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Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco - SES-PE Assistente em Saúde (Comum Todos os Cargos e Especialidades) Língua Portuguesa Língua e Linguagem. ........................................................................................................................................................... 1 Norma culta e variedades linguísticas. ............................................................................................................................ 8 Semântica e interação. Significação das palavras. Denotação e conotação. ........................................................... 15 Funções da Linguagem. ................................................................................................................................................... 18 Textualidade (coesão, coerência e contexto discursivo). .......................................................................................... 21 Morfossintaxe Estudo dos verbos e sua relação com as formas pronominais. ..................................................... 25 Sintaxe do período e da oração e seus dois ‐ eixos: coordenação e subordinação. .............................................. 31 Sintaxe de Concordância. ................................................................................................................................................ 42 Sintaxe de Colocação. ....................................................................................................................................................... 46 Sintaxe de Regência. ......................................................................................................................................................... 47 Análise Sintática ............................................................................................................................................................... 52 Estudo das classes gramaticais (incluindo classificação e flexão): Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Conjunção, Preposição, Interjeição, Conectivos. ...................................................................................... 53 Formas variantes emprego das palavras. Ortografia e acentuação. ........................................................................ 75 Estudo de Textos interpretação de textos. .................................................................................................................. 81 Tópico frasal e sua relação com ideias secundárias. .................................................................................................. 84 Elementos relacionadores. ............................................................................................................................................. 84 Pontuação. ......................................................................................................................................................................... 86 Conteúdo, ideias e tipos de texto. .................................................................................................................................. 88 O texto literário: tema, foco narrativo, personagens, tempo. ................................................................................... 95 Coexistência das regras ortográficas atuais com o novo acordo ortográfico. ....................................................... 96 Conhecimentos Gerais do SUS Legislação de Saúde: Constituição Federal de 1988 (seção I – disposições gerais: artigo 37 e seção II - da saúde: do artigo 196 ao 200 ............................................................................................................................................................ 1 Lei 8.080/1990 ..................................................................................................................................................................... 3 Decreto Presidencial nº 7.508/2011 ............................................................................................................................. 12 Lei 8.142/1990 .................................................................................................................................................................. 16 Portaria GM nº 399/2006: I Pacto pela vida, II Pacto em defesa do SUS e Pacto de Gestão do SUS) ................. 17 Portaria GM/MS nº. 1.863/2003 - Política Nacional de Atenção às Urgências ...................................................... 19 Redes de Atenção à Saúde ............................................................................................................................................... 21 Humanização do atendimento ........................................................................................................................................ 30 Bioética e Ética profissional ............................................................................................................................................ 39 Biossegurança e controle de infecção hospitalar ........................................................................................................ 42 Riscos ocupacionais e sua prevenção ............................................................................................................................ 61 Controle social e gestão participativa: conselhos e conferências de saúde ............................................................ 73 Controle social e gestão participativa: conselhos e conferências estaduais de saúde .......................................... 79 Plano Estadual de Saúde 2016 a 2019........................................................................................................................... 79 Plano Diretor de Regionalização da Saúde de Pernambuco ...................................................................................... 80 Educação Permanente em Saúde.................................................................................................................................... 83 Trabalho em equipe multiprofissional e interdisciplinaridade ............................................................................... 85 Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado de Pernambuco (Lei estadual nº 6.123/1968). ........................ 86 Apostila Digital Licenciada para Jaqueline Lima De Oliveira - jaquelinelima352@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br A apostila OPÇÃO não está vinculada a empresa organizadora do concurso público a que se destina, assim como sua aquisição não garante a inscrição do candidato ou mesmo o seu ingresso na carreira pública. O conteúdo dessa apostila almeja abordar os tópicos do edital de forma prática e esquematizada, porém, isso não impede que se utilize o manuseio de livros, sites, jornais, revistas, entre outros meios que ampliem os conhecimentos do candidato, visando sua melhor preparação. Atualizações legislativas, que não tenham sido colocadas à disposição até a data da elaboração da apostila, poderão ser encontradas gratuitamente no site das apostilas opção, ou nos sites governamentais. Informamos que não são de nossa responsabilidade as alterações e retificações nos editais dos concursos, assim como a distribuição gratuita do material retificado, na versão impressa, tendo em vista que nossas apostilas são elaboradas de acordo com o edital inicial. Porém, quando isso ocorrer, inserimos em nosso site, www.apostilasopcao.com.br, no link “erratas”, a matéria retificada, e disponibilizamos gratuitamente o conteúdo na versão digital para nossos clientes. 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Apostila Digital Licenciada para Jaqueline Lima De Oliveira - jaquelinelima352@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br LÍNGUA PORTUGUESA Apostila Digital Licenciada para Jaqueline Lima De Oliveira - jaquelinelima352@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br Apostila Digital Licenciada para Jaqueline Lima De Oliveira - jaquelinelima352@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br APOSTILAS OPÇÃO Língua Portuguesa 1 LÍNGUA FALADA E ESCRITA Não devemos confundir fala com escrita, pois são dois meios de comunicação distintos. A escrita representa um estágio posterior da fala, pois a língua falada é mais espontânea, abrange a comunicação linguística em toda sua totalidade. Existem usos diferentes da língua devido a diversos fatores. Dentre eles, destacam-se: Fatores regionais É possível notar a diferença do português falado por um habitante da região nordeste e outro da região sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma região, também há variações no uso da língua. No Estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, há diferenças entre a língua utilizada por um cidadão que vive na capital e aquela utilizada por um cidadão do interior do Estado. Fatores culturais O grau de escolarização e a formação cultural de um indivíduo também são fatores que colaboram para os diferentes usos da língua. Uma pessoa escolarizada utiliza a língua de uma maneira diferente da pessoa que não teve acesso à escola. Fatores contextuais Nosso modo de falar varia de acordo com a situação em que nos encontramos: quando conversamos com nossos amigos, não usamos os termos que usaríamos se estivéssemos discursando em uma solenidade de formatura. Fatores profissionais O exercício de algumas atividades requer o domínio de certas formas de língua chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas formas têm uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, químicos, profissionais da área de direito e da informática, biólogos, médicos, linguistas e outros especialistas. Fatores naturais O uso da língua pelos falantes sofre influência de fatores naturais, como idade e sexo. Uma criança não utiliza a língua da mesma maneira que um adulto, daí falar-se em linguagem infantil e linguagem adulta.1 Enquanto a língua falada é espontânea e natural, a língua escrita precisa seguir algumas regras. A língua falada é a mais natural, aprendemos a falar imitando o que ouvimos. A língua escrita, por seu lado, só é aprendida depois que dominamos a língua falada. E ela não é uma simples transcrição do que falamos; está mais subordinada às normas gramaticais. Portanto, requer mais atenção e conhecimento de quem fala. Além disso, a língua escrita é um registro, permanece ao longo do tempo, não tem o caráter temporário da língua falada. 