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Concurso SES-PE: Língua Portuguesa e SUS

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Secretaria Estadual de Saúde 
de Pernambuco - SES-PE 
 
Assistente em Saúde (Comum 
Todos os Cargos e Especialidades) 
 
 
Língua Portuguesa 
Língua e Linguagem. ........................................................................................................................................................... 1 
Norma culta e variedades linguísticas. ............................................................................................................................ 8 
Semântica e interação. Significação das palavras. Denotação e conotação. ........................................................... 15 
Funções da Linguagem. ................................................................................................................................................... 18 
Textualidade (coesão, coerência e contexto discursivo). .......................................................................................... 21 
Morfossintaxe Estudo dos verbos e sua relação com as formas pronominais. ..................................................... 25 
Sintaxe do período e da oração e seus dois ‐ eixos: coordenação e subordinação. .............................................. 31 
Sintaxe de Concordância. ................................................................................................................................................ 42 
Sintaxe de Colocação. ....................................................................................................................................................... 46 
Sintaxe de Regência. ......................................................................................................................................................... 47 
Análise Sintática ............................................................................................................................................................... 52 
Estudo das classes gramaticais (incluindo classificação e flexão): Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, 
Advérbio, Conjunção, Preposição, Interjeição, Conectivos. ...................................................................................... 53 
Formas variantes emprego das palavras. Ortografia e acentuação. ........................................................................ 75 
Estudo de Textos interpretação de textos. .................................................................................................................. 81 
Tópico frasal e sua relação com ideias secundárias. .................................................................................................. 84 
Elementos relacionadores. ............................................................................................................................................. 84 
Pontuação. ......................................................................................................................................................................... 86 
Conteúdo, ideias e tipos de texto. .................................................................................................................................. 88 
O texto literário: tema, foco narrativo, personagens, tempo. ................................................................................... 95 
Coexistência das regras ortográficas atuais com o novo acordo ortográfico. ....................................................... 96 
 
Conhecimentos Gerais do SUS 
Legislação de Saúde: Constituição Federal de 1988 (seção I – disposições gerais: artigo 37 e seção II - da saúde: 
do artigo 196 ao 200 ............................................................................................................................................................ 1 
Lei 8.080/1990 ..................................................................................................................................................................... 3 
Decreto Presidencial nº 7.508/2011 ............................................................................................................................. 12 
Lei 8.142/1990 .................................................................................................................................................................. 16 
Portaria GM nº 399/2006: I Pacto pela vida, II Pacto em defesa do SUS e Pacto de Gestão do SUS) ................. 17 
Portaria GM/MS nº. 1.863/2003 - Política Nacional de Atenção às Urgências ...................................................... 19 
Redes de Atenção à Saúde ............................................................................................................................................... 21 
Humanização do atendimento ........................................................................................................................................ 30 
Bioética e Ética profissional ............................................................................................................................................ 39 
Biossegurança e controle de infecção hospitalar ........................................................................................................ 42 
Riscos ocupacionais e sua prevenção ............................................................................................................................ 61 
Controle social e gestão participativa: conselhos e conferências de saúde ............................................................ 73 
Controle social e gestão participativa: conselhos e conferências estaduais de saúde .......................................... 79 
Plano Estadual de Saúde 2016 a 2019........................................................................................................................... 79 
Plano Diretor de Regionalização da Saúde de Pernambuco ...................................................................................... 80 
Educação Permanente em Saúde.................................................................................................................................... 83 
Trabalho em equipe multiprofissional e interdisciplinaridade ............................................................................... 85 
Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado de Pernambuco (Lei estadual nº 6.123/1968). ........................ 86 
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LÍNGUA PORTUGUESA 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Língua Portuguesa 1 
 
 
 
LÍNGUA FALADA E ESCRITA 
 
Não devemos confundir fala com escrita, pois são dois 
meios de comunicação distintos. A escrita representa um 
estágio posterior da fala, pois a língua falada é mais 
espontânea, abrange a comunicação linguística em toda sua 
totalidade. 
Existem usos diferentes da língua devido a diversos 
fatores. Dentre eles, destacam-se: 
 
Fatores regionais 
É possível notar a diferença do português falado por um 
habitante da região nordeste e outro da região sudeste do 
Brasil. Dentro de uma mesma região, também há variações no 
uso da língua. No Estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, há 
diferenças entre a língua utilizada por um cidadão que vive na 
capital e aquela utilizada por um cidadão do interior do Estado. 
 
Fatores culturais 
O grau de escolarização e a formação cultural de um 
indivíduo também são fatores que colaboram para os 
diferentes usos da língua. Uma pessoa escolarizada utiliza a 
língua de uma maneira diferente da pessoa que não teve 
acesso à escola. 
 
Fatores contextuais 
Nosso modo de falar varia de acordo com a situação em que 
nos encontramos: quando conversamos com nossos amigos, 
não usamos os termos que usaríamos se estivéssemos 
discursando em uma solenidade de formatura. 
 
Fatores profissionais 
O exercício de algumas atividades requer o domínio de 
certas formas de língua chamadas línguas técnicas. 
Abundantes em termos específicos, essas formas têm uso 
praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, 
químicos, profissionais da área de direito e da informática, 
biólogos, médicos, linguistas e outros especialistas. 
 
Fatores naturais 
O uso da língua pelos falantes sofre influência de fatores 
naturais, como idade e sexo. Uma criança não utiliza a língua 
da mesma maneira que um adulto, daí falar-se em linguagem 
infantil e linguagem adulta.1 
Enquanto a língua falada é espontânea e natural, a língua 
escrita precisa seguir algumas regras. A língua falada é a mais 
natural, aprendemos a falar imitando o que ouvimos. A língua 
escrita, por seu lado, só é aprendida depois que dominamos a 
língua falada. E ela não é uma simples transcrição do que 
falamos; está mais subordinada às normas gramaticais. 
Portanto, requer mais atenção e conhecimento de quem fala. 
Além disso, a língua escrita é um registro, permanece ao longo 
do tempo, não tem o caráter temporário da língua falada. 
 
 
 
 
 
1 www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman3.php 
Diferenças existentes entre a língua falada e a escrita 
 
Língua Falada 
- Palavra sonora; 
- Requer a presença dos interlocutores; 
- Apresenta vivacidade; 
- É espontânea e imediata; 
- Uso de palavras-curinga, de frases feitas, gírias; 
- É repetitiva e redundante; 
- O contexto extralinguístico é importante; 
- A expressividade permite retirar certas regras; 
- A informação é permeada de subjetividade e influenciada 
pela presença do interlocutor; 
- Recursos: signos acústicos e extralinguísticos, gestos, 
entorno físico e psíquico. 
 
Língua Escrita 
- Palavra gráfica; 
- É mais objetiva; 
- Não precisa de interlocutor; 
- É mais resumida; 
- A redundância é um recurso estilístico; 
- Comunicação unilateral; 
- Apresenta permanência; 
- Mais correção na elaboração das frases; 
- Evita a improvisação; 
- Pobreza de recursos não-linguísticos; uso de letras, sinais 
de pontuação; 
- É mais precisa e elaborada; 
- Ausência de cacoetes linguísticos e vulgarismos; 
- O contexto extralinguístico tem menos influência. 
 
Registros da língua falada 
Há pelo menos dois níveis de língua falada: a culta ou 
padrão e a coloquial ou popular. A linguagem coloquial 
também aparece nas gírias, na linguagem familiar, na 
linguagem vulgar e nos regionalismos e dialetos. 
Essas variações são explicadas por vários fatores: 
- Diversidade de situações em que se encontra o falante: 
uma solenidade ou uma festa entre amigos. 
- Grau de instrução do falante e também do ouvinte. 
- Grupo a que pertence o falante. Este é um fator 
determinante na formação da gíria. 
- Localização geográfica: há muitas diferenças entre o falar 
de um nordestino e o de um gaúcho, por exemplo. Essas 
diferenças constituem os regionalismos e os dialetos. 
 
Atenção: o dialeto é a variedade regional de uma língua. 
Quando as diferenças regionais não são suficientes para 
constituir um dialeto, utiliza-se os termos regionalismos ou 
falares para designá-las. E as pichações têm características da 
linguagem falada. 
 
A língua falada como recurso literário 
A transcrição da língua falada é um recurso cada vez mais 
explorado pela literatura graças à vivacidade que confere ao 
texto. 
Observe, no trecho seguinte, algumas das características 
da língua falada, tais como o uso de gírias e de expressões 
populares e regionais; incorreções gramaticais (erros na 
conjugação verbal e colocação de pronomes) e repetições. Ex.: 
 
“– Menino, eu nada disto sei dizer. A outro eu não falava, 
mas a ti eu digo. Eu não sei que gosto tem esse bicho de mulher. 
Eu vi Aparício se pegando nas danças, andar por aí atrás das 
outras, contar histórias de namoro. E eu nada. Pensei que fosse 
doença, e quem sabe não é? Cantador assim como eu, Bentinho, 
Língua e Linguagem. 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Língua Portuguesa 2 
é mesmo que novilho capado. Tenho desgosto. A voz de 
Domício era de quem falava para se confessar: 
– Desgosto eu tenho, pra que negar?...” 
(Pedra Bonita, de José Lins do Rego) 
 
Registros da língua escrita 
Além dos dois grandes níveis - língua culta e língua 
coloquial -, os registros escritos são tão distintos quanto as 
necessidades humanas de comunicação. Destacam-se, entre 
outros, os registros jornalísticos, jurídicos, científicos, 
literários e epistolares (cartas). 
 
