/catinc/drugs/bulas/losartion.pdf Absorção - Sofre metabolismo de primeira passagem, formando um metabólito ativo do ácido carboxílico. - A concentração máxima da losartana é dada em 1 hora, enquanto seu metabólito ativo de 3 a 4 horas. Distribuição - Ligação com proteínas plasmáticas, com foco para a albuminas. - Praticamente não atravessa a barreira hemato-encefálica Receptores: http://sociedades.cardiol.br/sbc-rs/revista/2007/11/HAS-Antagonista.pdf Drogas que intervem no Sistema renina angiotensina: http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/5-2/drogas.pdf Bruna Bergamo - 57 http://sociedades.cardiol.br/sbc-rs/revista/2007/11/HAS-Antagonista.pdf http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/5-2/drogas.pdf 6. Plano de cuidados Neste aspecto, faz-se necessária uma ação conjunta entre a equipe de saúde, os familiares e os hipertensos na rede básica de saúde com destaque para a atuação do Enfermeiro na realização de atividades de educação em saúde para hipertensos em salas de espera, organização de caminhadas e cafés da manhã que visem, além de promover uma maior participação e inclusão social, fornecer informações precisas sobre os fatores de risco e efetivo controle da hipertensão. O conhecimento dos hipertensos sobre a doença e os seus fatores de risco é de grande relevância para que os profissionais de saúde delimitem o tratamento adequado, seja este medicamentoso ou não; ou até mesmo apenas para redução de danos, através da adoção de medidas que visem minimizar o impacto da hipertensão na vida de seus portadores, com a melhoria da condição de vida a fim de preservar os órgãos alvo (coração, vasos sanguíneos, cérebro e rins), levando em conta o seu perfil e as suas atitudes no momento das crises. A equipe de saúde deve fornecer uma melhor educação e informação sobre a doença e os fatores de risco a fim de evitar o desenvolvimento da hipertensão e de quadros cardiovasculares mais complexos e facilitar a adesão ao tratamento por parte do hipertenso - Reeducação alimentar com acompanhamento nutricional - Prática de exercícios físicos - Uso de medicamentos com orientação clara com tabelas e calendário. - Conhecimento sobre a doença e sobre os riscos - Políticas de saúde - Cessar tabagismo Bruna Bergamo - 57 - Aferir a PA 3 vezes por dia - Baixo risco: anual; Moderado: semestral; Alto :quatro meses Bruna Bergamo - 57