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Teorias das instituições financeiras

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Teorias das
instituições
�nanceiras
Prof.º Mateus de Almeida Maciel
Descrição
Conceitos teóricos e estrutura das instituições financeiras; as grandes
crises financeiras e seu impacto na sociedade, os riscos da
intermediação financeira e as políticas de regulação.
Propósito
Saber analisar como os agentes econômicos e as instituições
financeiras se comportam em situações reais da economia, ajudando a
compreender as oscilações do mercado financeiro e suas
consequências.
Objetivos
Módulo 1
Estrutura das instituições �nanceiras
Compreender a estrutura das instituições financeiras.
Módulo 2
Crises �nanceiras
Diferenciar as crises financeiras e seus impactos.
Módulo 3
Riscos e regulação �nanceira
Analisar os riscos da intermediação financeira e a regulação
financeira.
Introdução
Vamos estudar as instituições financeiras e seu funcionamento.
Veremos inicialmente o papel dos intermediários financeiros, as
dificuldades no seu campo de atuação e as ferramentas
desenvolvidas como resposta.
Refletiremos sobre os graves problemas que surgem quando o
sistema financeiro se desorganiza e enfrenta crises. Por último,
vamos analisar os riscos da atividade de intermediação
financeira e aprender como a política pública reage ou se
antecipa a problemas, por meio da regulação.

1 - Estrutura das instituições �nanceiras
Ao �nal deste módulo, você será capaz de compreender a estrutura das instituições
�nanceiras.
O papel do sistema �nanceiro
Para compreender o funcionamento do sistema financeiro, é necessário
que alguns conceitos estejam claros. Por isso, abordaremos:
Ferramentas utilizadas por governos.
Papel do intermediário financeiro.
Problemas de informação assimétrica.
Intermediários financeiros para mitigar esses problemas.
A estrutura financeira é desenhada de forma a permitir a alocação dos
recursos dos poupadores para os investidores da melhor maneira
possível. Um componente importante dessa estrutura são as
instituições como:
Fundos de investimento
Fundos de pensão
Companhias de seguro
Bancos comerciais
Bancos múltiplos
Na ausência de intermediários, os pequenos poupadores sofrem
restrições ao acessar o mercado financeiro.
Atenção!
A estrutura financeira está relacionada ao fato de que existem custos de
transação.
Por exemplo, se alguém desejasse comprar ações (em menor
quantidade, devido à sua limitada quantidade de recursos), uma grande
porcentagem do total gasto seria destinada à comissão de corretagem.
Além disso, se esse agente econômico tentasse diversificar seus
investimentos evitando colocar “todos os ovos em uma cesta”, a fim de
reduzir os seus riscos, teria um alto custo de transação, uma vez que um
grande número de pequenas transações gera um elevado custo.
Os custos de transação conseguem ser mitigados pelos intermediários
financeiros devido à expertise no mercado e à presença de economias
de escala. Vejamos o processo:
“todos os ovos em uma cesta”
Essa expressão significa que você está se arriscando muito ao investir
todos os seus recursos no mesmo lugar. O que acontece se você coloca
todos os seus ovos em uma única cesta, e ela cai no chão?
Economia de escala
O custo é diluído à medida que aumenta a produção. É semelhante ao
que acontece em um processo de especialização: o especialista se
torna mais produtivo. É a propriedade pela qual o custo total médio de
uma firma diminui à medida que a quantidade produzida, nesse caso
transacionada, aumenta.
Custo de transação
Podem ser drasticamente reduzidos quando os investimentos de vários
indivíduos são agrupados de forma a aproveitar as economias de
escala. Em outras palavras, os custos de transação individuais são
reduzidos quando o tamanho (a escala) das transações aumenta.
Além disso, os intermediários financeiros também são capazes de
desenvolver expertises que diminuem custos de transação.
Exemplo
A expertise desenvolvida em tecnologia computacional permite oferecer
serviços como o acesso à rentabilidade de investimentos comparada
com a performance da poupança ou do Ibovespa no computador ou
aplicativo do celular.
Ibovespa
É o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo. Ele reflete o
desempenho médio de uma carteira composta pelas ações mais
representativas e negociadas na bolsa.
Para entender melhor o papel dos intermediários financeiros, vamos
estudar com atenção um problema central dos mercados nos dias
atuais: a informação assimétrica.
O papel da informação assimétrica
nos mercados �nanceiros
Para maior entendimento sobre a estrutura financeira, precisamos
refletir sobre o papel da informação assimétrica, uma falha de mercado
em que uma das partes da transação tem um nível de conhecimento
menor. A sua presença nos leva a problemas de seleção adversa e risco
moral.
Vejamos mais detalhes sobre cada um dos problemas destacados.
Falha de mercado
Informalmente, uma falha de mercado ocorre quando há desperdício de
recursos: embora haja recursos disponíveis para ajudar a situação de
alguém, o mercado não é capaz de gerar lucro por meio da produção ou da
troca de bens e serviços.
Seleção adversa
É identificada antes da transação e está relacionada ao tipo do
indivíduo. A princípio, os emprestadores de crédito não sabem se
estão lidando com bons ou maus pagadores, com pessoas
avessas ou propensas ao risco. Eles apenas sabem que
indivíduos com maior potencial de produção de resultados
adversos provavelmente serão selecionados.
Risco moral
É identificado após a transação, quando emprestadores não
sabem de que maneira os tomadores do empréstimo vão agir. No
contexto de empréstimos bancários, um comportamento
irresponsável ou arriscado do tomador diminui a probabilidade de
pagamento. Essas atitudes levam emprestadores a não
realizarem mais empréstimos, apesar de também haver pessoas
prudentes no mercado.
