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CARACTERIZAÇÃO DAS FAMÍLIAS USUÁRIAS DO CRAS – 
CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA DE PASSOS-MG 
 
Adriana de Souza Lima Queiroz 
 Cynthia Silva Machado 
 
RESUMO 
Esta pesquisa se propõe a levantar dados como sexo, idade, escolaridade, nível sócio-
econômico e quais os tipos de demandas são mais frequentes no CRAS - Centro de 
Referência de Assistência Social, do bairro Novo Horizonte na cidade de Passos/MG, 
possibilitando, assim, a caracterização das famílias que são atendidas nesse serviço. Sabe-se 
que o serviço acima mencionado é um órgão de Proteção Social Básica da Política Nacional 
de Assistência Social – PNAS - e da Resolução CNAS nº 130, de 2005, que considera o 
Sistema Único de Assistência Social – SUAS. 
 
1. Introdução 
 
A família, por si só, não dispõe de condições básicas para garantir o seu 
desenvolvimento. Há necessidade de políticas públicas que visem à proteção e integração de 
seus membros: idoso, doente crônico, dependentes, crianças, jovens, desempregados. É bom 
lembrar que “tanto a família quanto o Estado desempenham papéis similares, em seus 
respectivos âmbitos de atuação: regulam, normatizam, impõem direitos de propriedade, poder 
e deveres de proteção e assistência. Tanto a família quanto Estado funcionam de modo 
similar, como filtros redistributivos de bem-estar, trabalho e recursos.”(CARVALHO, 2008) 
O CRAS é caracterizado como a porta de entrada das políticas de assistência social no 
Brasil. Nele constitui-se a rede de proteção e promoção social que o governo federal vem 
implantando, evidenciando-se assim, a compreensão de que a assistência social é um dever do 
Estado, e em contrapartida, um direito do cidadão. 
O CRAS é um lugar de convergência de diferentes ações e não se limita a um 
programa apenas. Ele faz parte de um programa de atenção integral à família, o PAIF, com 
acompanhamento das famílias participantes do programa Bolsa Família e dos que recebem o 
Benefício de Prestação Continuada, o BPC; e os serviços de convivência com programas de 
segurança alimentar e nutricional, também, com outras políticas sociais. Devido justamente a 
isso, o CRAS atua com mulheres, homens, crianças, jovens e idosos, reafirmando a 
importância da família e da comunidade na construção da autonomia e da segurança 
individual. 
O CRAS Novo Horizonte tem uma área de abrangência de 4000 famílias e faz parte do 
município de Passos – MG, tendo uma população de 107619 habitantes, segundo o Censo 
Populacional realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE realizado 
do ano 2010. 
Este CRAS foi inaugurado em outubro de 2010 e está situado na Rua Jangada n˚ 82 no 
bairro Novo Horizonte e tem como objetivo atender famílias referenciadas no território deste 
bairro. O seu período de funcionamento é de 08h às 17h de segunda a sexta-feira. 
De acordo com a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS – NOB-
RH/ SUAS, a composição da equipe mínima de referência que trabalha no CRAS para a 
prestação de serviços e execução das ações no âmbito da Proteção Social Básica nos 
municípios é a seguinte: 
 
1) Municípios de Pequeno Porte I – Até 2.500 famílias referenciadas: 2 
técnicos de nível superior, sendo 1 assistente social e outro, 
preferencialmente, psicólogo; 2 técnicos de nível médio. 
2) Municípios de Pequeno Porte II – Até 3.500 famílias referenciadas: 3 
técnicos de nível superior, sendo 2 assistentes sociais e, preferencialmente, 1 
psicólogo; 3 técnicos de nível médio. 
3) Municípios de Médio, Grande, Metrópole e Distrito Federal - a cada 
5.000 famílias referenciadas: 4 técnicos de nível superior, sendo 2 assistentes 
sociais, 1 psicólogo e 1 profissional que compõe o SUAS; 4 técnicos de 
nível médio. 
 
