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1 GERÊNCIA DE RISCO 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA ................................................................................................. 2 Riscos .................................................................................................................... 3 Riscos - conceitos aplicados .................................................................................. 5 Gestão de Riscos ................................................................................................... 7 Análise de riscos – etapas ................................................................................... 10 Técnicas de avaliação de riscos .......................................................................... 11 Financiamento de riscos ...................................................................................... 21 Noções básicas e princípios de administração de seguros .................................. 21 Franquias ............................................................................................................. 23 Seguros proporcionais e não proporcionais ......................................................... 24 Vantagens e desvantagens na adoção de seguros ............................................. 25 Retenção e transferência de riscos ...................................................................... 25 Referências .......................................................................................................... 32 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Riscos O risco é uma medida de perda econômica e ou de danos à vida humana, resultante da combinação entre as frequências de ocorrência e a magnitude das perdas ou danos (consequências). Para reforçar o conceito Cicco e Fantazzini (1994), conceituam Risco como: “uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar danos, que podem ser entendidos como lesões a pessoas, danos a equipamentos e instalações, danos ao meio-ambiente, perda de material, em processo ou redução da capacidade de produção”. Conceito prático O ambiente de trabalho, por sua natureza da atividade desenvolvida e pelas características de organização, relações interpessoais, manipulação ou exposição a agentes biológicos, físicos, químicos ou biológicos. Os problemas com ergonomia dos colaboradores ou riscos de acidentes laborais são fato-res que podem comprometer a integridade do trabalhador em curto, médio e longo prazo, provocando lesões imediatas, doenças ou a morte, além de prejuízos de ordem legal e patrimonial para a empresa. Atenção! Segurança do trabalho é um estado de convivência pacífica e produtiva dos componentes do trabalho (recursos materiais, recursos humanos e meio ambiente). As funções de segurança são aquelas intrínsecas as atividades de qualquer sistema (gerência), subsistema (divisão de setores) ou célula (profissionais), e que devem compor o universo do desempenho de cada um desses segmentos “(Reuter, 1989). O risco está ligado diretamente ao fato e a possibilidade da ocorrência de um evento não desejado, sendo função da frequência da ocorrência das hipóteses acidentais e das suas consequências. 4 Diante do que vimos, os riscos são a razão principal do SGSST, e por este motivo é de extrema importância que a organização adote os meios para ter controle operacional, visando a redução destes riscos. Avaliação de riscos Sob responsabilidade da organização e através do SGSST, devem ser estabelecidos e mantidos procedimentos que identifiquem e avaliem os “riscos” para respostas rápidas e adequadas ao controle e eliminação destes. A avaliação de riscos, em um Sistema de Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho, deve ser vista como a base de uma gestão ativa e de entendimento preventivo. Os riscos devem ser tratados com peso diferente, de acordo com seu grau de perigo. Deve-se estabelecer uma metodologia que considere o ambiente, a sua origem e o momento de tratar do risco conforme: Identificação e prioridade. E a seguir aplicar os controles adequados. Para você, futuro Técnico em Segurança do Trabalho, já ir familiarizandose com alguns termos, a seguir verá os conceitos sobre “riscos”. Para se obter os resultados pretendidos deve ser elaborado um processo organizado da seguinte forma: a) Avaliar a situação atual; b) Tomar decisões adequadas; c) Planejar as medidas corretivas; d) Ação corretiva; e) Padronização (objetivo fim); f) Melhoria Contínua. 5 Devemos considerar alguns pontos importantes na avaliação de riscos: • Estabelecimento do procedimento a ser utilizado para cada situação; • Divulgação das ações aos trabalhadores; • Deve ser efetuada por pessoal treinado e capacitado. Riscos - conceitos aplicados • Incidente: Trata-se de um acontecimento não desejado ou não programado, que venha a deteriorar ou diminuir a eficiência operacional da atividade. Não apresenta perda de qualquer natureza. • Gestão dos Incidentes a) Identificar - Estar atento aos desvios dos padrões aceitáveis; b) Relatar - Colocar no relatório de Incidentes todos os fatos; c) Analisar - Fazer estatísticas dos principais desvios de padrões; d) Planejar - Levantamento de causas para montar um plano de ação; e) Controlar - Tomar as ações para eliminar ou minimizar o risco com relação aos principais desvios encontrados. Acidente: evento não desejado, que apresenta como resultado uma lesão ou enfermidade a um trabalhador ou um dano ao patrimônio. (máquinas, equipamentos, instalações, etc.) O Acidente do Trabalho é aquele que pode ocorrer a serviço da organização pelo exercício das atividades na função, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho, ou até mesmo a morte. 