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Teorias das instituições �nanceiras Prof.º Mateus de Almeida Maciel Descrição Conceitos teóricos e estrutura das instituições financeiras; as grandes crises financeiras e seu impacto na sociedade, os riscos da intermediação financeira e as políticas de regulação. Propósito Saber analisar como os agentes econômicos e as instituições financeiras se comportam em situações reais da economia, ajudando a compreender as oscilações do mercado financeiro e suas consequências. Objetivos Módulo 1 Estrutura das instituições �nanceiras Compreender a estrutura das instituições financeiras. Módulo 2 Crises �nanceiras Diferenciar as crises financeiras e seus impactos. Módulo 3 Riscos e regulação �nanceira Analisar os riscos da intermediação financeira e a regulação financeira. Introdução Vamos estudar as instituições financeiras e seu funcionamento. Veremos inicialmente o papel dos intermediários financeiros, as dificuldades no seu campo de atuação e as ferramentas desenvolvidas como resposta. Refletiremos sobre os graves problemas que surgem quando o sistema financeiro se desorganiza e enfrenta crises. Por último, vamos analisar os riscos da atividade de intermediação financeira e aprender como a política pública reage ou se antecipa a problemas, por meio da regulação. 1 - Estrutura das instituições �nanceiras Ao �nal deste módulo, você será capaz de compreender a estrutura das instituições �nanceiras. O papel do sistema �nanceiro Para compreender o funcionamento do sistema financeiro, é necessário que alguns conceitos estejam claros. Por isso, abordaremos: Ferramentas utilizadas por governos. Papel do intermediário financeiro. Problemas de informação assimétrica. Intermediários financeiros para mitigar esses problemas. A estrutura financeira é desenhada de forma a permitir a alocação dos recursos dos poupadores para os investidores da melhor maneira possível. Um componente importante dessa estrutura são as instituições como: Fundos de investimento Fundos de pensão Companhias de seguro Bancos comerciais Bancos múltiplos Na ausência de intermediários, os pequenos poupadores sofrem restrições ao acessar o mercado financeiro. Atenção! A estrutura financeira está relacionada ao fato de que existem custos de transação. Por exemplo, se alguém desejasse comprar ações (em menor quantidade, devido à sua limitada quantidade de recursos), uma grande porcentagem do total gasto seria destinada à comissão de corretagem. Além disso, se esse agente econômico tentasse diversificar seus investimentos evitando colocar “todos os ovos em uma cesta”, a fim de reduzir os seus riscos, teria um alto custo de transação, uma vez que um grande número de pequenas transações gera um elevado custo. Os custos de transação conseguem ser mitigados pelos intermediários financeiros devido à expertise no mercado e à presença de economias de escala. Vejamos o processo: “todos os ovos em uma cesta” Essa expressão significa que você está se arriscando muito ao investir todos os seus recursos no mesmo lugar. O que acontece se você coloca todos os seus ovos em uma única cesta, e ela cai no chão? Economia de escala O custo é diluído à medida que aumenta a produção. É semelhante ao que acontece em um processo de especialização: o especialista se torna mais produtivo. É a propriedade pela qual o custo total médio de uma firma diminui à medida que a quantidade produzida, nesse caso transacionada, aumenta. Custo de transação Podem ser drasticamente reduzidos quando os investimentos de vários indivíduos são agrupados de forma a aproveitar as economias de escala. Em outras palavras, os custos de transação individuais são reduzidos quando o tamanho (a escala) das transações aumenta. Além disso, os intermediários financeiros também são capazes de desenvolver expertises que diminuem custos de transação. Exemplo A expertise desenvolvida em tecnologia computacional permite oferecer serviços como o acesso à rentabilidade de investimentos comparada com a performance da poupança ou do Ibovespa no computador ou aplicativo do celular. Ibovespa É o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo. Ele reflete o desempenho médio de uma carteira composta pelas ações mais representativas e negociadas na bolsa. Para entender melhor o papel dos intermediários financeiros, vamos estudar com atenção um problema central dos mercados nos dias atuais: a informação assimétrica. O papel da informação assimétrica nos mercados �nanceiros Para maior entendimento sobre a estrutura financeira, precisamos refletir sobre o papel da informação assimétrica, uma falha de mercado em que uma das partes da transação tem um nível de conhecimento menor. A sua presença nos leva a problemas de seleção adversa e risco moral. Vejamos mais detalhes sobre cada um dos problemas destacados. Falha de mercado Informalmente, uma falha de mercado ocorre quando há desperdício de recursos: embora haja recursos disponíveis para ajudar a situação de alguém, o mercado não é capaz de gerar lucro por meio da produção ou da troca de bens e serviços. Seleção adversa É identificada antes da transação e está relacionada ao tipo do indivíduo. A princípio, os emprestadores de crédito não sabem se estão lidando com bons ou maus pagadores, com pessoas avessas ou propensas ao risco. Eles apenas sabem que indivíduos com maior potencial de produção de resultados adversos provavelmente serão selecionados. Risco moral É identificado após a transação, quando emprestadores não sabem de que maneira os tomadores do empréstimo vão agir. No contexto de empréstimos bancários, um comportamento irresponsável ou arriscado do tomador diminui