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Língua portuguesa - Livro 1-0006

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A forma culta de alguns superlativos absolutos sintéti-
cos é construída por meio do radical latino do adjetivo + os
sufixos –íssimo, –imo, –érrimo (niger + –érrimo = nigérrimo;
nobilis + –íssimo = nobilíssimo; fidel + –íssimo = fidelíssimo).
Era agradabilíssimo conversar na varanda.
A forma coloquial do absoluto sintético é construí-
da pelo radical do adjetivo português + o sufixo –íssimo:
magríssimo (erudito: macérrimo), pobríssimo (erudito: pau-
pérrimo). A população utiliza ainda formas correlatas para
expressar o grau absoluto sintético, veja algumas delas:
Fig. 13 Prefixos.
Ela é hiperbacana!
Ela é superlinda!
O meu gato é lindo, lindo!
Fig. 14 Repetição de adjetivos.
O Valério é
podre de rico.
Fig. 15 Expressões em linguagem coloquial.
Em alguns casos o superlativo absoluto sintético pode
ser depreciativo: “É um grandessíssimo vigarista!”.
A locução adjetiva
A locução adjetiva é uma expressão formada de pre-
posição + substantivo que, a exemplo do adjetivo, dá uma
propriedade ao ser:
“som de assombração [...] ira de tubarão [...]
zum de besouro [...] tez da manhã [...]”.
Djavan Caetano Viana. “Açaí”. Intérprete: Djavan Caetano Viana.
In: Luz. CBS, 1982. 8a faixa.
A escolha entre a locução adjetiva ou o adjetivo obede-
ce a um critério estilístico, ao dizer “programa vespertino” o
enunciador mostra-se mais culto do que se dissesse “pro-
grama da tarde”. Consulte, na tabela a seguir, as principais
locuções e os adjetivos correspondentes:
de abelha apícola
de águia aquilino
de aluno discente
da audição auditivo, ótico
de boca bucal, oral
de campo rural, bucólico
de cavalo equino, equídeo
de chumbo plúmbeo
de chuva pluvial
de cidade citadino, urbano
de cinza cinéreo
de cobra ofídico
de coração cardíaco, cordial
de criança pueril, infantil
de diamante diamantino, adamantino
de estômago estomacal, gástrico
de estrela estelar
de fígado figadal, hepático
de filho filial
de fogo ígneo
de garganta gutural
de gato felino
de gelo glacial
de gesso gípseo
de guerra bélico
de homem humano
de idade etário
de ilha insular
de intestino celíaco, entérico ou intestinal
de inverno hibernal
de lago lacustre
prep. subst. prep. subst.
prep. subst. prep. subst.
16 LÍNGUA PORTUGUESA Capítulo 1 Morfologia – Classes gramaticais
de lebre leporino
de leite lácteo, láctico
de lobo lupino
de lua lunar, selênico
de macaco símio, simiesco
de marfim ebúrneo, ebóreo
de mestre magistral
de morte mortal, letal
de nádegas glúteo
de neve níveo, nival
de nuca occipital
de orelha auricular
de ouro áureo
de ovelha ovino
de paixão passional
de pedra pétreo
de pele epidérmico, cutâneo
de pescoço cervical
de prata argênteo
de proteína proteico
dos quadris ciático
do rio fluvial
de rocha rupestre
de sonho onírico
de tarde vesperal, vespertino
da terra telúrico
de tórax torácico
de umbigo umbilical
de velho senil
de vento eólio, eólico
de verão estival
de víbora viperino
de vidro vítreo, hialino, hialoide
de visão óptico
Tab. 8 Locuções adjetivas.
Adjetivos pátrios
Conhecidos também como gentílicos, os adjetivos pá-
trios designam origem, país, estado, região, cidades, enfim,
localidades. Você encontrará, a seguir, os mais importantes:
Acre acreano
Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Amazonas baré ou amazonense
Bahia baiano
Ceará cearense
Espírito Santo capixaba ou espírito-santense
Goiás goiano
Maranhão maranhense
Mato Grosso mato-grossense
Mato Grosso do Sul mato-grossense-do-sul
Minas Gerais mineiro
Pará paraense ou paroara
Paraíba paraibano
Paraná paranaense
Pernambuco pernambucano
Piauí piauiense
Rio de Janeiro fluminense
Rio Grande do Norte
rio-grandense-do-norte, norte-rio-gran-
dense, potiguar
Rio Grande do Sul
rio-grandense-do-sul, rio-grandense ou
gaúcho
Rondônia rondoniense ou rondoniano
Roraima roraimense
Santa Catarina catarinense, catarineta ou barriga-verde
São Paulo paulista
Tocantins tocantinense
Tab. 9 Adjetivos pátrios (estados).
