Buscar

Emoção, Aprendizado e Memória 5

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EMOÇÃO, APRENDIZADO E 
MEMÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Reginaldo Daniel da Silveira 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
 A cognição e a emoção têm merecido interesse contínuo de neurocientistas 
e psicólogos. Falar em interações cognitivo-emocionais no campo na neurociência 
é falar de interações neurais entre a amígdala e as áreas do cérebro envolvidas 
na cognição. O que tem sido discutido nas publicações sobre o tema é a presença, 
nesses circuitos, do neocórtex e do hipocampo, pois a eles nos voltamos para a 
atenção e a memória, elementos envolvidos em qualquer estudo da área. 
 Questionar-se sobre a influência da cognição no afeto, ou do afeto na 
cognição, é buscar respostas com base em um entendimento sobre a percepção 
e o julgamento, e sobre processos cognitivos presentes nas interações cognitivo-
emocionais, como veremos na sequência. 
TEMA 1 – FUNDAMENTOS PARA A COMPREENSÃO DE PROCESSOS 
COGNITIVOS 
 O estudo das interações cognitivo-emocionais indica que processos 
psicológicos não podem ser mapeados por regiões isoladas do cérebro. Imagine 
que você está em frente ao seu computador assistindo a um vídeo, e de repente 
ouve um grito e o som de uma porta batendo. Seu cérebro entra em atividade 
intensa; primeiramente, você se dá conta de que aquilo não está no vídeo. E 
então, você se lembra de que no apartamento ao lado há uma mulher que costuma 
bater forte no filho de nove anos. Você tira os fones, corre até a porta e cola o 
ouvido na parede. Sua atenção está focada naquilo que o seu cérebro priorizou. 
Um barulho no outro ponto faz você correr e olhar a janela. Talvez uma agressão 
esteja acontecendo no andar térreo. Você fica pensando se abre a porta para 
sondar o apartamento do lado, se desce de elevador até o térreo, ou se volta para 
ver o vídeo. Neste momento, você aciona todos os seus processos cognitivos, e 
por meio deles expressa suas emoções. 
Ao longo da história dos estudos sobre cognição, especialmente quando 
psicólogos e outros cientistas começaram suas pesquisas, não se dava atenção 
à emoção. Aspectos cognitivos relacionados a tomadas de decisão, atenção e 
memória, entre outros, eram tomados no sentido da informação puramente 
racional (Gazzaniga; Heatherton, 2005). Com a observação de que em respostas 
a situações consideradas essencialmente cognitivas se mostravam, 
 
 
3 
frequentemente, sinais afetivos, os estudiosos passaram a se dedicar à 
investigação do que estaria vinculando um caráter emocional às respostas. 
A emoção também envolve tomadas de decisão que são orientadas por 
marcações privadas em nossa memória. Ao serem acessadas, elas interferem na 
forma como pensamentos nos mobilizam a ter este ou aquele comportamento em 
resposta a diferentes eventos. Pode-se considerar, nesse processo, o conceito de 
pensamento automático desenvolvido pela Terapia Cognitivo-Comportamental 
nas tomadas de decisão: 
Um grande número dos pensamentos que temos a cada dia faz parte de 
um fluxo de processamento cognitivo que se encontro logo abaixo da 
superfície da mente totalmente consciente. Esses pensamentos 
automáticos normalmente são privativos ou não declarados e ocorrem 
de forma rápida à medida que avaliamos o significado de 
acontecimentos em nossas vidas. (Wright; Basco; Thase, 2008, p. 19) 
Pensamentos automáticos geram emoções de modo particular e subjetivo, 
e aí residem as nossas cognições. Weiten (2010) explica que, para estudar o 
componente cognitivo das emoções, os psicólogos investigam as informações que 
as pessoas relatam sobre suas sensações emotivas. Por esses relatos percebe-
se, que a emoção é um sentimento interno, intenso, que “às vezes parece ter vida 
própria” (Weiten, 2010, p. 286). O autor explica que não podemos ligá-la e desligá-
la quando quisermos, muito embora ao nosso ver possamos desenvolver 
mecanismos para lidar melhor com elas. 
Furnham (2011) vai além, ao tratar de como os psicólogos e outros 
profissionais próximos buscam localizar os pensamentos automáticos e 
compreender as emoções de uma determinada pessoa. Quatro métodos 
avaliativos ajudam a quantificar as emoções. Primeiro, as informações que a 
pessoa oferece acerca de si mesma; segundo, o que os outros dizem a respeito 
dela; terceiro, a observação do comportamento da pessoa quando realiza uma 
tarefa; quarto, um método fisiológico com exames, como por exemplo frequência 
cardíaca, sinais cerebrais, mostras de sangue e saliva. 
Sejam quais forem os dados sobre as emoções, as cognições devem 
sempre ser consideradas, pois podem estar vinculadas ao tipo de resposta 
emocional apresentado pela pessoa. Por esse prisma, somos levados a focar na 
informação geradora da emoção, o que nos faz considerar dois sistemas de 
processamento: o afetivo e o cognitivo. O primeiro não está presente no 
pensamento consciente; é reativo, uma vez que desencadeia vários eventos 
psicofisiológicos de modo automático, no momento em que a informação sensorial 
 
