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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO TRIBUNAL DO JÚRI DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ……
Autos do processo-crime nº...
José, já qualificado nos autos em epígrafe, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado que a esta subscreve, oferecer seus: MEMORIAIS FINAIS DO JÚRI, nos termos do artigo 444, §4º C/C com o art. 403, §3º, ambos do CPP, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
I. DOS FATOS:
José era desafeto de Antonio há anos. Chegaram a ser bons amigos, mas por conta de empréstimos feitos por José a Antonio e não honrados por este, além do fato de Antonio ter tentado seduzir a esposa de José, tornaram-se inimigos declarados. A esposa e o filho de José ficavam temerosos sempre que José saia, pois tinham medo dele encontrar com Antonio na rua e fazer alguma loucura, pois sempre que se cruzavam nas ruas, José tentava agredir o inimigo.
Em dado momento, José decidiu adquirir uma arma de fogo com o propósito de alvejar mortalmente Antonio quando o encontrasse novamente. Comprou o revólver e as munições e o guardou municiado embaixo do colchão, pensando em utilizar logo e se desfazer do objeto do pretenso crime.
O filho de José, auxiliando a mãe na arrumação da casa, encontrou a arma. Nada disse a nenhum dos dois, mas imediatamente retirou toda a munição e jogou fora devolvendo a arma desmuniciada ao local. Dois dias após esse fato, José entrou em casa nervoso, foi ao quarto, pegou a arma e com ela em punho saiu na direção de Antonio. Apontou-a para a cabeça do inimigo e puxou várias vezes o gatilho, mas nada aconteceu. Antonio saiu correndo e as pessoas que passavam pelo local imobilizaram José e chamaram a polícia. 
José foi preso em flagrante delito acusado do crime de tentativa de homicídio.
Foi beneficiado com a liberdade provisória e aguarda o processo em liberdade, pois foi denunciado pelo M P como incurso nos arts, 121, “caput” c.c art. 14, II, do CP, sendo que a inicial foi recebida e processada pelo juiz.
 	Em resposta à acusação, o juiz não acatou o pleito da defesa para absolvê-lo sumariamente e manteve o feito, alegando a presença do “animus necandi”. Durante a audiência de instrução, José confessou a vontade de matar o inimigo. O filho de José também foi ouvido e confessou que desmuniciou a arma, mas não contou ao genitor. Outras testemunhas confirmaram saber da inimizade e do ódio de José por Antonio e da vontade de matar, externada diversas vezes pelo réu.
III .DO DIREITO:
DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA PELA ATIPICIDADE DA CONDUTA E PELA INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO UTILIZADO
No caso em apreço há uma nítida e absoluta impropriedade do objeto. Vejamos. 
O artigo 17 do Código Penal estabelece que:
“Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.”
Para se demonstrar a existência do delito, é necessário que estejam presentes tanto o elemento objetivo como o subjetivo, o que, no caso em discussão, não ocorre, eis que, mesmo que haja vontade do acusado direcionada à prática desse delito, faz-se ausente o elemento objetivo, tornando o fato atípico, razão pela qual torna-se incontestável a afirmação de que se trata de um crime impossível.
Acerca do tema, DAMÁSIO E. DE JESUS, em Comentários ao Código Penal, 1985, pg. 308 e 309, leciona: “Dá-se a impropriedade absoluta do objeto quando inexiste o objeto material sobre o qual deveria recair a conduta, ou quando, pela sua situação ou condição, torna impossível a produção do resultado visado pelo agente.”
Portanto, para que se configure a existência do crime, é necessária a presença tanto do elemento subjetivo quanto do objetivo. Na espécie, embora exista a vontade do acusado, não está presente o elemento objetivo, já que o meio utilizado era absolutamente ineficaz (art. 17, Código Penal).
Por fim, diante de um crime impossível, é cabível e incontestável a absolvição do réu, nos termos do art. 386, III, do CPP e o art. 17 do Código Penal
IV. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, a defesa técnica requer à Vossa Excelência:
1- A absolvição sumária do réu, nos termos do art. 415, inc III do CPP, ante o reconhecimento do crime impossível, conforme artigo 17 do CP e art. 386, III, do CPP.
				16 de maio de 2022.
				 Porto Alegre
				
				Fernanda O. Bandeira,
				OAB/RS. xxxxxxxx

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