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39 Esquema básico da contabilidade de custos Introdução Desde o início do século XVIII houve um fenômeno que acabou por modificar a economia do mundo inteiro. Neste momento, especificamente na Inglaterra, começavam a ocorrer mudanças que iriam substituir todo o processo de esforço humano pelo trabalho das máquinas, substituindo o tra- balho manual pelo industrial. Dessa forma, houve a mudança da economia, antes baseada no modo rural e que começou a se transformar rapidamente em uma economia urbana e que tinha a ampla utilização de máquinas. Já no século XIX, o processo iniciado no século anterior foi finalmente denominado de Revolução Industrial, esse processo teve como marco o termo Marxismo criado por Engels e Marx. A partir desse momento, a mudança do trabalho artesanal e simplificado para a forma industrial alavancou o início dos cálculos dos custos da produção. Contabilidade Financeira e de Custos A Contabilidade Financeira registra, de forma geral, todos os fatos ocorridos em uma determinada entidade. Além disso, uma das principais preocupações dessa contabilidade é com a materialização da captação de recursos e sua transformação em fatores produtivos. Além disso, a contabi- lidade Financeira ou Geral é aquela que deverá obrigatoriamente seguir os preceitos dos Princípios de Contabilidade, bem como as exigências legais e societárias. Já a contabilidade de custos tem em sua natureza a finalidade gerencial, incorporando em seus conceitos os princípios de economia, administração e outras ciências que permitem o auxílio à tomada de decisão. Dessa forma a contabilidade financeira seria a base para a contabi- lidade de custos que é essencial para a tomada de decisões, ou seja, é fer- ramenta obrigatória para a contabilidade gerencial, que é o processo de Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 40 Esquema básico da contabilidade de custos identificar, mensurar, acumular, analisar, preparar, interpretar e comunicar informações que auxiliem os gestores a atingir os objetivos organizacionais. Assim segue um comparativo entre os dois tipos de contabilidade: Quadro 1 – Comparativo entre a Contabilidade Gerencial e a Financeira Contabilidade Gerencial Contabilidade Financeira Objetivos Facilitar o planejamento, controle, avaliação de desempenho e tomada de decisões pelos usuários internos (sócios e gestores). Facilitar a análise financeira dos usuários externos. Usuários primários Gestores da organização em vários níveis. Usuários externos, como inves- tidores e agências governamen- tais, mas também gestores das organizações. Liberdade de escolha Sem restrições, exceto custos em relação a benefícios das melhores definições gerenciais. Regida pelos princípios de Contabilidade geralmente aceitos. Implicações compor- tamentais Preocupação com a influên- cia que as mensurações e os relatórios exercerão sobre o comportamento cotidiano dos gestores. Preocupação em mensurar e comunicar fenômenos econômi- cos. As considerações comporta- mentais são secundárias, embora a compensação dos executivos baseada em relatos possa ter impacto em seu comportamento. Enfoque de tempo Orientação para o futuro: uso formal de orçamentos, bem como de registros históricos. Exemplo: o orçamento de 20X2 comparado com o desempenho real de 20X1. Orientação para o passado: avaliação histórica. Exemplo: o Desempenho real de 20X2 com- parado com o desempenho real de 20X1. Horizonte de tempo Flexível, com uma variação que vai de horas a 10 ou 15 anos. Menos flexível: geralmente um ano ou um trimestre. Relatórios Detalhado; preocupam-se com detalhes de partes da entidade, produtos, departamentos, territórios etc. Resumidos, preocupam-se pri- meiramente com a entidade como um todo. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 41 Esquema básico da contabilidade de custos Contabilidade Gerencial Contabilidade Financeira Tipos de relatórios Orçamentos, relatórios de de- sempenho, de custos e outros não rotineiros para facilitar a to- mada de decisões, elaborados de forma detalhada, com espe- cificidades de partes da enti- dade, como produtos, departa- mentos etc. e liberdade quanto à forma de elaboração. BP, DRE, DLPA (DMPL), DFC e DVA, conforme os moldes legais, elaborados de forma resumida, preocupando-se precipuamente com a entidade como um todo. Delineamento das atividades Campo de ação se define com menor precisão. Uso mais in- tenso de disciplinas como eco- nomia, ciências de decisão e comportamentais. Campo de ação se define com maior precisão. Menor uso de disciplinas afins. Bases de mensuração Várias bases (moeda corrente, estrangeira – moeda forte, medidas físicas etc.). Moeda corrente. Arcabouço técnico e teórico Ciência Contábil, Economia, Finanças, Estatística, pesquisa operacional e comportamental etc. Ciência Contábil. Assim, observa-se que a diferença entre a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial pode ser analisada em diversos aspectos. No que diz respeito aos objetivos, a contabilidade gerencial, mediante informações fornecidas pela contabilidade de custos, permite o planejamento e auxilia no processo de tomada de decisão dos usuários internos representados pelos gestores, já a contabilidade financeira facilita a análise financeira dos usuários externos, que podem ser representados por investidores, governo, entre outros. Além disso, são observados os aspectos com relação à liberdade que a Contabilidade Gerencial possui, apenas limitada por aspectos relativos ao custo para obtenção da informação, enquanto a Contabilidade Financei- ra precisa obedecer aos Princípios de Contabilidade. O aspecto gerencial também tem implicação na questão comportamental, uma vez que se ocupa da observação desses aspectos com relação aos gerentes, enquanto a Con- tabilidade Financeira apenas observa questões comportamentais de forma secundária, dando ênfase aos fenômenos econômicos. Uma vez que a Contabilidade de Custos permite que sejam feitas inferências ao futuro, a Contabilidade Gerencial também tem esse foco, permitindo a ampla utilização de orçamentos. A Contabilidade Financeira, (P A D O VE ZE , 2 01 0. A da pt ad o. ) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 42 Esquema básico da contabilidade de custos por sua vez, observa o aspecto histórico das informações, ou seja, passado, comparando o desempenho de um período com o período passado. No caso da Contabilidade Financeira os relatórios são aqueles apresentados por lei, como por exemplo, Balanço Patrimonial. Demonstração do Resultado do Exercício entre outras que são utilizadas para as decisões, em sua maioria, dos usuários externos. Já na Contabilidade Gerencial existem relatórios mais detalhados e voltados para as necessidades dos usuários internos, como por exemplo, orçamentos, relatórios de desempenhos e outros que sirvam de apoio na tomada de decisão. A Contabilidade Gerencial utiliza os aspectos da Contabilidade de Custos, que se favorece de vários tipos de ciências para sua plena atuação, com o uso de disciplinas de economia, ciências da decisão e outras, contrastando com a Contabilidade Financeira, que tem um campo de atuação preciso e sem utilização de várias disciplinas. As bases de mensuração na Contabilidade Gerencial são várias, uma vez que para a tomada de decisão podem ser usadas diversas moedas para comparação, o que não ocorre na Contabilidade Financeira, que utilizada, obrigatoriamente, a moeda corrente do país, ou seja, o real. Por fim, a base da Contabilidade Gerencial, conforme explanados anteriormente, é a Conta- bilidade de Custos, além da Ciência Contábil, Economia, Finanças e outras. Em contrapartida, a Contabilidade Financeira tem como principal base a Ciência Contábil e suas regras. Dessa forma foi possíveldiferenciar a Contabilidade Gerencial da Contabilidade Financeira e apresentar como a Contabilidade de Custos está inserida nesse contexto. Contabilidade de Custos Pode-se dizer que a contabilidade de custos é uma parte da ciência contábil que se dedica ao estudo dos gastos efetuados para a obtenção de um bem de venda ou consumo, podendo este ser na forma de produto, mercadoria ou serviço. A contabilidade de custos é o ramo da função financeira responsável pela acumulação, organização, análise e interpretação dos custos dos produtos e serviços, bem como