Questões 
 
01. (CRQ 18º Região - Advogado - Quadrix/2016) 
 
 
(www.humorcomciencia.com) 
 
A palavra “se”, que aparece no último quadrinho, tem um 
uso, no contexto em que aparece, muito típico da linguagem 
falada. Trata-se da palavra "se" usada como: 
(A) conjunção subordinativa adverbial condicional. 
(B) pronome pessoal oblíquo átono. 
(C) partícula expletiva ou de realce. 
(D) conjunção integrante. 
(E) pronome reflexivo recíproco funcionando como objeto 
direto. 
 
02. (CISMEPAR/PR - Técnico Administrativo - 
FAUEL/2016) “Todos os seres humanos nascem livres e iguais 
em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, 
devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. 
Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança 
pessoal. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha 
do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho 
e à proteção contra o desemprego”. 
 
O trecho acima foi extraído da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos. A respeito da linguagem empregada nesse 
texto, é correto afirmar quese trata: 
(A) de linguagem informal e escrita, como uma fala entre 
pessoas com bastante familiaridade. 
(B) de linguagem formal e falada, inacessível à 
compreensão dos cidadãos. 
(C) de linguagem formal e escrita, respeitando a norma 
padrão da língua portuguesa. 
(D) de linguagem informal e oral, acessível à compreensão 
de qualquer cidadão. 
 
03. (TJ/AL - Técnico Judiciário - Área Judiciária - 
FGV/2018) Observe a charge abaixo. 
 
 
 
A frase do menino na charge – “naum eh verdade” – mostra 
uma característica da linguagem escrita de internautas que é: 
(A) a sintetização exagerada; 
(B) o desrespeito total pela norma culta; 
(C) a criação de um vocabulário novo; 
(D) a tentativa de copiar a fala; 
(E) a grafia sem acentos ou sinais gráficos. 
 
04. (IF/SP - Professor Língua Portuguesa - 
FUNDEP) “Você fala direito? Aposto que sim. Mas aposto 
também que, no calor de uma conversa animada, você já se 
flagrou engolindo o r" de um verbo no modo infinitivo. A 
letra s, quando indica plural, costuma ser devorada nas 
rodas mais finas de bate-papo – especialmente em São 
Paulo. Já os mineiros (até os doutores!) traçam sem 
piedade o d" que compõe o gerúndio. No país todo, come-
se às toneladas o primeiro a" da preposição para. A 
primeira sílaba de todas as formas do verbo estar, então, 
essa já é uma iguaria difícil de achar." 
Disponível em: < 
http://super.abril.com.br/ciencia/lingua-portuguesa-
lingua-solta-446334.shtml.> Acesso em:11 mar.2014 
 
Sobre o texto, é CORRETO afirmar que 
(A) reconhece a influência das variações dialetais 
inclusive na linguagem dos falantes cultos. 
(B) defende a pronúncia de algumas regiões do Brasil 
que não diferenciam a língua falada da escrita. 
(C) contrasta a língua falada nas diferentes regiões 
contrastando o diversificado vocabulário brasileiro. 
(D) demonstra preconceito linguístico, pois associa a 
supressão de letras à falta de escolarização. 
 
05. (DPE/RO - Analista da Defensoria Pública - FGV) 
Observe a charge abaixo: 
 
 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Língua Portuguesa 3 
A charge poderia ser ilustração do seguinte item do 
conteúdo programático desta prova: 
(A) variação linguística; 
(B) marcas de textualidade; 
(C) língua falada e língua escrita; 
(D) redação oficial; 
(E) o esquema da comunicação linguística. 
 
06. (TRT 21ª REGIÃO - Analista Judiciário - 
FCC/2017) Além do ato instintivo, inconsciente, 
automático, puramente reflexo, evitação do sentimento 
doloroso, ocorre a infindável série dos gestos intencionais, 
expressando o pensamento pela mímica, convencionada 
através do tempo. Essa Signe Language, Gebärdensprache, 
Langue per Signes, Language per Gestes, tem merecido 
ensaios de penetração psicológica, indicando a 
importância capital como índices do desenvolvimento 
mental. 
Desta forma o homem liberta e exterioriza o 
pensamento pela imagem gesticulada, com áreas mais 
vastas no plano da compreensão e expansão que o idioma. 
Primeira forma da comunicação humana, mantém sua 
prestigiosa eficiência em todos os recantos do mundo. As 
pesquisas sobre antiguidade e valorização de certos 
gestos, depoimentos insofismáveis de certos 
temperamentos pessoais e coletivos, índices de moléstias 
nervosas, apaixonam estudiosos. 
A correlação dos gestos com os centros cerebrais, 
ativando-lhes a capacidade criadora, e não esses àqueles, 
possui, presentemente, alto número de defensores. 
Esclarecem-se, atualmente, a antiguidade e potência 
intelectual da Mímica como documento vivo, milenar e 
contemporâneo, individual e coletivo. 
Não havendo obrigatoriedade do ensino mas sua 
indispensabilidade no ajustamento da conduta social, 
todos nós aprendemos o gesto desde a infância e não 
abandonamos seu uso pela existência inteira. Os desenhos 
paleolíticos registram os gestos mais antigos, de mão e 
cabeça, e toda literatura clássica, história, viagem, teatro, 
poemas, mostra no gesto sua grandeza de expressão 
insubstituível. 
Não existe, logicamente, a mesma tradução literal para 
cada gesto, universalmente conhecido. Na famosa estória 
popular da Disputa por Acenos, cada antagonista entendia 
o gesto contrário de acordo com seu interesse. Negativa e 
afirmativa, gesto de cabeça na horizontal e vertical, têm 
significação inversa para chineses e ocidentais. Estirar a 
língua é insulto na Europa e América, é saudação 
respeitosa no Tibete. Vênias, baixar a cabeça, curvar os 
ombros, ajoelhar-se, elevar a mão à fronte, são universais. 
A mecânica da adaptação necessária a outras finalidades 
de convívio explica a multiplicação. 
(Adaptado de: CASCUDO, Câmara, “Prefácio”, em 
História dos Nossos Gestos. Edição digital. Rio de Janeiro: 
Global, 2012) 
 
Ao utilizar de diferentes línguas para referir-se à 
expressão do pensamento pela mímica (1°parágrafo), o 
autor 
(A) confere um caráter particular à linguagem de 
sinais, em oposição à universalidade das línguas que usam 
um mesmo alfabeto. 
(B) ilustra a diversificação da linguagem de sinais, que 
muda em consonância com a língua falada em cada lugar. 
(C) representa a infindável série dos gestos 
intencionais, muito embora decodificáveis 
independentemente da língua das pessoas. 
 
2 SCHICAIR. Nelson M. Gramática do Português Instrumental. 2ª. ed Niterói: 
Impetus, 2007. 
(D) subentende a ligação intrínseca da linguagem de 
sinais e do idioma falado por quem a utiliza. 
(E) sugere que o interesse por esse assunto não é 
exclusividade sua; ao contrário, está disseminado entre os 
mais diversos povos. 
 
Gabarito 
 
01.C / 02.C / 03.E / 04.A / 05.A / 06.E 
 
FIGURAS DE LINGUAGEM2 
 
Também chamadas Figuras de Estilo. Podemos classificá-
las em quatro tipos: 
- Figuras de Palavras (ou tropos); 
- Figuras de Harmonia; 
- Figuras de Construção (ou de sintaxe); 
- Figuras de Pensamento. 
 
Figuras de Palavra 
 
São as que dependem do uso de determinada palavra com 
sentido novo, incomum. São elas: 
 
Metáfora: É um tipo de comparação (mental) sem uso de 
conectivos comparativos, com utilização de verbo de ligação 
explícito na frase. 
Exemplo: 
“Sua boca era um pássaro escarlate.” (Castro Alves) 
 
Catacrese: consiste em transferir a uma palavra o sentido 
próprio de outra, utilizando-se formas já incorporadas aos 
usos da língua. Se a metáfora surpreende pela originalidade da 
associação de ideias, o mesmo não ocorre com a catacrese, que 
já não chama a atenção por ser tão repetidamente usada. 
 
