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ANL DE VIABILIDADE ECO - FIN aula3

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ANÁLISE DE VIABILIDADE 
ECONÔMICO-FINANCEIRA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Almir Cléydison Joaquim da Silva 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Estudo da localização e da escala de produção 
Após estudar os aspectos do mercado em que se pretende investir, iremos 
discutir a localização e o tamanho ou escala de produção de um 
empreendimento. São dois estudos importantes e com implicações para os 
resultados esperados de um negócio. Mas, você sabe o porquê de se estudar as 
alternativas de localização e determinar a melhor escala de produção? Ou, 
ainda, quais os efeitos da escolha locacional e da capacidade de produção sobre 
os custos de um empreendimento? 
Nesta aula, discutiremos essas e outras questões distribuídas nos 
seguintes tópicos de aprendizagem: 
a. localização ótima: macro e microlocalização; 
b. fatores locacionais e o método dos orçamentos comparados; 
c. escala de produção e tamanho ótimo; 
d. indicadores e medidas de tamanho; 
e. custos de produção e economias de escala. 
CONTEXTUALIZANDO 
A escolha da localização e a definição da escala de produção de um 
projeto (que pode ser a instalação de uma empresa, a execução de uma obra 
específica ou ainda um investimento em nível mais empreendedor) possuem 
implicações diretas no desempenho, nos resultados esperados e na capacidade 
competitiva do negócio, ao longo do tempo. Na decisão de instalação de um 
empreendimento próximo do seu mercado consumidor ou dos seus fornecedores 
de matérias-primas, por exemplo, estão presentes alguns custos que podem ser 
maximizados ou minimizados, a depender das escolhas (Woiler, 1996). Nesse 
sentido, é importante, para um empreendimento, buscar a sua localização e 
definir o tamanho de sua produção de modo que lhe possibilite o melhor 
benefício. Mas, você sabe por que a escolha de localização e da escala de 
produção impacta o desempenho financeiro e competitivo de um 
empreendimento? Nesta aula, nos aprofundaremos nesses aspectos. 
 
 
 
3 
TEMA 1 – LOCALIZAÇÃO ÓTIMA: MACRO E MICROLOCALIZAÇÃO 
 
Créditos: Elenabsl/Shutterstock. 
Os estudos de localização objetivam determinar a localização ótima de 
um empreendimento com base na identificação da macrorregião e na 
investigação de aspectos microrregionais. Ou seja, eles procuram descobrir o 
melhor local para o empreendimento, analisando-se fatores locacionais tanto da 
região quanto da cidade ou bairro específico, considerando-se os objetivos do 
negócio (Correia Neto, 2009). Isso porque a decisão sobre onde instalar uma 
empresa ou executar uma obra específica, assim como qualquer decisão de 
investimento em um nível mais empreendedor, impacta os resultados financeiros 
esperados e o desempenho competitivo do negócio ao longo do tempo (Woiler, 
1996). 
Uma empresa instalada em um determinado espaço geográfico, por 
exemplo, demanda uma quantidade específica de matérias-primas e insumos 
necessários, em seu processo produtivo, para a produção de outros bens que 
serão direcionadas para o seu mercado consumidor. Nessa dinâmica, o fluxo de 
insumos até a empresa e o fluxo de produtos acabados até o cliente final 
incidem, por exemplo, em custos de transporte que podem ser visualizados na 
Figura 1. Estes, a depender da distância entre origem e destino, do volume e do 
tipo de insumos e produtos, podem elevar os custos de transporte, os custos de 
processamento e, consequentemente, reduzir as receitas de uma organização. 
E, para o mercado-alvo, isso pode elevar o valor do frete dos produtos acabados 
(Buarque, 1984). 
 
