Prévia do material em texto
MEDICINA UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Maria Clara Costa Nicodemos 1- Revisar a neuroanatomia da medula espinal e correlacionar com o exame neurológico. NEUROANATOMIA COLUNA VERTEBRAL - É um arcabouço ósseo, composto por 33 vértebras, dispostas uma sobre a outra, sustentadas por tecido ligamentar e disco cartilaginoso vertebral; - Qual a disposição das vértebras? - Cervicais: 7 vértebras; - Torácicas: 12 vértebras; - Lombares: 5 vértebras; - Sacrais: 5 vértebras; - Coccígeas: 4 vértebras. MEDULA ESPINAL - Onda ela está? - A medula espinal fica alojada no espaço dos forames e protegida pelas estruturas ósseas e meninges; - Ela mede cerca de 45 cm, estende-se de C1 até L2, continuando como uma estrutura chamada cone medular, que forma um tufo de raízes nervosas (cauda equina ou Filum Terminale) ao nível da primeira vértebra coccígea. RAIZES NERVOSAS - Raízes dos Nervos Sensitivos: - Entram na medula pelos cornos posteriores da substância cinzenta; - Nessa parte do corno posterior, também estão corpos celulares e axônios de interneurônios; - Raízes dos Nervos Motores: - Saem da medula pelos cornos anteriores e laterais da substância cinzenta; - Os núcleos motores somáticos são agrupamentos de corpos celulares de neurônios motores somáticos que fornecem impulsos nervosos para contração de músculos esqueléticos. SP 2.5 – Parada súbita! 2 OBS: A substância branca da medula espinal consiste primariamente em feixes de axônios mielinizados, enquanto a substância cinzenta da medula espinal e do encéfalo, são aglomerados de corpos celulares neuronais que formam grupos funcionais denominados núcleos. DERMÁTOMOS - As raízes nervosas recebem informações sensitivas (receptores periféricos) localizados em áreas da pele denominadas dermátomos e, cada raiz nervosa inerva um grupo muscular denominado miótomos. VIAS VIA FUNÍCULO POSTERIOR-LEMNISCO MEDIAL Estímulos ® Tato Epicrítico (discriminativo); ® Vibração; ® Propriocepção. 3 Neurônio 1 ® Neurônio pseudounipolar, ou seja, tem um prolongamento periférico e um prolongamento central. Localização ® No gânglio espinal (gânglio localizado na raiz posterior ou dorsal do nervo espinal). Direção dos axônios ® Irão subir pelo funículo posterior (substância branca da medula espinal); ® Na região cervical e torácica alta, esse funículo é subdivido em fascículo grácil e fascículo cuneiforme, para chegarem aos seus receptivos núcleos no bulbo. Neurônio 2 Localização ® No bulbo (núcleo grácil e cuneiforme); Núcleo Grácil ® Sobem pelo fascículo grácil; ® Axônios do neurônio 1 trazem informações oriundas dos membros inferiores e da metade inferior do tronco, e assim, fazem sinapse com o neurônio 2. Núcleo Cuneiforme ® Sobem pelo fascículo cuneiforme; ® Axônios do neurônio 1 trazem informações oriundas dos membros superiores e parte superior do tronco, e assim, fazem sinapses com o neurônio 2. Direção dos axônios ® Os axônios cruzam para o lado oposto, fazem uma inflexão e passam a subir, constituindo o lemnisco medial (trato de substância branca); ® Fazem sinapses com o neurônio 3 no núcleo ventral posterolateral do tálamo (contralateral). Neurônio 3 Localização ® No núcleo ventral posterolateral tálamo. Direção dos axônios ® Os axônios seguem para o córtex, na região do giro pós-central (do lado oposto). VIA ANTEROLATERAL (ESPINOTALÂMICA) Estímulos ® Dor aguda; ® Temperatura. Neurônio 1 Localização ® No gânglio espinal (gânglio localizado na raiz posterior ou dorsal do nervo espinal. Direção dos axônios ® Os axônios ganham a parte posterior da substância cinzenta da medula (H medular – corno dorsal ou posterior da medula); 4 ® No corno posterior da medula espinal, fazem sinapses com o neurônio 2. Neurônio 2 Localização ® No corno dorsal ou posterior da medula; Direção dos axônios ® Os axônios cruzam para o lado oposto e sobem para o tálamo pelo funículo lateral do lado oposto (trato espinotalâmico); ® À medida que os axônios espinotalâmicos percorrem o tronco encefálico, eles posicionam-se ao longo do lemnisco medial; ® Fazem sinapses com o neurônio 3 no núcleo ventral posterolateral do tálamo (contralateral). Neurônio 3 Localização ® No núcleo ventral posterolateral do tálamo. Direção dos axônios ® Os axônios seguem para o córtex, na região do giro pós-central (do lado oposto). VIA – PRESSÃO/TATO PROTOPÁTICO (GROSSEIRO) Neurônio 1 Onde eles estão? ® Gânglio espinal, um gânglio localizado na raiz posterior ou dorsal do nervo espinal. Direção dos axônios ® Os axônios ganham a parte posterior da substância cinzenta da medula (H medular – corno dorsal ou posterior da medula); ® Nessa região, fazem sinapses com o neurônio 2. Neurônio 2 Onde eles estão? ® Corno dorsal ou posterior da medula (parte posterior da substância cinzenta da medula). Direção dos axônios ® Os axônios cruzam para o lado oposto e sobem pelo funículo anterior do lado oposto (lemnisco espinal - ponte), podemos chamar essa parte da via de trato espinotalâmico; ® Fazem sinapses com o neurônio 3 no núcleo ventral posterolateral do tálamo (contralateral). Neurônio 3 Onde eles estão? ® Núcleo ventral posteromedial do tálamo. Direção dos axônios ® Os axônios seguem para o giro pós-central, mas do lado oposto. OBS: No lemnisco espinal, existem tanto axônios oriundos da via relacionada a pressão e temperatura, quando da via relacionada a pressão e tato protopático. 5 VIA TRIGEMINOTALÂMICA Estímulos ® Sensações somáticas (táteis, dor e temperatura) da face e do terço anterior da cabeça. Neurônio 1 Localização ® No gânglio trigeminal. Direção dos axônios ® Seguem em direção a ponte (tronco encefálico) através dos nervos trigêmeos; ® Vão em direção ao núcleo espinal do trigêmeo no tronco encefálico, onde fazem sinapses com o neurônio 2. Neurônio 2 Localização ® No núcleo espinal do trigêmeo no tronco encefálico. Direção dos axônios ® Os axônios atravessam para o lado oposto da ponte e do bulbo e ascendem como o trato trigeminotalâmico para os núcleos ventrais do tálamo ® Nos núcleos ventrais do tálamo, esses axônios fazem sinapses com o neurônio 3. Neurônio 3 Localização ® Nos núcleos ventrais do tálamo. Direção dos axônios ® Os axônios seguem para o córtex, na região do giro pós-central (do lado oposto). VIA – DOR CRÔNICA (PALEOESPINOTALÂMICA) Estímulos ® Mecânicos nocivos; ® Térmicos; ® Químicos. Receptores ® Terminações nervosas livres. Neurônio 1 Onde eles estão? ® Gânglio espinal, um gânglio localizado na raiz posterior ou dorsal do nervo espinal. Direção dos axônios ® Os axônios ganham a parte posterior da substância cinzenta da medula (H medular – corno dorsal ou posterior da medula); ® Nessa região, fazem sinapses com o neurônio 2. Neurônio 2 Onde eles estão? ® Corno dorsal ou posterior da medula (parte posterior da substância cinzenta da medula). Direção dos axônios ® Os axônios sobem pelo funículo lateral do mesmo lado ou lado oposto; 6 ® Seguem para a formação reticular localizada no tronco encefálico, para fazerem sinapses com o neurônio 3. Neurônio 3 Onde eles estão? ® Formação reticular (tronco encefálico). Direção dos axônios ® Os axônios projetam-se para os núcleos intralaminares do tálamo, onde fazem sinapses com o neurônio 4. Neurônio 4 Onde estão? ® Núcleos intralaminares do tálamo. Direção dos axônios ® Os axônios seguem para inúmeras regiões do córtex cerebral. ALTERAÇÕES NO EXAME NEUROLÓGICO Porth – Fisiopatologia (10ª edição) Neurociências – Desvendandoo Sistema Nervoso (4ª edição) https://drive.google.com/drive/folders/1-MkVVoG6CsaegRQraTW9AyUQ7JUanOgm 2- Diferenciar: Choque Neurogênico X Choque Medular. CHOQUE NEUROGÊNICO O que é? ® É um tipo de