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Aspectos gerenciais da auditoria na gestão da qualidade Licensed to Adriana da Silva maia - drickamaia@hotmail.com - 098.848.067-05 SST Cassol, Mauricio Aspectos gerenciais da auditoria na gestão da qualidade / Mauricio Cassol Ano: 2020 nº de p.: Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 13 Licensed to Adriana da Silva maia - drickamaia@hotmail.com - 098.848.067-05 3 Aspectos gerenciais da auditoria na gestão da qualidade Apresentação Nesta unidade, abordaremos sobre auditoria na gestão da qualidade,. Veremos que a auditoria, seja ela de sistemas, processo, seja de produto, tem por objetivo principal verificar (auditar) nos diferentes níveis de gestão de qualidade se os sistemas, processos e produtos, estão em conformidade com os padrões de qualidade estabelecidos no planejamento da qualidade. O modelo de zaire O modelo de “blocos de construção”, proposto por Zaire, estabelece que o TQM depende de fases construtivas, estabelecidas por uma estrutura similar à construção de uma casa. Assim, estabelece-se como fases a fundação, os pilares de sustentação e o telhado, sendo que,em cada uma delas, são definidas as ações e os elementos necessários para sua construção. A figura a seguir apresenta graficamente o modelo de TQM de Zaire (CARVALHO; PALADINI, 2012) Modelo de qualidade de blocos de construção Controle estatístico de processo e da qualidade Cadeia Fornecedor Usuário Sistema de Gerenciamento e Controle Flexibilidade do processo Projeto local de trabalho MELHORIA CONTÍNUA ENVOLVIMENTO DE FUNCIONÁRIOS GERENCIAMENTO DE ATIVIDADES QUE ADICIONAM VALOR Liderança Planejamento da qualidade Visão para competitividade de classe mundial Fundação Pilares Topo Fonte: Carvalho e Paladini (2012, p. 98). Licensed to Adriana da Silva maia - drickamaia@hotmail.com - 098.848.067-05 4 Como podemos observar na figura anterior, o modelo proposto por Zaire complementa vários dos elementos do TQM, demostrando as semelhanças e complementariedades dos diversos modelos. O autor defende ainda que a existência desses blocos e a ligação entre eles determinam a rigidez e a segurança da organização. Assim, uma fraqueza em uma determinada parte do modelo pode ocasionar um efeito desastroso no progresso da TQM na organização como um todo (CARVALHO; PALADINI, 2012). TQM perde sua eficácia Mesmo os programas de TQM mais bem-sucedidos, em sua implantação não são infalíveis, ou seja, não representam a garantia de que continuarão gerando melhorias no longo prazo. Assim, podem perder a força com o passar do tempo. Esse fenômeno vem sendo descrito de diversas maneiras como “desilusão da qualidade” e “enfraquecimento da qualidade”. Muitos pesquisadores e consultores que experimentaram esse fenômeno de enfraquecimento da qualidade apresentam algumas prescrições que visam reduzir o risco disso acontecer. Segundo Slack, Brandon-Jones e Johnston (2015), invariavelmente essas prescrições incluem o seguinte: • Não limitar muito a definição de qualidade em TQM; ela deve incluir todos os aspectos de desempenho, ou seja, os objetivos globais de desempenho da administração de produção. • Fazer com que toda a melhoria de qualidade se relacione aos objetivos de desempenho da operação. TQM não deve ser um fim em si mesma, é o meio de melhorar o desempenho. • TQM não é substituta das atividades de liderança gerencial normal. Gerentes ineficazes não se tornam melhores simplesmente adotando a TQM. • TQM não é algo que se compra e “liga” na empresa como se fosse uma atividade independente de outras na organização. Pelo contrário, deve fazer parte de um processo de construção da qualidade que faz parte do diaadia da empresa. Saiba mais Licensed to Adriana da Silva maia - drickamaia@hotmail.com - 098.848.067-05 5 • Evitar euforia demasiada. A TQM exerce uma considerável atração intuitiva para muitas pessoas. Muitas vezes, é tentação explorar técnicas motivacionais por meiode slogans de exortação, deixando de lado planos profundos e criativos. • Adaptar a TQM às circunstâncias da organização. Organizações diferentes terão necessidades distintas, dependendo das conjunturas que atravessam. Isso significa que muitosaspectos da TQM podem tornar-se mais ou menos importantes Saiba mais Auditoria na gestão da qualidade Auditar é diferente de uma checagem ou verificação rotineira, pois ocorre nas operações do diaadia das empresas, enquanto as auditorias são periódicas e documentadas por meio de relatórios elaborados por auditores, tanto externos quanto internos. Na prática, a auditoria visa comparar se o “discurso de qualidade da empresa”, o que ela fala e escreve, é coerente