 
4 
Figura 1 – Fluxo físico de matérias-primas, produtos acabados e identificação 
dos desembolsos envolvidos em um processo produtivo 
 
Fonte: Correia Neto, 2009, p. 79. 
Outras variáveis locacionais também podem influenciar o desempenho 
financeiro e competitivo de um empreendimento. Em termos de 
macrolocalização, tem-se exemplos como: 
a. distância dos fornecedores de matérias-primas e insumos; 
b. disponibilidade de mão de obra; 
c. condições de vida, legislação e regulamentos, incentivos fiscais e 
impostos (ou sua isenção); 
d. disponibilidade de serviços básicos; 
e. distância e dimensão do mercado (Buarque, 1984). 
E, em termos de microlocalização: 
a. terrenos disponíveis; 
b. clima e fatores topográficos; 
c. facilidades de transporte; 
d. facilidades de distribuição; 
e. estrutura tributária (Buarque, 1984). 
Nesses termos, a localização ótima corresponde àquela que conduz 
para o melhor benefício ao empreendimento ou ainda a que “[...] vai assegurar 
ao projeto a maior rentabilidade e, consequentemente, a redução do custo de 
transferência” (Fonseca, 2012, p. 62). Em termos de um empreendimento 
público, a localização ótima refere-se à escolha que se direciona para o menor 
custo do produto. Para um empreendimento privado, refere-se à localização que 
possibilite maximizar a diferença entre receitas e custos (Correia Neto, 2009). 
Ou seja, “procura-se a localização que dê o maior lucro possível para a empresa, 
 
 
5 
num prazo de tempo compatível com a vida útil do empreendimento no local” 
(Woiler, 1996, p. 125). 
O problema locacional pode assumir uma abordagem complexa, em razão 
do volume de investimento e da quantidade de fatores envolvidos na 
determinação da localização de um negócio. Além disso, também pode assumir 
um caráter de natureza dinâmica, tendo em vista que, ao longo do tempo, pode 
ser conveniente ou estratégico expandir, implantar outro empreendimento ou 
relocalizar o atual (Woiler, 1996). Cabe ainda destacar que, em razão das 
características dos processos produtivos ou administrativos, alguns 
empreendimentos podem demandar uma dispersão locacional. Entretanto, a 
determinação da localização que maximize os benefícios líquidos do projeto, a 
localização ótima, se dá mediante análise das variáveis e fatores locacionais 
(Buarque, 1984; Woiler, 1996). Na seção seguinte, nos aprofundaremos nesses 
elementos que orientam a decisão de localização ótima. 
TEMA 2 – FATORES LOCACIONAIS E O MÉTODO DOS ORÇAMENTOS 
COMPARADOS 
 
Crédito: Song_about_summer/Shutterstock. 
A escolha da melhor localização parte da identificação e análise dos 
principais elementos ou fatores locacionais. Mas, você sabe o que são fatores 
 
 
6 
locacionais? Fatores ou forças locacionais correspondem às “[...] variáveis que 
determinam ou orientam a distribuição geográfica das atividades econômicas e 
suas características de concentração e dispersão, em relação à base física da 
economia de um país ou região” (Fonseca, 2012, p. 62). 
Os fatores locacionais podem ser analisados com base nos custos e na 
dependência, associada às etapas de produção, de: 
a. entradas; 
b. processos; 
c. saídas. 
Ou seja, a influência dos custos vinculados a cada etapa de produção 
indica as possibilidades de localização de um empreendimento, com orientações 
de instalação próximas a fornecedores, aos processos de transformação ou ao 
mercado consumidor (Woiler, 1996). O Quadro 1 apresenta uma síntese da 
orientação locacional conforme as etapas de uma produção. 
Quadro 1 – Fatores locacionais associados às etapas de produção, em que 
𝐶!! = 𝐶!"# + 𝐶!#$ (custo de transporte total = custo de transporte de matérias-
primas + custo de transporte de produtos acabados); 𝐶#% é o custo de produção; 
𝐶!"# é o custo de transporte de matérias-primas); e 𝐶!#$ é o custo de transporte 
de produtos acabados 
Etapas de 
produção Aspectos da orientação locacional 
Custos 
associados 
Entradas 
- Processo de produção demanda elevado volume e peso 
de matérias-primas. 
- Localização orientada para a fonte da matéria-prima. 
- Exemplo: indústria produtora de cimento ou de celulose. 
𝐶!"# > 𝐶!#$ 
Processos 
- Importância dos custos de produção e custos de 
transformação associados à própria localização. 
- Localização dependente de: mão de obra abundante e/ou 
especializada; grande quantidade de energiaou água; 
disponibilidade de vias de transporte (rodoviário, ferroviário, 
hidroviário ou aéreo); condições atmosféricas (umidade, 
temperatura) ou ambientais (do ar, da água, sonora, entre 
outras). 
𝐶#% > 𝐶!! 
Saídas 
- Importância do mercado consumidor, dadas as 
características do produto. 
- Localização orientada ao mercado consumidor. 
- Exemplo: panificadora, supermercado. 
𝐶!#$ > 𝐶!"# 
Fonte: Elaborado com base em Woiler, 1996; Correia Neto, 2009. 
Pela análise da orientação locacional com base nas etapas de produção, 
verifica-se que os custos do processo produtivo e os custos de transporte de 
matérias-primas e de produtos acabados são variáveis importantes a serem 
 