Considerando-se a NOB - RH/SUAS, o CRAS Novo Horizonte possui como equipe de 
referência: um coordenador, cujo perfil é: técnico de nível superior, com experiência em 
trabalhos comunitários e gestão de programas, projetos, serviços e benefícios sócio-
assistenciais, assistente social, psicólogo, pedagoga, educadores físico e social, recepcionista e 
estagiário de serviço social. 
Fazem parte das funções dos profissionais que formam a equipe técnica: 
 
1)Recepção e acolhimento de famílias, seus membros e indivíduos em 
situação de vulnerabilidade social; 
2) Oferta de procedimentos profissionais em defesa dos direitos humanos e 
sociais e daqueles relacionados às demandas de proteção social de 
Assistência Social; 
3) Vigilância social: produção e sistematização de informações que 
possibilitem a construção de indicadores e de índices territorializados das 
situações de vulnerabilidades e riscos que incidem sobre famílias/pessoas 
nos diferentes ciclos de vida. Conhecimento das famílias referenciadas e as 
beneficiárias do BPC - Benefício de Prestação Continuada e do Programa 
Bolsa Família; 
4) Acompanhamento familiar: em grupos de convivência, serviço sócio-
educativo para famílias ou seus representantes; dos beneficiários do Bolsa 
Família, em especial das famílias que não estejam cumprindo as 
condicionalidades; das famílias com beneficiários do BPC; 
5) Proteção pró-ativa por meio de visitas às famílias que estejam em 
situações de maior vulnerabilidade (como, por exemplo, as famílias que não 
estão cumprindo as condicionalidades do PBF), ou risco; 
6) Encaminhamento para avaliação e inserção dos potenciais beneficiários 
do PBF no Cadastro Único e do BPC, na avaliação social e do INSS; das 
famílias e indivíduos para a aquisição dos documentos civis fundamentais 
para o exercício da cidadania; encaminhamento (com acompanhamento) da 
população referenciada no território do CRAS para serviços de Proteção 
Básica e de Proteção Social Especial, quando for o caso; 
7) Produção e divulgação de informações de modo a oferecer referências 
para as famílias e indivíduos sobre os programas, projetos e serviços 
socioassistenciais do SUAS, sobre o Bolsa Família e o BPC, sobre os órgãos 
de defesa de direitos e demais serviços públicos de âmbito local, municipal, 
do Distrito Federal, regional, da área metropolitana e ou da micro-região do 
estado; 
8) Apoio nas avaliações de revisão dos cadastros do Programa Bolsa 
Família, BPC e demais benefícios. 
 
 
O conhecimento da legislação social é fundamental para o exercício profissional da 
equipe técnica do CRAS. Constituem, portanto, instrumento de trabalho dos profissionais, 
devendo ser parte integrante do processo de educação permanente, o que segue: 
 
1)Constituição Federal de 1988; 
2)Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS/1993; 
3)Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA/1990; 
4)Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004; 
5)Política Nacional do Idoso - PNI/1994; 
6)Estatuto do Idoso; 
7)Política Nacional de Integração da Pessoa com Deficiência/ 1989; 
8) Legislação Federal, Estadual e Municipal que assegura direitos das 
pessoas com deficiência; 
9)Norma Operacional Básica da Assistência Social – NOB SUAS/2005; 
10)Norma Operacional Básica de Recursos Humanos – NOB RH/2006; 
11)Leis, decretos e portarias do MDS; 
12) Fundamentos éticos, legais, teóricos e metodológicos do trabalho com 
famílias, segundo especificidades de cada profissão; 
13)Legislações específicas das profissões regulamentadas; 
14)Fundamentos teóricos sobre Estado, sociedade e políticas públicas 
15)Trabalho com grupos e redes sociais 
16) Legislação específica do Benefício de Prestação Continuada da 
Assistência Social, Benefícios Eventuais e do Programa Bolsa-Família. 
 
