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Profa. Ma. Ana Covelli UNIDADE I Contabilidade Financeira A contabilidade financeira, de uma forma geral, é conhecida como uma contabilidade dedicada ao usuário externo, que vai produzir as demonstrações contábeis/financeiras. Há diversos assuntos e temas que devem fazer parte de uma demonstração contábil/financeira e vamos principalmente abordar: Perdas estimadas como contas redutoras do ativo; Provisões como contas de passivos; Contabilização de operações de arrendamento mercantil e seus reflexos. Introdução à contabilidade financeira Características qualitativas das demonstrações contábeis: Comparabilidade: as informações contábil-financeiras devem ser comparáveis entre as empresas do mesmo setor e da própria empresa ao longo do tempo. Verificabilidade: quanto maior for a possibilidade do usuário verificar, recalcular ou reconstruir a informação, maior será a qualidade da informação prestada. Tempestividade: uma informação será mais útil se estiver disponível para o usuário a tempo de influenciar suas decisões. É a informação prestada em tempo oportuno para o usuário. Compreensibilidade: a informação prestada deve ser clara, concisa, prontamente entendida e compreendida pelo usuário. Ajustes de redução ao valor recuperável de ativos Os ajustes de redução ao valor recuperável de ativos é necessário para que as demonstrações contábeis represente a efetiva capacidade de realização futura de seu patrimônio. Ainda que de fato a empresa tenha esses valores a receber, a prática indica a possibilidade de que dentro dessa conta clientes inadimplentes estejam presentes. O mesmo ocorre quanto aos passivos da empresa. Onde, em função de determinados processos operacionais, a empresa pode estar exposta à situações que gerem a possibilidade de um passivo. Assim, temos: estimativas de perdas que reduzem o valor do ativo, ou estimativas que aumentam as obrigações (exigibilidades) da empresa. Ajustes de redução ao valor recuperável de ativos Estimativa para créditos de liquidação duvidosa (ECLD): essa estimativa deve ser razoável, feita de acordo com a experiência e intuição. Por isso, é importante que o profissional da área de contabilidade conheça o ramo de negócios e as atividades da empresa em específico, o que diminuirá o conservadorismo condicional. Do valor a receber a empresa deve aplicar um % de perdas de liquidação para que esta redução do valor recuperável seja estimada. Vamos supor que uma companhia possua o valor de R$10.000,00 para recebimento a prazo. Nos últimos 5 anos, a média simples de inadimplência foi de 7%. A empresa deverá estimar que neste ano, haja uma perda de 7% de seu valor a receber. Estimativas como contas redutoras do ativo circulante Na constituição da estimativa D – Despesas com ECLD (resultado operacional) R$700,00 C – Estimativa para ECLD (conta redutora do ativo) R$700,00 Valor do lançamento R$700,00 (10.000*7%) Caso a baixa se concretize – considerado incobrável: D – ECLD 300 C – Clientes / Duplicatas a receber – Cia. Luz 300 Caso o valor acima seja recuperado: D – Caixa 300 C – Outras receitas operacionais (recuperação créditos) Reversão do valor estimado – ajuste a menor: D – ECLD (conta redutora do ativo) 400 C – Reversão de ECLD (conta de resultado) 400 Complemento de saldo – ajuste a maior: D – Despesas com ECLD 500 C – ECLD (conta redutora do ativo) 500 Estimativas como contas redutoras do ativo circulante Uma determinada companhia estimou em 31/12/X7, que os débitos incobráveis da empresa correspondiam a 1,5% das vendas a prazo. Nesse dia, o saldo da conta Estimativa para Créditos de Liquidação Duvidosa, antes de ser ajustado, era de $ 98.270. As vendas a prazo, nesse mesmo ano, totalizaram $ 10.570.000. Qual lançamento contábil deverá ser realizado para esta estimativa? a) D – ECLD C – Clientes / Duplicatas a receber – Cia. Luz 158.550 b) D – ECLD (conta redutora do ativo) C – Reversão de ECLD (conta de resultado) 158.550 c) D – Despesas com constituição de ECLD (resultado) C – ECLD (conta redutora do ativo) 158.550 d) D – Clientes / Duplicatas a receber – Cia. Luz 158.550 C – ECLD 158.550 e) D – Despesas com constituição de ECLD (resultado) C – ECLD (conta redutora do ativo) 98.270 Interatividade Uma determinada companhia estimou em 31/12/X7, que os débitos incobráveis da empresa correspondiam a 1,5% das vendas a prazo. Nesse dia, o saldo da conta Estimativa para Créditos de Liquidação Duvidosa, antes de ser ajustado, era de $ 98.270. As vendas a prazo, nesse mesmo ano, totalizaram $ 10.570.000. Qual lançamento contábil deverá ser realizado para esta estimativa? a) D – ECLD C – Clientes / Duplicatas a receber – Cia. Luz 158.550 b) D – ECLD (conta redutora do ativo) C – Reversão de ECLD (conta de resultado) 158.550 c) D – Despesas com constituição de ECLD (resultado) C – ECLD (conta redutora do ativo) 158.550 d) D – Clientes / Duplicatas a receber – Cia. Luz 158.550 C – ECLD 158.550 e) D – Despesas com constituição de ECLD (resultado) C – ECLD (conta redutora do ativo) 98.270 Resposta 1) Calcular o valor estimado para liquidação de créditos duvidosos: 10.570.000 * 1,5% = 158.550 158.550 – 98.270 = 60.280 2) Realizar o lançamento contábil de complemento de estimativa: Reversão do saldo anterior: D – ECLD (conta redutora do ativo) C – Reversão de estimativa (conta de resultado) 98.270 Constituição do saldo atual D – Despesas com constituição de ECLD (resultado) C – ECLD (conta redutora do ativo) 158.550 Resposta Quando houver a perda de utilidade ou a redução no preço de venda ou de reposição de um item que diminua seu valor recuperável, ou seja, de mercado, a um nível abaixo do custo. Deve-se então assumir como base final de avaliação tal preço de mercado inferior ao custo, mediante uma estimativa, mantendo os controles de estoques ao valor original de custo. A estimativa para ajuste de estoque ao valor de mercado não é dedutível para fins de apuração de lucro real e para a determinação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro. No caso de produtos adquiridos para revenda de matérias-primas ou de outros tipos de materiais utilizados no processo de produção, tal custo é o de aquisição dos itens acrescidos dos gastos relacionados à aquisição, excluídos os tributos recuperáveis. No caso de produtos em processo e acabados, é o custo de produção. A avaliação deve considerar valor de custo ou de mercado, dos dois o menor. Estimativa para ajuste a valor de mercado dos estoques Considere a seguinte situação: O lançamento contábil será: D – Estimativa para ajuste ao valor de mercado dos estoques (despesa) 22.000,00 C – Estimativa para ajuste ao valor de mercado dos estoques (AC – redutora) 22.000,00 Estimativa para ajuste a valor de mercado dos estoques Fonte: Material de apoio – EAD Contabilidade financeira Material Quantidade Valor unitário que prevalece $ Total $ Valor contábil $ Diferença (valor da estimativa) $ A 2.000 9,00 18.000,00 20.000,00 2.000,00 E 20.000 11,00 220.000,00 240.000,00 20.000,00 Qual CPC ajuda no entendimento das regras de estimativa para redução de estoque? a) CPC 21. b) CPC 16. c) CPC 47. d) CPC 26. e) CPC 00. Interatividade Qual CPC ajuda no entendimento das regras de estimativa para redução de estoque? a) CPC 21. b) CPC 16. c) CPC 47. d) CPC 26. e) CPC 00. Resposta É o CPC 16. Esse pronunciamento proporciona orientação sobre a determinação do valor de custo dos estoques e sobre o seu subsequente reconhecimento como despesa em resultado, incluindo qualquer redução ao valor realizável líquido. Também proporciona orientação sobre o método e os critérios usados para atribuir custos aos estoques. Os estoques, objeto desse pronunciamento, devem ser mensurados pelo valor de custo ou pelo valor realizável líquido; dos dois, o menor.Resposta Perdas estimadas por valor não recuperável em investimentos não circulantes, de acordo com o CPC 01 (R1) - Redução do valor recuperável de ativos: Os investimentos avaliados pelo método de custo devem ser ajustados ao seu valor provável de realização, quando observada na empresa investida evidências de que o valor de custo não será recuperável. Perdas estimadas por valor não recuperável em imobilizado, de acordo com o CPC 01 (R1) - Redução ao valor recuperável de ativos: Um ativo está desvalorizado quando o seu valor