choque distributivo (caracterizado por vasodilatação periférica grave com queda da resistência vascular sistêmica); ® Geralmente acomete vítimas de traumatismo cranioencefálico grave e lesão da medula espinhal (sobretudo se esta for acima de T6); ® É causado pela diminuição do controle simpático do tônus dos vasos sanguíneos, em consequência de um defeito no centro vasomotor do tronco encefálico ou no fluxo simpático para os vasos sanguíneos; ® Acontece uma desconexão entre os centros supraespinais simpáticos e seus órgãos-alvo (lesão medular alta); ® O que ocorre? - Lesão medular em nível torácico que acomete fibras simpáticas descendentes; - Interrupção das vias autonômicas; - Perda do tônus simpático com hipotensão, bradicardia, extremidades quentes e bem perfundidas pela vasodilatação. FISIOPATOLOGIA - O que pode interromper o fluxo do centro vasomotor? - Lesão Cerebral; - Ação depressiva de drogas ou medicamentos; - Anestesia Geral; - Hipóxia; - Falta de Glicose (Ex: Reação Insulínica); - Desmaio com causas emocionais (é um tipo transitório de comprometimento do fluxo simpático); Anestesia - Agentes Anestésicos: - Muitos agentes anestésicos gerais podem causar uma reação semelhante ao choque neurogênico, especialmente durante a indução, em consequência da interferência na função do sistema nervoso simpático; - A anestesia espinal ou lesão medular acima da região média do tórax pode interromper a transmissão do fluxo do centro vasomotor. https://drive.google.com/drive/folders/1-MkVVoG6CsaegRQraTW9AyUQ7JUanOgm 7 CARACTERÍSTICAS HEMODINÂMICAS - Pré-Carga/Pressão Oclusão Artéria Pulmonar (POAP): - Mantém (precoce); - Diminui (tardio); - Bomba/Débito Cardíaco: - Aumenta (precoce); - Diminui (tardio); - Pós-Carga/Resistência Vascular Sistêmica: - Diminui; - Perfusão Tecidual/Saturação Venosa Mista de Oxigênio: - > 65%. CHOQUE MEDULAR O que é? ® Descreve o choque neurogênico que ocorre em pessoas com lesão medular; ® É um fenômeno neurológico reversível (24-48 horas); ® Não apresenta lesão medular estrutural e é iniciado imediatamente após o trauma; ® Características: - Arreflexia; - Plegia (fraqueza tão intensa que os músculos não conseguem se contrair/perda dos movimentos); - Perda da sensibilidade bilateral; - Perda do reflexo bulbo cavernoso. FISIOPATOLOGIA - Durante a fase aguda que se segue ao trauma raquimedular, ocorre uma estimulação maciça simpática, mediada por receptores alfa-adrenérgicos. Agudamente, ocorre aumento da pressão arterial sistêmica, bradicardia ou taquiarritmia reflexa. Essa resposta aguda simpática ocorre devido à liberação de noradrenalina e adrenalina da camada medular da glândula suprarrenal, em resposta ao trauma como também à desconexão dos neurônios supraespinais simpáticos; - Após 3 a 4 minutos, o parassimpático predomina, com vasodilatação cutânea, venodilatação, redução do retorno venoso, hipotensão arterial sistêmica, bradicardia com bradiarritmias e bloqueios nodais atrioventriculares devido à perda do tônus simpático e ausência de estímulo inotrópico. O paciente ainda apresenta hipotermia. E O CHOQUE MEDULAR? - A denominação choque medular refere-se ao evento transitório que se segue após o trauma, com suspensão dos reflexos medulares abaixo do nível da lesão. Características 8 - Quais são? - Déficit Sensorial; - Paralisia Flácida; - Ausência dos Reflexos Medulares; - Alterações da Termorregulação (abaixo do nível da lesão); - Lesão Medular Elevada (Cervical/Torácica): - Comprometimento Respiratório; - Tetraplegia; - Anestesia; - Choque neurogênico com síndrome de Horner ipsilateral associada; - Lesão Torácica Mais Baixa: - Não há comprometimento respiratório; - Não há sinais de choque neurogênico. FASES Quais são? ® 1. Arreflexia ou Hiporreflexia (primeiras 24 horas); ® 2. Retorno de alguns reflexos (1 a 3 dias); ® 