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27/08/2023, 13:13 Sumário Unidade2
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Aula 03
Bilinguismo
Caríssimo(a),
A comunicação total, apesar de ter sido rejeitada por sua distorção no aprendizado da língua majoritária e
também da língua de sinais, sinalizou a possibilidade de se trabalhar as duas línguas em momentos
distintos. Nesta aula, trataremos desse tema: o bilinguismo. Bom estudo!!!
Fonte: http://tinyurl.com/ne2gs5z
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Para o desenvolvimento dessa nova proposta, pressupõe-se o desenvolvimento em primeiro
momento da língua 1 (L1), que para os surdos se apresenta como a língua de sinais e, após a
aquisição dessa L1, o indivíduo forma uma base para a aquisição da segunda língua (L2), que deverá
ser priorizada em linguagem escrita e podendo ser desenvolvida a habilidade da linguagem oral.
O bilinguismo para surdos atravessa a fronteira linguística e inclui o desenvolvimento da pessoa
surda dentro da escola e fora dela numa perspectiva cultural. A educação de surdos deve ser
pensada em termos educacionais e não mais em termos de línguas, é preciso traçar a educação de
surdos a partir de uma pedagogia surda (SKLIAR, 2005).
Uma postura que envolva o bilinguismo prioriza, evidentemente, o fato de que uma língua precisa
ser de domínio do indivíduo para contribuir signi�cativamente para seu desenvolvimento cognitivo
e sua necessidade de comunicação com o meio. Assim, no bilinguismo, o indivíduo terá a língua de
sinais como sua língua natural e, paralelamente, será exposto a um processo de aprendizagem da
língua portuguesa (FERNANDES, 2003).
Visto que a L1 é a língua natural dos Surdos (a presença do “S” em maiúsculo inicia seu
aparecimento à medida que iniciamos uma relação de identidade), é necessário o suporte para seu
desenvolvimento de maneira adequada, ou seja, expondo a criança Surda ao convívio com seus
pares, de preferência professores também Surdos, onde se é sistematizado à língua, assim como
acontece com os ouvintes quando iniciam seu processo de aquisição de linguagem. Com essa
formação estruturada, a criança passa a entrar em contato com a L2, que será aprendida, já que não
SAIBA MAIS
De maneira geral, o bilinguismo aumenta a capacidade cognitiva do indivíduo, sobretudo,
porque envolve mais áreas cerebrais.
Leia o artigo “Bilíngues utilizam mais áreas do cérebro” para saber mais.
https://www.dn.pt/ciencia/interior/bilingues-utilizam-mais-areas-do-cerebro-3429699.html
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é uma língua natural. Porém, ser bilíngue não é só aprender a estrutura, a gramática, o vocabulário
de ambas as línguas. É também necessário conhecer em uma base sólida a sua signi�cação
sociocultural e, para que isso ocorra, é necessário o contato com ambas as comunidades.
Vários estudos na área da surdez apontam que resultados no desenvolvimento cognitivo da
criança surda acontecem com maior facilidade quando seu aprendizado se dá através da língua
de sinais.
As línguas de sinais são adquiridas pelos surdos com naturalidade e rapidez, possibilitando o acesso
a uma linguagem que permite uma comunicação e�ciente.
A língua de sinais, para os surdos, assim como o português falado para os ouvintes, fornecerá todo o
aparato linguístico-cognitivo necessário à utilização de estratégias de interpretação e produção de
textos escritos (BRASIL, 1997).
É fato que surdos bem oralizados apresentam uma produção escrita com melhor desenvolvimento
na questão sintática e uma melhor coesão textual. Isso se deve a uma maior aproximação com o
padrão da língua oral e apresentação de repetições, uso de marcadores e parafraseamentos
(ANDRADE, 2007), já os Surdos bilíngues apresentam uma melhor coerência textual, percebendo
sua organização enquanto usuário da língua de sinais, mas é importante ressaltar que essa
coerência não é sinônimo de entendimento por parte do ouvinte dessas produções, já que a escrita
irá seguir a estrutura da L1.
