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UNIDADE I - NOÇÕES BÁSICAS SOBRE CUSTOS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO DELTA DO PARNAIBA- UFDPar 
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS – CCC 
DISCIPLINA: CONTABILIDADE DE CUSTOS I 
PROFESSORA: ROSSÁLIA MARIA DE SOUZA SILVA 
 
UNIDADE 1 - NOÇÕES BÁSICAS SOBRE CUSTOS: formação, 
classificação e princípios. 
1. SISTEMAS DE CUSTOS. 
A Contabilidade desde seus primórdios tem como foco principal a correta 
evidenciação dos componentes do patrimônio, assim considerado como o 
conjunto de bens, direitos e obrigações vinculados a uma entidade. O processo 
de quantificação e qualificação adequada do patrimônio é feito por meio de 
sistemas de controle e registro das operações que a empresa realiza, ou seja, 
por meio de Sistemas de Informação Contábil. 
O Sistema de Informação Contábil corresponde a um conjunto de partes 
que interagem de forma interdependente com o objetivo na produção de 
informações que irão auxiliar o processo de gestão empresarial. 
Como partes integrantes do Sistema de Informação Contábil tem-se os 
seguintes subsistemas, dentre outros: Subsistema de Contabilidade Geral, 
Subsistema de Custos, Subsistema Controle de Estoques, etc. Estes 
subsistemas de forma direta ou indireta contribuem para a geração de dados que 
irão compor todo o escopo do Sistema de Informação de uma organização. Não 
se pode esquecer o ambiente externo como um agente que produz impacto 
fundamental e por consequência é importante seu monitoramento no processo 
de geração de informação com qualidade. 
Cada um destes subsistemas elencados no parágrafo anterior pode ser 
detalhado de forma individual e, tendo-se exclusivamente a abordagem no 
próprio Subsistema, o mesmo “transforma-se” em “Sistema” com o tratamento 
seus componentes como subsistemas. 
Quando se refere a unidades fabris, deve-se considerar especificamente 
um subsistema do Sistema Contábil, denominado Subsistema de Custos. 
Ressalte-se aqui que a visão deste subsistema normalmente é abordada em 
literatura específica em função de conceitos que envolvem o processo de 
transformação de recursos em bens e serviços. A partir deste entendimento 
adota-se quase sempre a visão localizada e específica, tratando-o como um 
Sistema, como dito no parágrafo anterior. 
A escolha do Sistema de Custo, da Metodologia de Custeio, da Forma de 
Acumulação dos Custos ou de Mensuração dos mesmos deve ser feita tendo 
como suporte as características do empreendimento, tais como a forma como a 
produção ocorre, como os serviços são realizados, o modelo de gestão adotado, 
dentre outras. 
Neste sentido e tendo como objeto deste texto o Subsistema de Custos, 
a partir de agora se utiliza a nomenclatura “Sistemas de Custos” com o 
detalhamento de seus componentes. 
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O Sistema de Custos compreende todo o processo de registro e 
mensuração das atividades desenvolvidas na produção de bens e serviços. 
SANTOS, SCHMITDT, PINHEIRO E NUNES (2015, 48) ao tratar dos 
subsistemas de Custos referem-se a quatro elementos diferenciadores dos 
mesmos, descritos na Tabela 1 – Elementos Diferenciadores dos Sistemas de 
Custos. 
Tabela 1 - Elementos Diferenciadores dos Sistemas de Custos. 
FORMA 
Refere-se à modalidade de registro e 
apresentação dos custos 
• Sistemas Monistas; 
• Sistemas Dualistas. 
CONTEÚDO 
Refere-se aos itens de custos a serem 
apropriados aos produtos, mercadorias e 
serviços. 
• Sistema de Custeio Absorção; 
• Sistema de Custeio Direto (Variável) 
também denominado de marginal. 
• Sistema de Custeio ABC 
INSUMOS FÍSICOS 
Refere-se aos insumos físicos utilizados como 
base para a apropriação dos custos. 
• Insumos Reais 
• Insumos Normais 
• Insumos Padrões 
VALORES MONETÁRIOS 
Referem-se aos valores monetários 
empregados como base para a avaliação dos 
custos. 
• Valores de Mercado 
• Valores Históricos; 
• Valores Padrões (custo predeterminado). 
Para que um Sistema de Custo ou de custeio seja definido, devem-se 
observar as seguintes premissas: 
• Um sistema de custo deve privilegiar pelo menos um dos quatro 
elementos diferenciadores; 
• As combinações dos elementos diferenciadores geram novos Sistemas 
de Custo; 
• Algumas combinações podem levar a definição de Sistemas de Custeio 
mais adequados a determinadas entidades; 
Quando se reporta à Forma de registro dos custos, os Sistemas de 
Custos podem ser classificados como Monistas e Dualistas. 
Os Sistemas Monistas pressupõem um único sistema contábil. A 
Contabilidade Financeira atua no registro das operações com terceiros, das 
variações patrimoniais e da distribuição de dividendos. A Contabilidade de 
Custos consiste no acompanhamento e formação dos custos de produção 
considerando o circuito interno da empresa. As duas contabilidades são 
independentes e autônomas. Nos sistemas monistas as informações financeiras 
e de custos coexistem em um único Sistema. Existe a integração dos mesmos 
tendo tratamento de forma homogênea no sistema de contabilidade. 
Já nos Sistemas Dualistas observa-se a existência de pelo menos duas 
contabilidades distintas: a Financeira e a de Custos, tendo como consequência 
a separação e não integração entre o Sistema de Custos e o de Contabilidade 
Financeira. Os registros dos eventos existem de forma separada. 
Como características identificadas nos Sistemas Dualistas têm-se: 
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• A finalidade da Contabilidade Financeira é o registro das operações da 
empresa com terceiros, das variações patrimoniais, da apuração e distribuição 
dos resultados; 
• A finalidade da Contabilidade de Custos é a identificação do processo 
de formação dos custos dos produtos tendo como foco o aspecto interno e a 
organização; 
• As duas contabilidades são independentes, até mesmo em insumos 
físicos e valores agregados. 
Os Sistemas Dualistas não conseguem gerar informações com a mesma 
qualidade dos Sistemas Monistas, sendo que a integração entre os mesmos, 
para fins societários, só será possível se ambos utilizarem os critérios iguais de 
avaliação dos insumos. 
Esta separação entre o Sistema de Custos e o de Contabilidade 
Financeira gera, para o primeiro, a não sujeição aos aspectos formais existentes 
no segundo, possibilitando, com isso, uma variedade maior de uso de critérios 
de mensuração e classificação dos insumos, podendo com isso, contribuir para 
uma melhor informação sendo uma vantagem que o sistema dualista apresenta. 
O outro elemento diferenciador refere-se ao Conteúdo que revela a 
identificação dos recursos que podem ser apropriados aos objetos de custeio. 
Neste sentido têm-se sistemas de Custeio por Absorção, Variável, ABC 
(Activity Based Costing) e RKW (Reichskuratoriun für Wirtchaftlchtkeit). 
Considerando o conteúdo, podem-se ter sistemas de custos integrais ou 
parciais. Os primeiros referem-se a sistemas que apropriam de forma integral 
todos os custos fixos e variáveis aos produtos, sendo que os mais conhecidos 
sistemas integrais são o Custeio Absorção e o Custeio RKW. 
Nos sistemas parciais tem-se que o Sistema de Custeio Variável ou 
Direto é um exemplo clássico, pois reconhece como custo do produto somente 
o custo variável imputando ao custo fixo um tratamento equivalente às despesas 
do período. 
O ABC também pode ser considerado um sistema de custeio parcial, pois 
no processo de análise das funções, eventos e atividades, alguns elementos de 
consumo considerados como custo no Sistema Absorção, podem ser 
descartados no Sistema ABC, bem como alguns elementos apropriados como 