 
7 
consideradas. As análises devem buscar a localização que minimize os maiores 
custos associados. Contudo, podem existir situações de trade-off, ou seja, de 
conflito entre as escolhas, condição em que um determinado custo pode ser 
minimizado e, por consequência, isso acarretar a elevação de outros. Os 
benefícios e custos precisam, portanto, ser balanceados (Correia Neto, 2009). 
Feitas essas considerações a respeito da orientação locacional, 
utilizaremos o método de orçamentos comparados para encontrar a 
localização ótima. Essa técnica, que considera aspectos da macro e das 
microlocalizações, objetiva encontrar o menor custo de transferência (soma de 
todos os custos de transporte vinculados à produção, tanto de matérias-primas 
quanto de produtos acabados) atrelado à maior rentabilidade. Além disso, 
também se podem considerar elementos mais intangíveis, como preferências e 
satisfação pessoal dos investidores e/ou demais profissionais envolvidos 
(Woiler, 1996; Fonseca, 2012). 
De acordo com Woiler (1996), o método dos orçamentos comparados dá-
se com a aplicação de cinco fases, a saber: 
1. seleção dos fatores locacionais mais relevantes: refere-se aos macro 
e microfatores, discutidos na seção anterior; 
2. escolha de zonas: aplicação dos fatores relevantes às regiões 
compatíveis ou desejáveis, em que a seleção pode ocorrer por 
peneiramento de regiões que apresentem requisitos necessários ou por 
semelhança com empreendimentos já instalados; 
3. pesquisa local nas zonas pré-qualificadas: mapeamento e pesquisa de 
aspectos geográficos e de infraestrutura local, acesso a mercados, custo 
e disponibilidade de mão de obra especializada e não especializada, 
existência e proximidade de fornecedores de matérias-primas, entre 
outros; 
4. atribuição de pesos aos fatores locacionais escolhidos: os pesos 
podem ser determinados segundo a participação percentual de cada fator 
nos custos de produção e/ou distribuição; a sua participação nos custos 
de construção e/ou investimento; ou com base em outros critérios e 
ponderações mais adequadas para cada tipo de projeto; 
5. comparação final: determinação das macro e das microlocalizações 
mediante análise das notas globais dos fatores para cada alternativa de 
localização. 
 