3. Hiperreflexia Reflexa Precoce (4 dias a 1 mês); ® 4. Espasticidade (1 a 12 meses). OBS: O choque medular pode durar dias ou semanas, com média de 4 a 12 semanas para sua resolução. Clinicamente verificamos o retorno das funções medulares com o reaparecimento do reflexo bulbo-cavernoso e dos reflexos osteotendinosos profundos. Sendo que, para alguns autores, o retorno do controle vesical voluntário marca o fim da fase de choque medular. Porth – Fisiopatologia (10ª edição) https://drive.google.com/drive/folders/1-MkVVoG6CsaegRQraTW9AyUQ7JUanOgm https://www.researchgate.net/publication/309452327_Choque_neurogenico_manejo_clinico_e_suas_particularidades_na_sala_de_em ergencia 3- Relembrar o ATLS e avaliação do politrauma. ADVENCED TRAUMA LIFE SUPPORT (ATLS) O que fazer? - Checar nível de consciência : escala de Glasgow; - Se nível de consciência preservado ® questionar sobre dor na coluna; - Se ausência referida de dor em na coluna ® proceder palpação das vértebras sem remover o colar cervical e, na ausência de dor ® proceder mobilização passiva da cabeça (rotação e flexão ) e, se dor ausente ® colar cervical pode ser removido; - Se nível de consciência alterado, ou referência de dor em coluna ® não remover colar cervical, encaminhar paciente ao Rx após estabilização clínica. ABCDE DO TRAUMA Airway: Permeabilidade de vias aéreas e estabilização da coluna cervical; Breath: Ventilação; Circulation: Choque Circulatório; Disability: Exame Neurológico; Exposure: Exposição e exame físico de lesões + Prevenir a hipotermia. OBS: Todo politraumatizado deve ser tratado como portador de lesão medular até que se prove o contrário, com cuidado na manipulação, imobilização adequada (prancha rígida, colar cervical, blocos cervicais). https://drive.google.com/drive/folders/1-MkVVoG6CsaegRQraTW9AyUQ7JUanOgm https://www.researchgate.net/publication/309452327_Choque_neurogenico_manejo_clinico_e_suas_particularidades_na_sala_de_emergencia https://www.researchgate.net/publication/309452327_Choque_neurogenico_manejo_clinico_e_suas_particularidades_na_sala_de_emergencia 9 ATLS – Suporte Avançado de Vida no Trauma (10ª edição) 4- Sobre o Trauma Raquimedular, caracterizar: LESÃO VERTEBRAL E MEDULAR LESÃO DA MEDULA ESPINAL (LME) O que é? ® Caracteriza-se por danos aos elementos neurais da medula espinal; ® Epidemiologia: - É primariamente uma doença de jovens; - A maioria das lesões ocorrem na faixa etária entre 29 e 42 anos; ® E a taxa de mortalidade? - As taxas de mortalidade são pouco significativamente mais elevadas durante o primeiro ano após a lesão do que nos anos subsequentes, em especial para indivíduos com lesões graves; ® Como são as lesões? - A maioria das LME envolve danos à coluna vertebral ou aos ligamentos de suporte, bem como à medula espinal; - Devido à grande extensão dos sistemas de vias que conectam os neurônios aferentes sensoriais e os neurônios motores inferiores com centros cefálicos superiores; - As LME comumente envolvem tanto a função sensorial quanto a função motora. CAUSAS Quais são? ® Traumáticas: - Acidentes Automobilísticos; - Quedas; - Violência (principalmente ferimentos por arma de fogo); - Atividades Desportivas Recreativas; ® Não Traumáticas: - Deformidades Congênitas (Ex: Espinha Bífida); - Tumores; - Isquemia; - Infarto; - Doença óssea com fraturas patológicas das vértebras. LESÃO DA COLUNA VERTEBRAL O que é? ® As lesões da coluna vertebral incluem:fraturas, luxações e subluxações; ® Fraturas: - Podem ocorrer em qualquer parte das vértebras ósseas, causando a fragmentação do osso; - Na maioria das vezes, envolve o pedículo, lâmina ou processos (Ex: Facetas); ® Luxações e Subluxações: - Fazem os corpos vertebrais se deslocarem, com um se sobrepondo ao outro e impedido o correto alinhamento da coluna vertebral; ® Os danos aos ligamentos