despesas no Sistema de Custeio Absorção podem ser classificados como custo 
pelo ABC. 
Como item mais elementar de apropriação dos custos de produção tem-
se o próprio produto, sendo este, o objeto de custeio considerado como a menor 
célula de acumulação dos custos de produção e o primeiro a ser considerado na 
classificação quanto ao Conteúdo. 
Ressalte-se, entretanto que a definição de objeto de custeio como sendo 
o elemento que pode receber custos tem como consequência sua desvinculação 
única e exclusivamente com o produto e permite a reduçãodas arbitrariedades 
existentes no processo de rateio. O conceito de objeto de custeio como lotes, 
fases, processo, departamentos, centros, empresas participantes do mesmo 
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grupo amplia a identificação dos consumos com os mesmos reduzindo, em 
montante, o valor rateado aos objetos de custeio. 
Com relação a sistemas de acumulação tem-se que, a forma como os 
custos de produção serão evidenciados ou como o objeto de custeio será 
definido influenciará certamente na forma como a acumulação de custos será 
feita. 
Para o elemento diferenciador Insumos Físicos leva-se em consideração 
a mensuração do processo produtivo em termos físicos. Sendo assim existem 
sistemas de custo que imputam ao produto o Insumo Real de produção, e 
existem os que se utilizam de predeterminação de custos. 
Os sistemas de custos predeterminados podem ainda ser: 
✓ aqueles que consideram as condições de Insumos Normais de 
funcionamento da entidade, ou seja, de acordo com suas 
fragilidades, ou ainda 
✓ aqueles que estabelecem Insumos Padrões, considerando 
condições ideais de consumo para a empresa, sem olhar para as 
condições reais de funcionamento da empresa. 
Neste contexto têm-se sistemas de Insumo Real, sistema de Insumo 
Normal e sistema de insumo Padrão. Ressalte-se que os dois últimos são 
alicerçados em valores predeterminados enquanto o primeiro em consumo real 
de recurso no processo produtivo. 
Com relação aos Sistemas de Custos com base em Insumos Reais pode-
se perceber que, apesar de terem condições de gerar informações para uma 
adequada avaliação de desempenho da empresa, eles têm uso limitado à 
constatação de situação passada não permitindo alterar realidade nem 
tampouco atuar na minimização dos riscos. 
Os sistemas que se baseiam em predeterminação, utilizando como base 
os processos reais com as eficiências e ineficiências ponderadas, tornam-se 
adequados no processo de identificação: de tendências futuras; da capacidade 
instalada e de uso dos recursos disponíveis na entidade. 
Os Sistemas que operam com predeterminações quando planejam 
Insumos Normais consideram as condições operacionais da entidade e os 
Insumos Padrões são ideais normalmente quantificam metas empresariais que 
podem não serem possíveis de atingimento em razão da não consideração de 
aspectos inerentes à própria entidade. 
A mensuração em contabilidade pressupõe a escolha de uma base para 
que os itens representativos do patrimônio possam ser trazidos do S.R.E. 
(Sistema Relacional Empírico) para o S.R.N. (Sistema Relacional Numérico). 
Este processo consiste na representação adequada, pela contabilidade, através 
de um processo de avaliação monetária e/ou física, dos itens que compõem o 
patrimônio como também daqueles que o impactam. 
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Como condição de representação monetária do Patrimônio tem-se que a 
Teoria Contábil apresenta duas vertentes de avaliação: os Valores de Entrada e 
os Valores de Saída. 
No processo de escolha dos critérios de mensuração, Iudícibus ressalta 
que a Contabilidade escolhe o valor de entrada como base de mensuração em 
função principalmente da continuidade empresarial. 
A mensuração dos elementos de custo de produção é feita nos sistemas 
de custeio mediante escolha entre os Valores de Mercado, Valores Históricos 
ou Valores Padrão. 
Custear a Valores de Mercado, isto é, mensurar o ativo pelo valor que 
pode ser adquirido no mercado, significa assumir que, neste momento, o valor 
de mercado apresenta-se como o valor justo. 
A mensuração a Valores Históricos segue a primeira opção entre os 
valores de entrada trazidos para a contabilidade, refletindo sempre a resposta 
da Ciência Contábil ao Postulado da Continuidade. Os valores históricos 
correspondem àqueles ocorridos em determinado período, corroborados por 
notas fiscais e outros documentos contábeis. Tem-se nessa opção uma boa 
identificação da situação real do passado, entretanto com uso bastante limitado, 
principalmente em períodos com frequentes alterações de preços. 
Já os Valores Padrões, Normais ou Ideais, refletem a expectativa de 
retorno dos consumos, considerando ou não, condições ideais ou reais de 
funcionamento. Os Valores Padrões correspondem a valores planejados, ou 
seja: 
• Constituem-se em objetivos a serem alcançados; 
• Relacionam-se com o processo orçamentário; e 
• São difíceis de serem estabelecidos em períodos de grandes 
oscilações no poder de compra. 
A formatação de um sistema contábil que reflita informação referente ao 
processo produtivo deve considerar todos os aspectos expostos acima. Esta é 
uma condição necessária para que a contabilidade possa cumprir seu papel na 
geração de informações úteis ao processo decisório. 
2. TERMINOLOGIA 
A contabilidade de custos nasceu em função da evolução da própria 
sociedade. As entidades comercializavam produtos que produziam de forma 
artesanal, tendo praticamente produção única e exclusiva. 
A revolução industrial, historicamente datada a meados do sec. XVIII 
trouxe consigo novas formas produção, com produtos fabricados em série e uso 
de máquinas no processo de produção. Este fato altera o modo de consumo dos 
itens relativos ao patrimônio empresarial, que precisavam de metodologias 
próprias para tratamento e mensuração. 
Como consequência deste novo cenário, novas terminologias passaram 
a identificar estes elementos, desenvolvendo-se assim a área da Ciência 
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Contábil conhecida como Contabilidade de Custos, com conceitos e terminologia 
própria. 
Neste sentido, torna-se necessário o estabelecimento de significados 
próprios a fim de permitir a uniformidade de conceitos para a contabilidade, 
ressignificando alguns termos, ampliando o significado de outros e criando 
novos. Segue-se a partir de agora alguns termos que exemplificam o exposto: 
Gasto – conceito amplo que representa todo sacrifício financeiro que a 
empresa arca no processo de obtenção de um produto ou serviço. Ressalte-se 
que um gasto pode ser representado por um desembolso (redução de caixa) ou 
com a promessa de desembolso (aumento de exigibilidade). 
Quanto à aplicação, os gastos podem ser classificados: 
Investimento – São gastos ativados em função de uso, no futuro, para a 
obtenção de bens ou serviços. 
Custos – São gastos relativos ao uso (consumo) de bens ou serviços na 
produção de outros bens ou serviços, quer sejam desembolsados ou não. 
Despesas – São gastos com bens e serviços não consumidos, de forma 
direta ou indireta, nas atividades produtivas. As despesas provocam redução do 
patrimônio. 
3. PRINCÍPIOS BÁSICOS APLICADOS A CUSTOS 
 Como Custos é área de estudos da contabilidade, tem-se a necessidade 
de verificar sua aderência aos Princípios de Contabilidade, uma vez que os 
mesmos são disciplinadores, na elaboração de relatórios, devendo permitir aos 
usuários a fixação de padrões de comparabilidade e credibilidade. 
Os princípios representam a essência da doutrina e das teorias relativas 
à Ciência da Contabilidade. Alguns dos principais conceitos antes definidos 