Exemplos: 
Batata da perna Azulejo vermelho 
Pé da mesa Cabeça de alho 
 
Comparação ou Símile: é a comparação entre dois 
elementos comuns; semelhantes. Normalmente se emprega 
uma conjunção comparativa: como, tal qual, assim como, que 
nem. 
Exemplo: “Como um anjo caído 
 Fiz questão de esquecer...” (Legião Urbana) 
 
Sinestesia: É a fusão de no mínimo dois dos cinco sentidos 
físicos. 
Exemplos: 
“De amargo e então salgado ficou doce, - Paladar 
Assim que teu cheiro forte e lento - Olfato 
Fez casa nos meus braços e ainda leve - Tato 
E forte e cego e tenso fez saber - Visão 
Que ainda era muito e muito pouco.” (Legião Urbana) 
 
Antonomásia: quando substituímos um nome próprio 
pela qualidade ou característica que o distingue. 
Exemplos: O Águia de Haia (= Rui Barbosa) 
 O Pai da Aviação (= Santos Dumont) 
 
Metonímia: Troca-se uma palavra por outra com a qual ela 
se relaciona. Ocorre a metonímia quando empregamos: 
 
- o autor ou criador pela obra. Exemplo: Gosto de ler 
Jorge Amado (observe que o nome do autor está sendo usado 
no lugar de suas obras). 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Língua Portuguesa 4 
- o efeito pela causa e vice-versa. Exemplos: Ganho a vida 
com o suordo meu rosto. (o suor é o efeito ou resultado e está 
sendo usado no lugar da causa, ou seja, o “trabalho”). 
- o continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma 
caixa de doces. (= doces). 
- o abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplos: A 
velhice deve ser respeitada. (= pessoas velhas). 
- o instrumento pela pessoa que o utiliza. Exemplo: Ele 
é bom volante. (= piloto ou motorista). 
- o lugar pelo produto. Exemplo: Gosto muito de tomar 
um Porto. (= a cidade do Porto). 
- o símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Os 
revolucionários queriam o trono. (= império, o poder). 
- a parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os 
necessitados. (= a casa). 
- o indivíduo pela classe ou espécie. Exemplo: Ele foi o 
judas do grupo. (= espécie dos homens traidores). 
- o singular pelo plural. Exemplo: O homem é um animal 
racional. (o singular homem está sendo usado no lugar do 
plural homens). 
- o gênero ou a qualidade pela espécie. Exemplo: Os 
mortais somos imperfeitos. (= seres humanos). 
- a matéria pelo objeto. Exemplo: Ele não tem um níquel. 
(= moeda). 
 
Observação: Os últimos 5 casos recebem também o nome 
de Sinédoque. 
 
Sinédoque: Troca que ocorre por relação de compreensão 
e que consiste no uso do todo pela parte, do plural pelo 
singular, do gênero pela espécie, ou vice-versa. 
Exemplo: O mundo é violento. (= os homens) 
 
Perífrase: é a substituição de um nome por uma expressão 
que facilita a sua identificação. 
Exemplo: O país do futebol acredita no seu povo. (país do 
futebol = Brasil) 
 
Figuras de Harmonia 
 
São as que reproduzem os efeitos de repetição de sons, 
ou ainda quando se busca representa-los. São elas: 
 
Aliteração: Repetição consonantal fonética (som da letra) 
geralmente no início da palavra. 
Exemplo: “Sonhei que estava sonhando um sonho 
sonhado...” (Martinho da Vila) 
 
Assonância: Repetição da mesma vogal no decorrer de um 
verso ou poema. 
Exemplo: “Sou Ana, da cama 
 Da cana, fulana bacana 
 Sou Ana de Amsterdã.” (Chico Buarque) 
 
Paronomásia: Reprodução de sons semelhantes através 
de palavras de significados diferentes. 
Exemplos: “Berro pelo aterro pelo desterro 
 Berro por seu berro pelo seu erro 
 Quero que você ganhe que você me apanhe 
 Sou o bezerro gritando mamãe...” 
 (Caetano Veloso) 
 
Figuras de Construção 
 
Dizem respeito aos desvios de padrão de concordância 
quer quanto à ordem, omissões ou excessos. Dividem-se em: 
 
 Omissão 
- Assíndeto: Ocorre por falta ou supressão de conectivos. 
Exemplos: 
a) "Saí, bebi, enfim, vivi." (Nel de Moraes) 
b) "Vim, vi e venci." (Júlio César) 
- Elipse: Supressão de vocábulo(s) que são facilmente 
identificável(is). 
Exemplos: 
a) "(Eu) Queria ser um pássaro dentro da noite." 
b) "No céu, (há) estrelas que brilham indômitas." 
- Zeugma: Elipse especial que consiste na supressão de um 
termo já, anteriormente, expresso no contexto. 
Exemplos: 
a) "Nós nos desejamos e (nós) não nos possuímos." 
b) "Foi saqueada a vila, e (foram) assassinados os 
partidários dos Filipes." (Camilo Castelo Branco) 
 
 Repetição 
- Anáfora: É a repetição intencional de palavras, no início 
de um período, frase ou verso. 
Exemplos: "Eu quase não saio 
 Eu quase não tenho amigo 
 Eu quase não consigo 
 Ficar na cidade sem viver contrariado." 
 (Gilberto Gil) 
 
- Polissíndeto: Repetição enfática de conjunções 
coordenativas (geralmente e). 
Exemplos: "E saber, e crescer, e ser, e haver 
 E perder, e sofrer, e ter horror." 
(Vinícius de Morais) 
 
- Pleonasmo: Repetição da ideia, isto é, redundância 
semântica e sintática, divide-se em: 
1) Gramatical: com objetos direto ou indireto redundantes, 
chamam-nos pleonásticos. 
Exemplos: 
a) "Perdoo-te a ti, meu amor." 
b) "O carro velho, eu o vendi ontem." 
2) Vicioso: deve ser evitado por não acrescentar 
informação nova ao que já havia sido dito anteriormente. 
Exemplos: Subir para cima; descer para baixo; repetir de 
novo; hemorragia sanguínea; protagonista principal; 
monopólio exclusivo. 
 
 Ruptura 
- Anacoluto: A construção do período deixa um ou mais 
termos sem função sintática. Dê atenção especial porque o 
anacoluto é parecido com o pleonasmo, ou melhor, na 
tentativa de um pleonasmo sintático, muitas vezes, acaba-se 
por criar a ruptura. 
Exemplo: 
"Os meus vizinhos, não confio mais neles." - a função 
sintática de os meus vizinhos é nula, não há; entretanto, se 
houvesse preposição (Nos meus vizinhos, não confio mais 
neles), o termo seria objeto indireto, enquanto neles seria o 
objeto indireto pleonástico. 
 
Inversão 
- Anástrofe: Inversão sintática leve. 
Exemplos: 
a) "Tão leve estou que já nem sombra tenho." (ordem 
inversa) (Mário Quintana) 
b) "Estou tão leve que já não tenho sombra." (ordem 
direta) 
 
- Hipálage: Inversão de um adjetivo (uma qualidade que 
pertence a um é atribuída a outro substantivo). 
Exemplos: 
a) A mulher degustava lânguida cigarrilha. 
Lânguida = sensual, portanto lânguida é a mulher, e não a 
cigarrilha como faz supor. 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Língua Portuguesa 5 
b) "Em cada olho um grito castanho de ódio." (Dalton 
Trevisan) 
 Castanhos são os olhos, e não o grito. 
 
- Hipérbato: Inversão complexa de termos da frase. 
Exemplos: "Enquanto manda as ninfas amorosas grinaldas 
nas cabeças pôr de rosas." (Camões) 
'Enquanto manda as ninfas amorosas pôr grinaldas de 
rosas na cabeça.' 
 
- Sínquise: Há uma inversão violenta de distantes partes 
da oração. É um hipérbato "hiperbólico". 
Exemplos: “...entre vinhedo e sebe 
 corre uma linfa e ele no seu de faia 
 de ao pé do Alfeu Tarro escultado bebe." 
 (Alberto de Oliveira) 
'Uma linfa corre entre vinhedo e sebe, e ele bebe no seu 
Tarro escultado, de faia, ao pé do Alfeu.' 
 
- Quiasmo: Inversão de palavras que se repetem. 
Exemplos: "Tinha uma pedra no meio do meu caminho /no 
meio do meu caminho tinha uma pedra." 
(G. D. Andrade) 
 
 Concordância Ideológica 
- Silepse: É a concordância feita pela ideia, e não através 
das prerrogativas das classes das palavras. São três: 
 
- De Gênero: masculino e feminino não concordam. 
Ex.: "A vítima era lindo e o carrasco estava temerosa 
quanto à reação da população." 
Perceba que vítima e carrasco não receberam de seus 
adjetivos lindo e temerosa a 'atenção' devida, por quê? Isso se 
deve à ideia de que os substantivos sobrecomuns designam 
ambos os sexos, e não ambos os gêneros, portanto, por 
questões estilísticas, o autor do texto preferiu a ideia à regra 
gramatical rígida que impõe que adjetivos concordem em 
gênero com o substantivo, não em sexo. 
 
- De Número: singular e plural não concordam entre si. 
Ex.: "O esquadrão sobrevoaram o céu azul daquela manhã 
de verão." 
 
Ocorre algo semelhante na silepse de número, apenas se 
ressalve que nesses casos o 'desprezo' se dá quanto à 
concordância verbal, afinal, esquadrão é palavra de natureza 
coletiva (coletivo de aviões) e, mais uma vez por questões 
estilísticas, o autor preferiu à regra, na qual se baseia a 
Gramática Normativa, o livre voar de suas ideias. 
 
- De Pessoa: sujeito e verbo não concordam entre si. 
Ex.: A gente não sabemos escolher presidente. 
 A gente não sabemos tomar conta da gente." 
 (Ultrajea Rigor) 
Nos casos de silepse de pessoa há, por parte do autor, uma 
clara intromissão, característica do discurso indireto livre, 
quando, ao informar, o emissor se coloca como parte da ação. 
 
