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CÉLIA REGINA GONÇALVES E SILVA AVALIAÇÃO DE DESINFETANTES DE SUPERFÍCIE UTILIZADOS EM ODONTOLOGIA Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia, Campus de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", como parte dos requisitos para a obtenção do titulo de MESTRE, pelo Programa de Pós-Graduação em ODONTOLOGIA, Área de Concentração em Biopatologia Bucal Orientador: Prof. Adj.Antonio Olavo Cardoso Jorge São José dos Campos 2000 ...... _ ...•. ~· Apresentação gráfica e normalização de acordo com: RIBEIRO, J.F. et ai. Roteiro para redação de monografias, trabalhos de curso, dissertações e teses. São José dos Campos, 1994. 63p. GONÇALVES E SILVA, C. R. Avaliação de desinfetantes de superfície utilizados em Odontologia. São José dos Campos, 2000. 93p. Dissertação (Mestrado em Odontologia). Faculdade de Odontologia, Campus de São José dos Campos, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho". Dedico este trabalho ao meu filho Thales, fonte do saber emocional e responsável pela minha proximidade a Deus Aos meus pais, Moacyr e Aparecida, por permitirem a minha vinda a esta terra, proporcionando mais uma etapa na minha infinita evolução Ao meu irmão Fernando, pelo carinho e apoio Ao meu marido Edson, por sua incomensurável capacidade de me fortalecer e incentivar, por seu companheirismo, dedicação e paciência. Ao Professor Adjunto ANTONIO OLAVO CARDOSO JORGE, com grande admiração como profissional e exemplo de ser humano; pela orientação, dedicação, compreensão, incentivo e amizade; meu eterno sentimento de gratidão. "To do saber e todo aumento de nosso saber, em vez de terminar em uma solução, dá antes início a nova dúvida. Aumentar o saber significa aumentar as dúvidas. E a cada resposta nova pergunta se segue" (Hermann Hesse) AGRADECIMENTOS A Professora Titular Maria Amélia Máximo de Araújo, Diretora da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - UNESP, pelo incentivo à pesquisa, A Professora Adjunta Yasmin Rodarte Carvalho, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação, Area de Concentração em Biopatologia Bucal da UNESP-São José dos Campos, pelo incentivo e colaboração. Aos Professores do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Area de Biopatologia Bucal, pela dedicação, incentivos constantes, ensinamentos e competência. Aos funcionários e auxiliares de ensino do Laboratório de Microbiologia da Universidade de Taubaté, Sr. Cláudio Torino, Sra. Luzia Poulard Monteiro, Ivan da Silva de Faria e Jane Rose Dionísio Dias Rodrigues, pela amizade e ajuda indispensável durante a realização das técnicas laboratoriais. Ao Professor Luiz Fernando pela indicação estatística. A Professora Ângela Maria S. Maltas Pinto, Chefe do Departamento de Biologia da UNITAU, pela constante ajuda, incentivo e amizade. A Ângela Bellini, bibliotecária da UNESP de São José dos Campos, pela prestimosa normalização desta dissertação. A amiga Cristiana Yumi Koga lto, pela ajuda na coleta das amostras e colaboração na elaboração da metodologia desta dissertação. Aos colegas Professores do Disciplina de Microbiologia e Imunologia da UNITAU, pela colaboração na substituição de aulas nos momentos em que estive ausente. A UNITAU, pela bolsa concedida, apoio e colaboração. A Clélia Aparecida de Paiva Martins, pela colaboração na parte laboratorial deste trabalho. Ao Professor Daniel Fernando Vítor, pela correção ortográfica do texto. A Sílvia Scarpel, pela paciência e dedicação na formatação gráfica desta dissertação. Aos colegas de turma do Curso de Pós-Graduação Ana Lourdes, Mariella, Cláudia e Maria Lúcia (in memoriam), pela amizade e pela oportunidade da convivência e aprendizagem com cada um. As amigas Ciça e Leonidia, pela grande amizade, pelo incentivo e por acreditarem em minha capacidade de crescimento. A Doutora Iracema Marques Vieira Hirtsch, pela amizade e, colaboração, exemplo de profissional e de ser humano. SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS........................................................ 9 1 INTRODUÇÃO........................................................................... 10 2 REVISÃO DA LITERATURA........................................................ 13 3 PROPOSIÇÃO ........ .................. ..................... ........................ ...... 32 4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................. 33 4.1 Coleta de amostras . . . . . .................... ..................... ...................... 34 4.2 Quantificação do número de microrganismos ... . ........................ 36 4.3 Identificação dos microrganismos .............................................. 36 4.3.1 Estafilococos ........................................................................... 36 4.3.2 Estrepotococos do grupo mutans ........................................... 37 4.3.3 Bacilos Gram negativos.......................................................... 39 4.3.3 Leveduras do gênero Candida ................................................ 42 4.4 Análise estatística dos resultados.............................................. 44 5 RESULTADOS . . ............... .. ................... ......................... .............. 45 6 DISCUSSÃO ................................................................................ 53 7 CONCLUSOES ................ ................... ...................... ................... 70 8 REFERÉNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................. 72 ANEXOS..................................................................................... 83 RESUMO..................................................................................... 92 ABSTRACT .................................................................................. 93 ADA AIDS API C BHI CDC EDTA EPA HAV HBV HIV HTLV-111/LAV KOH MRNP MRSA MRSSA MSBS Na CL OSHA's PVP PVPI RODAC s ns ufc/placa LISTA DE ABREVIATURAS American Dental Association Acquired lmmune Deficiency Syndrome Association for Practitioners in lnfection Control Brain Heart lnfusion Centers for Disease Control Acido Etilenodiaminotetracético Environmental Protection Agency Hepatitis A Virus Hepatitis B Virus Human lmmunodeficiency Virus T-celllymphotropic virus type III/ lymphadenopathy-associated virus Hidróxido de potassio Metil RedNogues Proskauer Staphy/ococcus resistente à meticilina Staphy/ococcus senslvel à Meticilina Mitis Salivarius Bacitracína Sacaroese Cloreto de Sódio Standards on Occupational Exposure to Blood borne Pathogens and Hazard Communication Polivinilpirrolidona Polivinilpírrolidona lodo Replicate Organisms Direct Agar Plates Significativo Não significativo Unidades formadoras de colônias por placa 1 INTRODUÇÃO Prevenir infecção cruzada no consultório odontológico tem sido um grande desafio para cirurgiões dentistas, pesquisadores e microbiologistas. Na maior parte das vezes, os microrganismos tem vencido as medidas de segurança adotadas na atualidade, colocando em risco profissionais e pacientes. Por outro lado, a falta de cuidado de alguns profissionais com relação à biossegurança tem propiciado ocorrência de infecção cruzada no consultório odontológico (Ferreira 17, 1995). Agentes patogênicos podem ser transferidos a partir da cavidade bucal do paciente para as superfícies do equipamento odontológico através do contato direto, dedos, instrumentos e respingos de sangue ou saliva (Autio6, 1980). A contaminação agrava-se nos consultórios pelo uso de equipamentos que produzem aerossóis, através dos quais os microrganismos podem ser lançados e espalhados até aproximadamente um metro ao redor do campo operatório. Assim, equipamentos odontológicos e acessórios dentro e ao redor da zona operatória podem tornar-se contaminados (Noro et al.45,1998). O aerossol salivar é considerado um importante veículo nas transmissões de doenças li infecciosas em consultórios odontológicos (Signoretto et al61 , 1994). As mãos do profissional contaminadas pela saliva e sangue também são de fundamental importância no processo de infecção cruzada quando não ocorre, por parte do profissional, uma desinfecção minuciosa ao término do atendimento a um paciente e início do atendimento a outro (Miller31 , 1993; Jorge et ai. 24, 1998). Todo indivíduo atendido no consultório odontológico deve ser considerado como um provável portador de doença infecciosa pelas seguintes razões: a) possibilidade de transporte assintomático de patógenos; b) natureza sub-clínica de várias enfermidades, onde não se evidencia cllnica e laboratorialmente a presença do patógeno; c) o indivíduo pode estar contaminado sem apresentar anticorpos circulantes; ou seja, não ocorreu ainda soroconversão üanela imunológica). Conseqüentemente, o controle universal das infecções é de fundamental importância e envolve, na clínica odontológica, procedimentos como evolução rotineira do paciente, proteção do profissional e do paciente com técnicas de bloqueio mecânico e biológico, esterilização de instrumentais, desinfecção de superficies e equipamentos, e a eliminação apropriada de resíduos contaminados (Runnells51 , 1991; Samaranayake53, 1993; Miller", 1996). Nem todos os itens em um procedimento odontológico precisam, e na verdade, nem todos podem estar esterilizados. Existe, entretanto, a obrigatoriedade na limpeza e desinfecção na área de 12 procedimentos, antes do advento de cada paciente (Samaranayake et al.54,1993). Para realização da desinfecção de superfície, vários agentes químicos desinfetantes podem ser utilizados. O passo inicial para o processo de desinfecção incorre no conhecimento de cada um desses produtos, nos seus aspectos principais como: seu mecanismo de ação sobre os microrganismos, toxicidade para o manipulador e ação deletéria para o equipamento a ser desinfetado. A escolha adequada do desinfetante proporciona o sucesso do processo de desinfecção. O objetivo do presente trabalho foi analisar a ação de quatro desinfetantes (iodo povidine; álcool etílico 77°GL; solução alcoólica com 5% clorexedina; composto fenólico) utilizados em clínicas odontológicas, no processo de desinfecção de superfícies presentes no consultório. 