 
De acordo com o Guia de Orientações Técnicas para a implantação do CRAS, os 
profissionais, além dos conhecimentos teóricos, devem ser aptos para: executar 
procedimentos profissionais para escuta qualificada individual ou em grupo, identificando as 
necessidades e ofertando orientações a indivíduos e famílias, fundamentados em pressupostos 
teórico-metodológicos, ético - políticose legais; articular serviços e recursos para 
atendimento, encaminhamento e acompanhamento das famílias e indivíduos; trabalhar em 
equipe; produzir relatórios e documentos necessários ao serviço e demais instrumentos 
técnico-operativos; realizar monitoramento e avaliação do serviço; desenvolver atividades 
sócio-educativas de apoio, acolhida, reflexão e participação que visem ao fortalecimento 
familiar e a convivência comunitária. 
De acordo com Sposat (2004, p. 81) “É fundamental entender que a assistência social, 
com os direitos sociais e humanos, opera por direitos coletivos e não só pelo alcance de 
individualidades”. 
Os princípios éticos que devem orientar a intervenção dos profissionais da área de 
assistência social, segundo a NOB-RH/SUAS são: 
 
1)Defesa severa dos direitos sócio-assistenciais; 
2)Compromisso em ofertar serviços, programas, projetos e benefícios de 
qualidade que garantam a oportunidade de convívio para o fortalecimento de 
laços familiares e comunitários; 
3)Promoção aos usuários do acesso à informação, garantindo conhecer o 
nome e a credencial de quem os atende; 
4) Compromisso em garantir atenção profissional direcionada para 
construção de projetos pessoais e sociais para autonomia e sustentabilidade; 
5) Reconhecimento do direito dos usuários a ter acesso aos benefícios e 
renda e aos programas de oportunidades para a inserção profissional e social; 
6) Incentivo aos usuários para que estes exerçam seu direito de participar de 
fóruns, conselhos, movimentos sociais e cooperativas populares e de 
produção; 
7)Garantia do acesso da população a política de assistência social sem 
discriminação de qualquer natureza (gênero, raça/etnia, credo, orientação 
sexual, classe social, ou outras), resguardando os critérios de elegibilidade 
dos diferentes programas, projetos, serviços e benefícios; 
8) Devolução das informações colhidas nos estudos e pesquisas aos usuários, 
no sentido de que estes possam usá-las para o fortalecimento de seus 
interesses; 
9) Contribuição para a criação de mecanismos que venham desburocratizar a 
relação com os usuários, no sentido de agilizar e melhorar os serviços 
prestados. 
 
Observa-se que o bairro tem como características principais: a extrema pobreza, 
vulnerabilidade social, tráfico de drogas. O bairro ainda é lembrado por seu antigo nome, 
“Patrimônio”, o que faz carregar o estigma de ser “uma favelinha”, local de tráfico de drogas 
e prostituição. Em razão desta realidade social, a implantação de um Centro de Referência 
Assistência Social foi de relevante importância para acolher as famílias em processo de 
reconstrução de autonomia e de vínculos; famílias com crianças, adolescentes, jovens e idosos 
inseridos em serviços sócio-assistenciais, territorialmente referenciados ao CRAS; famílias do 
Benefício de Prestação Continuada; famílias inseridas em programas de transferência de 
renda. 
Atualmente um dos maiores problemas mencionados pela equipe técnica do CRAS 
Novo Horizonte é a adesão das famílias na rede de proteção social básica e o que se tem feito 
para amenizar estas questões é a divulgação do trabalho oferecido pelo serviço através de 
visitas domiciliares (busca ativa), por meio da realização da Conferência Municipal de 
Assistência Social e busca de parcerias com a rede. 
 