Figuras de Pensamento 
 
São recursos de linguagem que se referem ao aspecto 
semântico, ou seja, ao significado dentro de um contexto. 
 
Antítese: É a aproximação de palavras de sentidos 
contrários, antagônicos. 
Exemplos: "Onde queres prazer, sou o que dói 
 E onde queres tortura, mansidão 
 Onde, queres um lar, Revolução 
 E onde queres bandido, sou herói." 
(Caetano Veloso) 
Paradoxo ou Oximoro: É mais que a aproximação 
antitética; é a própria ideia que se contradiz. 
Exemplos: 
a) "O mito é o nada que é tudo." (Fernando Pessoa) 
b) "Mas tão certo quanto o erro de seu barco a motor é 
insistir em usar remos." (Legião Urbana) 
 
Apóstrofe: É a evocação, o chamamento. Identifica-se 
facilmente na função sintática do VOCATIVO. 
Exemplos: "Ó lindo mar verdejante, 
 tuas ondas entoam cantos, 
 és tu o dono reinante 
 das brancas marés espumantes ... " 
(Nel de Moraes) 
 
Perífrase: Designação dos objetos, acidentes geográficos, 
indivíduos e outros que não queremos simplesmente nomear. 
Exemplos: 
a) "Última Flor do Lácio, inculta e bela, 
 és a um tempo esplendor e sepultura." 
(Olavo Bilac) 
Flor do Lácio (= Língua Portuguesa) 
 
b) Cidade Luz [z: Paris) 
c) Veneza Brasileira (= Recife) 
d) Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) 
e) Rei dos Animais (= leão) 
 
Gradação: É uma sequência de palavras ou ideias que 
servem de intensificação numa sequência temporal. 
Ex.: "Dissecou-a a tal ponto, e com tal arte, que ela, 
Rota, baça, nojenta, vil." 
(Raimundo Corrêa) 
 
Ironia: Consiste em dizer o oposto do que se pensa, com 
intenção sarcástica ou depreciativa. 
Exemplos: 
a) "A excelente Dona lnácia era mestra na arte de judiar de 
criança." (Monteiro Lobato) 
b) "Dona Clotilde, o arcanjo do seu filho quebrou minhas 
vidraças." 
 
Hipérbole: É a figura do exagero, a fim de proporcionar 
uma imagem chocante ou emocionante. 
Exemplos: 
a) "Rios te correrão dos olhos, se chorares!" (Olavo Bilac) 
b) "Existem mil maneiras de preparar Neston." 
 
Eufemismo: Figura que atenua ideias desagradáveis ou 
penosas. 
Exemplos: 
a) "E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir 
Deus lhe pague." (Chico Buarque) 
Paz derradeira = morte 
 
b) "Aquele homem de índole duvidosa apropriou-se 
(ladrão) indevidamente dos meus pertences." (roubou) 
 
Disfemismo: Expressão grosseira em lugar de outra, 
suave, branda. 
Ex.: Você não passa de um porco ... um pobretão. 
 
Personificação ou Prosopopeia: Consiste em dar vida a 
seres inanimados. 
Exemplos: 
a) "O vento beija meus cabelos 
 As ondas lambem minhas pernas 
 O sol abraça o meu corpo." 
(Lulu Santos - Nelson Motta) 
 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Língua Portuguesa 6 
b) "Sob o sol respira o mar, 
 dedilhando as ondas, belo olhar. 
 Faiscando espumas, lágrimas 
 saúdam sereias amantes: 
 Te escutam, te amam, te lambem." 
(Nel de Moraes) 
 
Reificação: Consiste em 'coisificar' os seres humanos. 
Ex.: "Tia, já botei os candidatos na lista." 
 
Lítotes: Consiste em negar por afirmação ou vice-versa. 
Exemplos: 
a) "Ela até que não é feia." -logo, é bonita! 
b) "Você está exagerando. Não subestime a sua 
inteligência." - porque ela é inteligente. 
 
Questões 
 
01. (IF/PA - Assistente em Administração - 
FUNRIO/2016) “Quero um poema ainda não pensado, / que 
inquiete as marés de silêncio da palavra ainda não escrita nem 
pronunciada, / que vergue o ferruginoso canto do oceano / e 
reviva a ruína que são as poças d’água. / Quero um poema para 
vingar minha insônia.” (Olga Savary, “Insônia”) 
 
Nesses versos finais do poema, encontramos as seguintes 
figuras de linguagem: 
(A) silepse e zeugma 
(B) eufemismo e ironia. 
(C) prosopopeia e metáfora. 
(D) aliteração e polissíndeto. 
(E) anástrofe e aposiopese. 
 
02. (IF/PA - Auxiliar em Administração - 
FUNRIO/2016) “Eu sou de lá / Onde o Brasil verdeja a alma e 
o rio é mar / Eu sou de lá / Terra morena que eu amo tanto, 
meu Pará.” (Pe. Fábio de Melo, “Eu Sou de Lá”) 
 
Nesse trecho da canção gravada por Fafá de Belém, 
encontramos a seguinte figura de linguagem: 
(A) antítese. 
(B) eufemismo. 
(C) ironia 
(D) metáfora 
(E) silepse. 
 
03. (Pref. de Itaquitinga/PE - Técnico em Enfermagem 
– IDHTEC/2016) 
 
MAMÃ NEGRA (Canto de esperança) 
 
Tua presença, minha Mãe - drama vivo duma Raça, Drama 
de carne e sangue Que a Vida escreveu com a pena dos séculos! 
Pelo teu regaço, minha Mãe, Outras gentes embaladas à voz da 
ternura ninadas do teu leite alimentadas de bondade e poesia 
de música ritmo e graça... santos poetas e sábios... Outras 
gentes... não teus filhos, que estes nascendo alimárias 
semoventes, coisas várias, mais são filhos da desgraça: a 
enxada é o seu brinquedo trabalho escravo - folguedo... Pelos 
teus olhos, minha Mãe Vejo oceanos de dor Claridades de sol-
posto, paisagens Roxas paisagens Mas vejo (Oh! se vejo! ...) mas 
vejo também que a luz roubada aos teus [olhos, ora esplende 
demoniacamente tentadora - como a Certeza... cintilantemente 
firme - como a Esperança... em nós outros, teus filhos, gerando, 
formando, anunciando - o dia da humanidade. 
(Viriato da Cruz. Poemas, 1961, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império) 
 
O poema, Mamã Negra: 
 
3 www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil12.php 
(A) É uma metáfora para a pátria sendo referência de um 
país africano que foi colonizado e teve sua população 
escravizada. 
(B) É um vocativo e clama pelos efeitos negativos da 
escravização dos povos africanos. 
(C) É a referência resumida a todo o povo que compõe um 
país libertado depois de séculos de escravidão. 
(D) É o sofrimento que acometeu todo o povo que ficou na 
terra e teve seus filhos levados pelo colonizador. 
(E) É a figura do colonizador que mesmo exercendo o 
poder por meio da opressão foi “ninado “ela Mamã Negra. 
 
04. (Pref. de Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala -
FEPESE/2016) Analise as frases abaixo: 
 
1. “Calções negros corriam, pulavam durante o jogo.” 
2. A mulher conquistou o seu lugar! 
3. Todo cais é uma saudade de pedra. 
4. Os microfones foram implacáveis com os novos artistas. 
 
Assinale a alternativa que corresponde correta e 
sequencialmente às figuras de linguagem apresentadas: 
(A) metáfora, metonímia, metáfora, metonímia 
(B) metonímia, metonímia, metáfora, metáfora 
(C) metonímia, metonímia, metáfora, metonímia 
(D) metonímia, metáfora, metonímia, metáfora 
(E) metáfora, metáfora, metonímia, metáfora 
 
05. (COMLURB - Técnico de Segurança do Trabalho -
IBFC/2016) Leia o poema abaixo e assinale a alternativa que 
indica a figura de linguagem presente no texto: 
 
Amor é fogo que arde sem se ver 
Amor é fogo que arde sem se ver; 
É ferida que dói e não se sente; 
É um contentamento descontente; 
É dor que desatina sem doer; 
(Camões) 
 
(A) Onomatopeia 
(B) Metáfora 
(C) Personificação 
(D) Pleonasmo 
 
Respostas 
 
01.C / 02.D / 03.A / 04.C / 05.B 
 
VÍCIOS DE LINGUAGEM 
 
Os vícios de linguagem3 costumam ocorrer por descuido, 
ou ainda por desconhecimento das regras por parte do 
emissor. Observe: 
 
Pleonasmo Vicioso ou Redundância 
Diferentemente do pleonasmo tradicional, tem-se 
pleonasmo vicioso quando há repetição desnecessária de uma 
informação na frase. 
 
Exemplos: 
Entrei para dentro de casa quando começou a anoitecer. 
Hoje fizeram-me uma surpresa inesperada. 
Encontraremos outra alternativa para esse problema. 
 