6 Esta condição também envolve a causa que, não sendo a única, tenha contribuído para o acidente. Sua ocorrência pode se dar no local de trabalho, externamente a serviço da empresa, nos intervalos ou a caminho (trajeto). Vamos ver a seguir as definições sobre acidentes de trabalho: – Acidente pessoal: É caracterizado pela existência de um acidentado e sua consequência é a lesão do trabalhador envolvido; – Acidente de trajeto: É o acidente sofrido pelo empregado no percurso da residência para o trabalho ou deste para aquela; – Acidente impessoal: Independe de existir acidentado de ocorrência eventual que resultou ou poderia ter resultado de lesão pessoal; – Acidentado: É o trabalhador vítima de acidente; – Lesão imediata: É a lesão que se verifica imediatamente após a ocorrência do acidente;– Lesão mediata: É a lesão que não é verificada imediatamente após a exposição à fonte da lesão. Caso seja caracterizado o nexo causal, isto é, a relação da doença com o trabalho, ficará caracterizada como doença ocupacional. Neste caso, quando é admitida a preexistência de uma “ocorrência ou exposição contínua ou intermitente”, de natureza acidental, é registrada como acidente de trabalho, nas estatísticas de acidentes; – Incapacidade permanente total: É a perda total de capacidade de trabalho, em caráter permanente, exclusive a morte. E esta incapacidade corresponde à lesão que, não provocando a morte, impossibilita o acidentado de permanentemente exercer suas atividades. A seguir podemos ver também alguns conceitos importantes relacionados aos riscos: • Perda: É qualquer tipo de dano às pessoas, aos processos produtivos e às instalações; 7 • Não conformidade: Qualquer condição ou ação que não atenda às normas operacionais, regulamentos e requisitos definidos pelo SGSST, que possa causar direta ou indiretamente uma situação de perda de qualquer natureza; • Desvio sistêmico: São os eventos que ocorrem com frequência, pode ser um evento isolado bem como um conjunto de processos dentro do sistema que venham a causar desvios. Gestão de Riscos Como você está aprendendo sobre gestão, o controle e a redução dos “riscos”, também é elemento do sistema da SST. Existem critérios específicos relacionados aos “riscos”. Vamos ver!! No quadro a seguir, você pode perceber que a gestão de riscos também utiliza as ferramentas já estudadas: Planejar, executar, e validar os processos. Gestão preventiva Um dos pontos mais importantes para um Técnico em Segurança do Trabalho, é a capacidade de analisar as situações com o objetivo de prevenção de acidentes e isto exige alguns cuidados. Vamos conhecê-los? Cada etapa de trabalho deve ser estudada de forma separada. Este estudo e análise fornecerão informações preciosas. Pergunte a você mesmo: Que acidente poderia acontecer em cada processo? Você poderá encontrar as respostas: I. Observando o trabalho; II. Conversando com o operador; III. Analisando acidentes ocorridos. 8 Quando você analisa cada processo, deverá observar os agentes que podem causar os acidentes: • Posicionamento: Operações em equipamentos cuja atividade permita a introdução de dedos ou mãos. • Choque elétrico: Fios expostos, principalmente se o trabalho está relacionado com eletricidade. • Produtos químicos: Contato, permanente ou não, com qualquer desses produtos. • Fogo: Operações com produtos inflamáveis (derramamentos), soldas e cortes em locais impróprios, riscos de vazamentos ou derramamentos de produtos. • Área de Trabalho: Pisos escorregadios, passagens irregulares ou obstruídas, com saliência ou buracos. Ordenação, arranjo físico e limpeza inadequada. Conforme a norma NBR ISO 31000, a Gestão de Riscos compreende um conjunto de atividades coordenadas, com a finalidade de direcionar e controlar uma organização em relação aos “riscos”. Normalmente a Gestão de Riscos engloba as seguintes atividades: • Análise de Riscos – uso sistemático das informações disponíveis para que a origem de ameaças seja identificada e para que os riscos sejam estimados; • Avaliação de Riscos – processo de comparação entre o risco previsto com os níveis de tolerância estabelecidos para determinado risco; 9 • Tomada de decisão - processo que trata da seleção e prioridade sobre os riscos para se implementar medidas corretivas. A Gestão de Riscos implica em assegurar a aplicação de processos através da análise do ambiente real e identificação de possíveis perigos, a avaliação dos riscos detectados e a adoção de medidas preventivas e de controle destes. O principal objetivo da gestão é o de promover a proteção e integridade dos colaboradores, meio ambiente e espaço físico (ambiente). Um dos aspectos mais importantes que deve ser observado pela gestão é o de instaurar processos que visam um monitoramento contínuo dos riscos relacionados à saúde e segurança do trabalhador. Esta medida deve ser executada desde a elaboração de novos projetos, até a ponta final deste. Para uma Gestão ordenada sugerimos as etapas a serem seguidas no processo de Gestão de Riscos: a) Analisar e avaliar o ambiente sobre sua segurança e processos; b) Métodos pré-definidos de revisão dos riscos; c) Monitoramento e controle de modificações corretivas; d) Definir padrão de qualidade para os sistemas críticos; e) Treinar, capacitar e informar os recursos humanos; f) Processos flexíveis; g) Avaliação e controle dos sistemas e processos. Para que um programa de Gestão de Riscos seja efetivado com eficácia, é necessário seguir alguns pontos básicos de referência, citados a seguir: a) Perigos: as situações de perigo relacionadas à todas as atividades, instalações físicas, equipamentos, processos e produtos devem ser apontadas, 10 e os possíveis riscos que apresentem devem ser