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PROSA
Aspectos gerais 
• Geração 45 – de 1945 a 1980 – fase final do Modernismo.
• Em relação à 1.ª geração, os autores de 45 foram menos liberais e 
contestadores e voltaram a ser mais conservadores.
Os nomes de maior expressão desse 
momento são:
• João Cabral de Melo Neto (1920-1999)
• Clarice Lispector (1920-1977)
• João Guimarães Rosa (1908-1967)
• Ariano Suassuna (1927)
• Lygia Fagundes Telles (1923)
https://www.google.com/url?q=http://educacao.globo.com/literatura/assunto/autores/joao-cabral-de-melo-neto.html&sa=D&source=editors&ust=1667344892552941&usg=AOvVaw1G8lDI8Tu6tMpYy1LWAQ38
https://www.google.com/url?q=http://educacao.globo.com/literatura/assunto/autores/clarice-lispector.html&sa=D&source=editors&ust=1667344892610326&usg=AOvVaw0IRtG7EWS67YBF-Xi9zUEx
https://www.google.com/url?q=http://educacao.globo.com/literatura/assunto/autores/guimaraes-rosa.html&sa=D&source=editors&ust=1667344892610914&usg=AOvVaw1scQicepQVfMkvWhNhRrkp
https://www.google.com/url?q=http://educacao.globo.com/literatura/assunto/autores/ariano-suassuna.html&sa=D&source=editors&ust=1667344892611310&usg=AOvVaw09yytxnmgnA22rQLyirqPP
Tipos de prosa
Prosa Intimista - explorando temas humanos, é mais íntima, 
psicológica e subjetivista. Principal autor (a): Clarice 
Lispector e Lygia Fagundes Telles.
Prosa urbana - ambientada nos espaços urbanos em 
detrimento ao campo. Principal autor (a): Lygia Fagundes 
Telles.
Prosa regionalista - foco nos aspectos no campo, na vida 
agrária, no uso da linguagem coloquial e regionalista. Principal 
autor: João Guimarães Rosa, Ariano Suassuna.
MODERNISMO EM PROSA
Já na prosa deparamos com duas distintas vertentes:
Uma prosa de denso vasculhar psicológico em que se mergulha em busca 
de profundezas do ser, uma sondagem de envergadura nunca antes vista em 
nossa literatura, representada na obra de Clarice Lispector e de Lygia Fagundes 
Telles e outra de profunda reinvenção da linguagem, ambientada no espaço 
do Sertão, central na produção de Guimarães Rosa.
Em Clarice, especialmente, veremos ainda a eclosão de uma prosa poética 
que reinventa os limites da produção literária, em um exercício de linguagem 
riquíssimo.
Características Literárias (prosa)
✔ Uma das marcas mais flagrantes da ficção experimental é a interiorização do relato 
– chamado fluxo de consciência.
✔ Geralmente as narrativas são centradas em momentos de vivência interior das 
personagens. Os acontecimentos exteriores provocam interiorização.
✔ Preferem narração em primeira pessoa. Esse tipo de narração proporciona ao relato 
um intimismo inigualável, assim como verossimilhança.
✔ “lembrar de acontecimentos que viveu, em um longo monólogo, a apartir de um 
momento do cotidiano.
Fluxo de consciência 
É uma técnica narrativa utilizada para expressar, por meio de um 
monólogo interior, os vários estados de espírito e as emoções que caracterizam 
uma personagem. 
Para isso, o narrador apresenta pensamentos sem se preocupar em garantir 
a articulação lógica entre as ideias: uma série de impressões (visuais, olfativas, 
auditivas, físicas, associativas) ganha forma no texto, recriando, em um 
universo ficcional, o funcionamento da mente humana.
“Mas quem sou eu, recostada neste porão a observar meu setter que 
fareja em torno? Às vezes penso (ainda não tenho vinte anos) que não 
sou uma mulher, mas a luz que cai neste portão, no solo. Sou as 
estações, penso às vezes, janeiro, maio, novembro, a lama, a neblina, a 
madrugada. Não posso agitar-me nem esvoaçar docemente, nem 
misturar-me com outras pessoas. Mas agora, recostada neste portão 
até o ferro deixar marcas nos meus braços, sinto o peso que se 
formou dentro de mim. Algo foi-se formando na escola, na Suíça, algo 
duro. Nem suspiros nem risos; nem volteios nem frases engenhosas; nem 
as estranhas comunicações de Rhoda, quando olhos além de nós, sobre 
nossos ombros; nem as piruetas de Jinny, membros e corpo uma coisa 
só. O que sou é peso.”
“Talvez a nordestina já tivesse chegado à conclusão de que a vida incomoda bastante, 
alma que não cabe bem no corpo, mesmo alma rala como a sua. Imaginavazinha, toda 
supersticiosa, que se por acaso viesse alguma vez a sentir um gosto bem bom de viver 
– se desencantaria de súbito de princesa que era e se transformaria em bicho rasteiro. 
Porque, por pior que fosse sua situação, não queria ser privada de si, ela queria ser ela 
mesma. Achava que cairia em grave castigo e até risco de morrer se tivesse gosto. 
Então defendia-se da morte por intermédio de um viver de menos, gastando pouco de 
sua vida para esta não acabar. Essa economia lhe dava alguma segurança pois, quem 
cai, do chão não passa. Teria ela a sensação de que vivia para nada? Nem posso saber, 
mas acho que não. Só uma vez se fez uma trágica pergunta: Quem sou eu? 
Assustou-se tanto que parou completamente de pensar.”
A hora da estrela
O projeto literário da prosa pós-moderna
Como não existe uma definição única de Pós-Modernismo, não 
há somente um projeto literário para a prosa pós-moderna. 
O universo ficcional de Guimarães Rosa se caracteriza pelo uso particular 
da linguagem e por, nesse mundo aparentemente regional, tratar de temas 
próprios a todos os seres humanos. 