Observação:o pleonasmo é considerado vício de 
linguagem quando usado desnecessariamente, no entanto, 
quando usado para reforçar a mensagem, constitui uma figura 
de linguagem. 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Língua Portuguesa 7 
Barbarismo 
É o desvio da norma que ocorre nos seguintes níveis: 
 
1) Pronúncia 
a) Silabada: erro na pronúncia do acento tônico. 
Por Exemplo: Solicitei à cliente sua rúbrica. (rubrica) 
 
b) Cacoépia: erro na pronúncia dos fonemas. 
Por Exemplo: Estou com poblemas a resolver. (problemas) 
 
c) Cacografia: erro na grafia ou na flexão de uma palavra. 
Exemplos: 
Eu advinhei quem ganharia o concurso. (adivinhei) 
O segurança deteu aquele homem. (deteve) 
 
2) Morfologia 
Exemplos: 
Se eu ir aí, vou me atrasar. (for) 
Sou a aluna mais maior da turma. (maior) 
 
3) Semântica 
Por Exemplo: José comprimentou seu vizinho ao sair de 
casa. (cumprimentou) 
 
4) Estrangeirismos 
Considera-se barbarismo o emprego desnecessário de 
palavras estrangeiras, ou seja, quando já existe palavra ou 
expressão correspondente na língua. 
Exemplos: 
O show é hoje! (espetáculo) 
Vamos tomar um drink? (drinque) 
 
Solecismo 
É o desvio de sintaxe, podendo ocorrer nos seguintes 
níveis: 
 
 
1) Concordância 
Por Exemplo: Haviam muitos alunos naquela sala. (Havia) 
 
2) Regência 
Por Exemplo: Eu assisti o filme em casa. (ao) 
 
3) Colocação 
Por Exemplo: Dancei tanto na festa que não aguentei-me 
em pé. (não me aguentei em pé) 
 
Ambiguidade ou Anfibologia 
Ocorre quando, por falta de clareza, há duplicidade de 
sentido da frase. 
Exemplos: 
Ana disse à amiga que seu namorado havia chegado. (O 
namorado é de Ana ou da amiga?) 
O pai falou com o filho caído no chão. (Quem estava caído 
no chão? Pai ou filho?) 
 
Cacofonia 
Ocorre quando a junção de duas ou mais palavras na frase 
provoca som desagradável ou palavra inconveniente. 
Exemplos: 
Uma mão lava outra. (mamão) 
Vi ela na esquina. (viela) 
Dei um beijo na boca dela. (cadela) 
 
Eco 
Ocorre quando há palavras na frase com terminações 
iguais ou semelhantes, provocando dissonância. 
Por Exemplo: A divulgação da promoção não causou 
comoção na população. 
 
Hiato 
Ocorre quando há uma sequência de vogais, provocando 
dissonância. 
Exemplos: 
Eu a amo. 
Ou eu ou a outra ganhará o concurso. 
 
Colisão 
Ocorre quando há repetição de consoantes iguais ou 
semelhantes, provocando dissonância. 
Por Exemplo: Sua saia sujou. 
 
Questões 
 
01. (Enem) 
 
No ano passado, o governo promoveu uma campanha a fim 
de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato, um jornal 
publicou a seguinte manchete: 
CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA DO GOVERNO DO 
ESTADO ENTRA EM NOVA FASE 
A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o 
entendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse 
problema poderia ter sido evitado com a seguinte redação: 
(A) Campanha contra o governo do Estado e a violência 
entram em nova fase. 
(B) A violência do governo do Estado entra em nova fase 
de Campanha. 
(C) Campanha contra o governo do Estado entra em nova 
fase de violência. 
(D) A violência da campanha do governo do Estado entra 
em nova fase. 
(E) Campanha do governo do Estado contra a violência 
entra em nova fase. 
 
02. 
Todas as sentenças a seguir apresentam duplo sentido, 
exceto: 
(A) Maria pediu a Márcia para sair. 
(B) O advogado disse ao réu que suas palavras 
convenceriam o juiz. 
(C) Crianças que comem doce frequentemente têm cáries. 
(D) A mala foi encontrada perto do banco. 
(E) A mãe pediu que o filho dirigisse o carro dela. 
 
03. (Enem) 
Carnavália 
Repique tocou 
O surdo escutou 
E o meu corasamborim 
Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por 
mim? 
[...] 
ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento). 
 
No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a 
junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo 
tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e à 
situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, 
com o coração no ritmo da percussão. 
 
Essa palavra corresponde a um: 
(A) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos 
originados em outras línguas e representativos de outras 
culturas. 
(B) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos 
mecanismos que o sistema da língua disponibiliza. 
(C) gíria, que compõe uma linguagem originada em 
determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em 
uma comunidade mais ampla. 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Língua Portuguesa 8 
(D) regionalismo, por ser palavra característica de 
determinada área geográfica. 
(E) termo técnico, dado que designa elemento de área e de 
atividade. 
 
04. Assinale a sequência correta: 
I. O pleonasmo consiste em intensificar o significado de um 
elemento do texto por meio da redundância, isto é, da 
repetição da ideia já expressa por esse elemento. 
II. A ambiguidade não pode ser considerada um vício de 
linguagem, já que não provoca qualquer tipo de dificuldade 
para a interpretação de um texto. 
III. O neologismo é um fenômeno linguístico que consiste 
na criação de novas palavras ou expressões e não pode ser 
considerado como um vício de linguagem, já que pode ser 
empregado com intenções artísticas. 
IV. O arcaísmo consiste no emprego de palavras ou 
expressões cuja utilização seja menos frequente na 
modalidade escrita e na modalidade oral. É o oposto do 
neologismo, pois está na contramão do movimento criador de 
palavras. 
V. Solecismo é uma inadequação na estrutura sintática da 
frase com relação à gramática normativa do idioma. Podem 
subverter as normas da concordância, da regência e da 
colocação. 
(A) I, II e III. 
(B) II e IV. 
(c) I, III, IV e V. 
(D) I, II, IV e V. 
(E) III e V. 
Gabarito 
 
01.E / 02.E / 03.B / 04.C 
 
 
 
NORMA CULTA E LÍNGUA PADRÃO 
 
Norma Culta e Língua-Padrão 
 
De acordo com M. T. Piacentini4, mesmo que não se 
mencione terminologia específica, é evidente que se lida no 
dia-a-dia com níveis diferentes de fala e escrita. É também 
verdade que as pessoas querem “falar e escrever melhor”, 
querem dominar a língua culta, a correta, a ideal, não importa 
o nome que é atribuído. 
O padrão de língua ideal a que as pessoas querem chegar é 
aquele convencionalmente utilizado nas instâncias públicas de 
uso da linguagem, como livros, revistas, documentos, jornais, 
textos científicos e publicações oficiais; em resumo, é a que 
circula nos meios de comunicação, no âmbito oficial, nas 
esferas de pesquisa e trabalhos acadêmicos. 
Não obstante, os linguistas entendem haver uma língua 
circulante que é correta, mas diferente da língua ideal e 
imaginária, fixada nas fórmulas e sistematizações da 
gramática. Eles fazem, pois, uma distinção entre o real e o 
ideal: a língua concreta com todas suas variedades de um lado, 
e de outro um padrão ou modelo abstrato do que é “bom” e 
“correto”, o que conformaria, no seu entender, uma língua 
artificial, situada num nível hipotético. 
 
4 http://www.portalentretextos.com.br/materia/norma-culta-e-lingua-padrao-
i,12242 
5 BAGNO, Marcos. Língua, história e sociedade: breve retrospecto da norma-padrão 
brasileira. In: BAGNO, Marcos (org.). Linguística da norma. São Paulo: Loyola, 
2002. 
Para os cientistas da língua, portanto, fica claro que há 
diferenças: um praticamente de difícil acesso, representado 
nas normas pela gramática tradicional, que comporta as 
irregularidades da língua, e outro concreto, o utilizado pelos 
falantes cultos, qual seja, a “linguagem concretamente 
empregada pelos cidadãos que pertencem as partes mais 
favorecidas da nossa população”, segundo Marcos Bagno5. 
Convém esclarecer que para a ciência sociolinguística 
somente a pessoa que tiver formação universitáriacompleta 
será caracterizada como falante culto (urbano). 
Sendo assim, como são presumivelmente cultos os sujeitos 
que produzem os jornais, a documentação oficial, os trabalhos 
científicos, só pode ser culta a sua linguagem, mesmo que a 
língua que tais pessoas falam e os textos que produzem nem 
sempre se juntam com as regras rígidas impostas pela 
gramática normativa, divulgada na escola e em outras 
instâncias (de repressão linguística) como o vestibular. 
Isso é o que pensam os linguistas. E o povo – saberá ele 
fazer a distinção entre as duas modalidades e os dois termos 
que as descrevem? 
Para os linguistas, a língua-padrão se estabelece nas 
normas e convenções agregadas num corpo chamado de 
gramática tradicional e que tem o desejo de servir de modelo 
de correção para toda e qualquer forma de expressão 
linguística. 
Querer que todos falem e escrevam da mesma forma e de 
acordo com padrões gramaticais rígidos é esquecer-se que não 
pode haver homogeneidade quando o mundo real apresenta 
uma heterogeneidade de comportamentos linguísticos, todos 
igualmente corretos (não se pode associar “correto” somente 
a culto). 
Em resumo, há uma realidade heterogênea que, por 
abrigar diferenças de uso que refletem a dinâmica social, 
exclui a possibilidade de imposição ou adoção como a única 
língua-modelo baseada na gramática tradicional, a qual, por 
sua vez, está baseada nos grandes escritores da língua, 
sobretudo os clássicos, sendo pois conservadora. E justamente 
por se valer de escritores é que as prescrições gramaticais se 
impõem mais na escrita do que na fala. 
O que de acordo com Faraco “A cultura escrita, associada 
ao poder social, desencadeou também, ao longo da história, um 
processo fortemente unificador (que vai alcançar basicamente 
as atividades verbais escritas), que visou e visa uma relativa 
estabilização linguística, buscando neutralizar a variação e 
controlar a mudança. Ao resultado desse processo, a esta norma 
estabilizada, costumamos dar o nome de norma-padrão ou 
língua-padrão”.6 
Rodrigues entra na discussão e afirma que: 
“Frequentemente o padrão ideal é uma regra de 
comportamento para a qual tendem os membros da sociedade, 
mas que nem todos cumprem, ou não cumprem integralmente”. 
Mais adiante, ao se referir à escola, Rodrigues comenta que 
nem ele e nem mesmo os professores de Língua Portuguesa 
escapam a esse destino: “Comumente, entretanto, o mesmo 
professor que ensina essa gramática não consegue observá-la 
em sua própria fala nem mesmo na comunicação dentro de seu 
grupo profissional”.7 
Vamos ilustrar os argumentos acima expostos. Não há 
brasileiro – nem mesmo professores de português – que não 
fale assim: 
 