2 REVISÃO DA LITERATURA A espécie humana é hospedeira para um grande número de microrganismos. Além da microbiota humana normal, algumas espécies de microrganismos são consideradas oportunistas; dentre elas, existem pelo menos uma centena que podem causar infecções com relativa freqüência (Mims et al.35, 1995). Mais de trezentas espécies diferentes de microrganismos têm a cavidade bucal como habffat natural, fazendo parte da microbiota (Ferreira, 1995). No ambiente odontológico, os procedimentos clínicos envolvem o contato do profissional com sangue humano, tecidos ou secreções, podendo desencadear um processo de infecção cruzada. Agentes infecciosos podem ser transmitidos entre pacientes e o pessoal odontológico dentro do ambiente clínico, através do contato de pessoa a pessoa, através de aerossóis ou por vias de objetos e ambientes contaminados (Samaranayake53, 1993; ADA5, 1996; Cannata et al.12, 1997; Terezhalmy & Gitto64 et ai., 1998). A infecção por qualquer um desses vetares requer um hospedeiro susceptivel, um patógeno com virulência e números suficientes, e a maneira pelo qual o patógeno invade o hospedeiro, para que possam causar infecção (Terezhalmy & Gitto64, 1998). 14 Agentes patogênicos de interesse em odontologia são primeiramente transferidos através do cantata direto, através dos dedos ou instrumentos, ou através de respingos de sangue e/ou saliva a partir da cavidade bucal (Runnells51 , 1991 ). A transmissão desses agentes é agravada na clínica odontológica pela utilização de equipamentos que produzem aerossóis, onde goticulas repletas de microrganismos permanecem suspensas no ambiente, contaminando aproximadamente um metro ao redor do campo operatório, depositando-se a seguir na superfície dos equipamentos (Signoretto et al61 , 1994; Noro et al.45 , 1998). O sangue e a saliva podem carregar grandes concentrações de vírus e bactérias potencialmente infecciosos, podendo causar resfriados comuns, herpes, hepatite B, pneumonia e tuberculose, assim como a transmissão do vírus da Síndrome de lmunodeficiência Adquirida (AIOS). Os profissionais da área odontológica têm como primeira responsabilidade o controle de infecção cruzada dentro de seu ambiente de trabalho, pois quando procedimentos de desinfecção não são praticados, o ciclo de infecção cruzada pode ocorrer, colocando paciente e demais pessoas da equipe, assim como o próprio dentista, em exposição à infecção (AOA2, 1985). Comumente, novas descobertas são anunciadas por várias fontes a respeito da Sindrome de lmunodeficiência Adquirida (AIOS) e suas conseqüências. Dentistas em sua profissão têm particular interesse 15 nesse assunto, em decorrência do contato diário com sangue e saliva de seus pacientes, aumentando o risco da exposição a essa doença e a outras (ADA4, 1986). Miller"" (1992), demostrou presença de sangue e saliva em superfícies do ambiente odontológico, área operatória e laboratório, dentre outros ambientes, o que pode servir como fonte de contaminação para pacientes, profissionais e demais pessoas que tenham cantata com essas superfícies. As mãos dos profissionais de saúde bucal contaminadas com sangue e saliva contaminam superfícies como manopla de refletor, alça do catter, seringas de ar e água, mangueiras de sucção, interruptores, puxadores de gaveta, controles de cadeira, prontuários de pacientes e todos os materiais manuseados, podendo também contaminar o próprio profissional através do ato de tocar os olhos, nariz, boca ou lesões de pele (Crawford14, 1986; Miller & Palenik33, 1994). Um significante estudo feito por Autio et al 6 (1980), demonstrou a transmissão de leveduras e bactérias respiratórias patogênicas da boca de pacientes para a boca de outros, sucessivamente, depois de exames radiográficos. Os autores demonstraram também que superfícies operatórias contaminadas podem agir como fômites quando procedimentos de controle de infecção não são executados. 16 Edmunds & Rawlinson16 (1996), demonstraram a contaminação freqüente em procedimentos na clínica de periodontia, de superfícies próximas à área de trabalho com sangue, tais como: cuspideira, sugador, aparelho ultra-sônico, superfícies, cantos e bordas de equipamentos. Sendo o sangue um potencial carreador de numerosos agentes infecciosos, a necessidade de um controle, como o processo de desinfecção, denota uma conotação importante com o objetivo de evitar infecção cruzada. Fonte de infecção no consultório pode compreender pacientes que sofrem doenças infecciosas, pacientes em estágios prodrômicos de infecções e portadores saudáveis de patógenos (Samaranayake53, 1993). Agentes etiológicos da hepatite B e C, virus do herpes simples, da AIOS, do sarampo e caxumba, e demais vírus respiratórios, assim como agentes bacterianos como Neísserias, treponemas, micobactérias e Streptococcus pyogenes, já foram descritos em ambiente odontológicos, fazendo parte no processo de infecção cruzada. Esses microrganismos são considerados indicadores de contaminação ambiental (Cottone & Molinari13, 1991; Edmunds & Rawlinson16, 1998; Hackney Junior, et al16, 1996). O vírus da hepatite tipo B pode ser transmitido por via parenteral e não parenteral, e está presente em vários fluidos e secreções humanas. O vírus da hepatite B tem sido detectado em sangue e saliva, 17 sendo comum contaminações de ambientes odontológicos por esse microrganismo (Schiff et aL58, 1986).Outros microrganismos pertencentes à microbiota de pele e mucosas também são descritos como indicadores potenciais de contaminação em ambiente odontológico, e podem estar presentes nos aerossóis, como Staphy/ococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Streptococcus mutans, Streptococcus mifis, Streptococcus salivarius, Corynebacterium diphtheriae, Bacteroides fragi/is e peptoestreptococos. A presença de Escherichia co/i no ambiente odontológico é indicativo de poluição fecal (Stephens et aL63, 1994). Noro et al.45 (1995), Noro et al.46 (1998) demonstraram que estreptococos bucais são indicadores de contaminação do ambiente em clínica odontológica durante o tratamento dentário. A simples detecção de estreptococos bucais no espaço cllnico incorre em indicação sugestiva da possibilidade de infecção. Hackney Junior et aL 18 (1998), utilizaram estreptococos viridantes como indicadores biológicos de contaminação bucaL Estes microrganismos encontrados abundantemente na saliva humana foram encontrados em superfícies e equipamentos após tratamento odontológico. Os autores observaram que do total de 91 amostras estudadas, após procedimentos de tratamento dentário, 54% mostraram- se positivas para estreptococos alfa-hemolíticas, indicando contaminação do ambiente pela saliva. 18 Outro estudo efetuado por Bentley et al8 (1980), com amostras de microrganismos e com corantes, mostrou que a superfície de equipamentos operatórios manuseados durante tratamento bucal pode se tornar contaminada. Legnani et al 26 (1994), analisaram a contaminação atmosférica antes, durante, e após procedimentos odontológicos, onde profissionais utilizavam equipamentos que geram aerossóis, tais como; caneta de alta e baixa rotação, instrumentos ultra-sônicos e aparelhos de jatos de bicarbonato. Os autores concluíram que durante as horas de trabalho, a média dos valores da carga microbiana transmitida pelo ar é três vezes maior que o momento inicial; portanto, pacientes, equipe de trabalho, superfícies e objetos no consultório estão em grande risco de exposição. Depois que muitos pacientes são tratados, a contaminação microbiana no final do dia será bem maior, e grandes quantidades de diferentes espécies microbianas podem estar presentes no consultório dentário, mostrando a importância de limitar as concentrações microbiológicas ambientais para reduzir a exposição e fatores de risco, através de protocolos pré-estabelecidos. A saliva não visível e locais contaminados são facilmente negligenciados. Na rotina do consultório dentário, o tempo utilizado para limpeza e desinfecção entre os pacientes é geralmente inadequado. Esses fatores associados fazem do material operatório e as superflcies livres de contaminação um difícil desafio (Hackney Junior et al.18, 1998). 19 Deter transmissão de infecçao no consultório odontológico tem sido um grande desafio para cirurgiões-dentistas, pesquisadores e microbiologistas. Na maior parte das vezes, os microrganismos têm vencido as medidas de segurança adotadas na atualidade, colocando em risco profissionais e pacientes. Por outro lado, a falta de cuidado de alguns profissionais com relação à biossegurança tem propiciado a intensificação do ciclo da infecção cruzada no consultório odontológico (Ferreira17, 1995). Cada membro da equipe odontológica tem por obrigação moral, ética e legal, não somente fornecer os cuidados dentários para todos os pacientes que procuram tratamento, mas também de fazê-lo de tal forma que o ambiente esteja livre de perigos de infecção (Samaranayake et ai. 54, 1993). A aparência de um consultório, limpo, em cores neutras ou branco, bem decorado, nem sempre implica que ele esteja devidamente desinfetado e os equipamentos esterilizados. Essa consciência foi reforçada nos últimos 15 anos com o advento da AIDS; epidemia que também foi responsável pela tomada de consciência dos profissionais de saúde para a necessidade de adotar medidas preventivas. A magnitude da pandemia causada pelo HIV tem incrementado muito os conhecimentos no sentido de evitar a sua disseminação no processo de infecçao cruzada (Davis & Knapp15, 1984; Barnes7 , 1986 Ferreira17, 1995;). 