como princípios pela Resolução 750/93 (revogada pela NBC TSP Estrutura 
Conceitual de 04/10/2016) e Resolução 774/94 (Revogada pela Resolução CFC 
n° 1.282/10) e agora definidos pelo CPC 00 – Estrutura Conceitual Básica e 
estudados por alguns autores são definidos a seguir: 
3.1. Entidade 
 Entendido por alguns cientistas da Contabilidade como Postulado 
(verdade não contestável) e enunciado pela Resolução 750/93 como Princípio, a 
“Entidade” reconhece o patrimônio como objeto de estudo da Contabilidade e 
afirma a autonomia patrimonial identificando cada entidade contábil como a 
possuidora de um único patrimônio. Ressalte-se que esta definição é mantida 
pelo CPC 00. 
 Isto significa que por Entidade Contábil pode-se entender uma pessoa, 
um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza 
jurídica com ou sem finalidades lucrativas. 
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 A aplicação do conceito de entidade a empreendimentos cuja finalidade éa transformação de insumos em bens ou serviços não distorce em nenhum 
aspecto o significado de Entidade, gerando, portanto, conformidade aos 
conceitos e as práticas operacionais que envolvem a produção de bens e/ou 
serviços. 
3.2. Continuidade 
 Este conceito pressupõe a continuidade das operações empresariais por 
tempo indeterminado, portanto a mensuração dos itens que compõem o 
patrimônio deve seguir o enunciado. A não aceitação da continuidade da 
entidade implica em alterações significativas no processo de mensuração do 
patrimônio vinculado à mesma. 
 Considerando a aplicação deste conceito ao processo produtivo tem-se 
que a mensuração dos componentes relativos aos custos industriais está em 
conformidade com o exposto na continuidade. 
3.3. Oportunidade 
A falta de integridade na produção e divulgação de informação contábil 
pode gerar perda de relevância ou materialidade e até mesmo perda de 
confiabilidade, que são requisitos essenciais à qualidade da informação. A 
integridade e oportunidade no processo de divulgação das mesmas referem-se 
principalmente ao atendimento das seguintes condições: 
✓ Registro de forma integral de todas as mutações ocorridas no 
patrimônio; 
✓ Se tecnicamente estimável deve-se registrar também as prováveis 
alterações no patrimônio; 
✓ O processo de registro deve acontecer de forma integral 
reconhecendo-se aspectos qualitativos e quantitativos, ou seja, aspectos físicos 
e monetários; e 
✓ A temporalidade deve estar presente no processo de reconhecimento 
de tais alterações a fim de favorecer o processo decisório. 
Todas as técnicas desenvolvidas pela área e custos que tratam da 
identificação e mensuração do estoque de uma empresa que opera com a 
transformação de recursos em bens e/ou serviços revela total aderência aos 
conceitos emanados pela “Oportunidade”. 
3.4. Materialidade ou Relevância 
 Identificada pela resolução 750/93 como princípio e tratada atualmente 
como característica qualitativa fundamental da informação contábil conforme 
item 2.6 do Pronunciamento 00 tem-se que uma informação contábil é 
considerada relevante no momento em que puder produzir alterações no 
processo decisório do usuário. 
 A materialidade da informação pode ser observada no item 2.11 do 
referido pronunciamento na medida em que sua “omissão, distorção ou 
obscuridade” provocar influência significativa nas decisões dos usuários. 
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 Esta regra é bastante aplicada e útil para a área de custos uma vez que a 
mesma desobriga tratamento rígido para itens cujo valor monetário é pequeno 
dentro dos gastos totais. Nestes casos, alguns itens de custos apesar de 
definidos para determinado tratamento contábil podem ser tratados de forma 
diferente aplicando-se a referida regra combinada com a avaliação custo versus 
benefício da geração da informação contábil. 
3.5. Custo Histórico como Base de Valor 
Este conceito determina o registro pelo valor original de todas as 
transações realizadas pela entidade devendo o mesmo ser feito em moeda 
nacional. 
 O custo histórico refere-se a um valor de entrada e acontecido na data da 
operação. Podem-se definir diferentes bases históricas ao longo do tempo já 
considerando o que os pronunciamentos contábeis preconizam a respeito de 
avaliação de ativos e passivos, sendo elas: 
✓ Custo Histórico: registram-se os ativos pelos valores pagos ou a serem 
pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou ainda pelo valor justo dos recursos 
que são entregues para adquiri-los na data da operação. No caso de passivos, 
os mesmos são registrados em função dos valores recebidos em troca da 
obrigação ou, pelos valores de caixa e equivalentes de caixa necessários para 
liquidar a obrigação; 
✓ Custo Corrente: registram-se os valores que teriam sido pagos por esse 
ativo ou por equivalentes ao mesmo, caso fossem adquiridos na data ou período 
da emissão dos relatórios contábeis. No caso de passivos o reconhecimento se 
dá pelos valores de caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam 
necessários para liquidar a obrigação na data da emissão dos relatórios 
contábeis. 
✓ Valor Realizável: registram-se os ativos pelos valores que poderiam ser 
obtidos pela venda em uma forma ordenada (Chambers). No caso dos passivos 
os mesmos são mantidos pelos valores de caixa ou equivalentes de caixa que 
se espera seriam necessários para liquidar no curso normal das operações da 
entidade. 
✓ Valor Presente: registram-se os ativos pelo valor presente, descontado 
do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item 
no curso normal das operações da entidade. Os passivos devem ser mantidos 
pelo valor presente, descontado o fluxo futuro das saídas de caixa que se espera 
seja necessário para liquidá-los no curso normal das operações da entidade. 
✓ Valor Justo: corresponde ao valor que um ativo pode ser trocado ou um 
passivo pode se liquidado em uma transação sem favorecimentos. 
✓ Atualização Monetária: os efeitos das alterações do poder aquisitivo da 
moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o 
ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. 
As recomendações emanadas pelo Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis e referendadas por órgãos que emitem as normas que tratam 
evidenciação e registro de eventos pela contabilidade já indicam alterações 
significativas no processo de avaliação patrimonial, sendo que a contabilidade 
de custos já vem aplicando-as e reformando critérios e técnicas de mensuração 
do estoque produzido por empresas industriais e de serviços. 
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3.6. Consistência ou Uniformidade 
Este princípio indica que, quando houver diferentes alternativas válidas 
para registro contábil de um mesmo fato, os critérios utilizados para a escolha 
devem nortear todos os fatos análogos subsequentes, não sendo aconselhável 
mudança de critério a cada período contábil. Isto não significa que ao adotar um 
procedimento a entidade deve obrigatoriamente segui-lo em todas as situações, 
entretanto deve evitar e, se necessário fazer alteração de critério, deve ser 
medido o efeito desta mudança pela contabilidade a fim de que se mantenha a 
comparabilidade entre relatórios de períodos diversos. 
 A contabilidade de custos apresenta-se como conjunto de técnicas 
usadas de forma diversificada e consistente para cada modelo e produção e 
forma de consumo de recursos pelo processo produtivo. Sendo assim, a 
consistência é um conceito de grande valia e aplicação no processo de 
mensuração do estoque produzido internamente. 
3.7. Conservadorismo ou Prudência 
 