– Me conta como foi o fim de semana… 
– Te enganaram, com certeza! 
– Me explica uma coisa: você largou o emprego ou foi 
mandado embora? 
6 FARACO, Carlos Alberto. Norma Culta Brasileira: desatando alguns nós. São 
Paulo, SP: Parábola Editorial, 2008. 
7 RODRIGUES, Aryon Dall’Igna. Problemas relativos à descrição do português 
contemporâneo como língua padrão no Brasil. In: BAGNO, Marcos (org.). 
Lingüística da norma. São Paulo: Loyola, 2002. 
Norma culta e variedades 
linguísticas. 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Língua Portuguesa 9 
Ou mesmo assim: 
– Tive que levar os gatos, pois encontrei eles bem 
machucados. 
– Conheço ela há muito tempo – é ótima menina. 
– Acho que já lhe conheço, rapaz. 
 
Então, se os falantes cultos, aquelas pessoas que têm 
acesso às regras padronizadas, incutidas no processo de 
escolarização, se exprimem desse modo, essa é a norma culta. 
Já as formas propugnadas pela gramática tradicional e que 
provavelmente só se encontrariam na escrita (conta-me como 
foi /enganaram-te / explica-me uma coisa / pois os encontrei 
/ conheço-a há tempos / acho que já o conheço) configuram a 
norma-padrão ou língua-padrão. 
Se para os cientistas da língua, portanto, existe uma 
polarização entre a norma-padrão (também denominada 
“norma canônica” por alguns linguistas) e o conjunto das 
variedades existentes no Brasil, aí incluída a norma culta, no 
senso comum não se faz distinção entre padrão e culta. Para os 
leigos, a população em geral, toda forma elevada de linguagem, 
que se aproxime dos padrões de prestígio social, configura a 
norma culta.8 
 
Norma culta9, norma padrão e norma popular 
 
A Norma é um uso linguístico concreto e corresponde ao 
dialeto social praticado pela classe de prestígio, representando 
a atitude que o falante assume em face da norma objetiva. A 
normatização não existe por razões apenas linguísticas, mas 
também culturais, econômicas, sociais, ou seja, a Norma na 
língua origina-se de fatores que envolvem diferenças de 
classes, poder, acesso à educação escrita, e não da qualidade 
da forma da língua. 
Há um conceito amplo e um conceito estreito de Norma. No 
primeiro caso, ela é entendida como um fator de coesão social. 
No segundo, corresponde concretamente aos usos e 
aspirações da classe social de prestígio. 
Num sentido amplo, a norma corresponde à necessidade 
que um grupo social experimenta de defender seu veículo de 
comunicação das alterações que poderiam advir no momento 
do seu aprendizado. 
Num sentido restrito, a Norma corresponde aos usos e 
atitudes de determinado seguimento da sociedade, 
precisamente aquele que desfruta de prestígio dentro da 
Nação, em virtude de razões políticas, econômicas e culturais. 
Segundo Lucchesi, considera-se que a realidade linguística 
brasileira deve ser entendida como um contínuo de normas, 
dentro do quadro de bipolarização do Português do Brasil. 
A existência da civilização dá-se com o surgimento da 
escrita. Suas regras são pautadas a partir da Norma Culta. 
Sendo esta importante nos documentos formais que exigem a 
correta expressão do Português para que não haja mal 
entendido algum. Ela nada mais é do que a modalidade 
linguística escolhida pela elite de uma sociedade como modelo 
de comunicação escrita e verbal. 
A Norma Culta é uma expressão empregada pelos 
linguistas brasileiros para designar o conjunto de variantes 
linguísticas efetivamente faladas, na vida cotidiana pelos 
falantes cultos, sendo assim, classificando os cidadãos 
nascidos e criados em zonas urbanas e com grau de instrução 
superior completo. “Fundamentam-se as regras da Gramática 
Normativa nas obras dos grandes escritores, em cuja 
linguagem a classe ilustrada põe o seu ideal de perfeição, 
porque nela é que se espelha o que o uso idiomático e 
consagrou” Rocha Lima. 
Dentre as características que são pertinentes à Norma 
Culta podemos citar que é: a variante de maior prestígio social 
 
8 http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece-detail.php?id=840 
9 https://centraldefavoritos.wordpress.com/2011/07/22/norma-padrao-e-nao-
padrao/(Adaptado) 
na comunidade, sendo realizada com certa uniformidade pelos 
membros do grupo social de padrão cultural mais elevado; 
cumpre o papel de impedir a fragmentação dialetal; ensinada 
pela escola; usada na escrita em gêneros discursivos em que 
há maior formalidade aproximando-a dos padrões da 
prescrição da gramática tradicional; a mais empregada na 
literatura e também pelas pessoas cultas em diferentes 
situações de formalidade; indicada precisamente nas marcas 
de gênero, número e pessoa; usada em todas as pessoas 
verbais, com exceção, talvez, da 2ª do plural, sendo utilizada 
principalmente na linguagem dos sermões; empregada em 
todos os modos verbais em relação verbal de tempos e modos. 
De modo geral, um falante culto, em situação comunicativa 
formal, buscará seguir as regras da norma explícita de sua 
língua e ainda procurará seguir, no que diz respeito ao léxico, 
um repertório que, se não for erudito, também não será vulgar. 
Isso configura o que se entende por norma culta. A Norma 
Padrão está vinculada a uma línguamodelo. 
 Segue prescrições representadas na gramática, mas é 
marcada pela língua produzida em certo momento da história 
e em uma determinada sociedade. Como a língua está em 
constante mudança, diferentes formas de linguagem que hoje 
não são consideradas pela Norma Padrão, com o tempo podem 
vir a se legitimar. 
Dentro da Norma Padrão define-se um modelo de língua 
idealizada prescrito pelas gramáticas normativas, como sendo 
uma receita que nenhum usuário da língua emprega na fala e 
raramente utiliza na escrita. Sendo também uma referência 
para os falantes da Norma Culta, mas não passam de um ideal 
a ser alcançado, pois é um padrão extremamente enriquecido 
de língua. Assim, as gramáticas tradicionais descrevem a 
Norma Padrão, não refletindo o uso que se faz realmente do 
Português no Brasil. 
Bagno10 propõe, como alternativa, uma triangulação: onde 
a Norma Popular teria menos prestígio opondo-se à Norma 
Culta mais prestigiada, e a Norma Padrão se eleva sobre as 
duas anteriores servindo como um ideal imaginário e 
inatingível. A Norma Padrão subdivide-se em: Formal e 
Coloquial. 
- A Padrão Formal é o modelo culto utilizado na escrita, 
que segue rigidamente as regras gramaticais, essa 
linguagem é mais elaborada, tanto porque o falante tem mais 
tempo para se pronunciar de forma refletida como porque é 
supervalorizada na nossa cultura. É a história do vale o que 
está escrito. 
- A Padrão Coloquial é a versão oral da língua culta e, 
por ser mais livre e espontânea, tem um pouco mais de 
liberdade e está menos presa à rigidez das regras 
gramaticais. Entretanto, a margem de afastamento dessas 
regras é estreita e, embora exista, a permissividade com 
relação às transgressões é pequena. 
Assim, na linguagem coloquial, admitem-se sem grandes 
traumas, construções como: ainda não vi ele; me passe o arroz 
e não te falei que você iria conseguir? Inadmissíveis na língua 
escrita. 
O falante culto, de modo geral, tem consciência dessa 
distinção e ao mesmo tempo em que usa naturalmente as 
construções acima na comunicação oral, evita-as na escrita. 
Contudo, como se disse, não são muitos os desvios admitidos e 
muitas formas peculiares da Norma Popular são condenadas 
mesmo na linguagem oral. 
- A Norma Popular é aquela linguagem que não é 
formal, ou seja, não segue padrões rígidos, é a linguagem 
popular, falada no cotidiano. 
O nível popular está associado à simplicidade da utilização 
linguística em termos lexicais, fonéticos, sintáticos e 
semânticos. Esta decorrerá da espontaneidade própria do 
10 Idem 2 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Língua Portuguesa 10 
discurso oral e da natural economia linguística. É utilizado em 
contextos informais. 
Dentre as características da Norma Popular podemos 
destacar: 
- economia nas marcas de gênero, número e pessoa. 
- redução das pessoas gramaticais do verbo. 
- mistura da 2ª com a 3ª pessoa do singular. 
- uso intenso da expressão a gente em lugar de eu e nós. 
- redução dos tempos da conjugação verbal e de certas 
pessoas. 
- como a perda quase total do futuro do presente e do 
pretérito-mais-que-perfeito no indicativo. 
- do presente do subjuntivo. 
- do infinitivo pessoal. 
- falta de correlação verbal entre os tempos. 
- redução do processo subordinativo em benefício da frase 
simples e da coordenação. 
- maior emprego da voz ativa em lugar da passiva. 
- predomínio das regências verbais diretas. 
- simplificação gramatical da frase. 
- emprego dos pronomes pessoais retos como objetos. 
Na visão de Preti (1999), os falantes cultos “até em 
situação de gravação consciente revelaram uma linguagem 
que, em geral, também pertence a falantes comuns”. Sendo 
mais espontânea e criativa, a Norma Popular se afigura mais 
expressiva e dinâmica. Temos, assim, alguns exemplos: estou 
preocupado (Norma Culta); tô preocupado (Norma Popular); 
tô grilado (gíria, limite da Norma Popular). 
Não basta conhecer apenas uma modalidade de língua; 
urge conhecer a língua popular, captando-lhe a 
espontaneidade, expressividade e enorme criatividade para 
viver, necessitando conhecer a língua culta para conviver. 
 