20 O problema é particularmente agudo para cirurgiões- dentistas e pessoas que trabalham com saúde em geral, apesar da observação das precauções universais em relação a sangue e fluídos. O Centro de Controle de Doença e Prevenção (CDC) salienta que os profissionais da área da saúde sofrem em média dois mil pequenos ferimentos por agulhas diariamente nos EUA (Regníer48, 1994). A eficácia da transmissão do Vírus de Linfócito T Humano/ vírus Linfoadenopatía associado (HTLV-111/LAV) através de acidentes com agulhas contaminadas é de 0,35 a 0,47%. O HTLV-111/LAV não é capaz de suportar a exposição a vários níveis de temperatura e mudanças de umidade, mas é estável o suficiente para permanecer viável e reter infectividade por mais de três dias quando seco e mantido em temperatura ambiente. O vírus resiste a mais de uma semana em ambiente aquoso e temperatura ambiente. Assim, itens usados no cuidado com o paciente que venha a ter contato com qualquer fluído biológico de um indivíduo infectado é potencialmente infectivo, pelo menos por uma semana, se o nicho for mantido com umidade (Resníck et al.49, 1986; Shíkaní et a1.62, 1996). Conseqüentemente, o controle universal das infecções é de fundamental importância e envolve na clínica odontológica procedimentos como evolução rotineira do paciente, proteção do profissional e do paciente com técnicas de bloqueio mecânico e biológico, esterilização do ··--.·-- 21 instrumental, desinfecção de superfícies e equipamentos e a eliminação apropriada de resíduos contaminados (Runells51 , 1991; Miller'"', 1996). Desinfecção é definido como um processo que elimina muitos ou todos os microrganismos patogénicos, com exceção de bactérias esporuladas e alguns vírus, em objetos inanimados ou superfícies (Molinari39, 1985; Molinari et al42, 1988). É um processo menos letal para os microrganismos patogénicos do que a esterilização; leva à redução no nível de contaminação microbiana e cobre, dependendo do procedimento, do desinfetante usado e tempo de tratamento, ampla gama de atividades que pode se estender da esterilidade em um extremo, para uma redução mínima da contaminação microbiana no outro (Biock10, 1991). A desinfecção pode ser conseguida através do uso de desinfetantes químicos. Quando soluções químicas são usadas para desinfecção, as instruções do fabricante devem ser seguidas cuidadosamente e particular atenção deve ser dada aos requisitos de diluição, tempo de contato, requisitos de temperatura, espectro de atividade antimicrobiana e durabilidade (ADA5, 1996). O desinfetante ideal deve possuir amplo espectro, ação rápida, não ser afetado por fatores físicos, ser atóxico, hipoalergênico, compatível à superflcie e ter efeito residual. Deve também ser de fácil utilização, ser económico e inodoro (Molinari38, 1990; Molinari, 199141 ; Verhagen66, 1998). 22 Nenhuma fórmula dos produtos químicos disponíveis vai de encontro a uma lista completa de padrões ideais; todas têm vantagens e desvantagens. A escolha depende do ambiente cllnico, tipo e características do equipamento a ser desinfetado e reações adversas potenciais dos trabalhadores da área de saúde que rotineiramente usam tais produtos ( Molinari40, 1995). Informações e recomendações para desinfetantes de superfícies 1êm sido providenciadas por vários órgaos como o Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC), Associação Dentária Americana (ADA), Agência de Proteção Ambiental (EPA) e Associação para Proteção em Controle de Infecção (APIC). Dentistas utilizam essas recomendações e informações do fabricante na tentativa de chegar a uma decisão responsável a respeito de quais produtossão seguros, efetivos e econômicos para uso em clínicas odontológicas (Stephens et aL63, 1994). A ADA1 (1988) e Miller32 (1996), reportaram que qualquer um dos vários tipos de desinfetantes de superfície podem ser utilizados, desde que três itens importantes sejam procurados na escolha do produto: deve ser um produto registrado pelo EPA, isto é, indicado através de uma marca no rótulo do produto EPA - seguido pelo número do registro; deve ser indicado para uso como sendo um desinfetante de superfície em instalações relacionadas aos cuidados da saúde; e além disso, o produto escolhido deve ser rotulado como um tuberculocida. A 23 atividade tuberculocida indica que o produto pode fornecer um dos mais altos níveis de capacidade de matar microrganismos. Existem vários desinfetantes de superfícies aceitos pela ADA, que representam diferentes categorias químicas, tais como: cloros, iodóforos, combinações sintéticas de fenóis, fenóis fenólicos e fenóis alcoólicos. Agentes ativos em produtos tuberculocídas para desinfecção de superfície incluem hipoclorito, iodóforos, fenólicos sintéticos a base de água, fenólicos sintéticos a base de álcool, e componentes de amônio quaternário em álcool ( Míller30, 1992; Míller32, 1996). O iodo é um extraordinário microbiocida, que além de ser virucida, é bactericida, micobactericida, e que se deixado em cantata com os microrganismos por tempo suficiente é também fungicida e esporocida (Berkelman et al9 , 1982). Os mecanismos de ação sugeridos incluem bloqueio de certos aminoácidos essenciais, resultando em uma interrupção de estruturas protéicas e slntese de ácidos nucléicos. O iodo possui efeito oxidante nos grupos S-H e S-S que são essenciais para a produção de proteínas; causa também dano ao envelope virai (Rutala52, 1990). O íon iodo tem uma alta reatividade que lhe confere um grande poder germicida, alua por iodização das protelnas e, conseqüentemente, forma sais de proteínas. Formulações modernas de soluções de iodo eliminaram os fatores negativos dessa substância. Nessas formas, o iodo fica preso em complexos dissociáveis que vão 24 liberando partículas do produto nas concentrações ideais de atuação, são denominados iodóforos (Lima & lto27, 1995). Como desinfetantes de superfícies, os compostos de iodo possuem as vantagens de serem registrados pelo EPA e de serem aceitos pela ADA como desinfetante de superfície. Possuem largo espectro com ação bactericida, virucida e tuberculocida; são económicos; eficazes em soluções diluídas e têm ação germicida residual. Possuem algumas desvantagens, tais como: não são esterilizantes, são instáveis em altas temperaturas e sob a ação da luz, podem alterar a cor de certas superflcies, necessitam de anti-corrosivos e são inativados pela água dura (1:200) e pelo álcool (Verhagen66, 1998). Shikani et a1. 62 (1996), observaram em estudos realizados in vitro, que o HIV é eficazmente inativado por complexos de iodo em poliuretano, num período de tempo relativamente curto. Observação especial feita pelos autores, é que o iodo foi complexado com sucesso em poliuretano de maneira estável, de tal forma que começaria a ser liberado somente depois que o polimero entrasse em contato com fluidos contaminados e a liberação foi sustentada eficazmente inativando o vírus. Mbithi et al.29 (1990), fizeram estudos com desinfecção química com o vírus da hepatite A em superfícies ambientais e concluiram que compostos de iodo testados, iodóforos 9,1%, iodóforos 8,74% diluição 1:173 e iodóforos 3,125% não diluídos, não foram efetivos contra o vírus da hepatite A (HAV). 25 Tradicionalmente os alcoóis etüico e isopropilico têm sido utilizados para desinfecção de superfícies e anti-sepsia de pele. São bactericidas de baixa potência, eficientes desnaturantes de proteínas e solventes de lipídios. Sua característica de solubilizar lipídios acentua sua ação antimicrobiana devido ao efeito sobre vírus que apresentam envelope, tais como herpes vírus. Possuem ação também sobre o bacilo da tuberculose, mas são ineficazes para vírus hidrofilicos como o virus da hepatite B (HBV}. Quando puro, o álcool é menos eficaz que quando misturado à água, pois facilita a desnaturação de proteínas. Pode não ser efetivo na presença de proteínas teciduais normalmente encontradas na saliva e no sangue, não pode ser considerado como agente de limpeza efetivo, bem como na preparação de procedimentos de desinfecção e esterilização. A rápida evaporação após sua aplicação em superfícies ambientais também limita a atividade do álcool sobre vírus e bactérias com cobertura protéica, que são comumente encontrados em aerossóis gerados durante procedimentos odontológicos. Por essas razões não são aceitos pelo ADA e pelo CDC como desinfetantes de superfícies para consultórios odontológicos (Molinari36, 1990; Samaranayake53, 1993; Ferreira17, 1995; Jorge22, 1998). O álcool precipita proteínas da saliva e sangue, tornando-as insolúveis e adesivas à maioria das superfícies do ambiente exposto, dificultando a remoção dessas proteínas que podem estar presentes. Não são também considerados bons limpadores (Cottone & Molinari13, 1991). 