2. Desenvolvimento 
 
Esta pesquisa se justifica pela intenção de conhecer e compreender as famílias usuárias 
do CRAS/Novo Horizonte, tendo em vista as peculiaridades do local. O objetivo geral é 
descrever o perfil dessas famílias que utilizam este serviço oferecido pelo programa do 
Governo Federal. Os objetivos específicos se voltam para a descrição do perfil sócio-
demográfico das famílias e para a identificação das principais demandas destas em relação ao 
serviço. 
A pesquisa realizada caracteriza-se por ser um estudo descritivo, com abordagem 
quantitativa e qualitativa com o propósito de favorecer a dinâmica do processo de pesquisa. 
Como instrumental técnico utilizou-se a pesquisa documental para descrição dos dados já 
existentes nos Cadastros Sociais. Ressaltamos que anterior a realização da pesquisa, houve 
autorização por parte da Secretária Municipal de Assistência Social de Passos para consulta e 
publicação dos dados existentes nos cadastros. De posse destes dados, aplicou-se um 
tratamento estatístico por meio da análise quantitativa e qualitativa. 
A pesquisa caracterizou-se por ser um estudo descritivo, com tratamento quantitativo e 
qualitativa com a finalidade de favorecer a dinâmica do processo de pesquisa. 
Para Lehfeld (2004, p. 34), “a pesquisa descritiva é a descrição do objeto por meio da 
observação e do levantamento de dados, ou ainda pela pesquisa bibliográfica e documental”. 
A abordagem quantitativa e qualitativa é esclarecida por Demo (1992, p. 13, destaque 
do autor), enfatiza que “[...] entre qualidade e quantidade não pode haver dicotomia, como se 
uma fosse a degradação da outra. A realidade social possui ambas as dimensões, e assim 
sendo, são no fundo a mesma “coisa” embora pareçam com lógicas próprias.” 
Na abordagem quantitativa busca a quantificação na coleta de dados ou informações 
por meio das técnicas estatísticas. Ela permitirá indicar os dados sócio demográficos e 
identificar as principais demandas do CRAS. 
Espera-se, com esta pesquisa, contribuir com reflexões sobre o perfil das famílias 
usuárias do CRAS Novo Horizonte frente às questões de preconceito e estigma apontados ao 
bairro. 
 
 
3. Apresentação dos dados coletados 
 
Faz-se necessário esclarecer que os cadastros pesquisados são das famílias cadastradas 
em outubro de 2010, data em que iniciou as atividades do CRAS no local, até novembro de 
2011. 
Explicamos também que alguns cadastros encontravam-se incompletos, este fato, de 
acordo com a coordenação, se deve ao preenchimento inicial dos cadastros terem ocorridos 
em “nível de divulgação do CRAS, para levantamento de faixas etárias, com objetivo de se 
formar os grupos de convivência de 0 a 6 anos, 6 a 15 anos, adolescentes, mulheres, homens, 
pessoas com deficiência e demais demandas”. 
Diante deste fato, os dados coletados e distribuídos nos gráficos e tabelas estão com 
quantitativos desiguais. 
Para esta pesquisa analisou-se 420 cadastros, sendo que os resultados não são precisos 
devido à falta de dados, porém a diferença não é considerada expressiva dentro do universo 
pesquisado. Sendo assim, estes dados não alteram de forma significativa o resultado da 
pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gráfico 1 – Distribuição dos cadastrados segundo identificação do sexo: 
115
282
IDENTIFICAÇÃO - sexo da pessoa cadastrada
MASCULINO
FEMININO
Fonte: Pesquisa nos cadastros do CRAS Novo Horizonte 
 
De acordo com os dados identificados neste gráfico, verifica-se que 397 cadastros 
informavam a identificação do sexo, sendo que 71,03% dos cadastros são realizados por 
pessoas do sexo feminino, enquanto que 28,96% por pessoas do sexo masculino. Observando 
assim, que as mulheres solicitam mais os serviços oferecidos pelo CRAS em relação aos 
homens. 
 
 
Tabela 1 – Distribuição das pessoas cadastradas, segundo a idade: 
IDADE % N 
11 a 15 anos 0,50 02 
16 a 20 anos 6,04 24 
21 a 30 anos 20,15 80 
31 a 40 anos 21,41 85 
41 a 50 anos 17,63 70 
51 a 60 anos 15,86 63 
Mais de 61 anos 18,38 73 
Total 100 397 
Fonte: Pesquisa nos cadastros do CRAS Novo Horizonte. 
 