com o que pratica em termos de qualidade de sistemas, processos e produtos. Um programa de auditoria deve ser planejado levando em consideração a situação e a importância dos processos e as áreas a serem auditadas, bem como os resultados das auditorias anteriores para que se possa observar a evolução dos itens auditados e se está havendo a melhoria contínua. Os critérios da auditoria, escopo, frequência e métodos, devem ser definidos e divulgados para o auditado, de forma a provocar melhorias antecipadas em seu sistema de gestão da qualidade, pois a auditoria da qualidade é mais educativa do que punitiva (MARSHALL, 2010). A NBR ISO 19011:2012, que descreve as diretrizes para auditorias de sistemas de gestão, define auditoria da seguinte maneira: “processo sistemático, documentado e independente para obter evidência de auditoria e avaliá-la objetivamente para determinar a extensão em que os critérios de auditoria são atendidos” (CHIROLI, 2018, p.198). É um processo sistemático, pois refere-se à necessidade de o processo de auditoria ser estruturado e direcionado. Licensed to Adriana da Silva maia - drickamaia@hotmail.com - 098.848.067-05 6 Quanto à independência, esta assegura que não haja nenhum preconceito no processo, visto que a avaliação das observações precisa ser objetiva e baseada em evidências objetivas. Somente dessa maneira, o auditor pode determinar se os propósitos da autoria foram atendidos plenamente (O’HANLON, 2009). Em outras palavras, a auditoria garante às organizações benefícios que vão muito além de um mero certificado de garantia que, muitas vezes, apenas fica exposto na parede para que todos vejam. Ela fornece valor pelo fato de avaliar de maneira sistemática, identificar pontos de divergência no cumprimento de requisitos de normas da qualidade, e, a partir de seus resultados, estabelecer meios para a melhoria dos processos e da qualidade em uma organização (CHIROLI, 2018). Necessidade de auditoria para a qualidade da organização Fonte: Deduca, 2020. Desse modo, esse exame formal permite às pessoas de uma organização, ao serem entrevistadas, compreenderem a importância de seu papel no cumprimento dos objetivos organizacionais. Por isso, para ocorrer o processo de auditoria, este deverá ser planejado, de modo a permitir maior direcionamento nas ações realizadas, visando alcançar os objetivos propostos, ou seja, foco na melhoria, no atendimento à conformidade, na eficácia, no atendimento à regulamentação, bem como no registro das auditorias (CHIROLI, 2018). Para alcançar tais objetivos, faz-se necessário o exame de processos, com o intuito de corrigir falhas inerentes a eles, tendo sempre o foco na melhoria contínua. É por Licensed to Adriana da Silva maia - drickamaia@hotmail.com - 098.848.067-05 7 esse motivo que tanto as ISO 9001 como outras normas de sistemas de gestão semelhantes exigem a inclusão dos resultados das auditorias como parte do processo de revisão da gestão (CHIROLI, 2018). Desse modo, a auditoria de qualidade é sempre executada em sistemas documentados. Afinal, somente por meioda avaliação, é possível saber se a documentação cumpre com o objetivo que define a qualidade da organização, se as atividades realizadas estão em conformidade com osistema documentado, bem como se o sistema de qualidade é eficaz no que diz respeito à documentação e sua implementação no cumprimento dos objetivos de qualidade definidos e nos requisitos legais e de segurança (CHIROLI, 2018). Portanto, a auditoria é um dos elementos-chave na busca dos objetivos definidos pela organização, devendo ser executada para: • determinar a conformidade ou não dos elementos do sistema de qualidade com os requisitos especificados; • definir a eficácia do sistema de qualidade implementado no cumprimento do objetivo da qualidade especificada; • identificar oportunidades para melhorar o sistema de qualidade; • reconhecer pontos para a tomada de decisão; e, • identificar treinamentos específicos e sua eficácia. • Durante uma auditoria, o auditor deve seguir algumas orientações importan- tes para cumprir os objetivos de sua prática: • não ser tendencioso; • manter a mente aberta; • ser imparcial; • ser paciente; • lembrar ao participante que a auditoria é importante para a melhoria contí- nua; • sempre indicar os fatos; • não corrigir a pessoa no lugar em que ela trabalha; • fazer o relatório com precisão e clareza; • estar familiarizado com o procedimento. Licensed to Adriana da Silva maia - drickamaia@hotmail.com - 098.848.067-05 8 Tipos de auditoria da qualidade Existem três tipos de auditoria da qualidade, a saber: de primeira parte (interna), segunda e terceira partes (externa). Auditoria de primeira parte (interna):ocorre quando os colaboradores da empresa realizam uma auditoria sobre o seu próprio sistema de qualidade. Para que esse processo interno seja eficaz, é fundamental o treinamento, para que o auditor interno seja imparcial na avaliação do setor/processo a ser auditado. Auditoria de segunda parte, ou do fornecedor (externa): realizada pela organização cliente sobre a organização fornecedora. Ou seja, o cliente deseja ter certeza de que as práticas executadas pelos seus fornecedores atendem realmente às especificações de qualidade por ele desejadas. Esse tipo de auditoria garante maior credibilidade entre os contratos estabelecidos pelas organizações em suas cadeias de suprimentos. Auditoria de terceira parte, ou de certificação (externa): realizada por organismos independentes. Se após a realização da auditoria da qualidade for comprovado o atendimento aos padrões, a certificação é concedida à empresa; caso contrário, ela deve se adequar, sendo concedido, para isso, um prazo. Independentemente de qual for o tipo de auditoria realizada, todas são fundamentais para o processo de melhoria contínua. Atenção No entanto, as auditorias externas são realizadas com um espaço de tempo maior. Elas são feitas, por exemplo, quando o cliente tiver dúvidas no cumprimento de algum requisito para fechar um novo contrato (CHIROLI, 2018). Já a auditoria interna constitui uma função contínua, completa e independente, com o intuito de verificar a existência, o cumprimento, a eficácia e a otimização dos controles internos, contribuindo para o cumprimento dos objetivos organizacionais (CHIROLI, 2018). Ainda, em relação às classificações da auditoria da qualidade, além dasauditorias internas, ou de primeira parte, e auditorias externas de segunda e terceira partes, Licensed to Adriana da Silva maia - drickamaia@hotmail.com - 098.848.067-05 9 existem outros três tipos de classificação, que levam em conta o objeto da auditoria, a saber: de sistemas, de processos e de produto. A auditoria de sistemas é conduzida para verificar se a política da qualidade e o sistema de qualidade estão perfeitamente compreendidos, verificando se está sendo conduzida a melhoria do gerenciamento da rotina do trabalho do diaadia seguindo a implementação de um plano previamente proposto. Esse tipo de auditoria é conduzido pela alta administração. Já a auditoria de processos é realizada para verificar se: todos os processos estão seguindo padrões preestabelecidos; os operadores estão seguindo os processos operacionais padrão; os padrões técnicos estão atualizados e disponíveis na área de trabalho; todos os operadores estão adequadamente educados e treinados; todos os equipamentos, ferramentas e instrumentos de medida estão calibrados, identificados e com boa manutenção. Esse tipo de auditoria é conduzido pela organização como garantia da qualidade. E, por último, mas não menos importante, a auditoria de produtos que é executada para verificar se os produtos que sofreram inspeção estão completamente em conformidade com as exigências e necessidades da qualidade. Ela também é conduzida pelo pessoal da organização de garantia da qualidade (CAMPOS, 2004). Auditoria e seus diferentes tipos de atuação Fonte: Deduca, 2020. A norma ISO 9001 deixa muito claro a necessidade de executar auditorias internas em intervalos de tempo planejados para determinar se o sistema de gestão da qualidade atende às conformidades das disposições planejadas com os requisitos Licensed to Adriana da Silva maia - drickamaia@hotmail.com - 098.848.067-05 10 e as normas dos sistemas de gestão da qualidade estabelecidos pela organização, bem como para apontar se o sistema está mantido e implementado eficazmente (CHIROLI, 2018). Segundo essa norma, o planejamento de uma auditoria deve considerar tanto a situação e importância dos processos e das áreas a serem auditadas como os resultados de auditorias anteriores. Além disso, deve-se definir quais critérios devem ser seguidos pela auditoria, sendo eles: escopo, frequência e método(CHIROLI, 2018). É possível dizer, de forma precisa, que o processo para a gestão de uma auditoria deve ser monitorado, e engloba as seguintes ações: • iniciar a atividade de auditoria; • definir o foco da auditoria; • preparar-se para a auditoria; • executar a auditoria; • descrever conclusões dos resultados iniciais no relatório; • determinar ação corretiva; • atualizar as conclusões do relatório com a ação corretiva; • realizar a ação corretiva; • atualizar as conclusões do relatório quando as ações forem concluídas; • fazer o acompanhamento; e, • encerrar a auditoria. As etapas