Sobre seleção adversa, um exemplo que podemos destacar são os
maus motoristas, que são mais propensos a comprar um seguro contra
a colisão de carros. Sendo assim, emprestadores podem decidir não
realizar nenhum empréstimo, mesmo que bons credores estejam
presentes no mercado.
Um exemplo de risco moral ocorre, por exemplo, quando um motorista
se sente à vontade para ser menos cauteloso após contratar um seguro.
Seleção adversa e risco moral
Veja alguns exemplos práticos desses problemas.
O programa Cadastro Positivo foi criado no Brasil em 2011, mas apenas
recentemente foi alterado para alcançar um maior número de pessoas
físicas e jurídicas. A Lei Complementar nº 166/2019 passou a incluir o
nome de consumidores e empresas no banco de dados. Antes era
preciso informar se desejava ser cadastrado.
Curiosidade
O programa almeja aumentar o acesso ao crédito, reduzir as taxas de
juros e ainda melhorar os prazos de pagamento. Esses benefícios são
possíveis, pois as empresas de crédito conseguem avaliar melhor o
perfil dos tomadores. Isso diminui a seleção adversa presente no
mercado, muito embora ainda permaneça o risco moral.
Na década de 1970, o famoso economista George Akerlof, ganhador do
Prêmio Nobel, apresentou ao mundo seu artigo O mercado dos limões,

no qual debate as implicações da seleção adversa.
Limões
O termo é usado pelos americanos para se referirem a carros usados ruins.
Em português, podemos dizer que o carro é um abacaxi!
O artigo cita, como exemplo, a dificuldade de
diferenciar um carro usado em um bom estado de um
em mau estado, e indica que somente vendedores
sabem distingui-los. Apesar de o comprador estar
disposto a pagar mais caro por um veículo de
qualidade, aceita apenas pagar um preço médio, pois
sabe que parte dos carros é ruim. Esse preço médio,
porém, é baixo demais para o vendedor de carros bons,
que pode sair do mercado, deixando como opções
apenas os ruins! A seleção adversa,
consequentemente, pode destruir o mercado de carros
usados bons.
Acontece algo similar no mercado financeiro. Um indivíduo incapaz de
distinguir uma boa firma de outra com riscos elevados elucros baixos
tenderia a pagar pela ação um valor que refletisse a qualidade média
das empresas. Isso significa que o preço está alto demais para uma
firma ruim e baixo demais para uma boa! Se os donos ou gerentes de
uma boa empresa sabem que suas ações são negociadas a um preço
baixo demais, não irão vendê-las, restando apenas as firmas ruins para a
negociação. Sabendo disso, os demais investidores não comprariam
essas ações.
A análise é similar no mercado de títulos privados.
Nesse contexto, o mercado de ações apresenta dificuldades para que as
empresas obtenham recursos. Na prática, esse mercado opera com
ofertas públicas de investimento coletivo: uma empresa emite ações
para diversas pessoas adquirirem. Isso permite que a empresa seja
avaliada apenas essa vez (na emissão) e que a informação a seu
respeito seja usada por todos.
A ação é apenas um dos muitos títulos, ou valores mobiliários,
negociados no mercado. O mercado de valores mobiliários permite a
transferência direta de recursos entre agentes econômicos. Instituições
financeiras são apenas prestadoras de serviço, mas não são
responsáveis pela transferência e não ficam com nenhum risco.
A presença de “limões” (ou abacaxis!) mantém o mercado de valores
mobiliários longe de ser um canal efetivo de recursos dos
emprestadores para os tomadores.
Uma solução para o problema de seleção adversa em mercados
financeiros é reduzir a assimetria de informação.
A maneira de os agentes oferecerem mais detalhes sobre as empresas
é por meio das agências de classificação.
Essas agências coletam e produzem informações distinguindo as firmas
no mercado, como Standard and Poor’s, a Moody’s e a Fitch Ratings.
Esse sistema, porém, não resolve o problema de seleção adversa em
mercados financeiros, por causa do comportamento chamado de
carona, muitas vezes indicado pelo termo em inglês: free-rider. Ele
ocorre quando pessoas que não pagaram pela informação também se
beneficiam dela, tornando o investimento em informação menor do que
deveria.
A demanda por um ativo e o seu preço aumentam à medida que
diversos agentes detêm uma informação relevante, assim quem pagou
por ela não obtém todo o benefício. Desse modo, cada vez menos
pessoas irão obter o serviço e, consequentemente, menos informação
será produzida. Vejamos mais detalhes a seguir.
O preço mais elevado não permite a obtenção de lucros com a
compra do ativo. Logo, menos pessoas obtêm esse serviço e
menos informação sobre empresas é produzida. A seleção
adversa, portanto, continua interferindo no funcionamento
eficiente do mercado com uma assimetria de informação, pois
o comportamento de carona impede a produção de dados.
Uma segunda maneira de disponibilizar mais informações é a
regulação do mercado de valores mobiliários, encorajando
empresas a revelarem seus reais dados.
No Brasil, a agência reguladora do mercado de capitais, a
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), exige a presença de
auditores externos para companhias com capital aberto, ou
seja, que possuem ações negociadas na bolsa. As empresas
de auditoria certificam que a firma em questão segue bons
princípios contábeis e divulgam informações precisas sobre
vendas, ativos e rendimentos.
A regulação governamental pode diminuir os problemas de informação
assimétrica, mas não os eliminar.
Os executivos das empresas têm bastante incentivo para esconder dos
investidores os problemas das corporações, dificultando a tarefa destes
em descobrir o valor verdadeiro da firma.
