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ESPAÇO LÚDICO INSTITUCIONAL: A BRINQUEDOTECA FAAG - RELATOS DE 
EXPERIÊNCIAS 
DELÁZARI, E. A. Z., FERNANDES, S. D., KOHASHIKAWA, M. E. S., SILVA, C. C. 
Faculdade de Agudos – FAAG, eliane.delazari@faag.com.br 
Resumo 
A Brinquedoteca FAAG é um espaço que visa estimular o desenvolvimento psicológico, físico e social 
de crianças através do brincar. A Faculdade de Agudos – FAAG - possui um projeto de brinquedoteca 
em suas instalações para atender crianças entre 3 e 5 anos, majoritariamente aquelas em situação de 
risco, degradação física ou moral pertencentes às escolas de educação infantil, principalmente as 
públicas desprovidas de espaços lúdicos. Este projeto desenvolvido na FAAG alicerça-se em objetivos 
básicos como: a) oferecer atendimento às crianças da Rede Pública e Educação Infantil do município 
de Agudos, entre 3 e 5 anos, majoritariamente aquelas em situação de risco, degradação física ou 
moral; b) possibilitar o ato de brincar, respeitando a liberdade, a iniciativa, a criatividade, a 
autonomia e a formação do autoconceito positivo; c) oferecer oportunidades para que professores 
e alunos do curso de Pedagogia produzam conhecimento sobre o papel e importância do brincar na 
Educação Infantil, através de um grupo de pesquisa sobre o tema. A metodologia utilizada para este 
estudo foi de observação participante subsidiada por relatos. Os resultados obtidos foram por 
meio das atividades propostas como relatórios diários e mensais, nos quais avaliou-se o 
desenvolvimento das crianças. Concluiu-se que a brinquedoteca pode promover o resgate do ser 
humano como ser singular, auxiliar uma educação global às crianças para que consigam alterar a 
situação de risco social em que vivem e fornecer oportunidades de brincar e compartilhar momentos 
de alegria. 
 
Palavras-chaves: Educação Infantil. Formação de Professores. Brinquedoteca. Ludicidade. 
 
 
 
 
 