 
4 
é recebida (Komninos, 2017). O processamento cognitivo é consciente e envolve 
a análise das informações sensoriais que fazem o contrabalanço do sistema 
afetivo. 
Para Shackman, Fox e Seminowicz (2015, tradução nossa), “palavras, 
medo, recompensa, atenção e outros processos psicológicos não podem ser 
mapeados para regiões isoladas do cérebro, porque nenhuma região é única o 
suficiente e necessário para isso". 
TEMA 2 – PERCEPÇÃO E JULGAMENTO 
Integrada à atenção, a percepção mobiliza a memória e o raciocínio, além 
de produzir elementos para fazer o julgamento dos eventos que culminarão em 
respostas emocionais, ao considerarmos que a afetividade é uma disposição ou 
uma suscetibilidade, diante do que percebemos no mundo real ou simbólico, que 
nos alinha no plano de processos interativos. Isso acontece por meio de 
informações que percebemos e julgamos. Poderíamos dizer que uma sensação 
ou uma intuição está ligada à nossa percepção. Quando pensamos e sentimos, 
também julgamos. 
Percebemos quando interpretamos um estímulo em um determinado 
evento, com base em uma experiência. Dito dessa forma parece um processo 
simples, mas a percepção também envolve processos fisiológicos e psicológicos. 
O que percebemos tem a ver com o nível de precisão de nossos sentidos, a 
clareza das sensações, como sentimos, além das cognições que existem de forma 
privada em nossas mentes. 
A esta altura, é necessário diferenciar mais precisamente as ideias de 
sensação e sentir. Ao nosso ver, sensação é a apreensão do objeto/evento, 
através de audição, visão, tato, paladar e olfato. Sentir é perceber alguma coisa 
pelos sentidos, mas também pelos sentimentos. Experimentamos um cheiro, por 
exemplo, e temos uma impressão física e crítica sobre ele e sobre o evento que o 
propiciou. 
Pensamento, sentimento, intuição e sensação foram estudados por Carl 
Jung, que desenvolveu suas ideias a partir da percepção e do julgamento. Seu 
foco foi definir tipos de personalidade dentro da concepção de extroversão e 
introversão. De um modo geral, os processos cognitivos são estudados pela 
neurologia, filosofia e psicologia, e ganham impulso pelas técnicas de 
neuroimagem, que mostram como processamos as informações, e quais partes 
 