Enunciado pela antiga resolução do CFC como princípio e tratado pelo 
IBRACON como convenção contábil, o conservadorismo ou prudência reflete 
comportamento que profissional contábil deve seguir ao efetuar julgamentos 
necessários quando ocorrer situação de incerteza com relação à avaliação. 
Assim sendo, quando existem duas ou mais alternativas igualmente válidas para 
a avaliação de um mesmo componente, o profissional deve sempre optar por 
aquela que evidenciar maior valor para elementos do passivo ou despesas e 
menor valor para elementos de ativo ou receitas, evitando assim a subestimação 
dos passivos ou despesas superestimação dos ativos ou receitas. 
Ressalte-se que a aplicação desta regra deve sempre considerar a 
probabilidade de ocorrência de cada alternativa a ser escolhida como forma de 
garantia de que a informação gerada seja provável e não somente possível. 
4. NOMENCLATURAS, CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS E MÉTODOS DE 
CUSTEIO. 
 Como área de estudo da Contabilidade, Custos possui terminologia 
própria e, às vezes com significados diferentes para algumas palavras. Sendo 
assim torna-se necessário evidenciar alguns termos que são próprios da área 
bem como metodologias específicas para identificação e apropriação de custos 
aos produtos e serviços. 
 No item terminologia tratou-se de algumas palavras utilizadas na área de 
custos como: gasto, desembolso, investimento,custos e despesas. Outros 
termos, que são relacionados de forma mais específica à área de custos, são 
conceituados a partir de agora: 
 Perdas: representam bens ou serviços consumidos de forma involuntária 
ou anormal no processo produtivo. Com relação às perdas, cabe aqui ressaltar 
que existem dois tipos: normais e anormais. 
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 Apesar de ambas possuírem a característica da involuntariedade, as 
perdas consideradas normais são aquelas inerentes ao processo produtivo, ou 
seja, ocorrem de forma normal durante a produção, são involuntárias e não 
evitáveis. Para este tipo de perda o tratamento contábil deve ser semelhante ao 
custo de produção, ou seja, elas devem onerar o produto ou serviço que as 
gerou. 
 Com relação às perdas consideradas anormais, estas não são inerentes 
ao processo produtivo, são evitáveis e derivam de ineficiências na produção. O 
tratamento contábil adotado para as perdas anormais é semelhante ao dado às 
despesas do período, ou seja, elas devem onerar o resultado do período 
reduzindo-o. Alguns autores chamam as perdas anormais de desperdício. 
 Custos de Transformação ou de Conversão: são consumos 
representados por esforços empregados no processo de produção. Não são 
considerados neste conceito a matéria-prima ou quaisquer outros produtos 
adquiridos prontos. Compreendem a soma de todos os custos para transformar 
matéria-prima em produto elaborado. 
 Custos Primários: correspondem à soma da matéria-prima e da mão de 
obra direta. 
 Mão de Obra Direta: é aquela representada pelo esforço de pessoal na 
produção, desde que seja possível identificar quem realizou e o tempo 
dispendido. 
 Mão de Obra Indireta: é aquela representada pelo esforço de pessoal na 
produção desde que não seja possível identificar quem realizou e o tempo 
dispendido. 
 Custos Conjuntos: correspondem ao consumo de recursos que, a partir 
de um momento, denominado ponto de segregação ou de cisão, tornam-se 
diferentes produtos acabados ou em elaboração. 
Custos Comuns: correspondem ao consumo de recursos na produção 
que se tornam diferentes produtos acabados ou em elaboração. 
 Custo Marginal: representa o acréscimo de custo que a empresa incorre 
para produção de uma unidade adicional. 
 Custo de Oportunidade: representa o sacrifício, em termos de 
remuneração, que a empresa arca por ter aplicado seus recursos em uma 
alternativa ao invés de outra. Representa a melhor alternativa de investimento 
não escolhida. 
 Custos Controláveis: são custos uniformes que variam no total na 
proporção direta das variações da atividade produtiva relacionada ao mesmo. 
 Objeto de Custeio: item para o qual se pretende determinar o custo. 
 Materiais Diretos: são aqueles que se incorporam diretamente ao 
produto. 
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 Custos Diretos: correspondem aos consumos que se incorporam aos 
produtos elaborados ou em elaboração. 
 Custos Indiretos: correspondem aos consumos, necessários à 
produção, que não se incorporam diretamente aos produtos elaborados ou em 
elaboração. 
 Rateios: corresponde à distribuição dos custos indiretos aos produtos, 
seguindo critérios racionais. 
 Bases de Rateio: são indicadores do consumo dos custos indiretos pelos 
objetos de custeio. 
 Custo de Produção do Período (CPP): é representado pela soma de 
todos os custos incorridos pela empresa em determinado período. 
 Custo da Produção Acabada (CPA): é a soma de todos os insumos 
consumidos para a produção integral de um bem ou serviço. Ressalte-se que o 
mesmo pode ocorrer em períodos distintos. 
Custo dos Produtos em Elaboração (CPe): corresponde ao valor total 
dos recursos empregados em um processo de produção ainda não finalizado. 
 Custo dos Produtos Vendidos (CPV): corresponde ao custo incorrido, 
inerente aos produtos vendidos. 
4.1. Classificação dos Custos 
 No processo de estudo e análise dos recursos consumidos no processo 
produtivo observam-se diferentes comportamentos dos mesmos em razão da 
perspectiva do olhar do analista. 
 Neste texto elencam-se dois olhares diferenciados para os custos 
gerando com isso observações para cada olhar com a identificação de grupos 
de recursos com comportamentos semelhantes. Sendo assim, tem-se: 
4.1.1. Classificação dos custos pelo critério do volume de produção 
 O olhar para os recursos consumidos relacionando-os com as variações nos 
volumes de produção tem-se grupos de comportamentos semelhantes. A 
nomenclatura dada aos custos quando relacionados aos volumes produzidos 
corresponde à sua classificação como custos: Variáveis, Fixos. Semivariáveis ou 
Semifixos. 
 Custos Variáveis: são aqueles consumos que têm sua alteração 
relacionada diretamente ao volume de produção. 
• Custo Variável por Unidade: corresponde ao consumo de custo variável 
observado em uma unidade produzida. 
• Custo Variável Total: corresponde ao custo variável identificado para 
todo o volume de produção do período. 
 Custos Fixos: são aqueles consumos que têm sua variação não 
relacionada ao volume de produção e sim a outros fatores. 
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• Custo Fixo por Unidade: corresponde ao consumo de custo fixo 
observado em uma unidade produzida. 
• Custo Fixo Total: corresponde ao custo fixo identificado para um período. 
 Custos Semifixos ou Semivariáveis: são consumos que tem 
comportamento variável e fixo em determinadas condições. Um exemplo clássico 
deste tipo de consumo e a energia elétrica que tem na demanda sua parte fixa e 
no consumo a parte variável. O tratamento contábil para estes consumos se dará 
em função do comportamento mais relevante observado. 
4.1.2. Classificação dos custos em função da incidência no produto 
 O olhar para os recursos consumidos relacionando-os com sua 
participação na unidade produzida evidencia grupos de comportamentos 
semelhantes. A nomenclatura dada aos custos quando relacionados à sua 
participação na unidade produzida é a de: Custos Diretos e Custos Indiretos. 
 Custos Diretos: representam consumos de recursos que, ao final do 
processo produtivo, integram o produto elaborado. Ressalte-se que a Mão de 
obra (apesar de não fazer parte fisicamente o produto acabado), desde que seja 
possível identificar quem trabalhou e o tempo empregado na produção é 
considerada Custo Direto. 
• Custo Direto por Unidade: corresponde ao consumo de custo direto 
observado em uma unidade produzida. 
• Custo Direto Total: corresponde ao custo direto identificado para todo o 
volume de produção do período. 
 Custos Indiretos: representam consumos de recursos que são 
necessários ao processo produtivo, entretanto não integram fisicamente o 
produto elaborado. 
• Custo Indireto por Unidade: corresponde ao consumo de custo indireto 
observado em uma unidade produzida. 
• Custo Indireto Total: corresponde ao custo indireto identificado para todo 
o volume de produção do período. 
 