 
8 
Para ilustrar os elementos estudados sobre a localização, consideremos 
o exemplo da implantação de uma distribuidora de bebidas. A Tabela 1 
apresenta a atribuição de pesos para alguns fatores selecionados, referentes a 
três alternativas de localização. Ao observar os custos associados às etapas de 
produção, verifica-se a existência de fatores que tornam a localização 
dependente das saídas. Como os principais consumidores da distribuidora são 
bares e restaurantes, o fator locacional com maior peso no estudo é o acesso a 
mercados, tendo em vista que a empresa terá de organizar uma estrutura e uma 
rota de distribuição que minimizem custos de transporte interno, com 
manutenção de uma frota de veículos e uso de mão de obra local. 
As notas globais ponderadas para cada alternativa de localização são 
dadas pela seguinte fórmula: nota global = (peso fator 1 x nota do local) + (peso 
fator 2 x nota do local) + (peso fator 3 x nota do local) + (peso fator 4 x nota do 
local). Para exemplificar sua aplicação, vamos calcular a nota ponderada para o 
Local A, com base nos pesos atribuídos aos fatores locacionais selecionados e 
nas notas atribuídas ao respectivo local, conforme dados da Tabela 1: nota 
global do Local A = (5,5 x 9) + (2,5 x 8) + (1 x 7) + (1 x 8) = 49,5 + 20 + 7 + 8 = 
84,5. Repetindo-se o cálculo das notas globais para as demais localidades, é 
possível perceber que a localidade A apresenta maior nota ponderada entre as 
alternativas de localização, o que justifica sua escolha, entre as demais. 
Tabela 1 – Alternativas de localização comparadas por atribuição de pesos aos 
fatores locacionais escolhidos 
Fator locacional Peso Notas Notas ponderadas Local A Local B Local C Local A Local B Local C 
Acesso a mercados 5,5 9 7 6 49,5 38,5 33 
Custo e 
disponibilidade de 
mão de obra 
2,5 8 9 8 20 22,5 20 
Custo do terreno 1 7 8 9 7 8 9 
Infraestrutura local 1 8 7 8 8 7 8 
Notas globais 10 84,5 76 70 
É importante considerar que existem outros métodos para determinação 
da macro e da microlocalizações, a exemplo do cálculo comparativo do custo de 
produção e/ou de distribuição para as alternativas de localização; do cálculo 
comparativo do custo de construção e/ou de instalação da empresa; do cálculo 
dos custos de transporte das matérias-primas e insumos e/ou dos produtos 
acabados (Woiler, 1996). Esses seguem, basicamente, o modelo da Tabela 1, 
 
 
9 
diferenciando-se pelo fato de que a comparação dos custos (produção, 
distribuição, construção, entre outros) ocorre pela listagem de cada custo e de 
suas quantidades entre as alternativas de localização. 
TEMA 3 – ESCALA DE PRODUÇÃO E TAMANHO ÓTIMO 
 
Crédito: Artem Pachkovskyi/Shutterstock. 
Definir o tamanho de um empreendimento corresponde a analisar a 
escala ou a capacidade física de produção prevista para instalação (Correia 
Neto, 2009). Mas, você sabe o porquê de se verificar a escala de produção de 
um empreendimento? Umas das principais razões disso é o fato de que a 
decisão sobre o tamanho de um projeto influencia na capacidade de competição 
futura do empreendimento. Ou seja, a decisão da escala de produção pode ser 
(ou não) potencialmente lucrativa para uma empresa. Ela é lucrativa quando 
ocorrem situações de crescimento da demanda por produtos e quando os fatores 
 
 
10 
produtivos são organizados de modo que uma expansão da capacidade de 
produção não implica a elevação, proporcional, dos custos médios do produto. 
Contudo, um crescimento mais modesto da demanda, bem como a entrada e a 
ampliação da participação da concorrência, atreladas à incapacidade de 
maximizar a utilização dos fatores de produção, podem implicar a redução de 
lucros e resultar na elevação de custos de uma possível ampliação do 
empreendimento e/ou estratégia competitiva (Woiler, 1996). 
Nesses termos, é importante a determinação de um melhor tamanho 
possível para um empreendimento, tendo em vista o elemento temporal presente 
nessa decisão. Isso fica claro ao se observar a definição de tamanho ótimo, 
que associa a escolha da escala de produção ao desempenho e elevação da 
rentabilidade do negócio ao longo do tempo. Woiler (1996, p. 141) considera 
ainda que o “tamanho ótimo pode ser entendido também como sendo a escala 
de produção que conduz à maior razão benefícios/custos para o empresário e/ou 
sociedade”. 
É importante destacar que, a depender da origem do projeto (se público, 
se privado), a perspectiva de entendimento do tamanho ótimo pode variar. O 
Gráfico 1 ilustra a diferença de resultados da escala de produção de projetos de 
origem privada e pública. Nos projetos de origem privada, o tamanho ótimo será 
o que apresente melhor lucratividade (ponto L do Gráfico 1, à esquerda), ao 
passo que nos projetos de origem pública será o serviço prestado de menor 
custo unitário possível (ponto C do Gráfico 1, à direita) (Correia Neto, 2009). 
Gráfico 1 – Tamanho ótimo: função de resultado da escala de produçãode 
projetos de origem privada e pública, em que L equivale ao lucro e C ao custo 
unitário 
 
Fonte: Adaptado de Correia Neto, 2009, p. 55. 
 
