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Dor crônica 1 🕑 Dor crônica Introdução Genericamente, a dor crônica é uma dor que dura por um período maior do que 3 meses A dor crônica não é uma simples continuação da dor aguda, é um processo patológico com mecanismos distintos Causa genética para dor está sendo investigada Fatores pré-disponentes que aumentam a probabilidade da dor crônica Sexo (mulheres) Epigenética (crianças com processo traumático ao longo do desenvolvimento) Genética (filhos de pais com dor crônica) ou tranmissões de nicho Vulnerabilidade (ansiedade e depressão) O sistema nervoso na dor crônica é modificado ao longo do tempo tanto na dor crônica primária quanto na secundária É aquela que persiste após a resolução ou cicatrização da lesão A dor crônica não ocorre em todos os momentos do dia ou todos os dias da semana As manifestações podem não ser constantes Podem ter surtos e remissões Pode haver momentos sem dor Os mecanismos e as características da dor crônica geralmente não são muito claros, Dor crônica 2 devendo-se o diagnóstico ser guiado pelos sintomas Primária Causas desconhecidas Pode ser considerada uma doença Geralmente dor nociplástica Fibromialgia (dores musculares, formigamento, insônia, fadiga) Associada a endometrioses, síndrome do intestino irritável, cefaleias tensionais e migrâneas Secundária Acompanha uma doença Artrite reumatóide Doença de Parkinson Câncer Neuralgia do trigêmeo Lesão medular Considerada inicialmente como um sintoma Dores neuropáticas Túnel do carpo Herpes zóster Neuropatia diabética Dores pós-operatórias (mastectomias) Prevalência da dor crônica 1. Dor lombar ou coluna cervical 2. Dor no joelho por osteoartrite 3. Enxaquecas e cefaleias tensionais Dor crônica 3 4. Dor de quadril por osteoartrose Aumento na prevalência nos últimos anos Novos hábitos de vida Sedentarismo, fatores psicossociais Modificações do meio ambiente Vida urbana, ruído, luz, excesso de informações e tela Privação de sono Aumento de doenças psiquiátricas Aumento da expectativa de vida Aumento de doenças crônicas e degenerativas Fisiopatologia da dor crônica Modificações cerebrais relacionadas à cronificação Atrofia cortical de estruturas Reorganização sináptica Hipersensibilização das vias da dor, que acontece quando são ativadas em excesso, causando, assim, o processo de sensibilização periférica e central Tratamento de acordo com a fisiopatologia Dor fisiológica Traumatismos, fraturas, queimaduras, dor aguda pós-operatória, afecções viscerais agudas AINES Analgésicos Opioides Dor por excesso de nocicepção Dor crônica 4 Dor oncológica Opioides AINES Inibidores da recaptação de serotonina/noradrenalina e antidepressivos tricíclicos (e duais) Gabapentinoides Dor neuropática Neuropatia diabética, neuropatia pós herpética Inibidores da recaptação de serotonina/noradrenalina e antidepressivos tricíclicos (e duais) Gabapentinoides Opioides Dor nociplástica Fibromialgia, dor lombar indeterminada, cefaleia do tipo tensional, migrânea Gabapentinoides Inibidores da recaptação de serotonina/noradrenalina e antidepressivos tricíclicos (e duais) Opioides na dor crônica Adição no uso crônico de opioides O uso crônico do opioide pode levar a adição levam a adaptações e modulações dependentes de atividade (neuroplasticidade), consolidando uma memória da sensação de bem-estar O opioide age nos centros de recompensa levando à liberação de dopamina Dor crônica 5 Tolerância: estado de adaptação à exposição contínua a opioides, com consequente diminuição de seu efeito analgésico, sendo necessário um aumento da dose para se alcançar o efeito desejado Dependência: estado de adaptação ao uso crônico de opioides, que se manifesta por um quadro de abstinência após a interrupção aguda, rápida redução da dose, diminuição dos níveis séricos ou administração de um antagonista desta substância Adição: falta de controle sobre o uso de opioides, com uso contínuo apesar de prejuízos à saúde e à vida social, profissional e familiar. Na adição estão presentes a tolerância e a dependência Fatores de risco Idade jovem Personalidade intensa Dor crônica pós-trauma Múltiplas regiões dolorosas Dose alta de opioide Antecedente de uso de substâncias ilícitas Depressão, ansiedade ou outras doenças psiquiátricas Uso de medicamentos psicotrópicos (benzodiazepínicos) Dependência de tabaco História familiar de adição Família disfuncional Em pacientes com risco de adição, a melhor opção é o opioide de ação prolongada, evitando os efeitos ‘agradáveis’ e mais rápidos dos fármacos de liberação imediata Morfina de liberação imediata e oxicodona demonstraram causar maior incidência de abuso grave Metadona, morfina de liberação controlada (LC) ou bruprenorfina transdérmica (TD) são melhores opções por não oferecerem ação de recompensa imediata Dor crônica 6 Como opioide de resgate deve-se evitar morfina ou metadona por via endovenosa, optando-se pela via subcutânea 🚨 Deve-se ter atenção especial para os pacientes que solicitam aumento na dose do opioide, principalmente por via endovenosa Jamais suspender abruptamente o opioide para evitar a crise grave de abstinência Sempre associar adjuvantes ao tratamento com opioides Clonidina mostrou resultados favoráveis no controle da fissura (off label) Solicitar a participação do psiquiatra no cuidado destes pacientes Modelo biopsicossocial na dor crônica A dor crônica deve ser avaliada por um contexto amplo Aspectos físicos, psico-comportamentais e sociais Anamnese e exame físico cuidadoso Escuta atenta do sofrimento do paciente Deve haver um tratamento multidisciplinar A analgesia deve ser combinada com: Saúde mental Terapia cognitivo/comportamental Reabilitação física Reintegração social 🎯 O objetivo do tratamento é uma reabilitação funcional Efeito placebo O ato de se consultar com um médico causa certo alívio da dor do paciente Dor crônica 7 Desafios Subjetividade da experiência dolorosa Comorbidades psiquiátricas são comuns Atitude e expectativas do paciente Expectativas irrealistas Procura por soluções milagrosas Procura por ganhos secundários e litígios Material extra para leitura https://www.dorcronica.blog.br/fisiopatologia-da-dor/ https://www.dorcronica.blog.br/fisiopatologia-da-dor/