a probabilidade de pagamento. Essas atitudes levam emprestadores a não realizarem mais empréstimos, apesar de também haver pessoas prudentes no mercado. Sobre seleção adversa, um exemplo que podemos destacar são os maus motoristas, que são mais propensos a comprar um seguro contra a colisão de carros. Sendo assim, emprestadores podem decidir não realizar nenhum empréstimo, mesmo que bons credores estejam presentes no mercado. Um exemplo de risco moral ocorre, por exemplo, quando um motorista se sente à vontade para ser menos cauteloso após contratar um seguro. Seleção adversa e risco moral Veja alguns exemplos práticos desses problemas. O programa Cadastro Positivo foi criado no Brasil em 2011, mas apenas recentemente foi alterado para alcançar um maior número de pessoas físicas e jurídicas. A Lei Complementar nº 166/2019 passou a incluir o nome de consumidores e empresas no banco de dados. Antes era preciso informar se desejava ser cadastrado. Curiosidade O programa almeja aumentar o acesso ao crédito, reduzir as taxas de juros e ainda melhorar os prazos de pagamento. Esses benefícios são possíveis, pois as empresas de crédito conseguem avaliar melhor o perfil dos tomadores. Isso diminui a seleção adversa presente no mercado, muito embora ainda permaneça o risco moral. Na década de 1970, o famoso economista George Akerlof, ganhador do Prêmio Nobel, apresentou ao mundo seu artigo O mercado dos limões, no qual debate as implicações da seleção adversa. Limões O termo é usado pelos americanos para se referirem a carros usados ruins. Em português, podemos dizer que o carro é um abacaxi! O artigo cita, como exemplo, a dificuldade de diferenciar um carro usado em um bom estado de um em mau estado, e indica que somente vendedores sabem distingui-los. Apesar de o comprador estar disposto a pagar mais caro por um veículo de qualidade, aceita apenas pagar um preço médio, pois sabe que parte dos carros é ruim. Esse preço médio, porém, é baixo demais para o vendedor de carros bons, que pode sair do mercado, deixando como opções apenas os ruins! A seleção adversa, consequentemente, pode destruir o mercado de carros usados bons. Acontece algo similar no mercado financeiro. Um indivíduo incapaz de distinguir uma boa firma de outra com riscos elevados elucros baixos tenderia a pagar pela ação um valor que refletisse a qualidade média das empresas. Isso significa que o preço está alto demais para uma firma ruim e baixo demais para uma boa! Se os donos ou gerentes de uma boa empresa sabem que suas ações são negociadas a um preço baixo demais, não irão vendê-las, restando apenas as firmas ruins para a negociação. Sabendo disso, os demais investidores não comprariam essas ações. A análise é similar no mercado de títulos privados. Nesse contexto, o mercado de ações apresenta dificuldades para que as empresas obtenham recursos. Na prática, esse mercado opera com ofertas públicas de investimento coletivo: uma empresa emite ações para diversas pessoas adquirirem. Isso permite que a empresa seja avaliada apenas essa vez (na emissão) e que a informação a seu respeito seja usada por todos. A ação é apenas um dos muitos títulos, ou valores mobiliários, negociados no mercado. O mercado de valores mobiliários permite a transferência direta de recursos entre agentes econômicos. Instituições financeiras são apenas prestadoras de serviço, mas não são responsáveis pela transferência e não ficam com nenhum risco. A presença de “limões” (ou abacaxis!) mantém o mercado de valores mobiliários longe de ser um canal efetivo de recursos dos emprestadores para os tomadores. Uma solução para o problema de seleção adversa em mercados financeiros é reduzir a assimetria de informação. A maneira de os agentes oferecerem mais detalhes sobre as empresas é por meio das agências de classificação. Essas agências coletam e produzem informações distinguindo as firmas no mercado, como Standard and Poor’s, a Moody’s e a Fitch Ratings. Esse sistema, porém, não resolve o problema de seleção adversa em mercados financeiros, por causa do comportamento chamado de carona, muitas vezes indicado pelo termo em inglês: free-rider. Ele ocorre quando pessoas que não pagaram pela informação também se beneficiam dela, tornando o investimento em informação menor do que deveria. A demanda por um ativo e o seu preço aumentam à medida que diversos agentes detêm uma informação relevante, assim quem pagou por ela não obtém todo o benefício. Desse modo, cada vez menos pessoas irão obter o serviço e, consequentemente, menos informação será produzida. Vejamos mais detalhes a seguir. O preço mais elevado não permite a obtenção de lucros com a compra do ativo. Logo, menos pessoas obtêm esse serviço e menos informação sobre empresas é produzida. A seleção adversa, portanto, continua interferindo no funcionamento eficiente do mercado com uma assimetria de informação, pois o comportamento de carona impede a produção de dados. Uma segunda maneira de disponibilizar mais informações é a regulação do mercado de valores mobiliários, encorajando empresas a revelarem seus reais dados. No Brasil, a agência reguladora do mercado de capitais, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), exige a presença de auditores externos para companhias com capital aberto, ou seja, que possuem ações negociadas na bolsa. As empresas de auditoria certificam que a firma em questão segue bons princípios contábeis e divulgam informações precisas sobre vendas, ativos e rendimentos. A regulação governamental pode diminuir os problemas de informação assimétrica, mas não os eliminar. Os executivos das empresas têm bastante incentivo para esconder dos investidores