 
11 
Para a definição da capacidade física de produção, os estudos de 
tamanho também examinam um pouco mais os produtos e os custos associados 
a eles, que terão comportamentos diferentes a depender da escala de produção. 
Além disso, a decisão da escala do processo produtivo possui interdependência 
direta com outros elementos e estudos do projeto, como o mercado, a 
localização e os aspectos de engenharia. Embora o nível de importância de cada 
estudo varie de acordo com os objetivos de cada projeto, é importante considerar 
as restrições e resultados presentes em cada parte do estudo, pois eles 
interferem no espaço de decisão de outras partes acerca da viabilidade de um 
empreendimento (Cosenza, 2008). 
TEMA 4 – INDICADORES E MEDIDAS DE TAMANHO 
 
Crédito: Tashatuvango/Shutterstock. 
Para a identificação da escala de produção de um empreendimento, 
algumas medidas podem ser utilizadas, como: volume de produção por período 
definido, volume de investimento requerido, valor do faturamento, número de 
empregados, número de clientes, tamanho físico, utilização de insumos por 
período definido, entre outras. Esses indicadores de tamanho referem-se aos 
períodos de funcionamento e ao regime de produção do empreendimento, em 
que a utilização e a adequação das variáveis dependerão dos objetivos de cada 
 
 
12 
projeto. Em um projeto de elevada intensidade tecnológica, por exemplo, a 
utilização do indicador de número de empregados, muito provavelmente, não 
será o critério mais apropriado para definir o tamanho do projeto, tendo em vista 
o baixo emprego de mão de obra (Cosenza, 2008; Correia Neto, 2009). 
De forma geral, a capacidade de produção pode ser observada sob duas 
óticas: a técnica e a econômica. Mas, você sabe quais aspectos marcam cada 
um desses parâmetros? Pelo ponto de vista técnico, considera-se o tamanho 
com base na máxima produção que pode ser alcançada com os fatores fixos e 
variáveis no processo produtivo, em um determinado espaço de tempo. Além de 
apresentar como limitação a tecnologia empregada, o parâmetro técnico se 
distingue quanto à capacidade nominal (𝐶&) e à capacidade efetiva (𝐶') (Woiler, 
1996). 
A capacidade nominal (𝐶&) ocorre quando, “[...] idealmente, em uma 
situação de condições perfeitas, sem quaisquer ineficiências no processo 
produtivo, conduziria à produção máxima estipulada tecnicamente” (Correia 
Neto, 2009, p. 54). Ou seja, corresponderia às informações e indicações técnicas 
de uma máquina ou equipamento, referentes à sua capacidade nominal de 
produção de determinado produto por hora, dia ou mês. 
Contudo, existem interferências no processo produtivo que implicam 
perdas de eficiência e o não alcance absoluto da capacidade de produção. As 
interrupções ocorrem em razão de baixa produtividade da mão de obra, paradas 
obrigatórias do processo produtivo para reparos e manutenção de máquinas ou 
por fatores externos ao empreendimento, problemas no fornecimento de 
matérias-primas, entre outros. Nesses termos, tem-se que, de forma geral, a 
capacidade efetiva do processo produtivo é inferior à indicação da capacidade 
nominal (Woiler, 1996; Correia Neto, 2009). 
Em decorrência desses fatores que impedem a máxima produção técnica, 
a capacidade produtiva pode ser estimada pelo nível de utilização (𝑁() que ela 
atinge, sendo dada pela razão entre a capacidade efetiva (𝐶') e a capacidade 
nominal (𝐶&) (Woiler, 1996), conforme a equação: 
𝑁( =
)&
)'
. 
Esse indicador do nível de utilização demonstra tanto a existência de 
alguma ineficiência no processo produtivo quanto a determinação do potencial 
de oferta (Woiler, 1996; Correia Neto, 2009). 
 