26 Desinfetantes com alto conteúdo de álcool não são recomendados para superficies devido a sua rápida evaporação e propensão para precipitar proteinas da saliva e sangue, fazendo com que o processo de limpeza se torne complicado (Samaranayake53, 1993}. Álcool isopropilico combinado com gluconato de clorexidina tem sido descrito como efetivo contra rotavirus. Transmissões experimentais em chimpanzés demonstram que o álcool 70% e etanol 80% são efetivos contra o virus da hepatite B com um tempo de exposição de dez e dois minutos, respectivamente. Isso não ocorre com o vlrus da hepatite A. Desinfetantes alcóolicos, em combinação com compostos de amônio quaternário, etilenoglicol, propilenoglicol, gluconato de clorexidina, fenol, iodo e ácido fosfórico, foram insuficientes para inativar o virus com tempo de contato de 1 minuto (Mbithi et al.29, 1990). Van Bueren et al65 (1994), após desenvolverem protocolos para medir a eficácia de álcool contra o HIV, observaram que altos títulos de HIV em suspensão foram rapidamente inativados pelo etanol a 70%, independente da carga de protelnas existentes. O mesmo não ocorreu entretanto, quando o virus secou em uma superficie de vidro. A taxa de inativação do HIV diminuiu quando niveis altos de proteinas estavam presentes. Os autores concluiram que devido a sua rápida evaporação, em spray ou em enxágUe com álcool, não pode ser garantido para desinfetar uma superfície contaminada com sangue ou outros fluidos orgânicos sem uma limpeza preliminar. 27 A pulverização de ácido fênico durante uma cirurgia foi a primeira medida de anti-sepsia adotada por Lister, cirurgião inglês em 1869. No entanto esse produto não tem sido utilizado em virtude de sua toxicidade tecidual. Posteriormente, vários desinfetantes e anti-sépticos taram desenvolvidos a partir do ácido fênico (Lima & lto27 , 1995). Esses produtos pertencem ao grupo dos compostos fenólicos, os fenóis naturais, obtidos pela destilação de hulha, e os fenóis sintéticos, obtidos a partir de síntese orgânica realizada industrialmente_ Ao contrário dos fenóis naturais, os sintéticos apresentam maior atividade germicida, menor toxicidade e odor mais agradável, sendo assim, os mais utilizados. Em alta concentração o fenol age como um veneno, penetrando e rompendo parede das células e precipitando proteínas celulares. Em baixa concentração causa a morte de bactérias pela inativação das enzimas e pela interferência no metabolismo da parede celular (Secretaria do Estado de São Paulo59, 1993). Soluções de fenóis sintéticos, em associação com sabões e detergentes aniônicos, ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) e antioxidantes, são indicadospara limpeza, desinfecção e desodorização simultânea de áreas críticas e semi-críticas, contaminadas com pus, sangue, urina, fezes e outras secreções. Não sendo voláteis, esses fenóis se depositam sobre as superfícies em que são aplicados, e posteriormente reagem com a umidade, passando então a exercer ação antimicrobiana residual (Ministério da Saúde'7, 1987). 28 Os fenóis possuem a vantagem de serem eficazes na presença de resíduos orgânicos, o que os torna úteis quando a remoção completa é impossível ou não é prática. As superfícies metálicas podem ser desinfetadas pelos compostos fenólicos sintéticos na diluição aquosa de 1:50 (Ferreira 17, 1995). Esses produtos também servem como eficientes agentes de limpeza e são eficazes mesmo em presença de detergentes. O uso dos mesmos em consultórios odontológicos tem dado resultados excelentes para desinfecção de superfície (Cottone & Molinari13, 1991; Lima & lto27, 1995). Os fenóis são efetivos agentes antimicrobianos devido a sua habilidade de penetração em membranas. Essa habilidade, entretanto, pode causar irritação de tecidos epiteliais com prolongada exposição (Molinari38, 1990). Pode-se também utilizar combinações de agentes fenólicos sintéticos que trabalham sinergicamente. Quando utilizados de acordo com instruções dos fornecedores, as fórmulas oferecem amplo espectro de atividade microbiana e efeito biocida residual, são agentes tuberculocidas, bons limpadores de superfície e eficazes na presença de detergentes. Algumas desvantagens incluem o fato de serem de dificil enxágUe, ficando acumulados, podendo degradar certos plásticos e lentes, necessitam ser diluídos diariamente, não são esporocidas e são irritantes para pele e olhos (Lima & lto27, 1995; Verhagen66 ,1998). 29 Clorexidina é um germicida do grupo das biguanidas, possui baixa toxicidade, incompatível com cortiça, sabão e detergentes aniônicos. Existem atualmente duas formulações básicas satisfatórias: solução de gluconato de clorexidina a 0,5% em álcool etílico 70% e solução aquosa detergente não iônica de clorexidina a 4%, contendo 4% de álcool isopropílico ou 70% de álcool etílico para evitar a contaminação de Proteus e Pseudomonas. Soluções aquosas de clorexidina inferior a 4% com ou sem cetrimide, contaminam-se com esses microrganismos e podem provocar surtos de infecção, sendo por isso, consideradas inadequadas para uso hospitalar (Ministério da Saúde37, 1987). Anti-séptico popular, a clorexidina é ativa contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, sendo para esse grupo menos eficiente, e contra muitos fungos, mas não é utilizada contra mícobactérias, esporos bacterianos e vírus. Seu mecanismo de ação é a interferência na permeabilidade da membrana plasmática e enzimas associadas à membrana. É, entretanto, ativa contra envelopes virais. A clorexidina é não-tóxica para humanos, mantém atividade antimicrobiana por várias horas, e é ativa em presença de sabão e substâncias orgânicas. Tem sido usada extensivamente como anti-séptico para lavagens cirúrgicas, limpeza de pele e mucosas, e descontaminação de ferimentos (McKane & Kandel28, 1996). Assim como é importante limpar um instrumental antes que ele seja aquecido ou esterilizado quimicamente, é igualmente importante 30 limpar a superfície ambiental antes da desinfecção. Pré-limpeza proporciona a redução de resíduos biológicos na superfície e facilita a desinfecção. Superfícies não encapadas com materiais protetores necessitam, antes do processo de desinfecção, ser limpas, como indicado pelo CDC, pela padronização final de patógenos transmitidos pelo sangue OSHA's e pelas orientações de rótulos nos frascos de desinfetantes de superfícies (Miller30, 1992). A desinfecção de superfícies inanimadas é descrita pela técnica Spray-Wipe-Spray: o borrifo inicial e o esfregar papel toalha vigorosamente proporcionam uma pré-limpeza da superfície, o segundo borrifo sobre a superfície já limpa proporciona a desinfecção. A etapa de pré-limpeza não deve ser negligenciada, já que ela pode determinar o sucesso da etapa de desinfecção a seguir (Molinari38, 1990; Miller"', 1992; Miller31 , 1993; Samaranayake53, 1993). Alguns desinfetantes de superfície são também bons agentes limpadores, tais como, os iodóforos diluídos, cloro ou fenóis sintéticos. Possuem tanto propriedades limpantes quanto desinfetantes, para o uso na pré-limpeza, bem como na desinfecção (Molinari42, 1988; Miller"', 1992). Outros produtos formulados com alto conteúdo de álcool são geralmente pouco eficazes como limpadores, pois precipitam proteínas da saliva e sangue, tornando mais difícil a remoção dessas proteínas da superfície (Cottone & Molinari13, 1991). 3! Em decorrência de agentes antimicrobianos disponíveis atualmente poderem se combinar com detritos orgânicos em superfícies contaminadas, nenhum dos produtos químicos funcionam apropriadamente sem uma limpeza prévia. A limpeza envolve um procedimento básico antigo, onde ocorre a remoção de detritos orgânicos que podem interferir na assepsia subseqüente e a redução na concentração de microrganismos presentes na superficie. Agentes limpantes baseados em água auxiliam solubilizando o material orgânico (Miller31 , 1993; Molinari40, 1995). O uso de um único produto para ambas as etapas de pré- limpeza e desinfecção tem vantagens definitivas. Escolher um agente de pré-limpeza é simplificado quando se conhece o propósito de uma pré- limpeza; que é remover o material orgânico. Isso é conseguido com eficácia quando usa-se soluções baseadas em água que contém detergentes e sabão. 3 PROPOSIÇÃO O objetivo do presente trabalho foi avaliar a eficácia de desinfetantes de superfície utilizados em odontologia, verificando-se: a) microrganismos presentes na superfície de quatro pontos determinados do equipamento odontológico; b) redução da quantidade de microrganismos nos pontos determinados, após realização de desinfecção, utilizando os seguintes desinfetantes: iodo povidine, álcool etílico 77°GL, solução alcoólica com 5% de clorexidina e composto fenólico. 4 MATERIAL E MÉTODOS Foram coletadas amostras de quatro diferentes pontos da superfície de cinqüenta equipamentos das Clinicas do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté, após procedimentos de atendimento odontológico de rotina. Foram utilizados os seguintes pontos para coleta: a) ponto 1 - Carferdo equipamento odontológico; b) ponto 2- Encosto de cabeça da cadeira odontológica; c) ponto 3- Superfície frontal externa do reftetor; d) ponto 4- Superfície da pia de lavagem de maos. As amostras foram coletadas utilizando-se placas de superfície tipo Replica/e Organisms Direct Agar Plates (RODAC, Politec) contendo os seguintes meios de cultura: a) ágar sangue: utilizado para crescimento total de microrganismos; b) ágar Mitis Sa/ivarius (Difco), adicionado de 3,3 mg/mL de Bacitracina (lnlab) e 15% de sacarose (Difco) por litro. Constitui-se meio seletivo para crescimento de estreptococos do grupo mutans; 34 c) ágar Sabouraud Dextrose (Difco) adicionado de O, 1g de Cloranfenicol (Carla Erba), para o crescimento de leveduras (Anexo B); d) ágar Mac Conkey (Difco) para o crescimento de bactérias Gram negativas. Após preparo, 11 mL dos respectivos meios de cultura a 45°C foram distribuídos em placas de superfícies descartáveis lentamente, com auxilio de pipeta graduada estéril em ambiente asséptico, proporcionando a formação de um menisco acima da borda da cavidade da placa, sem a formação de bolhas de ar. De cada meio de cultura algumas placas foram selecionadas para teste de comprovação de esterilização. O restante foi embalado adequadamente e mantido em geladeira até sua utilização. 