1 www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman3.php Diferenças existentes entre a língua falada e a escrita Língua Falada - Palavra sonora; - Requer a presença dos interlocutores; - Apresenta vivacidade; - É espontânea e imediata; - Uso de palavras-curinga, de frases feitas, gírias; - É repetitiva e redundante; - O contexto extralinguístico é importante; - A expressividade permite retirar certas regras; - A informação é permeada de subjetividade e influenciada pela presença do interlocutor; - Recursos: signos acústicos e extralinguísticos, gestos, entorno físico e psíquico. Língua Escrita - Palavra gráfica; - É mais objetiva; - Não precisa de interlocutor; - É mais resumida; - A redundância é um recurso estilístico; - Comunicação unilateral; - Apresenta permanência; - Mais correção na elaboração das frases; - Evita a improvisação; - Pobreza de recursos não-linguísticos; uso de letras, sinais de pontuação; - É mais precisa e elaborada; - Ausência de cacoetes linguísticos e vulgarismos; - O contexto extralinguístico tem menos influência. Registros da língua falada Há pelo menos dois níveis de língua falada: a culta ou padrão e a coloquial ou popular. A linguagem coloquial também aparece nas gírias, na linguagem familiar, na linguagem vulgar e nos regionalismos e dialetos. Essas variações são explicadas por vários fatores: - Diversidade de situações em que se encontra o falante: uma solenidade ou uma festa entre amigos. - Grau de instrução do falante e também do ouvinte. - Grupo a que pertence o falante. Este é um fator determinante na formação da gíria. - Localização geográfica: há muitas diferenças entre o falar de um nordestino e o de um gaúcho, por exemplo. Essas diferenças constituem os regionalismos e os dialetos. Atenção: o dialeto é a variedade regional de uma língua. Quando as diferenças regionais não são suficientes para constituir um dialeto, utiliza-se os termos regionalismos ou falares para designá-las. E as pichações têm características da linguagem falada. A língua falada como recurso literário A transcrição da língua falada é um recurso cada vez mais explorado pela literatura graças à vivacidade que confere ao texto. Observe, no trecho seguinte, algumas das características da língua falada, tais como o uso de gírias e de expressões populares e regionais; incorreções gramaticais (erros na conjugação verbal e colocação de pronomes) e repetições. Ex.: “– Menino, eu nada disto sei dizer. A outro eu não falava, mas a ti eu digo. Eu não sei que gosto tem esse bicho de mulher. Eu vi Aparício se pegando nas danças, andar por aí atrás das outras, contar histórias de namoro. E eu nada. Pensei que fosse doença, e quem sabe não é? Cantador assim como eu, Bentinho, Língua e Linguagem. Apostila Digital Licenciada para Jaqueline Lima De Oliveira - jaquelinelima352@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br APOSTILAS OPÇÃO Língua Portuguesa 2 é mesmo que novilho capado. Tenho desgosto. A voz de Domício era de quem falava para se confessar: – Desgosto eu tenho, pra que negar?...” (Pedra Bonita, de José Lins do Rego) Registros da língua escrita Além dos dois grandes níveis - língua culta e língua coloquial -, os registros escritos são tão distintos quanto as necessidades humanas de comunicação. Destacam-se, entre outros, os registros jornalísticos, jurídicos, científicos, literários e epistolares (cartas). Questões 01. (CRQ 18º Região - Advogado - Quadrix/2016) (www.humorcomciencia.com) A palavra “se”, que aparece no último quadrinho, tem um uso, no contexto em que aparece, muito típico da linguagem falada. Trata-se da palavra "se" usada como: (A) conjunção subordinativa adverbial condicional. (B) pronome pessoal oblíquo átono. (C) partícula expletiva ou de realce. (D) conjunção integrante. (E) pronome reflexivo recíproco funcionando como objeto direto. 02. (CISMEPAR/PR - Técnico Administrativo - FAUEL/2016) “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego”. O trecho acima foi extraído da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A respeito da linguagem empregada nesse texto, é correto afirmar quese trata: (A) de linguagem informal e escrita, como uma fala entre pessoas com bastante familiaridade. (B) de linguagem formal e falada, inacessível à compreensão dos cidadãos. (C) de linguagem formal e escrita, respeitando a norma padrão da língua portuguesa. (D) de linguagem informal e oral, acessível à compreensão de qualquer cidadão. 03. (TJ/AL - Técnico Judiciário - Área Judiciária - FGV/2018) Observe a charge abaixo. A frase do menino na charge – “naum eh verdade” – mostra uma característica da linguagem escrita de internautas que é: (A) a sintetização exagerada; (B) o desrespeito total pela norma culta; (C) a criação de um vocabulário novo; (D) a tentativa de copiar a fala; (E) a grafia sem acentos ou sinais gráficos. 04. (IF/SP - Professor Língua Portuguesa - FUNDEP) “Você fala direito? Aposto que sim. Mas aposto também que, no calor de uma conversa animada, você já se flagrou engolindo o r" de um verbo no modo infinitivo. A letra s, quando indica plural, costuma ser devorada nas rodas mais finas de bate-papo – especialmente em São Paulo. Já os mineiros (até os doutores!) traçam sem piedade o d" que compõe o gerúndio. No país todo, come- se às toneladas o primeiro a" da preposição para. A primeira sílaba de todas as formas do verbo estar, então, essa já é uma iguaria difícil de achar." Disponível em: < http://super.abril.com.br/ciencia/lingua-portuguesa- lingua-solta-446334.shtml.> Acesso em:11 mar.2014 Sobre o texto, é CORRETO afirmar que (A) reconhece a influência das variações dialetais inclusive na linguagem dos falantes cultos. (B) defende a pronúncia de algumas regiões do Brasil que não diferenciam a língua falada da escrita. (C) contrasta a língua falada nas diferentes regiões contrastando o diversificado vocabulário brasileiro. (D) demonstra preconceito linguístico, pois associa a supressão de letras à falta de escolarização. 05. (DPE/RO - Analista da Defensoria Pública - FGV) Observe a charge abaixo: Apostila Digital Licenciada para Jaqueline Lima De Oliveira - jaquelinelima352@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br APOSTILAS OPÇÃO Língua Portuguesa 3 A charge poderia ser ilustração do seguinte item do conteúdo programático desta prova: (A) variação linguística; (B) marcas de textualidade; (C) língua falada e língua escrita; (D) redação oficial; (E) o esquema da comunicação linguística. 06. (TRT 21ª REGIÃO - Analista Judiciário - FCC/2017) Além do ato instintivo, inconsciente, automático, puramente reflexo, evitação do sentimento doloroso, ocorre a infindável série dos gestos intencionais, expressando o pensamento pela mímica, convencionada através do tempo. Essa Signe Language, Gebärdensprache, Langue per Signes, Language per Gestes, tem merecido ensaios de penetração psicológica, indicando a importância capital como índices do desenvolvimento mental. Desta forma o homem liberta e exterioriza o pensamento pela imagem gesticulada, com áreas mais vastas no plano da compreensão e expansão que o idioma. Primeira forma da comunicação humana, mantém sua prestigiosa eficiência em todos os recantos do mundo. As pesquisas sobre antiguidade e valorização de certos gestos, depoimentos insofismáveis de certos temperamentos pessoais e coletivos, índices de moléstias nervosas, apaixonam estudiosos. A correlação dos gestos com os centros cerebrais, ativando-lhes a capacidade criadora, e não esses àqueles, possui, presentemente, alto número de defensores. Esclarecem-se, atualmente, a antiguidade e potência intelectual da Mímica como documento vivo, milenar e contemporâneo, individual e coletivo. Não havendo obrigatoriedade do ensino mas sua indispensabilidade no ajustamento da conduta social, todos nós aprendemos o gesto desde a infância e não abandonamos seu uso pela existência inteira. Os desenhos paleolíticos registram os gestos mais antigos, de mão e cabeça, e toda literatura clássica, história, viagem, teatro, poemas, mostra no gesto sua grandeza de expressão insubstituível. Não existe, logicamente, a mesma tradução literal para cada gesto, universalmente conhecido. Na famosa estória popular da Disputa por Acenos, cada antagonista entendia o gesto contrário de acordo com seu interesse. Negativa e afirmativa, gesto de cabeça na horizontal e vertical, têm significação inversa para chineses e ocidentais. Estirar a língua é insulto na Europa e América, é saudação respeitosa no Tibete. Vênias, baixar a cabeça, curvar os ombros, ajoelhar-se, elevar a mão à fronte, são universais. A mecânica da adaptação necessária a outras finalidades de convívio explica a multiplicação. (Adaptado de: CASCUDO, Câmara, “Prefácio”, em História dos Nossos Gestos. Edição digital. Rio de Janeiro: Global, 2012) Ao utilizar de diferentes línguas para referir-se à expressão do pensamento pela mímica (1°parágrafo), o autor (A) confere um caráter particular à linguagem de sinais, em oposição à universalidade das línguas que usam um mesmo alfabeto. (B) ilustra a diversificação da linguagem de sinais, que muda em consonância com a língua falada em cada lugar. (C) representa a infindável série dos gestos intencionais, muito embora decodificáveis independentemente da língua das pessoas. 