os problemas das corporações, dificultando a tarefa destes em descobrir o valor verdadeiro da firma. A seleção adversa em mercados financeiros explica esses serem os mais regulados na economia, a fim de disponibilizar mais informações. Esse mecanismo utilizado pelo governo é importante para reduzir o problema de seleção adversa que interfere no funcionamento eficiente do mercado. Você sabia que na prática, em qualquer mercado, surgem instituições para lidar com problemas informacionais? Exemplo No mercado de carros usados, o problema de seleção adversa é mitigado com as agências de veículos usados. Elas analisam os carros e intermedeiam as transações entre compradores e vendedores, oferecendo garantias que permitem um número maior de vendas. As instituições financeiras, como um banco, também têm essa função no mercado financeiro; elas produzem informações para possibilitar transações e obter lucro. Observe que o problema de carona é menos relevante quando temos um serviço como um empréstimo a pessoa física ou jurídica: A informação específica gerada para essa transação tem menos utilidade para quem não irá realizá-la. Vamos ver agora como o risco moral pode afetar o funcionamento do mercado. Usaremos a expressão principal-agente para descrever esse problema informacional, pois temos duas partes envolvidas: Principal-agente A depender do autor, o principal-agente pode se referir tanto a problemas de seleção adversa quanto de risco moral, ou mesmo ambos. Preste sempre atenção à nomenclatura definida pelo autor! Gerentes ou administradores da �rma (agentes) Proprietários da �rma Vejamos, a seguir, como acontece na prática. Os gerentes, como empregados, detêm apenas uma pequena parcela da firma e trabalham para os acionistas, os quais detêm a maior parte do patrimônio, logo são os proprietários da companhia. A separação entre a gerência da empresa e sua propriedade envolve um problema de risco moral em que os gerentes podem agir em interesse próprio em vez dos interesses dos acionistas majoritários. Por exemplo, por benefício pessoal, o gerente pode investir em um escritório luxuoso ou trabalhar menos do que deveria. Ele pode estar interessado em estratégias corporativas como a compra de outras empresas, mas não a lucratividade da firma em que trabalha. O risco moral não surgiria se os donos da firma tivessem informação suficiente sobre as ações de seus gerentes, a fim de prevenir o mau comportamento. O problema surge quando o gerente tem mais dados sobre sua atividade do que o acionista, um caso de informação assimétrica. O monitoramento das atividades da firma, com frequentes auditorias e observações sobre o gerente, ajuda a reduzir o risco moral. Porém, esse d t t d t No caso do risco moral, assim como no problema de seleção adversa, as regulações governamentais são utilizadas para aumentar a informação disponível. Vários países possuem leis que obrigam firmas a aderirem a princípios contábeis básicos para facilitar a verificação do lucro, assim como há penalidades criminais para gerentes que cometem fraudes, embora não seja fácil descobri-las e comprová-las. Atenção! Um intermediário financeiro que ajuda a reduzir o risco moral é a empresa de capital de risco (algumas vezes chamadas de venture capital), que agrupa os recursos dos seus parceiros e os usa para ajudar novos empreendedores. Pense em um grupo de amigos que coloca suas economias na mão de alguém de confiança, que será remunerado para encontrar oportunidades de investimento entre os pequenos empreendedores da vizinhança. A empresa de capital de risco recebe uma parte do novo negócio, ou seja, tem direito a parte dos lucros. processo pode ser custoso em termos de tempo e dinheiro. Desse modo, o acionista pode ficar em uma posição frágil, o que reduz o incentivo à compra de ações da empresa. A verificação de receitas e lucros é importante para eliminar o risco moral. A empresa normalmente tem diversos profissionais participando na gerência dos novos negócios para olhar de perto suas atividades. Intermediários financeiros, em geral, e bancos, em particular, possuem essencial função em transferir recursos para empresas, papel maior do que as transações diretas, que ocorrem no mercado de valores mobiliários (também chamado de mercado de capitais). Isso explica o motivo de o financiamento indireto ser mais importante do que o direto entre os agentes econômicos, e a razão de bancos serem a mais importante fonte de fundos externos para financiar negócios. Característicasque afetam as condições de �nanciamento Algumas características de firmas ou indivíduos minimizam os problemas informacionais discutidos anteriormente e são refletidas nas condições de financiamento obtidas por esses agentes. Empresas grandes e conhecidas possuem mais informações disponíveis no mercado, facilitando a avaliação de qualidade por parte dos investidores. Eles se preocupam menos com a seleção adversa quando lidam com empresas conhecidas, logo estão mais dispostos a investir diretamente nelas via mercado de valores mobiliários. Nesse contexto, destaca-se o colateral e o patrimônio líquido, que reduzem as consequências da seleção adversa, e por isso são bastante importantes para o funcionamento do mercado de crédito. Vamos ver mais detalhes a seguir: Colateral É a propriedade prometida ao emprestador se o tomador não pagar o empréstimo, ou seja, dar um default ou um calote. O colateral reduz o prejuízo do emprestador no caso de o devedor não honrar as suas obrigações. Essa garantia de risco reduzido aumenta o interesse por parte do emprestador. Patrimônio líquido É, informalmente, o valor da empresa para seus donos: é a diferença entre o que ela tem (seus bens e direitos, chamados de ativos) e o que deve (suas obrigações, chamadas de passivo). Se a firma possui um elevado patrimônio líquido, pode oferecer uma garantia maior ao tomar empréstimos. Além disso, quanto maior o patrimônio líquido, menor a probabilidade de um calote. Podemos concluir que firmas grandes, com maior patrimônio líquido ou maior colateral a disponibilizar como garantia, terão mais facilidade para obter recursos no mercado. É possível fazer uma analogia semelhante para indivíduos: aqueles que podem oferecer mais garantias obtêm melhores condições em empréstimos. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Você entra em um banco e pede um empréstimo para sua empresa, que acaba de ser lançada no mercado. O gerente cobra uma taxa alta e justifica que muitas empresas novas têm negócios arriscados e desconhecidos pelo banco. Assinale a alternativa correta a seguir: A Há um problema de risco moral: o banco não sabe se você vai se esforçar com a sua empresa. B Há um problema de seleção adversa: você conhece as características do seu negócio melhor do que o banco, que tem uma desvantagem informacional. C Há um problema de seleção adversa: você não sabe se o banco é honesto com seus clientes. D Não há problema informacional nessa transação. E Há um problema de seleção adversa: o banco conhece as características do empréstimo melhor do que você, que tem uma desvantagem informacional. Parabéns! A alternativa B está correta. Trata-se exatamente do problema de seleção adversa: o banco não conhece o negócio de cada empresa, logo não sabe diferenciar o risco de cada uma. Isso pode levar a um preço (a taxa de juros) muito alto e prejudicar as boas empresas. Questão 2 Você entra em um banco e pede um empréstimo para sua empresa, que é pequena e pouco conhecida. Você lembra que leu nos jornais que a Petrobrás obteve um empréstimo no mesmo banco com uma taxa de juros baixa, então pede uma semelhante, mas o gerente nega e cobra uma taxa mais alta. Assinale a alternativa correta. Parabéns! A alternativa B está correta. Empresas grandes e conhecidas têm mais informação à disposição do público geral, portanto se torna mais fácil avaliá-las para definir A Há um problema de risco moral: o banco pode ser relapso ao cuidar da burocracia do empréstimo para a sua empresa. B Empresas pouco conhecidas sofrem mais com o problema de informação assimétrica, e suas condições de financiamento são piores. C Intermediários financeiros como bancos preferem cobrar taxas menores de empresas do setor de petróleo. D O banco não tem mais recursos para emprestar. E Há um problema de risco moral: empresas pequenas não podem pressionar o gerente do banco a conseguir taxas de juros menores. as condições de um empréstimo. 2 - Crises �nanceiras Ao �nal deste módulo, você será capaz de diferenciar as crises �nanceiras e seus impactos. O que são crises �nanceiras? As crises financeiras aparecem de maneira periódica no mundo capitalista, com implicações graves para a economia e a sociedade. Elas advêm de rompimentos importantes no mercado financeiro caracterizados por um forte declínio nos preços das ações e falência de firmas. Um sistema financeiro funcional consegue alocar recursos de maneira produtiva e eficiente, ou seja, o capital está nas mãos das pessoas que farão o melhor uso dele. Quando essas fricções aumentam, os mercados financeiros se tornam incapazes de transferir recursos de poupadores para empresas e famílias com oportunidades de investimento produtivo, resultando em declínio da atividade econômica. Crise �nanceira problemática Veja, mais detalhadamente, a problemática de uma crise financeira. Vamos relembrar agora alguns casos históricos particularmente importantes. A Grande Depressão de 1929 e a Crise Financeira Global de 2008 Desde 1927, o mercado financeiro dos Estados Unidos estava bastante otimista. Isso levou o Banco Central americano a intervir para controlar um crescimento desordenado, porém sua ação não foi bem-sucedida. Banco Central americano O Banco Central americano é chamado Federal Reserve, ou apenas Fed. A partir de 1929 houve queda de 40% no mercado de ações. Entretanto, em meados de 1930, s situação econômica parecia estar voltando a se estabilizar. Embora houvesse esperança de estabilização econômica, um forte declínio da produção agrícola resultou no calote de vários empréstimos, impactando os bancos e, consequentemente, comprometendo a oferta de crédito. O preço das ações continuou caindo, e o aumento da incerteza agravou os problemas de risco moral e seleção adversa, abalando ainda mais o sistema financeiro. Como resultado, houve uma contração na economia dos Estados Unidos. Saiba mais A Grande Depressão também teve efeitos perversos em outros lugares do mundo. Na América Latina, as exportações de matéria-prima foram fortemente reduzidas; na Europa, o descontentamento com a democracia e os ideais liberais estimularam o crescimento do fascismo e a chegada Segunda Guerra Mundial. Décadas depois, em 2008, o mundo se deparou com uma nova crise financeira, muitas vezes chamada de Crise do subprime. Esse termo tem origem no fato de o mercado americano de hipotecas ser dividido nos dois segmentos a seguir: Prime Com risco de crédito relativamente baixo e no qual operavam diversas instituições financeiras. Subprime Com risco mais alto. O que ocorreu ao longo dos anos 2000 que gerou a crise dos subprimes? A comissão do corretor de imóveis era proporcional aos empréstimos hipotecários que ele oferecia e conseguia efetuar. Ele não se preocupava com o risco de calote por parte do tomador do empréstimo. Vemos então um duplo problema de informação assimétrica: 1. Entre o “dono do dinheiro” e o corretor, que não avaliava corretamente risco. 