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Contabilidade de Custos na Revolução Industrial

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Esquema básico da 
contabilidade de custos
Introdução
Desde o início do século XVIII houve um fenômeno que acabou por 
modificar a economia do mundo inteiro. Neste momento, especificamente 
na Inglaterra, começavam a ocorrer mudanças que iriam substituir todo o 
processo de esforço humano pelo trabalho das máquinas, substituindo o tra-
balho manual pelo industrial. Dessa forma, houve a mudança da economia, 
antes baseada no modo rural e que começou a se transformar rapidamente 
em uma economia urbana e que tinha a ampla utilização de máquinas.
Já no século XIX, o processo iniciado no século anterior foi finalmente 
denominado de Revolução Industrial, esse processo teve como marco o termo 
Marxismo criado por Engels e Marx. A partir desse momento, a mudança do 
trabalho artesanal e simplificado para a forma industrial alavancou o início 
dos cálculos dos custos da produção.
Contabilidade Financeira e de Custos
A Contabilidade Financeira registra, de forma geral, todos os fatos 
ocorridos em uma determinada entidade. Além disso, uma das principais 
preocupações dessa contabilidade é com a materialização da captação de 
recursos e sua transformação em fatores produtivos. Além disso, a contabi-
lidade Financeira ou Geral é aquela que deverá obrigatoriamente seguir os 
preceitos dos Princípios de Contabilidade, bem como as exigências legais e 
societárias.
Já a contabilidade de custos tem em sua natureza a finalidade gerencial, 
incorporando em seus conceitos os princípios de economia, administração e 
outras ciências que permitem o auxílio à tomada de decisão.
Dessa forma a contabilidade financeira seria a base para a contabi-
lidade de custos que é essencial para a tomada de decisões, ou seja, é fer-
ramenta obrigatória para a contabilidade gerencial, que é o processo de 
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Esquema básico da contabilidade de custos
identificar, mensurar, acumular, analisar, preparar, interpretar e comunicar 
informações que auxiliem os gestores a atingir os objetivos organizacionais. 
Assim segue um comparativo entre os dois tipos de contabilidade:
Quadro 1 – Comparativo entre a Contabilidade Gerencial e a Financeira
Contabilidade Gerencial Contabilidade Financeira
Objetivos
Facilitar o planejamento, 
controle, avaliação de 
desempenho e tomada de 
decisões pelos usuários 
internos (sócios e gestores).
Facilitar a análise financeira dos 
usuários externos.
Usuários primários Gestores da organização em vários níveis.
Usuários externos, como inves-
tidores e agências governamen-
tais, mas também gestores das 
organizações.
Liberdade de escolha
Sem restrições, exceto custos 
em relação a benefícios das 
melhores definições gerenciais.
Regida pelos princípios de 
Contabilidade geralmente aceitos.
Implicações compor-
tamentais
Preocupação com a influên-
cia que as mensurações e os 
relatórios exercerão sobre o 
comportamento cotidiano dos 
gestores.
Preocupação em mensurar e 
comunicar fenômenos econômi-
cos. As considerações comporta-
mentais são secundárias, embora 
a compensação dos executivos 
baseada em relatos possa ter 
impacto em seu comportamento.
Enfoque de tempo
Orientação para o futuro: uso 
formal de orçamentos, bem 
como de registros históricos. 
Exemplo: o orçamento de 20X2 
comparado com o desempenho 
real de 20X1.
Orientação para o passado: 
avaliação histórica. Exemplo: o 
Desempenho real de 20X2 com-
parado com o desempenho real 
de 20X1.
Horizonte de tempo Flexível, com uma variação que vai de horas a 10 ou 15 anos.
Menos flexível: geralmente um 
ano ou um trimestre.
Relatórios
Detalhado; preocupam-se com 
detalhes de partes da entidade, 
produtos, departamentos, 
territórios etc.
Resumidos, preocupam-se pri-
meiramente com a entidade 
como um todo.
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Esquema básico da contabilidade de custos
Contabilidade Gerencial Contabilidade Financeira
Tipos de relatórios
Orçamentos, relatórios de de-
sempenho, de custos e outros 
não rotineiros para facilitar a to-
mada de decisões, elaborados 
de forma detalhada, com espe-
cificidades de partes da enti-
dade, como produtos, departa-
mentos etc. e liberdade quanto 
à forma de elaboração.