 
13 
Voltando ao exemplo da implantação de uma distribuidora de bebidas 
(visto na seção sobre fatores locacionais), consideremos que, após as 
especificações técnicas dos equipamentos (como freezers verticais e horizontais 
e outros compartimentos de bebidas), se verificou que a capacidade nominal de 
estoque dos diferentes tipos de bebidas é de 13,35 mil litros. Contudo, por 
questões de eficiência de refrigeração e para evitar desgastes dos equipamentos 
com excesso de peso, a capacidade efetiva se reduz para 11,748 mil litros. 
Calculando a razão entre as capacidades efetiva e nominal, obtém-se o nível de 
utilização (𝑁() de 0,88, conforme exemplificado a seguir: 
𝑁( =
)&
)'
= **.,-.
*/./01
= 𝟎, 𝟖𝟖. 
Diferentemente do ponto de vista técnico, que considera a máxima 
produção como elemento que define o tamanho, a capacidade de produção, do 
ponto de vista econômico, corresponde àquela que conduz ao melhor resultado 
possível para o empreendimento. Além de aspectos técnicos, o parâmetro 
econômico considera as implicações financeiras das várias possibilidades de 
escala existentes (Correia Neto, 2009). Nesse sentido, na capacidade de 
produção, do ponto de vista econômico, “o tamanho do processo é o nível de 
produção, que corresponde ao custo unitário médio de produção que seja 
mínimo” (Woiler, 1996, p. 134, grifos do original). Cabe destacar que o custo de 
produção, na perspectiva econômica, difere do custo contábil por considerar o 
custo de oportunidade, ou seja, o custo de uma decisão em detrimento dos 
benefícios renunciados de outra (Vasconcellos, 2006). 
Algumas situações indicam que a busca pela máxima utilização da 
capacidade nominal nem sempre conduz para o melhor resultado, do ponto de 
vista econômico, a exemplo de quando: 
a. o aumento da produção incide na elevação mais intensa de custos de 
fatores variáveis, depois de determinado nível; 
b. a utilização de equipamentos no seu limite da capacidade gere maior 
desgaste e interrupções frequentes para sua manutenção; 
c. a opção por uma maior escala implique custos adicionais e muito elevados 
de administração da produção (Correia Neto, 2009). 
 
 
 
 
 
14 
TEMA 5 – CUSTOS DE PRODUÇÃO E ECONOMIAS DE ESCALA 
 
Crédito: Docstockmedia/Shutterstock. 
Para verificar o impacto de diferentes escalas de produção nos resultados 
de um empreendimento e, consequentemente, identificar a escala ótima que lhe 
possibilite obter os melhores benefícios, é importante introduzir aspectos dos 
custos associados ao processo produtivo (Correia Neto, 2009). Mas, você sabe 
o que são e como se classificam esses custos? 
Os custos correspondem aos desembolsos, no processo produtivo, 
necessários para transformação de fatores de produção em produtos ou serviços 
finais. Os custos variam conforme a utilização de fatores fixos e variáveis no 
processo produtivo e determinarão a curva de oferta de um empreendimento. 
Nesse sentido, os custos também são classificados em fixos, variáveis ou totais 
(Vasconcellos, 2006). 
Os custos fixos (CF) correspondem aos gastos com fatores fixos de 
produção que não variam proporcionalmente em função de variações do nível 
de produção. Contudo, após certo nível de produção os custos fixos podem ser 
elevados, quando a eles se adiciona algum fator produtivo que eleve a escala e 
que demande a incorporação de novas instalações, máquinas e mão de obra 
adicional. Como exemplo, tem-se os aluguéis de instalações, a manutenção de 
máquinas e equipamentos, o pagamento de salários fixos da mão de obra, entre 
outros. Os custos variáveis (CV) são gastos que variam proporcionalmente ao 
volume ou nível de produção. Ou seja, a elevação da capacidade de produção 
 