2. Entre o corretor e o tomador do empréstimo, exatamente porque este último conhecia melhor sua fonte de renda, sua capacidade de pagamento da dívida e, portanto, seu risco de calote. Conforme o preço dos imóveis aumentava, famílias eram incentivadas a pegar um empréstimo imobiliário, mesmo sem condições de pagar, e a quitar apenas algumas parcelas. Quando o pagamento se tornasse inviável, elas poderiam vender o imóvel, ou o banco poderia tomá-lo e vendê-lo. Dessa maneira, haveria lucro em qualquer caso, já que os preços dos imóveis aumentavam cada vez mais. Parecia não haver risco. Atenção! O problema é que essa lógica apenas funciona enquanto os preços aumentam de fato! O setor subprime começou a parecer artificialmente atraente e seguro, e grandes bancos investiram cada vez mais nesse segmento. Por meio de complexas inovações financeiras, havia um repasse de riscos, ou seja, um banco local, que efetuavao empréstimo a uma família, obtinha recursos de outros bancos. Confira como ocorreu esse processo: Na prática, grandes bancos estavam financiando imóveis para quem não podia pagar, ficando expostos a um risco de crédito imobiliário alto e mal avaliado. O sistema se tornou pouco transparente, uma vez que uma operação de empréstimo já problemática, no mercado subprime, teve seu efeito potencializado pelo repasse desorganizado de riscos que essas inovações permitiram. Então, a bolha estourou: o mercado imobiliário se viu saturado, e os preços dos imóveis começaram a cair. Pense em um castelo de cartas desmoronando. As famílias não podiam mais pagar suas dívidas, e os bancos ficaram com casas que passaram a valer pouco. Por fim, bancos menores foram à falência, pois se tornaram incapazes de honrar seus compromissos com os maiores. O setor financeiro foi arrasado e, sem empréstimos, houve impacto imediato sobre a economia. Conhecendo os efeitos de 1929, governos de todo o mundo reagiram a essa crise histórica com grandes pacotes de estímulo econômico. Isso impediu uma recessão prolongada semelhante à da Grande Depressão. Além disso, houve diversas mudanças regulatórias, como veremos mais adiante. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 “Se uma pessoa dá calote em um banco, o problema é dela. Se mil pessoas dão calote em um banco, o problema é do banco, e talvez de toda sociedade.” Qual das afirmativas abaixo serve como interpretação para essa frase? A Quando muitas pessoas dão calote, o banco fica sensibilizado. B Se uma pessoa só dá calote, o banco não percebe, pois tem muitos clientes. C Se muitas pessoas dão calote, o banco pode quebrar, e com isso dificultar empresas que Parabéns! A alternativa C está correta. Como vimos, um calote em larga escala pode quebrar o banco, comprometendo a oferta de crédito na economia. Questão 2 Assinale a resposta correta a respeito das crises de 1929 e de 2008. dependem de seu financiamento. D Quando mil pessoas dão calote, surge um problema de assimetria informacional. E Quando muitas pessoas dão calote, o departamento de cobrança fica sobrecarregado. A A crise de 1929 começou com uma quebra de safra agrícola. B A crise de 1929 foi causada pelo Banco Central americano, que promoveu um estímulo ao crescimento dos preços das ações. C A crise de 2008 estava relacionada a problemas na avaliação de risco no mercado imobiliário americano. D A crise de 2008 gerou uma recessão que se prolongou por muitos anos, pois os governos não reagiram. E A crise de 2008 estava relacionada a problemas na avaliação de risco no mercado imobiliário chinês. Parabéns! A alternativa C está correta. Como vimos, na Crise Financeira Global de 2008, houve um investimento no mercado imobiliário subprime dos Estados Unidos sem a devida avaliação de risco. 3 - Riscos e regulação �nanceira Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar os riscos da intermediação �nanceira e a regulação �nanceira. Riscos da intermediação �nanceira Considere o seguinte exemplo: João abre uma conta corrente no banco X e nela deposita o seu salário de R$2.000. O banco conhece razoavelmente bem os gastos de João ao longo do tempo — como vimos, instituições financeiras produzem informação — e sabe que ele raramente gasta mais de R$1.200 nas duas primeiras semanas após o depósito. Assim, o banco pode usar R$800 para emprestar à Maria com pagamento previsto em duas semanas. Ainda que João precise de todo seu dinheiro em uma emergência, isso dificilmente vai acontecer ao mesmo tempo com todos os clientes do banco, oferecendo à instituição uma margem de manobra. Observe que João tem um ativo, um direito, pois é dono de R$2.000 depositados em sua conta corrente. Dizemos que o banco é um transformador de ativos, já que transforma parte do ativo de João em um empréstimo para Maria no valor de R$800. Dessa maneira, Maria tem uma obrigação com o banco, o qual, por sua vez, tem uma obrigação com João. Essa transformação beneficia a todos: Maria consegue um empréstimo, o banco obtém lucro, e João recebe o serviço bancário de guarda de recursos (e talvez até algum rendimento). Essa operação, porém, também gera um descasamento no tempo: João tem o direito de sacar seus recursos a qualquer momento, mas Maria só tem obrigação de fazer o pagamento em duas semanas — e ela pode não conseguir pagar no prazo determinado. Isso causa o chamado risco de crédito, ao qual as instituições bancárias devem estar atentas. Agora, a partir do exemplo apresentado, vamos retomar o conceito de informação assimétrica para avaliar como os bancos podem lidar com o risco de