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Aspectos Gerais de Direito Privado II Direito de vizinhança Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • conceituar o direito de vizinhança; • avaliar as formas e aplicações do direito de vizinhança; • classificar os tipos de condomínio. Caros(as) alunos(as)! Nesta aula, estudaremos sobre as regras do direito de vizinhança, vamos abordar as possíveis causas do conflito e como compor com os proprietários conforme as limitações legais. No direito de vizinhança, as normas constituem deveres e direitos recíprocos, uma vez que tratam-se de obrigações que acompanham a coisa. A seguir, destacam-se os conceitos e as conceituais necessárias para o desenvolvimento completo do tema. Desejo a todos(as) uma excelente aula. Boa leitura! Bons estudos! 3º Aula 19 1 - Conceito e incidências dos direitos de vizinhança 2 -Do condomínio 1 - Conceitoe incidênciasdosdireitos de vizinhança O Código Civil de 2002, trata no Capítulo V, Dos Direitos de Vizinhança, a partir do art. 1.77 até o art. 1.313, no qual define as permissões e abstenções dos proprietários, elencando as possíveis hipóteses de incidência. O direito de vizinhança é constituído por regras, destinadas a impedir e compor eventuais conflitos de interesses entre proprietários decorrente da proximidade entre imóveis e as interferências que podem surgir dessa vizinhança. Para Washington de Barros Monteiro, os direitos de vizinhança constituem limitações impostas pela boa convivência social, que se inspira na lealdade e na boa-fé. A propriedade deve ser usada de tal maneira que torne possível a coexistência social. “Se assim não se procedesse, se os proprietários pudessem invocar uns contra os outros seu direito absoluto e ilimitado, não poderiam praticar qualquer direito, pois as propriedades se aniquilariam no entrechoque de suas várias faculdades” (Monteiro, 2003, v. 3, p. 135). Ensina Orlando Gomes [...] a vizinhança é um fato que, em Direito, possui o signifcado mais largo do que na linguagem comum. Consideram-se prédios vizinhos os que podem sofrer repercussão de atos propagados de prédios próximos ou que com estes possam ter vínculos jurídicos. São direitos de vizinhança os que a lei estatui por força desse fato (Gomes, 2004, p. 215). 1.1 -Ouso anormal da propriedade Previstanoart.1.277doCC,ousoanormaldapropriedade, ou seja, o mau uso da propriedade, estabelecendo ampla proteção à segurança, ao sossego e à saúde dos habitantes do imóvel. Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha. Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edicações em zonas, e os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada. htm. Acesso em: 07 jan. 2024. A utilização nociva da propriedade pode ser classificada em: abusiva, ilegal e lesiva, uma vez que em alguns casos o propósito de prejudicar, ou incomodar, pode não existir e Seções de estudo haver mau uso da propriedade, esclarece Pablo Gagliano. Considera- se como abusiva, ações realizadas no limite da propriedade, mas que causam incômodo aos vizinhos, como o excesso de barulho, ultrapassando os limites toleráveis, atrapalhando o sossego do vizinho. Ilegais são atos ilícitos que garantem indenização pelo dano causado. São considerados lesivos os que causam dano aos vizinhos, embora o agente não esteja fazendo uso anormal de sua propriedade e a atividade possua autorização do Poder Público para ser realizada. Exemplo: indústria de couro que polui toda a cidade com odor prejudicial à população. 1.2 - Das árvores Limítrofes - Arts. 1.282 a 1.284 CC A árvore limítrofe é aquela cujo tronco está na linha divisória de dois prédios, presumindo-se pertencer em comum aos donos dos prédios confinantes. Art. 1.282. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum aos donos dos prédios connantes. Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido. Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for de propriedade particular. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada. htm. Acesso em: 07 jan. 2024. Dispõe o art. 1.284 da codificação privada que “os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for de propriedade particular”. Eis uma das poucas exceções à regra pela qual o acessório segue o principal (princípio da gravitação jurídica). Isso porque o dono das mangas não é o dono da mangueira, mas sim o dono do terreno onde as mangas caíram (Tartuce, p.357). FIGURA 1 -DIREITO E DEVERES DOS VIZINHOS Disponível em: https://i.pinimg.com/564x/68/b3/ f1/68b3f11c4780f68ab3fd0b9abf5949f2.jpg. Acesso em: 06 jan. 2024. 20Aspectos Gerais de Direito Privado II 1.3 - Da passagem forçada - Art.1.285 CC Possibilita o direito ao proprietário que se encontrar sem acesso à via pública, mediante pagamento de indenização, sujeitar o vizinho a lhe fornecer passagem. FIGURA 2 - PASSAGEM FORÇADA Fonte: TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito das Coisas. v.4 . Grupo GEN, 2022. E-book. ISBN 9786559643486. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca. com.br/#/books/9786559643486/. Acesso em: 07 jan. 2024. Na figura, observamos que o imóvel A não possui acesso, encontra-se encravado, não tem saída para a rua. O imóvel B, considerado serviente, uma vez que por ele haverá passagem. Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso à via pública, nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente xado, se necessário. § 1 o Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem. § 2 o Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso à via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem. § 3 o Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação, existia passagem através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste constrangido, depois, a dar uma outra. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada. htm. Acesso em: 07 jan. 2024. 1.4 - Da passagem de cabos e tubulações - arts.1.286 a 1.287 CC O proprietário é obrigado a permitir a passagem através de seu imóvel de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública. FIGURA 3 - PASSAGEMDE TUBULAÇÃO Fonte: TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito das Coisas. v.4 . Grupo GEN, 2022. E-book. ISBN 9786559643486. Disponível em: https://integrada. minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559643486/. Acesso em: 07 jan. 2024. A imagem demonstra que o imóvel A não possui como escoar as águas de seu prédio. Assim sendo, o imóvel B, serviente ou onerado, concederá a passagem das tubulações, até porque não é do interesse da coletividade que o esgoto fique represado no outro imóvel, o que causará um prejuízo ambiental. 21 1.5 - Das Águas- Arts. 1.288 a 1.296 CC Determina o art. 1.288 do CC, que o dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm naturalmente do superior, não podendo realizar obras que embaracem o seu fluxo. Isso justifica a instituição da passagem obrigatória de tubulações, nos termos do art. 1.296 do CC/2002. Ambos os artigos dispõem sobre o escoamento das águas. Art. 1.288. O dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm naturalmente do superior, não podendo realizar obras que embaracem o seu fuxo; porém a condição natural e anterior do prédioinferior não pode ser agravada por obras feitas pelo dono ou possuidor do prédio superior. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada. htm. Acesso em: 07 jan. 2024. Art. 1.296. Havendo no aqueduto águas supérfuas, outros poderão canalizá-las, para os ns previstos no art. 1.293, mediante pagamento de indenização aos proprietários prejudicados e ao dono do aqueduto, de importância equivalente às despesas que então seriam necessárias para a condução das águas até o ponto de derivação. Parágrafo único. Têm preferência os proprietários dos imóveis atravessados pelo aqueduto. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada. htm. Acesso em: 07 jan. 2024. 1.6 - Dos limites entre prédios e do direito de tapagem- Arts. 1.297 e 12.98 do CC Explica Pablo Gagliano que os dispositivos legais, consagramodireito de demarcar, limitar e, consequentemente, proteger a propriedade. Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu connante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovarmarcos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas. § 1o Os intervalos,muros, cercas eos tapumesdivisórios, tais comosebes vivas, cercas de arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem- se, até prova em contrário, pertencer a ambos os proprietários connantes, sendo estes obrigados, de conormidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, para as despesas de sua construção e conservação. § 2 o As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem de marco divisório, só podem ser cortadas, ou arrancadas, de comum acordo entre proprietários. § 3o A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de pequeno porte, ou para outro m, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas. Art. 1.298. Sendo confusos, os limites, em falta de outro meio, se determinarão de conformidade com a posse justa; e, não se achando ela provada, o terreno contestado se dividirá por partes iguais entre os prédios, ou, não sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles, mediante indenização ao outro. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/ l10406compilada.htm. Acesso em: 07 jan. 2024. 1.7 -Direito de construir- Arts.1.299 a 1.313 CC Encerra o capítulo referente ao direito de vizinhança expondo as faculdades referentes ao Direito de Construir. As limitações e responsabilidades prescritas no Art. 1.299 no qual: Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada. htm. Acesso em: 07 jan. 2024. Ministra Luiz Fernando do Vale Guilherme, embasado nos preceitos legais que o proprietário poderá construir o que quiser, respeitados os direitos dos vizinhos e os regulamentos administrativos. É, portanto, um direito limitado. Não poderá construir obra que deite águas diretamente no prédio vizinho. É proibido abrir janelas, terraço ou varanda a menos de 1,5 m do terreno vizinho. As janelas cuja visão não incida so- bre a linha divisória, bem como as perpendiculares, não po- derão ser abertas a menos de 75 cm. Portanto, permite-se a abertura de frestas para luz, desde que não sejam maiores de 10 cm de largura sobre 20 cm de comprimento, e a mais de 2 m de altura. Em zona rural, a permissão para se construir é de no mínimo 3 m do terreno vizinho. O condomínio, segundo Venosa, trata-se de uma modalidade de comunhão específica dos direitos das coisas. Para que exista condomínio, há necessidade de que o objeto do direito seja uma coisa; caso contrário, a comunhão será de outra natureza. 