Nesta tabelas foi possível identificar a idade das pessoas cadastradas e o bairro 
pertencente à área de abrangência. Sendo que os adultos correspondem a 20,15% e 21,41%, 
estes percentuais somados correspondem a 41,56% das pessoas cadastrados com idade 
variada entre 21 a 40 anos. Já 18,38% correspondem a pessoas com idade acima de 61 anos, 
17,63% com pessoas de 41 a 50 anos, 15,86% a pessoas com idade de 51 a 60 anos, 6,04% 
de pessoas com idade entre 16 a 20 anos e 0,5% correspondentes a idadede 11 a 15 anos. 
 
Gráfico 2 – Distribuição das pessoas cadastradas segundo estado civil: 
Fonte: Pesquisa nos cadastros do CRAS Novo Horizonte. 
 
Dos cadastros pesquisados 516 pessoas mencionaram o seu estado civil. Destas 
38,75% estão na condição de solteiras, 21,89% de casados, 17,82% formam união estável, 
12,40% são separados e 9,10% na condição de viúvos. Diante de tais dados, observa-se um 
número considerável de pessoas na condição de solteiros, porém se somarmos os que se 
enquadram na situação de casados e de união estável o resultado ficará pouco acima dos que 
estão na condição de solteiros, sendo 39,71%. Desta forma conclui-se que o percentual de 
pessoas cadastradas na condição de solteiras e na condição de um núcleo familiar (formado 
por pessoas casadas e/ou união estável) é quase a mesma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gráfico 3 – Distribuição das pessoas cadastradas segundo ocupação: 
Fonte: Pesquisa nos cadastros do CRAS Novo Horizonte. 
 
No que se refere à ocupação das pessoas cadastradas no CRAS – Novo Horizonte 
verifica-se que dos 424 cadastros apenas 353 mencionam algum tipo de ocupação. Sendo que 
32,86% são do lar, 24,92% estão na condição de desempregados, 17,56% são aposentados 
ou pensionistas, 11,89% como autônomo, 9,91% como empregado, 1,69% como outros, ou 
seja, algum tipo de ocupação não enquadrada no formulário e 1,13% como estudante. 
 
Gráfico 4 – Distribuição das pessoas cadastradas segundo formação da 
composição familiar: 
Fonte: Pesquisa nos cadastros do CRAS Novo Horizonte. 
 
Neste gráfico, observa-se que 363 cadastros informavam a composição familiar. 
Destes, 47,65% possuem famílias com 03 a 05 moradores, 32,50% são de famílias com 01 a 
02 moradores, 19,55% com 06 a 10 moradores e 0,27% acima de 10 moradores na 
residência. Ao analisar estes resultados, conclui-se que há um percentual amplo de famílias 
compostas por mais de 03 moradores. 
 
Gráfico 5 – Distribuição das pessoas cadastradas segundo a renda: 
Fonte: Pesquisa nos cadastros do CRAS Novo Horizonte. 
 
De acordo com o gráfico, 278 pessoas cadastradas informaram a renda. Entre estas 
predomina número de pessoas com a renda de 01 salário mínimo, sendo 39,20%. Há também 
um número significativo de pessoas possuindo menos de 01 salário mínimo 33,45%. Já com a 
renda maior que 01 salário mínimo 18,34%; com mais de 02 salários mínimos 7,55%; com 
mais de 03 salários mínimos 1,07% e com mais de 04 salários mínimos 0,35%. Observa-se 
nestes dados que as pessoas que sobrevivem com até 01 salário mínimo (75,65%) sobressaem 
dentre as que vivem com mais de 01 salário, favorecendo assim o aumento significativo da 
pobreza no local junto à questão dos que estão na condição de desempregados. 
 