componentes da organização, do plano operacional e das atividades necessárias para a determinação do lucro. Além disso, Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 43 Esquema básico da contabilidade de custos pode-se afirmar, em relação à contabilidade de custos, que esta controla as operações e auxilia o administrador no processo de tomada de decisão. Para Megliorini (2002), os custos devem ser determinados a fim de atingir como principais objetivos a determinação do lucro, o controle das operações e a tomada de decisões. Objetivos da contabilidade de custos Nascida durante a Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX), a Contabili- dade de Custos teve sua origem na necessidade da avaliação dos estoques das empresas industriais (MARTINS, 2003). Com a revolução industrial, as primeiras fábricas começaram a pôr em prática alguns dos conceitos que são universais e utilizados até os dias atuais. Essas máquinas exigiam que existisse uma nova forma de gerenciar os negó- cios, devido à produção em larga escala, que impulsionava a sociedade e era impulsionada pela concorrência. Inicialmente, os comerciantes apuravam o resultado do exercício, ou seja, o quanto havia sobrado de suas vendas, quando as comparavam com o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV), o que gerava o lucro bruto. Desse valor, eram deduzidas as demais despesas. Tal raciocínio ainda é utilizado atualmente pelos contadores. A seguir, o cálculo do resultado de maneira simplificada. Cálculo do resultado (+) Receita com Vendas (–) Custo das mercadorias vendidas (=) Lucro bruto (–) despesas administrativas (–) despesas financeiras (=) Lucro/Prejuízo Na atividade comercial, o CMV tinha fácil identificação, pois seu valor era composto pelo valor pago pela mercadoria, mais os tributos não compen- sáveis, mais fretes e seguros. No caso de variação de estoque, é possível a utilização da seguinte fórmula que auxilia no encontro do CMV: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 44 Esquema básico da contabilidade de custos CMV = EI + C– EF FIM Tal fórmula evidencia a apuração do estoque, sendo que EI é o Estoque Inicial de Mercadorias; C representa as compras durante o período em que o CMV está sendo apurado e, finalmente, EF designa o Estoque final de mer- cadorias do período. Assim é possível, de forma simples, apurar o Custo das Mercadorias do período. Já no segmento industrial, tal sistemática simplificada não pode ser utili- zada, uma vez que, para o cálculo do custo, é preciso considerar que o fabri- cante compra os materiais, transforma-os, paga a mão de obra que trabalha em sua elaboração e ainda consome outros recursos, como por exemplo: água, energia elétrica, entre outros, na obtenção desse bem para a venda final. Dessa forma, a partir da Revolução Industrial, a Contabilidade de Custos evoluiu, passando a gerar informações não só para controle, mas também para o planejamento e tomada de decisão. De forma resumida os principais objetivos da contabilidade de custos são: Possibilidade de avaliação dos estoques, para que seja atendida a legislação comercial e fiscal; Demonstrar o custo do produto vendido (CPV) ou da Mercadoria Vendida (CMV) ou do Serviço Prestado (CSP); Servir de auxílio ao processo de tomada de decisão, aliado da contabi- lidade gerencial; Servir como base para que sejam preparados orçamentos e projeções. A contabilidade de custos é necessária em todos os setores produtivos em que se deseja conhecer o custo de determinado produto ou serviço, para que, com isso, sejam tomadas inúmeras decisões. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 45 Esquema básico da contabilidade de custos Ciclo Básico da Contabilidade de Custos Para que a contabilidade de custos cumpra a sua função, que é apurar o valor final de determinado produto ou serviço, é necessário que sejam segui- dos alguns passos: 1.