 
mailto:eliane.delazari@faag.com.br
1. Introdução 
 
 O brincar é muito importante no cotidiano da criança, principalmente no decorrer da 
Educação Infantil, pois seu desenvolvimento passa por fases em que a aprendizagem é mais 
significativa. Percebemos que atualmente as crianças estão se envolvendo com o mundo das 
obrigações impostas pelos adultos cada vez mais cedo, sejam elas escolares ou sociais, 
deixando, dessa maneira, o brincar em segundo plano. 
A criança cria um mundo imaginário que pertence somente a ela e o brincar, o 
brinquedo e a brincadeira fazem parte desse mundo auxiliando-a no seu processo de 
desenvolvimento. Neste contexto, faz-se necessário oferecer um espaço que venha amenizar a 
distância entre os afazeres destinados às crianças e o brincar. Este espaço lúdico é a 
brinquedoteca que visa estimular o desenvolvimento biopsicossocial da criança através do 
brincar. 
A Faculdade de Agudos – FAAG, desde 2007, possui um projeto de brinquedoteca 
em suas instalações, o qual tem por objetivos oferecer atendimento às crianças da Rede 
Pública de Educação Infantil do município entre 3 e 5 anos majoritariamente aquelas em 
situação de risco, degradação física ou moral e possibilitar o ato de brincar, respeitando a 
liberdade, a iniciativa, a criatividade, a autonomia e a formação do autoconceito positivo. 
Concomitante a estes objetivos oferece também oportunidade para que professores e alunos 
do curso de Pedagogia produzam conhecimento sobre o papel e importância do brincar na 
Educação Infantil, através de um grupo de pesquisa sobre o tema. Pesquisadoras-alunas 
desenvolvem atividades junto às crianças e estendem a ação educativa ao âmbito da 
instituição atendida, propondo uma reflexão crítica acerca do brincar na formação integral da 
criança. 
Para compreender o brincar e sua importância no desenvolvimento integral do 
indivíduo pertencente à Educação Infantil é preciso rever o conceito de criança, que por sinal 
é muito amplo nos dias atuais. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei Nº 8069/90 considera criança a 
pessoa até doze anos de idade incompletos e, adolescente, aquela entre doze e dezoito anos de 
idade. Criança, conforme o RCNEI - Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil (1998), é 
um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma 
sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. 
Entretanto, o conceito de criança é, para os estudiosos, muito mais abrangente, pois 
cada cultura tem maneiras diferentes de ver, tratar e educar as crianças. Segundo Kishimoto 
(2006) a criança deve ser vista como um ser em desenvolvimento que constrói a sua história a 
cada dia. Antigas concepções ressaltam que a criança era vista como homem em miniatura, 
revelando uma visão negativa sobre a mesma, pois era considerada um ser inacabado, sem 
nada específico e original, sem valor positivo. “É contra essa visão que, a partir do século 
XVIII, Rousseau, em Emílio, defende a especificidade infantil, a criança como portadora de 
uma natureza própria que deve ser desenvolvida.” (KISHIMOTO, 2006, p. 19) 
Ainda no que se refere, o RCNEI (1998) coloca que as crianças são profundamente 
marcadas pelo meio social em que se envolvem, mas, por possuírem uma natureza singular, 
que as caracteriza como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio, elas 
também o marcam. 
O brincar envolve pensamentos, atos e também uma variedade de palavras que 
fundamentam a ação, entre elas brincadeira, brinquedo e brinquedoteca. Brincar, 
etimologicamente, é “brinco + ar”. Segundo Friedmann (2006). Brinco vem do alemão 
BlinKen, “brilhar, cintilar”, cujo sentido teria passado ao de agitar-se. Springem, por sua vez, 
é pular, saltar; divertimento, jogo de crianças. Diz respeito à ação lúdica, seja brincadeira, 
jogo, uso de brinquedos ou outros objetos, do corpo, da música, da arte, das palavras, etc. 
Brincadeira é o ato ou o efeito de brincar. De acordo com a mesma autora, etimologicamente, 
“brincado + eira”: significa divertimento, passatempo, distração. Refere-se basicamente à 
ação de brincar, ao comportamento espontâneo que resulta de uma atividade não-estruturada. 
Segundo Bomtempo (2006), o brincar representa um fator de grande importância na 
socialização da criança, pois é brincando que o ser humano se torna apto a viver numa ordem 
social e num mundo culturalmente simbólico. O brincar possibilita o desenvolvimento 
emocional das crianças. Elas desenvolvem a autoestima e o autoconceito. 
No brinquedo a criança sempre se comporta de maneira diferente da sua idade, ela 
modifica seu comportamento diário, é como se a criança fosse maior do que é na realidade, 
deixa transparecer autoconfiança não precisando satisfazer as necessidades básicas da vida, 
mas pode viver à procura do prazer. Esta subordinação estrita às regras, segundo Vygotsky, é 
quase impossível na vida, no entanto torna-se possível no brinquedo. (VYGOTSKY, 1991) 
O brinquedo é o objeto integrante de todo processo da brincadeira. Segundo Ferreira 
(1986), é o objeto que serve para as crianças brincarem; jogo de crianças, divertimento, 
passatempo. Para Cunha (2005), o brinquedo é oportunidade de desenvolvimento. 
Proporciona aprendizagem, desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração 
da atenção. Segundo Piaget (1975), o brinquedo estimula a representação e traz a realidade 
desejos e conflitos que ficaram adormecidos em algum momento de sua vida. Pode-se dizer 
que um dos objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos objetos que existem no 
campo real para que possa manipulá-los. 
 
O brinquedo possui muitas características dos objetos reais, mas, pelo seu tamanho, 
pelo fato de que a criança exerce domínio sobre ele, pois o adulto outorga-lhe a 
qualidade de algo próprio e permitido, transforma-se no instrumento para o domínio 
de situações penosas, difíceis, traumáticas, que se engendram na relação com os 
objetos reais. Além disso,o brinquedo é substituível e permite que a criança repita, à 
vontade, situações prazenteiras e dolorosas que, entretanto, ela por si mesma não 
pode reproduzir no mundo real. (ABERASTURY, 2007, p.15) 
 