 
5 
do cérebro estão relacionadas a quais processos cognitivos. Com a revolução 
cognitiva nos anos 1960, e com os estudos dos processos mentais pela psicologia 
cognitiva, temos nos dias de hoje uma visão mais avançada dos processos 
cognitivos. 
Os elementos, pensamento, sentimento, a intuição e a sensação, fazem 
parte do perceber e do julgar. Julgar é tomar decisões e formar conclusões com 
base em informações disponíveis, que combinamos com a experiência. Neste 
processo, incluímos sentimento, intuição e sensação, que são inerentes ao 
processo de percepção. 
Pela percepção, um estímulo específico nos chega; pela atenção,ao julgá-
lo, nós o interpretamos. Como é que mantemos percepções significativas num 
mundo de estímulos aparentemente caóticos? A contribuição da psicologia da 
Gestalt é que a mente humana forma um todo global com tendências auto-
organizadas. O nosso cérebro percebe as coisas dentro de um espectro de 
agrupamento, não de separação, e assim nos ajuda a organizar o que pensamos, 
sentimos e intuímos, além das nossas sensações. Essa tendência nos garante 
rapidez e aplicabilidade, mas não garante precisão, o que pode nos levar a 
percepções e julgamentos equivocados. 
A todo instante, fazemos julgamentos; o modo como eles surgem está 
baseado principalmente em percepções sensoriais que, ao se juntar com 
marcações privadas de história de vida, produzem o julgamento perceptivo. 
Cognições e emoções em movimento nos fazem sentir felizes ou infelizes. 
Podemos nos perguntar se, no julgamento perceptivo, vêm primeiramente as 
reações fisiológicas ou as reações emocionais, mas trata-se de um longo 
caminho. Pelo senso comum, uma emoção como o medo viria antes de reações 
físicas, como suor, tremedeira e coração acelerado, e antes de certos 
comportamentos, como a fuga. Ao tratar sobre o tema, Weeks (2014) nos lembra 
que William James e Carl Lange argumentaram o contrário, ao defenderem que, 
diante de algo ameaçador, primeiro suamos e trememos, e isso é que nos causa 
medo. Lazarus, por sua vez, afirmou que uma avaliação (processo mental 
automático e inconsciente) precede a resposta emocional (citado por Weeks, 
2014). Entende-se que a avaliação a que Lazarus se refere, que nos faz julgar e 
provocar uma emoção, é parte do viés cognitivo. 
Vieses cognitivos, segundo Furnham (2011), “são como filtros seletivos 
através dos quais vemos e interpretamos os acontecimentos”. Para alimentar os 
 
 
6 
filtros, usamos codificações sensoriais, isto é, recorremos aos sentidos. Diferentes 
aspectos do ambiente físico são codificados por diferentes impulsos neurais. 
Nossos receptores de informação são os neurônios que transmitem dados ao 
cérebro, na forma de impulsos neurais. Segundo Gazzaniga e Heatherton (2005), 
a maior parte do que obtemos como informação vai primeiro para o tálamo, para 
dali ser distribuída ao córtex, onde será interpretada como visão, cheiro, som, 
toque ou sabor. 
TEMA 3 – ATENÇÃO 
 A atenção é um processo cognitivo caracterizado pela concentração 
seletiva em determinado aspecto subjetivo ou objetivo de uma informação, 
ignorando outras possíveis informações. A atenção está vinculada “à forma como 
um indivíduo de maneira ativa processa informações especificamente presentes 
em seu ambiente” (Kleinman, 2015, p. 79). 
 Para Gazzaniga e Heatherton (2005, p. 175), a atenção é “o estudo de 
como o cérebro seleciona quais estímulos sensoriais descartar e quais transmitir 
para níveis superiores de processamento”. 
 Os estímulos presentes no nosso cotidiano acontecem ao mesmo tempo, 
mas o foco de nossa atenção vai para o que nos interessa. Também a usamos 
em proporções diferentes. Por exemplo, praticamente não a acionamos ao 
caminhar e mastigar, mas diante de uma reunião ou de uma palestra ela é 
prontamente mobilizada. A forma como trabalhamos nosso interesse requer 
diferentes tipos de atenção. Procedimentos atencionais, como na atenção 
seletiva, exigem habilidades complexas e sofisticadas, o que comprova a 
efetividade da participação do neocórtex para o processamento de sinais que 
ocorrem nas áreas corticais sensoriais. Isso ocorre de modo determinante em 
primatas e outros mamíferos, sendo diferente em não-mamíferos, como pássaros, 
répteis, anfíbios e peixes, que carecem completamente de neocórtex, mas ainda 
assim são capazes de apresentar atenção seletiva (Krauzlis et al., 2018). 
 Pessoa (2009), ao se referir às estruturas cerebrais na atenção, apresenta 
três pontos: (1) é possível que projeções diretas da amígdala para regiões de 
processamento visual influam na atenção; (2) a amígdala interage com outras 
regiões para o controle da atenção, como as regiões frontal e parietal; (3) é 
possível que a amígdala recrute (indiretamente) circuitos de atenção de modo a 
melhorar o processamento sensorial de estímulos carregados de emoção. 
 