AVALIADOS. Com a finalidade de condicionar as providências e ações para a eliminação e ou minimização destes riscos; b) Avaliação: aos critérios de avaliação dos riscos devem ser observadas sua relevância e priorização nas tratativas das medidas de correção e ou prevenção. Estas devem conter critérios de validação para a obtenção de um padrão a ser seguido. c) Medidas: a adoção de medidas que visem eliminar ou minimizar os elementos que possibilitam a materialização de riscos, devem ser adotadas com critérios de prioridade, de acordo com a importância da situação de perigo; d) Processos – Planejamento e implantação de processos seguros que tenham como objetivo a busca de soluções e resultados adequados a cada situação de risco identificada. Os processos devem ser sucintos e claros para a correta assimilação e envolvimento de todos, adotando as seguintes condições: I. Substituição por produtos, equipamentos e materiais menos perigosos; II. Ações de redução do potencial de risco, ou mesmo a eliminação de processos que apresentem alto grau de risco; III. Processos simplificados, tornando as instalações mais seguras e menos sujeitas a falhas (equipamentos / pessoas); Análise de riscos – etapas Antes de vermos as etapas da Análise de Risco, é importante saber que é em sua essência: “Conjunto de técnicas e ferramentas com a finalidade de identificar, estimar, avaliar, monitorar e administrar os eventos que colocam em risco a saúde e segurança do trabalhador”. Etapas da Análise de Riscos Etapa 1 – Caracterização do empreendimento; Etapa 2 - Identificação dos riscos; 11 Etapa 3 - Projeção/ Estimativas dos riscos (frequência e consequências); Etapa 4 - Avaliação das Estimativas realizadas; Etapa 5 – Administração dos riscos (ação a ser aplicada) ; Etapa 6 – Monitoramento dos Riscos (padronização e melhoria contínua) Acidentes e doenças profissionais Os acidentes de trabalho e doenças profissionais representam um custo humano e social inaceitável. Também representam ônus diretos e significativos às organizações, que são impactadas diretamente pela ausência de trabalhadores qualificados nos postos de trabalho e perdas nos processos produtivos, impactando também o governo, pela questão da seguridade social. Pelo fato das más condições de saúde e de segurança no trabalho o potencial dos trabalhadores é reduzido, e por consequência enfraquecem a competitividade da organização. Qualquer acidente gera prejuízo significativo, considerando que os custos diretos e indiretos resultantes são absorvidos em sua maioria pela empresa e consequentemente atinge todas as partes relacionadas. A incidência destes custos deve ser bem conhecida e medida pelas organizações, de modo que essas percebam os desperdícios e altos custos paracada acidente ocorrido. Técnicas de avaliação de riscos Análise de causa raiz – RCA A análise de causa raiz, também conhecida como RCA (Root Cause Analysis), é um método que permite a identificação e correção dos principais fatores que ocasionaram o problema. Esse método visa descobrir os defeitos 12 originais (causa raiz) que geraram o problema, ao invés de buscar soluções imediatas para a resolução de um defeito (SILVEIRA; GOMES, 2011). RCA é uma ferramenta projetada para auxiliar a identificar não apenas “o que” e “como” um evento ocorreu, mas também “por que” ele ocorreu. Somente quando é identificado o motivo original de um defeito ter ocorrido, será viável gerar ações para que não volte a ocorrer. A utilização da ferramenta RCA não evita a busca de soluções imediatas sempre que ocorrer algum defeito de produção, avaliando somente os sintomas. Sugere, no entanto, que o defeito seja tratado, mas não seja fechado até que seja analisado e identificado à causa original que o fez ocorrer. A análise de causa raiz usa uma terminologia específica, apresentando os seguintes termos para: • Ocorrência – um evento ou condição que não esteja dentro da funcionalidade do sistema normal ou comportamento esperado. • Evento – uma ocorrência em tempo real. Fato que pode impactar seriamente no funcionamento do sistema. • Estado – qualquer estado do sistema, que pode apresentar implicações negativas para alguma funcionalidade do sistema normal. • Por que (também chamado de fator causal) – uma condição ou um evento que resulta ou participa na ocorrência de um efeito. Pode ser classificada como: – Causa direta – uma causa que resultou na ocorrência. – Causa contribuinte – a causa que contribuiu para a ocorrência, mas não a fez diretamente. – Causa raiz – a causa que, se corrigida, impedirá o retorno desta e de ocorrências similares. 13 • Cadeia de fatores causais (sequência de eventos e fatores causais) – uma sequência de causa e efeito em que uma ação específica cria uma condição que contribui ou resulta em um evento. Isso cria novas condições que, por sua vez, resultam em outros eventos. Para a aplicação do RCA, sugere-se a utilização de uma combinação de técnicas, permitindo uma maior exatidão na identificação da causa raiz, conforme descrito a seguir: Diagrama de causa e efeito, também conhecido como diagrama de Ishikawa (espinha de peixe) – permite identificar, explorar e apresentar graficamente todas as possíveis causas relacionadas a um único problema. Esta técnica é utilizada em equipe e permite classificar os defeitos em seis tipos diferentes de categorias: método, matéria-prima, mão de obra, máquinas, medição e meio ambiente. O número e os tipos de categorias não são preestabelecidos, permitindo a adequação conforme a necessidade. Através dessa técnica, é possível identificar as causas potenciais de determinado defeito ou oportunidade de melhoria, bem como seus efeitos sobre a qualidade dos produtos. Além disso, permite também estruturar