A seleção adversa em mercados financeiros explica esses serem os
mais regulados na economia, a fim de disponibilizar mais informações.
Esse mecanismo utilizado pelo governo é importante para reduzir o
problema de seleção adversa que interfere no funcionamento eficiente
do mercado.
Você sabia que na prática, em qualquer mercado, surgem instituições
para lidar com problemas informacionais?
Exemplo
No mercado de carros usados, o problema de seleção adversa é
mitigado com as agências de veículos usados. Elas analisam os carros
e intermedeiam as transações entre compradores e vendedores,
oferecendo garantias que permitem um número maior de vendas. As
instituições financeiras, como um banco, também têm essa função no
mercado financeiro; elas produzem informações para possibilitar
transações e obter lucro.
Observe que o problema de carona é menos relevante quando temos um
serviço como um empréstimo a pessoa física ou jurídica:
A informação específica gerada para essa transação tem menos
utilidade para quem não irá realizá-la.
Vamos ver agora como o risco moral pode afetar o funcionamento do
mercado. Usaremos a expressão principal-agente para descrever esse
problema informacional, pois temos duas partes envolvidas:
Principal-agente
A depender do autor, o principal-agente pode se referir tanto a problemas de
seleção adversa quanto de risco moral, ou mesmo ambos. Preste sempre
atenção à nomenclatura definida pelo autor!
Gerentes ou administradores da �rma
(agentes)
Proprietários da �rma
Vejamos, a seguir, como acontece na prática.
 Os gerentes, como empregados, detêm apenas uma
pequena parcela da firma e trabalham para os
acionistas, os quais detêm a maior parte do
patrimônio, logo são os proprietários da
companhia.
 A separação entre a gerência da empresa e sua
propriedade envolve um problema de risco moral
em que os gerentes podem agir em interesse
próprio em vez dos interesses dos acionistas
majoritários.
 Por exemplo, por benefício pessoal, o gerente pode
investir em um escritório luxuoso ou trabalhar
menos do que deveria. Ele pode estar interessado
em estratégias corporativas como a compra de
outras empresas, mas não a lucratividade da firma
em que trabalha.
 O risco moral não surgiria se os donos da firma
tivessem informação suficiente sobre as ações de
seus gerentes, a fim de prevenir o mau
comportamento. O problema surge quando o
gerente tem mais dados sobre sua atividade do que
o acionista, um caso de informação assimétrica.
 O monitoramento das atividades da firma, com
frequentes auditorias e observações sobre o
gerente, ajuda a reduzir o risco moral. Porém, esse
d t t d t
No caso do risco moral, assim como no problema de seleção adversa,
as regulações governamentais são utilizadas para aumentar a
informação disponível. Vários países possuem leis que obrigam firmas a
aderirem a princípios contábeis básicos para facilitar a verificação do
lucro, assim como há penalidades criminais para gerentes que cometem
fraudes, embora não seja fácil descobri-las e comprová-las.
Atenção!
Um intermediário financeiro que ajuda a reduzir o risco moral é a
empresa de capital de risco (algumas vezes chamadas de venture
capital), que agrupa os recursos dos seus parceiros e os usa para ajudar
novos empreendedores.
Pense em um grupo de amigos que coloca suas economias na mão de
alguém de confiança, que será remunerado para encontrar
oportunidades de investimento entre os pequenos empreendedores da
vizinhança.
A empresa de capital de risco recebe uma parte do novo negócio,
ou seja, tem direito a parte dos lucros.
processo pode ser custoso em termos de tempo e
dinheiro. Desse modo, o acionista pode ficar em
uma posição frágil, o que reduz o incentivo à
compra de ações da empresa.
A verificação de receitas e lucros é importante para eliminar o
risco moral.
A empresa normalmente tem diversos profissionais participando
na gerência dos novos negócios para olhar de perto suas
atividades.
Intermediários financeiros, em geral, e bancos, em particular, possuem
essencial função em transferir recursos para empresas, papel maior do
que as transações diretas, que ocorrem no mercado de valores
mobiliários (também chamado de mercado de capitais).
Isso explica o motivo de o financiamento indireto ser mais importante
do que o direto entre os agentes econômicos, e a razão de bancos
serem a mais importante fonte de fundos externos para financiar
negócios.
Característicasque afetam as
condições de �nanciamento
Algumas características de firmas ou indivíduos minimizam os
problemas informacionais discutidos anteriormente e são refletidas nas
condições de financiamento obtidas por esses agentes.
Empresas grandes e conhecidas possuem mais informações
disponíveis no mercado, facilitando a avaliação de qualidade por parte
dos investidores. Eles se preocupam menos com a seleção adversa
quando lidam com empresas conhecidas, logo estão mais dispostos a
investir diretamente nelas via mercado de valores mobiliários.
Nesse contexto, destaca-se o colateral e o patrimônio líquido, que
reduzem as consequências da seleção adversa, e por isso são bastante
importantes para o funcionamento do mercado de crédito. Vamos ver
mais detalhes a seguir:
Colateral
É a propriedade prometida ao emprestador se o tomador não pagar o
empréstimo, ou seja, dar um default ou um calote.
O colateral reduz o prejuízo do emprestador no caso de o devedor não
honrar as suas obrigações. Essa garantia de risco reduzido aumenta o
interesse por parte do emprestador.
Patrimônio líquido
É, informalmente, o valor da empresa para seus donos: é a diferença
entre o que ela tem (seus bens e direitos, chamados de ativos) e o que
deve (suas obrigações, chamadas de passivo).