4.1 Coleta de amostras Após os procedimentos odontológicos de rotina nos quatro pontos selecionados, foi efetuadauma limpeza prévia com gaze esterilizada para a retirada de resíduos e/ou materiais orgânicos, como, saliva, sangue e tecidos. Foi utilizada a técnica Spray-Wipe-Spray, na qual borrifou-se a substância a ser testada com spray e, posteriormente, com gaze esterilizada efetuou-se a limpeza da superfície com movimentos continues em um só sentido; borrifou-se novamente o produto realizando a mesma técnica descrita. 35 Após 5 minutos para a secagem e ação do produto utilizado, as placas contendo os meios de cultura foram adicionadas, nos pontos descritos, pressionando-se delicadamente a superfície do ágar no ponto selecionado, evitando-se desprendimento ou deformação do mesmo. Os meios de cultura ficaram em contato com a superflcíe dos pontos durante 1 minuto, após o que as tampas foram recolocadas nas placas. Posteriormente à coleta, foi realizada limpeza em cada área amostrada com algodão embebido em álcool etílico para retirada dos resíduos de meios de cultura da superficie, que eventualmente estavam presentes. O procedimento descrito foi realizado para os seguintes desinfetantes: iodo povidine com 1% de iodo ativo {LM.Farma), álcool etílico 77°GL (Parati 92,8° INPM, 96° GL), solução de álcool etllico 77°GL com 5% de clorexidina (Manipulário) e composto fenólico {Duplofen). Como controle foi efetuada a mesma técnica descrita, utilizando-se água destilada esterilizada. A seguir, as placas foram incubadas a 37°C, sendo a primeira leitura efetuada após 24 horas e a segunda leitura após 48 horas. As placas contendo ágar sangue e ágar Mitis Salivarius Bacitracina Sacarose foram incubadas em estufa com teor de 5% de C02. As placas contendo ágar Sabouraud dextrose foram mantidas à temperatura ambiente por mais 5 dias. 36 4.2 Quantificação do número de microrganismos Após incubação, as colônias de microrganismos foram contadas e os resultados expressos em unidades formadoras de colônias por placa (ufclplaca). 4.3 Identificação dos microrganismos Para o processo de identificação dos microrganismos foram selecionadas placas com colônias sugestivas de estafilococos, estreptococos do grupo mutans, bacilos Gram-negativos e leveduras. 4.3.1 Estafilococos Nas colônias caracterlsticas de estafilococos, foram realizados esfregaços corados pelo método de Gram, nos quais foram observadas características morfológicas e tintoriais. A seguir, foi obtida cultura pura em caldo infuso de cérebro-coração (BHI, Difco). Nas culturas puras obtidas foram realizadas as seguintes provas para identificação: a) produção de enzima catalase: foi efetuada colocando-se água oxigenada a 3% (Anexo 8) sobre uma aliquota da cultura pura contendo microrganismos a serem testados, observando-se produção de bolhas de gás, quando a prova é positiva; 37 b) semeadura em ágar salgado: nas amostras produtoras de catalase foi realizado a semeadura por esgotamento em placas de ágar salgado ( 7,5% de NaCI - Synth, p.a.), tendo como base o meio ágar-nutriente (Difco) (Anexo B), essas placas foram incubadas a 37°C durante 24 horas: crescimento neste meio proporciona a diferenciação dos estafilococos dos micrococos e estomatococos que também são catalase-positivos: c) produção de enzima coagulase: para as colônias que cresceram no ágar salgado foi efetuada a prova da coagulase, colocando-se uma alçada de cultura de estafilococos em 0,5mL de plasma humano contendo anticoagulante (heparina). Após incubação de 18-24 horas, foi observada formação de coágulo quando ocorreu produção da enzima coagulase. Na interpretação dos resultados considerou-se presença de estafilococos coagulase-positivo e coagulase-negativo. 4.3.2 Estreptococos do grupo mutans Nas colônias convexas, opacas com aparência de vidro esmerilhado obtidas no meio ágar Mitis Sa/ivarius Bacitracina Sacarose, 38 sugestivos de estreptococos, foram realizados esfregaços corados pelo método de Gram. Quando da presença de cocos Gram-positivos, foram obtidas culturas puras em caldo BHI (Difco). As culturas puras foram submetidas às seguintes provas: a) fermentação de manitol e sorbitol: foi adicionado O, 1 mL de cultura pura do microrganismo (cultura em caldo BHI a 37°C durante 48 horas) em meio base (caldo BHI) contendo o açúcar manitol ou sorbitol e púrpura de bromocresol. Essa cultura foi incubada durante 48 horas a 37°C. Na prova positiva ocorreu a mudança de cor do meio de roxo para amarelo devido à fermentação do açúcar e produção de ácido; b) hidrólise da esculina: foi adicionado 0,1mL de cultura pura do microrganismo em meio base contendo esculina (Anexo B). Essa cultura foi incubada por um período de 48 horas a 37°C. Após o crescimento, foi adicionado cloreto férrico (Anexo B), para observar a formação de cor verde-escuro, quando de prova positiva, ocasionado pela capacidade da bactéria de hidrolisar a esculina; c) hidrólise da arginina: foi adicionado O, 1mL de cultura pura do microrganismo em meio base contendo arginina (Anexo B). Essa cultura foi incubada 48 horas a 37°C. (Anexo C). 39 Após o crescimento, o reativo de Nessler (Anexo B), foi adicionado revelando a presença de amónia na cultura pelo aparecimento da coloração alaranjada. Os resultados foram considerados segundo Jorge21 (1997). 4.3.3 Bacilos Gram-negativos Nas colónias caracteristicas sugestivas de bactérias Gram- negativas que cresceram no ágar Mac Conkey, foram efetuados esfregaços corados pelo método de Gram. Após confirmaçao da presença de bacilos Gram-negativos, foram obtidas culturas puras em ágar nutriente (Anexo B). No ágar Mac Conkey foi também observada a fermentação ou não de lactose. Após incubação de 24 horas a 37°C e confirmação da pureza da cultura, foram efetuadas as seguintes provas bioquimicas: a) utilização de citrato: foi observada a capacidade de a bactéria utilizar citrato como única fonte de carbono. Foi utilizado ágar citrato de Simmons (Difco) em tubo inclinado e pH 6,9. A amostra foi inoculada na área inclinada e incubada a 37°C por 24 a 48 horas. O crescimento com intensa cor azul foi indicativo de teste positivo; 40 b) produção de indol: observou-se a capacidade de formar indol a partir do triptofano. A amostra foi inoculada em caldo de triptofano (Difco) e incubada a 37°C por 24 a 48 horas. Para a leitura, foram adicionadas cinco gotas de reativo de Kovacs (Anexo B). Na prova positiva foi observada a presença de anel vermelho na camada superior do meio de cultura inoculado; c) vermelho de metila: foi observada a capacidade do microrganismo de produzir quantidade de ácido a partir da glicose, apesar da capacidade tamponante do meio. A amostra foi inoculada em caldo MRNP (Difco) e incubada a 37° C por 24 a 48 horas. Para a leitura foi empregado cinco gotas do indicador (Anexo B). No teste positivo a cultura foi suficientemente ácida para manter a cor vermelha do indicador; d) Vogues Proskauer: foi observada a capacidade do microrganismo em produzir acetilmetilcarbinol a partir da fermentação da glicose. A amostra foi inoculada em caldo MRNP(Difco) e incubada a 37°C por 18 a 24 horas . Após crescimento, foi utilizado para leitura o reagente de Barril VP (Anexo B). O teste positivo apresentou coloração rosa na superfície do meio; 41 e) produção de urease: foi utilizado para observar a capacidade do microrganismo de utilizar uréia produzindo amônia como produto finaL A amostra foi inoculada em ágar úreia de Christensen (Difco) pH 6,8, incubada a 37°C por 24 horas. O teste positivo apresentou-se na cor rosa intenso; I) tríplice-açúcar-ferro: foi utilizado para demonstrar a capacidade do microrganismo de produzir sulfeto de ferro e o seu padrão de metabolismo fermentativo. A amostra foi inoculada em superfície e em profundidade no meio tríplice-açúcar-ferro (Triple Sugar lron, Difco) e incubada a37°C por 18 a 24 horas. Na leitura foi observada a viragem do pH do meio para ácido (amarelo), produção de H2S e produção de gás; g) motilidade: realizado para verificação de mobilidade bacteriana. A amostra foi inoculada com agulha em profundidade no meio para motilidade (Motility Test Medium, Difco) e incubada a 37°C por 18 a 24 horas. A presença de turbidez foi indicativo de teste positivo; h) fenilalanina desaminase: foi utilizada para determinação da habilidade do microrganismo em desaminar a fenilalanina com formação de ácido fenilpirúvico com resultante acidez no meio. A amostra foi inoculada em 42 ágar fenilalanina (Difco) e incubada a 37°C por 18 a 24 horas. Para a leitura, foram adicionados quatro a cinco gotas de solução aquosa de cloreto férrico (FeCI2) (Anexo B) a 10%. A presença de cor verde na superfície do meio indicou teste positivo. A interpretação dos resultados foi baseada em Holt19, 1994 (Anexo B). 