qualquer sistema que necessite de resposta de forma gráfica e sintética com melhor visualização. • Cinco porquês – baseia-se em cinco perguntas às quais, é colocado em questão o porquê daquele problema, questionando-se a causa imediatamente anterior. O número de perguntas é variável, visto que a causa raiz do problema pode ser identificada através de mais de cinco perguntas ou menos de cinco perguntas. • Reunião de análise causal – o brainstorming é utilizado para buscar as causas dos problemas em reuniões, que após elencadas são discutidas entre a equipe, e posteriormente, os participantes propõem ações corretivas para evitar esses problemas no futuro. Análise de causa e consequências 14 A Análise das Causas e Consequências (ACC) ou causa e efeito de falhas se utiliza do procedimento para construção de um diagrama de consequências que inicia por um evento inicial, posteriormente cada evento desenvolvido é questionado: • Em que condições o evento induz a outros eventos? • Quais as alternativas ou condições que levam a diferentes eventos? • Que outros componentes o evento afeta? • Ele afeta mais do que um componente? • Quais os outros eventos que este evento causa? Esta técnica possibilita a avaliação qualitativa e quantitativa das consequências dos eventos catastróficos de ampla repercussão, e a verificação da vulnerabilidade do meio ambiente, da comunidade e de terceiros em geral. Nesse procedimento, escolhe-se um evento crítico, partindo-se para um lado, com as consequências e para outro, determinando as causas. A estruturação é feita através de símbolos. O diagrama ACC mais conhecido é o de Ishikawa, também conhecido como espinha de peixe devido à semelhança de sua representação gráfica. O diagrama apresenta como pontos fortes: • É uma boa ferramenta de levantamento de direcionadores. • É uma boa ferramenta de comunicação. • Estabelece a relação entre o efeito e suas causas. • Possibilita um detalhamento das causas. Mas, também apresenta os seguintes pontos fracos: • Não apresenta os eventuais relacionamentos entre as diferentes causas. 15 • Não focaliza necessariamente as causas que devem efetivamente ser atacadas. O diagrama de Ishikawa apresenta relevância como ferramenta de gerenciamento da qualidade, pois pode evoluir para um diagrama de relações que já apresenta uma estrutura mais complexa, não hierárquica. O diagrama de causa e efeito foi desenvolvido para representar a relação entre “efeito” e todas as possibilidades de “causa” que podem contribuir para tal resultado. O efeito ou problema é colocado no lado direito do gráfico, e os grandes contribuidores ou “causas” são listados à esquerda. Para cada efeito, existem inúmeros conjuntos de causas. Para elaborar um diagrama de causa e efeito (Ishikawa) deve-se seguir os seguintes passos: a) Definir o problema a ser estudado e o que se deseja obter (o que deve acontecer ou o que deve ser evitado). b) Procurar conhecer e entender o processo – observar, documentar, falar com pessoas envolvidas, ler. c) Reunir um grupo para discutir o problema, apresentar os fatos conhecidos, incentivar as pessoas a dar suas opiniões, fazer um brainstorming. d) Organizar as informações obtidas, estabelecer as causas principais, secundárias, terciárias, etc. (hierarquia das causas), eliminar informações irrelevantes, montar o diagrama, conferir, discutir com os envolvidos. e) Assinalar os fatores mais importantes para obtenção do objetivo visado (fatores chave, fatores de desempenho, fatores críticos). Para organizar o diagrama de causa e efeito, pode-se usar as seguintes classificações de causas: os Ms (Mão de obra, Método, Material, Máquina, Meio ambiente, Medição, Management (gestão); ou 4Ps (Políticas, Procedimentos, Pessoal, Planta). Estas são apenas sugestões. A Figura 6.2 apresenta um 16 diagrama esquematizado que esclarece a forma de estabelecer e desenvolver os diagramas. a) Identificar o efeito (caso) em relação ao qual se decidiu pesquisar as causas em termos claros e precisos. O efeito pode ser, por exemplo, o item de custo mais elevado. b) Estabelecer os objetivos e o tempo limite para as atividades de brainstorming (discussão conjunta dos intervenientes na análise de caso). c) Desenhar, em local por todos visível, o esqueleto do diagrama, referindo as fontes principais das causas a pesquisar. d) Escrever as sub causas no topo das setas em branco e em tantas quantas forem às causas sugeridas pelos diversos membros do grupo que estuda o caso. e) Entre todas as causas sugeridas, selecionar uma para ser estudada em profundidade. Efetuar sucessivamente o mesmo tratamento a cada causa, eliminando aquelas que se revelarem não responsáveis pelo efeito em estudo. f) Paraa causa, ou causas, detectadas como responsáveis, serão depois estudados os “remédios” que conduzam à correção do “efeito”. O método dos cinco “porquês” – 5W O método envolve a pergunta “Por que...?” 5 vezes. O objetivo é ir além dos vários sintomas do problema para identificar a causa real e subjacente(s). Isso pode soar incrivelmente simples, mas o pensamento é necessário para identificar as perguntas certas ao perguntar, disciplina e persistência para aplicar o método (CLÁUDIO, 2012). Exemplo 17 Sintoma – os manuais para um curso de treinamento foram entregues errados no mesmo dia do treinamento. Isso significava que os participantes do curso não tinham materiais do curso até quase à hora do almoço, porque a empresa tinha que fazer um trabalho urgente de cópia e, em seguida, entregar os manuais do curso. Os participantes foram muito infelizes com isso. a) Por que os materiais foram entregues errados? Andrea geralmente faz isso (copiar e enviar materiais para os locais de curso), mas ela estava de férias. A