 
Uma nova instituição surge no século XX para garantir à criança um espaço 
destinado a facilitar o ato de brincar: a brinquedoteca. Cunha (2007) define brinquedoteca 
como um espaço criado para favorecer a brincadeira. 
De acordo com Friedmann (1998), por meio das brinquedotecas é possível avaliar 
nas crianças o seu desenvolvimento, através do acompanhamento, da observação diária, no 
que se refere à socialização, à iniciativa, à linguagem, ao desenvolvimento motriz e buscar, 
através das atividades lúdicas, o desenvolvimento das suas potencialidades. Santos (2002) 
relata que uma brinquedoteca não significa apenas uma sala de brinquedos, mas em primeiro 
lugar, uma mudança de postura frente à educação que busca o novo, não pelo modernismo, 
mas pela convicção do que este novo representa; acreditar no lúdico como estratégia do 
desenvolvimento infantil. 
Cada criança tem seu momento único ao brincar. A forma como ela brinca revela a 
sua personalidade e como está estruturando o seu relacionamento com o mundo que a cerca. 
Nesse momento tão precioso para a criança, pode-se identificar se há predomínio dos fatores 
de risco ou de proteção, e de como a criança se encontra no tocante ao seu desenvolvimento. 
Azevedo (2006) pontua que o brincar é uma experiência importante e pode ter efeitos 
terapêuticos como fator de proteção à criança. 
Dessa maneira, a brinquedoteca define-se como um espaço destinado para as 
crianças realizarem atividades lúdicas com o intuito de se desenvolverem, compartilhar 
experiências, emoções e aprendizado. 
A Brinquedoteca FAAG atende aproximadamente 200 crianças da rede pública de 
educação infantil do município de Agudos, de ambos os sexos, entre 3 a 5 anos 
majoritariamente aquelas em situação de risco, degradação física ou moral. Esse ambiente 
lúdico conta quatro cantos: 
 1 canto: Leitura. 
 2 canto: Brinquedo. 
 3 canto: Teatro. 
 4º canto: Salão de beleza e fantasia 
Para cada brinquedo é preenchida uma ficha analítica onde estão presentes: descrição 
do objeto [nome do brinquedo, fabricante, número de referência...], classificação pelo Sistema 
ESAR - Exercício, Simbólico, Acoplagem, Regras - contribuições, análise do material, idade 
e número de exemplares. Na ficha dos livros consta: título, autor, editora, idade e sinopse. 
(GARON, 1998). 
 
2. Metodologia 
 
 A metodologia utilizada para este estudo foi de observação participante, a qual pode 
ser considerada quando há um envolvimento por parte do observador na medida em que este 
participa na vida do grupo por ele estudado. (ESTRELA, 2008) 
 No primeiro momento foi feita a seleção da escola participante no primeiro semestre 
de 2010 levando em consideração os objetivos propostos pelo projeto. Com vistas à 
exploração da ludicidade, o espaço foi desenvolvido para estimular a criança a brincar. Um 
lugar colorido, aconchegante e convidativo foi preparado para que as crianças expressem as 
suas fantasias, seus desejos, seus sentimentos e conhecimentos construídos segundo as 
experiências que vivenciam. 
Partindo da necessidade de propiciar mais oportunidades de conhecimento e incentivar a 
pesquisa sobre o desenvolvimento infantil a partir do lúdico, o presente projeto procurou desvelar, 
num segundo momento, experiências das pesquisadoras-alunas no cotidiano da Brinquedoteca FAAG. 
Foram elaborados grupos de estudos que se fundamentaram em rica literatura para a produção 
de relatos que subsidiaram todo o processo. De posse da base teórica e de uma prática 
anteriormente adquirida, as pesquisadoras-alunas trabalharam de forma ampla e 
compromissada. 
 
3. Resultados 
 
Por meio das atividades propostas, avaliamos o desenvolvimento das crianças, 
através do acompanhamento, da observação diária, no que se refere à socialização, à 
iniciativa, à linguagem, ao desenvolvimento motriz, a autonomia, a formação do autoconceito 
positivo e buscamos através das atividades lúdicas o desenvolvimento das suas 
potencialidades. 
Relatórios diários e fechamentos mensais foram feitos pelas pesquisadoras-alunas 
durante todo o processo de atendimento dessas crianças. Supervisionadas pela coordenadora 
do projeto em grupo de estudo e apoiadas em rica literatura, as pesquisadoras-alunas tiveram 
contato com artigos referentes ao desenvolvimento infantil. 
Através dos relatórios foi possível perceber que as três pesquisadoras-alunas 
participantes do projeto (uma pesquisadora-aluna participa dos dois períodos), duas no 
período da manhã e duas no período da tarde, foram unânimes em relatar o sucesso do projeto 
Brinquedoteca FAAG. Nestes registros constatou-se que a participação na brinquedoteca foi 
de grande importância para as pesquisadoras-alunas, pois descobriram como é importante este 
trabalho e como a criança se desenvolve a partir das brincadeiras. Através do trabalho 
desenvolvido na Brinquedoteca FAAG as pesquisadoras-alunas perceberam que as crianças 
são bem diferentes umas das outras e concluíram que não devem ser tratadas num todo em 
todos os momentos, mas sim como únicas em diversas situações. 
 