4.3.4 Leveduras do Gênero Candida Para caracterização das amostras de leveduras isoladas, (colônias esféricas, branco-foscas, com aparência de porcelana e com odor caracterfstico) que cresceram em ágar Sabouraud Dextrose com cloranfenicol (Anexo B) após incubação a 37°C, por um perlodo de dois a sete dias. Para caracterização foram realizadas as seguintes provas: a) formação de tubo germinativo: foi adicionado uma alçada de cultura pura da levedura em tubo contendo 0,5mL de soro estéril de coelho, incubada a 37°C por 2 a 3 horas. Após incubação, colocou-se uma gota da suspensão entre lâmina e laminula, e observou-se em microscopia de luz (aumento de quatrocentas vezes) a presença de tubos germinativos; b) microcultivo: foi utilizado o ágar-fubá tween 80 (Corn Meal Ágar, Difco) distribufdo em lâminas de microscopia no interior de placas de Petri esterilizadas. As amostras de 43 leveduras foram semeadas em estria única sobre o meio de cultura e após colocação da lamínula esterilizada sobre o meio, o conjunto foi incubado a temperatura ambiente por 72 horas. A leitura foi realizada em microscopia de luz (aumento de quarenta vezes), e foi observada produção de pseudo-hifas, clamidoconldios e blastoconídios; c) fermentação de açúcares (zimograma): esta prova baseou-se na fermentação de açúcares (glicose, maltose, sacarose, lactose, galactose) com produção de ácido e gas. Culturas puras de leveduras (24 horas) foram semeadas em caldo vermelho de fenol (Phenol Red Broth, Difco) em tubos de ensaio contendo tubos de Duhran em seu interior, e adicionados diferentes açúcares. A leitura foi efetuada após incubação a 37°C durante 24 horas, observando-se a mudança de cor do meio (vermelho para amarelo) e produção de gás; d) assimilação de açúcares (auxonograma): uma suspensão da cultura pura de cada amostra de levedura foi semeada em profundidade (pour-plate), em meio quimicamente definido (Anexo B). A seguir foram colocados discos de papel embebidos em solução esteril com 10% de sacarose, glicose, galactose, maltose e lactose. Foram 44 incubados a 37°C por 72 horas. A assimilação foi verificada pela formação de halo de crescimento ao redor do açúcar. Os resultados foram interpretados, baseando- se em Sandven55 (1990) (Anexo C). 4.4 Análise estatística dos resultados Foi aplicada nos resultados obtidos análise estatlstica, utilizando-se o teste de t de Student para observar se a redução dos microrganismos pós desinfecção com os diferentes desinfetantes foi significativa ou não ( p.:o0,05). 5 RESULTADOS Nos dez equipamentos odontológicos estudados como controle, observou-se crescimento de microrganismos em todos os pontos analisados: carler do equipamento (P1), encosto de cabeça da cadeira (P2), refletor do equipamento (P3) e pia de lavagem de mãos (P4). As amostras foram coletadas sem procedimento prévio de desinfecção, logo após o término de tratamento odontológico (Tabelas 1 a 4). Na pia de lavagens de mãos, foi observada, através da somatória das médias de ufc/placa nos meios utilizados, maior quantidade de crescimento de microrganismos, mostrando ser o local de maior contaminação dentre os analisados, seguido pelo encosto de cabeça da cadeira. O local onde encontrou-se menor contaminação foi a superfície frontal do refletor do equipamento (Tabela 5). A maior prevalência de microrganismos nos pontos analisados foi de estreptococos bucais, seguido por Staphylococcus coagulase negativos, e leveduras do gênero Candida. Observou-se também, porém em menor quantidade, nos pontos 1, 2 e 3 presença de bacilos Gram-negativos (Quadro 1, Tabelas 1 a 4). Após o processo de desinfecção com os desinfetantes utilizados, foi observada redução da quantidade de microrganismos nos 46 pontos selecionados, sendo eles: carter do equipamento (Tabela 1), encosto de cabeça da cadeira do equipamento (Tabela 2), superfície frontal do refletor do equipamento (Tabela 3) e pia de lavagem de mãos (Tabela 4). Após processo de desinfecção com os desinfetantes selecionados, observou-se redução estatisticamente significativa (p:õ0,05) para o álcool etílico 77°GL, nos pontos 1, 2 e 4. No ponto 3 verificou-se redução não significativa para microrganismos Gram-negativos. Após utilização do desinfetante iodo povidine, obteve-se redução significativa (p:õ0,05) para todos os pontos desinfetados, exceção para bactérias Gram-negativas no ponto 3; o mesmo ocorreu após desinfecção com o desinfetante clorexidina. No processo de desinfecção com compostos fenólicos observou-se redução significativa (p:õ0,05) dos microrganismos nos pontos 1, 2 e 4. Não houve redução, entretanto, estatisticamente significativa no ponto 3 para os microrganismos Gram-negativos e estreptococos bucais (Quadro 2). A atividade de cada desinfetante frente aos diferentes tipos de microrganismos encontrados pôde ser observada após comparação entre as médias de ufc/placa em equipes não desinfetados e em equipes desinfetados. O desinfetante mais efetivo contra bactérias Gram-positivas foi a clorexidina (média de ufc/placa de 2,3) seguido pelo composto 47 fenólico (média de ufc/placa de 4,6), iodo povidine (média de ufc/placa de 7,3) e álcool etílico a 77°GL (média de ufc/placa de 12,4) (Tabela 5). A atividade de cada desinfetante frente aos diferentes tipos de microrganismos (Anexo A) demonstrou que o iodo povidine foi o desinfetante que apresentou maior efetividade para leveduras do gênero Candida, seguido por álcool etnico a 77°GL, clorexidina e composto fenólico. Para bactérias Gram-negativas verificou-se efetividade no processo de desinfecção para todos os desinfetantes analisados (Anexo A). Observou-se que para a redução de estreptococos do grupo mutans, o desinfetante clorexidina foi o mais eficiente, seguido pelo álcool etilico a 77°GL, iodo povidine e composto fenólico (Anexo A). ' I 48 QUADRO 1- Microrganismos encontrados nos diferentes locais dos equipamentos odontológicos estudados Pontos 1 2 ' ' 3 ' ' 4 ' I ' ' Locais do Equi amento Carter Encosto de cabeça Superfície frontal do Refletor Pia de lavagem de mãos ' ' ' Microrganismos Staphy/ococcus coagulase negativa Streptococcus sanguis Streptococcus mitior Enterobacter sakasakii Staphy/ococcus coagulase negativa Streptococcus mitior Serratia rubideae Estreptococos do grupo mutans Streptococcus salivaríus Candida a/bicans Enterobacter aa/omerans Staphy/ococcus coagulase negativa Streptococcus sanguis Candida parapsilosis Candida guíl/iermondii Candtda albtcans ' ' ' ' 49 Tabela 1 - Médias e desvio padrão de ufc/placa encontrados em superfície do catter do equipamento odontológico, nos meios de cultura utilizados antes e após desinfecção com diferentes desinfetantes Desinfetantes Agar Agar AgarMac Agar Sangue MSBS Conkey Sabouraud Controle 58.85.:!:1 06.183.85.:!:5.28 0,55.:!:1 '19 1,5.:!:2,37 lodo Povidine 0.1.:!:0.31 0.:!:0 0.:!:0 0.:!:0 Álcool etilico 77°GL 0,7.:!:1,06 O.:!: O 0:!:0 0:!:0 Clorexidina 0.7:!:2,21 0:!:0 0:!:0 0,1:!:0,31 Composto 0,9:!:1 ,60 O, 1:!:0,31 0:!:0 0,1:!:0,31 Fenólico MSBS Mitis Salívarius bacitracina sacarose Tabela 2 - Médias e desvio padrão de ufc/placa encontrados em superfície do encosto de cabeça do equipamento odontológico, nos meios de cultura utilizados antes e após desinfecção com diferentes desinfetantes Desinfetantes Agar Agar AgarMac Agar Sangue MSBS Conkey Sabouraud Controle 65,6:!:69,09 9,75:!:7,14 0,35:!:0,49 3,0:!:5,60 lodo Povidine 2,9:!:6, 17 0,2:!:0,42 0:!:0 0:!:0 Álcool etllico 77°GL 3,3:!:2,91 0,2:!:0,63 0:!:0 0:!:0 Clorexidina 0,8:!:1 ,03 0:!:0 0:!:0 0,1:!:0,31 Composto 1 ,5:!:1 ,24 O, 1:!:0,31 0:!:0 0,2.:!:0,42 Fenólico MSBS - Mitis Sa/ivanUs bacitracina sacarose 50 Tabela 3 - Médias e desvio padrão de ufc/placa encontrados em superfície frontal do refletor do equipamento odontológico, nos meios de cultura utilizados antes e após desinfecção com diferentes desinfetantes. Desinfetantes Agar Agar Agar Mac Agar Sangue MSBS Conkey Sabouraud Controle 14,5:!',17,23 4,0:!',8,19 0,15+0,37 1 ,2:!:1 ,54 lodo Povidine 1 ,2:!:1 ,62 0:!:0 0:!:0 O:!: O Alcool etllico 1 ,3:!:1 ,63 0:!:0 0,1+0,31 O:!: O 77°GL Clorexidina 0,4:!:1 ,26 0:!:0 0:!:0 0:!:0 Composto 0,5:!',0,53 0,6:!:1 ,27 0:!:0 0:!:0 Fenólico MSBS - Mitis Sa/ivarius bacitracina sacarose Tabela 4 - Médias e desvio padrão de ufc/placa encontrados em superfície da pia de lavagem de mãos do equipamento odontológico, nos meios de cultura utilizados, antes e após desinfecção com diferentes desinfetantes. Desinfetantes Agar Ágar ÁgarMac Agar Sangue MSBS Conkey Sabouraud Controle 106, 15:':127,54 14, 15:!',23,38 0,6:!',0,82 2,5:!:4,38 lodo Povidine 2,8:!',3,39 O, 1:!:0,31 0:!:0 O:!: O Alcool etllico 77°GL 6,8:!:15,48 O:!: O 0:!:0 O, 1:!:0.31 Clorexidina 0,2:!'_0,42 0:!:0 0:!:0 0:!:0 Composto 0,9:!',0,88 O, 1:!:0,31 0:!:0 0,3:!',0,48 Fenólico MSBS Mitis Salívarius bacitracina sacarose ~ ~ Tabela 5- Somatória das médias de ufc/placa do grupo controle e dos grupos de desinfetantes estudados em todos os meios de cultura utilizados, de acordo com cada ponto de coleta Pontos de coleta Somatória das médias de ufc/placa Controle Alcool etílico lodo Povidine Clorexidina Composto 77°GL Fenólico Carter 64,75 0,7 0,1 0,8 1,1 Encosto de cabeça 78,75 3,5 3,1 0,9 1 '1 Superfície frontal do reflelor 19,85 1,4 1,2 0,4 1 '1 Pia de lavagem de mãos 123,40 6,8 2,9 0,2 1,3 Total 286,75 12,4 7,3 2,3 4,6 52 QUADRO 2 - Resultados da análise estatlstica através do teste t de Student nas comparações entre as médias de ufc/placa iniciais e após uso de desinfetantes de superfície, considerando-se diferença de 5 e 1%. 77'GL s s s s s s s s ns s s s ns s s s s ns s s ns s s ns s s s s s s s ns s s s ns s s s s ns s ns ns s s ns s ns i s s s s s s s s ns s s s s s i s s s s s s ns ns s s ns s ns s s s s s s ns ns s s s s s sacarose; ; s: significativo; ns: não significativo ns s s s s ns ns s s ns s s 6 DISCUSSÃO Muito embora longe de ser a principal causa das transmissões de infecções, existem inúmeros indícios de que o ambiente pode ser causa importante de infecção cruzada (Johnson20, 1990). No presente trabalho, observamos nas superflcies dos equipamentos odontológicos analisados, após procedimentos rotineiros, o depósito de grandes quantidades de microrganismos totalizando uma somatória das médias de ufc/placa de 286,75 (Tabela 5). Esses microrganismos foram possivelmente lançados pela utilização de instrumentos geradores de aerossol bucal, como canetas de alta e baixa rotação e aparelhos ultra-sônicos. Esses aparelhos lançam, aproximadamente um metro ao redor da área operatória, spray salivar repleto de uma infinidade de microrganismos provenientes da cavidade bucal. As mãos contaminadas do profissional em contato com diversas superfícies também contribuem para espalhar microrganismos, proporcionando o aumento do risco no processo de transmissao desses microrganismos entre pacientes e entre os membros da equipe odontológica (ADA3, 1978; Miller", 1992; Samaranayake et ai. 54, 1993; Signoretto et al.62, 1994; Cannata et al.12, 1997; Noro et al.46, 1998). 