BP, DRE, DLPA (DMPL), DFC e 
DVA, conforme os moldes legais, 
elaborados de forma resumida, 
preocupando-se precipuamente 
com a entidade como um todo.
Delineamento das 
atividades
Campo de ação se define com 
menor precisão. Uso mais in-
tenso de disciplinas como eco-
nomia, ciências de decisão e 
comportamentais.
Campo de ação se define com 
maior precisão. Menor uso de 
disciplinas afins.
Bases de mensuração
Várias bases (moeda corrente, 
estrangeira – moeda forte, 
medidas físicas etc.).
Moeda corrente.
Arcabouço técnico e 
teórico
Ciência Contábil, Economia, 
Finanças, Estatística, pesquisa 
operacional e comportamental 
etc.
Ciência Contábil. 
Assim, observa-se que a diferença entre a Contabilidade Financeira e 
a Contabilidade Gerencial pode ser analisada em diversos aspectos. No que 
diz respeito aos objetivos, a contabilidade gerencial, mediante informações 
fornecidas pela contabilidade de custos, permite o planejamento e auxilia 
no processo de tomada de decisão dos usuários internos representados 
pelos gestores, já a contabilidade financeira facilita a análise financeira dos 
usuários externos, que podem ser representados por investidores, governo, 
entre outros.
Além disso, são observados os aspectos com relação à liberdade que a 
Contabilidade Gerencial possui, apenas limitada por aspectos relativos ao 
custo para obtenção da informação, enquanto a Contabilidade Financei-
ra precisa obedecer aos Princípios de Contabilidade. O aspecto gerencial 
também tem implicação na questão comportamental, uma vez que se ocupa 
da observação desses aspectos com relação aos gerentes, enquanto a Con-
tabilidade Financeira apenas observa questões comportamentais de forma 
secundária, dando ênfase aos fenômenos econômicos.
Uma vez que a Contabilidade de Custos permite que sejam feitas 
inferências ao futuro, a Contabilidade Gerencial também tem esse foco, 
permitindo a ampla utilização de orçamentos. A Contabilidade Financeira, 
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por sua vez, observa o aspecto histórico das informações, ou seja, passado, 
comparando o desempenho de um período com o período passado.
No caso da Contabilidade Financeira os relatórios são aqueles 
apresentados por lei, como por exemplo, Balanço Patrimonial. Demonstração 
do Resultado do Exercício entre outras que são utilizadas para as decisões, 
em sua maioria, dos usuários externos. Já na Contabilidade Gerencial existem 
relatórios mais detalhados e voltados para as necessidades dos usuários 
internos, como por exemplo, orçamentos, relatórios de desempenhos e 
outros que sirvam de apoio na tomada de decisão.
A Contabilidade Gerencial utiliza os aspectos da Contabilidade de 
Custos, que se favorece de vários tipos de ciências para sua plena atuação, com 
o uso de disciplinas de economia, ciências da decisão e outras, contrastando 
com a Contabilidade Financeira, que tem um campo de atuação preciso e 
sem utilização de várias disciplinas.
As bases de mensuração na Contabilidade Gerencial são várias, uma 
vez que para a tomada de decisão podem ser usadas diversas moedas para 
comparação, o que não ocorre na Contabilidade Financeira, que utilizada, 
obrigatoriamente, a moeda corrente do país, ou seja, o real. Por fim, a base 
da Contabilidade Gerencial, conforme explanados anteriormente, é a Conta-
bilidade de Custos, além da Ciência Contábil, Economia, Finanças e outras. 
Em contrapartida, a Contabilidade Financeira tem como principal base a 
Ciência Contábil e suas regras.
Dessa forma foi possíveldiferenciar a Contabilidade Gerencial da 
Contabilidade Financeira e apresentar como a Contabilidade de Custos está 
inserida nesse contexto.