ou vértebras ósseas podem tornar a coluna instável. Em uma coluna instável, a movimentação da coluna vertebral sem proteção é capaz de colidir com o canal espinal, causando compressão ou estiramento excessivo do tecido neural. MECANISMOS Compressão 10 - A compressão faz os ossos vertebrais serem despedaçados, esmagados ou até mesmo esmigalhados quando existe sobrecarga da coluna vertebral (Ex: Carregamento Axial) a partir de um golpe em alta velocidade no topo da cabeça, como em uma lesão de mergulho; - Podem surgir quando as vértebras estão enfraquecidas por doenças como osteoporose e o câncer com metástase óssea. Hiperflexão - Se dão quando a flexão para a frente da coluna vertebral ultrapassa os limites do movimento normal. Hiperextensão Rotação - Nessas lesões, ocorrem simultaneamente uma fratura e o rompimento do complexo ligamentar posterior; - É causada por flexão lateral extrema ou torção da cabeça ou pescoço; - Rotação Axial: - Podem produzir lesões altamente instáveis; - Ocorre rotação axial máxima na região cervical, especialmente entre C1 e C2 e na articulação lombossacral. 11 OBS: O acoplamento de movimentos vertebrais é comum em lesões quando se realizam dois ou mais movimentos individuais (Ex: Flexão Lateral e Rotação Axial). Penetração TRAUMA RAQUIMEDULAR O que é? ® É definido como lesão de causa externa que acomete a coluna vertebral em qualquer seguimento, com ou sem lesão concomitante da medula ou raízes nervosas; ® Quais as regiões mais afetadas? - Cervical – 60%; - Toracolombar (T11 – L2) – 20%; - Lombar – 10%; - Torácica – 8%; - Sacral – 2%. ETIOLOGIAS Quais são? ® Acidentes Automobilísticos; ® Quedas; ® Violência (principalmente ferimentos por arma de fogo); ® Esportes; ® Mergulho em água rasa; ® Outros. FISIOPATOLOGIA - Mecanismos de lesão medular no TRM relacionam-se com a transferência da energia cinética para a medula; - Qual as origens das lesões? - Fratura Óssea; - Deslocamento Intervertebral; - Estiramento de Ligamentos; 12 - Disjunção do Disco Intervertebral; - Herniação do Disco Intervertebral. LESÃO PRIMÁRIA - Quando ocorre? - Desencadeado imediatamente após o trauma; - No momento da lesão mecânica e é irreversível; - O que ocorre? - Compressão; - Contusão; - Lesão medular por fragmentos ósseos no canal medular; - Como ocorre? - Essa lesão resulta de forças de compressão, extensão e cisalhamento associadas a fratura ou compressão das vértebras da coluna, deslocamento de vértebras (Ex: Flexão, Extensão, Subluxação) e contusões devido à vibração da medula no canal espinal; - Lesões penetrantes produzem lacerações e traumatismo direto à medula e podem ocorrer com ou sem dano à coluna vertebral; - As lacerações surgem quando existe um corte ou rasgo da medula espinal, que fere o tecido nervoso e provoca sangramento e edema. Alterações nas Substâncias - Substância Cinzenta (Central) : - Pequenas hemorragias; - Substância Branca (Periférica): - Alterações edematosas; LESÃO SECUNDÁRIA - Quando ocorre? - Nos minutos seguintes até horas após o trauma; - Acompanham a lesão primária e promove a disseminação da lesão; - A destruição dos tecidos vai levando a um dano neurológico progressivo; - O que ocorre? - Isquemia; - Hipoxia Tecidual; - Migração de células inflamatórias; - Edema; - Citotoxicidade; - Distúrbios da homeostase iônica; - Apoptose; - Como ocorre? - Imediatamente após a lesão primária, o processo inflamatório inicia lesões secundárias (zona de penumbra) reversíveis com liberação de citocinas, aumento da permeabilidade capilar, edema, trombose e ativação de micróglia e de neutrófilos; - Na presença do choque neurogênico, há hipotensão, bradicardia e poiquilotermia devido a disautonomia simpática originada pelo trauma. 