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Colecistite A bile é produzida no fígado, armazenada na vesícula e liberada no duodeno junto com as secreções pancreáticas Órgão oco que tem sua parede interna revestida por mucosa, tem epitélio cilíndrico, glândulas, tecido conjuntivo. Camada muscular geralmente é fina. Camada serosa é tecido conjuntivo com revestimento de mesotélio. Classificação A inflamação da vesícula pode ser: · Aguda – quando ocorre abruptamente · Crônica · Aguda sobreposta à crônica (colecistite aguda e crônica) – quando tem os 2 tipos de inflamação ocorrendo Colecistite aguda Pode ser calculosa (mais comum) e não calculosa (sem evidência de cálculo). Macroscopia Eventos inflamatórios agudos. · Vesícula biliar aumentada de tamanho · Coloração avermelhada – por causa da congestão · Serosa recoberta por fibrina e exsudato fibrinoleucocitário · Parede edemaciada – mas de forma mais amolecida com aspecto brilhante, pois é acúmulo de líquido. · Mucosa hiperêmica, irregular – reflexo da congestão. Pode ter algumas ulcerações · Na luz presença de bile turva Quando tem colecistite aguda com vesícula cheia com conteúdo purulento 🡪 empiema Imagem de colicistite aguda. Microscopia EDEMA CONGESTÃO INFILTRADO NEUTROFÍLICO NA MUCOSA E PAREDE – pode ter também na serosa. Filtrado inflamatório. Colecistite gangrenosa Vesícula biliar com extensas áreas de necrose. Colecistite aguda calculosa É a mais comum. Tem cálculos (pedras) de colesterol. Patogenia Obstrução do colo ou ducto cístico -> Irritação Química · Por causa da obstrução a bile não desagua · Essa irritação química estimula inflamação Inflamação ↓ liberação de fosfolipases da mucosa ↓ hidrólise da lecitina biliar -> Lisolecitina ↓ ação tóxica da Lisolecitina na mucosa ↓ rutura da camada protetora ↓ ação detergente dos ácidos biliares no epitélio Obs.: a camada protetora é para a bile não danificar a parede Na inflamação tem a liberação de vários mediadores químicos, então além da ação direta tem ação também das prostaglandinas que contribuem mais ainda para a inflamação da mucosa. · Distensão, aumento da pressão intraluminal= Comprometimento do fluxo sanguíneo para a mucosa (como uma isquemia) Todos esses eventos ocorrem mesmo na ausência de infecção bacteriana Ação das prostaglandinas contribuem mais ainda para a inflamação da mucosa e parede 5 -12 % das colecistectomias não há presença de cálculos Colecistite acalculosa aguda 5-12% das colecistectomias não há presença de cálculos. Geralmente relacionada a pacientes com quadros graves e por isso muitas vezes a clínica pode passar despercebida Fatores de risco: Estado crítico Jejum prolongado ou nutrição parenteral total Choque Imunodeficiência Vasculites Patogenia Não tem o fator de obstrução Isquemia, Infecção e Estase 🡪 Liberação de Mediadores químicos Em alguns casos um microorganismo responsável por um quadro infeccioso é identificado Em crianças pode ocorrer após um quadro febril Clínica COLECISTITE AGUDA · Dor em quadrante superior direito · Febre · Náuseas · vômitos · Sudorese · taquicardia Geralmente não apresentam icterícia Aumento da bilirrubina sugere obstrução do ducto biliar comum Pode haver uma leucocitose, geralmente discreta Pode haver discreta elevação das FA (fosfatases alcalinas) Os sintomas clínicos da Colecistite acalculosa aguda muitas vezes são obscurecidos pelas condições clínicas subjacentes. Complicações · Perfuração bloqueada (10%) – as vezes o fígado faz esse bloqueio · Perfuração livre, cai na cavidade e causa peritonite (1%) · Empiema · Gangrena – extensas áreas de necrose Síndrome de Mirizzi - cálculo impactado no ducto cístico que comprime e obstrui o ducto biliar comum Pancreatite Biliar – cálculos biliares no ducto hepático comum podem obstruir o ducto pancreático Fístula colecistoentérica – cálculo perfura a parede da vesícula criando uma fístula (pode causar íleo biliar). Colecistite crônica Sequela de ataques repetidos de colecistite aguda ou pode se desenvolver sem ataques antecedentes. Quase sempre associada à presença de cálculos. Colecistite acalculosa crônica causa sintomatologia semelhante à calculosa. Não tem congestão, edema, infiltrado inflamatório é mononuclear e começa a ter fibrose. Macroscopia Serosa pode ser opaca – pode ser pela fibrose que ocorre dentro da serosa Parede espessada com aspecto opaco esbranquiçado – mais firme, porque é espessamento por fibrose Consistência aumentada e perda de elasticidade Mucosa de aspecto trabeculado Espessamento importante. Microscopia Infiltrado inflamatório de células mononucleares Fibrose Seios de Rokitansky Aschoff: em reação ao processo inflamatório crônico ocorre a proliferação ativa da mucosa e a fusão das pregas mucosa originando criptas encobertas de epitélio no interior da parede da vesícula. Na vesícula é achado de inflamação crônica. As estruturas glandulares ficam presas. Colecistite aguda e crônica Pode ter sobreposição de achados inflamatórios agudos e crônicos. Parede pode ter fibrose e edema juntos, mucosa com aspecto trabeculado e exsudato A inflamação crônica é a principal causa de câncer de vesícula biliar. Colesterolose Caracterizada por depósitos de ésteres de colesterol e lípidios nos macrófagos da lâmina própria, criando uma superfície de pápulas amarelas, com diâmetro de cerca de 1 mm. Lesão aparece principalmente em mulheres na 5° ou 6° década. Geralmente, são assintomáticos. Pode ocorrer desconforto abdominal até dor abdominal difusa. Em 50% dos casos está associada a litíase biliar. Ocorre quando há acúmulo de ésteres de colesterol (não sabem muito bem por que) na mucosa A colesterolose ocorre devido a uma quantidade incomumente alta de ésteres de colesterol. Acredita-se que uma das razões disso seja a degeneração durante o processo natural de envelhecimento. No entanto, a causa dessas quantidades elevadas de ésteres de colesterol ainda está em debate entre profissionais médicos e pesquisadores. O aspecto macroscópico é chamado por alguns autores de “vesícula biliar em morango” 45:30 Pancreatite O pâncreas tem a porção exócrina (ácinos) e a porção endócrina (ilhotas de Langerhans). Pancreatite a princípio acomete a porção exócrina, mas a destruição pode ser tão grande que afeta a porção endócrina. Pancreatite Aguda Lesão reversível do parênquima pancreático associada a inflamação, tem vários níveis de inflamação CAUSAS MAIS COMUNS: o Alcoolismo (6 ♂ : 1 ♀ ) o Patologia biliar (1 ♂ : 3 ♀ ) CAUSAS MENOS COMUNS: Obstrução dos ductos pancreáticos por neoplasias, pâncreas divisum, coledococele, lama biliar e parasitas; medicações: furosemida, azotiaprina, estrogênios; caxumba; distúrbios metabólicos (hipertrigliceridemia, hiperparatireoidismo e outras condições hipercalcêmicas; lesões isquêmicas por choque, trombose, embolia pulmonar e vasculites; trauma; alterações herdadas nos gens que codificam as enzimas pancreáticas e seus inibidores Pancreatite hereditária 10% a 20% dos indivíduos com pancreatite aguda não apresentam conhecimento de nenhum outro processo patológico associado. É caracterizada por episódios recorrentes de pancreatite grave, geralmente com início na infância. A maioria dos casos é causada por mutações germinativas (herdadas) no gene tripsinogênio catiônico (também conhecido como PRSS1), esse gene regula a inativação da tripsina, é dominante. Também há uma alteração genética que ativa o inibidor da tripsina, essa é recessiva. Patogenia