Contabilidade de Custos
Pode-se dizer que a contabilidade de custos é uma parte da ciência 
contábil que se dedica ao estudo dos gastos efetuados para a obtenção 
de um bem de venda ou consumo, podendo este ser na forma de produto, 
mercadoria ou serviço.
A contabilidade de custos é o ramo da função financeira responsável pela 
acumulação, organização, análise e interpretação dos custos dos produtos 
e serviços, bem como componentes da organização, do plano operacional 
e das atividades necessárias para a determinação do lucro. Além disso, 
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Esquema básico da contabilidade de custos
pode-se afirmar, em relação à contabilidade de custos, que esta controla as 
operações e auxilia o administrador no processo de tomada de decisão. Para 
Megliorini (2002), os custos devem ser determinados a fim de atingir como 
principais objetivos a determinação do lucro, o controle das operações e a 
tomada de decisões.
Objetivos da contabilidade de custos
Nascida durante a Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX), a Contabili-
dade de Custos teve sua origem na necessidade da avaliação dos estoques 
das empresas industriais (MARTINS, 2003).
Com a revolução industrial, as primeiras fábricas começaram a pôr em 
prática alguns dos conceitos que são universais e utilizados até os dias atuais. 
Essas máquinas exigiam que existisse uma nova forma de gerenciar os negó-
cios, devido à produção em larga escala, que impulsionava a sociedade e era 
impulsionada pela concorrência.
Inicialmente, os comerciantes apuravam o resultado do exercício, ou 
seja, o quanto havia sobrado de suas vendas, quando as comparavam com 
o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV), o que gerava o lucro bruto. Desse 
valor, eram deduzidas as demais despesas. Tal raciocínio ainda é utilizado 
atualmente pelos contadores. A seguir, o cálculo do resultado de maneira 
simplificada.
Cálculo do resultado
(+) Receita com Vendas
(–) Custo das mercadorias vendidas
(=) Lucro bruto
(–) despesas administrativas
(–) despesas financeiras
(=) Lucro/Prejuízo
Na atividade comercial, o CMV tinha fácil identificação, pois seu valor era 
composto pelo valor pago pela mercadoria, mais os tributos não compen-
sáveis, mais fretes e seguros. No caso de variação de estoque, é possível a 
utilização da seguinte fórmula que auxilia no encontro do CMV:
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CMV = EI + C– EF FIM
Tal fórmula evidencia a apuração do estoque, sendo que EI é o Estoque 
Inicial de Mercadorias; C representa as compras durante o período em que 
o CMV está sendo apurado e, finalmente, EF designa o Estoque final de mer-
cadorias do período. Assim é possível, de forma simples, apurar o Custo das 
Mercadorias do período.
Já no segmento industrial, tal sistemática simplificada não pode ser utili-
zada, uma vez que, para o cálculo do custo, é preciso considerar que o fabri-
cante compra os materiais, transforma-os, paga a mão de obra que trabalha 
em sua elaboração e ainda consome outros recursos, como por exemplo: 
água, energia elétrica, entre outros, na obtenção desse bem para a venda 
final.
Dessa forma, a partir da Revolução Industrial, a Contabilidade de Custos 
evoluiu, passando a gerar informações não só para controle, mas também 
para o planejamento e tomada de decisão.
De forma resumida os principais objetivos da contabilidade de custos 
são:
 Possibilidade de avaliação dos estoques, para que seja atendida a 
legislação comercial e fiscal;
 Demonstrar o custo do produto vendido (CPV) ou da Mercadoria 
Vendida (CMV) ou do Serviço Prestado (CSP);
 Servir de auxílio ao processo de tomada de decisão, aliado da contabi-
lidade gerencial;
 Servir como base para que sejam preparados orçamentos e projeções.
A contabilidade de custos é necessária em todos os setores produtivos 
em que se deseja conhecer o custo de determinado produto ou serviço, para 
que, com isso, sejam tomadas inúmeras decisões.
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Esquema básico da contabilidade de custos
Ciclo Básico da Contabilidade de Custos
Para que a contabilidade de custos cumpra a sua função, que é apurar o 
valor final de determinado produto ou serviço, é necessário que sejam segui-
dos alguns passos:
1.º Passo – A separação entre custos e despesas, sendo necessário co-
nhecer a diferença entre ambos. No caso do primeiro conceito – custos – são 
gastos que ocorrem dentro da fábrica ou que estão envolvidos na presta-
ção de um determinado serviço ou para a obtenção de determinada receita. 
