Prévia do material em texto
PEDIATRIA I XXXXXXXXX IVASXXX XXXXXXXXXXXX PROVA: SISTEMA RESPIRATÓRIO: Trato respiratório superior (acima da epiglote): nariz, seios paranasais, orelhas, faringe e laringe. Trato respiratório inferior (abaixo da epiglote): traquéia, brônquios/bronquíolos e parênquima pulmonar. - Mais grave: mortalidade mais elevada; - Hipoxemia, taquipneia, insuficiência respiratória. INFECÇÕES VIRAIS DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES; - Resfriado comum; - Influenza (gripe); - Faringotonsilite viral. INTRODUÇÃO: Constituem as doenças mais frequentes na infância. - Grande número de crianças afetadas (imunidade celular, anatomia, questões sociais – ex: trocar chupetas com outras crianças e levar objetos até a boca); - Grande número de episódios/crianças (cada criança pode ter de 6-12 episódios/ano); - Atinge todos os níveis socioeconômicos. RESFRIADO VIRAL INTRODUÇÃO: - Resfriado comum; - Processo infeccioso viral do nariz, seios paranasais e faringe (acomete via aérea superior). ETIOLOGIAS: - Mais comum: vírus sincicial respiratório, rinovírus e parainfluenza; - Menos comuns: adenovírus, enterovírus, coronavírus e bocavirus. TRANSMISSÃO: Normalmente ocorre por via direta. - Gotículas de secreção nasal ou oral (tosse ou espirros); - Contaminação através das mãos ou fômites (menos frequente). FISIOPATOLOGIA – VÍRUS: - Vírus: intracelular obrigatório; - Penetra nas células epiteliais da mucosa da rinofaringe e seios da face; - Multiplicação viral; - Destruição das células infectadas; - Reação inflamatória da mucosa; - Edema e descamação epitelial. QUADRO CLÍNICO: Período prodrômico (lactentes): inespecíficos. - 12-24 horas; - Irritabilidade; - Anorexia; - Vômitos; - Amolecimento das fezes; - Dificuldade para sugar; - Recusa as mamadas. Quadro clínico completo: febre, coriza nasal fluida e hialina, obstrução nasal, lacrimejamento ocular, mal-estar geral, inapetência, mialgia, dor de garganta, tosse e espirros. Fácies “gripal”: - Olhos congestos e lacrimejantes; - Nariz avermelhado e edemaciado; - Respiração bucal; - Aspecto de prostração; - Obstrução nasal: voz anasalada, prejuízo da alimentação e do sono. EXAME FÍSICO: - Mucosa nasal e faríngea hiperemiadas; - Aspecto congesto das membranas timpânicas; - Nariz vermelho, inflamado. EVOLUÇÃO: - Doença benigna e autolimitada; - Sintomas duram 5 dias nos casos não complicados. COMPLICAÇÕES: - Laringite aguda: rouquidão, tosse rouca, disfonia, choro rouco; - Infecções bacterianas secundárias (são complicações frequentes): faringotonsilites, rinossinusite, otite média aguda e otite periorbitária; - Extensão do processo viral das vias aéreas inferiores (sinais clínicos: chiado, dispneia, taquipneia, gemência, tiragem subcostal/intercostal), causando: traqueobronquite, bronquiolite e pneumonia. Orientar os pais que as complicações podem acontecer. TRATAMENTO: Sintomáticos: - Analgésicos e antitérmico; - Fluidificar secreções nasais: solução fisiológica nasal; - Aumentar ingestão de líquidos, manter aleitamento materno; - Retornar em caso de piora; - Não usar AINES – nefrotóxico; - RETORNAR SE: persistência da febre (mais de 3 dias), recusa alimentar, sonolência, convulsão, estridor inspiratório, taquipneia ou dificuldade respiratória/sibilância. Classe de medicações X segurança: INFLUENZA: GRIPE – causada pelo vírus da influenza (A, B ou C): - Grande variação genética; - Capacidade de manutenção em novos subtipos; - Infecções periódicas: sazonalidade bem definida. TRANSMISSÃO: - Gotículas de secreção eliminadas pela tosse; - Permanecem em suspensão no ar por várias horas; - Podem atingir vias aéreas inferiores. QUADRO CLÍNICO: - Período prodrômico: 2 a 3 dias; - Sinais e sintomas mais