Anápolis anapolino
Angra dos Reis angrense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Belém belenense
Boa Vista boa-vistense
Campo Grande campo-grandense
Cuiabá cuiabano
Duas Barras bibarrense
Florianópolis florianopolitano
João Pessoa pessoense
Juiz de Fora juiz-forano, juiz-de-forano ou juiz-forense
Macapá macapense
Maceió maceioense
Manaus manauense ou manauara
Natal natalense ou papa-jerimum
Niterói niteroiense
Novo Hamburgo hamburguense
Palmas palmense
Petrópolis petropolitano
Porto Velho porto-velhense
Recife recifense
Rio de Janeiro carioca
Salvador salvadorense, soteropolitano
Santarém santareno
São Luís ludovicense ou são-luisense
São Paulo paulistano
Teresina teresinense
Três Corações tricordiano
Três Rios tririense
Tab. 10 Adjetivos pátrios (cidades).
F
R
E
N
T
E
 1
17
Veja a redução de alguns adjetivos pátrios (usados em
adjetivos compostos):
• Era uma escola anglo-americana. (anglo = inglês)
• Caiu o governo austro-húngaro. (austro = austríaco)
• Era um quadro teuto-brasileiro. (teuto = alemão)
• As exportações sino-japonesas vão bem, obrigado. (sino
= chinês)
• A indústria era nipo-chinesa, mas os funcionários eram
brasileiros. (nipo = japonês)
• As tropas euro-americanas entraram em território egípcio.
(euro = europeu)
• O espetáculo é franco-argentino: produção francesa e di-
reção argentina. (franco = francês)
Aspectos semânticos do adjetivo
A anteposição e a posposição ao substantivo
Em certos casos, os adjetivos, dependendo de sua
posição em relação ao substantivo, podem mudar de sig-
nificado. Observe:
O amigo velho era um velho amigo.
O falso filósofo encontrou um filósofo falso.
A mudança gramatical e a mudança de sentido
No texto a seguir, extraído do anuário de criação, o
termo “físico” muda de classe gramatical. Funciona respec-
tivamente como substantivo, indicando a profissão, e como
adjetivo, indicando uma propriedade relativa ao corpo.
Esse
eficiente
físico
físico
é um
deficiente
Fig. 16 Stephen Hawking.
Veja outros exemplos:
Ela estava errada. Ela fala errado.
O doce era gostoso. O filho abraça gostoso.
senil antigo
não era mentiroso
R
E
P
R
O
D
U
Ç
Ã
O
adjetivo advérbio
adjetivo advérbio
O adjetivo concorda com o substantivo ao qual se
refere, todavia o advérbio é invariável (sempre masculino
singular), observe:
Ele fala bonito. Eles falam bonito.
Ela fala bonito. Elas falam bonito.
Facilmente, o adjetivo torna-se substantivo; basta in-
dicar o ser e não a propriedade do ser. O uso de artigo é
muito comum nesses casos:
O BONITO É
CARO: PREÇOS
PARA O
DESFILE SÃO
EXORBITANTES
Fig. 17 Na frase, a palavra “bonito” mudou de classe gramatical (adjetivo tor-
nou-se substantivo).
A palavra “bonito” atua na frase como substantivo. Ob-
serve, agora, estas outras frases:
Era um grande homem. Era um homem grande.
Era um alto funcionário. Era um funcionário alto.
O adjetivo pode variar de significado na mudança de
posição. Anteposto ao substantivo, nos dois exemplos, ele
assume valor subjetivo (opinião); posposto, tem valor obje-
tivo (constatação).
A anteposição ao substantivo como recurso
enfático
Que bela mulher!
em vez de
Que mulher bela!
A anteposição destaca a qualidade do ser. Na tira a
seguir, o adjetivo anteposto “importante” enfatiza o comu-
nicado do governo.
Fig. 18 Recurso enfático: anteposição ao substantivo.
E ATENÇÃO PARA
UM IMPORTANTE
COMUNICADO
DO GOVERNO:
“Neste mandato
nunca houve
desvio de verbas.”
advérbio advérbio
advérbio advérbio
formidável corpo grande
importante grande estatura
B
E
N
IS
 A
R
A
P
O
V
IC
/1
2
3
R
F.
C
O
M
18 LÍNGUA PORTUGUESA Capítulo 1 Morfologia – Classes gramaticais

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