Se a firma possui um elevado patrimônio líquido, pode oferecer uma
garantia maior ao tomar empréstimos. Além disso, quanto maior o
patrimônio líquido, menor a probabilidade de um calote.
Podemos concluir que firmas grandes, com maior patrimônio líquido ou
maior colateral a disponibilizar como garantia, terão mais facilidade para
obter recursos no mercado. É possível fazer uma analogia semelhante
para indivíduos: aqueles que podem oferecer mais garantias obtêm
melhores condições em empréstimos.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Você entra em um banco e pede um empréstimo para sua empresa,
que acaba de ser lançada no mercado. O gerente cobra uma taxa
alta e justifica que muitas empresas novas têm negócios arriscados
e desconhecidos pelo banco. Assinale a alternativa correta a seguir:
A
Há um problema de risco moral: o banco não sabe
se você vai se esforçar com a sua empresa.
B
Há um problema de seleção adversa: você conhece
as características do seu negócio melhor do que o
banco, que tem uma desvantagem informacional.
C
Há um problema de seleção adversa: você não sabe
se o banco é honesto com seus clientes.
D Não há problema informacional nessa transação.
E
Há um problema de seleção adversa: o banco
conhece as características do empréstimo melhor
do que você, que tem uma desvantagem
informacional.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Trata-se exatamente do problema de seleção adversa: o banco não
conhece o negócio de cada empresa, logo não sabe diferenciar o
risco de cada uma. Isso pode levar a um preço (a taxa de juros)
muito alto e prejudicar as boas empresas.
Questão 2
Você entra em um banco e pede um empréstimo para sua empresa,
que é pequena e pouco conhecida. Você lembra que leu nos jornais
que a Petrobrás obteve um empréstimo no mesmo banco com uma
taxa de juros baixa, então pede uma semelhante, mas o gerente
nega e cobra uma taxa mais alta. Assinale a alternativa correta.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Empresas grandes e conhecidas têm mais informação à disposição
do público geral, portanto se torna mais fácil avaliá-las para definir
A
Há um problema de risco moral: o banco pode ser
relapso ao cuidar da burocracia do empréstimo para
a sua empresa.
B
Empresas pouco conhecidas sofrem mais com o
problema de informação assimétrica, e suas
condições de financiamento são piores.
C
Intermediários financeiros como bancos preferem
cobrar taxas menores de empresas do setor de
petróleo.
D O banco não tem mais recursos para emprestar.
E
Há um problema de risco moral: empresas
pequenas não podem pressionar o gerente do banco
a conseguir taxas de juros menores.
as condições de um empréstimo.
2 - Crises �nanceiras
Ao �nal deste módulo, você será capaz de diferenciar as crises �nanceiras e seus impactos.
O que são crises �nanceiras?
As crises financeiras aparecem de maneira periódica no mundo
capitalista, com implicações graves para a economia e a sociedade.
Elas advêm de rompimentos importantes no mercado financeiro
caracterizados por um forte declínio nos preços das ações e falência de
firmas.
Um sistema financeiro funcional consegue alocar recursos de maneira
produtiva e eficiente, ou seja, o capital está nas mãos das pessoas que
farão o melhor uso dele. Quando essas fricções aumentam, os
mercados financeiros se tornam incapazes de transferir recursos de
poupadores para empresas e famílias com oportunidades de
investimento produtivo, resultando em declínio da atividade econômica.
Crise �nanceira problemática
Veja, mais detalhadamente, a problemática de uma crise financeira.
Vamos relembrar agora alguns casos históricos particularmente
importantes.
A Grande Depressão de 1929 e a Crise
Financeira Global de 2008
Desde 1927, o mercado financeiro dos Estados Unidos estava bastante
otimista. Isso levou o Banco Central americano a intervir para controlar
um crescimento desordenado, porém sua ação não foi bem-sucedida.
Banco Central americano
O Banco Central americano é chamado Federal Reserve, ou apenas Fed.
A partir de 1929 houve queda de 40% no mercado de ações. Entretanto,
em meados de 1930, s situação econômica parecia estar voltando a se
estabilizar.
Embora houvesse esperança de estabilização econômica, um forte
declínio da produção agrícola resultou no calote de vários empréstimos,
impactando os bancos e, consequentemente, comprometendo a oferta
de crédito. O preço das ações continuou caindo, e o aumento da
incerteza agravou os problemas de risco moral e seleção adversa,

abalando ainda mais o sistema financeiro. Como resultado, houve uma
contração na economia dos Estados Unidos.
Saiba mais
A Grande Depressão também teve efeitos perversos em outros lugares
do mundo. Na América Latina, as exportações de matéria-prima foram
fortemente reduzidas; na Europa, o descontentamento com a
democracia e os ideais liberais estimularam o crescimento do fascismo
e a chegada Segunda Guerra Mundial.
Décadas depois, em 2008, o mundo se deparou com uma nova crise
financeira, muitas vezes chamada de Crise do subprime. Esse termo
tem origem no fato de o mercado americano de hipotecas ser dividido
nos dois segmentos a seguir:
Prime
Com risco de crédito relativamente baixo e no qual operavam
diversas instituições financeiras.
Subprime
Com risco mais alto.
O que ocorreu ao longo dos anos
2000 que gerou a crise dos
subprimes?
A comissão do corretor de imóveis era proporcional aos empréstimos
hipotecários que ele oferecia e conseguia efetuar. Ele não se
preocupava com o risco de calote por parte do tomador do empréstimo.
Vemos então um duplo problema de informação assimétrica:
1. Entre o “dono do dinheiro” e o corretor, que não avaliava
corretamente risco.