 
15 
ou a adição de uma unidade produzida eleva proporcionalmente os custos 
variáveis. Exemplos de custos variáveis são: matérias-primas, insumos e outros 
fatores necessários ao processo produtivo, já os custos totais (CT) são dados 
pela soma dos custos fixos e variáveis. Ou seja, a determinação dos custos 
produtivos é dada por CT = CF + CV. Logo, os custos totais só variam em razão 
de mudançasnos custos variáveis (Woiler, 1996; Vasconcellos, 2006). 
Cabe destacar que alguns custos podem incorporar aspectos fixos e 
variáveis. Eles podem ser chamados de semivariáveis ou semifixos, como é o 
caso da energia elétrica utilizada no processo produtivo, que “[...] pode ser 
composta por um gasto fixo (consumo mínimo) mais um excedente variando em 
relação à produção” (Correia Neto, 2009, p. 58). 
Na análise de custos, também é possível determinar o custo médio 
(CMe) e o custo marginal (CMg). O custo médio corresponde à divisão dos 
custos pelo volume ou quantidade produzida, podendo-se estabelecer os custos 
fixos médios (CFMe), custos variáveis médios (CVMe) e os custos totais médios 
(CTMe). Na representação gráfica, o CFMe tende a zero à medida que a 
quantidade produzida aumente, já o CVMe vai em direção ao CTMe em 
decorrência da função: CTMe = CVMe + CFMe. Por outro lado, o custo marginal 
(CMg) indica o custo para produção de uma unidade adicional de determinado 
produto. É dado, portanto, pela variação do custo total decorrente de uma 
variação na quantidade produzida ou: CMg = D23
D4
=	 23(523)
23(523)
. No curto prazo, os 
custos marginais são influenciados apenas pelos custos variáveis. Cabe ainda 
destacar que, no longo prazo, todos os custos são variáveis, pois compreendem 
um horizonte de planejamento e não de realização efetiva (Vasconcellos, 2006). 
Pelo Gráfico 2, podemos observar o comportamento dos respectivos custos de 
produção, que ficarão mais claros no exemplo mais à frente. 
Gráfico 2 – Custos totais, custos médios e custos marginais 
 
Fonte: Adaptado de Vasconcellos, 2006, p. 125-127. 
 
 
16 
Feitas essas considerações a respeito dos tipos de custos produtivos, é 
importante também analisar a noção de economias e deseconomias de escala 
para verificar até que ponto é benéfico aumentar a escala de produção. 
Economia de escala está vinculada a melhor organização e utilização dos fatores 
fixos e variáveis no processo produtivo, visando a uma “[...] maior racionalização 
dos custos produtivos, dado um aumento na quantidade produzida” (Correia 
Neto, 2009, p. 61). Ela ocorre pela diluição dos CFMe com a elevação da escala 
de produção até certo ponto. Quando os CTMe se elevam, com o aumento da 
quantidade produzida, ocorrem situações de ineficiência dos fatores de produção 
que levam a deseconomias de escala (Vasconcellos, 2006). 
Para ilustrar a discussão e a aplicação dos custos produtivos, 
consideremos as várias escalas de produção mensal de um determinado 
produto, com custos fixos e variáveis conforme definidos na Tabela 2. Com base 
neles, podemos calcular os custos totais, médios e marginais de produção e 
verificar os efeitos das economias de escala e de que ponto em diante se 
observa deseconomia de escala. 
Tabela 2 – Escalas de produção mensal e custos produtivos, em que as unidades 
produzidas são informadas em termos de quantidade e os demais custos, em 
reais 
Unidades 
produzidas (a) 
CF 
(b) 
CV 
(c) 
CT 
(d) = (b+c) 
CFMe 
(e) = 
(b/a) 
CVMe 
(f) = 
(c/a) 
CTMe 
(g) = 
(d/a) 
CMg 
(h) = 
(Dd/Da) 
1.000 100.000 60.000 160.000 100 60 160 - 
2.000 100.000 120.000 220.000 50 60 110 60 
3.000 100.000 165.000 265.000 33 55 88 45 
4.000 100.000 220.000 320.000 25 55 80 55 
5.000 100.000 250.000 350.000 20 50 70 30 
6.000 100.000 300.000 400.000 17 50 67 50 
7.000 100.000 350.000 450.000 14 50 64 50 
8.000 100.000 424.000 524.000 13 53 66 74 
9.000 100.000 495.000 595.000 11 55 66 71 
10.000 100.000 580.000 680.000 10 58 68 85 
Fonte: Adaptado de Correia Neto, 2009, p. 63. 
Como visto, os custos variável e total aumentam conforme se eleva a 
escala de produção. Com base na Tabela 2, é importante observar o 
comportamento dos custos médios, que representam a diluição dos custos em 
termos da elevação da escala de produção. É vantajoso elevar a produção até a 
escala de produção de 7 mil unidades, pois o custo total médio é decrescente. 
Desse ponto em diante, o acréscimo de unidades produzidas implica 
 