Guimarães Rosa envolve o leitor em uma imensa rede de histórias que 
abrem espaço para a reflexão sobre as grandes questões universais que 
atormentam o ser humano. Essas questões dizem respeito a temas como o bem 
e o mal, a sanidade e a loucura, o certo e o errado, o amor e a morte, o acaso e 
o destino
Suas narrativas abandonam o interesse pelo enredo, para submeter as 
personagens a um processo de individualização que permite a elas reconhecer 
a própria identidade. Esse reconhecimento as faz reavaliar o contexto em que 
se encontram e questionar a sua submissão às expectativas familiares e sociais.
O projeto literário da prosa pós-moderna
Linguagem: experimentalismo criador
Tanto em Guimarães Rosa como em Clarice Lispector, o trabalho 
com a linguagem é a principal ferramenta para a criação literária. Na 
obra de Guimarães Rosa, esse trabalho aparece sob a forma da 
experimentação radical com as palavras: resgate de termos arcaicos, 
criação de neologismos, tentativa de fugir dos clichês, reconstrução 
da fala regional do interior de Minas, criando ritmos inesperados, 
inversões surpreendentes, imagens delicadas e belas
Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só 
não é suficiente. Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no 
rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, 
pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície são muito vivazes 
e claros, mas nas profundezas são tranquilos e escuros como o sofrimento dos 
homens.
ROSA, Guimarães. Disponível em: <http://www.tvcultura.com.br/
aloescola/literatura/guimaraesrosa>. Acesso em: 2 jul. 2015
Em Clarice Lispector, a experimentação afeta principalmente a 
estrutura da narrativa. O domínio da técnica do fluxo de 
consciência, porém, torna-se a marca registrada da autora.
Linguagem: experimentalismo criador
— — — — — — estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando 
dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que 
fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me 
aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi 
uma outra coisa? A isso quereria chamar desorganização, e teria a segurança de me 
aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para a organização anterior. A isso prefiro 
chamar desorganização pois não quero me confirmar no que vivi — na confirmação de mim 
eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro. [...] 
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 11. 
(Fragmento).
Autores 
Guimarães Rosa: o descobridor do 
sertão universal
O caráter regionalista que definiua ficção da geração de 1930 aparece 
completamente transformado nas obras de Guimarães Rosa. As marcas regionais 
são evidentes nos termos utilizados, na recriação da fala de jagunços e de vaqueiros 
do interior de Minas. As questões tematizadas, porém, vão muito além de uma 
perspectiva regional. 
Em suas narrativas, Rosa fala dos grandes dramas humanos: a dor, a morte, o 
ódio, o amor, o medo. Indagações filosóficas aparecem na boca de homens 
simples, incultos, deixando claro que os grandes fantasmas da existência podem 
ser identificados em qualquer lugar, desde um grande centro urbano até um 
minúsculo vilarejo nos sertões das Gerais.
Guimarães Rosa: o descobridor do 
sertão universal
Observe 
“O real não está no início nem no fim, ele se mostra pra gente é no meio da 
travessia”.
“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí 
afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.
“Apertou em mim aquela tristeza, da pior de todas, que é a sem razão de motivo”.
“Se eu fosse filho de mais ação e menos ideia, isso sim, tinha escapulido, calado “.
“Um dia ainda entra em desuso matar gente”.
“O senhor saiba: eu toda a minha vida pensei por mim, sou nascido diferente. Eu sou 
é eu mesmo. Diverjo de todo o mundo”.
“A gente morre é para provar que viveu”.
“Viver é muito perigoso: sempre acaba em morte”.
“Quem ama é sempre muito escravo, mas não obedece nunca de verdade”.
Caracterizam sua obra
Caracterizam sua obra
Observe
— Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. 
Alvejei mira em árvore, no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso 
faço, gosto; desde mal em minha mocidade. Daí, vieram me chamar. Causa dum 
bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser — se viu —; e com máscara 
de cachorro. Me disseram; eu não quis avistar. Mesmo que, por defeito como nasceu, 
arrebitado de beiços, esse figurava rindo feito pessoa. Cara de gente, cara de cão: 
determinaram — era o demo.
Grande Sertão Veredas
As narrativas curtas: contos e novelas
Guimarães Rosa tornou-se conhecido pelo livro de contos Sagarana. Quando a 
obra surgiu, em 1948, causou surpresa pela linguagem, que recriava o português 
como língua literária e dava uma dimensão nova ao regionalismo. 
Dos contos e novelas de Guimarães Rosa, emerge um mundo sempre marcado 
pelo confronto de opostos: o arcaico e o moderno, o rural e o urbano, o oral e o 
escrito. 
COLETÂNEA DE CONTOS
As narrativas curtas: contos e novelas
O título da obra é um hibridismo: "saga", radical de origem 
germânica que significa "canto heroico", "lenda"; e "rana", palavra de 
origem tupi que significa "que exprime semelhança ". Assim Sagarana 
significa algo como "próximo a uma saga".
COLETÂNEA DE CONTOS
https://guiadoestudante.abril.com.br
/estudo/sagarana-resumo-da-obra-
de-guimaraes-rosa/
Sagarana 
Ficha técnica 
• Primeira obra de Guimarães Rosa a sair em livro, traz nove 
contos, nos quais o universo do sertão, com seus vaqueiros e 
jagunços, surge no estilo marcante que o escritor iria 
aprofundar em textos posteriores.
• Publicado em 1948
• Em relação ao foco narrativo, com exceção dos contos “Minha 
Gente” e “São Marcos” – que são narrados em primeira 
pessoa –, os demais possuem narradores em terceira pessoa. 
• Quanto ao tempo e ao espaço de “Sagarana”, pouco há o que 
ser dito. Sobre o primeiro elemento, vale destacar a linearidade 
da narrativa, que se desenvolve na maior parte sob o tempo 
psicológico dos personagens.
Obras 
•Contos – Sagarana; Primeiras estórias, Tutameia; Estas estórias.