13 - A hipoperfusão microvascular acentuada pela hipotensão sistólica inicia uma cascata de respostas ao metabolismo anaeróbico tissular: acidose metabólica, formação de lactato, neoglicogênese, disfunção mitocondrial com liberação de citocromo C, ativação de caspases (indução à apoptose) e despolarização celular anômala com influxo de cálcio, ativação de canais NMDA e morte celular por excitotoxicidade; - O resultado dessa morte celular é observado pela degeneração walleriana com perda funcional. OBS: Ocorrem lesão vascular; lesão neuronal, que leva à perda de reflexos abaixo do nível da lesão e liberação de agentes vasoativos e enzimas celulares. As lesões vasculares (Ex: Traumatismo e Hemorragia) podem conduzir a isquemia, aumento da permeabilidade vascular e edema. O fluxo de sangue para a medula espinal pode ser ainda mais comprometido pelo choque medular que resulta da perda do tônus vasomotor e dos reflexos neurais abaixo do nível da lesão. A liberação de substâncias vasoativas (Ex: Norepinefrina, Serotonina, Dopamina e Histamina) pelo tecido da ferida provoca vasospasmo e impede o fluxo sanguíneo na microcirculação, produzindo mais necrose em vasos sanguíneos e neurônios. A liberação de enzimas proteolíticas e lipolíticas pelas células lesionadas causa edema tardio, desmielinização e necrose no tecido neural na medula espinal. TIPOS LESÃO MEDULAR COMPLETA - Quais as causas? - Separação do cordão medular; - Rompimento das fibras nervosas (embora permaneçam intactas); - Interrupção do suprimento sanguíneo para esse segmento; - Qual o resultado? - Destruição completa do tecido neural; - Paralisia nos neurônios motores superiores e neurônios motores inferiores. Características - Quais são? - Ausência de função motora e sensitiva no segmento abaixo da lesão. LESÃO MEDULAR INCOMPLETA Características - Quais são? - Preservação de função sensitiva e motora abaixo do nível da lesão. 14 Síndrome Medular Central - Ocorre quando afeta predominantemente a substância cinzenta ou branca central da medula espinal; - Como as fibras do trato corticospinal são organizadas com aquelas que controlam os braços, localizados mais centralmente, e aquelas que controlam as pernas, localizadas mais lateralmente, pode permanecer intacta certa quantidade de transmissão axônica externa. Características - Quais são? - Função dos MMSS é mais comprometida; - Função dos MMII é menos comprometida, podendo ser preservada ou diminuída; - Algum grau de sensibilidade sacral; - Intestino, bexiga e funções sexuais geralmente são afetados em diferentes graus e isso pode acontecer paralelamente ao grau de comprometimento dos membros inferiores. OBS: Essa síndrome se dá quase exclusivamente na medula cervical, resultando em uma lesão NMS com paralisia espástica. Síndrome Medular Anterior - Quais as causas? - Danos causados por infarto da artéria espinal anterior, resultando em danos aos dois terços anteriores da medula. Características - Quais são? - Paralisia motora (perda da função motora fornecida pelas vias corticospinais); - Perda da sensação de dor e temperatura (causadas pelos danos causados aos tratos espinotalâmicos laterais); - Apenas propriocepção presente. 15 OBS: O terço posterior da medula é relativamente poucoafetado, preservando os axônios da coluna dorsal que transmitem sensações de posição, vibração e toque. Síndrome da Hemissecção Medular (Brown Séquard) - Resulta de danos a uma hemissecção da medula anterior e posterior. Características - Quais são? - Perda ipsilateral da função motora voluntária do trato corticospinal; - Perda de propriocepção; - Perda contralateral da sensação de dor e temperatura dos tratos espinotalâmicos laterais em todos os níveis abaixo da lesão. Síndrome Medular Posterior Características - Quais são? - Perda da propriocepção; - Perda da dor profunda; - Perda da sensibilidade; - Perda da pressão. Síndrome do Cone Medular - Envolve danos ao