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4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 1/47 Biocombustíveis Prof.ª Isabela Oliveira Guimarães Descrição Conceitos referentes à produção de biocombustíveis e sua implementação no país e as análises e projeções no que tange às políticas de implementação, projeções e novas formas de geração em emergência. Propósito Compreender os diversos recursos energéticos disponíveis e se inteirar das características particulares dos biocombustíveis e a forma de geração de cada um deles é imprescindível ao profissional, uma vez que se busca constantemente diversificar a matriz energética e reduzir a quantidade de gases poluentes emitidos. Objetivos Módulo 1 Biocombustíveis 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 2/47 Identificar os biocombustíveis e o potencial produtivo das microalgas. Módulo 2 Bioetanol Identificar as formas de produção de etanol. Módulo 3 Produção de biodiesel e vetor de hidrogênio Analisar o emprego do biodiesel e seu potencial com o uso do hidrogênio. Introdução Assista ao vídeo introdutório e compreenda os aspectos gerais dos biocombustíveis. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 3/47 1 - Biocombustíveis Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os biocombustíveis e o potencial produtivo das microalgas. Vamos começar! Biocombustíveis: de�nição, aplicação e classi�cação Assista ao vídeo e compreenda aspectos importantes relacionados aos biocombustíveis. Biocombustível 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 4/47 De�nição Os biocombustíveis se referem àqueles combustíveis originários da matéria orgânica. Podem ser encontrados sob os três estados físicos conhecidos: sólido (madeira), líquido (mais conhecidos: etanol e biodiesel) e gasoso, sendo originários de vegetais (como a cana-de açúcar, soja, milho, madeira, celulose) ou, ainda, de compostos animais. Biocombustível é aquele que usa matéria orgânica em sua produção. O surgimento dos biocombustíveis, e sua implementação ao longo dos anos, deu-se com o intuito de alcançar novas formas energéticas alternativas, possibilitando o desprendimento da dependência de recursos fósseis dominantes e altamente poluentes. Ao longo deste conteúdo, serão apresentados os aspectos produtivos dos principais tipos de bicombustíveis líquidos – etanol (bioetanol) e biodiesel. Além disso, será apresentada uma análise legislativa e de mercado. Ainda que não seja o objeto deste conteúdo, vale ressaltar que existem outros biocombustíveis, menos utilizados, como o biometanol e o biogás. Biodiesel é um dos principais biocombustíveis líquidos. O biocombustível pode ser subdividido em gerações. Referem à matéria- prima sob a qual são produzidos. A seguir, é possível ver a classificação 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 5/47 dos tipos de biocombustíveis de acordo com a matéria-prima e identificar as vantagens e desvantagens de cada um deles. Geração I Insumos: cana de açúcar, grãos e oleaginosas. Vantagens - Baixo custo e tecnologia disponível. Desvantagens - Conflitos competitivos com o custo dos alimentos. Geração II Insumos: biomassa, resíduos agrícolas e �orestais. Vantagem - Não há conflitos competitivos comos alimentos. Desvantagem - Alto custo produtivo. Geração III Insumo: algas. V t Nã há flit titi 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 6/47 Biorre�narias Por definição, uma biorrefinaria se qualifica como um complexo capaz de transformar diversos materiais (matéria-prima) em produtos aptos a serem utilizados como combustíveis, energia e alimentos. Pode ser comparada às refinarias de petróleo, distinguindo-se por utilizar matérias-primas renováveis. Vantagens - Não há conflitos competitivos com os alimentos e requer pequenas áreas para cultivo. Desvantagem - Alto consumo de energia para cultivo de algas. Geração IV Insumo: algas geneticamente modi�cadas. Vantagens - Alto rendimento e redução na emissão de CO2. Desvantagem - Custo elevado. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 7/47 Vista aérea de uma fábrica de biogás. O intuito é o aproveitamento completo de toda a matéria-prima, bem como dos resíduos, impulsionando a produção, caracterizando essas instalações com um elevado grau tecnológico. Para que a biorrefinaria seja implementada, devem ser considerados os aspectos a seguir responsáveis por sua classificação: Tipo de recurso/matéria-prima a ser utilizado: pode ser diverso, sendo o principal as biomassas. Uma biorrefinaria pode ser subclassificada de acordo com a matéria em processamento. Fase I - Processa apenas um tipo de matéria-prima, com proporções fixas e produto único. Fase II - Nessa classificação, apesar de ainda processar apenas uma matéria-prima, há variedade produtiva, bem como flexibilidade nas proporções. Fase III - Processamento de diversas matérias-primas, resultando em diversos produtos (ideal). Tecnologias disponíveis e seu estado. Produto e subproduto gerado. Quando se trata de produto resultante das biorrefinarias, é importante destacar duas vertentes possíveis: 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 8/47 Produção de energia O objetivo é produzir biocombustíveis, energia e outros. Os subprodutos são destinados à venda ou alterados para agregação de valor ao processo. Produção de bioprodutos O objetivo deixa de ser a obtenção energética e passa a ser o subproduto, como alimentos e biomateriais. Apesar da complexidade, e por serem sustentáveis, as biorrefinarias atualmente vêm ganhando espaço e se tornando objetos de estudo e implementação, permitindo que os biocombustíveis alcancem patamar competitivo. Políticas