crédito. Para as instituições financeiras serem lucrativas, elas precisam superar os problemas de seleção adversa e risco moral, que aumentam a chance de calote. Veja: Seleção adversa Exige dos emprestadores a capacidade de filtrar os maus credores. Para realizar uma boa investigação, os emprestadores devem coletar informações dos potenciais tomadores de empréstimo. Outro método utilizado por bancos para filtrar credores é focar empréstimos para firmas de determinada localidade ou de setor econômico específico, especializando-se na coleta de informações no seu nicho. Risco moral As instituições financeiras buscam reduzir o risco moral com acordos restritivos que limitam o envolvimento dos tomadores de empréstimos em atividades arriscadas. Para isso, os bancos devem monitorar as atividades dos tomadores para verificar se os acordos estão sendo cumpridos. Maneiras de as instituições obterem informações sobre os tomadores de empréstimos Por meio das relações de longo prazo com o cliente, é possível obter maiores informações. Se o tomador tiver uma conta corrente, poupança ou um empréstimo durante um longo período, o banco será capaz de aprender mais sobre ele ao analisar suas atividades passadas. Assim, as relações de longo prazo reduzem os custos de coleta de informação. A fim de se precaver, o banco pode emprestar apenas R$400 para Maria. Alternativamente, a regulação financeira pode exigir um valor máximo para o empréstimo. Um banco também pode criar relações de longo prazo e coletar informações oferecendo linhas de crédito. Ele se compromete, por um determinado tempo, a oferecer à firma empréstimos até um valor definido. O cliente possui a vantagem de ter uma fonte de recursos para quando precisar e se sente estimulado a permanecer no mesmo banco a longo prazo. Vejamos mais sobre esses dois conceitos mencionados anteriormente: Colateral Também diminui as consequências da seleção adversa e do risco moral. As chances de prejuízo do banco são reduzidas, pois o tomador de empréstimo terá muito a perder se der um calote. Restrições de crédito Os bancos podem se recusar a realizar empréstimos mesmo que os tomadores com projetos arriscados estejam interessados em pagar uma taxa de juros alta. A instituição pode se recusar a emprestar qualquer valor ou restringir o limite do empréstimo. Há oito tipos de regulação financeira que procuram reduzir os problemas de informação assimétrica e os excessos de riscos tomados no sistema financeiro. Vamos conhecer detalhadamente cada uma dessas restrições agora: Evitam que instituições financeiras assumam muitos riscos, o que está ligado ao problema de risco moral. Adquirir informações sobre as atividades dessas instituições não é fácil, e a maioria dos depositantes e credores são incapazes de Restrições sobre aquisição de ativos impedi-las de se engajarem em atividades de risco. Dessa maneira, regulações muitas vezes proíbem a aquisição de ativos arriscados, como determinadas ações. Adicionalmente, regulações bancárias promovem diversificação, limitando a quantidade de empréstimos em determinadas categorias e por indivíduo. Exigem determinada proporção de capital próprio para reduzir o risco moral, ou seja, a razão entre patrimôniolíquido e o total de ativos do banco deve ser alta para fazer frente aos riscos. Se uma instituição financeira for forçada a manter uma grande quantidade de capital, correrá o risco de ir à falência, logo deve ser mais prudente. Essa exigência funciona como uma garantia, pois a instituição terá recursos suficientes quando choques adversos ocorrerem, dando mais segurança e solidez ao sistema. Porém, se os requerimentos de capital forem muito altos, a instituição terá poucos recursos para investir. Logo, há um dilema entre volume total do investimento e a sua segurança. Se um banco simplesmente guardar todos os recursos em um cofre, não haverá risco de crédito, mas também não haverá crédito! Trata-se de uma intervenção governamental direta quando um banco se encontra em uma situação complicada. O governo busca prevenir que as instituições financeiras cheguem a uma quantidade baixa de capital, evitando a sua falência e o seu envolvimento em atividades ariscadas. É a regulação que reduz a probabilidade de as instituições financeiras serem utilizadas por empresários ambiciosos ou desonestos interessados em participar de atividades especulativas. A qualificação de instituições financeiras previne a seleção adversa e evita que pessoas indesejáveis as Requerimentos de capital Ações corretivas imediatas Supervisão financeira controlem. São exigidas do banco análises periódicas que revelem seus ativos e passivos, rendas e dividendos e outros detalhes. Ações tomadas para reduzir o risco moral também ajudam a impedir a seleção adversa: com menos oportunidade para ações arriscadas, empresários que buscam riscos excessivos evitam o setor bancário. Em um ambiente caracterizado por diversas inovações financeiras, uma instituição saudável pode rapidamente se tornar insolvente com perdas em atividades especulativas. Assim, uma avaliação que foca apenas a posição da instituição financeira em um determinado ponto do tempo pode não ser efetiva em indicar se ela se arriscará excessivamente no futuro. A evolução do ambiente financeiro resultou em uma mudança sobre processo de supervisão prudencial, gerando a quinta forma de regulação: avaliação da gestão de risco. Por exemplo, os avaliadores do banco colocam mais ênfase na solidez dos processos de gestão do que no controle do risco. Quatro elementos são avaliados para se chegar à avaliação da gestão de risco: · A qualidade da supervisão fornecida pelos diretores e conselho de