2 SCHICAIR. Nelson M. Gramática do Português Instrumental. 2ª. ed Niterói: Impetus, 2007. (D) subentende a ligação intrínseca da linguagem de sinais e do idioma falado por quem a utiliza. (E) sugere que o interesse por esse assunto não é exclusividade sua; ao contrário, está disseminado entre os mais diversos povos. Gabarito 01.C / 02.C / 03.E / 04.A / 05.A / 06.E FIGURAS DE LINGUAGEM2 Também chamadas Figuras de Estilo. Podemos classificá- las em quatro tipos: - Figuras de Palavras (ou tropos); - Figuras de Harmonia; - Figuras de Construção (ou de sintaxe); - Figuras de Pensamento. Figuras de Palavra São as que dependem do uso de determinada palavra com sentido novo, incomum. São elas: Metáfora: É um tipo de comparação (mental) sem uso de conectivos comparativos, com utilização de verbo de ligação explícito na frase. Exemplo: “Sua boca era um pássaro escarlate.” (Castro Alves) Catacrese: consiste em transferir a uma palavra o sentido próprio de outra, utilizando-se formas já incorporadas aos usos da língua. Se a metáfora surpreende pela originalidade da associação de ideias, o mesmo não ocorre com a catacrese, que já não chama a atenção por ser tão repetidamente usada. Exemplos: Batata da perna Azulejo vermelho Pé da mesa Cabeça de alho Comparação ou Símile: é a comparação entre dois elementos comuns; semelhantes. Normalmente se emprega uma conjunção comparativa: como, tal qual, assim como, que nem. Exemplo: “Como um anjo caído Fiz questão de esquecer...” (Legião Urbana) Sinestesia: É a fusão de no mínimo dois dos cinco sentidos físicos. Exemplos: “De amargo e então salgado ficou doce, - Paladar Assim que teu cheiro forte e lento - Olfato Fez casa nos meus braços e ainda leve - Tato E forte e cego e tenso fez saber - Visão Que ainda era muito e muito pouco.” (Legião Urbana) Antonomásia: quando substituímos um nome próprio pela qualidade ou característica que o distingue. Exemplos: O Águia de Haia (= Rui Barbosa) O Pai da Aviação (= Santos Dumont) Metonímia: Troca-se uma palavra por outra com a qual ela se relaciona. Ocorre a metonímia quando empregamos: - o autor ou criador pela obra. Exemplo: Gosto de ler Jorge Amado (observe que o nome do autor está sendo usado no lugar de suas obras). Apostila Digital Licenciada para Jaqueline Lima De Oliveira - jaquelinelima352@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br APOSTILAS OPÇÃO Língua Portuguesa 4 - o efeito pela causa e vice-versa. Exemplos: Ganho a vida com o suordo meu rosto. (o suor é o efeito ou resultado e está sendo usado no lugar da causa, ou seja, o “trabalho”). - o continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma caixa de doces. (= doces). - o abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplos: A velhice deve ser respeitada. (= pessoas velhas). - o instrumento pela pessoa que o utiliza. Exemplo: Ele é bom volante. (= piloto ou motorista). - o lugar pelo produto. Exemplo: Gosto muito de tomar um Porto. (= a cidade do Porto). - o símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Os revolucionários queriam o trono. (= império, o poder). - a parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os necessitados. (= a casa). - o indivíduo pela classe ou espécie. Exemplo: Ele foi o judas do grupo. (= espécie dos homens traidores). - o singular pelo plural. Exemplo: O homem é um animal racional. (o singular homem está sendo usado no lugar do plural homens). - o gênero ou a qualidade pela espécie. Exemplo: Os mortais somos imperfeitos. (= seres humanos). - a matéria pelo objeto. Exemplo: Ele não tem um níquel. (= moeda). Observação: Os últimos 5 casos recebem também o nome de Sinédoque. Sinédoque: Troca que ocorre por relação de compreensão e que consiste no uso do todo pela parte, do plural pelo singular, do gênero pela espécie, ou vice-versa. Exemplo: O mundo é violento. (= os homens) Perífrase: é a substituição de um nome por uma expressão que facilita a sua identificação. Exemplo: O país do futebol acredita no seu povo. (país do futebol = Brasil) Figuras de Harmonia São as que reproduzem os efeitos de repetição de sons, ou ainda quando se busca representa-los. São elas: Aliteração: Repetição consonantal fonética (som da letra) geralmente no início da palavra. Exemplo: “Sonhei que estava sonhando um sonho sonhado...” (Martinho da Vila) Assonância: Repetição da mesma vogal no decorrer de um verso ou poema. Exemplo: “Sou Ana, da cama Da cana, fulana bacana Sou Ana de Amsterdã.” (Chico Buarque) Paronomásia: Reprodução de sons semelhantes através de palavras de significados diferentes. Exemplos: “Berro pelo aterro pelo desterro Berro por seu berro pelo seu erro Quero que você ganhe que você me apanhe Sou o bezerro gritando mamãe...” (Caetano Veloso) Figuras de Construção Dizem respeito aos desvios de padrão de concordância quer quanto à ordem, omissões ou excessos. Dividem-se em: Omissão - Assíndeto: Ocorre por falta ou supressão de conectivos. Exemplos: a) "Saí, bebi, enfim, vivi." (Nel de Moraes) b) "Vim, vi e venci." (Júlio César) - Elipse: Supressão de vocábulo(s) que são facilmente identificável(is). Exemplos: a) "(Eu) Queria ser um pássaro dentro da noite." b) "No céu, (há) estrelas que brilham indômitas." - Zeugma: Elipse especial que consiste na supressão de um termo já, anteriormente, expresso no contexto. Exemplos: a) "Nós nos desejamos e (nós) não nos possuímos." b) "Foi saqueada a vila, e (foram) assassinados os partidários dos Filipes." (Camilo Castelo Branco) Repetição - Anáfora: É a repetição intencional de palavras, no início de um período, frase ou verso. Exemplos: "Eu quase não saio Eu quase não tenho amigo Eu quase não consigo Ficar na cidade sem viver contrariado." (Gilberto Gil) - Polissíndeto: Repetição enfática de conjunções coordenativas (geralmente e). Exemplos: "E saber, e crescer, e ser, e haver E perder, e sofrer, e ter horror." (Vinícius de Morais) - Pleonasmo: Repetição da ideia, isto é, redundância semântica e sintática, divide-se em: 1) Gramatical: com objetos direto ou indireto redundantes, chamam-nos pleonásticos. Exemplos: a) "Perdoo-te a ti, meu amor." b) "O carro velho, eu o vendi ontem." 2) Vicioso: deve ser evitado por não acrescentar informação nova ao que já havia sido dito anteriormente. Exemplos: Subir para cima; descer para baixo; repetir de novo; hemorragia sanguínea; protagonista principal; monopólio exclusivo. Ruptura - Anacoluto: A construção do período deixa um ou mais termos sem função sintática. Dê atenção especial porque o anacoluto é parecido com o pleonasmo, ou melhor, na tentativa de um pleonasmo sintático, muitas vezes, acaba-se por criar a ruptura. Exemplo: "Os meus vizinhos, não confio mais neles." - a função sintática de os meus vizinhos é nula, não há; entretanto, se houvesse preposição (Nos meus vizinhos, não confio mais neles), o termo seria objeto indireto, enquanto neles seria o objeto indireto pleonástico. Inversão - Anástrofe: Inversão sintática leve. Exemplos: a) "Tão leve estou que já nem sombra tenho." (ordem inversa) (Mário Quintana) b) "Estou tão leve que já não tenho sombra." (ordem direta) - Hipálage: Inversão de um adjetivo (uma qualidade que pertence a um é atribuída a outro substantivo). Exemplos: a) A mulher degustava lânguida cigarrilha. Lânguida = sensual, portanto lânguida é a mulher, e não a cigarrilha como faz supor. Apostila Digital Licenciada para Jaqueline Lima De Oliveira - jaquelinelima352@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br APOSTILAS OPÇÃO Língua Portuguesa 5 b) "Em cada olho um grito castanho de ódio." (Dalton Trevisan) Castanhos são os olhos, e não o grito. - Hipérbato: Inversão complexa de termos da frase. Exemplos: "Enquanto manda as ninfas amorosas grinaldas nas cabeças pôr de rosas." (Camões) 'Enquanto manda as ninfas amorosas pôr grinaldas de rosas na cabeça.' - Sínquise: Há uma inversão violenta de distantes partes da oração. É um hipérbato "hiperbólico". Exemplos: “...entre vinhedo e sebe corre uma linfa e ele no seu de faia de ao pé do Alfeu Tarro escultado