públicas RenovaBio Por meio da Lei nº 13.576/2017, foi instaurada a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), que se refere às políticas que regem o uso de biocombustíveis no país. O programa federal tem apoio do Ministério de Minas Energia (MME) e apresenta como principais funções, provenientes de sua implementação, os seguintes pontos: contribuição para que o país cumpra seus compromissos no que diz respeito ao Acordo de Paris; diminuição da quantidade de gases emitidos nos processos de produção de biocombustíveis (descarbonização); 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 9/47 incentivo à expansão do uso de biocombustíveis na matriz energética. O Brasil possui metas de redução de emissão de carbono para combustíveis que podem ser consultadas por meio da Resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) nº 15, emitida em 24 de junho de 2019. Os produtores e também importadores de biocombustíveis, bem como as distribuidoras, ao emitirem créditos de descarbonização (CBIO), certificam a redução de CO2 produzidos. O CBIO é um ativo licenciado, dado por intermédio de instituições financeiras. Assim, é gerado um incentivo para que produtores e importadores reduzam o nível de emissão de gases e invistam na produção. Logo oficial da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio). Porém, nem todos os estabelecimentos estão qualificados para emissão de CBIO. Assim, a elegibilidade dessas essas ações é fiscalizada pela Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) e funciona da seguinte maneira: envio de documentação para ANP da usina geradora/ou importadora interessada; a ANP avalia a elegibilidade da usina a ser certificada; liberação da certificação; auditoria; 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 10/47 validaçãoda eficiência energética; início das emissões dos CBIOs pela usina. Saiba mais O Acordo de Paris foi assinado em 2015 e tem como função reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Diversidade da matriz energética O país atualmente conta com uma matriz energética bastante diversa, isto é, sua composição energética é dada mediante contribuição de diversas fontes geradoras (renováveis ou não). Cerca de 19% da geração energética é proveniente da cana-de-açúcar (CANTO, 2021), o que pode ser facilmente observado a seguir: Representação da matriz energética brasileira. Adiante, é possível ver quantas e quais são as instalações existentes no Brasil referentes à produção de biocombustível. Ressalta-se que o mapa é dinâmico, sendo atualizado conforme novas instalações são posicionadas, permitindo, assim, acompanhar a expansão do setor de biocombustíveis no país. Distribuição dos produtores de biocombustível no país. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 11/47 Microalgas Produção de combustíveis Certos tipos de algas podem ser utilizados para a produção de combustíveis, sendo classificados como terceira e quarta gerações. O estudo de cultivo e extração referente às formas de produção dos combustíveis provenientes desses microrganismos é relativamente novo, assim a produção deles para uso comercial ainda não é realidade. Exemplo de microalga. As microalgas são organismos unicelulares e algumas são capazes de realizar fotossíntese (fotoautotróficas e mixotróficas). São altamente eficientes na tarefa de captação da luz solar e conversão em biomassa. Além disso, diferentemente das demais matérias-primas utilizadas na produção de biocombustíveis (como milho, soja, cana-de-açúcar e outros), não são sazonais, isto é, podem ser cultivadas em qualquer período, maximizando a produção de biocombustíveis. Ao longo dos anos, diversos estudos foram desenvolvidos, o que tornou possível mensurar a taxa com que as microalgas convertem a luz solar em biomassa. Com essa característica de conversão e outros parâmetros, como densidade luminosa, torna-se possível modelar a taxa de produção das microalgas dada pela seguinte equação: Sendo: : Densidade de energia obtida da luz solar. : Eficiência de conversão das microalgas (luz para biomassa). Pa = Ed ⋅ PAR ⋅ σ ⋅ Ef Eb Ed Ef 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 12/47 : Eficiência de transmissão da luz para as microalgas (variável que depende do meio de cultivo, em geral algo próximo de para produtividade máxima). : Quantidade energética por unidade de biomassa, que depende de aspectos que compõem o microrganismo, como proteínas, carboidratos e outros. : Taxa de produção das microalgas. Analisando a equação, vê-se que a taxa de produção é dependente de características do micro-organismo, bem como de características do meio. Com sua aplicação, é possível avaliar condições como o pico de produção das microalgas e com isso quais são os parâmetros necessários para obtê-lo, o que beneficia as condições de produção. Quanto maior a produtividade, menor o custo para a produção de combustível. No que tange à utilização das microalgas para a produção de biocombustíveis, destacam-se os seguintes benefícios: Benefício I As áreas de cultivo podem ocorrer em locais não utilizados para o plantio/cultivo de alimentos. Benefício II σ 98% Eb Pa 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 13/47 Por não utilizar áreas destinadas ao cultivo de alimentos, não competem com o setor alimentício. Benefício III São de alto rendimento, em comparação às demais formas de produção de biocombustível. Benefício IV Podem ser utilizadas na redução/mitigação de gases do efeito estufa. As microalgas são ainda utilizadas para fins de consumo, como fontes de proteínas, com destaque para a chlorella e spirulina. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 14/47 Chlorella, em tom verde claro. Spirulina, em verde mais escuro. Além disso, as microalgas são ainda destinadas ao tratamento de efluentes, para a remoção de sólidos, permitindo assim que sejam depositados no ambiente sem danos. Saiba mais Existem, além das microalgas, as chamadas macroalgas, que não apresentam potencial para a produção de biocombustíveis. Cultivo Para que a biomassa a ser utilizada na produção do biocombustível seja obtida, são observadas diversas etapas, iniciando com o cultivo dos microrganismos. São eles: cultivo das microalgas; coleta da biomassa; e secagem. As microalgas podem apresentar um rápido crescimento. Por isso, a etapa de coleta é feita quase todos os dias. Todas as etapas aqui citadas exigem implementação de tecnologias ainda em desenvolvimento. Entre os diversos tipos de sistema utilizados para a produção (autotrófico, heterotrófico e mixotrófico), o mais comum e já citado é a utilização da luz solar para a obtenção da biomassa (autotrófico). Para esse tipo de sistema, destacam-se as modalidades tecnológicas de cultivo descritas a seguir: Cultivo aberto De mais baixo custo, pode ser feito em lagoas, até mesmo sem revestimento (não ideal). Menos fi i t d i t f h d 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 15/47 eficiente se comparado aos sistemas fechados, pode apresentar contaminação. Cultivo fechado Observa-se a existência de impedimento/redução de contaminação por espécies invasoras, uma correção feita no cultivo aberto. É também conhecido por fotobiorreator, que pode ser tubular ou planar. Cultivo híbrido Este tipo de cultivo utiliza a combinação dos dois apresentados anteriormente. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 16/47 Atenção! O cultivo autotrófico utiliza CO2, uma interessante ferramenta para mitigar os gases residuais de processos produtivos. Após cultivadas, as microalgas são coletadas e a biomassa é separada do meio líquido. Não há uma padronização quanto à técnica utilizada, podendo variar de acordo com a forma de cultivo e com o tipo do micro- organismo. Alguns métodos implementados são a centrifugação e a filtragem. Por fim, é necessário, ainda, incluir métodos para que a eficácia seja melhorada e então seja extraído o óleo para a produção do biocombustível. Aplicam-se técnicas como homogeneização, secagem e redução do tamanho das partículas para que toda a água pertencente ao meio de cultivo seja removida. As microalgas produzem compostos como amido e lipídios (triacilglicerol) e, por isso, é possível obter o bioetanol e o biodiesel. Microalga. O óleo extraído da biomassa microalgal é muito similar ao de origem vegetal, e a concentração varia com a espécie cultivada, assim como ocorre com os grãos. O mesmo se aplica à capacidade de conversão em biomassa. A seguir é apresentada uma tabela com algumas espécies e o teor de óleo concentrado: Espécie Concentração de óleo (% peso seco) Botryococcus braunii 25-75 Chlorella sp. 28-32 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 17/47 Espécie Concentração de óleo (% peso seco) Cohnii Crypthecodinium 20 Cylindrotheca sp. 16-37 Dunaliella primolecta 23 Isochrysis sp. 25-33 Monallanthus salina >20 Nannochloris sp. 20-35 Nannochloropsis sp. 31-68 Neochloris oleoabundans 25-54 Nitzschia sp. 45-47 Phaeodactylum tricornutum 20-30 Schizochytrium sp. 50-77 Tetraselmis sueica 15-23 Tabela - Concentração de óleo nas principais microalgas. Arceo (2012) e Chisti (2007, p. 294-306). Um dos principais conflitos atribuídos ao uso do biocombustível se refere à segurança alimentar, uma vez que são utilizados produtos agrícolas, bem como alto consumo de água e ocorre a delegação de regiões para plantio.Como o óleo proveniente das microalgas é altamente energético e similar ao vegetal, sua implementação beneficia a produção dos biocombustíveis uma vez que esse questionamento deixa de existir. A tabela mostrada a seguir apresenta uma comparação entre os tipos de óleos obtidos de diferentes matérias-primas e a área utilizada para plantio, tomando como exemplo a produção do biodiesel: 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 18/47 Matéria-prima (% mm-1) Produtividade (L/m²) Área utilizada (m²ano-1kg- 1Biodiesel) Milho 172 1540 Soja 446 594 Canola 1190 223 Palma 5950 45 Microalga A 136 900 2 Microalga B 58 700 4,5 Tabela - Matéria-prima e produção de óleo. Arceo (2012 apud HERNANDES et al., 2009) e Chisti (2007). Sobre as algas, é importante ressaltar que a microalga A possui alto rendimento, enquanto amicroalga B tem baixo rendimento. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 19/47 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Sobre as definições e os conceitos apresentados a respeito do biocombustível, assinale a alternativa correta: A São provenientes de combustíveis fósseis. B São obtidos de processos nucleares. C Só podem ser obtidos da cana-de-açúcar e do milho. D Não são sustentáveis. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 20/47 Parabéns! A alternativa E está correta. Os biocombustíveis são fonte de energia, renováveis, que podem ser obtidos de diversos materiais como resíduos agrícolas, vegetais e outros. Trata-se de uma fonte alternativa e sustentável que diversifica a matriz energética e reduz a emissão de gases do efeito estufa. Questão 2 Analise as afirmativas a seguir sobre as microalgas e marque a alternativa correta. I. São potencialmente fontes futuras de produção de biocombustíveis. II. Não necessitam de luz e por isso podem ser cultivadas em sistemas fechados. III. Podem ser usadas para mitigar a emissão de CO2 dos processos industriais. Parabéns! A alternativa C está correta. E São derivados de produtos agrícolas, biomassa, resíduos agropecuários e outros, além de serem sustentáveis. A As alternativas I e II estão corretas. B As alternativas II e III estão corretas. C As alternativas I e III estão corretas. D Somente I está correta. E Somente III está correta. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 21/47 As microalgas vêm sendo estudadas e implementadas na 3ª e 4ª gerações de biocombustívisl, o que potencializa a produção e reduz os argumentos envolvendo o setor alimentício. A implementação em larga escala é ainda inviável, dada a necessidade de tecnologias eficientes e de custo acessível. As microalgas necessitam de luz para realizar a fotossíntese. Podem ser utilizadas para diversos fins, como a redução de CO2 emitido. 2 - Bioetanol Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as formas de produção de etanol. Vamos começar! As três gerações de bioetanol Assista ao vídeo e compreenda os detalhes envolvendo as três gerações do bioetanol. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 22/47 Etanol O etanol, de representação molecular C2H60, no cenário de interesse desse estudo, é o combustível obtido por meio da biomassa. O bioetanol, assim chamado, pode ser obtido por meio de fermentação de produtos vegetais (ANDREOLI; SOUZA, 2006 apud SOUZA, 2010; GOLDEMBERG; COELHO; GUARDABASSI, 2008). Cana-de-açúcar: a produção do bioetanol. A biomassa pode ser de origem petroquímica ou carboquímica, o que não é de interesse neste estudo, entretanto, vale a pena a critério de conhecimento. O uso do etanol se deu em detrimento da necessidade de novas fontes energéticas, distintas, de característica renovável. Por ser altamente energético, vem sendo utilizado como combustível, podendo ser extraído de fontes naturais, renováveis, sua principal característica. O Brasil é pioneiro no uso de etanol em larga escala. Primeira geração de etanol (E1G) Aspectos gerais 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 23/47 O Brasil é considerado o segundo maior produtor de etanol no mundo. Sua produção demanda a utilização de plantações de cana-de-açúcar. O etanol ainda pode ser obtido de outras fontes, como trigo, mandioca e milho. O etanol proveniente de materiais amiláceos vem apresentando crescimento na produção (BRASIL, 2021). Inicialmente, é importante entender como o etanol é produzido. Para tal, a matéria-prima (cana-de-açúcar ou grão) passa por diversas etapas até que se transforme no produto desejado. A primeira geração desse produto é caracterizada por utilizar açúcares ou óleos vegetais. Usina de produção de etanol. A seguir, são apresentadas as etapas gerais desse processo, em que há pequenas distinções dependendo da fonte originária. Produção pela cana-de-açúcar A produção do etanol de primeira geração (E1G) por meio da cana-de- açúcar segue as etapas apresentadas na imagem: 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 24/47 Processo produtivo E1G. Adiante, conheça os detalhes relacionados a cada etapa presente na imagem anterior: Lavagem: após a colheita, a cana-de-açúcar requer uma lavagem para a retirada dos resíduos do plantio. Moagem/trituração: a cana é moída/triturada e vira um caldo, conhecido como melado. Além dele, há um resíduo sólido, o bagaço, que poderá ser utilizado para geração de energia. Peneiramento: o caldo é peneirado no intuito de retirar impurezas. Caleação/aquecimento: são implementadas diversas ações para a retirada de impurezas residuais no caldo, como alteração no pH e 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 25/47 aquecimento. Decantação: em seguida, o líquido é colocado em repouso a fim de se obter a separação das partículas por meio da diferença de densidade. Resfriamento: após decantado, o melado passa a se chamar caldo clarificado e carece de resfriamento. Preparação: o caldo é transformado e recebe o nome de mosto, isto é, há um ajuste na concentração de açúcares e também no pH (redução). Fermentação: nesta etapa, é produzido o álcool. Adiciona-se mosto, fermento específico e CO2, e a mistura é levada para as dornas. Obtém-se, assim, o vinho fermentado, uma composição de células de levedura, etanol e açúcar não fermentado. Destilação: neste ponto, o álcool (etanol) é retirado do vinho bruto (ou fermentado). Ocorrem, portanto, duas destilações (pelo menos) – a primeira para eliminação de impurezas, e a segunda para produzir a flegma (água e álcool) e a vinhaça (resíduo aquoso que pode ser altamente prejudicial ao ambiente e deve ser tratada, se possível). Destaca-se que somente 10% do vinho fermentado é referente ao álcool. Retificação: o álcool é retificado e separado, e seu teor é elevado. Nesta etapa, ocorre também a desidratação. Assim, o álcool alcança o nível de etanol anidro e pode ser adicionado em combustíveis. Armazenamento: é a etapa de armazenamento do produto final para que seja transportado para, enfim, ser utilizado. Produção proveniente de grãos A produção pelo milho ou por outro grão, como soja, ocorre de forma muito similar à da cana-de-açúcar. Uma vantagem de se utilizar grãos são os subprodutos produzidos no processo, que podem ser comercializados, agregando valor ao produto final. Vale ressaltar que existem dois processos distintos para obtenção de etanol via grãos: moagem seca e moagem úmida. Isso impacta diretamente nos subprodutos a serem obtidos. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 26/47 Campo de milhoem usina de produção de etanol. O processo via moagem seca é de menor custo e vem sendo mais utilizado. Para isso, são observadas as etapas a seguir: Limpeza: os grãos devem ser limpos e retirados os resíduos do plantio e também do transporte. São em seguida armazenados em silos até que sejam utilizados no processo. Moagem: os grãos são moídos e obtém-se uma farinha, ou seja, é obtido aqui casca, óleo e amido. Cozimento: o amido é cozido com uma pequena quantidade de água. Liquefação/sacarificação: o material pré-cozido segue para liquefação e depois para a sacarificação, processos realizados em altas temperaturas com o intuito de promover a liberação de açúcares. Após isso, os demais processos são iguais ao da produção pela cana- de-açúcar e ocorrerá a fermentação da levedura e a destilação do vinho. Por fim, obtém-se o álcool. Saiba mais No processo de obtenção do etanol pelo milho, encontramos diversos subprodutos, como o dry distillers grains - DDG (grãos secos por destilação, muito usados na alimentação animal) e também o óleo refinado. É importante pontuar que a produção proveniente do açúcar é de melhor rendimento, uma vez que a produção pelo amido tem um elevado consumo energético, podendo se tornar inviável em alguns casos. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 27/47 Segunda geração de etanol (E2G) Produção do etanol de segunda geração (E2G) O E2G surgiu com o propósito de aproveitar os resíduos da geração do E1G (biomassa), além de evitar que a demanda por terras para o plantio das fontes viesse a ser um problema. Também a demanda por álcool em substituição a outras fontes energéticas vem crescendo ao longo dos anos. Para a produção do E2G, passa-se então a utilizar bagaço de cana, palha de milho e outras matérias que anteriormente eram desprezadas no processo produtivo. Esses materiais são altamente energéticos e, ao serem aproveitados, espera-se uma elevação na produção de álcool para o mesmo plantio. Há ainda uma discussão em torno dos setores de biocombustíveis e de alimentos cuja utilização para sua produção faz com que seja “condenado”. Assim, a produção de etanol E2G é favorável quando se trata dessa pauta, uma vez que há maximização do processo produtivo e um aproveitamento dos resíduos. Vale destacar que, apesar de ser um bom plano, o E2G ainda não é produzido para comércio, sendo ainda pouco utilizado em nível industrial no Brasil. Isso ocorre devido ao elevado valor inerente à sua produção. Dessa maneira, diversos países vêm se dedicando em pesquisas e inovações para que o processo desse biocombustível se viabilize e possa ser implementado. Usina de produção de etanol. Saiba mais O material energético presente na cana-de-açúcar, responsável pela produção do álcool, é chamado lignocelulose, composto de celulose, hemicelulose e lignina. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 28/47 Como é produzido o E2G? A produção do E2G é bem semelhante à do E1G. De forma geral, tem-se a fermentação de um material cuja composição é rica em glicose, por exemplo. Assim, identifica-se a transformação do açúcar em álcool. Nesse caso, porém, a matéria-prima, diferentemente do que ocorre na primeira geração, apresenta ainda elevados índices de celulose em sua composição, e por isso o processo produtivo se distingue. A celulose requer uma transformação, pois não consegue ser fermentada diretamente. Assim, a modificação é dada por meio de substâncias químicas ou enzimáticas que permitirão, por sua vez, que a celulose seja fermentada e o álcool então produzido. É possível observar essas etapas do processo no diagrama a seguir: Diagrama produtivo E2G. Adiante, conheça os detalhes relacionados a cada etapa presente na imagem anterior: Pré-tratamento: é equivalente à limpeza na produção do E1G, etapa em que são retirados os resíduos da matéria-prima. Transformação da celulose: ocorre por meio de substâncias químicas ou enzimáticas. Um exemplo é a hidrólise enzimática – a celulose é transformada em açúcares por meio da atuação de enzimas. Fermentação: a glicose é transformada em álcool por meio da fermentação. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 29/47 Destilação: o vinho fermentado é destilado para que se obtenha o álcool, que então passa por um processo para ser armazenado e transportado. A imagem a seguir ilustra o processo produtivo do E2G, considerando uma fonte rica em glicose, como a bagaço da cana. Processo produtivo do E2G. Terceira geração de etanol (E3G) A produção do etanol (ou outro biocombustível) de terceira geração (E3G) ocorre a partir das algas. Como mostrado na primeira parte deste conteúdo, as algas também são responsáveis pela produção de combustíveis de quarta geração. A distinção entre o tipo de combustível produzido se deve ao processo utilizado e, principalmente, ao tipo de alga. O E3G é produzido a partir de microalgas, sendo estas as principais espécies utilizadas: Chamydomonas sp. Chlorella sp. Oscillatoria sp. Cyanothece sp. S. platensis 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 30/47 Microalgas são responsáveis pela produção de E3G. Essas espécies apresentam alta concentração de matéria fermentável, e o primeiro passo para produção do etanol é preparar a biomassa. É desejável a obtenção dos carboidratos a serem utilizados. Para tanto, as paredes celulares são quebradas. Em seguida, os carboidratos são fermentados para que o açúcar seja transformado em álcool, seguindo então para destilação e armazenamento. Assim como o E2G, o E3G também enfrenta desafios para ser produzido em nível comercial, como a eficiência do processo, os custos envolvidos e a tecnologia utilizada. Atenção! Assim como ocorre nos demais processos de geração (E1G e E2G), há formação de subprodutos na produção de E3G, como CO2 e H2O. Projeções da empresa de pesquisa energética (EPE) A implementação do álcool no mercado brasileiro se deu por volta de 1933, com o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), quando foi imposta a obrigatoriedade da mistura de etanol na gasolina. Mais tarde, em 1975, foi lançado o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), com foco na redução da dependência de importação do petróleo. De acordo com os dados fornecidos pela EPE, em 2020 foram produzidos 32,6 bilhões de litros de etanol sendo divididos em: 22,6 bilhões de etanol hidratado (queda de 10,6%); 10,0 bilhões de etanol anidro (redução de 6,8%). Esses valores, quando comparados aos anos anteriores, apresentaram queda. A redução, por sua vez, é atribuída ao cenário pandêmico vivenciado. A seguir, podem ser observados os dados referentes à produção de etanol ao longo de dez anos. O gráfico mostra a tendência de crescimento na implementação desse biocombustível no mercado. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 31/47 Produção de etanol ao longo de dez anos. Ainda que a produção total tenha apresentado queda, houve um aumento na produção de etanol proveniente de grãos, como já mencionado. Aumento da produção de etanol proveniente de grãos. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 32/47 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A produção do etanol passa por diversas etapas desde a chegada da matéria-prima na usina até sua transformação no produto final. Sobre esse processo, assinale qual das alternativas a seguir está ligada à produção do etanol via cana-de-açúcar. A Fotossíntese B Respiração 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 33/47 Parabéns! A alternativa C está correta. A obtenção do etanol se dá por meio dafermentação, processo que se refere à conversão do açúcar presente no mosto, em etanol. Questão 2 O etanol pode ser obtido de diferentes formas, o que lhe confere diferentes classificações. Isso varia conforme a tecnologia e a matéria-prima utilizadas. De acordo com os conhecimentos sobre as diferentes formas de obtenção do etanol, avalie as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta. I. É possível obter E3G de toda espécie de micro e macroalgas, desde que seja feito em cultivo fechado. II. O E3G já é comercializado em maiores escalas. III. Todas as gerações de etanol são sustentáveis. IV. O E2G tem o intuito de potencializar a produção do E1G. C Fermentação D Fixação de N2 E Quimiossíntese A As afirmativas I e II são verdadeiras. B As afirmativas I e III são verdadeiras. C As afirmativas II e III são verdadeiras. D As afirmativas III e IV são verdadeiras. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 34/47 Parabéns! A alternativa D está correta. O E2G surgiu com o intuito de potencializar a produção de E1G, bem como aproveitar seus resíduos produtivos. O bioetanol, bem como todo biocombustível, tem como característica principal o fato de ser sustentável e com isso reduzir a quantidade de gases CO2 emitidos na produção ou no uso. 3 - Produção de biodiesel e vetor de hidrogênio Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar o emprego do biodiesel e seu potencial com o uso do hidrogênio. Vamos começar! Implementação do biodiesel e do vetor de hidrogênio E As afirmativas II e IV são verdadeiras. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 35/47 Assista ao vídeo e compreenda o processo de implementação do biodiesel e do vetor de hidrogênio. Biodiesel Inserção no mercado Segundo a definição proposta pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), o biodiesel é um combustível renovável obtido por meio de processo químico chamado de transesterificação. Todavia, considera-se biodiesel todo combustível obtido por meio da biomassa (renovável) que esteja apto a ser implementado em motores de ciclo.O biodiesel foi inserido na matriz nacional entre 2005 e 2007, após ter passado por uma fase de testes em 2004. Atualmente, observa-se a existência de uma mistura de biodiesel ao diesel fóssil instaurada por lei, que permite 12% de aditivo (de bio ao fóssil), sendo atualmente permitida extensão (gradual) para 15%, desde que seja testada e aprovada pelos motores. No gráfico a seguir, pode-se observar a evolução da imersão do biodiesel na mistura do diesel fóssil ao longo dos anos, bem como a projeção para que esse valor alcance os 15% atualmente permitidos: Evolução do marco legal do biodiesel. Ainda que a queda de produção de biocombustíveis tenha sido observada durante o cenário pandêmico, a obrigatoriedade do uso do 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 36/47 aditivo garantiu que houvesse aumento do consumo em 2020 em comparação a 2019. Atenção! O diesel “S”, S10 e S500 indica a quantidade de partes por enxofre. Exemplo: no S10 há dez partes por milhão de enxofre. É uma mistura; não se trata do biodiesel puro. O biodiesel é totalmente livre de enxofre e qualquer proveniente aromático. Quanto menor o número que acompanha o S, mais claro é o combustível. A utilização do biodiesel, como esperado, pode promover vantagens e desvantagens, bem como ocorre com o etanol e demais biocombustíveis. Dessa forma, é necessário ponderar e avaliar se os benefícios promovidos são superiores aos pontos negativos. A seguir, é possível verificar alguns pontos levantados quando a questão é utilização e produção desse combustível: Vantagens: baixo índice de poluição durante a queima; não contribui no ciclo de carbono; redução da dependência de combustíveis fósseis; renovável. Desvantagens: elevada demanda, requer grandes áreas de plantio; pode haver elevação no preço dos grãos. Produção do biodiesel A produção do biodiesel, assim como dos demais biocombustíveis, segue algumas etapas, garantindo que a matéria-prima (sendo a principal delas o óleo vegetal) seja transformada no produto final. Essa produção passa pelas etapas descritas a seguir: Pré-tratamento Filtragem do óleo (matéria-prima), serve para eliminar a água, resultando em glicerol e ácidos graxos. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 37/47 A imagem adiante ilustra as etapas do processo produtivo do biodiesel: Etapas do processo produtivo do biodiesel. Além do método convencional, cuja produção do biodiesel utiliza como matéria-prima óleos vegetais ou animais, o biodiesel também pode ser obtido de microalgas, como já citado. Saiba mais Tratamento O ácido graxo é tratado se tornando base, e o glicerídeo é removido. Reação/transesteri�cação A base é adicionada ao álcool. Nesta etapa, a mistura apresenta fases em que se separa o glicerol e o biodiesel. Para essa reação, utiliza-se um catalisador (que afeta a velocidade da reação). Puri�cação Removem-se os subprodutos gerados do biodiesel. Essa remoção pode ser feita de formas distintas, dependendo do tipo de catalisador utilizado. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 38/47 Existem outras formas de reação do ácido graxo, como o craqueamento, porém a mais utilizada é a transesterificação, o que se deve principalmente ao fato de essa tecnologia ser mais difundida no país. Hidrogênio Hidrogênio como vetor de energia O hidrogênio vem sendo estudado como uma possível alternativa para a geração de energia, sendo então levantadas questões que envolvem seu acréscimo à matriz energética. O uso do hidrogênio ganhou maior destaque por volta do século XX, com balões e dirigíveis, sendo realmente explorado após a Segunda Guerra Mundial, quando os avanços científicos e tecnológicos possibilitaram a exploração de formas alternativas de recursos energéticos. Hidrogênio usado como energia limpa para funcionamento de turbinas solares e eólicas. O elemento é altamente energético, mas, ao longo dos anos, observou- se que seu estudo se voltou para aplicações militares. Ainda que seja encontrado em abundância, o hidrogênio disponível não está em sua forma pura, isto é, costuma estar combinado a outro elemento. Para que seja utilizado como recurso energético, o hidrogênio precisa ser separado dos demais, fornecendo assim o H2. Para tanto, é necessário utilizar processos específicos como a eletrólise (separação do hidrogênio da molécula de água), a reforma de vapor de hidrocarbonetos, a oxidação de óleos e a oxidação de carvão. O hidrogênio pode ser obtido de diversas fontes, como mostra a imagem a seguir, o que faz dele uma ferramenta versátil. A separação do hidrogênio puro dependerá da fonte primária. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 39/47 Possíveis rotas para produção e utilização do hidrogênio como vetor energético. Diferentemente dos combustíveis fósseis, em que é necessária a queima para que a energia seja utilizada, com o hidrogênio esse processo ocorre com as chamadas células a combustível. Nelas haverá uma combinação de hidrogênio com oxigênio, resultando em energia e água, não impactando o ambiente. Porém, um fator a ser pontuado é que atualmente o hidrogênio é produzido principalmente a partir do gás natural, o que é bastante poluente. O intuito é que deixe de ser produzido dessa forma, utilizando apenas as células combustíveis. O processo produtivo é conduzido da seguinte forma: Hidrogênio cinza (proveniente do gás natural, contribui com altas doses de CO2); Hidrogênio azul; Hidrogênio verde (desejável, proveniente de fontes renováveis). O hidrogênio azul é um patamar intermediário entre custo e emissão degases poluentes para alcançar o combustível desejável – o verde, que ainda é de valor elevado. A imagem a seguir representa o tal processo desejado para o uso do hidrogênio como vetor de energia, proveniente de fontes renováveis. Produção e uso de hidrogênio verde. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 40/47 Implementação do hidrogênio no Brasil A implementação do hidrogênio ainda é uma questão a ser discutida. Há diversos desafios a serem enfrentados, como o fato de o hidrogênio não ser uma fonte primária de energia, a questão do transporte do material, além da logística de armazenamento e a implementação de tecnologias. São dois os principais programas correntes no país para o incentivo ao uso do hidrogênio como vetor energético, como veremos a seguir. Instaurado em 2005, alguns de seus objetivos englobam: diversificar a matriz energética; reduzir impactos ambientais e a dependência por combustíveis fósseis; produzir hidrogênio utilizando gás natural e fontes renováveis etc. Iniciado em 2002, seu objetivo é desenvolver pesquisas, implementar projetos, incentivar tecnologias de hidrogênio e de célula a combustível, além de garantir a infraestrutura para projetos de empresas e grupos de pesquisas da área. Há atualmente alguns pontos críticos que são discutidos para que a produção e o uso do hidrogênio se tornem mais eficazes e amplos, como veremos a seguir. Para o gás Armazenamento: uma forma eficaz de armazenar é comprimir o gás, porém ainda se enfrentam dificuldades para que essa tarefa seja desempenhada no país, dada a ausência de compressores de alta pressão para o hidrogênio. Deve-se, ainda, levar em conta as características do elemento durante o armazenamento (em qualquer estado, líquido ou gasoso), pois isso afeta diretamente a segurança. Transporte: atualmente a forma mais econômica é utilizar gasodutos, porém a regulamentação para esse mercado ainda é Roteiro para a estruturação da economia do hidrogênio