•Novelas – Corpo de bailes (a partir da terceira edição, esta obra 
foi dividida em três volumes – Manuelzão e Miguilim; No 
Urubuquaquá; no Pinhém; Noite do sertão)
•Romance – Com o vaqueiro Mariano; Grande Sertão Veredas.
• Diversos – Ave, palavra. 
https://docs.google.com/document/d/19-KXZqk4TQgLUG-teaKHIstfRo6dAEAHgHhFCbhr
uE4/edit?usp=sharing
Grande sertão: veredas e os avessos 
do homem
❖ Publicada em 1956, inicialmente chama atenção 
por sua dimensão – mais de 600 páginas – e pela 
ausência de capítulos.
❖ A obra, uma das mais importantes da literatura 
brasileira, é elogiada pela linguagem e pela 
originalidade de estilo presentes no relato de 
Riobaldo, ex-jagunço que relembra suas lutas, seus 
medos e o amor reprimido por Diadorim.
Personagens
● Riobaldo: protagonista da obra, Riobaldo é o narrador-personagem, um velho fazendeiro, ex-jagunço.
● Diadorim: O grande amor de Riobaldo, representa o amor platônico, impossível.
● Nhorinhá: Uma prostituta, representa amor carnal de Riobaldo.
● Otacília: Outro amor de Riobaldo, representa a pureza do amor verdadeiro.
● Zé Bebelo: fazendeiro com pretensões políticas, pretende acabar com os jagunços do sertão mineiro, sobretudo 
com o bando de Joca Ramiro.
● Joca Ramiro: pai de Diadorim, o maior chefe dos jagunços.
● Medeiro Vaz: outro chefe dos jagunços, que lidera a vingança contra Hermógenes e Ricardão.
● Hermógenes e Ricardão: assassinos do chefe Joca Ramiro, Hermógenes representa o líder dos jagunços 
inimigos.
● Só Candelário: outro chefe dos jagunços, torna-se líder do bando de Hermógenes.
● Compadre Quelemém de Góis: amigo confidente de Riobaldo.
● Selorico Mendes, o padrinho.
Enredo 
Riobaldo, protagonista e narrador de Grande sertão: veredas, cresceu na 
fazenda de seu “padrinho” (na verdade, o pai que não havia reconhecido a 
paternidade). Essa condição lhe garantiu alguma educação formal. Sua 
educação real, porém, acontece quando se junta a um bando de jagunços e 
começa a longa viagem pelo sertão das Gerais.
Recontada em forma de um longo monólogo, a narrativa está situada no 
interior de Minas Gerais, onde geograficamente se localiza o sertão real 
associado ao romance de Guimarães Rosa. 
O texto, porém, povoa esse espaço com as sagas dos seus habitantes, o 
que o torna mítico. Assim, o sertão se expande, perde suas fronteiras 
geográficas e reais e passa a simbolizar a busca pelas respostas para as 
grandes questões humanas: o que é o bem?, o que é o mal?
• Com a morte de sua mãe, Riobaldo passou a viver com seu padrinho, Selorico 
Mendes, na fazenda São Gregório; mais tarde ele descobrirá que Selorico é seu 
verdadeiro pai.
• Por conseguinte, na fazenda conhece o bando de jagunços de Joca Ramiro, o chefe 
dos jagunços. Mais adiante, conhece Reinaldo, jagunço do bando de Joca Ramiro, 
que mais trade revela ser Diadorim, seu grande amor.
• Note que, em suas digressões, Riobaldo foca sobretudo, no seu amor impossível, 
Diadorim, e na existência de Deus e do Diabo.
• Por meio de uma narrativa ziguezagueante (não é linear), ou seja, labiríntica e 
espontânea, é narrado as divagações de Riobaldo, que descreve as personagens que 
compõem a obra e ainda, as lutas entre os bandos de jagunços, o conflito com o 
bando de Zé bebelo e a morte de chefe dos jagunços, Joca Ramiro.
Enredo 
Estrutura da obra 
•O Grande Sertão Veredas é uma obra extensa com mais de 600 
páginas, dividida em 2 volumes e não em capítulos.
•Marcada pela oralidade e uma linguagem repleta de neologismos, 
arcaísmos e brasileirismos, a obra possui um enredo não-linear.
•Ou seja, não segue uma sequência lógica dos fatos, sendo narrado 
em primeira pessoa (narrador personagem), cujo narrador é 
Riobaldo, que faz reflexões sobre os acontecimentos de sua vida.
•Para tanto, o tempo da narrativa é o psicológico, em detrimento do 
tempo cronológico.
https://www.google.com/url?q=https://www.todamateria.com.br/narrador-personagem/&sa=D&source=editors&ust=1667344902860095&usg=AOvVaw2KW-uHOViLTiFtYQnSPoSf
Clarice Lispector 
Clarice Lispector: a busca incansável 
da identidade
A menina Haia nasceu em Tchetchelnik, na Ucrânia. Quando veio para o 
Brasil, em 1922, recebeu o nome que a consagraria como uma das maiores 
escritoras brasileiras: Clarice Lispector (1920-1977). 
Sua estreia oficial no mundo das letras aconteceu com a publicação do 
romance Perto do coraçãoselvagem (1943). A obra desnorteou a crítica, que 
não estava preparada para a força da narrativa intimista de Clarice. 
SOBRE A OBRA
O livro mostra o cotidiano de Joana, menina criada pelo pai, 
já que a mãe, Elza, morrera muito cedo. O pai passado alguns 
anos também morre, então ela vai morar com a irmã de seu 
pai. A tia não gostava de Joana, pois a presença da menina a 
sufocava e a enviou para um internato, lá ocorre uma paixão 
avassaladora por seu professor um pouco mais velho. Um 
ponto culminante que a enviou para o internato foi dias antes 
acompanhando à tia as compras, como um teste para si 
mesma e causa espanto aos outros, Joana roubou um livro, 
trazendo mais dificuldades a sua convivência com a família 
da tia.