º Passo – A separação entre custos e despesas, sendo necessário co- nhecer a diferença entre ambos. No caso do primeiro conceito – custos – são gastos que ocorrem dentro da fábrica ou que estão envolvidos na presta- ção de um determinado serviço ou para a obtenção de determinada receita. Como exemplos de custos, é possível apontar os gastos com matéria-prima, mão de obra e custos indiretos de fabricação. Já o conceito de despesa apresenta gastos necessários à obtenção de re- ceita, mas que não ocorrem durante o processo produtivo ou a prestação de serviços. Como exemplo de despesas é possível apontar os gastos com ener- gia elétrica da parte administrativa assim, como o material de expediente, fretes utilizados na entrega de produtos, entre outros que não ocorrem no processo fabril ou de prestação de serviços. Para que seja feito o uso eficiente do sistema de custeio que será esco- lhido é necessário fazer a apropriação dos custos diretos. A separação dos custos nessas duas categorias é necessária para que seja evitada ao máximo a arbitrariedade dos custos indiretos de fabricação. 2.º Passo – Apropriação dos custos diretos que, em sua grande maioria, são os custos relativos à matéria-prima e mão de obra, além de outros que forem individualizados, como por exemplo, o caso das embalagens. 3.º Passo – A apropriação (rateio) dos custos indiretos fabricação. Essa apropriação apresenta um componente que é conhecido como arbitrarie- dade e deve-se aos processos feitos para o rateio dos custos indiretos, que nem sempre são claros ou possuem uma base científica ou ainda justificável que possa ser utilizada. Por mais que seja impossível evitar essa arbitrariedade na distribuição dos custos indiretos de fabricação é extremamente necessário que o gestor conheça a fundo todo o processo produtivo para a diminuição ao máximo da subjetividade. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 46 Esquema básico da contabilidade de custos (M EG LI O RI N I, 20 02 ; M A RT IN S, 2 00 3. A da pt ad o. ) CUSTOS RATEIO PRODUTO A PRODUTO B PRODUTO C DESPESAS RESULTADO INDIRETOS DIRETOS ESTOQUES CUSTO PRODUTOS VENDIDOS VENDAS Figura 1 – Esquema básico da Contabilidade de custos. É necessário lembrar que os custos e despesas incorridos num mesmo período só irão para a conta de Resultado desse período caso toda a produção elaborada seja vendida e não haja estoques iniciais e finais. Etapas do processo produtivo As etapas do processo produtivo seguem diferentes raciocínios de acordo com atividade, seja ela de industrialização ou de prestação de serviço, e também dependem muito do tipo de produto que está sendo fabricado. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 47 Esquema básico da contabilidade de custos De maneira genérica pode-se afirmar que os principais componentes envolvidos no processo produtivo são: os materiais, a mão de obra e os custos indiretos de fabricação. No caso dos materiais diretos podem existir duas divisões: Matéria-prima – substância bruta e principal que entra na composi- ção de um produto de forma preponderante em relação aos outros componentes. Pode-se exemplificar como matéria-prima a madeira utilizada para a fabricação de móveis, o tecido em uma indústria de confecções.Materiais secundários – são aqueles aplicados na produção em meno- res quantidades, se comparados à matéria-prima. Eles são adiciona- dos ao produto juntamente com a matéria-prima, complementando-a ou ainda fazendo parte do acabamento. Nessa categoria entram, por exemplo, o verniz para o caso de uma indústria moveleira, ovos, açúcar e sal no caso da fabricação de bolos ou biscoitos. Materiais auxiliares – são todos os materiais necessários ao processo de fabricação, mas que não entram na composição do produto. Se for considerada a indústria de produção de móveis temos como exemplo lixas e pincéis, já para a fabricação de pães e bolos podem ser conside- radas as formas, a manteiga, entre outros. Materiais de embalagens – são aqueles materiais utilizados para acon- dicionar os produtos, como plásticos ou papéis. Em uma primeira etapa no processo produtivo serão aplicados os mate- riais que são os componentes necessários para o início da produção. Já na segunda etapa do processo de produção é necessário considerar a mão de obra, que será o esforço necessário para a transformação da maté- ria-prima no produto final. Também deverão ser considerados como gastos com mão de obra os benefícios como cestas