contábil excede seu valor recuperável. A entidade deve avaliar, ao fim de cada período de reporte, se há alguma indicação de que um ativo possa ter sofrido desvalorização. O cálculo de imparidade deve considerar o valor de uso ou mercado, dos dois o maior. Estimativas como contas redutoras do ativo não circulante Exemplo: A companhia XYZ possui um equipamento adquirido por $100.000,00. A depreciação acumulada, até a data do fechamento do balanço, em 31.12.X1, é de $40.000,00. Nessa data, a empresa poderá vender esse equipamento por $62.000,00, incorrendo em despesas de vendas de $13.000,00. Sabe-se, entretanto, que se a empresa não vender esse equipamento, continuará a usá-lo no processo produtivo, sendo capaz de produzir 10 mil unidades por ano durante os próximos três anos. O preço de venda do produto é de $10,00 por unidade e os gastos médios incorridos na produção e venda é de $8,00 por unidade. O custo de capital da companhia XYZ é de 10%. Estimativas como contas redutoras do ativo não circulante 1) Calcular o valor contábil do equipamento. Custo de aquisição 100.000,00 Depreciação acumulada (40.000,00) Valor contábil 60.000,00 2) Calcular o valor líquido de venda. Valor de mercado 62.000,00 Gastos incorridos na venda (13.000,00) Valor líquido de venda 49.000,00 Estimativas como contas redutoras do ativo não circulante 3) Calcular o valor de uso do equipamento. Vendas brutas 100.000 Gastos incorridos 80.000 Vendas líquidas 20.000 Ano 1: 20.000 ÷ 1,10 = 18.181,82 Ano 2: 20.000 ÷ 1,10² = 16.528,93 Ano 3: 20.000 ÷ 1,10³ = 15.026,30 Valor de uso: 49.737,05 Estimativas como contas redutoras do ativo não circulante 4) Analisar se houve redução e qual será a base. Valor contábil 60.000,00 Valor líquido de venda 49.000,00 Valor de uso 49.737,05 5) Calcular o valor da perda estimada. Valor contábil 60.000,00 Valor recuperável 49.737,05 Perdas por desvalorização 10.262,95 D Perdas por desvalorização (Outras despesas) C Perdas estimadas por valor não recuperável em imobilizado (Conta redutora de imobilizado) - 10.262,95 Estimativas como contas redutoras do ativo não circulante Qual a diferença entre valor justo e valor presente? a) O valor presente é utilizado para atualizar o valor do dinheiro no tempo. Já o valor justo é aquele pelo qual o ativo pode ser negociado em condições normais de mercado. b) O valor presente é aquele pelo qual um bem pode ser negociado. Já o valor justo é aquele pago a vista. c) O valor presente é o valor no momento zero da negociação enquanto o valor justo é aquele acrescido de juros. d) Não há diferença. e) O valor presente é o valor que o mercado está disposto a pagar, já o valor justo é aquele acrescido de juros. Interatividade Qual a diferença entre valor justo e valor presente? a) O valor presente é utilizado para atualizar o valor do dinheiro no tempo. Já o valor justo é aquele pelo qual o ativo pode ser negociado em condições normais de mercado. b) O valor presente é aquele pelo qual um bem pode ser negociado. Já o valor justo é aquele pago a vista. c) O valor presente é o valor no momento zero da negociação enquanto o valor justo é aquele acrescido de juros. d) Não há diferença. e) O valor presente é o valor que o mercado está disposto a pagar, já o valor justo é aquele acrescido de juros. Resposta O valor presente é utilizado para atualizar o valor do dinheiro no tempo. O valor justo é aquele pelo qual o ativo pode ser negociado em condições normais de mercado. Resposta O termo “provisão”, como tratado no CPC 25 - Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes, refere-se apenas aos passivos de prazo ou valor incertos. Uma provisão somente deve ser reconhecida quando atender, cumulativamente, às seguintes condições: A entidade tem uma obrigação legal ou não formalizada presente como consequência de um evento passado. Provável probabilidade de que recursos sejam exigidos para liquidar a obrigação. O montante da obrigação possa ser estimado com suficiente segurança. Obrigações derivadas de apropriações por competência são obrigações já existentes, registradas no período de competência, sendo muito menor o grau de incerteza que as envolve, não