de uma auditoria interna podem ser agrupadas em três macroetapas: planejamento; serviço de campo; reporte; e, acompanhamento. Dessa forma, pode-se perceber uma relação entre o processo de auditoria interna e o ciclo do PDCA (Plan – Do – Check – Action), pois ambos têm como base os processos de planejamento, execução, verificação e atuação corretiva, com o intuito de perseguir sempre melhorias da qualidade. A figura a seguir demonstra a aplicação do ciclo do PDCA no processo de gestão de um programa de auditoria (CHIROLI, 2018). A ISO 9001:2002 propõe indicadores de desempenho para o processo de auditoria, tais como: habilidade da equipe de auditoria em implementar o plano de auditoria; conformidade com o programa de auditoria e as programações; e, realimentação dos clientes de auditoria, auditados e auditores. Licensed to Adriana da Silva maia - drickamaia@hotmail.com - 098.848.067-05 11 Aplicação do Ciclo do PDCA na auditoria de qualidade Estabelecimento de objetivos do programa de auditoria Estabelecimento do programa de auditoria Estabelecimento de papéis e responsabilidades da pessoa que gerencia o programa de auditoria Competência da pessoa que gerencia o programa de auditoria Determinação da abrangência de um programa de auditoria Identificação e avaliação dos riscos do programa de auditoria Identificação de recursos para o programa de auditoria Planejar Fazer Implementação do programa de auditoria Geral Definição dos objetivos, do escopo e dos critérios para uma auditoria individual Escolha dos métodos de auditoria Seleção dos membros da equipe da auditoria Atribuição de responsabilidades para uma auditoria individual ao líder da equipe de auditoria Gerenciamento de resultados do programa de auditoria Gerenciamento e manutenção de registros do programa de auditoria Monitoramento do programade auditoriaChecar Elaboração de análise crítica e melhoria do programa de auditoriaAgir Fonte: Chiroli (2018, p. 204-205). Licensed to Adriana da Silva maia - drickamaia@hotmail.com - 098.848.067-05 12 Devemos ter em mente que, quando se trata de auditorias da qualidade, estas sempre devem ter como objetivo ajudar as pessoas, cooperando com elas no sentido de trazer melhores condições de vida e trabalho para todos. A natureza das pessoas é boa e elas precisam ser orientadas e ajudadas, não apenas cobradas. Dessa maneira, aquelas que praticam a auditoria, devem entendê-la a ponto de ter algo para contribuir com aqueles que estão sendo auditados (CAMPOS, 2004). Vivemos na era do conhecimento, em que não basta apenas possuirmos sistemas, processos e produtos de qualidade. Isso é o mínimo que nossos clientes, fornecedores, parceiros e sociedade, esperam da nossa empresa. A verdadeira vantagem competitiva, ou seja, sustentável, não está no que fazemos hoje, mas sim no que faremos amanhã, diferentemente dos demais competidores e que mais vai impactar na vida das pessoas de forma positiva. Para isso, a palavra-chave é inovação, seja em gestão (sistemas), processos, seja em produtos. Mas como a gestão da qualidade pode nos levar a um desempenho sustentável e inovador? Quer saber mais? Então leia o artigo Influência da Gestão da Qualidade no Desempenho Inovador, disponível no link http://www.scielo.br/ pdf/rbgn/v16n53/1806-4892-rbgn-16-53-575.pdf. Saiba mais Fechamento Nesta unidade, conseguimos evidenciar que as auditorias também têm por finalidade o aprimoramento dos Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ) por meio da análise dos procedimentos que estão sendo utilizados, buscando aumentar a eficiência e a adequação do sistema para os objetivos da empresa. Vimos que a importância da gestão da qualidade é primordial para as empresas que almejam sempre a questão do crescimento alinhado à questão da qualidade. Licensed to Adriana da Silva maia - drickamaia@hotmail.com - 098.848.067-05 https://www.scielo.br/pdf/rbgn/v16n53/1806-4892-rbgn-16-53-575.pdf https://www.scielo.br/pdf/rbgn/v16n53/1806-4892-rbgn-16-53-575.pdf 13 Referências CAMPOS, V. F. TQC: controle da qualidade total. Nova Lima: INDG, 2004. CARVALHO, M. M.; PALADINI, P. E. Gestão da Qualidade: Teoria e Casos. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier: ABEPRO, 2012. CHIROLI, D. G.Avaliação de sistemas de qualidade.Curitiba: Editora Intersaberes, 2018. MARSHALL, J. I. Gestão da Qualidade. Rio de Janeiro: FGV, 2010. O’HANLON, T.Auditoria da qualidade:com base na ISO 9001:2000 conformidade agregando valor. São Paulo: Saraiva, 2009. SLACK, N; BRANDON-JONES, A; JOHNSTON, R. Administração da produção. Rio de Janeiro: Atlas, 2015. Licensed to Adriana da Silva maia - drickamaia@hotmail.com - 098.848.067-05