básicas, vale-transporte, além de vale-refeição, previdência social, FGTS entre outros. A mão de obra pode ser direta ou indireta, sendo que a segunda catego- ria deverá ser atribuída aos produtos mediante o uso de rateios, uma vez que esses funcionários não podem ser alocados de forma objetiva aos produtos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 48 Esquema básico da contabilidade de custos Existe também a ocorrência dos gastos gerais de produção, que são co- nhecidos como custos indiretos de fabricação, entram nessa categoria o seguro, depreciação, energia elétrica entre outros. Dependendo do tipo do processo industrial, podem existir várias etapas antes da conclusão do processo produtivo, que podem incluir áreas de corte, moldagem, pintura e outras. Exemplo de processo produtivo: indústria cerâmica No caso da indústria cerâmica o processo inicia com a preparação da massa, que seria caracterizada como matéria-prima. Em uma segunda etapa entraria a prensagem e preparação dessa massa para que sejam moldadas as peças. Após isso é feita a secagem das peças que estão prontas para passar pela esmaltação. Posteriormente existe a queima da peça, e é nesse momento que a peça adquire qualidades como resistência e baixa absorção, ocorrendo a determinação da cor das peças. Depois disso é feita a escolha das peças, separando aquelas que estão em perfeito estado daquelas que possuem eventuais defeitos. Então há a prepa- ração dos esmaltes e tintas que servirão para impermeabilizar e aumentar a resistência ao desgaste. O controle de qualidade estará presente durante todas as etapas do processo produtivo, sendo que na fase final os produtos estão liberados para a expedição. A última etapa é a expedição, em que é realizado o controle físico de produtos acabados, havendo a transferência dos produtos de dentro do estoque para facilitar a operação de separação, o armazenamento e embarque para a venda dos produtos para o mercado. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 49 Esquema básico da contabilidade de custos Trabalhando o filme Tempos Modernos (SOUSA, Rainer. Adaptado.) No estudo da Revolução Industrial, vários historiadores salientam que tal experiência foi responsável por uma profunda transformação nas formas de se organizar as relações de trabalho. Em linhas gerais, procura-se destacar que a figura do artesão foi substituída pela do operário, que vendia a sua força de trabalho em troca de uma determinada compensação monetária. Nessa nova configuração, o trabalhador fabril não tinha mais noção de quanto era o valor da riqueza produzida por sua força de trabalho. Segundo a teoria dos pensadores Karl Marx e Friendrich Engels, o operário recebia um salário que era insignificante se comparado ao valor da riqueza produzida por ele ao longo de um único mês de trabalho. Dessa forma, estava necessaria- mente submetido a uma lógica de exploração sistemática. Para que tal desconhecimento fosse viável, segundo esses dois mesmos teóricos, a especialização do trabalho era um pressuposto indispensável. Sob tal vigência, o operário desconhecia o valor do seu trabalho no momento em que desempenhava uma função isolada do processo global de fabricação de um determinado bem material. Com isso, ele não sabia quantificar em dinheiro o valor que sua contribuição influía na concepção de uma mercadoria industrializada. Assistindo a uma parte do filme “Tempos Modernos”, de 1936, é possível ver a inadaptabilidade de Chaplin ao ritmo da esteira. Simboliza a submissão do homem ao ritmo imposto pela máquina. Ao mesmo tempo, no momento em que ele sai do ambiente de trabalho reproduzindo o mesmo movimento realizado na esteira fabril, mostra como a especialização do trabalho impõe uma repetição que anula completamente o significado do trabalho em sua vida. Em outros termos, o homem se transforma em uma mera extensão da máquina. Mesmo sendo bastante cômicas as situações encenadas em “Tempos Mo- dernos”, podemos ver que o riso provocado no filme está atrelado a uma forte e consciente mensagem que desafiou a lógica do trabalho industrial. Ampliando seus conhecimentos Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br