 
 
 
 
 
Tabela 2 – Distribuição das pessoas cadastradas, segundo faixa etária do grupo 
familiar: 
IDADE % N 
Menos de 5 anos 18,51 175 
06 a 14 anos 26,77 253 
15 a 18 anos 11,00 104 
19 a 25 anos 11,11 105 
26 a 35 anos 12,38 117 
36 a 45 anos 6,98 66 
46 a 55 anos 4,55 43 
56 a 60 anos 2,32 22 
Mais de 61 anos 6,34 60 
Total /Grupo 
Familiar 
100 945 
Fonte: Pesquisa nos cadastros do CRAS Novo Horizonte. 
 
De acordo com a tabela acima, os cadastros possuem um total de 945 pessoas 
distribuídas entre crianças, adolescentes, adultos e idosos. Dentro da faixa etária do grupo 
familiar cadastrado, prevalece o número de crianças e adolescentes com idade que varia entre 
06 a 14 anos com 26,77%, 18,51% com crianças que possuem menos de 05 anos, 12,38% 
com adultos na faixa etária de 26 a 35 anos, 11,11% de 19 a 25 anos, 11% de 15 a 18 anos, 
6,98% de 36 a 45 anos, 6,34% com mais de 61 anos, 4,55% de 46 a 55 anos e 2,32% de 56 a 
60 anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gráfico 6 – Distribuição das pessoas cadastradas segundo escolaridade do grupo 
familiar: 
Fonte: Pesquisa nos cadastros do CRAS Novo Horizonte 
 
Diante dos dados coletados sobre a escolaridade do grupo familiar, nota-se que do 
total 241 pessoas que mencionaram a escolaridade, há um percentual significativo de pessoas 
com apenas o ensino fundamental, sendo 85,89%, já no ensino médio 12,86%, 0,82% 
analfabeto e 0,41% com curso técnico. Identifica-se nestes dados que o grau de escolaridade 
das pessoas cadastradas é relativamente baixo, favorecendo ainda mais a questão do 
desemprego e a baixa renda manifestados nos gráficos anteriores. 
 
Gráfico 7 – Distribuição das pessoas cadastradas segundo situação habitacional: 
Fonte: Pesquisa nos cadastros do CRAS Novo Horizonte. 
 
No que se refere à situação habitacional, 302 cadastros contém esta informação, sendo 
que 57,28% residem em casa própria, 21,85% em casa cedida, 17,21% em casa alugada, 
3,31% informam outro tipo de enquadramento (rua, casa de passagem, entre outros), 0,33% 
casa financiada. Apesar do alto índice de desemprego constatado, mais da metade das pessoas 
cadastradas residem em casa própria. Um dado interessante é a questão de muitos residirem 
em casas cedidas. 
 
Gráfico 8 - Distribuição dos cadastros segundo identificação da demanda: 
Fonte: Pesquisa nos cadastros do CRAS Novo Horizonte. 
 
Segundo dados coletados pela pesquisa, observa-se que 424 cadastros identificam 14 
diferentes tipos de demandas preponderantes desde a implantação do CRAS – Novo 
Horizonte. Verifica-se nos resultados que há significativa predominância quanto à solicitação 
para viabilização de documentos, sendo um total de 32,31% dos cadastros, 25,23% foram 
cadastros de grupos familiares visitados pela equipe técnica do CRAS, 11,55% foram de 
visitas domiciliares realizadas, 8% referem-se ao CAD Único, 6,36% ao BPC – Benefício de 
Prestação Continuada, 4,71% para atendimento social e o mesmo percentual para orientações, 
3,30% destinados à Bolsa família, 1,65% para desconto de energia elétrica, 0,74% para 
atendimento psicológico, 0,74% cadastro social, 0,23% para grupo de convivência, 0,23% 
oficinas e 0,23% para cartão do idoso. 
 