 
7 
 A atenção concentrada refere-se à concentração do cérebro em apenas 
uma atividade, excluindo outros estímulos ao redor. Ao dirigir em lugar 
desconhecido, ou em alta velocidade, por exemplo, você precisa manter a atenção 
concentrada. 
 A atenção alternada pode ocorrer quando você está dirigindo e o celular 
toca. Ao desviar a atenção para o aparelho – o que não é recomendável –, a 
pessoa alternou a sua concentração. 
 Na atenção dividida, ainda podemos usar o exemplo da direção: você 
atende o celular e ainda anota alguma coisa em um papel, como um endereço 
dado pelo celular. Trata-se de prestar atenção a várias coisas ao mesmo tempo; 
é uma capacidade limitada que interfere na quantidade de informações 
processadas no cérebro. 
 Pessoas que usam a atenção seletiva podem prestar atenção a coisas 
específicas, enquanto filtram outras. É o caso de não se distrair quando está 
voltado para uma outra coisa, não se incomodando por exemplo com barulhos e 
outros fatores que poderiam desviar a mente. 
TEMA 4 – MEMÓRIA 
 A memória é a função cognitiva que nos permite codificar, armazenar e 
recuperar informações do passado. Trata-se de um processo que cria um senso 
de identidade. A memória, em psicologia cognitiva, corresponde ao que ocorre na 
aquisição, armazenamento, retenção e recuperação de informações (Kleinman, 
2015). Neste processo, usa-se codificação, armazenamento e recuperação. Ele 
ocorre em fluxo: primeiro a codificação, depois o armazenamento e, quando surge 
um evento que provoca uma necessidade informativa, há a recuperação. 
 Pessoa (2009) faz uma apreciação da memória ao discorrer que a amígdala 
está envolvida na aquisição, no armazenamento e na expressão de respostas 
condicionadas pelo medo. Há, também, além do armazenamento, uma 
aprendizagem; assim, um estímulo neutro (som) seria capaz de predizer um 
evento aversivo (um choque). Se avançamos para memórias que não são 
necessariamente ameaçadoras ou negativas, mas emocionais, e comparamos 
itens neutros com os de caráter emocional, os humanos lembram mais de 
informações emocionais. Há vários estudos sobre o tema em registros científicos. 
 A ideia de que a amígdala direita está mais fortemente envolvida na 
formação da memória emocional, enquanto a amígdala esquerda está envolvida 
 
 
8 
na recuperação dessas memórias, aparece em artigo de Pessoa (2009) sobre os 
processos mentais na relação entre cognição e emoção 
 Ao tratar de processos mentais, destacamos três estágios da memória. 
Temos a memória sensorial (primeiro estágio), que recebe a informação pelo 
órgão dos sentidos (escuta ou vê, por exemplo). Uma informação sensorial é 
armazenada na memória por um prazo curto. Kleinman (2015) informa que a 
informação auditiva é armazenada por três ou quatro segundos, enquanto a 
informação visual é guardada por meio segundo. 
 A memória de curto prazo retém temporariamente as informações 
processadas – algo em torno de 20 ou 30 segundos. Se você tiver que dar os dez 
dígitos de um número que lhe passaram, provavelmente será capaz de se lembrar 
entre cinco e nove números. O que se sabe na literatura sobre o tema é que a 
memória de curto prazo é capaz de reter sete elementos, com uma variação de 
dois para mais ou para menos. 
 Quando as pessoas falam em memória, geralmente se referem à memória 
de longo prazo, que diz respeito ao armazenamento contínuo de informações. 
Na visão de Sigmund Freud, a memória de longo prazo também poderia ser 
inconsciente e pré-consciente (Kleinman, 2015). 
TEMA 5 – INTERAÇÕES COGNITIVO-EMOCIONAIS 
A literatura vigente sobre interações cognitivo-emocionais confirma as 
discussões de conteúdos anteriores,quando falávamos de uma mudança no 
entendimento da emoção e da cognição como sistemas separados. Estudos da 
neurociência e da psicologia demonstram que as duas não apenas interagem, 
como possibilitam o funcionamento adaptativo a partir de uma operação 
integrativa. 
 Alguns dados abordados até agora, no amplo tema que compreende os 
estudos sobre cognição e emoção, nos fazem pensar que processos como 
memória, atenção e linguagem podem envolver mais diretamente a espécie dos 
primatas. Estudos sobre a manutenção de informação na mente de macacos com 
ênfase em atividades no córtex pré-frontal dorsolateral nos informam que o 
objetivo de manter uma informação na mente pode ser controlado (Pessoa, 2009). 
 É oportuno lembrar que uma série de experimentos realizados nos anos 
1960, e chamados de “efeito de mera exposição”, teve influência sobre as 
discussões a respeito da proximidade entre emoção e cognição. O efeito de mera 
 