4. Discussão 
 
 Procuramos de maneira clara e sucinta fazer um resgate dos relatos diários 
selecionando os mais expressivos. No entanto, esta tarefa foi a mais difícil, pois todos os 
momentos foram e continuam sendo ricos no que tange o desenvolvimento integral da 
criança. 
 As atividades na Brinquedoteca FAAG são planejadas por semana, as quais se 
dividem em jogos simbólicos, jogos de regras e acoplagem, salão de beleza e fantasia, teatro- 
oficina e leitura. 
 As pesquisadoras-alunas do período da manhã e da tarde ao receberem a turma do 
dia já ressaltam as regras da brinquedoteca, as quais foram construídas a partir da convivência 
com as crianças e prezam pela socialização, cuidados com os brinquedos e convivência no 
grupo. 
 Nos jogos simbólicos as crianças fazem a transferência de papéis vividos no dia a 
dia. Num dos relatos a pesquisadora-aluna registrou que as meninas incorporaram papéis 
vivenciados pelas mães em casa, brincaram desde a arrumação da casa até os cuidados com os 
bebês. Às vezes surpreendem com situações como a R. que não queria dividir e compartilhar 
os objetos da “casinha”, mas acabou dividindo seus brinquedos justamente com a Y. que 
sempre toma os brinquedos dos outros, e para a surpresa das pesquisadoras alunas, logo após 
a divisão dos objetos a R. e a Y. estavam interagindo entre elas e também aceitaram outras 
coleguinhas para brincar. Os irmãos gêmeos G1 e G2 dividiram o espaço no fogãozinho e o 
desempenho do G1 como cozinheiro foi muito interessante, pois agia como um profissional 
na cozinha ao manusear o preparo do cachorro quente, enquanto fritava a salsicha, controlava 
o fogo, tentava virar a salsicha e a amassava virando pra lá e pra cá. As pesquisadoras-alunas 
relataram que existem momentos em que papéis se invertem, as meninas dominam a 
brincadeira com caminhões e os meninos brincam na cozinha. 
 Conforme Vygotsky (1991), no brinquedo a criança sempre se comporta de maneira 
diferente da sua idade, ela modifica seu comportamento diário, é como se a criança fosse 
maior do que é na realidade. 
 Nos jogos de regras e acoplagem as crianças transcendem ao que o próprio jogo 
propõe. O jogo oferece às crianças muitas opções, pois além de favorecer a concentração e 
reconhecimento de regras, pode propiciar a elas uma relação com seu próprio cotidiano. Ao 
montarem uma maquete urbana colocaram plaquinhas de trânsito, o semáforo, organizaram a 
cidade deslocando a igreja, o hospital, as lojas, entre outros, de forma consciente e em grupo. 
Porém, algumas crianças deixaram transparecer o poder de liderança, como no caso da J. que 
não queria montaro hospital e sim o teatro e o cinema. As pesquisadoras-alunas relataram que 
é muito interessante observar que depois da maquete pronta as crianças utilizaram os espaços 
ao redor para trafegarem com seus automóveis um seguindo o outro, representando o espaço 
da cidade, sem ultrapassagem e sem tromba-tromba com os carrinhos, como geralmente é de 
costume entre as crianças dessa faixa etária. 
Para Cunha (2005), o brinquedo é oportunidade de desenvolvimento. Proporciona 
aprendizagem, desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração da atenção. 
No salãozinho de beleza e fantasias é o momento mais esperado por eles, 
principalmente para as meninas. Há uma grande variedade de fantasias em nosso acervo, o 
que aguça o desejo das crianças de se transformarem em super-heróis, em noivas, em 
mocinhas, madames, mágicos, palhaços, entre outros. Cada criança escolhe o que quer vestir e 
depois passa pelo salão para fazer as unhas, penteados, maquiagem conforme a preferência. 
As pesquisadoras-alunas relataram que até R. que é muito ansioso esperou com calma a sua 
vez para colocar a fantasia de Homem Aranha. Quando as crianças estão prontas é hora do 
desfile de modas e das fotos. Fazem um desfile pela Brinquedoteca e também pelos 