5. CUSTOS COMO INSTRUMENTO DE CONTROLE, PROBLEMAS E CASOS 
– CONTABILIZAÇÃO 
 
Informações sobre consumos na produção são bastante úteis ao processo 
decisório e contribuem no controle da eficiência do mesmo. Conhecer o 
comportamento dos custos em termos monetários e físicos, com definição de 
metas e padrões, favorecem o atingimento do uso mais eficiente dos recursos 
humanos e de capital empregados no processo produtivo. 
Pelo exposto anteriormente os comportamentos dos consumos seguem 
padrões, entretanto tem-se que determinados eventos possuem especificidades 
que envolvem aspectos legais e comportamentos diferenciados devendo, 
portanto, serem objeto de estudo para que se estabeleça tratamento adequado 
aos mesmos, de modo a contribuir para o controle e manutenção da eficiência 
na produção de informações, favorecendo o processo decisório. 
13 
 
Para tanto, a partir de agora se discorre sobre alguns destes eventos de 
forma a proporcionar entendimento e definição da melhor forma avaliação, 
registro e evidenciação dos mesmos nos relatórios contábeis, com observância 
dos aspectos legais que envolvem cada evento. 
5.1. Encargos FinanceirosApesar de, em alguns casos os encargos financeiros serem identificados 
com certa facilidade como derivados do financiamento de insumos e de ativos 
diretamente relacionados ao processo produtivo, no Brasil são tratados 
contabilmente como despesa. MARTINS (2018) discorre que este tratamento se 
deve principalmente a 3 (três) fatores, quais sejam: 
• A consideração dos mesmos, como custo implicaria por analogia em 
considerar os juros sobre capital da mesma forma. Ressalte-se que a Lei 
9.249/1995 admite a contabilização dos juros sobre capital próprio como 
despesa. 
• Considerando que a contabilidade comercial sempre tratou 
contabilmente os juros oriundos de financiamento como despesa, a consistência 
nos procedimentos indica o tratamento semelhante quando se tratar de juros 
para financiamento da produção. 
• Considera-se que encargos financeiros não têm sua origem nas 
atividades operacionais, sendo advindos da falta de capital e não do processo 
produtivo. 
Ressalte-se que apesar dos aspectos legais que impedem o tratamento 
de tais consumos como custos de produção, a entidade poderá medir seu 
impacto no processo produtivo por meio de relatórios gerenciais. 
5.2. Separação entre Custos e Despesas 
A definição de custo e despesa como consumos dentro e fora do processo 
produtivo respectivamente pode representar uma simplificação da separação 
entre eles, entretanto a prática empresarial revela que nem sempre este 
processo é fácil, principalmente em razão de, na maioria das empresas, a 
organização administrativa pode reunir atividades que servem de forma contínua 
e uniforme aos setores produtivos e não produtivos concomitantemente, em 
razão de economia e eficiência dos processos. 
MARTINS (2018) indica como exemplos clássicos deste fato a existência 
de departamento de pessoal que trata de forma unificada dos recursos humanos 
quer estejam lotados no setor produtivo ou não, como também do setor de 
compras que operam todas as aquisições para a entidade, seja de matéria-prima 
e outros recursos para a produção ou de equipamentos e materiais que servirão 
a área comercial da entidade. 
Na prática o autor sugere a segregação seguindo os seguintes critérios: 
• Que os valores irrelevantes no cômputo do total de consumos não sejam 
rateados aos produtos, aplicando o princípio da Prudência e Materialidade. 
14 
 
