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48554.000445/2021-00 Ofício no 0069/2021-SRD/ANEEL Brasília, 26 de fevereiro de 2021. Aos Senhores integrantes da Lellis, Tanos, Santiago e Coutinho – Sociedade de Advogados Belo Horizonte – MG Assunto: Geração Distribuída – Divisão de Centrais Geradoras. Referência: Correspondência s/nº, de 05/01/2021 (Documento SIC nº 48513.000971/2021-00). Prezado Senhor, 1. Reportamo-nos ao documento em referência, que contesta a decisão da CEMIG-D em desligar as instalações 3014056287 e 3014093454 por entender que se enquadram na vedação descrita no § 3º do art. 4º na REN nº 482/2012. 2. Inicialmente, destaca-se que o conteúdo deste Ofício é restrito aos casos concretos nele tratados, não podendo ser genericamente utilizado em complemento à regulamentação vigente, ainda que em casos de presumida insuficiência de clareza normativa. 3. O § 3º do art. 4º na REN nº 482/2012 estabelece que “é vedada a divisão de central geradora em unidades de menor porte para se enquadrar nos limites de potência para microgeração ou minigeração distribuída, devendo a distribuidora identificar esses casos, solicitar a readequação da instalação e, caso não atendido, negar a adesão ao Sistema de Compensação de Energia Elétrica”. 4. No caso concreto encaminhado, existem três usinas de microgeração de 72 kW cada, de titularidades distintas, localizadas em terrenos contíguos. Em vistoria, a CEMIG alertou, por meio de Termo de Ocorrência e Inspeção, quanto ao possível enquadramento no § 3º do art. 4º na REN nº 482/2012 e orientou os clientes a “realizar nova solicitação de acesso, requerendo aumento da potência na usina já conectada, enquadrando-se como mini geração distribuída com conexão em média tensão, celebrando os devidos ajustes e complementos contratuais que se fizerem necessários.” 5. Ocorre que o projeto apresentado se constitui em três empreendimentos com potência instalada conjunta maior do que 75 kW, e o fato de as unidades consumidoras estarem sob titularidades diferentes não é suficiente para afastar a aplicação do § 3º do Art. 4º da REN nº 482/2012. 6. Da análise dos argumentados apresentados, conclui-se que a configuração atual é uma tentativa de evitar o pagamento da demanda que se aplica à minigeração distribuída. Com esse tipo de configuração, o empreendimento usufruiria dos ganhos de escala de uma usina de grande porte e utilizaria a rede de distribuição da mesma forma que um empreendimento de grande porte o faz, mas seria dispensado de contratar demanda e remunerar adequadamente a distribuidora pelo uso da rede. Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação EE7016BD005B1DCE Documento assinado digitalmente. 48554.000445/2021-00 P. 2 do OFÍCIO Nº 0069/2021- SRD/ANEEL, de 26/02/2021. RCS Assim, com a reserva para que sejam apresentadas informações adicionais que possam modificar a análise ora apresentada, conclui-se que o caso concreto se enquadra na vedação de que trata o art. 4º, §3 da REN nº 482/2012. 7. Por fim, é importante lembrar que as regras aplicáveis a micro e minigeração distribuída, incluindo a questão tratada no caso em tela, estão em debate com a sociedade por meio da Consulta Pública nº 25/2019. Atenciosamente, (Assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO CALIXTO MATTAR Superintendente de Regulação dos Serviços de Distribuição C/Cópia: Cemig Distribuição S.A. Documento assinado digitalmente por Carlos Alberto Calixto Mattar, em 01/03/2021 às 23:40 48554.000445/2021-00 17/03/2021 HtmlReceipt.htm R e c ib o R e g is t r a d o E v id é m c j a d a t r a n s a ç à o d e E m a il R e g is t r a d o . Este email de Recibo Registrado é prova inequívoca e verificável de sua transação de Email Registrado O detentor deste recibo possui prova de entrega, do conteúdo da mensagem e seus anexos, da hora oficial do envio, da recepção e da abertura da mesma. Dependendo dos serviços selecionados, o detentor pode também ter prova de transmissão encriptada e/ou assinatura eletrônica. Para autenticar este recibo, encaminhe este email com seu anexo para 'verify@r1 .rpost.net' Situação de Entrega Endereço Situação Detalhes Entregue em (UTC*) Entregue em (Horário de Brasília) Aberto em (Horário de Brasília) marcelotanos@ltscadvogados.com.br Entregue e Aberto HTTP-IP: 187.20.62.151 16/03/2021 04:01:25 PM (UTC) 16/03/2021 01:01:25 PM (UTC -03:00) 16/03/2021 01:41:02 PM (UTC -03:00) claricecoutinho@ltscadvogados.com.br Entregue e Aberto MUA+HTTP- IP:IPv6:2804:14c:101:8fae:856:aa:b2b6:25b8 16/03/2021 04:01:23 PM (UTC) 16/03/2021 01:01:23 PM (UTC -03:00) 16/03/2021 01:15:06 PM (UTC -03:00) *UTC representa Tempo Universal Coordenado - Hora ZULU: https://www.RMail.com/resources/coordinated-universal-time/ Envelope da Mensagem De: notificacao.SRD< notificacao.SRD@aneel.gov.br > Assunto: Ofício n° 0069/221 - SRD/ANEEL (LTSC ADVOGADOS) Para: <marcelotanos@ltscadvogados.com.br> <claricecoutinho@ltscadvogados.com.br> Cc: Cco: ID de Rede: <1615910459265.56718@aneel .gov. br> Recebido pelo Sistema RMail: 16/03/2021 04:01:07 PM (UTC) Código de Cliente: Estatísticas da Mensagem: Número de Rastreamento: 64F6BCE423EFB36DA3B3E90F4583D7FE5E767CCB Tamanho da Mensagem: 1462359 Funcionalidades Usadas: Tamanho do Arquivo: Nome do Arquivo: 1.0 MB Ofício n° 0069-2021 - SRD-ANEEL.pdf Trilha de Auditoria da Entrega 3/16/2021 4:01:15 PM starting ltscadvogados.com.br/{default} \n 3/16/2021 4:01:15 PM connecting from mta21.r1.rpost.net (O.O.O.O)to mx-vip-02.kinghost.net (191.6.216.39) \n 3/16/2021 4:01:15 PM connected from 192.168.10.11:48058\n 3/16/2021 4:01:15 PM » > 220- mx-node-09-farm16.kinghost.net ESMTP \n 3/16/2021 4:01:21 PM » > 220 mx-node-09-farm16.kinghost.net ESMTP \n 3/16/2021 4:01:21 PM « < EHLO mta21.r1.rpost.net \n 3/16/2021 4:01:21 PM » > 250-mx-node-09-farm16.kinghost.net \n 3/16/2021 4:01:21 PM » > 250-PIPELINING \n 3/16/2021 4:01:21 PM » > 250-SIZE 104857600 \n 3/16/2021 4:01:21 PM » > 250-ETRN \n 3/16/2021 4:01:21 PM » > 250-STARTTLS \n 3/16/2021 4:01:21 PM » > 250-ENHANCEDSTATUSCODES \n 3/16/2021 4:01:21 PM » > 250 8BITMIME \n 3/16/2021 4:01:21 PM « < STARTTLS \n 3/16/2021 4:01:21 PM » > 220 2.0.0 Ready to start TLS \n 3/16/2021 4:01:22 PM tls:TLSv1.2 connected with 256-bit ECDHE-RSA-AES256-GCM-SHA384 \n 3/16/2021 4:01:22 PM tls:Cert: /OU=Domain Control Validated/OU=EssentialSSL Wildcard/CN=*.kinghost.net; 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Immediately below you will find a list of the affected recipients; also attached is a Delivery Status Notification (DSN) report in standard format, as well as the headers of the original message. <marcelotanos@ltscadvogados.com.br> relayed to mailer mx-vip-02.kinghost.net (191.6.216.39) [IP Address: 187.20.62.151] [Time Opened: 3/16/2021 4:41:02 PM] [REMOTE_HOST: 187.20.62.151] [HTTPJHOST: open.r1.rpost.net] [SCRIPT_NAME:/open/images/Kenahsxf1 ide6IQeVXskXUP8ZHZB6QLK6BF9om6h.gif] HTTP_CONNECTION:keep-alive HTTP_ACCEPT:image/png,image/svg+xml,image/*;q=0.8,video/*;q=0.8,7*;q=0.5 HTTP_ACCEPT_ENCODING:gzip, deflate, br HTTP_ACCEPT_LANGUAGE:pt-br HTTP_HOST:open.M .rpost.net HTTP_USER_AGENT:Mozilla/5.0 (Macintosh; Intel Mac OS X 10_15_7) AppleWebKit/605.1.15 (KHTML, like Gecko) Connection: keep-alive Accept: image/png,image/svg+xml,image/*;q=0.8,video/*;q=0.8,7*;q=0.5 Accept-Encoding: gzip, deflate, br Accept-Language: pt-br Host: open.r1.rpost.net User-Agent: Mozilla/5.0 (Macintosh; Intel Mac OS X 10_15_7) AppleWebKit/605.1.15 (KHTML, like Gecko) /LM/W3SVC/5/ROOT 256 2048 C=US, S=VA, L=Herndon, 0=Network Solutions L.L.C., CN=Network Solutions OV Server CA 2 C=US, PostalCode=90045, S=California, L=Los Angeles, STREET=6033 W.Century Blvd, 0=RPost, OU=Network Operations, CN=*.r1 .rpost.net 0 CGI/1.1 on 256 2048 C=US, S=VA, L=Herndon, 0=Network Solutions L.L.C., CN=Network Solutions OV Server CA 2 C=US, PostalCode=90045, S=California, L=Los Angeles, STREET=6033 W.Century Blvd, 0=RPost, OU=Network Operations, CN=*.r1 .rpost.net 5 /LM/W3SVC/5 192.168.10.186 /open/images/Kenahsxfl ide6IQeVXskXUP8ZHZB6QLK6BF9om6h.gif 187.20.62.151 187.20.62.151 52285 GET /open/images/KenahsxÍF1 ide6IQeVXskXUP8ZHZB6QLK6BF9om6h.gif open.r1.rpost.net 443 1 HTTP/1.1 Microsoft-IIS/8.5 /open/images/Kenahsxfl ide6IQeVXskXUP8ZHZB6QLK6BF9om6h.gif keep-alive image/png,image/svg+xml,image/*;q=0.8,video/*;q=0.8,7*;q=0.5 gzip, deflate, br pt-br open.r1.rpost.net Mozilla/5.0 (Macintosh; Intel Mac OS X 10_15_7) AppleWebKit/605.1.15 (KHTML, like Gecko) De:postmaster@mta21 ,r1 .rpost.net:Hello, this is the mail server on mta21 ,r1 .rpost.net. I am sending you this message to inform you on the delivery status of a message you previously sent. Immediately below you will find a list of the affected recipients; also attached is a Delivery Status Notification (DSN) report in standard format, as well as the headers of the original message. <claricecoutinho@ltscadvogados.com.br> relayed to mailer mx-vip-01.kinghost.net (191.6.216.38) Sua mensagem Para: marcelotanos@ltscadvogados.com.br; claricecoutinho@ltscadvogados.com.br Assunto: Registrado: Ofício n° 0069/221 - SRD/ANEEL (LTSC ADVOGADOS) Enviada: 16/03/2021 13:00 foi lida em 16/03/2021 13:15. 