Classificação De acordo com as alterações que predominam Leve – edematosa, inflamação leve, pode ter necrose focal. Costuma ser benigna, com mais chances de recuperação. Grave – necrose e hemorragia, inflamação mais extensa MORFOLOGIA – Pancreatite aguda intersticial (edematosa) Edema intersticial, pode ter áreas focais de esteatonecrose no pâncreas e na gordura peripancreática CLÍNICA – pancreatite aguda intersticial (edematosa) Dor abdominal, náuseas, vômitos Tende a ter boa evolução – porque a lesão é menor Microscopia – pancreatite necrosante aguda Necrosedos tecidos acinares e ductais e as ilhotas de Langerhans Hemorragia no parênquima Esses pacientes tendem a ser mais graves Macroscopia – pancreatite necrosante aguda Áreas hemorrágicas (vermelho e preto) Áreas de necrose gordurosa calcificada (branco-amarelado). A saponificação dos sais de cálcio que causa esses pontos amarelados, que é chamado de “imagem de pingo de vela” Focos de necrose gordurosa em coleções adiposas extrapancreáticas, como no omento, no mesentério intestinal e até mesmo fora da cavidade abdominal, como no tecido adiposo subcutâneo. Aspectos de pingo de vela. CLÍNICA – pancreatite necrosante aguda · Dor abdominal constante e intensa Em Barra – abdome superior · Anorexia, Náuseas, Vômitos · Laboratório: aumento de amilase e lipase Paciente comprometido hemodinamicamente, pode estar até em choque É uma emergência médica Obs.: Se apresenta como quadro de abdome agudo e a princípio não é cirúrgico. Liberação de substâncias como enzimas tóxicas, citocinas e outros mediadores no interior da circulação, explosiva ativação da resposta inflamatória sistêmica, resultando na leucocitose, hemólise, coagulação intravascular disseminada, retenção de fluidos, síndrome da angústia respiratória aguda, e necrose gordurosa difusa. O colapso vascular periférico e choque com necrose tubular renal aguda também podem ocorrer Pancreatite crônica Ocorre perda irreversível do parênquima pancreático. Os ácinos destruídos são reparados com fibrose. Mais frequente em homens de meia idade Os níveis de lipase e amilase ajudam na definição Causas + comum: etilismo crônico Obstruções a longo prazo nos ductos pancreáticos Clínica Diversas Formas Crise: dor abdominal, febre baixa, elevação moderada da amilase sérica Repetidos surtos de icterícia transitória Dores abdominal e dorsal persistentes ou recorrentes Pode desenvolver: Insuficiência pancreática exócrina ou diabetes mellitus (porque pode atingir as ilhotas) Patogenia Hipóteses: · Obstrução ductal por concreções · Ação tóxico metabólica · Estresse oxidativo Secreção de citocinas pró – fibrogênicas: fator de crescimento transformador beta (TGF-β), Fator de crescimento fibroblástico e Fator de crescimento derivado de plaquetas que induzem a proliferação e ativação de fibroblastos periacinares – “células estreladas pancreáticas”. Ligada ao processo inflamatório crônico Microscopia Fibrose Parenquimatosa Reduzido número e tamanho dos ácinos Relativo acometimento das Ilhotas de Langerhans Variável dilatação dos ductos pancreáticos Infiltrado inflamatório crônico – predominância de linfócitos Epitélio ductal atrofiado ou hiperplásico Destruição acinar Calcificações Macroscopia Pâncreas de consistência rígida Perda do aspecto lobulado Ductos podem estar muito dilatados Complicações Obstrução biliar – 2,7 a 9% dos casos. Cistos – pseudocistos* Obstrução duodenal Fístula pancreática Pseudocistos Os Pseudocistos desenvolvem em cerca de 10 % dos pacientes Pacientes com Pancreatite Hereditária tem 40% de chance de desenvolver Câncer pancreático Para ser chamado de cisto tem que revestimento epitelial, esses são áreas vazias cercadas por fibrose.