54 Legnani et al.26 (1994), observaram que a uniformidade do fndice de microrganismos transportados pelo ar, encontrados em diferentes partes do consultório, indicam que a dispersão do aerossol no ar é homogênea e as partículas transmitidas contaminam superfícies mesmo a uma certa distância da boca do paciente. Os autores observaram também que a carga microbiana aeróbia e anaeróbia transmitida pelo ar variam de acordo com diferentes horários de coleta, tendo um pico máximo de ufc/m3 durante o tratamento dentário, sendo que os valores mínimos e máximos encontrados pelos autores variam de 171 a 1846 ufc/m3. Os autores conclufram ainda que a situação era agravada depois de um dia de trabalho de oito horas, devido ao acúmulo de contaminação. Dentre os microrganismos observados, obtivemos em nossos estudos maior prevalência de estreptococos bucais totalizando uma média de 7,8 ufc/placa, (estando presentes em todas as superflcies analisadas). As amostras foram coletadas sem procedimentos de desinfecção e após procedimentos de rotina (Quadro 1). Os resultados do presente trabalho concordam com Nora et al.46 (1998) que, estudando contaminação do ambiente dentário através da evidenciação de microrganismos transmitidos em três regiões distintas (superfície da cadeira da clinica dentária, sala de espera e laboratório de pesquisa), observaram que a maior quantidade de microrganismos presentes foi estreptococos alfa-hemoliticos em torno de 75%. 55 Hackney Junior et al. 18 (1998) também demonstraram em 45 amostras coletadas de superfícies limpas do consultório antes do tratamento dentário, a presença de estreptococos alfa-hemollticos em 7% das coletas. Entretanto, em uma nova coleta após tratamento dentário onde as superfícies foram tocadas ou foram potencialmente contaminadas com saliva, 54% delas mostraram-se positivas para estreptococos alfa- hemolíticas, indicando que esse microrganismo é intensamente encontrado em superfícies do consultório dentário, podendo ser usado como indicador de contaminaçao ambiental. A alta prevalência desse microrganismo é explicada pela grande quantidade existente na cavidade bucal, a maioria fazendo parte da microbiota indígena dessa região (Signoretto et al61 , 1994; Jorge22 , 1998; Nisengard & Newman44, 1994). Estreptococos alfa-hemolíticas sao comuns na boca de seres humanos e sao de fácil detecção em culturas de ágar sangue, sendo por esse motivo um indicador lógico de contaminação bucal, indo de encontro com critérios mencionados anteriormente. A extensiva detecção desse microrganismo em superfícies desprotegidas e com desinfecção inadequada tem sido interpretada como grande potencial para contaminação cruzada (Hackney Junior18 et ai. 1998). Esses microrganismos têm sido utilizados como indicadores de monitoramento de contaminação ambiental dentro da clínica odontológica durante procedimentos odontológicos. A fácil detecçao dos estreptococos bucais 56 no ar do consultório indica grande possibilidade de infecção (Stephens et al.63, 1994; Noro et al.45 , 1995}. Após a utilização da caneta odontológica com aerossol, em um único paciente, foram encontrados mais de mil Streptococcus mutans (Ferreira 17, 1995}. Outro microrganismo encontrado nos resultados do presente estudo foi Staphylococcus coagulase negativo, estando presente em três das quatro superfícies analisadas; carter, encosto de cabeçada cadeira e pia de lavagens de mãos (Quadro 1 ). As colônias desses microrganismos foram selecionadas baseando-se em suas características coloniais no meio de cultura ágar sangue, utilizado para contagem total de microrganismos. A média de ufc/placa não foi calculada para estafilococos, pois o meio de cultura ágar sangue não é seletivo, e a média não resultaria em sua real representatividade. Esses microrganismos sao encontrados na pele e mucosas de seres humanos, sendo responsáveis por muitas infecções hospitalares. São também capazes de sobreviver por um longo período de tempo em superfícies secas. A transferência desses microrganismos para indivíduos susceptfveis pode ocorrer por cantata direto ou através de fômites, sendo portanto importante no processo de infecção cruzada (Murray et al.43, 2000). Signoreto et al61 (1994), relataram que estafilococos ao contrário de estreptococos bucais, são utilizados como índice da presença 57 humana, pelo fato de os mesmos geralmente colonizarem toda a superfície de seres humanos. Os autores observaram a presença desse microrganismo em cargas variáveis em todos os locais estudados. Leveduras do gênero Candida, também foram encontradas nos resultados do presente trabalho, em alguns equipamentos na superfície frontal do refletor e pia de lavagens de mãos, totalizando uma média de 2,05 ufc/placa. Nesta última superfície citada foram encontradas Candida a!bicans, Candida guilliermondii e Candida parapsilosis, provavelmente porque a umidade presente neste local favoreceu o crescimento e a sobrevivência desses microrganismos. A Candida a/bícans também foi encontrada em outras superfícies analisadas. A presença de leveduras do gênero Candida na cavidade bucal, fazendo parte da microbiota comensal dessa região, tem sido extensivamente comprovada por pesquisadores que reportam a sua presença em indivíduos normais em torno de 20 a 50%, sendo Candida a!bicans o mais comum patógeno do grupo, em torno de 17 a 75% (Webb et al 67, 1995; Willians et al.68, 1997; Rindum et ai. 50, 1994; Jorge24 et ai., 1997). Brambilla et al.11 (1992), observaram que dentre amostras de saliva de 127 crianças, 51( 40,1%) apresentavam leveduras, sendo a espécie C. albicans a mais encontrada (97% das amostras positivas). Portanto, o fato de termos encontrado essas leveduras nas superfícies dos equipamentos, levadas por aerossol salivar ou por dedos 58 contaminados, mostra processo de contaminação das mesmas por esse microrganismo, que apesar de fazer parte da microbiota, são consideradas microrganismos oportunistas, podendo desencadear em pacientes com imunossupressão associados a medicamentos e pacientes imunodeprimidos pela infecção pelo virus da AIOS dentre outros, processos de infeção oportunistas locais principalmente em mucosas vaginal e bucal, pele ou infecções sistémicas decorrentes de infecção cruzada ( Willians et aL68, 1997). Nos resultados do presente trabalho observa-se menor quantidade de microrganismos Gram-negativos, totalizando uma média de 0,4 ufc/placa, estando presente em três superficies das quatro estudadas. Identificamos duas espécies do gênero Enterobacter e uma do gênero Serratia; achados similares a resultados encontrados em estudos feitos por Sedgley & Samaranayake60 (1994), onde observa-se que dentre todos os bacilos Gram-negativos encontrados em seus resultados, 73% eram pertencentes ao gênero Enterobacter. Esses microrganismos não são considerados residentes da microbiota da cavidade bucaL Entretanto, Santos & Jorge56 (1998), reportaram a presença desses microrganismos na cavidade bucal de 51% de indivíduos normais em amostragens de saliva. Os autores concluíram que a presença dos mesmos pode estar relacionada ao número elevado de coliformes na água de abastecimento e nos alimentos. Esses microrganismos, em particular os da familia Enterobacteriaceae, fazem 59 parte da microbiota normal do intestino de indivíduos normais (Holt et aL19, 1994). Por esse motivo, é reportado por vários autores que mesmo uma pequena quantidade desses microrganismos em locais fora do seu habitat natural, pode indicar contaminação fecal, principalmente por higenização e limpeza inadequada. Após processos de desinfecção nas superfícies analisadas, observamos que todos os desinfetantes testados no presente trabalho mostraram redução significativa na maioria dos microrganismos encontrados. O desinfetante a base de iodo (lodóforo-PVPI), demonstrou no presente trabalho ação eficaz contra todos os microrganismos, apresentando redução estatisticamente significativa (p,;0,05) em todos os pontos desinfetados, exceto no ponto três, para bactérias Gram- negativas, provavelmente devido à presença de pequena quantidade desse microrganismo nessa superffcie. Quando comparado com os outros três desinfetantes analisados, o iodo mostrou-se menos eficiente que a clorexidina e o composto fenólico e mais eficiente que o álcool etílico 77°GL. Os resultados do presente trabalho concordam com estudos realizados por Autio et al 6 (1980), que demonstraram que apesar de 5% de iodo diluldo em 70% de álcool isopropllico não ser o melhor agente antimicrobiano a ser utilizado em ambiente cllnico de higiene dentária, foi o desinfetante 60 mais eficaz quando comparado com álcool isopropílico 70%, que é comumente utilizado nessas clínicas. Os desinfetantes a base de iodo são aprovados pelo EPA como desinfetante hospitalar, de nível intermediário de desinfecção, sendo tuberculocida e viricida com ação em vírus lipofilicos e hidrofilicos, tendo uma ação limpante e desinfetante (ADA5, 1996; Terezhalmy & Gitto64, 1998). Shikani et al.62 (1996), demonstraram a inativação do vírus HIV in vitro pelo iodo complexado com poliuretano. Os autores observaram que este complexo desinfetante é bastante estável, e o iodo só começa a ser liberado depois que o pollmero entra em contato com fluidos