bebe." (Alberto de Oliveira) 'Uma linfa corre entre vinhedo e sebe, e ele bebe no seu Tarro escultado, de faia, ao pé do Alfeu.' - Quiasmo: Inversão de palavras que se repetem. Exemplos: "Tinha uma pedra no meio do meu caminho /no meio do meu caminho tinha uma pedra." (G. D. Andrade) Concordância Ideológica - Silepse: É a concordância feita pela ideia, e não através das prerrogativas das classes das palavras. São três: - De Gênero: masculino e feminino não concordam. Ex.: "A vítima era lindo e o carrasco estava temerosa quanto à reação da população." Perceba que vítima e carrasco não receberam de seus adjetivos lindo e temerosa a 'atenção' devida, por quê? Isso se deve à ideia de que os substantivos sobrecomuns designam ambos os sexos, e não ambos os gêneros, portanto, por questões estilísticas, o autor do texto preferiu a ideia à regra gramatical rígida que impõe que adjetivos concordem em gênero com o substantivo, não em sexo. - De Número: singular e plural não concordam entre si. Ex.: "O esquadrão sobrevoaram o céu azul daquela manhã de verão." Ocorre algo semelhante na silepse de número, apenas se ressalve que nesses casos o 'desprezo' se dá quanto à concordância verbal, afinal, esquadrão é palavra de natureza coletiva (coletivo de aviões) e, mais uma vez por questões estilísticas, o autor preferiu à regra, na qual se baseia a Gramática Normativa, o livre voar de suas ideias. - De Pessoa: sujeito e verbo não concordam entre si. Ex.: A gente não sabemos escolher presidente. A gente não sabemos tomar conta da gente." (Ultrajea Rigor) Nos casos de silepse de pessoa há, por parte do autor, uma clara intromissão, característica do discurso indireto livre, quando, ao informar, o emissor se coloca como parte da ação. Figuras de Pensamento São recursos de linguagem que se referem ao aspecto semântico, ou seja, ao significado dentro de um contexto. Antítese: É a aproximação de palavras de sentidos contrários, antagônicos. Exemplos: "Onde queres prazer, sou o que dói E onde queres tortura, mansidão Onde, queres um lar, Revolução E onde queres bandido, sou herói." (Caetano Veloso) Paradoxo ou Oximoro: É mais que a aproximação antitética; é a própria ideia que se contradiz. Exemplos: a) "O mito é o nada que é tudo." (Fernando Pessoa) b) "Mas tão certo quanto o erro de seu barco a motor é insistir em usar remos." (Legião Urbana) Apóstrofe: É a evocação, o chamamento. Identifica-se facilmente na função sintática do VOCATIVO. Exemplos: "Ó lindo mar verdejante, tuas ondas entoam cantos, és tu o dono reinante das brancas marés espumantes ... " (Nel de Moraes) Perífrase: Designação dos objetos, acidentes geográficos, indivíduos e outros que não queremos simplesmente nomear. Exemplos: a) "Última Flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo esplendor e sepultura." (Olavo Bilac) Flor do Lácio (= Língua Portuguesa) b) Cidade Luz [z: Paris) c) Veneza Brasileira (= Recife) d) Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) e) Rei dos Animais (= leão) Gradação: É uma sequência de palavras ou ideias que servem de intensificação numa sequência temporal. Ex.: "Dissecou-a a tal ponto, e com tal arte, que ela, Rota, baça, nojenta, vil." (Raimundo Corrêa) Ironia: Consiste em dizer o oposto do que se pensa, com intenção sarcástica ou depreciativa. Exemplos: a) "A excelente Dona lnácia era mestra na arte de judiar de criança." (Monteiro Lobato) b) "Dona Clotilde, o arcanjo do seu filho quebrou minhas vidraças." Hipérbole: É a figura do exagero, a fim de proporcionar uma imagem chocante ou emocionante. Exemplos: a) "Rios te correrão dos olhos, se chorares!" (Olavo Bilac) b) "Existem mil maneiras de preparar Neston." Eufemismo: Figura que atenua ideias desagradáveis ou penosas. Exemplos: a) "E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus lhe pague." (Chico Buarque) Paz derradeira = morte b) "Aquele homem de índole duvidosa apropriou-se (ladrão) indevidamente dos meus pertences." (roubou) Disfemismo: Expressão grosseira em lugar de outra, suave, branda. Ex.: Você não passa de um porco ... um pobretão. Personificação ou Prosopopeia: Consiste em dar vida a seres inanimados. Exemplos: a) "O vento beija meus cabelos As ondas lambem minhas pernas O sol abraça o meu corpo." (Lulu Santos - Nelson Motta) Apostila Digital Licenciada para Jaqueline Lima De Oliveira - jaquelinelima352@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br APOSTILAS OPÇÃO Língua Portuguesa 6 b) "Sob o sol respira o mar, dedilhando as ondas, belo olhar. Faiscando espumas, lágrimas saúdam sereias amantes: Te escutam, te amam, te lambem." (Nel de Moraes) Reificação: Consiste em 'coisificar' os seres humanos. Ex.: "Tia, já botei os candidatos na lista." Lítotes: Consiste em negar por afirmação ou vice-versa. Exemplos: a) "Ela até que não é feia." -logo, é bonita! b) "Você está exagerando. Não subestime a sua inteligência." - porque ela é inteligente. Questões 01. (IF/PA - Assistente em Administração - FUNRIO/2016) “Quero um poema ainda não pensado, / que inquiete as marés de silêncio da palavra ainda não escrita nem pronunciada, / que vergue o ferruginoso canto do oceano / e reviva a ruína que são as poças d’água. / Quero um poema para vingar minha insônia.” (Olga Savary, “Insônia”) Nesses versos finais do poema, encontramos as seguintes figuras de linguagem: (A) silepse e zeugma (B) eufemismo e ironia. (C) prosopopeia e metáfora. (D) aliteração e polissíndeto. (E) anástrofe e aposiopese. 02. (IF/PA - Auxiliar em Administração - FUNRIO/2016) “Eu sou de lá / Onde o Brasil verdeja a alma e o rio é mar / Eu sou de lá / Terra morena que eu amo tanto, meu Pará.” (Pe. Fábio de Melo, “Eu Sou de Lá”) Nesse trecho da canção gravada por Fafá de Belém, encontramos a seguinte figura de linguagem: (A) antítese. (B) eufemismo. (C) ironia (D) metáfora (E) silepse. 03. (Pref. de Itaquitinga/PE - Técnico em Enfermagem – IDHTEC/2016) MAMÃ NEGRA (Canto de esperança) Tua presença, minha Mãe - drama vivo duma Raça, Drama de carne e sangue Que a Vida escreveu com a pena dos séculos! Pelo teu regaço, minha Mãe, Outras gentes embaladas à voz da ternura ninadas do teu leite alimentadas de bondade e poesia de música ritmo e graça... santos poetas e sábios... Outras gentes... não teus filhos, que estes nascendo alimárias semoventes, coisas várias, mais são filhos da desgraça: a enxada é o seu brinquedo trabalho escravo - folguedo... Pelos teus olhos, minha Mãe Vejo oceanos de dor Claridades de sol- posto, paisagens Roxas paisagens Mas vejo (Oh! se vejo! ...) mas vejo também que a luz roubada aos teus [olhos, ora esplende demoniacamente tentadora - como a Certeza... cintilantemente firme - como a Esperança... em nós outros, teus filhos, gerando, formando, anunciando - o dia da humanidade. (Viriato da Cruz. Poemas, 1961, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império) O poema, Mamã Negra: 3 www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil12.php (A) É uma metáfora para a pátria sendo referência de um país africano que foi colonizado e teve sua população escravizada. (B) É um vocativo e clama pelos efeitos negativos da escravização dos povos africanos. (C) É a referência resumida a todo o povo que compõe um país libertado depois de séculos de escravidão. (D) É o sofrimento que acometeu todo o povo que ficou na terra e teve seus filhos levados pelo colonizador. (E) É a figura do colonizador que mesmo exercendo o poder por meio da opressão foi “ninado “ela Mamã Negra. 04. (Pref. de Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala - FEPESE/2016) Analise as frases abaixo: 1. “Calções negros corriam, pulavam durante o jogo.” 2. A mulher conquistou o seu lugar! 3. Todo cais é uma saudade de pedra. 4. Os microfones foram implacáveis com os novos artistas. Assinale a alternativa que corresponde correta e sequencialmente às figuras de linguagem apresentadas: (A) metáfora, metonímia, metáfora, metonímia (B) metonímia, metonímia, metáfora, metáfora (C) metonímia, metonímia, metáfora, metonímia (D) metonímia, metáfora, metonímia, metáfora (E) metáfora, metáfora, metonímia, metáfora 05. (COMLURB - Técnico de Segurança do Trabalho - IBFC/2016) Leia o poema abaixo e assinale a alternativa que indica a figura de linguagem presente no texto: Amor é fogo que arde sem se ver Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer; (Camões) (A) Onomatopeia (B) Metáfora (C) Personificação (D) Pleonasmo Respostas 01.C / 02.D / 03.A / 04.C / 05.B VÍCIOS DE LINGUAGEM Os vícios de linguagem3 costumam ocorrer por descuido, ou ainda por desconhecimento das regras por parte do emissor. Observe: Pleonasmo Vicioso ou Redundância Diferentemente do pleonasmo tradicional, tem-se pleonasmo vicioso quando há repetição desnecessária de uma informação na frase. Exemplos: Entrei para dentro de casa quando começou a anoitecer. Hoje fizeram-me uma surpresa inesperada. Encontraremos outra alternativa para esse problema. Observação:o pleonasmo é considerado vício de linguagem quando usado desnecessariamente, no entanto, quando usado para reforçar a mensagem, constitui uma figura de linguagem. Apostila Digital Licenciada para Jaqueline Lima De Oliveira - jaquelinelima352@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br APOSTILAS OPÇÃO Língua Portuguesa 7 Barbarismo É o desvio da norma