• Se os valores forem relevantes e repetitivos e quando analisados têm sua 
maior parte considerada como despesas devem ser totalmente tratados como 
despesa. Este procedimento representa a aplicação do Princípio da Prudência. 
• Se um valor for inegavelmente custo de produção, mas seu rateio for de 
extrema arbitrariedade, ou seja, não existe modelo conhecido que possa medir 
com grau razoável de certeza a participação do consumo em cada unidade 
produzida ou mesmo existindo (desde que o custo de aquisição e implantação 
for superior ao benefício gerado pela informação produzida), deve-se considerar 
como despesa e não apropriar de forma arbitrária aos produtos. Este 
procedimento também implica no uso do Princípio da Prudência. 
Estas condições favorecem a mensuração do processo produtivo com 
razoável grau de certeza proporcionando qualidade à informação gerada e 
contribuindo de forma positiva ao processo decisório. 
Outro aspecto importante na identificação de consumos como custo ou 
despesa refere-se à embalagem do produto. O custo de produção é todo e 
qualquer consumo ocorrido até que o produto se encontre em condições de 
comercialização. Sendo assim, se o produto necessitar da embalagem para sair 
do processo produtivo, deve-se considerá-la como custo de produção. 
Quando ocorrem consumos dentro da fábrica, mas que não se relacionam 
ao processo produtivo os mesmos não são custos de produção. Pode-se 
exemplificar este fato pelo uso de máquinas da produção ou insumos para operar 
em atividades não relacionadas à produção. 
5.3 Gastos com Pesquisa e Desenvolvimento 
Para que se trate de ativo intangível torna-se necessário conceituá-lo na 
forma da lei. O CPC 04 – Ativo Intangível define, em seu item 8 (oito), como um 
ativo não monetário (que não pode ser representado por dinheiro ou por direitos) 
e sem existência física. 
Ativos intangíveis quando comprados (adquirido seu direito de uso) 
podem e são registrados pela contabilidade pelo seu valor de compra, tendo 
reavaliação ao seu valor justo na data da emissão de cada relatório contábil, 
conforme regras específicas. 
Entretanto para os gastos com Pesquisa e Desenvolvimento de ativos 
intangíveis a legislação brasileira até 2010 adotava procedimentos que 
permitiam o registro como ativos intangíveis. 
Alterações significativas ocorreram a partir do C.P.C. – 04 que divide o 
processo de geração de um ativo intangível a partir de dois momentos: a Fase 
de Pesquisa e a Fase de Desenvolvimento do mesmo. 
Ainda segundo o referido documento, a fase de pesquisa corresponde 
àquela onde acontecem os estudos preliminares, a execução da pesquisa com 
resultados finais acerca de sua aplicação. 
Nesta fase não é permitido nenhum reconhecimento de ativo. Todos os 
gastos incorridos são apropriados ao resultado do período em que ocorreram 
como despesa. 
15 
 
A fase de Desenvolvimento é definida pelo CPC 04, como aquela onde 
ocorre a aplicação dos resultados da pesquisa em um projeto que tenha por 
objetivo a produção do ativo antes de iniciar a produção comercial ou seu uso 
interno. 
Nesta fase os gastos com o desenvolvimento serão reconhecidos como 
ativo se, e somente se, a entidade comprovar o atendimento de todas as 
seguintes condições: 
• Demonstrar que possui capacidade técnica para concluir o ativo e 
disponibilizar para uso ou venda; 
• Existir a intenção de concluir o ativo e de usá-lo ou vendê-lo; 
• Demonstrar capacidade para usar ou vender o ativo (comprovar os 
benefícios futuros que o ativo pode gerar para a entidade). Nesse caso devem-
se avaliar os benefícios futuros com base no Pronunciamento 01 – Redução ao 
valor recuperável. Ressalte-se que, se os benefícios futuros forem gerados 
somente em conjunto com outros ativos, deve ser considerado o conceito de 
unidades geradoras de caixa previsto no mesmo CPC; 
• Possuir condições para mensurar os gastos atribuíveis ao ativo intangível 
na fase de desenvolvimento. 
Devem-se ativar os gastos somente após as condições acima serem 
satisfeitas, não sendo permitido o reconhecimento como custo de nenhum gasto 
feito antes deste momento. 
Em situações onde não for possível separar as fases de pesquisa e 
desenvolvimento todos os gastos incorridos devem ser tratados como se 
ocorressem na fase de pesquisa, ou seja, devem ser apropriados ao resultado 
como despesa. 
Cabe lembrar que marcas, títulos, listas de clientes e outros itens 
análogos não são reconhecidos como ativo intangível de forma separada do 
custo inerente ao desenvolvimento do negócio como um todo. Neste sentido não 
são ativos intangíveis registrados pela contabilidade (representam goodwill do 
negócio). 
O CPC 04 cita em seu item 66 alguns gastos que são considerados como 
“custos diretamente atribuíveis”, a saber: 
(a) Gastos com materiais e serviços consumidos ou utilizados na geração do 
ativo intangível; 
(b) Custos de benefícios a empregados (conforme definido no 
Pronunciamento Técnico CPC 33 – Benefícios a Empregados) relacionados 
à geração do ativo intangível; 
(c) Taxas de registro de direito legal; e 
(d) Amortização de patentes e licenças utilizadas pelo ativo intangível. O 
Pronunciamento Técnico CPC 20 – Custo de Empréstimos especifica critérios 
para o reconhecimento dos juros como um elemento do custo de um ativo 
intangível gerado internamente. 
Ainda no CPC 04 em seu item 67 constam alguns itens que não são custo 
de ativo intangível gerado internamente, a saber: 
16 
 