2. Entre o corretor e o tomador do empréstimo, exatamente porque
este último conhecia melhor sua fonte de renda, sua capacidade de
pagamento da dívida e, portanto, seu risco de calote.
Conforme o preço dos imóveis aumentava, famílias eram incentivadas a
pegar um empréstimo imobiliário, mesmo sem condições de pagar, e a
quitar apenas algumas parcelas. Quando o pagamento se tornasse
inviável, elas poderiam vender o imóvel, ou o banco poderia tomá-lo e
vendê-lo. Dessa maneira, haveria lucro em qualquer caso, já que os
preços dos imóveis aumentavam cada vez mais. Parecia não haver
risco.
Atenção!
O problema é que essa lógica apenas funciona enquanto os preços
aumentam de fato!
O setor subprime começou a parecer artificialmente atraente e seguro, e
grandes bancos investiram cada vez mais nesse segmento. Por meio de
complexas inovações financeiras, havia um repasse de riscos, ou seja,
um banco local, que efetuavao empréstimo a uma família, obtinha
recursos de outros bancos.
Confira como ocorreu esse processo:
Na prática, grandes bancos estavam financiando imóveis para
quem não podia pagar, ficando expostos a um risco de crédito
imobiliário alto e mal avaliado. O sistema se tornou pouco
transparente, uma vez que uma operação de empréstimo já
problemática, no mercado subprime, teve seu efeito
potencializado pelo repasse desorganizado de riscos que
essas inovações permitiram.
Então, a bolha estourou: o mercado imobiliário se viu saturado,
e os preços dos imóveis começaram a cair. Pense em um
castelo de cartas desmoronando. As famílias não podiam mais
pagar suas dívidas, e os bancos ficaram com casas que
passaram a valer pouco. Por fim, bancos menores foram à
falência, pois se tornaram incapazes de honrar seus
compromissos com os maiores.
O setor financeiro foi arrasado e, sem empréstimos, houve
impacto imediato sobre a economia. Conhecendo os efeitos de
1929, governos de todo o mundo reagiram a essa crise
histórica com grandes pacotes de estímulo econômico. Isso
impediu uma recessão prolongada semelhante à da Grande
Depressão. Além disso, houve diversas mudanças regulatórias,
como veremos mais adiante.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
“Se uma pessoa dá calote em um banco, o problema é dela. Se mil
pessoas dão calote em um banco, o problema é do banco, e talvez
de toda sociedade.” Qual das afirmativas abaixo serve como
interpretação para essa frase?
A
Quando muitas pessoas dão calote, o banco fica
sensibilizado.
B
Se uma pessoa só dá calote, o banco não percebe,
pois tem muitos clientes.
C
Se muitas pessoas dão calote, o banco pode
quebrar, e com isso dificultar empresas que
Parabéns! A alternativa C está correta.
Como vimos, um calote em larga escala pode quebrar o banco,
comprometendo a oferta de crédito na economia.
Questão 2
Assinale a resposta correta a respeito das crises de 1929 e de
2008.
dependem de seu financiamento.
D
Quando mil pessoas dão calote, surge um problema
de assimetria informacional.
E
Quando muitas pessoas dão calote, o departamento
de cobrança fica sobrecarregado.
A
A crise de 1929 começou com uma quebra de safra
agrícola.
B
A crise de 1929 foi causada pelo Banco Central
americano, que promoveu um estímulo ao
crescimento dos preços das ações.
C
A crise de 2008 estava relacionada a problemas na
avaliação de risco no mercado imobiliário
americano.
D
A crise de 2008 gerou uma recessão que se
prolongou por muitos anos, pois os governos não
reagiram.
E
A crise de 2008 estava relacionada a problemas na
avaliação de risco no mercado imobiliário chinês.
Parabéns! A alternativa C está correta.
Como vimos, na Crise Financeira Global de 2008, houve um
investimento no mercado imobiliário subprime dos Estados Unidos
sem a devida avaliação de risco.
3 - Riscos e regulação �nanceira
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar os riscos da intermediação �nanceira e a
regulação �nanceira.
Riscos da intermediação �nanceira
Considere o seguinte exemplo:
 João abre uma conta corrente no banco X e nela
deposita o seu salário de R$2.000. O banco
conhece razoavelmente bem os gastos de João ao
longo do tempo — como vimos, instituições
financeiras produzem informação — e sabe que ele
raramente gasta mais de R$1.200 nas duas
primeiras semanas após o depósito.
 Assim, o banco pode usar R$800 para emprestar à
Maria com pagamento previsto em duas semanas.
Ainda que João precise de todo seu dinheiro em
uma emergência, isso dificilmente vai acontecer ao
mesmo tempo com todos os clientes do banco,
oferecendo à instituição uma margem de manobra.
 Observe que João tem um ativo, um direito, pois é
dono de R$2.000 depositados em sua conta
corrente. Dizemos que o banco é um transformador
de ativos, já que transforma parte do ativo de João
em um empréstimo para Maria no valor de R$800.
 Dessa maneira, Maria tem uma obrigação com o
banco, o qual, por sua vez, tem uma obrigação com
João. Essa transformação beneficia a todos: Maria
consegue um empréstimo, o banco obtém lucro, e
João recebe o serviço bancário de guarda de
recursos (e talvez até algum rendimento).
 Essa operação, porém, também gera um
descasamento no tempo: João tem o direito de
sacar seus recursos a qualquer momento, mas
Maria só tem obrigação de fazer o pagamento em
duas semanas — e ela pode não conseguir pagar no
prazo determinado. Isso causa o chamado risco de
crédito, ao qual as instituições bancárias devem
estar atentas.