no Brasil Ciência, tecnologia e inovação para a economia do hidrogênio 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 41/47 restrita e pode ser de alto custo, uma vez que ainda é baixa a quantidade disponível a ser transportada. Para o líquido O transporte e o armazenamento são os mais simples, realizados em tanques que podem ser móveis. Mas há ainda a falta de regulamentação para o transporte de hidrogênio liquefeito. Ainda existem problemas críticos quando se trata da distribuição do gás/líquido, mesmo com o processo de separação da molécula. Saiba mais O Brasil foi o primeiro país da América Latina a ter uma frota de ônibus movida a células de hidrogênio. Hidrogênio versus biodiesel A fim de comparar o potencial desses dois combustíveis, a tabela seguinte contém aspectos característicos de ambos, sendo possível comparar os benefícios de implementação, os custos dos processos produtivos e demais fatores. Aspectos característicos Biodiesel Tecnologia - Já é utilizado nos motores. Matéria-prima - Sementes, gorduras vegetais e animais, totalmente renovável, sem emissão de CO2. Distribuição - Método convencional. Armazenamento - Convencional. Hidrogênio Tecnologia - Ainda em fase de desenvolvimento. Matéria-prima - Eletrólise da água ou mesmo combustíveis fósseis, há emissão de CO2. Distribuição - Necessita de formas específicas (alto investimento). Armazenamento - Necessita de armazenamento especial, altamente inflamável. É notório que, apesar dos pontos benéficos apresentados, um dos principais aspectos a ser pontuado é o fato de que o uso do hidrogênio 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 42/47 ainda está em fase inicial. Existem aplicações, protótipos e testes, porém as tecnologias em desenvolvimento são de valor elevado. Isso impede que o desenvolvimento seja mais expressivo. Assim, a comparação entre o hidrogênio e um combustível já consolidado, como foi feito, deixa de ser justa, uma vez que o primeiro ainda não é competitivo. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 43/47 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O biodiesel é um biocombustível obtido por meio de um processo químico. Marque a seguir a alternativa correta. Parabéns! A alternativa C está correta. O biodiesel é um biocombustível formado de ésteres e ácidos graxos provenientes de biomassa, orgânica ou animal. É um dos biocombustíveis em estudo e aplicação com o intuito de descarbonizar a matriz energética. A Por lei, é permitida a adição de biodiesel junto ao diesel fóssil, mas não há obrigatoriedade. B O biodiesel não reduz a emissão de gás carbônico devido ao seu processo produtivo. C O biodiesel é obtido de fontes renováveis, ou seja, é um combustível sustentável. D O diesel é benéfico comparado ao biodiesel por ser proveniente de fontes renováveis. E A adição de biodiesel ao diesel aumenta a emissão de CO2 e a eficiência do combustível. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 44/47 Questão 2 O hidrogênio vem sendo estudado para que seja um combustível altamente utilizado no futuro. Marque a seguir a alternativa correta. Parabéns! A alternativa E está correta. Entre os principais problemas enfrentados no que tange ao uso do hidrogênio, o principal é o fato de que a extração, majoritariamente, é proveniente do gás natural. Isso faz com que seja poluente durante o processo de separação molecular. Considerações �nais O conteúdo abordado teve por objetivo apresentar novas formas energéticas, o processo de obtenção e como vêm sendo integradas na matriz brasileira ao longo dos anos. Foram expostas definições e características dos biocombustíveis de uma forma geral, bem como as classificações que recebem de acordo com a matéria-prima a ser trabalhada, além de aspectos referentes ao uso de microalgas. A Não é abundante. B É fonte primária. C A tecnologia é acessível. D Há baixa integração na matriz. E Seu processo de extração é poluente. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 45/47 Em seguida, vimos a apresentação de um estudo sobre as três gerações de etanol e seu crescimento ao longo dos anos. Por fim, foi apresentado o biodiesel e como foi implementado no mercado, bem como as projeções de aumento já previstas para o setor automobilístico, e também dados referentes ao estudo do hidrogênio como vetor energético, considerado o combustível para o futuro. Podcast Ouça o conteúdo preparado especialmente para enriquecer o seu conhecimento. Explore + Para saber mais sobre o bioetanol e as diversas matérias-primas, leia os artigos na página da PROPEQ: Etanol de segunda geração: o combustível do futuro? Confira as diferenças entre etanol de milho e etanol de cana Para acessar as informações governamentais legislativas que regem a implementação do uso dos biocombustíveis no país, leia Produção e fornecimento de biocombustíveis, na página do Ministério de Minas e Energia. Mais informações sobre a geração de energia pelo hidrogênio você encontra pesquisando Hydrogen Solutions na página da Siemens Energy. Entenda um pouco mais sobre a importância do uso da biomassa para geração de energia, em: ZEMKE P. E.; WOOD B. D.; DYE D. J. 4/2/24, 3:07 PM Biocombustíveis https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/03685/index.html# 46/47 Considerations for the maximum production rates of triacylglycerol from microalgae. Biomass and Bioenergy, v. 34, 145-151, 2010. Referências ARCEO, A. A. Produção de biodiesel mediante o processo de hidroesterificação da biomassa das microalgas Scenedesmus dimorphus e Nannochloropsis oculata. Rio de Janeiro: UFRJ, 2012. BRASIL. 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