A descoberta do “eu”
A literatura produzida por Clarice Lispector não se preocupa com a 
construção de um enredo tradicionalmente estruturado, com começo, meio e 
fim. Ela busca a compreensão da consciência individual, marcada sempre pela 
grande introspecção das personagens. 
Suas narrativas tratam do momento preciso em que uma personagem toma 
consciência da própria individualidade. Esse momento pode ser desencadeado 
por situações corriqueiras, como a contemplação de rosas ou a visão de um 
cego mascando chiclete. Como a autora declarou: “os meus livros não se 
preocupam com os fatos em si, porque para mim o importante é a repercussão 
dos fatos no indivíduo”. 
São situações narrativas complexas, em que as personagens passam por 
transformações capazes de abalar a estrutura prosaica de suas vidas. 
Observe 
Veja que 
• Ana é uma mulher de classe média com uma vida completamente organizada 
em torno da família. Sua vida é linear: nada sai dos trilhos, tudo ocorre 
segundo uma rotina prevista e esperada. O perigo está nas horas em que as 
tarefas domésticas já foram concluídas e Ana se vê com tempo em suas 
mãos. É em um desses momentos que se dá sua descoberta.
Observe 
Assim 
Avistar um cego que mascava chiclete faz com que a vida tão controlada 
por Ana seja abalada em suas raízes. Essa visão a liberta da rotina de 
acontecimentos previsíveis e devolve-lhe a possibilidade de uma existência 
individual. O tormento de Ana prolonga-se por todo o dia até que, de volta 
ao convívio com o marido e com os filhos, o mundo familiar vai aos poucos 
recolocando-a em seu papel convencional. 
Esse processo de descoberta individual por que passam as personagens 
de Clarice Lispector é chamado de epifania. O termo faz referência à 
apreensão intuitiva da realidade por algo geralmente simples e inesperado. 
Nesse sentido, é a percepção do significado essencial de alguma coisa.
Epifania 
Na obra de Clarice Lispector, 
epifania significa a descoberta da 
própria identidade a partir de um 
estímulo externo (como a visão do 
cego mascando chiclete, no conto 
“Amor”). As personagens, nesse 
momento, descobrem a própria 
essência, aquilo que as distingue 
das demais e as transforma em 
indivíduos singulares.
Uma estrutura recorrente 
Nos seus muitos romances e contos, Clarice Lispector trata da condição feminina, 
da dificuldade de relacionamento humano, da hipocrisia dos papéis socialmente 
definidos, da busca pelo “eu”.
As narrativas apresentam uma estrutura semelhante, que o crítico Affonso 
Romano de Sant’Anna definiu em quatro passos: 
1. A personagem é disposta numa determinada situação cotidiana. 
2. Prepara-se um evento que é pressentido discretamente pela personagem (algo 
como uma inquietação). 
3. Ocorre o evento que ilumina sua vida (epifania). 
4. Apresenta-se o desfecho, no qual a situação da vida da personagem, após a 
epifania, é reexaminada
Uma estrutura recorrente
O trabalho com a linguagem é fundamental para que esse processo de 
autodescoberta adquira a dimensão intimista que permite, ao leitor, acompanhar os 
efeitos, na personagem, do momento de iluminação. A autora promove, na forma do 
texto, uma desconstrução equivalente àquela vivida pelas personagens, fazendo com 
que a própria linguagem assuma uma função libertária. 
Outra característica recorrente, na ficção de Clarice, é a presença constante de 
animais (cavalo, galinha, barata, aranha, búfalo, gato, etc.) que representam o 
“coração selvagem” da vida, que pulsa descontrolada, sem se submeter às regras e 
expectativas sociais. Essa é uma forma também revolucionária de simbolizar a busca 
incessante das personagens pela libertação das amarras sociais e o mergulho no 
irreversível processo de individuação. 
Obras principais 
Laços de família A hora da estrelaPerto do coração selvagem
Outras obras
● O Lustre (1946)
● A Cidade Sitiada (1949)
● A Maçã no Escuro (1961)
● A Legião Estrangeira (1964)
● A Paixão Segundo G. H (1964)
● O Mistério do Coelho Pensante (1967)
● A Mulher que Matou os Peixes (1968)
● Uma Aprendizagem ou O Livro dos 
Prazeres (1969)
● Felicidade Clandestina (1971)
● Água Viva (1973)
● A Imitação da Rosa (1973)
● Via Crucis do Corpo (1974)
● Onde Estivestes de Noite? (1974)
● Visão do Esplendor (1975)
Laços de família
• Laços de família é uma coletânea de contos, 
publicada em 1960, da escritora Clarice 
Lispector e eles se interligam através de uma 
temática comum a quase todos: o desentendimento 
familiar. As personagens criadas pela autora são 
pessoas comuns, massacradas pela banalidade 
comum a existência, mas que buscam a libertação.
• São 13 contos centrados, tematicamente, no 
processo de aprisionamento dos indivíduos através 
dos “laços de família”
https://www.google.com/url?q=https://www.coladaweb.com/biografias/clarice-lispector&sa=D&source=editors&ust=1667344905185685&usg=AOvVaw2rPXi2OnxZ1rclxOoQHjoA
https://www.google.com/url?q=https://www.coladaweb.com/biografias/clarice-lispector&sa=D&source=editors&ust=1667344905186404&usg=AOvVaw0E8MPUhbRdbB3ufHXBOD4s
Laços de família 
• Laços de família reúne treze contos, sendo que doze deles são narrados 
em terceira pessoa e apenas “O jantar” é narrado em primeira pessoa. Em 
todos eles a figura da família está presente nos contos da obra e através 
deles percebem-se os impasses do relacionamento familiar.