Agora, a partir do exemplo apresentado, vamos retomar o conceito de
informação assimétrica para avaliar como os bancos podem lidar com o
risco de crédito. Para as instituições financeiras serem lucrativas, elas
precisam superar os problemas de seleção adversa e risco moral, que
aumentam a chance de calote. Veja:
Seleção adversa
Exige dos emprestadores a capacidade de filtrar os maus credores. Para
realizar uma boa investigação, os emprestadores devem coletar
informações dos potenciais tomadores de empréstimo. Outro método
utilizado por bancos para filtrar credores é focar empréstimos para
firmas de determinada localidade ou de setor econômico específico,
especializando-se na coleta de informações no seu nicho.
Risco moral
As instituições financeiras buscam reduzir o risco moral com acordos
restritivos que limitam o envolvimento dos tomadores de empréstimos
em atividades arriscadas. Para isso, os bancos devem monitorar as
atividades dos tomadores para verificar se os acordos estão sendo
cumpridos.
Maneiras de as instituições obterem
informações sobre os tomadores de
empréstimos
Por meio das relações de longo prazo com o cliente, é possível obter
maiores informações. Se o tomador tiver uma conta corrente, poupança
ou um empréstimo durante um longo período, o banco será capaz de
aprender mais sobre ele ao analisar suas atividades passadas. Assim,
as relações de longo prazo reduzem os custos de coleta de informação.
 A fim de se precaver, o banco pode emprestar
apenas R$400 para Maria. Alternativamente, a
regulação financeira pode exigir um valor máximo
para o empréstimo.
Um banco também pode criar relações de longo prazo e coletar
informações oferecendo linhas de crédito. Ele se compromete, por um
determinado tempo, a oferecer à firma empréstimos até um valor
definido. O cliente possui a vantagem de ter uma fonte de recursos para
quando precisar e se sente estimulado a permanecer no mesmo banco
a longo prazo.
Vejamos mais sobre esses dois conceitos mencionados anteriormente:
Colateral
Também diminui as consequências da seleção adversa e do risco moral.
As chances de prejuízo do banco são reduzidas, pois o tomador de
empréstimo terá muito a perder se der um calote.
Restrições de crédito
Os bancos podem se recusar a realizar empréstimos mesmo que os
tomadores com projetos arriscados estejam interessados em pagar
uma taxa de juros alta. A instituição pode se recusar a emprestar
qualquer valor ou restringir o limite do empréstimo.
Há oito tipos de regulação financeira que procuram reduzir os
problemas de informação assimétrica e os excessos de riscos tomados
no sistema financeiro.
Vamos conhecer detalhadamente cada uma dessas restrições agora:
Evitam que instituições financeiras assumam muitos riscos, o
que está ligado ao problema de risco moral. Adquirir
informações sobre as atividades dessas instituições não é fácil,
e a maioria dos depositantes e credores são incapazes de
Restrições sobre aquisição de ativos 
impedi-las de se engajarem em atividades de risco. Dessa
maneira, regulações muitas vezes proíbem a aquisição de ativos
arriscados, como determinadas ações.
Adicionalmente, regulações bancárias promovem diversificação,
limitando a quantidade de empréstimos em determinadas
categorias e por indivíduo.
Exigem determinada proporção de capital próprio para reduzir o
risco moral, ou seja, a razão entre patrimôniolíquido e o total de
ativos do banco deve ser alta para fazer frente aos riscos. Se
uma instituição financeira for forçada a manter uma grande
quantidade de capital, correrá o risco de ir à falência, logo deve
ser mais prudente.
Essa exigência funciona como uma garantia, pois a instituição
terá recursos suficientes quando choques adversos ocorrerem,
dando mais segurança e solidez ao sistema. Porém, se os
requerimentos de capital forem muito altos, a instituição terá
poucos recursos para investir. Logo, há um dilema entre volume
total do investimento e a sua segurança. Se um banco
simplesmente guardar todos os recursos em um cofre, não
haverá risco de crédito, mas também não haverá crédito!
Trata-se de uma intervenção governamental direta quando um
banco se encontra em uma situação complicada. O governo
busca prevenir que as instituições financeiras cheguem a uma
quantidade baixa de capital, evitando a sua falência e o seu
envolvimento em atividades ariscadas.
É a regulação que reduz a probabilidade de as instituições
financeiras serem utilizadas por empresários ambiciosos ou
desonestos interessados em participar de atividades
especulativas. A qualificação de instituições financeiras previne
a seleção adversa e evita que pessoas indesejáveis as
Requerimentos de capital 
Ações corretivas imediatas 
Supervisão financeira 
controlem. São exigidas do banco análises periódicas que
revelem seus ativos e passivos, rendas e dividendos e outros
detalhes. Ações tomadas para reduzir o risco moral também
ajudam a impedir a seleção adversa: com menos oportunidade
para ações arriscadas, empresários que buscam riscos
excessivos evitam o setor bancário.
Em um ambiente caracterizado por diversas inovações
financeiras, uma instituição saudável pode rapidamente se tornar
insolvente com perdas em atividades especulativas. Assim, uma
avaliação que foca apenas a posição da instituição financeira em
um determinado ponto do tempo pode não ser efetiva em indicar
se ela se arriscará excessivamente no futuro. A evolução do
ambiente financeiro resultou em uma mudança sobre processo
de supervisão prudencial, gerando a quinta forma de regulação:
avaliação da gestão de risco. Por exemplo, os avaliadores do
banco colocam mais ênfase na solidez dos processos de gestão
do que no controle do risco.