que ocorre nos seguintes níveis: 1) Pronúncia a) Silabada: erro na pronúncia do acento tônico. Por Exemplo: Solicitei à cliente sua rúbrica. (rubrica) b) Cacoépia: erro na pronúncia dos fonemas. Por Exemplo: Estou com poblemas a resolver. (problemas) c) Cacografia: erro na grafia ou na flexão de uma palavra. Exemplos: Eu advinhei quem ganharia o concurso. (adivinhei) O segurança deteu aquele homem. (deteve) 2) Morfologia Exemplos: Se eu ir aí, vou me atrasar. (for) Sou a aluna mais maior da turma. (maior) 3) Semântica Por Exemplo: José comprimentou seu vizinho ao sair de casa. (cumprimentou) 4) Estrangeirismos Considera-se barbarismo o emprego desnecessário de palavras estrangeiras, ou seja, quando já existe palavra ou expressão correspondente na língua. Exemplos: O show é hoje! (espetáculo) Vamos tomar um drink? (drinque) Solecismo É o desvio de sintaxe, podendo ocorrer nos seguintes níveis: 1) Concordância Por Exemplo: Haviam muitos alunos naquela sala. (Havia) 2) Regência Por Exemplo: Eu assisti o filme em casa. (ao) 3) Colocação Por Exemplo: Dancei tanto na festa que não aguentei-me em pé. (não me aguentei em pé) Ambiguidade ou Anfibologia Ocorre quando, por falta de clareza, há duplicidade de sentido da frase. Exemplos: Ana disse à amiga que seu namorado havia chegado. (O namorado é de Ana ou da amiga?) O pai falou com o filho caído no chão. (Quem estava caído no chão? Pai ou filho?) Cacofonia Ocorre quando a junção de duas ou mais palavras na frase provoca som desagradável ou palavra inconveniente. Exemplos: Uma mão lava outra. (mamão) Vi ela na esquina. (viela) Dei um beijo na boca dela. (cadela) Eco Ocorre quando há palavras na frase com terminações iguais ou semelhantes, provocando dissonância. Por Exemplo: A divulgação da promoção não causou comoção na população. Hiato Ocorre quando há uma sequência de vogais, provocando dissonância. Exemplos: Eu a amo. Ou eu ou a outra ganhará o concurso. Colisão Ocorre quando há repetição de consoantes iguais ou semelhantes, provocando dissonância. Por Exemplo: Sua saia sujou. Questões 01. (Enem) No ano passado, o governo promoveu uma campanha a fim de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato, um jornal publicou a seguinte manchete: CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA DO GOVERNO DO ESTADO ENTRA EM NOVA FASE A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o entendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse problema poderia ter sido evitado com a seguinte redação: (A) Campanha contra o governo do Estado e a violência entram em nova fase. (B) A violência do governo do Estado entra em nova fase de Campanha. (C) Campanha contra o governo do Estado entra em nova fase de violência. (D) A violência da campanha do governo do Estado entra em nova fase. (E) Campanha do governo do Estado contra a violência entra em nova fase. 02. Todas as sentenças a seguir apresentam duplo sentido, exceto: (A) Maria pediu a Márcia para sair. (B) O advogado disse ao réu que suas palavras convenceriam o juiz. (C) Crianças que comem doce frequentemente têm cáries. (D) A mala foi encontrada perto do banco. (E) A mãe pediu que o filho dirigisse o carro dela. 03. (Enem) Carnavália Repique tocou O surdo escutou E o meu corasamborim Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim? [...] ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento). No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e à situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão. Essa palavra corresponde a um: (A) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas. (B) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza. (C) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla. Apostila Digital Licenciada para Jaqueline Lima De Oliveira - jaquelinelima352@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br APOSTILAS OPÇÃO Língua Portuguesa 8 (D) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfica. (E) termo técnico, dado que designa elemento de área e de atividade. 04. Assinale a sequência correta: I. O pleonasmo consiste em intensificar o significado de um elemento do texto por meio da redundância, isto é, da repetição da ideia já expressa por esse elemento. II. A ambiguidade não pode ser considerada um vício de linguagem, já que não provoca qualquer tipo de dificuldade para a interpretação de um texto. III. O neologismo é um fenômeno linguístico que consiste na criação de novas palavras ou expressões e não pode ser considerado como um vício de linguagem, já que pode ser empregado com intenções artísticas. IV. O arcaísmo consiste no emprego de palavras ou expressões cuja utilização seja menos frequente na modalidade escrita e na modalidade oral. É o oposto do neologismo, pois está na contramão do movimento criador de palavras. V. Solecismo é uma inadequação na estrutura sintática da frase com relação à gramática normativa do idioma. Podem subverter as normas da concordância, da regência e da colocação. (A) I, II e III. (B) II e IV. (c) I, III, IV e V. (D) I, II, IV e V. (E) III e V. Gabarito 01.E / 02.E / 03.B / 04.C NORMA CULTA E LÍNGUA PADRÃO Norma Culta e Língua-Padrão De acordo com M. T. Piacentini4, mesmo que não se mencione terminologia específica, é evidente que se lida no dia-a-dia com níveis diferentes de fala e escrita. É também verdade que as pessoas querem “falar e escrever melhor”, querem dominar a língua culta, a correta, a ideal, não importa o nome que é atribuído. O padrão de língua ideal a que as pessoas querem chegar é aquele convencionalmente utilizado nas instâncias públicas de uso da linguagem, como livros, revistas, documentos, jornais, textos científicos e publicações oficiais; em resumo, é a que circula nos meios de comunicação, no âmbito oficial, nas esferas de pesquisa e trabalhos acadêmicos. Não obstante, os linguistas entendem haver uma língua circulante que é correta, mas diferente da língua ideal e imaginária, fixada nas fórmulas e sistematizações da gramática. Eles fazem, pois, uma distinção entre o real e o ideal: a língua concreta com todas suas variedades de um lado, e de outro um padrão ou modelo abstrato do que é “bom” e “correto”, o que conformaria, no seu entender, uma língua artificial, situada num nível hipotético. 4 http://www.portalentretextos.com.br/materia/norma-culta-e-lingua-padrao- i,12242 5 BAGNO, Marcos. Língua, história e sociedade: breve retrospecto da norma-padrão brasileira. In: BAGNO, Marcos (org.). Linguística da norma. São Paulo: Loyola, 2002. Para os cientistas da língua, portanto, fica claro que há diferenças: um praticamente de difícil acesso, representado nas normas pela gramática tradicional, que comporta as irregularidades da língua, e outro concreto, o utilizado pelos falantes cultos, qual seja, a “linguagem concretamente empregada pelos cidadãos que pertencem as partes mais favorecidas da nossa população”, segundo Marcos Bagno5. Convém esclarecer que para a ciência sociolinguística somente a pessoa que tiver formação universitáriacompleta será caracterizada como falante culto (urbano). Sendo assim, como são presumivelmente cultos os sujeitos que produzem os jornais, a documentação oficial, os trabalhos científicos, só pode ser culta a sua linguagem, mesmo que a língua que tais pessoas falam e os textos que produzem nem sempre se juntam com as regras rígidas impostas pela gramática normativa, divulgada na escola e em outras instâncias (de repressão linguística) como o vestibular. Isso é o que pensam os linguistas. E o povo – saberá ele fazer a distinção entre as duas modalidades e os dois termos que as descrevem? Para os linguistas, a língua-padrão se estabelece nas normas e convenções agregadas num corpo chamado de gramática tradicional e que tem o desejo de servir de modelo de correção para toda e qualquer forma de expressão linguística. Querer que todos falem e escrevam da mesma forma e de acordo com padrões gramaticais rígidos é esquecer-se que não pode haver homogeneidade quando o mundo real apresenta uma heterogeneidade de comportamentos linguísticos, todos igualmente corretos (não se pode associar “correto” somente a culto). Em resumo, há uma realidade heterogênea que, por abrigar diferenças de uso que refletem a dinâmica social, exclui a possibilidade de imposição ou adoção como a única língua-modelo baseada na gramática tradicional, a qual, por sua vez, está baseada nos grandes escritores da língua, sobretudo os clássicos, sendo pois conservadora. E justamente por se valer de escritores é que as prescrições gramaticais se impõem mais na escrita do que na fala. O que de acordo com Faraco “A cultura escrita, associada ao poder social, desencadeou também, ao longo da história, um processo fortemente unificador (que vai alcançar basicamente as atividades verbais escritas), que visou e visa uma relativa estabilização linguística, buscando neutralizar a variação e controlar a mudança. Ao resultado desse processo, a esta norma estabilizada, costumamos dar o nome de norma-padrão ou língua-padrão”.6 Rodrigues entra na discussão e afirma que: “Frequentemente o padrão ideal é uma regra de comportamento para a qual tendem os membros da sociedade, mas que nem todos cumprem, ou não cumprem integralmente”. Mais adiante, ao se referir à escola, Rodrigues comenta que nem ele e nem mesmo os professores de Língua Portuguesa escapam a esse destino: “Comumente, entretanto, o mesmo professor que ensina essa gramática não consegue observá-la em sua própria fala nem mesmo na comunicação dentro de seu grupo profissional”.7 Vamos ilustrar os argumentos acima expostos. Não há brasileiro – nem mesmo professores de português – que não fale assim: – Me conta como foi o fim de semana… – Te enganaram, com certeza! – Me explica uma coisa: você largou o emprego ou foi mandado embora? 