• Há outra forma de organizar os contos de Laços de família, segundo 
Benedito Nunes, tendo como eixo central a tensão de conflito de transe 
nauseante (Amor), de cólera (Feliz aniversário), de ira (O jantar), de ódio (O 
búfalo), de loucura (A imitação da rosa), de medo (Preciosidade), de culpa 
(O crime professor de matemática); situação de confronto, não somente de 
pessoa a pessoa (O jantar, Amor, Feliz aniversário), porém também de 
pessoa a coisa (Amor, O crime do professor de matemática, A imitação da 
rosa).
RESUMO DOS PRINCIPAIS ENREDOS
• AMOR
A personagem Ana é uma mulher casada, mãe de dois filhos, levava uma 
vida doméstica pacata e cuidava dos seus com muito zelo e amor. A sua paz 
desapareceu quando certa vez ao ir às compras deparou-se com um cego 
que teve os ovos que carregava quebrados devido à freada brusca do bonde. 
Ana terminou por descer no Jardim Botânico, onde pela paisagem começou a 
temer o inferno.
Nesse instante é possível relacionar a beleza possível aos olhos e o cego 
que está privado disto. Portanto, esse é o fato que tanto impressiona e 
incomoda a personagem.
Quando Ana retornou ao seu lar sentiu que algo havia mudado em si, 
então abraçou fortemente o filho, foi ajudar o marido quando ele derrubou o 
café que carinhosamente pegou-lhe pela mão e a levou para o quarto para 
dormirem.
• UMA GALINHA
• “Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove 
horas da manhã.” (p.30) Era uma galinha pronta para o abate, contudo, 
pega pelo pai da garota passa a ser a narradora do texto que acabou pondo 
um ovo, então rapidamente a menina avisa aos familiares sobre o fato e a 
nova condição de “mãe” da galinha e implora para que não matem a 
galinha, pois agora ela pusera um ovo e queria o bem deles.
• Sentindo-se culpado por ter feito a galinha correr para o abate, o pai da 
garota nomeia a ave como de estimação e alertasobre a pena de que se o 
animal fosse sacrificado nunca mais se alimentaria de galinha.
• Porém, um dia “mataram-na, comeram-na e passaram-se anos”. O conto 
evidencia que a rotina leva ao esquecimento e à banalidade.
RESUMO DOS PRINCIPAIS ENREDOS
• FELIZ ANIVERSÁRIO
• Era aniversário de 89 anos de uma senhora, mãe de sete filhos, que morava com uma das filhas, 
Zilda, que preparou toda a festa. Após o almoço a filha preparou a mãe e a colocou no lugar de 
destaque da mesa, a cabeceira, para aguardar os convidados do aniversário que viriam no fim da 
tarde.
• Porém a chegada deles foi um desastre, de modo que a aniversariante permanecia imóvel em seu 
lugar sem participar de sua festa. Após os parabéns a neta pediu a avó que cortasse o bolo, ela o 
fez com brutalidade e causou espanto em todos os presentes.
• Com a continuação da festa, a senhora passou a observar com desprezo sua festa e cuspiu no 
chão. Zilda se envergonhou pelo ato da mãe, pois todos achavam que ela responsável pela mãe. 
Um dos filhos discursou para tentar amenizar a situação desagradável.
• Ao anoitecer todos se despediram e foram embora. A idosa permaneceu na cadeira à espera do 
jantar que a filha serviria.
• Esse conto narrado em terceira pessoa evidencia a hipocrisia da família. Ao tentarem manter os 
hábitos educados durante a festa mostram quão falsas são as relações familiares e a ausência de 
sentimentos sinceros entre parentes. Por isso, essa hipocrisia desperta a ira de Dona Anita, que 
não suporta essa característica nos seus.
RESUMO DOS PRINCIPAIS ENREDOS
A hora da estrela
• “A Hora da Estrela” é o último romance da escritora 
brasileira Clarice Lispector, publicado em 1977. Trata-se 
de uma obra instigante e original, pertencente à Terceira 
Geração Modernista.
• É classificada como um romance intimista, também 
conhecido como romance psicológico, estilo em que a 
autora se destaca. Afinal, a obra de Clarice é marcada por 
suas emoções e sentimentos pessoais.
• Espaços da narrativa - Alagoas e Rio de Janeiro
• Tempo em que se passava a estória: anos 70
• narrador em 1.ª/3.ª pessoa (Rodrigo S.M narra a história 
de Macabéa em 3.ª pessoa, ao mesmo tempo em que se 
coloca como personagem.
Personagens
• Rodrigo S.M: Este é o personagem narrador e é entendido como uma 
representação da própria Clarice Lispector. Ao longo do livro ele reflete sobre o 
próprio ato de escrever e se preocupa com a profundidade do ser humano.
• Macabéa: Essa é a principal personagem. Trata-se de uma alagoana de 19 anos, 
muito desleixada, que vive sem a família no Rio de Janeiro. É muito ignorante e 
sequer reconhece a própria infelicidade.
• Olímpico de Jesus: Primeiro namorado de Macabéa. Outro nordestino, mas 
muito ambicioso.
• Glória: Filha do açougueiro e amiga de Macabéa. Ela, por ser mais atraente que a 
amiga, ficou com Olímpico de Jesus.
• Madame Cartola: Cartomante que diz o futuro de Macabéa.
• Raimundo: chefe de Macabéa.
• As três Marias - moram na mesma pensão que Macabéa
Resumo 
• A história é narrada por Rodrigo S.M. (narrador-personagem), um escritor à 
espera da morte. Ele é uma das peças-chave do livro. Ao longo da obra ele reflete 
os seus sentimentos e os de Macabéa, a protagonista da obra.
• Nordestina órfã de pai e mãe, e criada por uma tia que a maltratava muito, 
Macabéa é uma alagoana pobre de 19 anos que possui um corpo franzino e só 
come cachorro quente. Além disso, ela é feia, virgem, tímida, solitária, ignorante, 
alienada e de poucas palavras.
• Quando vai morar no Rio de Janeiro, consegue um emprego de datilógrafa na 
cidade. Chega a ser despedida pelo patrão, seu Raimundo, que por fim, tem 
compaixão de Macabéa, deixando-a permanecer com o trabalho.