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Um selo cronológico oficial. 2. Prova de que sua mensagem foi enviada e para quem foi enviada. 3. Prova de que sua mensagem foi enviada para seus destinatários ou seus agentes eletrônicos autorizados. 4. Prova do conteúdo de sua mensagem original e todos seus anexos. Nota: Por padrão, a RPost não retem uma cópia de seu email ou deste recibo, e você não deve confiar na informação acima até que o recibo seja verificado pelo sistema RMail. Guarde este email e seus anexos para seus registros. Termos gerais e condições disponíveis em Notificação leoal. Os serviços RMail são patenteados, usando tecnologias patenteadas RPost, incluindo as patentes US 8209389, 8224913, 8468199, 8161104, 8468198, 8504628, 7966372, 6182219, 6571334 e outras patentes listadas em Comunicações RPost. file:///C:/Users/edilene/AppData/Local/Temp/Temp1_Recibo Ofício_n°_0069_221_-_SRD_ANEEL_(LTSC_ADVOGADOS).zip/HtmlReceipt.htm2/3 48554.000531/2021-00 17/03/2021 HtmlReceipt.htm Para maiores informações sobre os seviços RMail®, visite www.RMail.com. Uma Tecnologia RPost® file:///C:/Users/edilene/AppData/Local/Temp/Temp1_Recibo Ofício_n°_0069_221_-_SRD_ANEEL_(LTSC_ADVOGADOS).zip/HtmlReceipt.htm 3/3 48554.000531/2021-00 17/03/2021 HtmlReceipt.htm R e c ib o R e g is t r a d o E v i d é m c j a d a t r a n s a ç à o d e E m a i l R e g i s t r a d o . Este email de Recibo Registrado é prova inequívoca e verificável de sua transação de Email Registrado O detentor deste recibo possui prova de entrega, do conteúdo da mensagem e seus anexos, da hora oficial do envio, da recepção e da abertura da mesma. Dependendo dos serviços selecionados, o detentor pode também ter prova de transmissão encriptada e/ou assinatura eletrônica. 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Um selo cronológico oficial. 2. Prova de que sua mensagem foi enviada e para quem foi enviada. 3. Prova de que sua mensagem foi enviada para seus destinatários ou seus agentes eletrônicos autorizados. 4. Prova do conteúdo de sua mensagem original e todos seus anexos. Nota: Por padrão, a RPost não retem uma cópia de seu email ou deste recibo, e você não deve confiar na informação acima até que o recibo seja verificado pelo sistema RMail. Guarde este email e seus anexos para seus registros. Termos gerais e condições disponíveis em Notificação leoal. Os serviços RMail são patenteados, usando tecnologias patenteadas RPost, incluindo as patentes US 8209389, 8224913, 8468199, 8161104, 8468198, 8504628, 7966372, 6182219, 6571334 e outras patentes listadas em Comunicações RPost. Para maiores informações sobre os seviços RMail®, visite www.RMail.com. Uma Tecnologia RPost® file:///C:/Users/edilene/AppData/Local/Temp/Temp1_Recibo Cópia_do_Ofício_n°_0069_2021_-_SRD_ANEEL_(CEMIG).zip/HtmlReceipt.htm 2/2 48554.000532/2021-00 1 Ao Ilmo. Sr. Carlos Alberto Calixto Mattar Superintendente de Regulação dos Serviços de Distribuição de Energia Elétrica - SRD Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL SGAN Quadra 603, Módulo J, CEP 70830-110 - Distrito Federal – DF ASSUNTO: Geração Distribuída – Divisão de Centrais Geradoras – Fixação de Critérios Objetivos por parte das Concessionárias Distribuição – Impossibilidade SOLAR8 SOLUÇÕES ENERGETICAS COMÉRCIO E LOCAÇÃO DE EQUIPAMENTOS LTDA., com sede na Rua 14, nº 659, Bairro Centro, Barretos / SP, CEP 14780-040, inscrita no CNPJ/ME sob o nº 23.576.919/0001-23, endereço eletrônico gabetta@solaroito.com.br; FIREFLY ENERGIA SOLAR PARTICIPAÇÕES S.A, com sede na Rua Cirilo Barbosa, nº 240, Bairro Centro, Janaúba / MG, CEP 39442-014, inscrita no CNPJ/ME sob o nº 34.536.012/0001-57, endereço eletrônico gabetta@solaroito.com.br; SOLAR8 FIREFLY ENERGIA SOLAR PARTICIPAÇÕES S.A, com sede na Rua Cirilo Barbosa, nº 240, Bairro Centro, Janaúba / MG, CEP 39442-014, inscrita no CNPJ/ME sob o nº 36.705.376/0001-49, endereço eletrônico gabetta@solaroito.com.br; CONSÓRCIO TUPÃ ENERGIAS RENOVÁVEIS, com sede na Rua P, nº 318, Bairro Barbosas, Janaúba / MG, CEP 39440-597, Janaúbas / MG, inscrita no CNPJ/ME sob o nº 33.922.988/0001-03,endereço eletrônico gabetta@solaroito.com.br, neste ato representado nos termos dos seus atos constitutivos e por sua Consorciada Líder REAL FOOD COMERCIO DE ALIMENTOS LTDA-ME, com sede na Rua Francisco Pereira, nº 31, Loja 01, Bairro Varginha, Itajubá / MG, CEP 37501-054, inscrita no CNPJ nº 22.128.899/0001/65; CONSÓRCIO GUARACI ENERGIAS RENOVÁVEIS, com sede na Rua P, nº 298, Bairro Barbosas, CEP 39440-597, Janaúbas / MG, inscrita no CNPJ/ME sob o nº 33.923.337/0001-20, endereço eletrônico gabetta@solaroito.com.br, neste ato representado nos termos dos seus atos constitutivos e por sua Consorciada Líder GELATERIA ITALIANA ITAJUBA LTDA-ME, com sede na Rua Coronel Rennó, nº 258, Sala 01, e nº 260, Sala 02, Bairro Centro, Itajubá / MG, CEP 37500- 015, inscrita no CNPJ/ME sob o nº 32.682.719/0001-46; e CONSÓRCIO SOLAR JANAÚBA GERAÇÃO DE ENERGIA, com sede na Rua José Mendes Nogueira, nº 278, Setor 13, Bairro Barbosas, Janaúbas / MG, CEP 39440-000, inscrita no CNPJ/ME sob o nº 29.359.539/0001-13, endereço eletrônico gabetta@solaroito.com.br, neste ato representado nos termos dos seus atos constitutivos e por seu Líder JOSE JACINTHO SOBRINHO, brasileiro, casado no regime de Comunhão Parcial de Bens, portador do CPF nº 271.456.358- 95 e do RG nº 293058271/SSP-SP, residente e domiciliado na Praça Francisco Barreto, n º 235, Apto. 82, Bairro Centro, Barretos / SP, CEP 14780-059, vêm, respeitosamente, por seus Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 2 representantes legais ao final assinados, nos termos do arts. 5º e 6º da Lei nº 9.784/1999, apresentar REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO perante a SUPERINTENDÊNCIA DE REGULAÇÃO DOS SERVIÇOS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA – SRD DA AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL com vistas a (i) declarar a ilegitimidade dos critérios objetivos determinados pela CEMIG DISTRIBUIÇÃO S.A. por intermédio dos Pareceres Normativos JE/DE nº 033/2019, nº 033-A/2019 e nº 036/2019, relativamente à aplicação da vedação contida no § 3º do art. 4º da Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012, bem como (ii) cancelar as ilegítimas desconexões das unidades microgeradoras Janaúba 2 (IN 3014056287) e Janaúba 3 (IN 3014093454), com o consequente restabelecimento das conexões. I – BREVE SÍNTESE DOS FATOS 1.1 Em 17 de abril de 2012, a Resolução Normativa ANEEL nº 482 criou o Sistema de Compensação de Energia Elétrica, aplicável a unidades consumidoras com micro ou minigeração distribuída, salientando que, em 24 de novembro de 2015, por meio da Resolução Normativa ANEEL nº 687, as regras aplicáveis à micro e minigeração distribuída foram aprimoradas, oportunidade em que fora inserida a vedação constante do § 3º do art. 4º, senão vejamos: Art. 4º - (...) § 3º É vedada a divisão de central geradora em unidades de menor porte para se enquadrar nos limites de potência para microgeração ou minigeração distribuída, devendo a distribuidora identificar esses casos, solicitar a readequação da instalação e, caso não atendido, negar a adesão ao Sistema de Compensação de Energia Elétrica. (Incluído pela REN ANEEL 687, de 24.11.2015.) (grifos nossos) 1.2 É importante destacar que, nos termos da Nota Técnica nº 0096/2015- SRD/ANEEL 1 , de 04 de novembro de 2015, que subsidiou a publicação da REN nº 687/2015, o objetivo da supracitada vedação consiste em evitar que usinas de médio e grande porte, que estariam sujeitas à outorga da Agência como Produtor Independente ou Autoprodutor de 1 Item 69, pág. 12, da Nota Técnica nº 0096/2015-SRD/ANEEL. Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 3 energia elétrica, nos termos da legislação e da regulamentação setorial, sejam divididas em diversas usinas dentro dos limites da REN n° 482/2012, com a separação da medição, com o objetivo de usufruir dos requisitos simplificados de conexão e da compensação da energia em unidades consumidoras distribuídas ao longo da área de concessão, o que distorce o conceito adotado na Resolução. 1.3 Observado o Processo nº 48500.004924/2010-51, que tem por objeto a obtenção de subsídios e informações adicionais para aperfeiçoamento das regras da Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012, verifica-se que a supracitada vedação fora inserida sem a criação dos correspondentes critérios objetivos para sua correspondente verificação e aplicação. 1.4 No voto proferido pelo Diretor Relator Tiago de Barros Correia, em 24 de novembro de 2015, favorável à aprovação da minuta final da REN nº 687/2015, essa Agência Reguladora se resumiu a aduzir, no que tange à divisão de central geradora, que a norma fora editada com vistas a reduzir barreiras para a geração de pequeno porte: “Adicionalmente, algumas contribuições sugeriram a tentativa de violar os limites de potência instalada estabelecidos na norma. Tendo em vista que a norma foi construída com o intuito de reduzir barreiras para a geração distribuída de pequeno porte – devido aos benefícios que a geração próxima a cargas pode trazer para as redes – veda-se também a partição de uma central geradora de grande porte em diversos micro ou minigeradores distribuídos.” (item 20) (grifos nossos) 1.5 Na ocasião da publicação da REN nº 687/2015, a regra de compensação da energia gerada foi rediscutida e restou estabelecido que, até o final de 2020, a norma seria revista com foco no aspecto econômico, o que se encontra em trâmite por intermédio da Consulta Pública nº 025/2019 que tem por objetivo a obtenção de subsídios e informações adicionais para a elaboração da minuta final de texto – resultado da Audiência Pública nº 001/2019. 1.6 Isso posto, destaca-se que as REQUERENTES são titulares, respectivamente, de três unidades microgeradoras fotovoltaicas de 72 kW (setenta e dois quilowatts) cada, quais sejam, Janaúba 1 (IN3013454970), Janaúba 2 (IN 3014056287) e Janaúba 3 (IN 3014093454), todas situadas no Município de Janaúba / MG (doc. 02). 1.7 Conforme certidões emitidas pela Prefeitura Municipal de Janaúba (doc. 03), bem como observado o croqui da respectiva área (doc. 04), denota-se que as citadas microgeradoras se revelam totalmente distintas, não havendo qualquer comunhão de área ou de identidade acera da propriedade e titularidade dos empreendimentos em tela! Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 4 1.8 Há que se ressaltar que, até mesmo a REQUERIDA, reconhecendo expressamente a inexistência de qualquer irregularidade ou descumprimento da regulamentação setorial por parte das REQUERENTES, concluiu os respectivos procedimentos de conexão das microgeradoras Janaúba 1, 2 e 3 ao sistema de distribuição de energia elétrica, com a correspondente energização dos empreendimentos. 1.9 Em que pese a situação fática se revelar clarividente, bem como a efetivação e conclusão das pretendidas conexões, as REQUERENTES foram surpreendidas com o recebimento dos Termos de Ocorrência e Inspeção nº 013045/17, nº 013046/17 e nº 013047/17 (doc. 05), por meio dos quais a REQUERIDA concluiu que a implementação das microgeradoras em tela viola a vedação constante do § 3º do art. 4º da REN nº 482/2012. 1.10 Reitera-se que a REQUERIDA apontou tal “óbice” apenas quando as unidades microgeradoras das REQUERENTES já se encontravam conectadas e energizadas, ou seja, os respectivos Pareceres de Acesso (doc. 02) foram emitidos semqualquer ressalva e os empreendimentos encontram-se plenamente instalados nas exatas coordenadas apontadas nos correspondentes pareceres. 1.11 Ora. Permitir tal conduta por parte da REQUERIDA significa impor aos acessantes – que já investiram na modalidade de geração distribuída, como no caso dos REQUERENTES – nítida e relevante insegurança jurídica. Vale destacar que essa Agência Reguladora, ao analisar pleito semelhante ao das REQUERENTES, conforme se verificará adiante, concluiu que os procedimentos ora adotados pela REQUERIDA extrapolam o disposto na REN nº 482/2012! 1.12 Justamente com vistas a equacionar o equívoco incorrido pela REQUERIDA, denota-se que as REQUERENTES apresentaram contestação em face dos aludidos Termos de Ocorrência e Inspeção (doc. 06), bem como diversas justificativas e fundamentos para a aludida concessionária durante as reiteradas tratativas realizadas (doc. 07), no entanto, esta manteve o entendimento anteriormente exarado (doc. 08) e promoveu – equivocadamente – a desconexão das microgeradoras Janaúba 2 e 3 do sistema de distribuição local, senão vejamos: “Desta forma, as usinas referentes às instalações 3014056287 e 3014093454 foram desconectadas em 21/08/2020. Mantivemos conectada a usina da instalação 3013454970 e orientamos para adequação, caso seja do interesse: • Realizar nova solicitação de acesso, requerendo aumento da potência na usina já conectada, enquadrando-se como minigeração distribuída com conexão em média tensão, celebrando os devidos ajustes e complementos contratuais que se fizerem necessários.” (grifos nossos) Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 5 1.13 Feitas as devidas considerações acerca do tema, frisa-se, desde já, que o presente Requerimento Administrativo tem por objeto afastar, em caráter cautelar e, posteriormente, definitivo, a aplicação dos critérios objetivos determinados pela REQUERIDA por intermédio dos Pareceres Normativos JE/DE nº 033/2019, nº 033-A/2019 e nº 036/2019 (doc. 09), relativamente à aplicação da vedação contida no § 3º do art. 4º da Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012, bem como cancelar as ilegítimas desconexões das unidades microgeradoras Janaúba 2 (IN 3014056287) e Janaúba 3 (IN 3014093454), com o consequente restabelecimento das conexões ao sistema de distribuição local. II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 2.1 Previamente à demonstração dos fundamentos legais que evidenciam a ilegalidade e abusividade dos critérios objetivos fixados pela REQUERIDA para fins de verificação e aplicação da vedação disposta no § 3º do art. 4º da REN nº 482/2012 e justificam a necessidade de concessão de efeito suspensivo para sobrestar os procedimentos adotados pela aludida concessionária de distribuição até que a regulamentação seja complementada por essa Agência Reguladora, se fazem necessárias explicações preliminares com vistas a evidenciar que a REN nº 482/2019, bem como a minuta de texto resultado da Audiência Pública nº 001/2019 e objeto da Consulta Pública nº 025/2019, não legitimam os procedimentos adotados pela REQUERIDA e ora rechaçados. II.1 – DA INEXISTÊNCIA DE CRITÉRIOS OBJETIVOS ESTABELECIDOS PELA AGÊNCIA REGULADORA – CONSULTA PÚBLICA Nº 10/2018 E SEGUNDA FASE DA AUDIÊNCIA PÚBLICA Nº 001/2019 SÃO OMISSAS QUANTO AO TEMA 2.1.1 Reportando à atividade nº 50 da Agenda Regulatória dessa ANEEL para o biênio 2018-2019, bem como à Nota Técnica n° 0062/2018- SRD/SCG/SRM/SGT/SRG/SMA/ANEEL, de 25 de maio de 2018, que recomendou a instauração da Consulta Pública nº 10/2018 com o intuito de colher subsídios para elaboração do Relatório de Análise de Impacto Regulatório (AIR) acerca do aprimoramento das disposições relacionadas à micro e minigeração distribuída, tem-se que a vedação ora referendada não fora objeto de regulação. Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 6 2.1.2 Nessa oportunidade, denota-se que algumas distribuidoras pugnaram pela criação, por parte dessa Agência Reguladora, de critérios objetivos para verificação e aplicação da vedação constante do § 3º do art. 4º da REN nº 482/2012, apontando a necessidade de a correspondente norma elencar critérios de identificação das tentativas de divisão, de forma taxativa (item 94 da Nota Técnica n° 0062/2018-SRD/SCG/SRM/SGT/SRG/SMA/ANEEL). 2.1.3 Nesse sentido se deu a contribuição da Enel, conforme se verifica na Nota Técnica n° 0108/2018-SRD/SCG/SMA/ANEEL, de 06 de dezembro de 2018, que teve por objeto a análise das contribuições da Consulta Pública n° 10/2018 e proposta de abertura da primeira fase da Audiência Pública nº 001/2019: “Atualmente não existe um procedimento padrão ou forma prática de identificar a tentativa de divisão de centrais geradoras para formar outras de menor porte para enquadramento nos limites de potência para micro ou minigeração distribuída, conforme descrito no item 6.1 do perguntas e respostas de Geração Distribuída da ANEEL de 25/05/2017. ‘Posso dividir uma central gerada para formar outras de menor porte e fazer jus ao Sistema de Compensação de Energia Elétrica? Não. O art. 4º, §3º da Resolução Normativa nº 482/12 veda explicitamente a divisão de central geradora em unidades de menor porte para se enquadrar nos limites de potência para micro ou minigeração distribuída, devendo a distribuidora identificar esses casos, solicitar a readequação da instalação e, caso não atendido, negar a adesão ao Sistema de Compensação de Energia Elétrica. Nesses termos, a norma veda a divisão de uma central geradora em centrais de menor porte que resulte em: a) alteração do enquadramento como minigeração distribuída para o enquadramento como microgerações distribuídas; ou b) alteração de uma condição de não enquadramento para uma condição de enquadramento na Resolução Normativa n° 482/2012. Destacamos que a identificação dessas tentativas de divisão de central geradora deve ser realizada pela distribuidora e não se limita à verificação da titularidade das unidades ou da contiguidade das áreas nas quais as centrais de geração se localizam. Ou seja, é vedada a divisão de uma central geradora em centrais de menor porte por meio físico (por cercas, ruas, etc.), ainda que de titulares diferentes, quando essa divisão resulta em alteração de enquadramento.’ As concessionárias encontram dificuldades para qualificar a tentativa de divisão de centrais de geração em unidades menores por não existir uma regra que trate especificamente deste tema e que indique como isso poderia ser identificado. O estabelecimento de regras bem definidas pela ANEEL pode dar respaldo e segurança para as distribuidoras quanto a identificação e tratativa para possível interrupção do processo de adesão ao sistema de compensação.” (item 707) (grifos nossos) 2.1.4 Em complemento à contribuição da Enel, a Coprel ressaltou, no que tange à ausência de critérios objetivos referentes à vedação em tela, que “diante da negativa de Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 7 conexão de alguns sistemas por parte da Distribuidora, este assunto será judicializado (...)” (item 703 da Nota Técnica n° 0108/2018-SRD/SCG/SMA/ANEEL). 2.1.5 Uma vez ressaltada, pelos próprios agentes do setor elétrico, a necessidade de uma regra que trate especificamente sobre a vedação disposta no § 3º do art. 4º da REN nº 482/2012, permitindo sua identificação e aplicação,no Relatório de AIR n° 0004/2018- SRD/SCG/SMA/ANEEL, de 06 de dezembro de 2018 2 , apesar de reconhecer a relevância do tema, essa Agência Reguladora, com o objetivo de manter o foco no ponto principal (modelo econômico da GD), asseverou que outros aspectos, tais como a vedação à divisão e as definições (como, por exemplo, a necessidade de criação de consórcio ou cooperativa) seriam discutidos na Audiência Pública de texto. 2.1.6 No entanto, com a publicação da Nota Técnica nº 0078/2019- SRD/SGT/SRM/SRG/SCG/SMA ANEEL, de 07 de outubro de 2019, que analisou as contribuições à Audiência Pública nº 001/2019 e propôs a abertura da Consulta Pública n° 25/2019 (segunda fase da Audiência Pública nº 001/2019), com vistas à elaboração da minuta de texto à REN n° 482/2012, verifica-se a recomendação de manutenção do texto em vigor, senão vejamos: “(...) a variedade de formas de tentativa de divisão imputa muitas dificuldades no estabelecimento de regras objetivas que busquem evitar esse tipo de estratégia. Dessa forma, optou-se por manter na minuta da norma o texto vigente, sendo a análise feita a cada caso concreto, com a distribuidora desempenhando o papel de identificar os casos que vão contra os preceitos da REN nº 482/2012. (item 77) (grifos nossos) 2.1.7 Ainda acerca da necessidade de regulamentação expressa sobre o tema ora referendado, vale destacar o entendimento exarado pelo Ministério Público Federal em sua recente Recomendação nº 02, de 25 de novembro de 2019, no sentido de que cabe à Agência Reguladora regulamentar as atividades setoriais com o caráter de simplicidade, evitando- se potenciais conflitos e assegurando pleno acesso aos serviços de energia elétrica: “CONSIDERANDO que a execução de atividades finalísticas da ANEEL deve pautar-se pelas diretrizes de prevenção de potenciais conflitos (Decreto nº 2.335/97, art. 3º, inciso I), regulação e fiscalização realizadas com o caráter de simplicidade e pautadas na livre concorrência entre os agentes, no atendimento às necessidades dos consumidores e no pleno acesso aos serviços de energia elétrica (inciso II), adoção de critérios que evitem práticas anticompetitivas e de impedimento ao livre acesso aos sistemas elétricos (inciso III), e mesmo deve incentivar o combate ao desperdício de energia no que diz respeito a todas as formas de produção, transmissão, distribuição, comercialização e uso da energia elétrica (inciso IX do art. 4º); (...)” (grifos nossos) 2 Anexo à Nota Técnica n° 0108/2018-SRD/SCG/SMA/ANEEL. Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 8 2.1.8 Desta feita, restando evidenciada a relevância do tema e a ausência de critérios objetivos previa e expressamente definidos pelo Poder Concedente, passa-se a demonstrar os critérios e procedimentos constantes dos Pareceres Normativos JE/DE nº 033/2019, nº 033- A/2019 e nº 036/2019 (doc. 09), emitidos pela REQUERIDA, bem como os fundamentos legais que demonstram a ilegalidade e abusividade das desconexões das unidades microgeradoras Janaúba 2 (IN 3014056287) e Janaúba 3 (IN 3014093454), o que torna imprescindível a concessão dos pedidos formulados no presente Requerimento Administrativo. II.2 – DOS CRITÉRIOS OBJETIVOS E PROCEDIMENTOS ESTABELECIDOS POR MEIO DOS PARECERES JURÍDICOS DA REQUERIDA 2.2.1 Reitera-se, ab initio, que a vedação constante do disposta no § 3º do art. 4º da REN nº 482/2012 já prevê a atuação das distribuidoras de forma discricionária, ao estabelecer que cabe a ela, concessionária, identificar os casos em que possa ocorrer tal divisão, oportunidade em que solicitará a readequação da instalação e, caso não atendido, deverá negar a adesão ao Sistema de Compensação de Energia Elétrica. 2.2.2 Na mesma linha de discricionariedade é a interpretação dada ao §3º do art. 4º da Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012, a teor da manifestação da SRD no Ofício Circular nº 0010/2017-SRD/ANEEL, que amplia as hipóteses para verificação pela concessionária de tentativa de divisão de central geradora. Isso porque a Agência Reguladora, ao ponderar que as distribuidoras devem realizar apuração detalhada, exarou entendimento no sentido de que tais análises não se limitam à verificação da titularidade das unidades ou da contiguidade das áreas nas quais as centrais de geração se localizam, no entanto, não fixou critérios objetivos para tanto. 