 
9 
exposição é a exposição repetida ao mesmo estímulo, que produz atitude positiva 
em relação a ele (Michener; Delamater; Myers, 2005, p. 625). É o caso de estudos 
sobre o fenômeno psicológico, segundo os quais as pessoas tendem a 
desenvolver preferência por coisas ou pessoas que são mais familiares. 
 No cérebro, o processamento inconsciente provocado pela exposição 
repetida aumenta a familiaridade e gera, de modo subcortical, respostas 
automáticas afetivas, que se integram a respostas cognitivas mais lentas, 
produzidas pelo processamento consciente no modo cortical. 
 No sentido de avançar com uma base anatômica para as interações 
cognitivo-emocionais, podemos imaginar a nossa estrutura cérebro-corpo como 
um pequeno mundo, onde existem vias de acesso, e onde minúsculas entidades, 
os neurônios, diminuem distâncias por meio de sinapses. As áreas corticais deste 
pequeno mundo se conectam diretamente, ou através de uma ou mais áreas 
intermediárias. Podemos imaginar como exemplo que as áreas pré-frontais estão 
mais afastadas da periferia sensorial, supondo que as informações que elas 
recebem já passaram por vários caminhos e que, ao chegar, já foram altamente 
processadas e integradas (Pessoa, 2009). O autor defende também que isso pode 
explicar a maior flexibilidade do cérebro primata, além de sugerir que informações 
altamente processadas seriam capazes de suportar igualmente um 
processamento mais abstrato, necessário para a cognição. É notável, nesta 
concepção, as características da amígdala, que está bem afastada da periferia 
sensorial, e que faz projeções muito difundidas. Ou seja, ao nosso ver, a 
informação que provoca uma determinada emoção ameaçadora, por exemplo, 
chega carregada à amígdala, exigindo defesa imediata. É possível, em nosso 
entendimento, que mesmo com a perspectiva de flexibilidade do neocórtex no 
pensamento lógico, em interações cognitivo-emocionais, os circuitos que dão 
acesso às vias fiquem limitados ao controle da amígdala. 
 Não há um consenso definitivo sobre as interações cognitivo-emocionais, 
já que parte significativa do que se conhece está relacionada a lesões cerebrais, 
como o caso HM, já visto, em que o pesquisador pode tirar conclusões de áreas 
específicas do cérebro. Isso não parece ser suficiente para uma visão mais 
precisa, que fosse capaz de nos ajudar a entender comportamentos cerebrais 
complexos. Podemos descobrir uma determinada rota informacional produzida 
por sinapses que ligam esta ou aquela estrutura, mas não conseguimos avançar 
sobre o processamento mental quando isso ou aquilo é perdido. 
 