• No Rio de Janeiro, Macabéa mora numa pensão e divide o quarto com três 
moças. Todas elas são balconistas das Lojas Americanas e chamadas de “as três 
Marias”: Maria da Penha, Maria da Graça e Maria José.
• Um de seus maiores prazeres nas horas vagas é ouvir seu rádio relógio, emprestado de uma 
das Marias.
• Mesmo destituída de beleza, Macabéa (ou Maca, seu apelido) consegue encontrar um 
namorado, o nordestino ambicioso e metalúrgico Olímpico de Jesus Moreira Chaves. O 
namoro termina quando Glória, ao contrário de Macabéa, bonita e esperta, rouba seu 
namorado.
• Quando vai à Cartomante, uma impostora chamada Madame Carlota, Macabéa descobre por 
meia das cartas sua “sorte”. No entanto, ao sair de lá, atravessa a rua muito contente pelas 
palavras que acabara de ouvir, sendo atropelada por um Mercedes Benz amarelo.
• É ali que ocorre sua "hora da estrela", o momento em que todos a enxergam e ela se sente 
uma estrela de cinema. A obra possui uma grande ironia em seu término, visto que só no 
momento da morte é que Macabéa obtém a grandeza do ser.
Resumo 
Foco narrativo
•O enredo de A hora da Estrela não segue uma ordem 
linear: há flashbacks iluminando o passado, há idas e 
vindas do passado para o presente e vice-versa.
Além da alinearidade, há pelo menos três histórias encaixadas que se 
revezam diante dos nossos olhos de leitor:
• 1. A metanarrativa – Rodrigo S. M. conta a história de Macabéa: Esta é a narrativa central da 
obra: o escritor Rodrigo S.M. conta a história de Macabéa, uma nordestina que ele viu, de 
relance, na rua.
• 2. A identificação da história do narrador com a da personagem – Rodrigo S.M. conta a 
história dele mesmo: esta narrativa dá-se sob a forma do encaixe, paralela à história de 
Macabéa. Está presente por toda a narrativa sob a forma de comentários e desvendamentos 
do narrador que se mostra, se oculta e se exibe diante dos nossos olhos. Se por um lado, ele 
vê a jovem como alguém que merece amor, piedade e até um pouco de raiva, por sua patética 
alienação, por outro lado, ele estabelece com ela um vínculo mais profundo, que é o da 
comum condição humana. 
• 3. A vida de Macabéa – O narrador conta como tece a narrativa.
Ariano Suassuna 
Sobre o autor 
Ariano Suassuna (1927- 2014) foi um escritor brasileiro. 
"O Auto da Compadecida", sua obra-prima, foi adaptada para a 
televisão e para o cinema. Sua obra reúne, além da capacidade 
imaginativa, seus conhecimentos sobre o folclore nordestino.
Foi poeta, romancista, ensaísta, dramaturgo, professor e 
advogado. Em 1989, foi eleito para a cadeira n.º 32 da Academia 
Brasileira de Letras. Em 1993, foi eleito para a cadeira n.º 18 da 
Academia Pernambucana de Letra e em 2000, ocupou a cadeira n.º 
35 da Academia Paraibana de Letras.
MOVIMENTO LITERÁRIO
O dramaturgo pode ser considerado um dos escritores 
do movimento modernista, mais especificamente da 3ª fase, 
geração de 45. Mas a obra de Suassuna reúne elementos de 
diferentes movimentos, como o simbolismo, o barroco e a 
literatura de cordel, tão presente no nordeste.
https://www.google.com/url?q=http://educacao.globo.com/literatura/assunto/movimentos-literarios/modernismo-geracao-de-45.html&sa=D&source=editors&ust=1667344906443153&usg=AOvVaw20_6EN_evyVSAYkp3cShP0
https://www.google.com/url?q=http://educacao.globo.com/literatura/assunto/movimentos-literarios/simbolismo.html&sa=D&source=editors&ust=1667344906443677&usg=AOvVaw3k-I0ldYny4-ZOIBSKVKnW
https://www.google.com/url?q=http://educacao.globo.com/literatura/assunto/movimentos-literarios/barroco.html&sa=D&source=editors&ust=1667344906444067&usg=AOvVaw0iCfLdE4NpcNB0hNxrAcRA
Estilo
O nome do escritor costuma ser atrelado ao teatro, principalmente pelo 
papel que desempenhou na modernização do teatro brasileiro. A produção de 
Ariano Suassuna tem como característica a improvisação e o texto popular. O 
escritor coloca muitos elementos da cultura nordestina em suas peças. 
Suassura foi um dos fundadores do Movimento Armorial, que buscava 
criar a arte erudita através da cultura popular nordestina. O movimento inclui 
os diferentes tipos de arte, como dança, literatura, teatro, música e arquitetura. 
Ariano recebeu o apoio da Universidade Federal de Pernambuco e de vários 
escritores nordestinos, o MovimentoArmorial foi lançado em 1970.
Movimento Armorial
Em 1970, Ariano Suassuna cria e dirige o Movimento Armorial, com o 
objetivo de realizar uma arte brasileira erudita a partir das raízes populares. 
Mais do que um movimento, o armorial buscava ser um preceito estético, que 
partia das ideias de que é preciso criar a partir de elementos realmente 
originais da cultura popular do país, como os folhetos de cordel, os cantadores, 
as festas populares, entre outros aspectos.
De 1969 a 1974, Ariano Suassuna atuou como Diretor do Departamento de 
Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Foi com apoio desse Departamento que Suassuna, ao lado de outros 
artistas, criou o movimento armorial em 18 de outubro de 1970.
Obras destaques 
A primeira peça foi “Uma Mulher Vestida de Sol”, que 
recebeu o prêmio Nicolau Carlos Magno em 1948. Entre as mais 
conhecidas da carreira do escritor estão “Auto da compadecida”, 
de 1957, e “O Santo e a Porca”, de 1964, a primeira, inclusive, 
ganhou uma adaptação na televisão em 1999 com direção de Guel 
Arraes.