2.2.3 Diante de tal impasse, visando estabelecer critérios objetivos para minimizar as dúvidas que pairam sobre o conceito de divisão de central geradora, denota-se que a Cemig Distribuição S.A., por intermédio do recente Parecer Normativo JE/DE nº 033, de 19 de novembro de 2019, estabeleceu critérios objetivos para verificação e aplicação da vedação ora debatida, ressaltando que o referido Parecer tem por objetivo orientar os órgãos da Companhia com vistas a uniformizar seu entendimento sobre a conformidade dos pedidos de acesso à citada vedação regulatória. 2.2.4 Em suma, a aludida distribuidora elencou dois critérios objetivos – (i) cotas de potência para cada empreendedor (ou seu grupo de interesse comum) por Município e Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 9 Municípios limítrofes e (ii) desmembramento de glebas – e segregou sua análise em três etapas. 2.2.5 Na primeira etapa, a distribuidora avalia se as solicitações de acesso com coordenadas geográficas dentro do mesmo Município ou em Municípios limítrofes ultrapassam o limite de potência para microgeração ou minigeração distribuída em áreas contíguas de mesma titularidade ou de titularidades diferentes, desde que pertencentes a parceiros de grupos de interesse comum. Sob esse aspecto, frisa-se que a distribuidora define, no item 25 do Parecer Normativo JE/DE nº 033/2019, o conceito de grupos de interesse comum como “pessoa física ou jurídica que seja sócia ou associada direta de empreendimentos de GD em comum dentro do mesmo município ou municípios limítrofes”. 2.2.6 Salientando que o citado Parecer considera como contíguas apenas aquelas áreas que estão em contato, separadas apenas por uma linha divisória, conclui-se que, caso exista uma matrícula entre duas áreas nas quais houve solicitação de acesso, tais áreas não são consideradas contíguas. Lado outro, ainda que se trate de áreas contíguas, desde que não se extrapole o limite de potência da microgeração ou minigeração atualmente previstas em regulamento, também não se aplica a vedação prevista no § 3° do art. 4° da REN nº 482/2019. 2.2.7 No que tange à segunda etapa, caso não sejam consideradas áreas contíguas, a distribuidora verificará a ocorrência de desmembramento de glebas em terrenos menores, nos quais há mais de uma solicitação de acesso do mesmo solicitante (mesmo CPF ou CNPJ) ou daqueles pertencentes a grupos de interesse comum que ultrapassam o limite de potência para microgeração ou minigeração distribuída. 2.2.8 Para tanto, resta evidenciado, por meio do citado Parecer, que a distribuidora solicitará informações – Cadastro Ambiental Rural (CAR) – com vistas a realizar o levantamento da gleba maior para avaliar a cadeia dominial no registro de imóveis, tudo com vistas a verificar se a gleba maior fora desmembrada em terrenos menores, contíguos ou não, que tenham sido arrendados ou adquiridos pelo mesmo proprietário ou proprietários pertencentes a grupos de interesse comum. Em caso afirmativo, caso a soma dos pedidos de acesso ultrapasse a potência limite para microgeração ou minigeração, a distribuidora solicitaráa readequação da instalação e, caso não atendido, deverá negar a adesão ao Sistema de Compensação de Energia Elétrica. 2.2.9 As etapas 1 e 2 restam resumidas no Parecer Normativo JE/DE nº 033/2019 da seguinte forma: Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 10 2.2.10 Em uma terceira etapa, a ser realizada em paralelo às etapas 1 e 2, a distribuidora realiza análise comparativa entre novos acessos e anteriores solicitações já formalizadas por meio da assinatura de pareceres de acesso válidos e/ou Contratos de Uso do Sistema de Distribuição (CUSDs) e de Compra de Energia Regulada (CCERs). Nessa oportunidade, a distribuidora se valerá dos critérios objetivos estabelecidos nas etapas 1 e 2 para fins de verificação e aplicação da vedação disposta no § 3° do art. 4° da REN nº 482/2019 e, caso a soma dos acessos ultrapasse a potência limite para microgeração ou minigeração, a distribuidora solicitará a readequação da instalação e, caso não atendido, deverá negar a adesão ao Sistema de Compensação de Energia Elétrica. 2.2.11 Em relação à terceira etapa, deve-se ressaltar, desde já, o caráter retroativo inerente à análise a ser realizada pela distribuidora em tela, o que merece ser afastado por essa Agência Reguladora diante de clara afronta ao princípio da segurança jurídica. Isso posto, de forma a facilitar a compreensão dos fundamentos ora apresentados pelas REQUERENTES, passa-se a demonstrar as inconsistência e ilegitimidades dos critérios elencados por intermédio do Parecer Normativo JE/DE nº 033/2019. 2.2.12 Cabe esclarecer que o superveniente Parecer JE/DE nº 033-A/2019 mantém integralmente as disposições contidas no Parecer Jurídico JE/DE nº 033/2019, cuidando apenas de esclarecer com maiores detalhes e definições os mesmos critérios anteriormente estabelecidos pela referida Distribuidora. Em igual sentido, o Parecer JE/DE nº 036/2019 busca legitimar a aplicação dos mesmos critérios já estabelecidos, cuidando apenas de ressaltar que a aplicação dos critérios retroagirá aos Pareceres de Acesso, CUSDs e CCERs emitidos / pactuados após 19/11/2019. Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 11 II.2.1 – Da Etapa 1 - Cotas de Potência 2.2.1.1 Ao se avaliar se as solicitações de acesso com coordenadas geográficas dentro do mesmo Município ou em Municípios limítrofes ultrapassam o limite de potência para microgeração ou minigeração distribuída em áreas contíguas, ou não, de mesma titularidade ou de titularidades diferentes, desde que pertencentes a parceiros de grupos de interesse comum, a distribuidora acaba por criar cotas de potência limitadas geograficamente. 2.2.1.2 Observado os Pareceres Normativos da REQUERIDA, denota-se que estes fazem referência a solicitações de acesso “no mesmo Município ou em Municípios limítrofes”; define grupos de interesse comum como “pessoa física ou jurídica que seja sócia ou associada de empreendimentos de GD dentro do mesmo Município ou Municípios limítrofes”; e prevê que, conjuntamente às etapas 1 e 2, na terceira etapa é realizada análise comparativa entre novos acessos e anteriores solicitações já formalizadas “em um mesmo Município”. 2.2.1.3 Em síntese, percebe-se que a distribuidora está criando uma espécie de cotas de potência para cada empreendedor (ou seu grupo de interesse comum) por Município e Municípios limítrofes, atingindo empreendedores que realizaram investimentos altíssimos em geração distribuída e, consequentemente, o próprio desenvolvimento do Estado de Minas Gerais, líder em empreendimentos nesse segmento devido às suas características geográficas e incentivos tributários. 2.2.1.4 Insta registrar que tal critério não encontra embasamento na regulação afeta ao setor, em especial, na REN nº 482/2012 ou nos variados documentos que lastreiam o Processo Administrativo nº 48500.004924/2010-51, que tem por objeto a obtenção de subsídios e informações adicionais para aperfeiçoamento das regras do Sistema de Compensação de Energia Elétrica, razão pela qual tal critério não merece prosperar. 2.2.1.5 Há que se ressaltar que a prevalência de tal critério, fatalmente, conduzirá o órgão técnico da respectiva distribuidora a uma interpretação equivocada da vedação prevista no § 3º do art. 4º da REN nº 482/2012, valendo-se de uma premissa estabelecida em cotas de potência por Município ou Municípios limítrofes, haja vista que os Pareceres Normativos emitidos pela REQUERIDA têm a finalidade de uniformizar o entendimento dos órgãos da distribuidora sobre a conformidade dos pedidos de acesso à citada vedação regulatória. 2.2.1.6 Em igual sentido, não há previsão expressa na REN nº 482/2012 ou nos documentos que figuram nos autos do Processo Administrativo nº 48500.004924/2010-51 que legitimem a aplicação desse ilegítimo critério de cotas de forma a abranger grupos de interesse comum. Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 12 2.2.1.7 Reportando à recente Recomendação nº 02/2019 do Ministério Público Federal, ressalta-se a insegurança jurídica vivenciada pelos empreendedores e consumidores que já investiram na modalidade de geração distribuída, como no caso das REQUERENTES, haja vista que mudanças bruscas e repentinas do regulamento inviabiliza planejamentos seguros, desacelerando significativamente a ampliação dessa alternativa de geração 3 . 2.2.1.8 Até mesmo por óbvias razões técnicas (otimização de radiação solar) e financeiras (associação de empresas de interesse comum para compartilhamento de custos), as REQUERENTES possuem projetos situados em um mesmo Município, que se “enquadram” no conceito de grupos de interesse comum definidos pelos Pareceres Normativos da REQUERIDA, os quais se encontram severamente prejudicados com a superveniência do critério ora rechaçado! 2.2.1.9 Ademais, no que se refere aos aspectos técnicos, insta ressaltar que, por capacidade técnica própria e com preferência para o norte do Estado de Minas Gerais devido à excelente radiação solar, os empreendedores identificam subestações e alimentadores aptos a conectarem suas usinas, adquirem e/ou assumem a posse da área e obtêm os correspondentes pareceres de acesso junto à distribuidora local, tudo isso em um processo de livre concorrência envolvendo diversos empreendedores, inclusive empresas do Grupo CEMIG. 2.2.1.10 Nesse contexto, é imprescindível levar em consideração a natureza física das Usinas Solares Fotovoltaicas (UFVs), que consiste em agrupamento de placas fotovoltaicas com média de potência de 0,35 kWp até se chegar na potência total do empreendimento (1.000 kWp ou 5.000 kWp). Justamente em decorrência da natureza física e da capacidade de modulação das UFVs, acaba-se tendo o entendimento errôneo da tentativa de divisão de usinas maiores para enquadramento como Mini geração conforme figuras abaixo: 3 “CONSIDERANDO que a nova normatividade proposta desacelerará significativamente a ampliação deste mercado, trazendo insegurança e prejuízo às empresas e consumidores que já investiram nesta alternativa; na verdade, pela importância da ANEEL e seus marcos regulatórios, o mercado específico já se ressente da necessária segurança jurídica, não permitindo planejamento seguro em face de anunciadas possíveis mudanças, mesmo com efeitos sobre quem já contratou, pois a indústria do setor, por exemplo,pautou-se na lógica dos 25 anos, tempo de vida útil presumida dos painéis solares, o que está a revelar que qualquer medida nova, de efeitos econômicos concretos, seja informada num planejamento de mais longo prazo, não ocorrente na presente Consulta Pública e suas alternativas; (...)” (grifos nossos) Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 13 2.2.1.11 Soma-se a isso o fato de que o que define a quantidade de usinas em uma mesma localidade é exatamente a capacidade do sistema elétrico dessa região, tratando-se de característica exclusiva das UFVs, uma vez que não se repete em outras fontes como por exemplo hidráulica, térmica e eólica, pois estas, além de dependerem do potencial energético pré-existente, devem dimensionar máquinas geradoras compatíveis com o respectivo potencial. 2.2.1.12 Ainda que já evidenciada a ausência de amparo regulatório e a manifesta ilegitimidade do critério objetivo relativo ao estabelecimento de cotas de potência para cada empreendedor (ou seu grupo de interesse comum) por Município e Municípios limítrofes, em se tratando do Estado de Minas Gerais, implica na validação de um critério desarrazoado e desproporcional, haja vista que, em média, cada Município possui 6 (seis) municípios limítrofes, senão vejamos: Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 14 2.2.1.13 Além da quantidade de municípios limítrofes, este critério se revela injusto e inaplicável sob todos os aspectos. O maior município em área territorial do Brasil é Altamira (PA), com 159.533,328 KM2 e o menor é Santa Cruz de Minas (MG), com 3,565 Km2. O primeiro é 43.000 vezes maior que o segundo. Comparando somente os municípios de Minas Gerais, o maior é João Pinheiro (10.727,09 Km2) e o menor Santa Cruz de Minas (3,565 Km2), um em relação ao outro são 3.000 vezes. A densidade demográfica do maior é 4,22 habitantes por Km2, sendo que o menor tem 2.206 habitantes/Km2). 2.2.1.14 Feitas as devidas considerações, diante da ausência de previsão expressa na REN nº 482/2012 ou nos documentos que figuram nos autos do Processo Administrativo nº 48500.004924/2010-51 que legitimem a aplicação do critério ora questionado, as REQUERENTES pugnam pela declaração de ilegitimidade dos critérios objetivos e procedimentos determinados pela REQUERIDA por intermédio dos Pareceres Normativos JE/DE nº 033/2019, nº 033-A/2019 e nº 036/2019 (doc. 09), relativamente à aplicação da vedação contida no § 3º do art. 4º da Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012, com o consequente cancelamento das ilegítimas desconexões das unidades microgeradoras Janaúba 2 (IN 3014056287) e Janaúba 3 (IN 3014093454). II.2.2 – Da Etapa 2 - Desmembramento de Gleba 2.2.2.1 Conforme se depreende da análise dos Pareceres Normativos da REQUERIDA, caso não sejam consideradas áreas contíguas, a distribuidora elegeu como critério objetivo a verificação de desmembramento de glebas em terrenos menores, nos quais há mais de uma solicitação de acesso do mesmo solicitante (mesmo CPF ou CNPJ) ou daqueles pertencentes a grupos de interesse comum que ultrapassam o limite de potência para microgeração ou minigeração distribuída, valendo-se, para tanto, do Cadastro Ambiental Rural (CAR). 2.2.2.2 A propósito das orientações exaradas pela ANEEL, a fim de se verificar se houve a intenção de divisão da central geradora, tem-se como premissa básica a análise da contiguidade de áreas e a verificação da titularidade. Urge salientar, contudo, que a existência de centrais geradoras em terrenos contíguos ou não, não implica, necessariamente, que ocorreu a divisão da área, mas sim, a escolha de locais próximos para a instalação de tais centrais, o que pode e deve ocorrer por configuração elétrica. 2.2.2.3 No que concerne aos aspectos legais, e em igual sentido ao primeiro critério objetivo rechaçado no presente requerimento (cotas por Município e Municípios limítrofes), não há previsão expressa na REN nº 482/2012 ou nos documentos que figuram nos autos Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 15 do Processo Administrativo nº 48500.004924/2010-51 que legitimem a aplicação desse ilegítimo critério de desmembramento de glebas, inclusive, de forma a abranger grupos de interesse comum para fins de análise por parte da distribuidora. 2.2.2.4 E é nesse sentido que se devem ser rechaçadas normas regulatórias em aberto, delegando às concessionárias o estabelecimento de critérios a serem aplicados, como in casu, para restringir o Sistema de Compensação de Energia Elétrica, o que, em última análise, se configura em negativa do livre acesso ao sistema de distribuição, previsto no § 6º do art. 15 da Lei nº 9.074/1995: “Art. 15. Respeitados os contratos de fornecimento vigentes, a prorrogação das atuais e as novas concessões serão feitas sem exclusividade de fornecimento de energia elétrica a consumidores com carga igual ou maior que 10.000 kW, atendidos em tensão igual ou superior a 69 kV, que podem optar por contratar seu fornecimento, no todo ou em parte, com produtor independente de energia elétrica. (...) § 6 o É assegurado aos fornecedores e respectivos consumidores livre acesso aos sistemas de distribuição e transmissão de concessionário e permissionário de serviço público, mediante ressarcimento do custo de transporte envolvido, calculado com base em critérios fixados pelo poder concedente.” (grifos nossos) 2.2.2.5 Torna-se imperioso destacar o entendimento manifestado pelo Ministério Público Federal em sua Recomendação nº 02/2019, no que tange à necessidade de rigorosa fiscalização, por parte dessa Agência Reguladora, quanto aos procedimentos adotados pelas concessionárias de distribuição relativamente ao acesso de microgeradores e minigeradores ao sistema de distribuição: “c) seja adotado um modelo eficiente de fiscalização e controle por parte da ANEEL das atividades de aprovação de projetos e conexão à rede pública junto às distribuidoras, no caso da Geração Distribuída, cuidando para que prazos sejam observados com rigor, barreiras técnicas não sejam opostas como forma de inviabilizar e/ou dificultar e/ou encarecer as ligações, permitindo que, no próprio Site da ANEEL (ou de entidades não ligadas/subsidiadas por distribuidoras), sejam protocoladas reclamações, sempre delas dando o devido tratamento a ANEEL, até a solução final do caso, impondo autos de infração, no caso de inobservância legal/regulamentar e aumento de penalidades em caso de recalcitrância; (...)” (grifos nossos) 2.2.2.6 Ou seja, com a aplicação de critérios diversos por cada concessionária, até mesmo sem se adentrar na legitimidade de cada exigência imposta, haverá uma diversificação de procedimentos por cada distribuidora, o que se torna mais complexo com a constatação da existência de mais de uma concessionária por estado da federação e, nesse passo, clara será a afronta ao princípio da isonomia – é importante destacar, ainda, que poderá haver a aplicação de critérios para evitar o desenvolvimento da geração distribuída. Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 16 2.2.2.7 Reiterando a ausência de critérios objetivos fixados pelo Poder Concedente, é imperioso destacar a definiçãode unidade consumidora contida no inciso LX do art. 2º da REN nº 414/2010, caracterizada pela medição individualizada e pelo recebimento de energia elétrica em apenas um ponto de entrega: “LXXXV – unidade consumidora: conjunto composto por instalações, ramal de entrada, equipamentos elétricos, condutores e acessórios, incluída a subestação, quando do fornecimento em tensão primária, caracterizado pelo recebimento de energia elétrica em apenas um ponto de entrega, com medição individualizada, correspondente a um único consumidor e localizado em uma mesma propriedade ou em propriedades contíguas;” (grifos nossos) 2.2.2.8 Tem-se, portanto, conforme disposto no art. 6º da REN nº 482/2012, que podem aderir ao sistema de compensação as unidades consumidoras com microgeração ou minigeração distribuída, caracterizadas como geração compartilhada, autoconsumo remoto ou integrante de empreendimento de múltiplas unidades consumidoras. 2.2.2.9 Há que se registrar, portanto, que a vedação contida no §3° do art. 4º da Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012, acerca da divisão de central geradora em unidades de menor porte para fins de enquadramento nos limites de potência para microgeração ou minigeração distribuída, não impõe restrições de acesso a unidades consumidoras oriundas de desmembramentos de terrenos, independentemente do período em que foram efetivados, tampouco legitima que tal vedação seja aplicada a unidades consumidoras de diferentes titularidades. 2.2.2.10 Em termos técnicos, urge esclarecer, também, que a legislação atual determina que todas as propriedades contíguas, consubstanciadas em matrículas distintas, sejam consideradas no mesmo CAR. Assim, na descrição são consideradas todas as matrículas, porém, a poligonal é uma só, como se fosse uma única propriedade, razão pela qual o único documento hábil a comprovar a propriedade é a certidão de matrícula com retificação de área recente ou georeferenciamento. 2.2.2.11 Relativamente ao contexto fático, conforme ressaltado nos itens anteriores, denota- se que as citadas microgeradoras se revelam totalmente distintas, não havendo qualquer comunhão de área ou de identidade acera da propriedade e titularidade dos empreendimentos em tela. 2.2.2.12 Sob os aspectos constitucionais, resta evidente, também, que o critério ora rechaçado (desmembramento de glebas) viola o princípio da livre iniciativa, que Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 17 compreende basicamente a livre eleição da atividade e dos meios de que se deve lançar mão na consecução da ação econômica, a liberdade de indústria e comércio ou liberdade de empresa e a liberdade de contrato, a possibilidade de agir sem influência externa, bem como o reconhecimento do valor do livre empreendedor. 2.2.2.13 O primeiro aspecto do princípio supracitado é explicitado pelo parágrafo único do art. 170 da Constituição Federal, senão vejamos: “É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.” (grifos nossos) 2.2.2.14 Verifica-se, também, que o supracitado art. 170, ao tratar da ordem econômica, traz uma série de princípios que devem ser respeitados, entre eles a propriedade privada, a livre concorrência e o livre exercício da atividade econômica. Ainda, a Constituição Federal estabelece as finalidades e os princípios gerais da atividade econômica, bem como a delimitação entre o domínio da iniciativa privada e da intervenção do Estado na economia, figurando o princípio da livre concorrência como um desdobramento do princípio da livre iniciativa. 2.2.2.15 Portanto, a aplicação de critérios ilegítimos, bem como de critérios diversos por cada concessionária, para fins de verificação e aplicação da vedação contida no § 3º do art. 4º da REN nº 482/2012, sem se adentrar na legitimidade das exigências impostas, implica nítida violação à Constituição Federal e aos princípios ora suscitados. 2.2.2.16 Assim, considerando a ausência de previsão expressa na REN nº 482/2012 ou nos documentos que figuram nos autos do Processo Administrativo nº 48500.004924/2010-51 que legitimem a aplicação do critério ora questionado, as REQUERENTES pugnam pela declaração de ilegitimidade dos critérios objetivos e procedimentos determinados pela REQUERIDA por intermédio dos Pareceres Normativos JE/DE nº 033/2019, nº 033-A/2019 e nº 036/2019 (doc. 09), relativamente à aplicação da vedação contida no § 3º do art. 4º da Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012, com o consequente cancelamento das ilegítimas desconexões das unidades microgeradoras Janaúba 2 (IN 3014056287) e Janaúba 3 (IN 3014093454). II.2.3 – Da Etapa 3 - Análise Retroativa 2.2.3.1 Dentre os critérios objetivos e etapas constantes dos Pareceres Normativos da REQUERIDA, ora rechaçados, a terceira se revela a mais temerária diante do seu manifesto Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 18 caráter retroativo, tendo por objeto a revisão de conexões já plenamente concretizadas junto à distribuidora. 2.2.3.2 Reitera-se que na terceira e última etapa a distribuidora realiza análise comparativa entre novos acessos e anteriores solicitações já formalizadas por meio da assinatura de pareceres de acesso válidos e/ou Contratos de Uso do Sistema de Distribuição (CUSDs) e de Compra de Energia Regulada (CCERs). Nessa oportunidade, a distribuidora se valerá dos critérios objetivos estabelecidos nas etapas 1 e 2 para fins de verificação e aplicação da vedação disposta no § 3° do art. 4° da REN nº 482/2019 e, caso a soma dos acessos ultrapasse a potência limite para microgeração ou minigeração, a distribuidora solicitará a readequação da instalação e, caso não atendido, deverá negar a adesão ao Sistema de Compensação de Energia Elétrica. 2.2.3.3 Primeiramente, frisa-se que os citados Pareceres são omissos quanto à definição de “readequação da instalação”, o que expõe solicitantes já conectados e viola frontalmente o princípio da segurança jurídica, conforme restará demonstrado adiante. 2.2.3.4 Isso porque, caso um novo solicitante, que se enquadre no conceito de grupo de interesse comum relativamente ao(s) solicitante(s) já conectado(s), entre com uma solicitação de acesso que, conjuntamente com o(s) acesso(s) anterior(es), se enquadre nos critérios objetivos verificados nas etapas 1 e 2, a distribuidora, além de negar a nova adesão, poderá requerer a adequação das solicitações já conectadas. 2.2.3.5 Tal omissão gera tamanha instabilidade que, a título de exemplo, um novo solicitante poderá solicitar acesso de má-fé, única e exclusivamente para prejudicar o solicitante anterior, que já tenha realizado investimentos vultosos em obras de engenharia e de conexão por estar amparado pela pactuação de Contrato de Uso do Sistema de Distribuição (CUSD), o que confere estabilidade ao procedimento de adesão. 