administração. · A adequação de políticas e limites para todas as atividades que apresentam riscos significativos. · A qualidade da mensuração do risco e o monitoramento de sistemas. · A adequação dos controles internos para prevenir fraudes e atividades não autorizadas por parte dos empregados. A tendência de focar os processos da gerência também é refletida nas orientações das autoridades regulatórias. Elas exigem limites de risco, funcionários próprios do banco para gerenciá-los e monitoramento da exposição do risco. O conselho de administração do banco deve desenvolver políticas formais de gerenciamento do risco e procedimentos para assegurar que diretores não violem os limites estabelecidos, implementando os controles internos necessários. Avaliação da gestão de risco Requerimentos de transparência São de extrema importância para a regulação financeira. Aperfeiçoar a transparência é necessário para limitar os incentivos a tomar riscos excessivos e melhorar a qualidade da informação no mercado para investidores. A existência da assimetria de informação sugere que os consumidores não têm dados suficientes para se proteger. Assim, o sétimo tipo de regulação, a proteção ao consumidor, toma várias providências. Por exemplo, emprestadores não podem discriminar seus clientes com base em etnia, estado civil ou gênero. A crise de 2008 evidenciou a necessidade de uma maior proteção ao consumidor: nos Estados Unidos, muitas famílias assinaram contratos de empréstimos que não entendiam e que claramente não conseguiriam pagar. Em diversos setores da economia, desejamos aumentar a competição para diminuir preços, melhorar a qualidade do serviço prestado e gerar inovações. No entanto, no mercado financeiro, um aumento da competitividade pode agravar o problema de risco moral: as instituições, visando à manutenção dos seus níveis de lucro, podem assumir riscos maiores. Assim, governos de diversos países criaram regulações para proteger instituições financeiras da competição. Apesar de esse oitavo tipo de regulação tentar limitar o risco moral, ele também traz sérias desvantagens. As principais são o aumento de tarifa para os consumidores e a redução da eficiência de instituições bancárias. Em outras palavras, embora haja a necessidade óbvia de regulamentação, há o perigo de excesso e falhas no desenho regulatório atrapalharem mais do que ajudarem. Por exemplo, se as novas regulações impedirem o surgimento de inovações financeiras que potencialmente beneficiassem famílias e empresas, o crescimento econômico poderia ser impactado. Proteção ao consumidor Restrição à competição Os acordos de Basileia Consistem em um conjunto de medidas de regulamentação bancária definido pelo Comitê da Basileia, do Banco de Compensações Internacionais (BIS) sediado em Basileia (Basel), Suíça. Esse comitê foi criado em 1974, após uma crise no mercado internacional provocada pela insolvência do banco alemão BankhausHerstatt. O comitê foi estabelecido pelos presidentes dos bancos centrais das maiores economias do mundo. O objetivo do Acordo de Basileia I, assinado em 1988, era garantir a liquidez do sistema financeiro, estabelecendo o mínimo de capital próprio que um banco deveria manter para realizar suas atividades com um nível de risco compatível. A atribuição de riscos às diversas classes de ativos foi dada por uma tabela elaborada pelo próprio comitê. O acordo passou a ser criticado especialmente no tratamento das ponderações de risco, pois a medida regulatória podia se diferenciar significativamente do risco real enfrentado pelo banco. Observe a retrospectiva a seguir: 1991 A difi ld d l ã Em 1999, o comitê lançou diversas propostas para reformar o acordo. Os esforços culminaram no acordo de Basileia II, que foi fundamentado em três pilares: Pilar 1 As dificuldades na regulação internacional foram evidenciadas pelo colapso do Bank of Credit and Commerce International (BCCI). A cooperação entre reguladores de diversos países e a padronização de requerimentos regulatórios ofereceram soluções potenciais aos problemas de regulação financeira internacional. 1992 O Comitê de Basileia definiu que os bancos que operam internacionalmente deveriam estar regulados por um único país, responsável por adquirir informações sobre as atividades deles. Adicionalmente, o comitê também permitiu que outros países restringissem a operação de bancos estrangeiros. 1994 O Acordo de Capital da Basileia foi implementado em 1994, no Brasil, introduzindo no país a exigência de capital mínimo, que variava em função do grau de risco das operações da instituição. Estabeleceu requisitos de capital para grandes bancos internacionalmente ativos, de maneira adequada ao risco total, composto pelo risco de crédito, pelo risco de mercado (oriundo de flutuações nos preços dos títulos) e pelo risco operacional (fraude ou incompetência gerencial). O acordo de Basileia I somente cobria o risco de crédito. Pilar 2 Teve como foco o fortalecimento do processo de supervisão. Os bancos foram separados de acordo com a capacidade de administração de risco. Era avaliado se essas instituições tinham procedimentos adequados para determinar a quantidade necessária de capital. Pilar 3 Focou a melhoria da disciplina do mercado, por meio do aumento da transparência de detalhes sobre a exposição do crédito e da efetividade do sistema interno de classificação de risco. Vejamos agora as etapas de cadapilar: Pilar 1 – Exigência de capital mínimo Risco de crédito. Risco de mercado. Risco operacional. Pilar 2 – Fiscalização Incentivo à melhor gestão. Apesar de o Acordo de Basileia II ter feito grandes progressos limitando o risco excessivo de instituições financeiras internacionalmente ativas, a crise de 2008 revelou que ainda havia problemas. São eles: 1° O acordo não exigiu dos bancos capital suficiente para lidar com rupturas financeiras. 