Como exemplos de custos, é possível apontar os gastos com matéria-prima, 
mão de obra e custos indiretos de fabricação.
Já o conceito de despesa apresenta gastos necessários à obtenção de re-
ceita, mas que não ocorrem durante o processo produtivo ou a prestação de 
serviços. Como exemplo de despesas é possível apontar os gastos com ener-
gia elétrica da parte administrativa assim, como o material de expediente, 
fretes utilizados na entrega de produtos, entre outros que não ocorrem no 
processo fabril ou de prestação de serviços.
Para que seja feito o uso eficiente do sistema de custeio que será esco-
lhido é necessário fazer a apropriação dos custos diretos. A separação dos 
custos nessas duas categorias é necessária para que seja evitada ao máximo 
a arbitrariedade dos custos indiretos de fabricação.
2.º Passo – Apropriação dos custos diretos que, em sua grande maioria, 
são os custos relativos à matéria-prima e mão de obra, além de outros que 
forem individualizados, como por exemplo, o caso das embalagens.
3.º Passo – A apropriação (rateio) dos custos indiretos fabricação. Essa 
apropriação apresenta um componente que é conhecido como arbitrarie- 
dade e deve-se aos processos feitos para o rateio dos custos indiretos, que nem 
sempre são claros ou possuem uma base científica ou ainda justificável que 
possa ser utilizada. Por mais que seja impossível evitar essa arbitrariedade na 
distribuição dos custos indiretos de fabricação é extremamente necessário 
que o gestor conheça a fundo todo o processo produtivo para a diminuição 
ao máximo da subjetividade.
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CUSTOS
RATEIO
PRODUTO A
PRODUTO B
PRODUTO C
DESPESAS
RESULTADO
INDIRETOS DIRETOS
ESTOQUES
CUSTO PRODUTOS VENDIDOS
VENDAS
Figura 1 – Esquema básico da Contabilidade de custos.
É necessário lembrar que os custos e despesas incorridos num mesmo 
período só irão para a conta de Resultado desse período caso toda a produção 
elaborada seja vendida e não haja estoques iniciais e finais.
Etapas do processo produtivo
As etapas do processo produtivo seguem diferentes raciocínios de acordo 
com atividade, seja ela de industrialização ou de prestação de serviço, e 
também dependem muito do tipo de produto que está sendo fabricado.
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De maneira genérica pode-se afirmar que os principais componentes 
envolvidos no processo produtivo são: os materiais, a mão de obra e os 
custos indiretos de fabricação.
No caso dos materiais diretos podem existir duas divisões:
 Matéria-prima – substância bruta e principal que entra na composi-
ção de um produto de forma preponderante em relação aos outros 
componentes. Pode-se exemplificar como matéria-prima a madeira 
utilizada para a fabricação de móveis, o tecido em uma indústria de 
confecções.Materiais secundários – são aqueles aplicados na produção em meno-
res quantidades, se comparados à matéria-prima. Eles são adiciona-
dos ao produto juntamente com a matéria-prima, complementando-a 
ou ainda fazendo parte do acabamento. Nessa categoria entram, por 
exemplo, o verniz para o caso de uma indústria moveleira, ovos, açúcar 
e sal no caso da fabricação de bolos ou biscoitos.
 Materiais auxiliares – são todos os materiais necessários ao processo 
de fabricação, mas que não entram na composição do produto. Se for 
considerada a indústria de produção de móveis temos como exemplo 
lixas e pincéis, já para a fabricação de pães e bolos podem ser conside-
radas as formas, a manteiga, entre outros.
 Materiais de embalagens – são aqueles materiais utilizados para acon-
dicionar os produtos, como plásticos ou papéis.
Em uma primeira etapa no processo produtivo serão aplicados os mate-
riais que são os componentes necessários para o início da produção.