O AUTO DA COMPADECIDA 
FICHA TÉCNICA 
• A peça foi escrita em 1955 e encenada pela primeira vez em 1956. Anos 
mais tarde, foi adaptada para a televisão e para o cinema, em 1999 e 2000 
respectivamente.
• A peça retoma elementos do teatro popular, contidos nos autos medievais, e da 
literatura de cordel para exaltar os humildes e satirizar os poderosos e os 
religiosos que se preocupam apenas com questões materiais.
• Auto da compadecida é uma peça teatral em forma de auto (gênero da literatura 
que trabalha com elementos cômicos e tem intenção moralizadora). É um drama 
nordestino apresentado em três atos. Contém elementos da literatura de cordel e 
está inserido no gênero da comédia, se aproximando, nos traços, do barroco 
católico brasileiro. 
• Trabalha com a linguagem oral e apresenta também regionalismo através da 
caracterização do nordeste.
Narrador 
A peça é narrada pelo palhaço e a história se inicia quando Chicó e João 
Grilo tentam convencer o padre a benzer o cachorro de sua patroa, a mulher do 
padeiro. Como o padre se nega a benzer e o cachorro morre, o padeiro e sua 
esposa exigem que o padre faça o enterro do animal. João Grilo diz ao padre 
que o cachorro tinha um testamento e que lhe deixara dez contos de réis e três 
para o sacristão, caso rezassem o enterro em latim. Quando o bispo descobre, 
Grilo inventa que, na verdade, seis contos iriam para a arquidiocese e apenas 
quatro para paróquia, para que o bispo não arrumasse problemas.
Resumo
A primeira peripécia narrativa da peça, o enterro do cachorro, pode ser 
encontrada em diversas obras anteriores, como no cordel “O Dinheiro”, de 
Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Nesse cordel, um cachorro também 
deixara uma soma em dinheiro no testamento com a condição de que fosse 
“enterrado em latim”. 
As duas próximas peripécias, ambas encontradas na segunda parte da peça 
(que pode ser dividida em três atos), apresentam um gato que supostamente 
“descome” dinheiro e de um instrumento musical que seria capaz de 
ressuscitar os mortos. Essas duas estruturas narrativas estão no romance de 
cordel “História do Cavalo que Defecava Dinheiro”, também de Leandro 
Gomes de Barros. 
Importante saber 
Na peça, porém, Suassuna substituiu o cavalo por um gato, certamente para 
facilitar a encenação. Esse é um exemplo de como uma necessidade prática pode 
influir na narrativa, obrigando o autor a transformá-la conforme as necessidades 
impostas pela forma de apresentação. 
A apropriação da tradição, ao contrário de ser facilitada pela tematização prévia, é 
dificultada, pois, ao imitar, é preciso fazer jus a quem se imita, superando-o ou pelo 
menos igualando-se a ele em qualidade e inventividade. No texto de Leandro Gomes, 
o instrumento musical capaz de levantar defuntos era uma rabeca e, em Suassuna, 
passa a ser uma gaita, provavelmente também por causa de uma necessidade cênica.
IMPORTANTE
No último ato da peça ocorre o julgamento dos personagens que foram mortos por 
Severino de Aracaju, e do próprio Severino, morto por uma facada de João Grilo. É 
impossível não pensar no “Auto da Barca do Inferno”, de Gil Vicente, em que uma 
série de personagens é julgada por seus atos em terra e tem como juízes um anjo e um 
demônio. A fonte direta de Suassuna, porém, estava mais próxima. É “O Castigo da 
Soberba”, romance popular nordestino, de autoria anônima, no qual a compadecida 
aparece para salvar um grupo de condenados. 
Fica patente o cunho de moralizante da peça, que assume uma posição cujo 
foco está na base da pirâmide social, a melhor maneira de desvelar os discursos 
mentirosos das autoridades e integrar os homens e mulheres por meio da compaixão, 
a qual só os desprendidos podem desenvolver. Nesse aspecto, a moral que se 
depreende da peça é muito semelhante à do cristianismo primitivo, que se 
baseava no preceito “amai-vos uns aos outros”. 
PERSONAGENS 
Os personagens de “Auto da Compadecida” são alegóricos, ou 
seja, não representam indivíduos, mas tipos que devem ser 
compreendidos de acordo com a posição estrutural que ocupam. A 
criação desses personagens possibilita que se enxergue a 
sociedade de uma cidadezinha do Nordeste. É por isso que a 
peça pode ser chamada sátira social, pois procura reformar os 
costumes, moralizar e salvar as instituições de sua vulgarização. 
Na literatura, a alegoria representa, mais precisamente, uma figura de palavra de 
caráter moral, a qual deixa de lado seu sentido meramente denotativo, para pôr 
em prática o sentido figurado das palavras, ou seja, a duplicidade de sentidos, 
ou mesmo sua plurissignificação (multiplicidade de significados).
Personagens
• O Palhaço: como a peça é escrita para ser encenada em forma de teatro de rua, o 
palhaço atua como um apresentador, entrando e saindo da trama e conversando com 
o público.
• - João Grilo: Um homem pobre e astuto que vive arranjando confusões. Trabalha 
para o Padeiro e é o melhor amigo de Chicó. Usa de sua inteligência para 
sobreviver.
• - Chicó: É medroso quando se trata das confusões de João Grilo. Gosta de contar 
histórias. Também trabalha para o Padeiro e é o melhor amigo de João.
• - O padeiro: Homem avarento, dono da padaria de Taperoá. Esposo de uma mulher 
infiel.
• - A mulher do padeiro: Mulher adultera que se diz santa. Gosta de animais e é 
interesseira. Assim como o marido, é muito avarenta.
• - Padre João: Padre que chefia a paróquia de Taperoá. Age conforme os interesses dos mais 
poderosos, é avarento e usa de sua autoridade religiosa para obter lucro material.