pessoa responsável naquele momento se confundiu e mandou livros didáticos “avançados” para o curso “básico”. (sintoma). b) Por que ele confundiu os cursos? Ele só está fazendo isso por uma semana. Ele não teve tempo para chegar a se aprimorar neste trabalho ainda, e não há muito o que aprender. (sintoma). c) Se ele não conhece o trabalho ainda, por que ele está fazendo o trabalho? Porque não há ninguém para fazê-lo. Mas é claro que ele passou algum tempo com Andrea antes dela sair de férias. Pensou-se que ele estaria treinado, mas ele costuma demorar um pouco para se familiarizar com os vários cursos e materiais, e esses dois cursos particulares têm nomes muito parecidos. (ainda um sintoma). d) Mas já aconteceu antes. Nós já sabemos que leva um tempo para aprender sobre os vários cursos e materiais, então por que não temos as coisas no lugar para ajudar a aprendizagem? Por exemplo, temos uma lista de embalagem e instrução para uso na preparação e expedição os materiais do curso? Será que alguém pode fazer uma verificação cruzada antes que os materiais sejam enviados? Não temos qualquer 18 maneira formal de treinamento de nossos funcionários sobre os cursos e materiais diversos? Sentimos que devemos fazer alguma coisa assim, mas ainda não fizemos. e) Por quê? Porque estamos demasiadamente ocupados e não temos uma prioridade. Nesse ponto, nós descobrimos, pelo menos, 3 causas: Falta de treinamento. Não há qualquer sistema eficaz de formação interna, para se certificar de que uma função crítica (entregar os materiais do curso) pode ser coberta durante a ausência de pessoal. A falta de documentação. Não foi dada prioridade para anotar informações importantes (por exemplo, quais os materiais que devem ir para o curso). Controles de processo são insuficientes. Não há exigência de uma verificação cruzada, para que as coisas sejam feitas de forma consistente. Essas são práticas de gestão – deficiências no atual sistema de gestão. Elas podem ser alteradas, e deveriam ser. Se não, o problema vai acontecer novamente. A resposta ao primeiro “porquê” deve apontar o caminho para o próximo. Muitas vezes não pode sempre correr em linha reta em poucos minutos, perguntando e respondendo todas as perguntas imediatamente (a menos que talvez você seja muito experiente no método). Por exemplo, às vezes é preciso reunir e analisar mais informações, a fim de responder a uma questão particular. E pode precisar parar e pensar se está fazendo a pergunta correta. Com o tempo chegar ao 4º ou 5º “Por que...?” e desde que tenha feito as perguntas certas, deve estar perto da raiz ou causas. Em seguida, deve identificar as práticas de gestão, em vez de apenas os sintomas. Existem, muitas vezes, mais de uma causa (CLÁUDIO, 2012). Diagrama de Árvore – DA 19 O diagrama de árvore serve como desdobramento de um problema para buscar sua causa raiz organizando a relação de causa e efeito entre os fenômenos tornando possível visualizar com clareza a propagação do problema a partir de cada ocorrência das diferentes causas, até o efeito que se deseja eliminar. Série de Riscos – SR A Série de Risco (SR) representa uma cadeia ou uma sequência de eventos que levam a um acidente ou evento catastrófico que mapeia os riscos que conduzem ao evento perigoso ou indesejável. Esses riscos são divididos em três categorias – risco inicial, risco principal e riscos contribuintes cujas definições são apresentadas a seguir. • Risco inicial – aquele que desencadeia todo o processo. • Riscos contribuintes – é o risco que, direta ou indiretamente, dá sequência à série, após o risco inicial. • Risco principal – considerado como o evento diretamente causador dos eventos catastróficos. • Evento catastrófico – são eventos com consequências indesejáveis em termos de danos á pessoas, equipamentos ou ambiente. No gráfico da série de riscos, estão presentes, ainda, os inibidores, que são todas as medidas capazes de evitar a ocorrência ou a propagação dos efeitos dos riscos. Ao modelar a série de risco, a mesma pode apresentar o interrelacionamento dos riscos de forma simples ou através de ligações “e” ou “ou” que permitem calcular a probabilidade de ocorrência do evento. Exemplo de análise a priori Consideremos um tanque pneumático de alta pressão, de aço carbono comum (não revestido). A umidade pode causar corrosão, reduzindo a resistência do aço, que debilitado poderá romper-se e fragmentar-se sob o efeito da pressão. Os fragmentos poderão atingir e lesionar o pessoal e danificar equipamentos 20 vizinhos. Qual dos riscos – a umidade, a corrosão, a debilitação do material ou a pressão causou a falha? Nessa série de eventos, a umidade desencadeou o processo de degradação, que finalmente resultou na ruptura do tanque. A ruptura do tanque, causadora de lesão e outros danos, pode ser considerada como o risco principal ou fundamental da série. A umidade que iniciou a série pode ser chamada de risco inicial, a corrosão, a perda de resistência e a pressão interna são chamados de riscos contribuintes. O risco principal é, muitas vezes, denominado catástrofe, evento catastrófico, evento critico, risco crítico ou falha singular. Pode-se deduzir, então, que o risco principal é aquele que pode, direta e imediatamente, causar: • Lesão. • Morte. • Perda de capacidades funcionais (serviços e utilidades). • Danos a equipamentos, veículos, estruturas. • Perda de matérias-primas e/ou produtos acabados. • Outras perdas materiais. Recomenda-se uma observação cuidadosa da série mostrada a seguir que se refere ao exemplo citado, verificando-se o inter-relacionamento entre os riscos e as respectivas inibições propostas. Exemplo de análise a posteriori João estava furando uma tubulação. Para executar o serviço ele se equilibrava em cima de algumas caixas em forma de escada. Utilizava uma furadeira elétrica portátil. Ele já havia feito vários furos e a broca estava com o fio gasto; por esta razão João estava forçando a penetração da mesma. 