Conforme a�rmação de Everhart e Marschark (1988), crianças surdas são, cognitiva e
linguisticamente, mais competentes do que concluem os testes a que são submetidas.
Para Sánchez (1999), o desenvolvimento normal (funcional) da linguagem e da inteligência parte
da sua imersão em situações que lhe facilitem a construção de representações sobre as formas da
linguagem constituída e do acesso dos surdos aos vários contextos de produção linguística. Não
há como negar as possibilidades que surgem para o indivíduo Surdo na proposta bilíngue.
É importante ressaltar que o bilinguismo que hoje é apresentado em diversas instituições de ensino
se baseia no simples fato de contar com um intérprete educacional (IE) dentro do ambiente escolar,
desconhecendo o embasamento de que se trata tal proposta e as reais necessidades do aluno que
ora se apresenta.
O intérprete educacional atua como um mediador da comunicação entre aluno e os diversos
segmentos do ambiente escolar, mas isso não signi�ca que aquele aluno irá assimilar o conteúdo e
verdadeiramente aprender. Então, é importante que os gestores e professores percebam que o
bilinguismo não se resume apenas a esse pro�ssional intérprete, mas à metodologia de ensino,
adequação curricular, formas alternativas de avaliação e planejamento de aulas apropriadas para
alunos (que se baseiam em uma comunicação visual). É importante lembrar que quem tem a
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competência linguística do conteúdo ministrado é o professor e, para que o aprendizado
efetivamente aconteça, é necessário que este professor também seja, preferencialmente, nativo da
Libras ou bilíngue.
Conforme Salles et al. (2008), um aspecto amplamente reconhecido entre educadores e
pesquisadores na área da surdez é que o impedimento (total ou parcial) do canal perceptual
auditivo – responsável crucial pela di�culdade de adquirir a língua oral – não impede que a pessoa
surda realize operações lógicas de raciocínio.
Esse estudo nos mostra com muita clareza a capacidade de sujeitos Surdos desenvolverem sua
capacidade de progredir em sua competência escolar utilizando a LSB (Língua de Sinais
Brasileira) e a língua portuguesa, na modalidade escrita, podendo ainda desenvolver a habilidade
oral.
Para que esse sucesso se torne evidente, é fundamental a exposição o quanto antes de ambas as
línguas. É notório também que a adequação curricular, voltada para esse alunado surdo, se torna
necessário para que o aprendizado aconteça de forma mais apropriada.
Um exemplo testado e informado em Salles et al. (2005) é uma hipótese de que o raciocínio
dedutivo-inferencial presente na estrutura dos modelos qualitativos, bem como na metodologia
adotada, propicia a formulação, por parte do aluno, de conclusões não triviais, de�nidas por
Sperber e Wilson (1995) como informações que modi�cam (e melhoram) a representação global do
mundo/conhecimento do mundo.
Esse experimento, no qual o aluno é exposto a uma tecnologia educacional desenvolvida no âmbito
da inteligência arti�cial, testa a percepção do aluno Surdo de uma cadeia alimentar através de uma
estrutura de modelo causal. Percebeu-se, com muita clareza, o desenvolvimento do raciocínio
lógico, apresentando habilidades como reconhecimento dos objetos e do raciocínio inferencial e
aplicação das mesmas a uma situação dada, propiciando ainda maior e�ciência na expressão
linguística do raciocínio. Isso indica que a informação veiculada, no processo de ensino-
aprendizagem, com o apoio de modelos qualitativos, produz o efeito cognitivo de modi�car e
melhorar a representação do mundo.A adoção de um planejamento por parte do professor voltado para necessidades desse aluno Surdo,
como aulas mais imagéticas, repercute de sobremaneira no aprendizado do conteúdo ministrado.
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Conforme já explicitado nesta unidade, o IE, por si só, não representa, em hipótese alguma, uma
aprendizagem bilíngue. Esse pro�ssional irá mediar a conversação entre aluno Surdo e professor
regente, não signi�cando com isso uma garantia de aprendizagem, premissa essa também adotada
para alunos ouvintes. Quando há um planejamento voltado também para uma metodologia
imagética, percebe-se uma melhora qualitativa para todos os alunos, sejam eles Surdos ou não,
ocorrendo uma contextualização com o que é falado/interpretado pelo IE e o que é visualizado.