4. Considerações finais 
 
Os dados coletados mostram a predominância de pessoas do sexo feminino e um 
percentual significativo de pessoas adultas. Estas informações dizem respeitos às pessoas que 
estão como responsáveis pelo cadastro. Desta forma, justifica-se o percentual de mulheres e 
de pessoas na fase adulta. Dentre os cadastrados, há um percentual representativo de pessoas 
solteiras, porém se considerarmos as pessoas que estão na condição de casadas e de união 
estável, verifica-se que o percentual não se diferencia em relação aos solteiros. 
Segundo a ocupação, observa-se que um número expressivo é atribuído às pessoas que 
se enquadram como “Do lar”, esse dado sofre interferência devido ao fato da maioria das 
pessoas cadastradas serem do sexo feminino. Já o percentual de pessoas na condição de 
desempregado também é significante, o que leva a concluir que estas pessoas não possuem 
condições favoráveis de subsistência, agravando assim, os problemas relacionados à pobreza e 
outros no local. Observa-se que nestes cadastros as famílias não são numerosas, sendo que a 
maioria das casas das famílias cadastradas possui de 03 a 05 pessoas. 
Quanto à renda, fica evidente que a maioria possui 01 salário mínimo, e num segundo 
patamar, enquadram-se aqueles que sobrevivem com menos de 01 salário, agravando assim, a 
situação de vulnerabilidade social destas famílias. 
No que se refere à idade do grupo familiar, fica evidente uma população jovem com 
muitas crianças, percentual este significativo para a implementação de ações que atendam as 
necessidades específicas deste grupo. Segundo a escolaridade, observa um percentual 
expressivo para o ensino fundamental e outro nada expressivo do ponto de vista educacional, 
social e profissional para a formação técnica e de ensino superior. 
Um número curioso é identificado na situação habitacional, onde muitos moram em 
residências cedidas. Este fato foi esclarecido pela coordenaçãodo CRAS que relatou a 
inexistência de escrituras das casas por parte das famílias que se apropriaram há muitos anos 
do local, e não resolveram esta questão, passando a residência para outras pessoas. Houve 
uma tentativa da prefeitura em regularizar a situação, porém nem todos os moradores se 
interessaram. 
Quanto à demanda, observa-se que dentre os serviços ofertados por este programa no 
bairro, há um índice relevante de pessoas que procuram o local para a viabilização de 
documentos (identidade, CPF, Carteira de Trabalho, certidão e outros). Outro índice 
relevante, porém menos expressivo, é identificado nas visitas domiciliares realizadas pelos 
técnicos (assistente social e psicólogo). 
Fica claro que alguns fatores determinantes como educação, moradia, emprego e 
renda, influenciam para o agravamento das vulnerabilidades e desigualdades sociais. 
Ressaltamos a importância na realização de pesquisa nesses locais, pois fatores 
culturais e sociais se divergem nos bairros. O conhecimento, compreensão e análise são 
procedimentos essenciais para a avaliação de determinada realidade. Estes instrumentais 
favorecem para a implantação eficiente de ações estratégicas para políticas públicas mais 
eficazes. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento o Social e Combate à Fome. Secretária Nacional de 
Assistência Social – Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004. Brasília, 2005. 
CADERNOS de Assistência Social: Trabalhador/[coordenação: Núcleo de Apoio à 
Assistência Social, coordenador Leonardo Avritzer]. Belo Horizonte; NUPASS, 2006. 
DI GIOVANI, Geraldo. Sistemas de Proteção Social: uma introdução conceitual. In 
Reforma do Estado e Políticas de Emprego no Brasil. Campinas/SP, UNICAMP, 1998. 
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: Perfil dos Municípios Brasileiros – 
Assistência Social2009. Disponível em: 
<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1620&i
d_pagina=1.> Acesso em 05 de setembro. 2011. 
LEFHELD, Neide Aparecida; BARROS, Aidil Jesus Paes de. Projeto de pesquisa: 
propostas metodológicas. 15. Ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2004. 
RICHARDSON, R. J. et AL Pesquisa Social: métodos e técnicas. 3. ed. rev. e ampl. São 
Paulo: Atlas, 1999. 
SPOSAT, Aldaiza. A Menina LOAS: Um processo de construção da assistência social. 
São Paulo. Cortez, 2004. 
 
 
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1620&id_pagina=1.
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