devendo ser reconhecidas como provisões (férias, 13º salário e encargos). Provisões como exigíveis Quando um passivo deixa de atender às condições acima, são tratados na norma como passivos contingentes. A saber: Uma possível obrigação presente, cuja existência seja confirmada somente pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros que não estejam totalmente sob o controle da entidade; ou Uma obrigação presente que surge de eventos passados, mas que não é reconhecida porque é improvável que a entidade tenha de liquidá-la ou o valor da obrigação não pode ser mensurado com suficiente segurança. Quanto à probabilidade de saída de recursos, os passivos devem ser avaliados em: Praticamente certo; Provável – Registro em lançamento contábil da provisão; Possível – Registro em nota explicativa; Remoto – Nenhum tratamento contábil, pois não há evidências de impacto no patrimônio. Provisões como exigíveis O que diferencia uma da outra é o fato gerador. Se o fato gerador já ocorreu, têm-se a figura da provisão. Caso esta ainda não tenha ocorrido, têm-se a reserva. Para que haja o registro de uma provisão para contingências, é necessário que o fato tenha as seguintes características: Por finalidade, dar cobertura a perdas ou despesas, cujo fato gerador já ocorreu. Caso não tenha havido ainda, dar cobertura ao correspondente desembolso ou perda. Representar uma apropriação ao resultado do exercício, contrapartida de perdas extraordinárias, despesas e custos. Deve ser constituída independentemente de a companhia apresentar, afinal, lucro ou prejuízo no exercício. Se a probabilidade for difícil de calcular ou se o valor não for mensurável, há a necessidade de uma nota explicativa esclarecendo o fato e mencionando tais impossibilidades. Diferença entre provisão para contingências e reserva para contingência Em novembro de X1, a direção apresentou um plano formal e detalhado para encerrar as atividades de uma divisão. Em reunião, o conselho da entidade decidiu encerrar as atividades dessa divisão, logo no exercício seguinte, e estima-se um custo de $ 200.000,00. Contabilize a) D - Provisão para reestruturação (Outras despesas) C - Provisão para reestruturação (Passivo) 200.000,00 b) D - Provisão para reestruturação (Passivo) C - Provisão para reestruturação (Outras despesas) c) D - Contingência para reestruturação C - Despesas com reestruturação 200.000,00 d) D - Despesas com reestruturação C - Contas a pagar 200.000,00 e) D - Provisão para reestruturação (Outras despesas) C - Contingência para reestruturação 200.000,00 Interatividade Em novembro de X1, a direção apresentou um plano formal e detalhado para encerrar as atividades de uma divisão. Em reunião, o conselho da entidade decidiu encerrar as atividades dessa divisão, logo no exercício seguinte, e estima-se um custo de $ 200.000,00. Contabilize a) D - Provisão para reestruturação (Outras despesas) C - Provisão para reestruturação (Passivo) 200.000,00 b) D - Provisão para reestruturação (Passivo)C - Provisão para reestruturação (Outras despesas) c) D - Contingência para reestruturação C - Despesas com reestruturação 200.000,00 d) D - Despesas com reestruturação C - Contas a pagar 200.000,00 e) D - Provisão para reestruturação (Outras despesas) C - Contingência para reestruturação 200.000,00 Resposta D - Provisão para reestruturação (Resultado - Outras despesas) 200.000,00 C - Provisão para reestruturação (Passivo) 200.000,00 Resposta COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). CPC 01 (R1) – Redução ao valor recuperável de ativos. Disponível em: http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/27_CPC_01_R1_rev%2012.pdf. Acesso em: 14 jun. 2022. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). CPC 16 (R1) – Estoques. Disponível em: http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/243_CPC_16_R1_rev%2013.pdf. Acesso em: 14 jun. 2022. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). CPC 25 – Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes. 2009. Disponível em: http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/304_CPC_25_rev% 2019.pdf. Acesso em: 14 jun. 2022. Referências ATÉ A PRÓXIMA!