corredores da faculdade o que atrai olhares e aplausos de todos que ali trabalham. As crianças 
entram no mundo da fantasia e vivenciam cada momento como se fosse único como C. que se 
realizou na fantasia de palhacinho quando a pesquisadora-aluna foi tirar uma foto dele com a 
turma disse:”Vai lá Pimpolho!!” Ele disse: “Pimpolho não, Pipoquinha!!” 
Segundo Bomtempo (2006), o brincar representa um fator de grande importância na 
socialização da criança, pois é brincando que o ser humano se torna apto a viver numa ordem 
social e num mundo culturalmente simbólico. O brincar possibilita o desenvolvimento 
emocional das crianças. Elas desenvolvem a autoestima e o autoconceito. 
O Teatro e oficina tem como suporte a Leitura. As pesquisadoras-alunas preparam o 
teatro de fantoches com livros de histórias que representam o cotidiano da criança; em 
semanas alternadas são as crianças que manuseiam os livros e os fantoches na hora do 
reconto. O Teatro é interativo e as crianças conversam com os personagens como se fossem 
reais. Ao contarem a história da Abelhinha Julita que mostra todo processo da produção do 
mel, as crianças ficaram atentas e fizeram muitas observações e ao reproduzirem os 
personagens na hora da oficina foram muito detalhistas ao comporem o ambiente onde vivem 
as abelhas. As pesquisadoras-alunas relataram que no dia do reconto, quando as crianças 
escolhem a história e reproduzem através das figuras suas passagens, é o momento mais 
surpreendente, pois as crianças veem detalhes que às vezes os adultos não percebem e que o 
interesse pela leitura está fortemente presente nestes momentos. 
De acordo com Friedmann (1998), por meio das brinquedotecas é possível avaliar 
nas crianças o seu desenvolvimento, através do acompanhamento, da observação diária, no 
que se refere à socialização, à iniciativa, à linguagem, ao desenvolvimento motriz e buscar, 
através das atividades lúdicas, o desenvolvimento das suas potencialidades. 
Na Brinquedoteca FAAG temos três alunos de inclusão, os quais interagem de 
maneira especial. As pesquisadoras-alunas relataram que cada movimento, expressão ou um 
pequeno gesto é uma evolução imensa que transforma a vida desses pequenos dentro desse 
espaço lúdico e, consequentemente, na realidade em que vivem. O sorriso, um simples 
encaixe de peças, a escolha do brinquedo, a atenção no teatro é a devolutiva do trabalho feito 
neste universo lúdico. 
Como relatado anteriormente por Santos (2002), a brinquedoteca não é somente uma 
sala de brinquedos, é muito mais. A Brinquedoteca FAAG é espaço de alegria, de 
convivência, de aprendizagem, de construção, de busca, de pesquisa que considera o lúdico 
como estratégia do desenvolvimento infantil. 
 
5. Conclusão 
 
Observou-se, nesse contexto, que a Brinquedoteca FAAG propiciou o resgate do 
lúdico e o fomento ao desenvolvimento das crianças atendidas. Por acreditarmos no resultado 
dessa incessante trajetória na qual a valoração e o respeito pelo ser humano em 
desenvolvimento estão presentes, firmamos que os estudos sobre esse projeto continuam e 
fazem parte de uma investigação diária que amplia suas características e abre novos rumos 
para o contexto educacional. As pesquisadoras-alunas puderam ampliar o conhecimento sobre 
o desenvolvimento infantil através do lúdico, bem como enriquecer a formação acadêmica 
através desse projeto de pesquisa e extensão. 
 
Referências 
 
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KISHIMOTO, T.M.(org.) Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 9.ed. São Paulo: 
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PIAGET, J. A formação do símbolo na criança. 2.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. 
 
SANTOS, S.M.P. dos. Brinquedoteca: sucata vira brinquedo. Porto Alegre: Artmed, 2002. 
 
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

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