contaminados, inativando 4x105 partículas de vlrus HIV (semelhante às proporções encontradas em ambiente de consultórios odontológicos) em um período de 15 a 30 segundos. Os desinfetantes a base de iodo, entretanto, possuem a desvantagem de serem inibidos quando em contato com água rica em sais de cálcio e magnésio e podem também alterar a cor de alguns tipos de superfícies, o que constitui a principal reclamação em relação a esse produto. Podem ainda ter ação corrosiva (Ministério da Saúde36, 1994; Lima & lto27, 1995; Jorge22, 1998). As novas gerações de derivados de iodo, conhecidos como iodóforos, mantém sua ação germicida, e possuem efeito cáustico menos acentuado. Um dos veículos mais utilizados nos iodóforos é a 61 polivinilpirrolidona (PVP). Esse agente estabiliza o iodo e vai liberando íons lentamente para o ambiente ou tecidos, conferindo-lhe ação antimicrobiana residual; possuem atividades tanto limpante como desinfetante (Miller30, 1992; Ferreira17, 1995; Verhagem66, 1998). Nos resultados obtidos no presente trabalho não foi observado nenhum tipo de manchas sobre as superfícies após o processo de desinfecção, comprovando o relato da melhora do produto que se refere quando do uso do PVP a esse tipo de desvantagem. Quando a diluição do iodo for efetuada utilizando veiculo aquoso, o mesmo deve ser preparado usando apenas água destilada ou água pobre em cálcio e magnésio, pois essas substâncias podem inativá- lo (Molinari38, 1990). Existe vasta literatura mostrando a ineficiência do álcool etílico como desinfetante de superflcie, inclusive não sendo aprovado pelo CDC e EPA para esse fim. A ineficiência relatada é decorrente da propriedade do álcool em precipitar protelnas teciduais que normalmente estão presentes no sangue e na saliva, podendo, portanto, serem carreadas pelo aerossol salivar ou mãos contaminadas de profissionais e depositarem-se nas superfícies ambientais.A precipitação de protelnas pelo álcool torna essas protefnas insolúveis e adesivas à maioria das superfícies; com isso uma cobertura de matéria orgânica desnaturada pode proteger os microrganismos dos efeitos destrutivas do álcool por perlodos prolongados. Outro fator discutido com relação à ineficiência do 62 álcool etílico como desinfetante de superfície é sua rápida evaporação, limitando a sua atividade sobre vírus e bactérias com cobertura protéica (Molinarí38, 1990; Cottone & Molinari13, 1991; Samaranayake et al.54, 1993; Secretaria do Estado de São Paulo59, 1993; Jorge23, 1998). Entretanto, na ausência de exudatos purulentos repletos de proteínas, o álcool é ativo contra vírus lipofílicos, é bactericida, fungicida e tuberculocida (Secretaria do Estado de São Paulo59, 1993). Sua característica de solubilizar lipídios acentua sua ação, sendo efetívo sobre envelopes de vírus. É também utílizado como solvente em outros desínfetantes no intuito de lhes conferir melhores propriedades (Verhagen66, 1998). Utilizou-se no presente trabalho o álcool etílico na concentração de 77°GL, por ser mais eficiente que o álcool absoluto. A maior eficiência é decorrente da facilitação no processo de desnaturação protéica proporcionado pela água, conferindo-lhe uma ação germicida mais eficaz do que quando puro. Quando comparamos a ação do álcool etilico na desinfecção de superfícies, observamos que ele foi o menos eficiente, totalizando uma média de 12,4 ufc/placa (Tabela 5). Entretanto, observamos que o processo de redução microbiana após a sua utilização foi estatisticamente significante para todos os locais desinfetados e frente a todas as bactérias descritas, exceto no ponto três onde obtivemos o mesmo resultado para 63 todos os desinfetantes testados, provavelmente devido à pequena quantidade de microrganismos encontrados (Quadro 5). Na Tabela 1, onde foi analisada a redução de microrganismos frente ao controle no carter do equipamento, o desinfetante mais efetivo foi o iodo povidine, seguido pelo álcool etílico. A ação do álcool nessa superfície foi mais eficaz que o desinfetante clorexidina e o desinfetante a base de composto fenólico. Essa ação provavelmente é decorrente de procedimentos pré-estabelecidos nas clínicas do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté, onde se preconiza a utilização de pano de campo esterilizado sobre a superfície do carter. Essa proteção deve barrar ou diminuir a concentração de proteínas da saliva ou do sangue, proporcionando assim uma ação mais eficaz do álcool na ausência ou baixa concentração dessas proteínas. Um componente novo no mercado a base de álcool (Virao~ foi testado por Stephens et al.63 (1994). Esse desinfetante é composto por 70% de álcool isopropilico adicionado de 30% de substâncias inertes, mas que possuem efeitos realçantes. Os autores observaram ação bactericida extremamente eficaz dentro da limitação do teste, onde foi utilizado um painel de microrganismos aeróbios e anaeróbios. A análise foi realizada pelos autores, em meios de culturas com ausência de proteínas teciduais. Esse produto é atualmente aprovado pelo EPA como desinfetante de superfície. 64 Van Bueren et al.65 (1994}, demonstraram a inativação do virus HIV (104 unidades de infecção/ mL-1) pelo álcool etílico a 70% em culturas liquidas independente da quantidade de proteínas existentes no meio. Entretanto, essa atividade foi diminuída quando se testou vlrus secos sobre superflcíes, devido à rápida evaporação e, provavelmente, pela precipitação de proteínas. Nos resultados do presente estudo, observou-se redução estatisticamente significativa, apesar de o álcool etílico não ser o melhor desinfetante testado. Esses resultados levam-nos a sugerir que se for efetuado um processo de limpeza adequado, com fricção vigorosa sobre a superfície a ser desinfetada para a remoção de protelnas teciduais do sangue ou saliva, o álcool etllico 77°GL pode ser utilizado, apesar de todos os indicias sobre sua ação na desinfecção de superflcie. Nos estudos realizados no presente trabalho, o desinfetante a base de composto fenólico utilizado (Duplofen) mostrou eficiência na redução microbiana das superficies analisadas (Tabela 2, 3 e 4), sendo classificado dentre os desinfetantes testados, o segundo melhor no que se refere aos microrganismos encontrados, totalizando uma média de 4,6 ufc/placa (Ta bela 5). Esse resultado já era esperado, pois esse desinfetante é aprovado pelo EPA e pelo CDC como desinfetante de superflcie, sendo ao mesmo tempo um agente limpante e desinfetante que mantém sua atividade e efetividade em presença de compostos orgânicos. Também 65 são eficazes em presença de detergentes, mostrando resultados excelentes para desinfecção de superfícies (Cottone & Molinari13, 1991). Signoretto et al 61 (1994), propuseram a volatização do ar através de aparelhos geradores de aerossóis contendo desinfetante a base de compostos fenólicos (Biophen G) e clorexidina (Aeroxina forte). Os autores observaram que o desinfetante a base de composto fenólico reduziu, ao final de 30 minutos a uma distância de 0,5 e 5 metros da origem do aerossol, em torno de 90% dos microrganismos existentes no ambiente da clínica odontológica. Os autores observaram também que o composto fenólico foi menos eficiente que a clorexidina no processo de redução microbiana. Com relação a esses desinfetantes, os resultados do presente trabalho concordam com os dos autores citados. Na comparação entre esses dois desinfetantes observamos que a clorexidina no processo de desinfecção de superficies foi mais efetiva do que o composto fenólico, apesar de o mesmo possuir um efeito eficaz no processo de redução de microrganismos nas superficies estudadas. A capacidade dos desinfetantes à base de composto fenólico agir como venenos plasmáticos precipitando proteínas e a capacidade deinterferir no metabolismo da parede celular, dentre outras vantagens, confere a esse produto a capacidade de desinfecção segura aos locais aplicados. Como todos os desinfetantes, também possuem desvantagens, necessitando de uma avaliação quando do processo de 66 escolha de um desinfetante adequado (Secretaria do Estado de Saúde de São Paulo59, 1993). De todos os desinfetantes testados, a solução a 5% de clorexidina em álcool etílico 77°GL foi o desinfetante que proporcionou maior redução microbiana nos resultados desse trabalho, totalizando uma média de 2,3 ufc/placa (Tabela 5). Samaranayake53, (1993) reporta que solução alcoólica de gluconato de clorexidina é amplamente utilizada como desinfetante de superfície em diversos países, com exceção dos Estados Unidos. Os resultados deste trabalho concordam com estudos feitos por Signoretto et al61 (1994), que observaram através da volatização do ar, que a clorexidina foi mais eficaz na redução microbiana do ambiente, diminuindo de 1 a 30 minutos a população de microrganismos em 90%. Para S. mutans e S. sa/ivarius a redução obtida pelos autores foi de 99,9% em 15 minutos. Mimoz et al.34 (1999), compararam a redução microbiana pela clorexidina (solução alcoólica de 5% de clorexidina) e pelo iodo (solução aquosa de 10% de iodo povidona), em preparação de pele para cultura de sangue (flebotomia periférica) em pacientes de três unidades de terapia intensiva de um hospital francês. Os autores observaram que de 2.041 culturas de sangue em 403 pacientes, 124 apresentaram patógenos. A clorexidina reduziu a incidência de contaminação da cultura de sangue mais intensamente que o iodo povidona. A taxa de redução 68 hipersensibilidade tipo I em uma mulher de 18 anos e em um rapaz de 15 anos após cantata de feridas cirúrgicas com o desinfetante, durante intervenção ortopédica. Os autores concluiram que o cantata com o desinfetante (Lavasept) pode desencadear reações