Quatro elementos são avaliados para se chegar à avaliação da
gestão de risco:
· A qualidade da supervisão fornecida pelos diretores e conselho
de administração.
· A adequação de políticas e limites para todas as atividades que
apresentam riscos significativos.
· A qualidade da mensuração do risco e o monitoramento de
sistemas.
· A adequação dos controles internos para prevenir fraudes e
atividades não autorizadas por parte dos empregados.
A tendência de focar os processos da gerência também é
refletida nas orientações das autoridades regulatórias. Elas
exigem limites de risco, funcionários próprios do banco para
gerenciá-los e monitoramento da exposição do risco. O conselho
de administração do banco deve desenvolver políticas formais
de gerenciamento do risco e procedimentos para assegurar que
diretores não violem os limites estabelecidos, implementando os
controles internos necessários.
Avaliação da gestão de risco 
Requerimentos de transparência 
São de extrema importância para a regulação financeira.
Aperfeiçoar a transparência é necessário para limitar os
incentivos a tomar riscos excessivos e melhorar a qualidade da
informação no mercado para investidores.
A existência da assimetria de informação sugere que os
consumidores não têm dados suficientes para se proteger.
Assim, o sétimo tipo de regulação, a proteção ao consumidor,
toma várias providências. Por exemplo, emprestadores não
podem discriminar seus clientes com base em etnia, estado civil
ou gênero. A crise de 2008 evidenciou a necessidade de uma
maior proteção ao consumidor: nos Estados Unidos, muitas
famílias assinaram contratos de empréstimos que não
entendiam e que claramente não conseguiriam pagar.
Em diversos setores da economia, desejamos aumentar a
competição para diminuir preços, melhorar a qualidade do
serviço prestado e gerar inovações. No entanto, no mercado
financeiro, um aumento da competitividade pode agravar o
problema de risco moral: as instituições, visando à manutenção
dos seus níveis de lucro, podem assumir riscos maiores. Assim,
governos de diversos países criaram regulações para proteger
instituições financeiras da competição.
Apesar de esse oitavo tipo de regulação tentar limitar o risco
moral, ele também traz sérias desvantagens. As principais são o
aumento de tarifa para os consumidores e a redução da
eficiência de instituições bancárias. Em outras palavras, embora
haja a necessidade óbvia de regulamentação, há o perigo de
excesso e falhas no desenho regulatório atrapalharem mais do
que ajudarem.
Por exemplo, se as novas regulações impedirem o surgimento de
inovações financeiras que potencialmente beneficiassem
famílias e empresas, o crescimento econômico poderia ser
impactado.
Proteção ao consumidor 
Restrição à competição 
Os acordos de Basileia
Consistem em um conjunto de medidas de regulamentação bancária
definido pelo Comitê da Basileia, do Banco de Compensações
Internacionais (BIS) sediado em Basileia (Basel), Suíça.
Esse comitê foi criado em 1974, após uma crise no mercado
internacional provocada pela insolvência do banco alemão
BankhausHerstatt. O comitê foi estabelecido pelos presidentes dos
bancos centrais das maiores economias do mundo.
O objetivo do Acordo de Basileia I, assinado em 1988, era garantir a
liquidez do sistema financeiro, estabelecendo o mínimo de capital
próprio que um banco deveria manter para realizar suas atividades com
um nível de risco compatível. A atribuição de riscos às diversas classes
de ativos foi dada por uma tabela elaborada pelo próprio comitê.
O acordo passou a ser criticado especialmente no tratamento das
ponderações de risco, pois a medida regulatória podia se diferenciar
significativamente do risco real enfrentado pelo banco. Observe a
retrospectiva a seguir:
1991
A difi ld d l ã
Em 1999, o comitê lançou diversas propostas para reformar o acordo.
Os esforços culminaram no acordo de Basileia II, que foi fundamentado
em três pilares:
Pilar 1
As dificuldades na regulação
internacional foram evidenciadas
pelo colapso do Bank of Credit
and Commerce International
(BCCI). A cooperação entre
reguladores de diversos países e
a padronização de
requerimentos regulatórios
ofereceram soluções potenciais
aos problemas de regulação
financeira internacional.
1992
O Comitê de Basileia definiu que
os bancos que operam
internacionalmente deveriam
estar regulados por um único
país, responsável por adquirir
informações sobre as atividades
deles. Adicionalmente, o comitê
também permitiu que outros
países restringissem a operação
de bancos estrangeiros.
1994
O Acordo de Capital da Basileia
foi implementado em 1994, no
Brasil, introduzindo no país a
exigência de capital mínimo, que
variava em função do grau de
risco das operações da
instituição.
Estabeleceu requisitos de capital para grandes bancos
internacionalmente ativos, de maneira adequada ao risco total,
composto pelo risco de crédito, pelo risco de mercado (oriundo de
flutuações nos preços dos títulos) e pelo risco operacional (fraude ou
incompetência gerencial). O acordo de Basileia I somente cobria o risco
de crédito.
Pilar 2
Teve como foco o fortalecimento do processo de supervisão. Os bancos
foram separados de acordo com a capacidade de administração de
risco. Era avaliado se essas instituições tinham procedimentos
adequados para determinar a quantidade necessária de capital.
Pilar 3
Focou a melhoria da disciplina do mercado, por meio do aumento da
transparência de detalhes sobre a exposição do crédito e da efetividade
do sistema interno de classificação de risco.
Vejamos agora as etapas de cadapilar:
 Pilar 1 – Exigência de capital mínimo
Risco de crédito.
Risco de mercado.
Risco operacional.
 Pilar 2 – Fiscalização
Incentivo à melhor gestão.