Outra atitude educacional surgida com a proposta bilíngue foi a percepção de como deveria ser
ensinado a disciplina Português. Está claro para o Ministério da Educação (MEC) que esse aluno
Surdo possui uma L1 e que esta língua não é o português, e sim a Libras. Com esse entendimento, é
iniciado em alguns estabelecimentos educacionais o ensino de português como L2 (segunda língua),
com uma metodologia diferenciada, favorecendo a aquisição desta língua que sempre foi imposta
ao aprendizado do aluno Surdo da mesma forma que era usada para alunos ouvintes.
Ainda hoje, as comunidades surdas lutam por uma educação que atenda às suas especi�cidades
comunicativas, e esta, segundo defendem, deve ser bilíngue, desenvolvida com metodologias
especí�cas, utilizando a Libras como L1 e o português escrito, como L2.
VÍDEO
Olá, estudante! Para assistir a esse vídeo, acesse a versão web do seu material didático.
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Nova lei inclui educação bilíngue de surdos como modalidade na LDB
04/08/2021, 09h51
O presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei 14.191, de 2021, que insere a Educação Bilíngue de
Surdos na Lei Brasileira de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei 9.394, de 1996)
como uma modalidade de ensino independente — antes incluída como parte da educação
especial. Entende-se como educação bilíngue aquela que tem a língua brasileira de sinais (Libras)
como primeira língua e o português escrito como segunda. 
Oriundo do PL 4.909/2020, apresentado pelo senador Flávio Arns (Podemos-PR), o texto foi
aprovado em maio pelo Senado e em 13 de julho pela Câmara. A educação bilíngue será aplicada
em escolas bilíngues de surdos, classes bilíngues de surdos, escolas comuns ou em polos de
educação bilíngue de surdos. O público a ser atendido será de educandos surdos, surdocegos,
com de�ciência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou superdotação ou com
de�ciências.
De acordo com o texto, a modalidade de ensino deverá ser iniciada na educação infantil e se
estender ao longo da vida. As escolas deverão oferecer serviço de apoio educacional
especializado para atender às especi�cidades linguísticas dos estudantes surdos, o que não
impedirá que esse aluno faça matrícula em escolas e classes regulares de acordo com o que
decidirem os pais ou responsáveis ou o próprio aluno.
Entre as medidas previstas, o projeto também prevê a oferta, aos estudantes surdos, de
materiais didáticos e professores bilíngues com formação e especialização adequadas, em nível
superior. Além disso, os sistemas de ensino devem desenvolver programas integrados de ensino
e pesquisa para oferta de educação escolar bilíngue e intercultural aos estudantes surdos.
A União será responsável por conceder apoio técnico e �nanceiro para esses programas, que
serão planejados com a participação das comunidades surdas, de instituições de ensino superior
e de entidades representativas dos surdos.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
Fonte: Agência Senado. Disponível em: <
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/08/04/nova-lei-inclui-educacao-bilingue-
de-surdos-como-modalidade-na-ldb >. Acesso em 2 jun. 2023.
Acesse a Lei nº 14.191, de 3 de Agosto de 2021 clicando no link a seguir:
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.191-de-3-de-agosto-de-2021-336083749  
FATOS E DADOS
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/08/04/nova-lei-inclui-educacao-bilingue-de-surdos-como-modalidade-na-ldb
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.191-de-3-de-agosto-de-2021-336083749
27/08/2023, 13:13 Sumário Unidade2
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Se o bilinguismo e a inclusão escolar do surdo não se resumem à presença do intérprete de Libras
em sala de aula, tampouco as metodologias tradicionais de ensino, ainda que traduzidas para a
Libras, garantem a aprendizagem dessa população. A partir da abordagem bilíngue surge uma outra
proposta de organização do trabalho pedagógico voltado aos surdos e sua experiência sensorial
com o mundo: a Pedagogia Visual.
Sobre essa pedagogia estudaremos na próxima aula. Até lá!

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