2º O peso do risco era fortemente apoiado nas notas das agências de crédito, o que se provou não ser confiável. 3º O acordo era fortemente pró-cíclico: na prática, as exigências eram menores quando a economia estava crescendo. 4º Não era capaz de lidar com crises de liquidez, ou seja, com cenários de redução drástica da circulação de recursos na economia. Por essas razões, em 2010, como resposta regulatória à crise internacional, o comitê desenvolveu um novo acordo, Basileia III. Ele não apenas aumentou substancialmente o padrão de capital exigido, como também melhorou a qualidade do capital, estabelecendo padrões menos pró-cíclicos. Houve um aumento dos requerimentos de capital para quando a economia estiver bem e uma diminuição para quando estiver mal, fazendo novas regras do uso das notas das agências de crédito e exigindo recursos mais estáveis para momentos de crises de liquidez. Pilar 3 – Disciplina de mercado Aumento da transparência. Prevenção a crises �nanceiras: Basileia III Veja mais detalhes sobre o Acordo de Basileia III. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Assinale a alternativa correta sobre o Acordo de Basileia III. A O acordo não só passou a requerer montantes superiores de capital próprio, como também passou a ampliar a qualidade do capital regulatório. B O acordo introduziu na regulação três pilares, sendo o mais importante o da necessidade de capital mínimo. C O acordo surgiu após a crise de 1929, com a necessidade de regular o mercado financeiro americano. D O acordo melhorou a qualidade do capital, estabelecendo padrões pró-cíclicos de capital. E Parabéns! A alternativa A está correta. Como vimos no tópico, o objetivo do Acordo de Basileia III é tornar o sistema financeiro mais estável, melhorando a gestão e reduzindo riscos. Por isso, surgiram as exigências de montantes superiores de capital e a ampliação de sua qualidade, estabelecendo padrões de capital menos pró-cíclicos. Questão 2 Assinale a alternativa correta sobre regulação financeira. O Acordo de Basileia III é o terceiro pilar do Acordo de Basileia. A Os requisitos de capital estabelecem o máximo de capital que as instituições financeiras devem manter, como razão do valor dos seus ativos. B As restrições sobre aquisições de ativos impedem que as instituições financeiras mantenham um nível muito baixo de capital próprio. C Políticas de proteção ao consumidor são pouco relevantes na regulação financeira, pois os clientes dessas instituições conhecem as características dos produtos que contratam. D O impacto da competição no setor financeiro é ambíguo: pode gerar inovações relevantes, mas também pode fazer com que as instituições assumam um risco excessivo na disputa por clientes e recursos. E O impacto da competição no setor financeiro é sempre benéfico: pode gerar inovações relevantes e reduzir as taxas de juros para o consumidor. Parabéns! A alternativa D está correta. Pode ser útil promover alguma restrição à competição no sistema financeiro — caso contrário, as instituições podem se engajar em um comportamento excessivamente arriscado. Considerações �nais Neste conteúdo, estudamos as instituições financeiras, sua importância e suas dificuldades. Também conhecemos as políticas públicas para tornar o sistema financeiro mais sólido. Sugerimos que você tenha em mente esse instrumental ao ler as notícias nos jornais e avaliar propostas de leis e regulações por parte do poder público e das instituições regulatórias. Por que algumas empresas enfrentam dificuldades para obter crédito e o que pode levá-las à falência? Será que devemos aumentar os requisitos de capital dos bancos? Quais são os custos e os benefícios? Um debate informado sobre o papel das instituições financeiras contribui para o seu desenvolvimento e é benéfico para a economia e a sociedade como um todo. Podcast Para encerrar, ouça um resumo sobre os principais assuntos abordados neste conteúdo. Explore + O filme O dia antes do fim, de 2011, dirigido por J. C. Chandor, mostra como problemas de avaliação de risco financeiro acabaram por gerar um efeito dominó que comprometeu gravemente o sistema financeiro mundial em 2008. Vale a pena assistir para ver como inovações financeiras aparentemente complexas podem ser apenas instrumentos ruins para uma instituição financeira. Conforme visto no módulo 3, há diversas razões para o governo intervir na economia. A regulação é uma ferramenta importante para o bom funcionamento do mercado financeiro. Acesse o site do Banco Central para ler o artigo Rede de proteção e saneamento do sistema bancário, do economista Eduardo Lundberg, que apresenta justificativas para intervenção governamental. No Brasil, a principal fonte de financiamento das empresas é o crédito bancário doméstico. O Relatório de Estabilidade Financeira do BCB apresenta essa informação e outros dados estatísticos interessantes sobre o país. Você pode encontrá-lo no site oficial do Banco Central. Por fim, cheque sua pontuação de bom pagador consultando o Cadastro positivo no site oficial do Serasa. Referências CARVALHO, F. J. C. et al. Economia monetária e financeira. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. CVM. Comitê Consultivo de Educação. Mercado de valores mobiliários brasileiro. 4. ed. Rio de Janeiro: Comissão de Valores Mobiliários, 2019. MISHKIN, F. S. The economics of money, banking and financial markets. Boston: Pearson, 2015. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF()