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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” UNESP Dados dos Restaurantes Universitários da UNESP para modelagem do Programa Bom Prato Universitário, pela Secretaria do Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo Junho - 2018 1. A Expansão, a Inclusão e a Permanência Estudantil A Universidade Estadual Paulista – Unesp é uma das maiores e mais importantes universidades brasileiras, com destacada atuação no ensino, na pesquisa e na extensão universitária. Em função de sua distribuição geográfica é também conhecida como “a universidade de todo o Estado de São Paulo”. Reforçando esta característica, nos seus dois últimos processos de expansão, a Unesp promoveu a criação de 46 cursos de graduação e de nove câmpus universitários (Dracena, Itapeva, Ourinhos, Registro, Rosana, São João da Boa Vista, São Vicente, Sorocaba e Tupã), sendo atualmente a universidade estadual paulista que mais permeia ensino superior de qualidade no estado de São Paulo, contribuindo para o desenvolvimento de suas regiões. Isso demonstra a alta capacidade da Unesp em estabelecer parcerias que contribuem com as políticas públicas desenvolvidas pelo Governo do Estado de São Paulo. Atualmente, a Unesp possui 34 unidades em 24 cidades, sendo 22 no interior, uma na capital e uma no litoral paulista, em São Vicente. Os mais de 3,6 mil professores e 6,4 mil funcionários asseguram sólida formação aos mais de 38 mil alunos nos 136 cursos de graduação (com 183 opções de ingresso). Na pós-graduação, mais de 13,5 mil alunos estão matriculados nos 149 programas de mestrado e doutorado. Durante os últimos processos de expansão, a Unesp contou com recursos suplementares do Governo do Estado e das prefeituras dos municípios envolvidos, no entanto os valores gastos pela universidade superaram significativamente aqueles aportados pelos poderes públicos estadual e municipal. Tal aspecto, sem dúvida, contribuiu para onerar significativamente o orçamento da universidade nos últimos anos. Outro fator que vem contribuindo para comprometer a saúde financeira da Unesp é o seu Programa de Inclusão. Esse programa, por solicitação do governo do Estado, foi iniciado em 2014 e atingiu, em 2018, a meta de 50% das vagas oferecidas em todos os cursos para egressos de escolas públicas, incluindo 35% de cotas raciais. Consequentemente, vem ocorrendo aumento expressivo na quantidade de alunos com perfil de vulnerabilidade socioeconômica. A Figura 1, a seguir, retrata a tendência de vulnerabilidade socioeconômica dos estudantes da Unesp. Figura 1: Quantidade de ingressantes na UNESP por renda per capita familiar Fonte: Fundação para o Vestibular da Unesp – Vunesp Desde 2014, ano em que a Unesp começou a implantar seu programa de inclusão, tem aumentado significativamente o número de estudantes ingressantes provenientes de famílias com renda per capita de até 1,5 salários mínimos (SM). Considerando apenas os ingressantes nesta faixa de renda houve, de 2014 para 2018, um aumento de 22,9% (de 2.515 para 3.090 estudantes). O mesmo ocorre com alunos oriundos de famílias com renda de 1,6 a 2,0 salários mínimos (de 1.324 para 1.437, que representa 8,5% de aumento). No entanto, observa-se uma tendência inversa na quantidade de alunos ingressantes com renda per capita familiar acima de 2,0 salários mínimos (diminuiu 26,6 % ou seja, diminuiu de 3.564 para 2.605 ingressantes). Portanto, está aumentando a quantidade de alunos ingressantes que apresentam maior vulnerabilidade socioeconômica e diminuindo o número de estudantes oriundos de família de maior renda. A nova realidade inclusiva da Unesp vem exigindo da universidade a ampliação dos investimentos nos programas de permanência estudantil, com o objetivo de prevenir o aumento das taxas de evasão dos alunos. Nesse sentido, desde 2014, a Unesp tem aumentado o investimento em Auxílios Socioeconômicos, Moradias Estudantis e Restaurantes Universitários para seus alunos. Em 2018, a Unesp deverá investir cerca de R$ 70 milhões (aproximadamente 25% do custeio previsto no orçamento) nestes três programas (Figura 2). Como não ocorreu aporte adicional para essa política pública do