graves com relação ao resfriado comum; - Comprometimento do estado geral e das vias aéreas superiores e inferiores. INCUBAÇÃO: 1-5 dias após contato com o vírus (média de 2 dias). TRANSMISSIBILIDADE: 2 dias antes até 7 dias depois do início dos sintomas (crianças 14 dias). - Crianças transmitem mais e por mais tempo do que os adultos. QUADRO CLÍNICO: - Lactentes: febre, coriza, tosse, obstrução nasal, anorexia, dor de garganta, adenites cervicais, vômito e diarreia; - Crianças maiores: febre alta, calafrios, fácies congestionado, cefaleia, dor de garganta, mialgia, mal estar geral, tosse, coriza e obstrução nasal. *** Pensar em gripe: cefaléia, mialgia e artralgia. DIAGNÓSTICO: - Clínico; - Coleta de secreções nasais: pesquisa do vírus; - Quadro de síndrome gripal: febre de início súbito, mesmo que referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta e pelo menos um dos seguintes sintomas: - Cefaleia, mialgia ou artralgia; - < 2 anos de idade: diagnóstico diferencial mais difícil. SRAG: quadro viral acometendo via aérea inferior. - Taquipneia, esforço respiratório e hipoxemia; - Saturação < 95% em ar ambiente; - Sinais de desconforto respiratório; - Taquipneia; - Piora nas condições clínicas da doença de base; - Hipotensão em relação à pressão arterial habitual do paciente; - Em crianças: além dos itens anteriores, observar os batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação e inapetência. *** Hipoxemia: alterações do comportamento – agitação, euforia, choro, taquicardia, taquipneia, taquidispneia, cefaléia, hipertensão arterial/pulsos amplos, pele quente, sudorese, depressão da consciência e coma→ cianose⇒ parada cardiorespiratória (80% das PCR na infância são secundárias à hipoxemia). COMPLICAÇÕES: - Infecções bacterianas secundárias; - Laringotraqueobronquite; - Pneumonia. TRATAMENTO: - Analgésico, antitérmico, hidratação, desobstrução nasal, repouso, antiviral; - Afastar da escola; - Prevenção: vacinas seguras e efetivas; - SRAG. Antiviral para influenza: Tamiflu (Oseltamivir) → caso suspeito ou confirmado de influenza pandêmica (fornecido gratuitamente no SUS). - Pode ser usado em qualquer idade; - Crianças > 7 anos com reação (intolerância GI grave) a Oseltamivir→ usar Zanamivir. LARINGITE INTRODUÇÃO: - Inflamação aguda da laringe, com edema subglótico e consequente obstrução local; - Predomina nos meses frios; - Sintomas especialmente à noite; - Idade: entre 12 meses até 7 anos. ETIOLOGIA: - Até 3 anos – viral: parainfluenza (subtipo 1), adenovírus e vírus sincicial respiratório; - Mais de 3 anos: viral/alérgico (questionável) e bacteriano (Haemophilus influenza). QUADRO CLÍNICO: - Febre, tosse rouca, rouquidão ou afonia, insuficiência respiratória alta (grave). *** Lembrar que as cordas vocais estão localizadas na laringe. DIAGNÓSTICO: - Quadro clínico; - Exame físico: escore clínico→ gravidade; - Sinais de alerta: estridor laríngeo (som alto, rude e inspiratório). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: - Corpo estranho; - Trauma de laringe; - Tumores mediastinais; - Paralisia de cordas vocais; - Abscesso faríngeo. TRATAMENTO – variação de protocolos: Medidas gerais: - Hidratação oral ou venosa; - Oxigenoterapia (se hipóxia); - Umidificação do ambiente. Conforme escore de gravidade: Nebulização com Adrenalina – efeito vasoconstritor: - Sugestão de dose: 0,5 ml/kg→ máx: 5 ml puro. Corticóides – Dexametasona (VO/parenteral): - Sugestão de dose: 0,6 mg/kg IM dose única. COMPLICAÇÕES DAS INFECÇÕES DE VIAS AÉREAS SUPERIORES a. Faringotonsilite bacteriana: - Infecção mais frequente nas crianças em idade escolar; - Período de incubação: 12h a 2 dias; - Idade: geralmente > 3 anos; - Medo: febre reumática; - Etiologia: bacteriana – Estreptococo beta-hemolítico do grupo A (principal germe – complicações não supurativas → nefrite e complicações cardíacas), Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Staphylococcus aureus, Corynebacterium diphteriae, Chlamydia e Mycoplasma; Dilema – etiologia viral X bacteriana: - GAS (Estreptococo beta-hemolítico do grupo A): início agudo, idade entre 5 e 15 anos, febre, cefaléia, dor abdominal, inflamação das tonsilas, exsudato, petéquias em palato, adenite cervical anterior, exantema escarlatiniforme; - Viral: conjuntivite, coriza, tosse, diarreia, rouquidão, estomatite ulcerativa, exantema viral. Diagnóstico:Escore preditores – Escore de Wald: - Idade: 5 a 15 anos; - Estação: fim de outono, inverno e início da primavera; - Evidência de faringoamigdalite aguda; - Adenomegalia cervical dolorosa à palpação; - Febre; - Ausência de clínica de infecções de vias áreas superiores: - Pontuação = 6→ VPP 85%; - Pontuação < 6→ VPP 50%. - Teste rápido – realizar em pacientes com sintomas sugestivos: - Positivo: confirmar o diagnóstico; - Negativo: realizar cultura. Exame físico: - Criança abatida, febril; - Linfonodos cervicais aumentados e dolorosos; - Oroscopia: - Hiperemia importante; - Petéquias em palato mole e/ou pilartonsilianos anteriores; - Exsudato amarelado/esbranquiçado; - Rash escarlatiniforme. Diagnósticos diferenciais: - Mononucleose; - Difteria; - Estomatite por coxsackie B (Herpangina); - Restos alimentares: “caseum”. Tratamento: - Antitérmico/analgésico; - Antibioticoterapia: - Penicilina Benzatina – dose única: - Até 10kg: 300 mil unidades; - Entre 10-25kg: 600 mil unidades; - > 25kg> 1200 mil unidades. - Outra opção: Amoxacilina 50 mg/kg/dia por 10 dias; - Alergia à penicilina: macrolídeo (clindamicina, azitromicina, claritromicina). Lembrar: evitar uso de anti-inflamatórios em crianças. b. Abscesso Periamigdaliano: - Raro: toxemia, febre alta, não consegue engolir a saliva; - Caracteriza-se por: febre, odinofagia, salivação excessiva, trismo, abaulamento e/ou assimetria das lojas amigdalianas; - Tratamento cirúrgico (especializado); - Drenagem em centro cirúrgico. RINOSSINUSITE AGUDA - Doença infecciosa aguda que acomete os seios paranasais; - Geralmente são complicações de infecções de vias aéreas superiores; - Etiologia: viral, bacteriana, alérgica; - Seios maxilares e etmoidais: desde o nascimento; - Seios frontais: último a ser formado – completa a formação com 10 anos, raramente antes dos 4 anos; - Seio esfenoidal: alteração da drenagem. Fisiopatologia – alteração da drenagem: - Edema → obstrução do óstio de drenagem → diminuição da drenagem mucociliar → retenção de secreções ⇒ infecção bacteriana secundária no interior do seio. Quando pensar: - Sintomas nasais persistentes e sem melhora por mais que 10 dias; OU - Sintomas graves: temperatura > 39º, aparência doente, descarga nasal purulenta por 3-4 dias, OU - Piora dos sintomas: exacerbação da descarga nasal ou tosse, reinício ou recorrência da febre. Quadro clínico: - Criança pequena – inespecífico; - Febre baixa, dor de garganta, tosse irritativa, anorexia, astenia, irritabilidade, rinorréia purulenta, com gotejamento pós-nasal; - Crianças maiores: obstrução nasal, gosto metálico, perda do olfato, tosse, dor de cabeça com sensação de peso (não vai ter dor na testa porque ainda não tem seio frontal). Diagnóstico – clínico: - Radiografia – quadro agudo: dispensável; - Casos recorrentes: tomografia dos seios da face. Etiologia: - Streptococcus pneumoniae (principal); - Haemofilus influenza; - Moraxella catarrhalis. Tratamento: - Amoxicilina – primeira escolha; - Tempo: em geral, 10-14 dias ou 7 dias após a melhora dos sintomas; - Alérgicos: cefalosporina 2ª geração.