21 Momentaneamente, a sua atenção foi desviada por algumas faíscas que saiam do cabo de extensão elétrica, em que havia um rompimento que deixava a descoberto os fios condutores. Ao desviar a atenção ele torceu o corpo, forçando a broca no furo. Com a pressão ela quebrou e, nesse mesmo instante, ele voltou o rosto para ver o que acontecia, sendo atingido por um estilhaço de broca em um dos olhos. Com um grito, largou a furadeira, pôs as mãos no rosto, perdeu o equilíbrio e caiu. Um acontecimento semelhante, ocorrido há cerca de um ano atrás, nesta mesma empresa, gerou como medida a determinação do uso de óculos de segurança na execução desse tipo de tarefa. Os óculos que João deviater usado estavam sujos e quebrados, pendurados em um prego. Segundo o que o supervisor dissera, não ocorrera nenhum acidente nos últimos meses e o pessoal não gostava de usar óculos; por essa razão, ele não se preocupava em recomendar o uso dos mesmos nessas operações, porque tinha coisas mais importantes a fazer. Após investigação e análise da ocorrência, foram levantados dados sufi cientes para confeccionar a seguinte série de riscos: Financiamento de riscos Noções básicas e princípios de administração de seguros Conceito, princípios e características Seguro consiste em uma operação pela qual, mediante o pagamento de uma remuneração (prêmio), uma pessoa (segurado) promete para si ou para outrem (beneficiário) no caso da efetivação de um evento determinado (sinistro), uma prestação (indenização) por parte de uma terceira pessoa (segurador) que, assumindo um conjunto de eventos determinados, os compensa de acordo com as leis da estatística e o princípio do mutualismo. As leis da estatística e princípio do mutualismo são as técnicas básicas utilizadas na operação do seguro (DE CICCO; FANTAZZINI, 2003). 22 Acontecimentos como a morte de uma pessoa, deixando desamparados aqueles que dependem de sua atividade, ou a destruição de bens que reduzem o patrimônio são acontecimentos que procurasse reparar por intermédio de uma instituição. Nesse contexto, o seguro foi criado e aperfeiçoado para restabelecer o equilíbrio perturbado. O segurado é a pessoa física ou jurídica perante a qual o segurador assume a responsabilidade de determinado risco. O prêmio, também elemento essencial do contrato de seguro, é o pagamento realizado pelo segurado ao segurador, ou seja, é o preço do seguro para o segurado. Os parâmetros para cálculo do prêmio são o prazo do seguro, a importância segurada e a exposição ao risco. O prazo padrão do seguro é de 12 meses, podendo, conforme as circunstâncias, ser calculados prêmios em prazos inferiores ou superiores. A seguir, serão apresentados alguns importantes conceitos. a) Resseguradora – é a pessoa jurídica, seguradora e/ou resseguradora que aceita, em resseguro, a totalidade ou parte das responsabilidades repassadas pela seguradora direta, ou por outros resseguradores, recebendo esta última operação o nome de retrocessão. b) Seguradoras – empresas que operam na aceitação dos riscos de seguro, respondendo, junto ao segurado, pelas obrigações assumidas. Não podem explorar qualquer outro ramo de comércio ou indústria. Só podem operar em seguros para os quais tenham autorização. Estão sujeitas a normas, instruções e fiscalização da SUSEP e do IRB. Não estão sujeitas à falência, nem podem impetrar concordata. c) Corretor de seguros – pessoa física ou jurídica, é o intermediário legalmente autorizado a angariar e promover contratos de seguros entre as sociedades seguradoras e as pessoas físicas ou jurídicas. O corretor não pode aceitar ou exercer empregos públicos, manter relação de emprego ou de direção com companhias seguradoras, sendo ainda responsável civilmente perante os segurados e as sociedades seguradoras pelos prejuízos que a eles causar por omissão, imperícia ou negligência, no exercício de sua profissão. O corretor está sujeito às normas, instruções e fiscalização da SUSEP. 23 d) Inspeção de riscos – em determinados ramos de seguros, há necessidade e obrigatoriedade de uma inspeção prévia nos riscos a segurar. Essa inspeção é feita por vários motivos, principalmente para determinação da taxa aplicável ao seguro. O técnico que faz a inspeção de risco é chamado de inspetor de risco, que é encarregado de examinar o objeto do seguro, descrevendo a atividade e instalações, examinando os pontos críticos, avaliando a exposição ao risco coberto, bem como propondo ações e medidas que minimizem a materialização de sinistros. e) Regulador de sinistros – técnico indicado pelos (re)seguradores nos seguros de que participam, para proceder o levantamento dos prejuízos indenizáveis. f) Árbitro regulador – técnico que, à vista dos documentos examinados, é capaz de definir, em um sinistro, as responsabilidades envolvidas e respectivas participações. g) Perito de sinistros – técnico especialista, ou sabedor das nuances, características e condições tarifárias (gerais, especiais e particulares) de determinado tipo de risco sinistrado. Os princípios dos seguros são: a) Primeiro princípio – a empresa não deve assumir riscos que possam supor perdas que conduzam a um desequilíbrio financeiro irreversível. b) Segundo princípio – a empresa não deve aceitar riscos cujo custo seja superior a rentabilidade esperada da atividade geradora de tal risco. Franquias O valor inicial da importância segurada até o qual o segurado é o segurador de si próprio é denominado de franquia. Isso representa um certo valor pre- estabelecido, significando que prejuízos até esse valor serão suportados pelo próprio segurado. Os tipos de franquia são: • Franquia dedutível – é a forma mais utilizada quando o valor é reduzido de todos os prejuízos. 