2.2.3.6 Em outras palavras, os diversos empreendedores de boa-fé, assim como as REQUERENTES, não podem correr o risco de ter seus projetos reprovados em etapas avançadas em decorrência da superveniente criação de critérios objetivos, com aplicação retroativa, por parte das distribuidoras locais, pois tais condutas, como a que se verifica no presente caso, fere frontalmente o princípio da segurança jurídica, que norteia a Administração Pública. 2.2.3.7 É importante destacar que a segurança jurídica tem como objetivo proteger e preservar as justas expectativas, funcionando como um instrumento capazde assegurar e garantir do Estado não só a legalidade de suas ações, mas também a proteção da confiança Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 19 jurídica, a boa-fé nas ações do Estado e o preenchimento das expectativas geradas não só pelas leis, mas também pelos Juízes e Tribunais. 2.2.3.8 Sendo assim, o citado princípio visa impedir mudanças abruptas e surpresas, sejam elas oriundas das relações entre particulares ou decorrentes de ações estatais, mantendo o status quo de modo a evitar que os indivíduos sejam surpreendidos por modificações do direito positivo ou na conduta do Estado: “(...) a segurança encerra valores e bens jurídicos que não se esgotam na mera preservação da integridade física do Estado e das pessoas: açambarca em seu conteúdo conceitos fundamentais para a vida civilizada, como a continuidade das normas jurídicas, a estabilidade das situações constituídas e a certeza jurídica que se estabelece sobre situações anteriormente controvertidas” (BARROSO, 2002, p. 49). “(...) a segurança jurídica consiste no ‘conjunto de condições que tornam possível às pessoas o conhecimento antecipado e reflexivo das consequências diretas de seus atos e de seus fatos à luz da liberdade reconhecida’. Uma importante condição da segurança jurídica está na relativa certeza que os indivíduos têm de que as relações realizadas sob o império de uma norma devem perdurar ainda quando tal norma seja substituída” (SILVA, J., 2006, p. 133). “Vale ressaltar uma importante condição da segurança jurídica apontada pela doutrina pátria, a saber: “(...) a relativa certeza de que os indivíduos têm de que as relações realizadas sob o império de uma norma devem perdurar ainda quando tal norma seja substituída” (SILVA, 2013, p. 435). (grifos nossos) 2.2.3.9 Nesse sentido, o princípio da segurança jurídica se alicerça, basicamente, sobre dois pilares essenciais, quais sejam, a estabilidade e a previsibilidade. A primeira consiste na manutenção das decisões dos poderes púbicos uma vez adotadas, na forma e procedimento legalmente exigidos, de modo que não podem ser arbitrariamente modificadas, sendo apenas razoável a alteração das mesmas quando ocorram pressupostos materiais relevantes, enquanto a segunda se fundamenta na exigência de certeza e calculabilidade, por parte dos cidadãos, em relação aos efeitos jurídicos dos atos normativos. 2.2.3.10 Urge ressaltar, no que se refere ao atual momento vivenciado pelos empreendedores e consumidores que investiram na modalidade de geração distribuída, que o Ministério Público Federal (em sua Recomendação nº 02/2019) considera a estabilidade regulatória como imperiosa e imprescindível a estabilidade regulatória, considerando o disposto no art. 170 da Constituição Federal, que assegura a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei: Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 20 CONSIDERANDO a imperiosa e imprescindível estabilidade regulatória, já arranhada a confiança/estabilidade com as mudanças anunciadas pela Agência (Alternativas 1, 2, 3, 4 e 5), pela mudança regulatória em estudo que antecipou conclusões parciais negativas ao desenvolvimento do setor fotovoltaico, com potencial imenso de prejuízo tanto a valores individuais, e talvez mais ainda a valores difusos e coletivos, integrantes de uma Ordem Econômica voltada para o bem de todos num ambiente de sustentabilidade (art. 170 da Constituição Federal); (...) (grifos nossos) 2.2.3.11 Ora, é certo que a ausência de regulação expressa – por parte do Poder Concedente – sobre a aplicabilidade da vedação constante do § 3º do art. 4º da REN nº 482/2012, bem como a superveniência de critérios objetivos determinados de forma discricionária por concessionárias de distribuição, como no presente caso, os quais sequer encontram amparo na REN nº 482/2012 ou nos documentos que figuram nos autos do Processo Administrativo nº 48500.004924/2010-51, implica nítida violação ao princípio da segurança jurídica, conforme entendimento amplamente exarado pela doutrina pátria. 2.2.3.12 Diante disso, as REQUERENTES pugnam pelo reconhecimento da ilegitimidade dos critérios objetivos e procedimentos determinados pela REQUERIDA por intermédio dos Pareceres Normativos JE/DE nº 033/2019, nº 033-A/2019 e nº 036/2019 (doc. 09), relativamente à aplicação da vedação contida no § 3º do art. 4º da Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012, com o consequente cancelamento das ilegítimas desconexões das unidades microgeradoras Janaúba 2 (IN 3014056287) e Janaúba 3 (IN 3014093454). II.3 – DA COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO PODER CONCEDENTE 2.3.1 A Lei Federal nº 9.427/1996, em seu art. 2º 4 , atribui a essa Agência Reguladora a regulação e fiscalização da produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, em conformidade com as políticas e diretrizes previamente estabelecidas pelo Governo Federal. 2.3.2 Sob esse aspecto, insta salientar que a regulação tem entre seus objetivos, exatamente, tornar os comandos legais exequíveis, de fácil entendimento e aplicação, para a relação mais pacífica possível entre os agentes setoriais. Isso se dá por meio da edição de dispositivos regulatórios estáveis que resultem em segurança jurídica para os envolvidos, de 4 Art. 2 o A Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL tem por finalidade regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, em conformidade com as políticas e diretrizes do governo federal. Consulte a autenticidade deste documento em http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx, informando o código de verificação 129C9120005A0958 Documento assinado digitalmente. 48513.000971/2021-00 21 forma a evitar tratamentos injustos e desiguais, que, a seu turno, desencadeiam recursos administrativos e judiciais, degradando, em consequência, as relações que deveria harmonizar. 2.3.3 A competência conferida à ANEEL para edição de regulamentos afetos ao setor elétrico, necessariamente pautados nas políticas e diretrizes previamente estabelecidas pelo Governo Federal, se justifica diante da necessidade de se manter os objetivos, em suas essências, a serem alcançados pelos regulamentos, evitando-se comandos desproporcionais ou desarrazoados, que fogem da finalidade originariamente prevista pela norma. 2.3.4 Verifica-se que, conforme ressaltado pelo Ministério Público Federal em sua Recomendação nº 02/2019, cabe à Agência Reguladora regulamentar as atividades setoriais com o caráter de simplicidade, evitando-se potenciais conflitos e assegurando pleno acesso aos serviços de energia elétrica 5 . 2.3.5 Em se tratando do caso em tela, é importante destacar que, nos termos da Nota Técnica nº 0096/2015-SRD/ANEEL 6 , de 04 de novembro de 2015, que subsidiou a publicação da REN nº 687/2015, o objetivo da supracitada vedação consiste em evitar que usinas de médio e grande porte, que estariam sujeitas à outorga da Agência como Produtor Independente ou Autoprodutor de energia elétrica, nos termos da legislação e da regulamentação setorial, sejam divididas em diversas usinas dentro dos limites da REN n° 482/2012, com a separação da medição, com o objetivo de usufruir dos requisitos simplificados de conexão e da compensação da energia em unidades consumidoras distribuídas ao longo da área de concessão, o que distorce o conceito adotado na Resolução.