Variação Linguística 
 
“Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; se 
um velho amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da idade; 
se uma matrona autoritária ou uma dedicada; se um mercador 
errante ou um lavrador de pequeno campo fértil (...)” 
 
Todas as pessoas que falam uma determinada língua 
conhecem as estruturas gerais, básicas, de funcionamento 
podem sofrer variações devido à influência de inúmeros 
fatores. Tais variações, que às vezes são pouco perceptíveis e 
outras vezes bastante evidentes, recebem o nome genérico de 
variedades ou variações linguísticas. 
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os 
seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. 
Sabe-se que, numa mesma língua, há formas distintas para 
traduzir o mesmo significado dentro de um mesmo contexto. 
Suponham-se, por exemplo, os dois enunciados a seguir: 
 
Veio me visitar um amigo que eu morei na casa dele faz 
tempo. 
Veio visitar-me um amigo em cuja casa eu morei há anos. 
Qualquer falante do português reconhecerá que os dois 
enunciados pertencem ao seu idioma e têm o mesmo sentido, 
mas também que há diferenças. Pode dizer, por exemplo, que 
o segundo é de uma pessoa mais “estudada”. 
Isso é prova de que, ainda que intuitivamente e sem saber 
dar grandes explicações, as pessoas têm noção de que existem 
muitas maneiras de falar a mesma língua. É o que os teóricos 
chamam de variações linguísticas. 
As variações que distinguem uma variante de outra se 
manifestam em quatro planos distintos, a saber: fônico, 
morfológico, sintático e lexical. 
 
 
 
 
Variações Fônicas 
 
São as que ocorrem no modo de pronunciar os sons 
constituintes da palavra. Os exemplos de variação fônica são 
abundantes e, ao lado do vocabulário, constituem os domínios 
em que se percebe com mais nitidez a diferença entre uma 
variante e outra. Entre esses casos, podemos citar: 
- a queda do “r” final dos verbos, muito comum na 
linguagem oral no português: falá, vendê, curti (em vez de 
curtir), compô. 
- o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me 
alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem 
clássica, hoje frequentes na fala caipira. 
- a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, 
marelo (amarelo), margoso (amargoso), características na 
linguagem oral coloquial. 
- a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis 
(Petrópolis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas 
típicas de pessoas de baixa condição social. 
- A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das 
regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio 
Grande do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na 
linguagem caipira): quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, 
pastel; faróu, farór, farol. 
- deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, 
preguntar, estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa 
condição social. 
 
Variações Morfológicas 
 
São as que ocorrem nas formas constituintes da palavra. 
Nesse domínio, as diferenças entre as variantes não são tão 
numerosas quanto as de natureza fônica, mas não são 
desprezíveis. Como exemplos, podemos citar: 
- o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar 
o superlativo de adjetivos, recurso muito característico da 
linguagem jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de 
humaníssimo), uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima), 
um carro hiperpossante (em vez de possantíssimo). 
- a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos 
regulares: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se 
ele ver (vir) o recado, quando ele repor (repuser). 
- a conjugação de verbos regulares pelo modelo de 
irregulares: vareia (varia), negoceia (negocia). 
- uso de substantivos masculinoscomo femininos ou vice-
versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha 
(o champanha), tive muita dó dela (muito dó ,)mistura do cal 
(da cal). 
- a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e 
adjetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os 
livro indicado, as noite fria, os caso mais comum. 
- o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero 
que o Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas 
eleições; Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; 
Não é possível que ele esforçou (tenha se esforçado) mais que 
eu. 
 
Variações Sintáticas 
 
Dizem respeito às correlações entre as palavras da frase. 
No domínio da sintaxe, como no da morfologia, não são tantas 
as diferenças entre uma variante e outra. Como exemplo, 
podemos citar: 
- o uso de pronomes do caso reto com outra função que não 
a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não 
irão sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em 
vez de ti) e ele. 
- o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez 
de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem. 
- a ausência da preposição adequada antes do pronome 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Língua Portuguesa 11 
relativo em função de complemento verbal: são pessoas que 
(em vez de: de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que 
(em vez de a que) eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em 
que) eu mais confio. 
- a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome 
“que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” 
com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a 
família dele (em vez de cuja família eu já conhecia). 
- a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo 
quando se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero 
falar com você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em 
vez de tua) voz me irrita. 
- ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles 
chegou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou 
naquela semana muitos alunos; Comentou-se os episódios. 
 
Variações Léxicas 
É o conjunto de palavras de uma língua. As variantes 
do plano do léxico, como as do plano fônico, são muito 
numerosas e caracterizam com nitidez uma variante em 
confronto com outra. Eis alguns, entre múltiplos exemplos 
possíveis de citar: 
- a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito 
para formar o grau superlativo dos adjetivos, características 
da linguagem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; 
maior difícil; Esse amigo é um carinha maior esforçado. 
- as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, 
às vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de 
lado a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo 
que no Brasil chamamos de calcinha; o que chamamos de fila 
no Brasil, em Portugal chamam de bicha; café da manhã em 
Portugal se diz pequeno almoço; camisola em Portugal traduz 
o mesmo que chamamos de suéter, malha, camiseta. 
 
Designações das Variantes Lexicais: 
 
- Arcaísmo: diz-se de palavras que já caíram de uso e, por 
isso, denunciam uma linguagem já ultrapassada e envelhecida. 
É o caso de reclame, em vez de anúncio publicitário; na década 
de 60, o rapaz chamava a namorada de broto (hoje se diz 
gatinha ou forma semelhante), e um homem bonito era um 
pão; na linguagem antiga, médico era designado pelo nome 
físico; um bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de 
refrigerante usava-se gasosa; algo muito bom, de qualidade 
excelente, era supimpa. 
 
- Neologismo: é o contrário do arcaísmo. Trata-se de 
palavras recém-criadas, muitas das quais mal ou nem 
entraram para os dicionários. A moderna linguagem da 
computação tem vários exemplos, como escanear, deletar, 
printar; outros exemplos extraídos da tecnologia moderna são 
mixar (fazer a combinação de sons), robotizar, robotização. 
 
- Estrangeirismo: trata-se do emprego de palavras 
emprestadas de outra língua, que ainda não foram 
aportuguesadas, preservando a forma de origem. Nesse caso, 
há muitas expressões latinas, sobretudo da linguagem jurídica, 
tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas o corpo” ou, 
mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso facto (“pelo 
próprio fato de”, “por isso mesmo”), ipsis litteris (textualmente, 
“com as mesmas letras”), grosso modo (“de modo grosseiro”, 
“impreciso”), sic (“assim, como está escrito”), data venia (“com 
sua permissão”). 
As palavras de origem inglesas são inúmeras: insight 
(compreensão repentina de algo, uma percepção súbita), 
feeling (“sensibilidade”, capacidade de percepção), briefing 
(conjunto de informações básicas), jingle (mensagem 
publicitária em forma de música). 
Do francês, hoje são poucos os estrangeirismos que ainda 
não se aportuguesaram, mas há ocorrências: hors-concours 
(“fora de concurso”, sem concorrer a prêmios), tête-à-tête 
(palestra particular entre duas pessoas), esprit de corps 
(“espírito de corpo”, corporativismo), menu (cardápio), à la 
carte (cardápio “à escolha do freguês”), physique du rôle 
(aparência adequada à caracterização de um personagem). 
 