Governo do Estado de São Paulo, esses recursos têm comprometido o orçamento atual e impedido o atendimento de outras demandas prementes da universidade como, por exemplo, a reposição de quadros, a aquisição de livros, periódicos e equipamentos didáticos e a manutenção de salas de aula e de laboratórios de ensino. Figura 2: Impacto financeiro dos três programas principais de permanência estudantil na Unesp (R$ milhões) Em relação aos auxílios socioeconômicos, no período de 2014 a 2018, a Unesp atendeu a 17.586 estudantes (valor mensal de R$ 425,00 ou R$325,00 por auxílio). Desses alunos, 70% são provenientes do Programa de Inclusão. Outro programa de apoio oferecido aos estudantes de graduação que se encontram em situação de vulnerabilidade socioeconômica é a Moradia Estudantil. Atualmente, são disponibilizadas 1.240 vagas nas diversas moradias da Unesp existentes nos seguintes municípios: Araçatuba (64), Araraquara (128), Assis (119), Bauru (32), Botucatu (64), Franca (86), Guaratinguetá (54), Ilha Solteira (288), Marília (95), Presidente Prudente (128), Rio Claro (96), São José do Rio Preto (64) e São Paulo (22). Porém, conforme demonstraremos a seguir, o programa que mais sofreu impacto com a inclusão foi o programa de Restaurantes Universitários (RUs). Em função das onerações orçamentárias e financeiras já mencionadas, a universidade não está conseguindo atender a essa demanda de forma adequada. 2. Restaurantes Universitários Os RUs estão localizados em 11 das 24 cidades em que a Unesp está presente: Araraquara, Assis, Bauru, Botucatu, Franca, Ilha Solteira, Jaboticabal, Marília, Rio Claro, São José do Rio Preto e Presidente Prudente. Figura 3: Unidades da Unesp que possuem RU. * Prédio reformado ** Em Botucatu há um restaurante desativado e um Bom Prato Saúde em funcionamento Os RUs têm, prioritariamente, a finalidade de preparar e fornecer refeições ao corpo discente, especialmente para os estudantes com vulnerabilidade socioeconômica. Além disso, os RUs criam condições para que os alunos permaneçam nos câmpus por mais tempo para desenvolverem suas atividades, contribuindo assim para que tenham melhor desempenho acadêmico e uma maior vivência universitária. 2.1. Dados descritivos dos RUs da Unesp Os RUs têm padrões e normas para a infraestrutura física, material e de recursos humanos para seu funcionamento. Na Unesp, tal estrutura deve ser observada na perspectiva do atendimento atual possível (quantidade de refeições servidas diariamente) e da demanda existente, o que implica numa grande quantidade de estudantes que não são atendidos por falta de infraestrutura e recursos. Além disso, muitos estudantes, que vivem em situação de vulnerabilidade, deixam de se alimentar nos RUs por considerarem o valor da refeição muito alto. O quadro 1 apresenta os dados descritivos dos RUs existentes na Unesp em ordem de prioridade para modelagem do programa Bom Prato Universitário pela Secretaria de Desenvolvimento Social. Para subsidiar a modelagem de um programa piloto envolvendo ao menos três Unidades Universitárias, no final deste documento, em anexo, são apresentadas fotos ilustrativas da infraestrutura existente em todos os Rus da UNESP. Quadro 1: Dados descritivos dos RUs da UNESP para modelagem do programa Bom Prato Universitário, pela Secretaria de Desenvolvimento Social 1 Em Araraquara eram servidos 800 almoços e 400 jantares antes da desativação do RU em 2015; em Jaboticabal são servidos 100 cafés da manhã e 500 almoços. 2 Modelode contratação de pessoal no RU: A = autárquico, T = terceirizado e H = Híbrido (funcionários da UNESP e terceirizados). 3 Restaurante desativado desde 2015 para reforma e ampliação. Os valores apresentados são referentes aos custos em 2014 (anterior à desativação). 4 Restaurante Bom Prato Saúde: são servidos 500 cafés da manhã e 1500 almoços. 5 Os dados do Bom Prato Saúde de Botucatu não foram considerados para os cálculos. Restaurante Universitário Refeições servidas diariamente (almoço)1 Demanda para modelagem Valor atual para estudantes de graduação (R$) Custo sem pessoal (R$) Custo total (R$) Capacidade (assentos) Modelo2 Café da Manhã Almoço Jantar Total Araraquara3 1200 200 900 400 1500 2,75 2,80 10,47 252 H Bauru 360 200 700 350 1250 4,00 10,56 16,41 500 H Rio Claro 300 300 700 350 1350 5,00 5,44 21,27 210 A Assis 450 200 600 400 1200 4,00 6,00 15,00 110 A Marília 250 350 700 350 1400 2,50 5,04 25,37 116 A São José do Rio Preto 450 200 500 250 950 4,00 7,00 13,31 200 A Ilha Solteira 200 200 600 400 1200 3,00 10,00 13,34 140 A Franca 400 0 750 250 1000 4,00 10,00 14,00 216 A Presidente Prudente 350 200 600 250 1050 3,50 5,70 12,36 444 A Jaboticabal 600 100 600 550 1250 4,00 5,40 9,47 400 A Botucatu4 2000 0 0 0 0 1,00 - 5,81 170 T Total/Média5 4560 1950 6650 3550 12150 3,77 7,23 15,61 - - Atualmente, considerando apenas os gastos com alimentos (1,6 milhões de refeições/ano), o custo real médio das refeições dos RUs da Unesp é de R$7,23. Neste caso, o subsídio médio assumido pela universidade é de R$3,46 por refeição, visto que o valor médio pago pelos estudantes é de R$3,77. Se considerarmos todos os gastos, inclusive com pessoal, o valor médio da refeição atinge R$15,61. A estimativa do subsídio, para este caso, é de aproximadamente R$ 12,00 por refeição. Nestes valores não foram incluídos os custos do Restaurante Bom Prato Saúde de Botucatu. Cabe ressaltar que a UNESP possui Rus em apenas 11 dos 24 municípios em que está presente. Portanto a demanda para modelagem do Bom Prato Universitário poderá ser expandida para os demais municípios. 3. Considerações finais Conforme demonstrado neste documento, com o intuito de fortalecer seus compromissos acadêmicos e sociais, a Unesp implantou, a partir de 2014, um consistente Programa de Inclusão no qual assumiu definitivamente uma política de ação afirmativa reservando vagas para alunos de escolas públicas e para pretos, pardos e indígenas. Com o objetivo de evitar a evasão e a retenção desses estudantes, foram aprimorados os programas de assistência aos estudantes e realizados expressivos investimentos principalmente nas áreas de Auxílios Socioeconômicos, Moradias Estudantis e Restaurantes Universitários. As ações de permanência estudantil na Unesp resultaram na necessidade de investimentos de cerca de 57 milhões de reais em 2017, devendo alcançar cerca de 71 milhões em 2018. Cabe ressaltar que, embora os investimentos em permanência estudantil tenham aumentado quase 200% nos últimos cinco anos, a quota parte que a Unesp recebe (2,34%) da arrecadação do ICMS do Estado continua a mesma desde 1995. Deve ser ressaltado que nunca houve suplementação para a implantação do Programa de Inclusão pelo Governo do Estado de São Paulo, comprometendo, desse modo, a manutenção e a ampliação dos auxílios de permanência estudantil. A esse cenário, soma-se a crise econômica dos últimos anos, que tem progressivamente comprometido a saúde orçamentária e financeira da universidade e aumentado a demanda por auxílios de permanência estudantil. Neste contexto, a Unesp não tem conseguido atender adequadamente seus estudantes nos Restaurantes Universitários. Dessa forma consideramos que é imprescindível a implantação de um programa piloto de Bom Prato Universitário para que a Universidade possa manter seus compromissos sociais e continuar se destacando dentre as melhores universidades do país e do mundo, bem como, manter-se como instituição condizente com os princípios que orientam a qualidade e a excelência dos serviços prestados pelo Governo do Estado de São Paulo. ____________________________________ Prof. Dr. Sandro Roberto Valentini Reitor da UNESP Anexo: Fotos dos RUs da Unesp Araraquara Bauru Rio Claro Assis Marília São José do Rio Preto Ilha Solteira Franca Presidente Prudente Jaboticabal Botucatu O RU de Botucatu está desativado desde 2009, porém possui uma das melhores instalações prediais. Recentemente foi instalado, em outro prédio, no câmpus de Rubião Júnior, um Restaurante Bom Prato Saúde (Governo de SP) e conforme informações obtidas junto aos administradores do restaurante, aproximadamente 26% do público atendido são estudantes da UNESP. Destes 30% almoçam todos os dias no Bom Prato, 13% almoçam 4 vezes por semana, 23% almoçam 3 vezes por semana. Tais dados indicam que aproximadamente dois terços destes alunos utilizam o Bom Prato Saúde três ou mais vezes por semana.