(a) Gastos com vendas; administrativos e outros gastos indiretos, exceto se 
tais gastos puderem ser atribuídos diretamente à preparação do ativo para 
uso; 
(b) Ineficiênciasidentificadas e prejuízos operacionais iniciais antes do ativo 
atingir o desempenho planejado; e 
(c) Gastos com o treinamento de pessoal para operar o ativo. 
Neste aspecto torna-se indispensável que a entidade envide esforços 
para correta separação das fases de pesquisa e de desenvolvimento do ativo 
como meio de assegura a melhor mensuração patrimonial. 
5.4. Ativos Biológicos 
O CPC 29 – Ativo Biológico e Produto Agrícola considera Ativo 
biológico em seu item 5 (cinco) “um animal e/ou planta vivos”. MARTINS (2018) 
define produto biológico os “bens gerados a partir de ativos biológicos”. Estes 
conceitos e o tratamento constituem objeto de interesse para a área de custo, 
pois estes ativos têm características específicas quanto a sua mensuração e 
representam exceção ao uso do custo de aquisição como base de mensuração. 
A mensuração de tais ativos quer sejam usados na produção de outros 
ativos ou destinados à venda é feita pelo valor de venda, ou seja, pelo valor de 
saída, contrariando a escolha de valores de entrada como a forma de avaliação 
patrimonial escolhida pela contabilidade. 
MARTINS (2018) cita que a escolha pelo valor de saída para tais itens se 
dá em razão do maior esforço na obtenção de resultados, no caso de ativos 
biológicos, acontecer na fase de produção e não no momento em que o produto 
está pronto para a venda. Neste sentido entende-se que ao produzir um ativo 
biológico pode-se assegurar com razoável grau de certeza a realização efetiva 
dos benefícios gerados. 
Ainda como definição apresentada pelo CPC 29, tem-se que os ativos 
biológicos vegetais podem ser classificados como plantas portadoras ou não. 
Esta classificação leva em consideração o uso deste ativo para produção de 
produtos biológicos ou o próprio ativo sendo o produto biológico. Como exemplo 
de planta portadora tem-se plantas frutíferas que são os ativos biólogos 
enquanto que os frutos que produzem são produtos biológicos, no entanto se a 
planta for usada para produção de madeira, o próprio ativo biológico é o produto 
biológico também, sendo chamada de planta não portadora neste último caso. 
MARTINS (2018) trata da mensuração dos produtos biológicos indicando 
que o estoque é formado a partir do momento em que estes produtos são 
colhidos ou obtidos de outra forma (caso dos produtos biológicos derivados de 
animais). A mensuração deste estoque, mesmo que para venda ou para servir 
de insumo na produção (produto que necessita de processamento adicional para 
ser comercializado) ou na prestação de serviços deve ser feita pelo seu valor 
justo. 
O valor justo de acordo com o item 8 (oito) do CPC 29 corresponde ao 
que seria recebido na venda de um ativo ou o que seria pago pela transferência 
de um passivo em uma transação livre de interferências do mercado na data de 
sua mensuração. Esta metodologia elimina a apropriação como custo de todos 
17 
 
os insumos consumidos pelo Ativo Biológico no processo de produção do 
produto biológico, correspondendo a uma excepcionalidade na mensuração do 
valor do estoque produzido internamente. 
Para fins de ativação no estoque deve-se deduzir, do valor justo, todos os 
gastos necessários a realização da venda. Entende-se aqui que tanto o valor o 
justo como os gastos são obtidos por estimativas de mercado, de acordo com os 
critérios do CPC 46. 
A contabilização deste estoque se faz por débito na conta Estoque tendo 
como contrapartida crédito em uma conta de resultado do período. Neste 
sentido, o lucro é reconhecido no momento da obtenção do estoque e não no 
momento da venda. 
Após a ativação do produto biológico ao estoque deve observar a 
finalidade do mesmo: 
• Se este estoque tem destino direto para a venda deve-se apenas fazer 
a cada período a atualização para seu valor justo na data da divulgação dos 
relatórios. 
• Se este estoque tem destino servir como insumo na produção de outros 
produtos biológicos o tratamento contábil a partir deste momento será como 
custo de produção aplicando-se as técnicas de custos no processo de apuração 
do custo de produção do produto gerado a partir deste estoque. 
MARTINS (2018) enumera exemplos de registro para Ativos Biológicos 
em 3 (três) situações, a saber: 
a) Ativo Biológico que se transforma em produto biológico a curto prazo; 
b) Ativo Biológico que produz produto biológico a médio e longo prazos; e 
c) Ativos Biológicos que se transformam em produtos biológicos a longo 
prazo. 
Cada uma das situações descritas tem uma técnica de registro específica 
que irá produzir informação sobre o patrimônio empresarial de forma adequada. 
Para a situação descrita na letra “a” - ativo biológico que se transforma 
em produto biológico a curto prazo, pode-se ter como exemplo a seguinte 
situação: 
Determinada empresa agrícola produz grãos e, na data da colheita, 
observou-se a seguinte situação: 
✓ A cotação na bolsa de mercadorias indicava um valor da produção de 
R$ 100.000,00; 
✓ Para este produto não existem impostos incidentes; 
✓ A comissão que normalmente a empresa paga é de 5% sobre o preço 
de venda; 
✓ A produção gerou um custo desembolsado de R$ 56.000,00 para a 
empresa referente a materiais e mão de obra; 
✓ As máquinas de produção tiveram uma depreciação de R$ 10.000,00; 
✓ Para colher a empresa incorreu em custos de mão de obra e custos 
adicionais no valor de R$ 2.500,00. 
18 
 
Como foi dito anteriormente o produto biológico deve ser avaliado pelo 
seu valor de venda menos os custos necessários à venda. Este deve ser o valor 
do Estoque que terá como contrapartida uma conta de resultado. Desta forma 
ter-se-á: 
Evento 1 – registro dos gastos referentes à produção. A empresa deve 
registar os consumos de recursos que teve até a colheita que no caso do 
exemplo acima são: Custo desembolsado de R$ 56.000,00 e Custo de colheita 
R$ 2.500,00 e depreciação das máquinas no valor de R$ 10.000,00. Assim, o 
registro de tais fatos ocorre da seguinte forma: 
D Custo de produção (Conta de resultado) 68.500,00 (56.000,00+10.000,00 + 2.500,00) 
C Depreciação acumulada 10.000,00 
C Caixa/ Bancos ou um passivo 58.500,00 
Evento 2 – Colheita do produto: nesta fase o estoque deve ser avaliado 
pelo seu valor justo. Sendo assim tem-se: 
D Estoque de Produtos 95.000,00 (100.000 - 5%) 
D Comissão de Vendas 5.000,00 (100.000 * 5%) 
C Receita Bruta de Vendas 100.000,00 (valor da cotação) 
Estes lançamentos espelham o resultado da empresa (R$ 95.000,00 – R$ 
68.500,00) reconhecido por ocasião da colheita. Ressalte-se que se a empresa 
necessitar consumir mais recursos para colocar o produto à venda estes serão 
tratados como custo de produção e incorporados ao valor dos estoques. 
A situação reportada na letra “b” - ativo biológico que produz produto 
biológico a médio e longo prazos. Nestas situações deve-se separar o ativo 
biológico do produto biológico com regras individualizadas de tratamento 
contábil. 
Exemplo de situação como esta pode ser referenciada em atividades 
agrícolas quando, de algumas culturas, podem ser retirados produtos biológicos 
por determinada quantidade de safras. Neste caso o ativo biológico, denominado 
planta portadora é registrado no ativo imobilizado e depreciado de acordo com a 
quantidade de safras que ele gera. Já o produto biológico derivado das safras 
deve ser ativado no circulante, subgrupo estoque e mensurado pelo valor justo, 
no momento de cada colheita. 
Situação semelhante também pode ser observada na atividade pecuária. 
Um exemplo que se pode citar é animal reprodutor. O animal (ativo biológico) é 
registrado no Imobilizado pelo custo e depreciado pelo tempo em que se espera 
que continue sendo reprodutor. Já o sêmen é produto biológico devendo 
registrado no ativo circulante e mensurado pelo seu valor justo no momento da 
coleta. 
Pode citar como exemplo do exposto, a seguinte situação: 
➢ Aquisição de terra plantada para colheita de 3 (três) safras por R$ 
2.650.000,00. Pode-se separar o valor da terra do valor da planta(terra plantada 
com valor de R$ 2.650.000,00 e terra nua 1.150.000,00). Neste caso, as plantas 
produtoras estão avaliadas em R$ 1.500.000,00. 
➢ No primeiro ano foram gastos para desenvolvimento da safra (mão de 
obra e outros custos), o valor de R$ 300.000,00. 
19 
 