- Jargão: é o vocabulário típico de um campo 
profissional como a medicina, a engenharia, a 
publicidade, o jornalismo. No jargão médico temos uso 
tópico (para remédios que não devem ser ingeridos), apneia 
(interrupção da respiração), AVC ou acidente vascular cerebral 
(derrame cerebral). No jargão jornalístico chama-se de gralha, 
pastel ou caco o erro tipográfico como a troca ou inversão de 
uma letra. A palavra lide é o nome que se dá à abertura de uma 
notícia ou reportagem, onde se apresenta sucintamente o 
assunto ou se destaca o fato essencial. Quando o lide é muito 
prolixo, é chamado de nariz-de-cera. Furo é notícia dada em 
primeira mão. Quando o furo se revela falso, foi uma barriga. 
Entre os jornalistas é comum o uso do verbo repercutir como 
transitivo direto: __ Vá lá repercutir a notícia de renúncia! (esse 
uso é considerado errado pela gramática normativa). 
 
- Gíria: é o vocabulário especial de um grupo que não 
deseja ser entendido por outros grupos ou que pretende 
marcar sua identidade por meio da linguagem. Existe a gíria de 
grupos marginalizados, de grupos jovens e de segmentos 
sociais de contestação, sobretudo quando falam de atividades 
proibidas. A lista de gírias é numerosíssima em qualquer 
língua: ralado (no sentido de afetado por algum prejuízo ou 
má-sorte), ir pro brejo (ser malsucedido, fracassar, prejudicar-
se irremediavelmente), cara ou cabra (indivíduo, pessoa), 
bicha (homossexual masculino), levar um lero (conversar). 
 
- Preciosismo: diz-se que é preciosista um léxico 
excessivamente erudito, muito raro, afetado: Escoimar (em vez 
de corrigir); procrastinar (em vez de adiar); discrepar (em vez 
de discordar); cinesíforo (em vez de motorista); obnubilar (em 
vez de obscurecer ou embaçar); conúbio (em vez de 
casamento); chufa (em vez de caçoada, troça). 
 
- Vulgarismo: é o contrário do preciosismo, ou seja, o uso 
de um léxico vulgar, rasteiro, obsceno, grosseiro. É o caso de 
quem diz, por exemplo, de saco cheio (em vez de aborrecido), 
se ferrou (em vez de se deu mal, arruinou-se), feder (em vez de 
cheirar mal), ranho (em vez de muco, secreção do nariz). 
 
Tipos de Variação 
 
Não tem sido fácil para os estudiosos encontrar para as 
variantes linguísticas um sistema de classificação que seja 
simples e, ao mesmo tempo, capaz de dar conta de todas as 
diferenças que caracterizam os múltiplos modos de falar 
dentro de uma comunidade linguística. O principal problema é 
que os critérios adotados, muitas vezes, se superpõem, em vez 
de atuarem isoladamente. 
As variações mais importantes, para o interesse do 
concurso público, são os seguintes: 
 
- Sócio-Cultural: Esse tipo de variação pode ser percebido 
com certa facilidade. Por exemplo, alguém diz a seguinte frase: 
 
“Tá na cara queeles não teve peito de encará os ladrão.” 
(frase 1) 
 
Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos 
caracterizá-la, por exemplo, pela sua profissão: um advogado? 
Um trabalhador braçal de construção civil? Um médico? Um 
garimpeiro? Um repórter de televisão? 
E quem usaria a frase abaixo? 
 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Língua Portuguesa 12 
“Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os ladrões.” 
(frase 2) 
Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes pertencentes 
a grupos sociais economicamente mais pobres. Pessoas que, 
muitas vezes, não frequentaram nem a escola primária, ou, 
quando muito, fizeram-no em condições não adequadas. 
Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes que 
tiveram possibilidades sócio-econômicas melhores e 
puderam, por isso, ter um contato mais duradouro com a 
escola, com a leitura, com pessoas de um nível cultural mais 
elevado e, dessa forma, “aperfeiçoaram” o seu modo de 
utilização da língua. 
Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação feita 
acima está bastante simplificada, uma vez que há diversos 
outros fatores que interferem na maneira como o falante 
escolhe as palavras e constrói as frases. Por exemplo, a 
situação de uso da língua: um advogado, num tribunal de júri, 
jamais usaria a expressão “tá na cara”, mas isso não significa 
que ele não possa usá-la numa situação informal (conversando 
com alguns amigos, por exemplo). 
Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir que 
as condições sociais influem no modo de falar dos indivíduos, 
gerando, assim, certas variações na maneira de usar uma 
mesma língua. A elas damos o nome de variações sócio-
culturais. 
 
- Geográfica: é ,no Brasil, bastante grande e pode ser 
facilmente notada. Ela se caracteriza pelo acento linguístico, 
que é o conjunto das qualidades fisiológicas do som (altura, 
timbre, intensidade), por isso é uma variante cujas marcas se 
notam principalmente na pronúncia. Ao conjunto das 
características da pronúncia de uma determinada região dá-se 
o nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, 
sotaque gaúcho etc. A variação geográfica, além de ocorrer na 
pronúncia, pode também ser percebida no vocabulário, em 
certas estruturas de frases e nos sentidos diferentes que 
algumas palavras podem assumir em diferentes regiões do 
país. 
Leia, como exemplo de variação geográfica, o trecho 
abaixo, em que Guimarães Rosa, no conto “São Marcos”, recria 
a fala de um típico sertanejo do centro-norte de Minas: 
 
“__ Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado 
Mangolô!]. 
__ Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não 
faço, porque não paga a pena... De primeiro, quando eu era 
moço, isso sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui, de noite, 
foras d’hora, em cemitério... (...). Quando a gente é novo, gosta 
de fazer bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não, estou 
percurando é sossego...” 
 
- Histórica: as línguas não são estáticas, fixas, imutáveis. 
Elas se alteram com o passar do tempo e com o uso. Muda a 
forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o sentido delas. 
Essas alterações recebem o nome de variações históricas. 
Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de 
Andrade. Neles, o escritor, meio em tom de brincadeira, 
mostra como a língua vai mudando com o tempo. No texto I, ele 
fala das palavras de antigamente e, no texto II, fala das palavras 
de hoje. 
 
Texto I 
 
Antigamente 
 
Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram 
todas mimosas e prendadas. Não fazia anos; completavam 
primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo 
rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas 
ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o 
remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra 
freguesia. (...) Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, 
saindo para tomar a fresca; e também tomava cautela de não 
apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e 
mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de alteia. Ou 
sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se 
metiam em camisas de onze varas, e até em calças pardas; não 
admira que dessem com os burros n’agua. 
(...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos 
queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso punham a 
mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a 
tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a 
desfeita que lhe faziam quando, por exemplo, insinuavam que 
seu filho era artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram 
mesmo encapetados; chegavam a pitar escondido, atrás da 
igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas teteias. 
(...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os 
meninos, lombrigas; asthma os gatos, os homens portavam 
ceroulas, bortinas a capa de goma (...). Não havia fotógrafos, 
mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam. 
Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora. 
 
Texto II 
 
Entre Palavras 
 
Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras – 
circulamos. A maioria delas não figura nos dicionários de há 
trinta anos, ou figura com outras acepções. A todo momento 
impõe-se tornar conhecimento de novas palavras e 
combinações. 
Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma 
palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem registrá-la. 
Amanhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu 
avô; talvez ele não entenda o que você diz. 
O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet, 
a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o ditafone, a informática, 
a dublagem, o sinteco, o telex... Existiam em 1940? 
Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a 
motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o módulo lunar, o antibiótico, 
o enfarte, a acupuntura, a biônica, o acrílico, o ta legal, a 
apartheid, o som pop, as estruturas e a infraestrutura. 
Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo, 
a descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha, 
o mass media, o Ibope, a renda per capita, a mixagem. 
Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o 
servomecanismo, as algias, a coca-cola, o superego, a 
Futurologia, a homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a 
Sudene, o Incra, a Unesco, o Isop, a Oea, e a ONU. 
Estão reclamando, porque não citei a conotação, o 
conglomerado, a diagramação, o ideologema, o idioleto, o ICM, 
a IBM, o falou, as operações triangulares, o zoom, e a guitarra 
elétrica. 
Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra 
tensora, vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster, 
filhotes de bonificação, letra imobiliária, conservacionismo, 
carnet da girafa, poluição. 
Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos 
fiscais. Knon-how. Barbeador elétrico de noventa 
microrranhuras. Fenolite, Baquelite, LP e compacto. Alimentos 
super congelados. Viagens pelo crediário, Circuito fechado de TV 
Rodoviária. Argh! Pow! Click! 
Não havia nada disso no Jornal do tempo de Venceslau Brás, 
ou mesmo, de Washington Luís. Algumas coisas começam a 
aparecer sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para 
consumo geral. A enumeração caótica não é uma invenção 
crítica de Leo Spitzer. Está aí, na vida de todos os dias. Entre 
palavras circulamos, vivemos, morremos, e palavras somos, 
finalmente, mas com que significado? 
(Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa, 
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APOSTILAS OPÇÃO 
 
 
Língua Portuguesa 13 
Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988) 
 
- De Situação: aquelas que são provocadas pelas 
alterações das circunstâncias em que se desenrola o ato de 
comunicação. Um modo de falar compatível com determinada 
situação é incompatível com outra: 
 
Ô mano, ta difícil de te entendê.

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