6 FARACO, Carlos Alberto. Norma Culta Brasileira: desatando alguns nós. São Paulo, SP: Parábola Editorial, 2008. 7 RODRIGUES, Aryon Dall’Igna. Problemas relativos à descrição do português contemporâneo como língua padrão no Brasil. In: BAGNO, Marcos (org.). Lingüística da norma. São Paulo: Loyola, 2002. Norma culta e variedades linguísticas. Apostila Digital Licenciada para Jaqueline Lima De Oliveira - jaquelinelima352@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br APOSTILAS OPÇÃO Língua Portuguesa 9 Ou mesmo assim: – Tive que levar os gatos, pois encontrei eles bem machucados. – Conheço ela há muito tempo – é ótima menina. – Acho que já lhe conheço, rapaz. Então, se os falantes cultos, aquelas pessoas que têm acesso às regras padronizadas, incutidas no processo de escolarização, se exprimem desse modo, essa é a norma culta. Já as formas propugnadas pela gramática tradicional e que provavelmente só se encontrariam na escrita (conta-me como foi /enganaram-te / explica-me uma coisa / pois os encontrei / conheço-a há tempos / acho que já o conheço) configuram a norma-padrão ou língua-padrão. Se para os cientistas da língua, portanto, existe uma polarização entre a norma-padrão (também denominada “norma canônica” por alguns linguistas) e o conjunto das variedades existentes no Brasil, aí incluída a norma culta, no senso comum não se faz distinção entre padrão e culta. Para os leigos, a população em geral, toda forma elevada de linguagem, que se aproxime dos padrões de prestígio social, configura a norma culta.8 Norma culta9, norma padrão e norma popular A Norma é um uso linguístico concreto e corresponde ao dialeto social praticado pela classe de prestígio, representando a atitude que o falante assume em face da norma objetiva. A normatização não existe por razões apenas linguísticas, mas também culturais, econômicas, sociais, ou seja, a Norma na língua origina-se de fatores que envolvem diferenças de classes, poder, acesso à educação escrita, e não da qualidade da forma da língua. Há um conceito amplo e um conceito estreito de Norma. No primeiro caso, ela é entendida como um fator de coesão social. No segundo, corresponde concretamente aos usos e aspirações da classe social de prestígio. Num sentido amplo, a norma corresponde à necessidade que um grupo social experimenta de defender seu veículo de comunicação das alterações que poderiam advir no momento do seu aprendizado. Num sentido restrito, a Norma corresponde aos usos e atitudes de determinado seguimento da sociedade, precisamente aquele que desfruta de prestígio dentro da Nação, em virtude de razões políticas, econômicas e culturais. Segundo Lucchesi, considera-se que a realidade linguística brasileira deve ser entendida como um contínuo de normas, dentro do quadro de bipolarização do Português do Brasil. A existência da civilização dá-se com o surgimento da escrita. Suas regras são pautadas a partir da Norma Culta. Sendo esta importante nos documentos formais que exigem a correta expressão do Português para que não haja mal entendido algum. Ela nada mais é do que a modalidade linguística escolhida pela elite de uma sociedade como modelo de comunicação escrita e verbal. A Norma Culta é uma expressão empregada pelos linguistas brasileiros para designar o conjunto de variantes linguísticas efetivamente faladas, na vida cotidiana pelos falantes cultos, sendo assim, classificando os cidadãos nascidos e criados em zonas urbanas e com grau de instrução superior completo. “Fundamentam-se as regras da Gramática Normativa nas obras dos grandes escritores, em cuja linguagem a classe ilustrada põe o seu ideal de perfeição, porque nela é que se espelha o que o uso idiomático e consagrou” Rocha Lima. Dentre as características que são pertinentes à Norma Culta podemos citar que é: a variante de maior prestígio social 8 http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece-detail.php?id=840 9 https://centraldefavoritos.wordpress.com/2011/07/22/norma-padrao-e-nao- padrao/(Adaptado) na comunidade, sendo realizada com certa uniformidade pelos membros do grupo social de padrão cultural mais elevado; cumpre o papel de impedir a fragmentação dialetal; ensinada pela escola; usada na escrita em gêneros discursivos em que há maior formalidade aproximando-a dos padrões da prescrição da gramática tradicional; a mais empregada na literatura e também pelas pessoas cultas em diferentes situações de formalidade; indicada precisamente nas marcas de gênero, número e pessoa; usada em todas as pessoas verbais, com exceção, talvez, da 2ª do plural, sendo utilizada principalmente na linguagem dos sermões; empregada em todos os modos verbais em relação verbal de tempos e modos. De modo geral, um falante culto, em situação comunicativa formal, buscará seguir as regras da norma explícita de sua língua e ainda procurará seguir, no que diz respeito ao léxico, um repertório que, se não for erudito, também não será vulgar. Isso configura o que se entende por norma culta. A Norma Padrão está vinculada a uma línguamodelo. Segue prescrições representadas na gramática, mas é marcada pela língua produzida em certo momento da história e em uma determinada sociedade. Como a língua está em constante mudança, diferentes formas de linguagem que hoje não são consideradas pela Norma Padrão, com o tempo podem vir a se legitimar. Dentro da Norma Padrão define-se um modelo de língua idealizada prescrito pelas gramáticas normativas, como sendo uma receita que nenhum usuário da língua emprega na fala e raramente utiliza na escrita. Sendo também uma referência para os falantes da Norma Culta, mas não passam de um ideal a ser alcançado, pois é um padrão extremamente enriquecido de língua. Assim, as gramáticas tradicionais descrevem a Norma Padrão, não refletindo o uso que se faz realmente do Português no Brasil. Bagno10 propõe, como alternativa, uma triangulação: onde a Norma Popular teria menos prestígio opondo-se à Norma Culta mais prestigiada, e a Norma Padrão se eleva sobre as duas anteriores servindo como um ideal imaginário e inatingível. A Norma Padrão subdivide-se em: Formal e Coloquial. - A Padrão Formal é o modelo culto utilizado na escrita, que segue rigidamente as regras gramaticais, essa linguagem é mais elaborada, tanto porque o falante tem mais tempo para se pronunciar de forma refletida como porque é supervalorizada na nossa cultura. É a história do vale o que está escrito. - A Padrão Coloquial é a versão oral da língua culta e, por ser mais livre e espontânea, tem um pouco mais de liberdade e está menos presa à rigidez das regras gramaticais. Entretanto, a margem de afastamento dessas regras é estreita e, embora exista, a permissividade com relação às transgressões é pequena. Assim, na linguagem coloquial, admitem-se sem grandes traumas, construções como: ainda não vi ele; me passe o arroz e não te falei que você iria conseguir? Inadmissíveis na língua escrita. O falante culto, de modo geral, tem consciência dessa distinção e ao mesmo tempo em que usa naturalmente as construções acima na comunicação oral, evita-as na escrita. Contudo, como se disse, não são muitos os desvios admitidos e muitas formas peculiares da Norma Popular são condenadas mesmo na linguagem oral. - A Norma Popular é aquela linguagem que não é formal, ou seja, não segue padrões rígidos, é a linguagem popular, falada no cotidiano. O nível popular está associado à simplicidade da utilização linguística em termos lexicais, fonéticos, sintáticos e semânticos. Esta decorrerá da espontaneidade própria do 10 Idem 2 Apostila Digital Licenciada para Jaqueline Lima De Oliveira - jaquelinelima352@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br APOSTILAS OPÇÃO Língua Portuguesa 10 discurso oral e da natural economia linguística. É utilizado em contextos informais. Dentre as características da Norma Popular podemos destacar: - economia nas marcas de gênero, número e pessoa. - redução das pessoas gramaticais do verbo. - mistura da 2ª com a 3ª pessoa do singular. - uso intenso da expressão a gente em lugar de eu e nós. - redução dos tempos da conjugação verbal e de certas pessoas. - como a perda quase total do futuro do presente e do pretérito-mais-que-perfeito no indicativo. - do presente do subjuntivo. - do infinitivo pessoal. - falta de correlação verbal entre os tempos. - redução do processo subordinativo em benefício da frase simples e da coordenação. - maior emprego da voz ativa em lugar da passiva. - predomínio das regências verbais diretas. - simplificação gramatical da frase. - emprego dos pronomes pessoais retos como objetos. Na visão de Preti (1999), os falantes cultos “até em situação de gravação consciente revelaram uma linguagem que, em geral, também pertence a falantes comuns”. Sendo mais espontânea e criativa, a Norma Popular se afigura mais expressiva e dinâmica. Temos, assim, alguns exemplos: estou preocupado (Norma Culta); tô preocupado (Norma Popular); tô grilado (gíria, limite da Norma Popular). Não basta conhecer apenas uma modalidade de língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a espontaneidade, expressividade e enorme criatividade para viver, necessitando conhecer a língua culta para conviver. Variação Linguística “Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; se um velho amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da idade; se uma matrona autoritária ou uma dedicada; se um mercador errante ou um lavrador de pequeno campo fértil (...)” Todas as pessoas que falam uma determinada língua conhecem as estruturas gerais, básicas, de funcionamento podem sofrer variações devido à influência de inúmeros fatores. Tais variações, que às vezes são pouco perceptíveis e outras vezes bastante evidentes, recebem o nome genérico de variedades ou variações linguísticas. Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-se que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mesmo significado dentro de um mesmo contexto. Suponham-se, por exemplo, os dois enunciados a seguir: Veio me visitar um amigo que eu morei na casa dele faz tempo. Veio visitar-me um amigo em cuja casa eu morei há anos. Qualquer falante do português reconhecerá que os dois enunciados pertencem ao seu idioma e têm o mesmo sentido, mas também que há diferenças. Pode dizer, por exemplo, que o segundo é de uma pessoa mais “estudada”. Isso é prova de que, ainda que intuitivamente e sem saber dar grandes explicações, as pessoas têm noção de que existem muitas maneiras de falar a mesma língua. É o que os teóricos chamam de variações linguísticas. As variações que distinguem uma variante de outra se manifestam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico, sintático e lexical. Variações Fônicas São as que ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da palavra. Os exemplos de variação fônica são abundantes e, ao lado do vocabulário, constituem os domínios em que se percebe com mais nitidez a diferença entre uma variante e outra. Entre esses casos, podemos citar: - a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô. - o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica, hoje frequentes na fala caipira. - a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, marelo (amarelo), margoso (amargoso), características na linguagem oral coloquial. - a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petrópolis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas típicas de pessoas de baixa condição social. - A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira): quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol. - deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar, estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa condição social. Variações Morfológicas São as que ocorrem nas formas constituintes da palavra. Nesse domínio, as diferenças entre as variantes não são tão numerosas quanto as de natureza fônica, mas não são desprezíveis. Como exemplos, podemos citar: - o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o superlativo de adjetivos, recurso muito característico da linguagem jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssimo), uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima), um carro hiperpossante (em vez de possantíssimo). - a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regulares: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver (vir) o recado, quando ele repor (repuser). - a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregulares: vareia (varia), negoceia (negocia). - uso de substantivos masculinoscomo femininos ou vice- versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha (o champanha), tive muita dó dela (muito dó ,)mistura do cal (da cal). - a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e adjetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os livro indicado, as noite fria, os caso mais comum. - o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas eleições; Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível que ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu. Variações Sintáticas Dizem respeito às correlações entre as palavras da frase. No domínio da sintaxe, como no da morfologia, não são tantas as diferenças entre uma variante e outra. Como exemplo, podemos citar: - o uso de pronomes do caso reto com outra função que não a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não irão sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de ti) e ele. - o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem. - a ausência da preposição adequada antes do pronome Apostila Digital Licenciada para Jaqueline Lima De Oliveira - jaquelinelima352@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br APOSTILAS OPÇÃO Língua Portuguesa 11 relativo em função de complemento verbal: são pessoas que (em vez de: de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em vez de a que) eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu mais confio. - a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome “que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a família dele (em vez de cuja família eu já conhecia). - a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar com você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua) voz me irrita. - ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles chegou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou naquela semana muitos alunos; Comentou-se os episódios. Variações Léxicas É o conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano do léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas e caracterizam com nitidez uma variante em confronto com outra. Eis alguns, entre múltiplos exemplos possíveis de citar: - a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para formar o grau superlativo dos adjetivos, características da linguagem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil; Esse amigo é um carinha maior esforçado. - as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de lado a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no Brasil chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Brasil, em Portugal chamam de bicha; café da manhã em Portugal se diz pequeno almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que chamamos de suéter, malha, camiseta. Designações das Variantes Lexicais: - Arcaísmo: diz-se de palavras que já caíram de uso e, por isso, denunciam uma linguagem já ultrapassada e envelhecida. É o caso de reclame, em vez de anúncio publicitário; na década de 60, o rapaz chamava a namorada de broto (hoje se diz gatinha ou forma semelhante), e um homem bonito era um pão; na linguagem antiga, médico era designado pelo nome físico; um bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante usava-se gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era supimpa. - Neologismo: é o contrário do arcaísmo. Trata-se de palavras recém-criadas, muitas das quais mal ou nem entraram para os dicionários. A moderna linguagem da computação tem vários exemplos, como escanear, deletar, printar; outros exemplos extraídos da tecnologia moderna são mixar (fazer a combinação de sons), robotizar, robotização. - Estrangeirismo: trata-se do emprego de palavras emprestadas de outra língua, que ainda não foram aportuguesadas, preservando a forma de origem. Nesse caso, há muitas expressões latinas, sobretudo da linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas o corpo” ou, mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso facto (“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo”), ipsis litteris (textualmente, “com as mesmas letras”), grosso modo (“de modo grosseiro”, “impreciso”), sic (“assim, como está escrito”), data venia (“com sua permissão”). As palavras de origem inglesas são inúmeras: insight (compreensão repentina de algo, uma percepção súbita), feeling (“sensibilidade”, capacidade de percepção), briefing (conjunto de informações básicas), jingle (mensagem publicitária em forma de música). Do francês, hoje são poucos os estrangeirismos que ainda não se aportuguesaram, mas há ocorrências: hors-concours (“fora de concurso”, sem concorrer a prêmios), tête-à-tête (palestra particular entre duas pessoas), esprit de corps (“espírito de corpo”, corporativismo), menu (cardápio), à la carte (cardápio “à escolha do freguês”), physique du rôle (aparência adequada à caracterização de um personagem). - Jargão: é o vocabulário típico de um campo profissional como a medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. No jargão médico temos uso tópico (para remédios que não devem ser ingeridos), apneia (interrupção da respiração), AVC ou acidente vascular cerebral (derrame cerebral). No jargão jornalístico chama-se de gralha, pastel ou caco o erro tipográfico como a troca ou inversão de uma letra. A palavra lide é o nome que se dá à abertura de uma notícia ou reportagem, onde se apresenta sucintamente o assunto ou se destaca o fato essencial. Quando o lide é muito prolixo, é chamado de nariz-de-cera. Furo é notícia dada em primeira mão. Quando o furo se revela falso, foi uma barriga. Entre os