➢ O valor justo da primeira safra ao final do primeiro ano foi de R$ 
3.000.000,00. 
A contabilidade deve efetuar o registro dos seguintes eventos ao longo do 
primeiro período. 
Evento 1 – Aquisição da terra plantada: nesta fase registram-se a 
aquisição das sementes ou da terra plantada e todos os gastos necessários ao 
desenvolvimento da safra. (produto em elaboração) 
D Terra – ANC 1.150.000,00 
D Plantas Portadoras - ANC 1.500.000,00 
C Caixa/Bcos/Ctas a pagar AC/AC/PC 2.650.000,00 
Evento 2 – Apropriação dos gastos com a cultura: aqui somam-se todos 
os gastos a até a formação da florada. 
D Ativo Biológico - AC 300.000,00 
C Caixa/Bcos/Ctas a pagar- AC/AC/PC 300.000,00 
Evento 3 – Apropriação da depreciação: feita somente após a planta 
formada, começando a fase de desenvolvimento do grão é que se faz a 
depreciação. 
D Ativo Biológico - AC 500.000,00 
C Depreciação Acumulada - ANC 500.000,00 1.500.000,00/3 
 
Evento 4 - Transferência de Ativo Biológico para Estoque: no momento 
da colheita a safra vai para o estoque de produtos pelo valor justo 
D Estoque de produtos - AC 3.000.000,00 
C Ativo Biológico - AC 800.000,00 
C Variação por ajuste ao valor justo - Receita 2.200.000,00 
Ressalte-se que até este evento deve-se seguir o CPC 27. Após a 
apropriação do produto ao estoque toda avaliação deste estoque deve seguir o 
CPC 16. 
Estes eventos devem ser recorrentes por todo o período em que a planta 
gerar safras sendo necessário o registro dos mesmos a cada período. 
Na situação descrita no item “c” tem-se ativos biológicos que se 
transformam em produtos biológicos no longo prazo. Como exemplos destes 
ativos pode-se citar, árvores que geram madeira onde a própria planta é o 
produto biológico. MARTINS (2018) indica alguns aspectos que devem ser 
observados para estas situações, a saber: 
a) A mensuração a valor justo (e não ao custo) deve ser realizada ao longo 
da vida dos respectivos ativos biológicos que irão se transformar em 
produtos; 
b) Embora registrado fora do ativo circulante quando de ciclo longo, o valor 
dos ativos biológicos que irão se transformar em produtos biológicos 
corresponde a um estoque; e 
c) Quando de ativo biológico que se transforma em produto biológico mais 
de uma vez (cana de açúcar que é cortada por cinco anos consecutivos, por 
exemplo), sempre que a soma do valor justo do produto biológico colhido 
mais o valor justo da parte ainda não colhida for superior ao valor justo que a 
planta tinha antes da colheita, deve-se reconhecer esse lucro final por 
ocasião da colheita. 
Em casos onde a árvore (Ativo Biológico) deve ser cultivada por alguns 
períodos contábeis até que fique pronta para corte e gere madeira (Produto 
Biológico), os eventos são registrados pela contabilidade de forma semelhante 
20 
 
aos descritos no item “a” ressaltando que a cada emissão de relatório deve-se 
proceder a avaliação do ativo ao seu valor justo reconhecendo o ganho ou perda. 
Sendo assim, têm-se especificidades quando se trata de Ativos biológicos 
que devem ser objeto de menção para o estudo de custos, pois se trata de 
produção interna de bem para comercialização que acontece de forma 
diversificada e com características tão peculiares não sendo aplicadas as 
técnicas usuais de custos para mensuração de tais ativos. 
As situações tratadas neste tópico evidenciam aspectos particulares do 
processo produtivo, ressaltando assim a necessidade de tratamento adequado 
no processo de geração de informação útil ao processo decisório. 
A área da contabilidade de custos deve ser estudada a partir das bases 
conceituais detalhadas nesta unidade de estudo, sem as quais a geração de 
informações para entidades que operam com a transformação de insumos em 
produtos e/ou serviços pode perder relevância. 
 
REFERÊNCIAS 
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gerencial. São Paulo: McGraw-Hill, 1984. 
CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de contabilidade de custos. 5 ed. 
São Paulo: Atlas, 2010 
DUTRA, René Gomes. Custos: uma abordagem prática. 7ª edição. São Paulo: 
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IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 4 ed. São Paulo: 
Atlas,1994. 
KAPLAN, Robert S. ATKINSON, Antony A. MATSUMURA, Ella Mae. YOUNG, S 
Mark. Contabilidade Gerencial: informação para tomada de decisão e execução 
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MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 11ª Ed. São Paulo: Atlas, 
2018. 
_______________. Contabilidade de custos; livro de exercícios. 11ª edição. São 
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MARTINS, Eliseu; ROCHA Wellington. Métodos de custeio comparados: 
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SANTOS, Joel José dos. Manual de contabilidade e análise de custos. 7ª edição 
São Paulo, Atlas, 2017. 
SANTOS, José Luiz dos; SCHMIDT, Paulo; PINHEIRO, Paulo Roberto; 
NUNES, Marcelo Santos. Manual de contabilidade de custos. São Paulo: 
Atlas, 2015.

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