Apesar de o Acordo de Basileia II ter feito grandes progressos limitando
o risco excessivo de instituições financeiras internacionalmente ativas, a
crise de 2008 revelou que ainda havia problemas. São eles:
1°
O acordo não exigiu dos bancos capital suficiente para lidar com
rupturas financeiras.
2º
O peso do risco era fortemente apoiado nas notas das agências
de crédito, o que se provou não ser confiável.
3º
O acordo era fortemente pró-cíclico: na prática, as exigências
eram menores quando a economia estava crescendo.
4º
Não era capaz de lidar com crises de liquidez, ou seja, com
cenários de redução drástica da circulação de recursos na
economia.
Por essas razões, em 2010, como resposta regulatória à crise
internacional, o comitê desenvolveu um novo acordo, Basileia III. Ele não
apenas aumentou substancialmente o padrão de capital exigido, como
também melhorou a qualidade do capital, estabelecendo padrões
menos pró-cíclicos. Houve um aumento dos requerimentos de capital
para quando a economia estiver bem e uma diminuição para quando
estiver mal, fazendo novas regras do uso das notas das agências de
crédito e exigindo recursos mais estáveis para momentos de crises de
liquidez.
 Pilar 3 – Disciplina de mercado
Aumento da transparência.
Prevenção a crises �nanceiras:
Basileia III
Veja mais detalhes sobre o Acordo de Basileia III.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Assinale a alternativa correta sobre o Acordo de Basileia III.
A
O acordo não só passou a requerer montantes
superiores de capital próprio, como também passou
a ampliar a qualidade do capital regulatório.
B
O acordo introduziu na regulação três pilares, sendo
o mais importante o da necessidade de capital
mínimo.
C
O acordo surgiu após a crise de 1929, com a
necessidade de regular o mercado financeiro
americano.
D
O acordo melhorou a qualidade do capital,
estabelecendo padrões pró-cíclicos de capital.
E
Parabéns! A alternativa A está correta.
Como vimos no tópico, o objetivo do Acordo de Basileia III é tornar
o sistema financeiro mais estável, melhorando a gestão e reduzindo
riscos. Por isso, surgiram as exigências de montantes superiores de
capital e a ampliação de sua qualidade, estabelecendo padrões de
capital menos pró-cíclicos.
Questão 2
Assinale a alternativa correta sobre regulação financeira.
O Acordo de Basileia III é o terceiro pilar do Acordo
de Basileia.
A
Os requisitos de capital estabelecem o máximo de
capital que as instituições financeiras devem
manter, como razão do valor dos seus ativos.
B
As restrições sobre aquisições de ativos impedem
que as instituições financeiras mantenham um nível
muito baixo de capital próprio.
C
Políticas de proteção ao consumidor são pouco
relevantes na regulação financeira, pois os clientes
dessas instituições conhecem as características
dos produtos que contratam.
D
O impacto da competição no setor financeiro é
ambíguo: pode gerar inovações relevantes, mas
também pode fazer com que as instituições
assumam um risco excessivo na disputa por
clientes e recursos.
E
O impacto da competição no setor financeiro é
sempre benéfico: pode gerar inovações relevantes e
reduzir as taxas de juros para o consumidor.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Pode ser útil promover alguma restrição à competição no sistema
financeiro — caso contrário, as instituições podem se engajar em
um comportamento excessivamente arriscado.
Considerações �nais
Neste conteúdo, estudamos as instituições financeiras, sua importância
e suas dificuldades. Também conhecemos as políticas públicas para
tornar o sistema financeiro mais sólido. Sugerimos que você tenha em
mente esse instrumental ao ler as notícias nos jornais e avaliar
propostas de leis e regulações por parte do poder público e das
instituições regulatórias. Por que algumas empresas enfrentam
dificuldades para obter crédito e o que pode levá-las à falência? Será
que devemos aumentar os requisitos de capital dos bancos? Quais são
os custos e os benefícios? Um debate informado sobre o papel das
instituições financeiras contribui para o seu desenvolvimento e é
benéfico para a economia e a sociedade como um todo.
Podcast
Para encerrar, ouça um resumo sobre os principais assuntos abordados
neste conteúdo.
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O filme O dia antes do fim, de 2011, dirigido por J. C. Chandor, mostra
como problemas de avaliação de risco financeiro acabaram por gerar
um efeito dominó que comprometeu gravemente o sistema financeiro
mundial em 2008. Vale a pena assistir para ver como inovações
financeiras aparentemente complexas podem ser apenas instrumentos
ruins para uma instituição financeira.
Conforme visto no módulo 3, há diversas razões para o governo intervir
na economia. A regulação é uma ferramenta importante para o bom
funcionamento do mercado financeiro. Acesse o site do Banco Central
para ler o artigo Rede de proteção e saneamento do sistema bancário,
do economista Eduardo Lundberg, que apresenta justificativas para
intervenção governamental.
No Brasil, a principal fonte de financiamento das empresas é o crédito
bancário doméstico. O Relatório de Estabilidade Financeira do BCB
apresenta essa informação e outros dados estatísticos interessantes
sobre o país. Você pode encontrá-lo no site oficial do Banco Central.
Por fim, cheque sua pontuação de bom pagador consultando o Cadastro
positivo no site oficial do Serasa.
Referências
CARVALHO, F. J. C. et al. Economia monetária e financeira. 3. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2015.
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. CVM. Comitê Consultivo de
Educação. Mercado de valores mobiliários brasileiro. 4. ed. Rio de
Janeiro: Comissão de Valores Mobiliários, 2019.
MISHKIN, F. S. The economics of money, banking and financial markets.
Boston: Pearson, 2015.
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