jornalistas é comum o uso do verbo repercutir como transitivo direto: __ Vá lá repercutir a notícia de renúncia! (esse uso é considerado errado pela gramática normativa). - Gíria: é o vocabulário especial de um grupo que não deseja ser entendido por outros grupos ou que pretende marcar sua identidade por meio da linguagem. Existe a gíria de grupos marginalizados, de grupos jovens e de segmentos sociais de contestação, sobretudo quando falam de atividades proibidas. A lista de gírias é numerosíssima em qualquer língua: ralado (no sentido de afetado por algum prejuízo ou má-sorte), ir pro brejo (ser malsucedido, fracassar, prejudicar- se irremediavelmente), cara ou cabra (indivíduo, pessoa), bicha (homossexual masculino), levar um lero (conversar). - Preciosismo: diz-se que é preciosista um léxico excessivamente erudito, muito raro, afetado: Escoimar (em vez de corrigir); procrastinar (em vez de adiar); discrepar (em vez de discordar); cinesíforo (em vez de motorista); obnubilar (em vez de obscurecer ou embaçar); conúbio (em vez de casamento); chufa (em vez de caçoada, troça). - Vulgarismo: é o contrário do preciosismo, ou seja, o uso de um léxico vulgar, rasteiro, obsceno, grosseiro. É o caso de quem diz, por exemplo, de saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em vez de se deu mal, arruinou-se), feder (em vez de cheirar mal), ranho (em vez de muco, secreção do nariz). Tipos de Variação Não tem sido fácil para os estudiosos encontrar para as variantes linguísticas um sistema de classificação que seja simples e, ao mesmo tempo, capaz de dar conta de todas as diferenças que caracterizam os múltiplos modos de falar dentro de uma comunidade linguística. O principal problema é que os critérios adotados, muitas vezes, se superpõem, em vez de atuarem isoladamente. As variações mais importantes, para o interesse do concurso público, são os seguintes: - Sócio-Cultural: Esse tipo de variação pode ser percebido com certa facilidade. Por exemplo, alguém diz a seguinte frase: “Tá na cara queeles não teve peito de encará os ladrão.” (frase 1) Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos caracterizá-la, por exemplo, pela sua profissão: um advogado? Um trabalhador braçal de construção civil? Um médico? Um garimpeiro? Um repórter de televisão? E quem usaria a frase abaixo? Apostila Digital Licenciada para Jaqueline Lima De Oliveira - jaquelinelima352@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br APOSTILAS OPÇÃO Língua Portuguesa 12 “Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os ladrões.” (frase 2) Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes pertencentes a grupos sociais economicamente mais pobres. Pessoas que, muitas vezes, não frequentaram nem a escola primária, ou, quando muito, fizeram-no em condições não adequadas. Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes que tiveram possibilidades sócio-econômicas melhores e puderam, por isso, ter um contato mais duradouro com a escola, com a leitura, com pessoas de um nível cultural mais elevado e, dessa forma, “aperfeiçoaram” o seu modo de utilização da língua. Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação feita acima está bastante simplificada, uma vez que há diversos outros fatores que interferem na maneira como o falante escolhe as palavras e constrói as frases. Por exemplo, a situação de uso da língua: um advogado, num tribunal de júri, jamais usaria a expressão “tá na cara”, mas isso não significa que ele não possa usá-la numa situação informal (conversando com alguns amigos, por exemplo). Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir que as condições sociais influem no modo de falar dos indivíduos, gerando, assim, certas variações na maneira de usar uma mesma língua. A elas damos o nome de variações sócio- culturais. - Geográfica: é ,no Brasil, bastante grande e pode ser facilmente notada. Ela se caracteriza pelo acento linguístico, que é o conjunto das qualidades fisiológicas do som (altura, timbre, intensidade), por isso é uma variante cujas marcas se notam principalmente na pronúncia. Ao conjunto das características da pronúncia de uma determinada região dá-se o nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque gaúcho etc. A variação geográfica, além de ocorrer na pronúncia, pode também ser percebida no vocabulário, em certas estruturas de frases e nos sentidos diferentes que algumas palavras podem assumir em diferentes regiões do país. Leia, como exemplo de variação geográfica, o trecho abaixo, em que Guimarães Rosa, no conto “São Marcos”, recria a fala de um típico sertanejo do centro-norte de Minas: “__ Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado Mangolô!]. __ Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não faço, porque não paga a pena... De primeiro, quando eu era moço, isso sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui, de noite, foras d’hora, em cemitério... (...). Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não, estou percurando é sossego...” - Histórica: as línguas não são estáticas, fixas, imutáveis. Elas se alteram com o passar do tempo e com o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o sentido delas. Essas alterações recebem o nome de variações históricas. Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de Andrade. Neles, o escritor, meio em tom de brincadeira, mostra como a língua vai mudando com o tempo. No texto I, ele fala das palavras de antigamente e, no texto II, fala das palavras de hoje. Texto I Antigamente Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e prendadas. Não fazia anos; completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. (...) Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar a fresca; e também tomava cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em camisas de onze varas, e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’agua. (...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso punham a mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe faziam quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo encapetados; chegavam a pitar escondido, atrás da igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas teteias. (...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os meninos, lombrigas; asthma os gatos, os homens portavam ceroulas, bortinas a capa de goma (...). Não havia fotógrafos, mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam. Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora. Texto II Entre Palavras Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras – circulamos. A maioria delas não figura nos dicionários de há trinta anos, ou figura com outras acepções. A todo momento impõe-se tornar conhecimento de novas palavras e combinações. Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem registrá-la. Amanhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu avô; talvez ele não entenda o que você diz. O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet, a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o ditafone, a informática, a dublagem, o sinteco, o telex... Existiam em 1940? Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o módulo lunar, o antibiótico, o enfarte, a acupuntura, a biônica, o acrílico, o ta legal, a apartheid, o som pop, as estruturas e a infraestrutura. Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo, a descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha, o mass media, o Ibope, a renda per capita, a mixagem. Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o servomecanismo, as algias, a coca-cola, o superego, a Futurologia, a homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a Sudene, o Incra, a Unesco, o Isop, a Oea, e a ONU. Estão reclamando, porque não citei a conotação, o conglomerado, a diagramação, o ideologema, o idioleto, o ICM, a IBM, o falou, as operações triangulares, o zoom, e a guitarra elétrica. Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra tensora, vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster, filhotes de bonificação, letra imobiliária, conservacionismo, carnet da girafa, poluição. Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos fiscais. Knon-how. Barbeador elétrico de noventa microrranhuras. Fenolite, Baquelite, LP e compacto. Alimentos super congelados. Viagens pelo crediário, Circuito fechado de TV Rodoviária. Argh! Pow! Click! Não havia nada disso no Jornal do tempo de Venceslau Brás, ou mesmo, de Washington Luís. Algumas coisas começam a aparecer sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para consumo geral. A enumeração caótica não é uma invenção crítica de Leo Spitzer. Está aí, na vida de todos os dias. Entre palavras circulamos, vivemos, morremos, e palavras somos, finalmente, mas com que significado? (Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa, Apostila Digital Licenciada para Jaqueline Lima De Oliveira - jaquelinelima352@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br APOSTILAS OPÇÃO Língua Portuguesa 13 Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988) - De Situação: aquelas que são provocadas pelas alterações das circunstâncias em que se desenrola o ato de comunicação. Um modo de falar compatível com determinada situação é incompatível com outra: Ô mano, ta difícil de te entendê.