cone medular (T12 a L1 – que e é a extremidade inferior da medula espinal) e raízes nervosas lombares no canal neural; 16 Características - Quais são? - Incontinência vesical e fecal; - Alteração da função sexual. - Ocasionalmente, segmentos sacrais mostram reflexos preservados se apenas o cone é afetado; - A função motora das pernas e dos pés pode ser prejudicada sem deficiência sensorial significativa Síndrome da Cauda Equina - Ocorre quando o dano às raízes nervosas da região lombossacral (L1 a L2) no canal espinal geralmente resulta em danos aos NMI e aos neurônios sensoriais Características - Quais são? - Paresia de membros inferiores; - Paralisia flácida assimétrica; - Arreflexia; - Deficiência sensorial; - Dor intensa e assimétrica. OBS: Devido a possíveis danos neurológicos permanentes, é indicada a intervenção cirúrgica de emergência. QUADRO CLÍNICO Como é? ® Dor local intensa que piora com a movimentação da coluna; ® Dor à palpação no local da lesão vertebral; ® Deformidade vertebral; ® Déficit neurológico em membros; ® Tetraplegia/Quadriplegia: - É a deterioração ou perda de função motora ou sensorial (ou ambas), após danos nas estruturas neurais dos segmentos cervicais da medula espinal; - Isso resulta no comprometimento da função nos braços, tronco, pernas e órgãos pélvicos; ® Paraplegia: - É a deterioração ou perda de função motora ou sensorial (ou ambas) nos segmentos torácico, lombar ou sacral da medula espinal resultante de danos aos elementos neurais do canal medular; - Nos casos de paraplegia, o funcionamento dos braços é preservado, mas dependendo do nível da lesão, o funcionamento do tronco, pernas e órgãos pélvicos pode ser prejudicado. A paraplegia inclui lesões do cone medular e da cauda equina. 17 DIAGNÓSTICO - Como é a comprovação diagnóstica? - Dados Clínicos + Radiografia Simples + TC e/ou RM de Coluna Vertebral; Clínico - Anamnese; - Exame Neurológico; - Escala de Glasgow; - Avaliação Sensitiva; - Avaliação Motora; Exames de Imagem - Radiografia Simples; - Tomografia Computadorizada; - Ressonância Magnética. ESCALA ASIA (American Spinal Injury Association) 18 COMPLICAÇÕES Quais são? ® Intestino Neurogênico; ® Bexiga Neurogênica; ® Disreflexia Autonômica; ® Trombose Venosa Profunda e Embolia Pulmonar; ® Úlceras de Decúbito; ® Dor e Espasticidade. TRATAMENTO Como é? - ABC do trauma: imobilizar a vítima, mesmo sem diagnóstico conclusivo (imobilização manual, colar cervical mentoniano rígido, colete do tipo KED e prancha); não fazer movimentos bruscos de flexão ou extensão; quando movimentar o paciente, fazê-lo em bloco; - Encaminhar o paciente para tratamento especializado (trações, imobilizações, gessos, descompressão cirúrgica e estabilização interna); - Fisioterapia motora e respiratória, reeducação de esfíncteres, psicólogos e terapia ocupacional; - Prevenir escaras de decúbito com mudanças em bloco a cada 2 horas, hidratação da pele, bolsas de água, colchões especiais; - Prevenir tromboembolismo; - Prevenir complicações respiratórias (pneumonia, atelectasia, edema, aspirações): fluidificantes, broncodilatadores, fisioterapia respiratória; - Oxigenoterapia na fase aguda; - Realizar cateterismo vesical intermitente; - Evitar hipotensão arterial. QUAIS AS MEDIDAS? 19 Tratamento da Espasticidade Porth – Fisiopatologia (10ª edição) Neurologia: Diagnóstico e Tratamento (3ª edição) Princípios de Anatomia e Fisiologia – Tortora (16ª edição) https://www.researchgate.net/publication/309452327_Choque_neurogenico_manejo_clinico_e_suas_particularidades_na_sala_de_em ergencia https://www.researchgate.net/publication/309452327_Choque_neurogenico_manejo_clinico_e_suas_particularidades_na_sala_de_emergencia https://www.researchgate.net/publication/309452327_Choque_neurogenico_manejo_clinico_e_suas_particularidades_na_sala_de_emergencia