24 • Franquia simples – quando o valor ultrapassa o prejuízo ele deixa de ser deduzido. Se tivermos a seguinte situação, por exemplo: Importância segurada: R$ 700 mil Franquia: 10 %. Considerando os 2 tipos de franquia, e os seguintes prejuízos: R$ 7 mil; R$ 70 mil; R$ 140 mil. • Franquia dedutível: R$ 70 mil R$ 7 mil < franquia: não há indenização R$ 70 mil = franquia: não há indenização R$ 140 mil > franquia: indenização de R$ 70 mil • Franquia simples: R$ 70 mil R$ 7 mil < franquia: não há indenização R$ 70 mil = franquia: não há indenização R$ 140 mil > franquia: indenização de R$ 140 mil Seguros proporcionais e não proporcionais Seguros proporcionais – os seguros de materiais, equipamentos, instalações, geralmente são proporcionais, de forma que se recebe o valor total do prejuízo somente se o seguro estiver suficiente. Esse é o princípio da cláusula de rateio. Seguros não proporcionais – nesse tipo de seguro, não é cogitado o valor em risco para o cálculo de indenização. O segurador paga pelos prejuízos ocorridos até o limite da importância segurada sem aplicar o rateio. 25 Por exemplo, considerando-se a seguinte situação de importância segurada (IS) de R$ 1,5 milhões; Sinistro com prejuízo de R$ 400 mil. Vantagens e desvantagens na adoção de seguros Vantagens • A indenização após uma perda garante a continuidade da operação, com pequena ou nenhuma redução da operação. • A incerteza é reduzida, permitindo um planejamento a longo prazo. • Seguradoras podem prover serviços tais como: controle de perdas, análise de exposições e determinação do valor da perda. • Os prêmios de seguro são considerados como despesas dedutíveis para fins de imposto de renda. Desvantagens • O prêmio pode ser significativo e é pago antecipadamente à perda. • Tempo e dinheiro consideráveis são aplicados à escolha das seguradoras e à negociação das condições. • A implantação de um programa de controle de perdas pode sofrer um relaxamento com a existência do seguro. Retenção e transferência de riscos As formas de tratamento de risco são: evitar, reter, prevenir, mitigar e transferir. O seguro compõe o processo de tratamento do risco por transferência. Já o auto seguro e a auto adoção fazem parte da retenção. As alternativas de retenção e transferência de riscos constituem a etapa de financiamento de riscos e, podem ser divididas em retenção de riscos (autoadoção ou auto seguro) e transferência de riscos a terceiros (sem seguro ou através de seguro). Geralmente, somente os riscos com baixa frequência e alta gravidade devem ser transferidos, e os demais devem ser retidos. Retenção de riscos 26 Quando a empresa assume as possíveis perdas financeiras acidentaisdecorrentes dos riscos do processo há a retenção de riscos. Essa atitude corresponde a um plano financeiro da própria empresa para enfrentar perdas acidentais. As formas de retenção de riscos podem ser classificadas em: auto adoção (intencional e não intencional) e auto seguro (parcial e total). O auto seguro pode ser diferenciado da auto adoção pelo fato de que essa última não exige ou não prevê um planejamento formal. Auto adoção A adoção da retenção pode ser feita de várias maneiras diferentes: • Assumindo todas as perdas de um determinado tipo. • Assumindo perdas até certo limite, transferindo ao seguro o excedente. • Estabelecendo fundos de reserva antes ou depois das perdas. Não é recomendada a adoção de apenas um tipo de financiamento. De acordo com o potencial danoso, com a frequência de ocorrência, com a dinâmica e imprevisibilidade dos acidentes, e com custo do seguro, a empresa estabelece sua estratégia de financiamento dos riscos. Deve-se buscar a melhor relação custo-benefício entre a reserva de capital e o pagamento de prêmios de seguro levando em conta o binômio risco segurado/risco não segurado. Um exemplo é a adoção do auto seguro para perdas físicas e transferência do risco de responsabilidade civil. A previsão de um percentual de perdas consideradas inerentes e inevitáveis ao sistema, que são suportáveis pelo capital de giro da empresa, representa uma auto adoção de riscos intencional. Já, quando a empresa desconsidera a influência das perdas no seu ativo financeiro a adoção é não intencional. a) Auto adoção intencional – acarreta na aceitação de perdas consideradas inevitáveis e suportáveis no seu contexto econômico e financeiro. Pode-se incluir nesse contexto os pequenos furtos, perdas resultantes do uso e desgaste de prédios, máquinas e equipamentos e perdas decorrentes de não 27 pagamentos até certo limite. A transferência desses riscos para a seguradora resultaria em um prêmio excessivo que possivelmente seria superior às perdas. b) Auto adoção não intencional – acarreta na aceitação de perdas que não foram planejadas e que representam o inesperado, consequência da não identificação dos riscos, da ignorância, ou até mesmo, o resultado de uma gestão ineficiente. A auto adoção não intencional pode resultar em situações catastróficas, uma vez que, riscos graves podem passar despercebidos. Auto seguro O auto seguro envolve um planejamento formal e o estabelecimento de um capital de reserva para perdas. A empresa pode assumir os riscos de forma total ou parcial, em circunstâncias similares em que ocorre o seguro. a) Auto seguro parcial – parte dos riscos é assumida pela empresa e o restante é transferido a terceiros. b) Auto seguro total – a empresa assume integralmente os riscos. As razões principais que podem levar a empresa a adotar o auto seguro, de acordo com De Cicco e Fantazzini (2003), são: • Redução de despesas na transferência de riscos através de seguros. • Incentivo às ações de prevenção e controle de perdas como forma de reduzir os custos em auto seguro e em seguro. • Soluções mais práticas e rápidas de sinistros que venham a ocorrer sem a necessidade de perícia externa que ocorre nos casos de seguros. • Atuação em riscos não segurados pelo mercado. Para a adoção do auto seguro alguns aspectos devem ser considerados: • Os riscos a serem cobertos devem ser agrupados de forma homogênea que permita estabelecer valores médios. Os bens protegidos devem estar afastados de forma a não permitir a destruição simultânea. 