2 - Do condomínio FIGURA 4 - ESPÉCIES DE CONDOMÍNIO Fonte: Código Civil Brasileiro. Lei n° 10.406 de 10 de janeiro de 2002 (adaptada Mara Lima). 22Aspectos Gerais de Direito Privado II 2.1 - Condomínio Voluntário- art.1.314 a 1.322 CC De acordo com as lições de Rubens Limongi França, o condomínio “é a espécie de propriedade em que dois ou mais sujeitos são titulares, em comum, de uma coisa indivisa (pro indiviso), atribuindo-se a cada condômino uma parte ou fração ideal da mesma coisa” (França, p. 497,1996). Ou ainda, conforme Caio Mário da Silva Pereira, “dá-se condomínio, quando a mesma coisa pertence a mais de uma pessoa, cabendo a cada uma delas igual direito, idealmente, sobre todo e cada uma de suas partes” (Pereira, p. 151.2012). É o direito de propriedade que pode pertencer a vários sujeitos ao mesmo tempo, cada um possuindo uma parte ideal do todo. O condômino poderá defender a sua posse, reivindicando a coisa comum de terceiro. FIGURA 5 -DIREITOS E DEVERES DOS CONDÔMINOS Fonte: Gonçalves, 2024 (adaptada pela autora). Os arts. 1.314 a 1.322 do CC prevê o condomínio voluntário, trata-se da propriedade compartilhada entre duas ou mais pessoas sobre uma mesma coisa. Assim, sempre que duas ou mais pessoas se tornam co-proprietárias de uma mesma coisa, pro-divisa ou pro-indivisa, constitui-se um condomínio voluntário, explica o mestre Flávio Tartuce. A administração do Condomínio voluntário encontra-se prevista nos arts. 1.323 a 1.326 CC, os quais definem que a administração pode ser realizada por um administrador eleito pela maioria ou através de escolha de administração realizada por estranho ao condomínio. Será deliberado também a forma de remuneração do administrador. As áreas comuns poderão ser usadas pelos condôminos, assim como poderá ser vendida ou alugada, conforme deliberação. 2.2 - Do condomínio necessário- art. 1.327 a 1.330 CC “No condomínio necessário, identificado como sendo o condomínio por meação de paredes, cercas, muros e valas” (art. 1.327 CC), estabelece o pagamento da metade do valor que um condômino faz ao outro para utilizar a parede, cerca, muro ou vala construídos, trata-se tão somente de uma indenização das despesas financiadas pelo outro com a finalidade de obstar o enriquecimento sem causa (art. 1.328 CC). Caso não haja acordo, o valor será fixado através de perícia em juízo (art. 1.329 CC). Enquanto o vizinho não realizar o pagamento ou depósito do valor “nenhum uso poderá fazer da parede, muro, vala, cerca ou qualquer outra obra divisória” (art. 1.330 CC). Admite-se qualquer tipo de divisão, de cimento, concreto, madeira, cerca viva etc. 2.3 - Do condomínio Edilício ou em Edificações - art.1331 e seguintes do CC O condomínio edilício, a seu turno, nada tem a ver com a existência de uma copropriedade. Ele diz respeito à existência individualizada de diversas unidades construídas sobre um mesmo terreno. As diversas unidades podem pertencer a um só dono, ou a vários. O condomínio edilício, portanto, prescinde de uma copropriedade, mas exige sempre a existência de mais de uma unidade construída sobre o mesmo solo, descreve (Costa, 2006, p. 66). Para Gustavo Tepedino, 2023, p. 170, trata-se da “relação jurídica de aproveitamento econômico de uma coisa móvel ou imóvel, repartida em unidades fixas de tempo, de modo que diversos titulares possam, cada qual a seu turno, utilizar-se da coisa com exclusividade e de maneira perpétua” No art.1.331 do CC encontram -se as características do condomínio edilício, uma vez que a simples construção de um edifício não o torna um condomínio, composto de áreas exclusivas e comuns. Ou seja: não o torna um condomínio por unidades autônomas. Ainda para ValestanMilhomem da Costa, a especificação dessas áreas nasce da instituição do condomínio (art. 1.332 CC), ato autônomo - prévio, concomitante ou posterior à edificação e que, via de regra, se presta a dar utilização individuada às unidades e a partilhar, entre os usuários das áreas privativas, a qualquer título, os bônus e ônus das áreas comuns. A instituiçãodo condomínio edilício dá-se por ato entre vivos ou testamento, devidamente registradonoCartório de Registro de Imóveis, conforme dispõe o art. 1.332 do CC. Obrigatoriamente, todo condomínio em edificações deve conter o ato de instituição, a Convenção do Condomínio no qual estipula direitos e deveres aos condôminos, devendo ser subscrita pelos titulares de no mínimo de dois terço das frações ideais. FIGURA 6 -DIREITOS E DEVERES DOS CONDÔMINOS EDILÍCIO (Horizontal ou vertical) Fonte: Gonçalves, 2024 (adaptada pela autora). 23 Dispõe o art. 1.337, caput, do CC/2002 que o condômino que não cumprir reiteradamente com os seus deveres perante o condomínio poderá, por deliberação de 3/4 dos condôminos restantes, ser constrangido a pagar multa de até o quíntuplo (cinco vezes) do valor atribuído à quota condominial, conforme a gravidade das faltas e a reiteração, independentemente das perdas e danos. De acordo com o parágrafo único do mesmo art. 1.337, o condômino ou o possuidor que, por seu reiterado comportamento antissocial, gerar incompatibilidade de convivência com os demais condôminos ou possuidores, poderá ser constrangido a pagar multa correspondente ao décuplo – dez vezes – do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, até ulterior deliberação da assembleia. Art. 1337. O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus deveres perante o condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminos restantes, ser constrangido a pagar multa correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, conforme a gravidade das faltas e a reiteração, independentemente das perdas e danos que se apurem. Parágrao único. O condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamento antissocial, gerar incompatibilidade de convivência com os demais condôminos ou possuidores, poderá ser constrangido a pagar multa correspondente ao décuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, até ulterior deliberação da assembleia. Art. 1.338. Resolvendo o condômino alugar área no abrigo para veículos, preerir-se-á, em condições iguais, qualquer dos condôminos a estranhos, e, entre todos, os possuidores. Art. 1.339. Os direitos de cada condômino às partes comuns são inseparáveis de sua propriedade exclusiva; são também inseparáveis das frações ideais correspondentes as unidades imobiliárias, com as suas partes acessórias. § 1o Nos casos deste artigo é proibido alienar ou gravar os bens em separado. § 2o É permitido ao condômino alienar parte acessória de sua unidade imobiliária a outro condômino, só podendo azê-lo a terceiro se essa faculdade constar do ato constitutivo do condomínio, e se a ela não se opuser a respectiva assembleia geral. Art. 1.340. As despesas relativas a partes comuns de uso exclusivo de um condômino, ou de alguns deles, incumbem a quem delas se serve. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada. htm. Acesso em: 07 jan. 2024. FIGURA 7 - VIZINHO Disponível em: https://i.pinimg.com/564x/40/a3/ c0/40a3c07ad34f8516913e2c79d9619403.jpg. Acesso em: 06 jan. 2024. 2.4 - Da administração do condomínio A administração trata-se de uma função realizada por um síndico, cujo mandato não pode exceder dois anos, permitida a reeleição. Não existe obrigatoriedade de ser condômino, ou seja, admitem-se os síndicos profissionais, remunerados para o exercício de suas atribuições. Art. 1.347. A assembleia escolherá um síndico, que poderá não ser condômino, para administrar o condomínio, por prazo não superior a dois anos, o qual poderá renovar-se. Art. 1.348. Compete ao síndico: I - convocar a assembleia dos condôminos; II - representar, ativa e passivamente, o condomínio, praticando, em juízo ou fora dele, os atos necessários à defesa dos interesses comuns; III - dar imediato conhecimento à assembleia da existência de procedimento judicial ou administrativo, de interesse do condomínio; IV - cumprir e fazer cumprir a convenção, o regimento interno e as determinações da assembleia; V - diligenciar a conservação e a guarda das partes comuns e zelar pela prestação dos serviços que interessem aos possuidores; VI - elaborar o orçamento da receita e da despesa relativa a cada ano; VII - cobrar dos condôminos as suas contribuições, bem como impor e cobrar as multas devidas; VIII - prestar contas à assembleia, anualmente e quando exigidas; IX - realizar o seguro da edicação. § 1o Poderá a assembleia investir outra pessoa, em lugar do síndico, em poderes de representação. § 2o Osíndicopode transferir a outrem, total ouparcialmente, ospoderes de representação ou as funções administrativas, mediante aprovação da assembléia, salvo disposição em contrário da convenção. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada. htm. Acesso em: 07 jan. 2024. A extinção do condomínio edilício possui duas formas previstas em lei: através da destruição total ou ameaça de ruína e pela desapropriação. FIGURA 8 -MEIOS DE EXTINÇÃODO CONDOMÍNIO EDILÍCIO Fonte: Código Civil Brasileiro. Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002 (adaptada pela autora). 2.5 - Da propriedade fiduciária Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel fungível que o devedor, com escopo de garantia transfere ao credor. Art.1.361 CC. Na alienação fiduciária em garantia dá-se a transferência do domínio do bem móvel ao credor (fiduciário), em garantia do pagamento, permanecendo o devedor (fiduciante) com a posse direta da coisa (Gonçalves, p. 185).