Já na segunda etapa do processo de produção é necessário considerar a 
mão de obra, que será o esforço necessário para a transformação da maté-
ria-prima no produto final. Também deverão ser considerados como gastos 
com mão de obra os benefícios como cestas básicas, vale-transporte, além 
de vale-refeição, previdência social, FGTS entre outros.
A mão de obra pode ser direta ou indireta, sendo que a segunda catego-
ria deverá ser atribuída aos produtos mediante o uso de rateios, uma vez que 
esses funcionários não podem ser alocados de forma objetiva aos produtos.
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Existe também a ocorrência dos gastos gerais de produção, que são co-
nhecidos como custos indiretos de fabricação, entram nessa categoria o 
seguro, depreciação, energia elétrica entre outros.
Dependendo do tipo do processo industrial, podem existir várias etapas 
antes da conclusão do processo produtivo, que podem incluir áreas de corte, 
moldagem, pintura e outras.
Exemplo de processo produtivo: indústria 
cerâmica
No caso da indústria cerâmica o processo inicia com a preparação da 
massa, que seria caracterizada como matéria-prima. Em uma segunda etapa 
entraria a prensagem e preparação dessa massa para que sejam moldadas as 
peças. Após isso é feita a secagem das peças que estão prontas para passar 
pela esmaltação.
Posteriormente existe a queima da peça, e é nesse momento que a 
peça adquire qualidades como resistência e baixa absorção, ocorrendo a 
determinação da cor das peças.
Depois disso é feita a escolha das peças, separando aquelas que estão em 
perfeito estado daquelas que possuem eventuais defeitos. Então há a prepa-
ração dos esmaltes e tintas que servirão para impermeabilizar e aumentar a 
resistência ao desgaste.
O controle de qualidade estará presente durante todas as etapas do 
processo produtivo, sendo que na fase final os produtos estão liberados para 
a expedição.
A última etapa é a expedição, em que é realizado o controle físico de produtos 
acabados, havendo a transferência dos produtos de dentro do estoque para 
facilitar a operação de separação, o armazenamento e embarque para a venda 
dos produtos para o mercado.
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Esquema básico da contabilidade de custos
Trabalhando o filme Tempos Modernos
(SOUSA, Rainer. Adaptado.)
No estudo da Revolução Industrial, vários historiadores salientam que tal 
experiência foi responsável por uma profunda transformação nas formas de 
se organizar as relações de trabalho. Em linhas gerais, procura-se destacar que 
a figura do artesão foi substituída pela do operário, que vendia a sua força de 
trabalho em troca de uma determinada compensação monetária.
Nessa nova configuração, o trabalhador fabril não tinha mais noção de 
quanto era o valor da riqueza produzida por sua força de trabalho. Segundo 
a teoria dos pensadores Karl Marx e Friendrich Engels, o operário recebia um 
salário que era insignificante se comparado ao valor da riqueza produzida por 
ele ao longo de um único mês de trabalho. Dessa forma, estava necessaria-
mente submetido a uma lógica de exploração sistemática.
Para que tal desconhecimento fosse viável, segundo esses dois mesmos 
teóricos, a especialização do trabalho era um pressuposto indispensável. Sob 
tal vigência, o operário desconhecia o valor do seu trabalho no momento em 
que desempenhava uma função isolada do processo global de fabricação 
de um determinado bem material. Com isso, ele não sabia quantificar em 
dinheiro o valor que sua contribuição influía na concepção de uma mercadoria 
industrializada.
Assistindo a uma parte do filme “Tempos Modernos”, de 1936, é possível 
ver a inadaptabilidade de Chaplin ao ritmo da esteira. Simboliza a submissão 
do homem ao ritmo imposto pela máquina. Ao mesmo tempo, no momento 
em que ele sai do ambiente de trabalho reproduzindo o mesmo movimento 
realizado na esteira fabril, mostra como a especialização do trabalho impõe 
uma repetição que anula completamente o significado do trabalho em sua 
vida. Em outros termos, o homem se transforma em uma mera extensão da 
máquina.
Mesmo sendo bastante cômicas as situações encenadas em “Tempos Mo-
dernos”, podemos ver que o riso provocado no filme está atrelado a uma forte 
e consciente mensagem que desafiou a lógica do trabalho industrial.
Ampliando seus conhecimentos
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