28 • A situação financeira da empresa deve permitir a criação desses fundos de seguro sem comprometer a operacionalidade. • A adoção do auto seguro deve estar atrelada à um esforço na implementação e manutenção de uma política de gerenciamento de risco, além de estudos estatísticos e adoção de medidas concretas de segurança e prevenção. Transferência de riscos A transferência dos riscos a terceiros pode ser realizada sem seguro, ou seja, por meio de contratos, acordos ou outras ações, ou através de seguro convencional. Transferência sem seguro Quando acontece a transferência de riscos sem seguro, as responsabilidades, garantias e obrigações de ambas as partes envolvidas ficam devidamente explicitadas através de contratos específicos. Este tipo de transferência é usual em serviços de construção, montagem, projetos, transportes e outros, devendo haver consulta ao gerente de risco ou de projetos, com relação aos termos contratuais. Transferência com seguro A transferência de riscos a terceiros através de seguro realiza-se em circunstâncias similares às do auto seguro. Porém, nesse caso, a empresa seguradora assume a responsabilidade pelas perdas mediante o pagamento de determinado prêmio. Como já definido anteriormente, seguro é a operação pela qual o segurado, mediante o pagamento de um prêmio e observância de cláusulas de um contrato, obriga o segurador a responder por prejuízos ocorridos no objeto do seguro, consequentes dos riscos previstos no contrato, desde que a ocorrência de tais riscos tenha sido fortuita ou independente de sua vontade. Os contratos de seguro são constituídos de cláusulas gerais e particulares que definem as obrigações e os direitos tanto do segurado como do segurador. 29 As alternativas para seguro de riscos industriais apresentadas pela maioria das empresas brasileiras de seguros são: • Seguro tradicional com apólices de seguro individuais para cada tipo de risco. • Seguro para riscos nomeados por meio de apólice única englobando os riscos que estarão cobertos. • Seguro para riscos operacionais com apólice única para todos os riscos, sendo que os riscos excluídos do seguro constam da apólice. Decisão entre seguro e auto seguro Uma das dificuldades encontradas pelo gerente de risco é decidir entre transferir para uma seguradora ou auto segurar um risco. Para isso, utiliza-se o “Modelo de Houston”. Antes de tratarmos do Modelo de Houston, convém compreender o conceito de “perda de oportunidade”, que representa um possível ganho financeiro não obtido devido à decisão de não participar de um determinado negócio (DE CICCO; FANTAZZINI, 2003). Para exemplificar esse conceito, toma-se como base uma aplicação em caderneta de poupança, um investimento de baixo risco e pequenas taxas de juros, ao invés de ser aplicado na própria empresa que possui taxas de retornos maiores, mas também maiores riscos. Denomina-se de i a taxa de juros externa à empresa (taxa mínima de atratividade) e r a taxa de retorno do capital investido na empresa. A diferença entre r e i representa o custo de oportunidade (DE CICCO; FANTAZZINI, 2003). Voltando ao Modelo de Houston, supondo-se que um gerente de risco deve decidir entre a adoção de auto seguro e a aquisição de seguro para um período de um ano em relação a certo risco (DE CICCO; FANTAZZINI, 2003). • Se optar pelo auto seguro necessitará de um fundo de reserva (F) no valor de R$ 800.000,00. 30 • Se, por outro lado, optar por adquirir um seguro, o valor do fundo será aplicado na própria empresa. • O prêmio do seguro (P) é de R$ 8.000,00. Supondo r = 30 % e i = 15 %. Onde: PFs representa a posição futura com seguro, no nosso caso depois de um ano Onde: PFAS representa a posição futura com auto seguro, no nosso caso depois de um ano P/2 representa a perda média esperada no período Onde: V representa o valor econômico do seguro Se V ≥ 0, o gerente de risco deverá adquirir seguro. Caso contrário, deverá optar pelo auto seguro. Em nosso exemplo V = R$ 114,800, o que significa que para a empresa é mais vantajoso adquirir um seguro e investir o fundo de reserva no negócio. Considerando os mesmos valores do exemplo anterior e supondo que a empresa decidiu auto segurar os primeirosR$ 30.000 e que, em decorrência disso, o prêmio de seguro foi reduzido para $ 2.000, a opção pelo seguro continuará a ser mais econômica para a empresa? 31 Utilizando os mesmos r e i, agora com F = 30000 e P = 2000, aplicando o modelo de Houston teremos: V = 3200 ≥ 0, significando que a opção do seguro continuará a ser a mais econômica. 32 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 10004: Resíduos sólidos – Classificação. Rio de Janeiro, 2004. ALBERTON, A. Uma metodologia para auxiliar no gerenciamento de riscos e na seleção de alternativas de investimentos em segurança. Programa de pós- graduação em engenharia de produção. Florianópolis: UFSC, 1996. CASTRO, R. P. Apostila de gerenciamento de risco. Curso de pósgraduação em engenharia de segurança do trabalho. UNIP – Universidade Paulista, 2011. 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