 
17 
deseconomias de escala. O tamanho ótimo, portanto, refere-se à escala de 
produção que leva ao menor custo total médio. No exemplo da Tabela 2, o CTMe 
é de R$ 64 (Correia Neto, 2009). 
TROCANDO IDEIAS 
Em um fórum de discussão, apresente argumentos a respeito das 
medidas de capacidade, do ponto de vista econômico, para definir o tamanho 
ótimo de um empreendimento, destacando o custo de oportunidade. 
NA PRÁTICA 
Considere que, para produção de um único produto, um empreendimento 
tenha custos fixos de R$ 20 mil e custos variáveis mensais entre R$ 9 mil a R$ 
26,4 mil, a depender da escala de produção e da combinação de fatores 
produtivos da Tabela 3. Calcule os custos totais, médios e marginais referentes 
a cada nível de produção, indicando os efeitos de economias de escala e qual 
seria o tamanho ótimo do empreendimento. 
Tabela 3 – Cálculo dos custos totais, médios e marginais por escala de produção 
de um empreendimento 
Unidades 
produzidas CF CV CT CFMe CVMe CTMe CMg 
700 R$ 20.000 R$ 9.000 
800 R$ 20.000 R$ 11.000 
900 R$ 20.000 R$ 13.500 
1.000 R$ 20.000 R$ 17.600 
1.100 R$ 20.000 R$ 21.900 
1.200 R$ 20.000 R$ 26.400 
Orientação para resolução: 
a. monte um quadro com todas as escalas de produção mensal e os custos 
produtivos (CF, CV, CT, CFMe, CVMe, CTMe e CMg); 
b. com base nos dados disponíveis, calcule cada um dos tipos de custo; 
c. analise o efeito de cada tipo de custo à medida que se eleve a escala de 
produção; 
d. recorrendo aos aspectos conceituais de economias e deseconomias de 
escala, indique qual seria o tamanho ótimo do empreendimento. 
 
 
18 
FINALIZANDO 
Nesta aula, discutimos aspectos relacionados aos estudos de localização 
e de escala de produção. De forma geral, buscamos analisar os fatores 
locacionais e os custos de produção, bem como as combinações de fatores fixos 
e variáveis que possibilitam o melhor benefício para um empreendimento. Ao 
final, deve-se ter uma percepção da localização ótima e do tamanho ótimo de 
um negócio. 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
BUARQUE, C. Avaliação econômica de projetos: uma apresentação didática. 
26. reimpr. Rio de Janeiro: Elsevier, 1984. 
CORREIA NETO, J. F. Elaboração e avaliação de projetos de investimento: 
considerando o risco. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 
COSENZA, C. A. N. Tamanho do projeto e economias de escala. In: 
CLEMENTE, A. (Org.). Projetos empresariais e públicos. 3. ed. São Paulo: 
Atlas, 2008. 
FONSECA, J. W. F. Elaboração e análise de projetos: a viabilidade 
econômico-financeira. São Paulo: Atlas, 2012. 
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 4. ed. São Paulo: Atlas, 
2006. 
WOILER, S. Projetos: planejamento, elaboração, análise. São Paulo: Atlas, 
1996.

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