 
10 
 As emoções nos enviam mensagens rápidas, potentes e de caráter físico, 
que nos permitem responder ao nosso entorno, além de facilitarem a comunicação 
voluntária ou involuntária (Furnham, 2011). Podemos pensar nela como 
puramente física, isto é, separada da cognição; porém, desse modo ela não 
explica o comportamento humano, que é diferente do “comportamento” das 
plantas, das minhocas, das rochas. É como se quiséssemos explicar alguma coisa 
apenas em um determinado ponto, sem explicar o todo para onde aquilo vai. 
 As emoções são produto de sistemas complexos de processamento, que 
convertem informações sensoriais em mudanças psicofisiológicas e respostas 
emocionais. Komninos (2017), ao tratar do assunto, aponta que cognição e afeto 
nos ajudam a converter informações do ambiente em representações sobre o 
mundo, com juízos de valor que determinam como reagimos e nos comportamos. 
Os sistemas afetivo e cognitivo são pensados para trabalhar 
independentemente, mas eles influenciam um ao outro, com o primeiro 
funcionando inconscientemente, enquanto o segundo opera no nível 
consciente. Por exemplo, imagine que você está prestes a fazer um 
discurso na frente de uma sala cheia das pessoas, o sistema afetivo é 
imediatamente acionado, com produtos químicos liberados em seu 
corpo em resposta à situação automaticamente e sem a sua capacidade 
de controlar essa resposta fisiológica, mas você pode então tentar 
racionalizar a situação e focar em suas linhas, o que você quer dizer, os 
pontos que você quer passar e as técnicas que você pode ter coberto de 
antemão. (Komninos, 2017) 
Emoção e cognição não são diferentes em espécie, mas estão 
profundamente entrelaçadas no tecido do cérebro – a emoção com sentimentos 
de prazer ou dor e a cognição frequentemente parecendo desprovida de aspectos 
emocionais ou somáticos substanciais (Shackman; Fox; Seminowickz, 2015). 
 Podemos pensar na cognição pelos seus processos, como memória, 
atenção e linguagem, mas ela precisa ser acionada por alguma espécie de força 
ou energia. Isso nos faz ver que há cognição separada de emoção. Porém, 
quando tratamos de interações cognitivo-emocionais, estamos falando do 
comportamento humano, e neste seguimento vale o olhar gestáltico de que o todo 
é mais do que a soma das partes. Conhecer as propriedades fisiológicas das 
reações sensoriais ou dos processos cognitivos não nos garante uma 
compreensão do comportamento humano. É como conhecer o conjunto de 
elementos do hidrogênio e do oxigênio – este saber não antecipa a totalidade de 
propriedades da água, seus fatores de fusão, ebulição, viscosidade, natureza 
física, coesão molecular, entre outros. A água é mais do que a soma de um 
 
 
11 
hidrogênio com dois oxigênios. Quando fazemos a união de um e outro, criamos 
uma nova entidade, com novas propriedades. 
 Interações cognitivo-emocionais, que nos deixam alegres ou tristes, 
assustados ou raivosos, podem determinar e ser determinadas por reações 
fisiológicas, até onde sabemos. É notório que o conhecimento que temos é 
relevante e significativo, mas ainda temos muito que avançar para ter maior 
controle consciente do que acontece na interação entre nossas emoções e 
cognições. 
 
 
 
12 
REFERÊNCIAS 
FURNHAM, A. 50 cosas que hay qye saber sobre psicologia. Buenos Aires: 
Ariel, 2011. 
GAZZANIGA, M. S.; HEATHERTON, T. F. Ciência psicológica: mente, cérebro 
e comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2005. 
KLEINMAN, P. Tudo que você precisa saber sobre psicologia: um livro prático 
sobre o estudo da mente humana. São Paulo: Editora Gente, 2015. 
KOMNINOS, A. How Emotions Impact Cognition. Interaction, 2017. Disponível 
em: <https://www.interaction-design.org/literature/article/how-emotions-impact-
cognition>. Acesso em: 19 ago. 2019. 
KRAUZILIS, R. et al. Selective attention without a neocortex. Cortex, 2017, 
Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28958417>. Acesso em: 
19 ago. 2019. 
MICHENER, A.; DELAMATER, J. D.; MYERS, D. J. Psicologia social. São Paulo: 
Pioneira Tomson Learning, 2005. 
PESSOA, L. Cognição e emoção. Scholarpedia, v. 4, n. 1, 2009. Disponível em: 
<https://translate.google.com/translate?hl=pt-
BR&sl=en&u=http://www.scholarpedia.org/article/Cognition_and_emotion&prev=
search>. Acesso em: 19 ago. 2019. 
SHACKMAN, A. J.; FOX, A. S.; SEMINOWICKZ, D. A. The cognitive-emotionalbrain: Opportunities and challenges for understanding neuropsychiatric disorders. 
Behavioral and Brain Sciences, n. 38, 2015. Disponível em: 
<http://brainimaging.waisman.wisc.edu/~fox/publications/ShackmanEtAl_comme
ntary_on_Pessoa.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2019. 
WEEKS, M. Se liga na psicologia. São Paulo: Globo, 2014. 
WEITEN, W. Introdução à psicologia: temas e variações. São Paulo: Cengage 
Learning, 2010. 
WRIGHT, J. H; BASCO, M. R.; THASE, M. E. Aprendendo a terapia cognitivo-
comportamental: um guia ilustrado. Porto Alegre: Artmed, 2008.

Mais conteúdos dessa disciplina