• - Bispo: Assim como o padre, utiliza do cargo para obter lucro.
• - Sacristão: é o sacristão da paróquia. Também cede a chantagem de João Grilo na tentativa 
de enterrar o cachorro quando descobre que ficaria com três contos de réis.
• - Antônio Morais: é um major ignorante e autoritário, que usa seu poder para amedrontar os 
mais pobres.
• - Severino: é um cangaceiro que encontrou no crime uma forma de sobrevivência, já que 
seus pais foram mortos pela Polícia.
• - Cangaceiro: É um dos capangas de Severino. Vive fazendo de tudo para agradar seu 
chefe, ao qual idolatra.
Personagens
• - A Compadecida: É a própria Nossa Senhora. Bondosa e cândida, ela intercede por 
todos no Julgamento.
• - Emanuel: É o próprio Jesus Cristo, e também o juiz do povo, julgando sempre com 
sabedoria e imparcialidade, mas tem o dom da misericórdia. Nesta versão, ele possui 
a pele negra, o que causa espanto em alguns.
• - Encourado: é a encarnação do Diabo. Vive tentando imitar Manuel, por isso exige 
reverências pelos lugares onde passa. É o justo promotor do Julgamento, mas 
diferentemente de Emanuel e da Compadecida, não possui misericórdia.
Personagens
Análise 
• A peça trata, de maneira leve e com humor, do drama vivido pelo povo nordestino: acuado 
pela seca, atormentado pelo medo da fome e em constante luta contra a miséria. Traça o 
perfil dos sertanejos nordestinosque estão submetidos à opressão e subjugados por famílias 
de poderosos coronéis donos de terra. Nesse contexto, o personagem de João representa o 
povo oprimido que tenta sobreviver no sertão, utilizando a única arma do pobre: a 
inteligência.
• Fica evidente o cunho de sátira moralizante da peça, através das características de seus 
personagens. O padeiro e a mulher são avarentos, deixando passar necessidade o empregado 
enquanto cuidam bem do cachorro. O padre e o bispo, gananciosos, utilizam da autoridade 
religiosa para enriquecerem. Todos estes são condenados ao purgatório com a interseção de 
Nossa Senhora. Já Severino e o cangaceiro, apesar de todos os crimes cometidos em vida, 
são poupados por serem considerados vítimas naquela situação: a seca, a fome e toda a 
difícil realidade os obrigaram a levar este tipo de vida. 
•A peça é uma síntese do modelo medieval com o modelo regional: 
trabalha o tema religioso da moral católica (se aproximando dos 
temas barrocos), mas inserido no contexto nordestino, ou seja, 
regional. 
•Por ser um dos objetivos do movimento modernista trabalhar 
tendências mundiais de forma regional, adaptando-se a nossa 
realidade, a peça pode ser considerada como uma tendência 
modernista.
Análise 
Lygia Fagundes Telles
 Lygia Fagundes Telles, escritora brasileira, nasceu em 19 de abril 
de 1923, em São Paulo. Publicou seu primeiro livro de contos — 
Porões e sobrados — em 1938. Formada em Direito, trabalhou 
como procuradora do Instituto de Previdência do Estado de São 
Paulo, foi presidente da Cinemateca Brasileira e fez parte da 
comissão que, em 1977, entregou ao ministro da Justiça o 
Manifesto dos intelectuais, abaixo-assinado contra a censura.
Sobre a autora
● Prosa intimista.
● Conflito existencial.
● Fluxo de consciência ou monólogo interior.
● Personagens imersos em dúvidas e incertezas.
● Fragmentação da narrativa.
● Dimensão psicológica dos personagens.
● Foco nas relações humanas.
● Contextualização sociopolítica.
● Apresenta um universo marcadamente feminino
● Comprometida em documentar a difícil condição de vida de uma sociedade frágil 
dos centros urbanos, uma literatura engajada, destinada a documentar a história 
trágica do país
Estilo literário de Lygia Fagundes Telles
● A estreia oficial de Lygia Fagundes Telles na literatura ocorreu em 1944, com 
o volume de contos "Praia Viva"
● Segue com a contínua produção de contos e romances, entre eles, “Ciranda de 
Pedra” (1954).
● Em 1958, publica o livro de contos, “História do Desencontro”.
● Em 1963, publica seu segundo romance “Verão no Aquário”
● Escreveu o roteiro para o filme Capitu (1967), baseado na obra Dom Casmurro 
de Machado de Assis,
Carreira literária
● Datado de 1954.
● O centro da história se dá em um acontecimento familiar: o 
desmembramento da família de Virgínia. Após a doença e 
morte de sua mãe, e o suicídio do seu padrasto (que na 
verdade é seu pai verdadeiro) a situação financeira da 
família fica difícil e Virgínia se vê obrigada a deixar sua 
casa para ir morar com seu pai (o homem que lhe fora 
apresentado como pai durante toda a sua vida) e suas irmãs. 
Devido à distante relação que tinha com o Pai, ela passa a 
viver conflitos, medos, ansiedades, solidão, angústias, além 
do sentimento de culpa que tem devido a tragédia que 
acontecera.
Obra destaque
● Quanto ao título, observamos que se refere, em um 
primeiro momento, a uma ciranda de anões de pedra 
que ornamenta o jardim da casa onde Virgínia passa a 
viver. No decorrer da leitura, compreende-se a 
metáfora existente através desta ciranda, que na 
verdade representa o comportamento das 
personagens, simboliza o fechamento diante da 
presença de outros indivíduos. O grupo é a nova 
família de Virgínia, que não a aceita a princípio, mas 
que em um segundo momento a convida para fazer 
parte, e ela acaba se tornando o centro da “ciranda”.
Obra destaque
● Porão e sobrado (1938) — contos
● Praia viva (1944) — contos
● O cacto vermelho (1949) — contos
● Ciranda de pedra (1954) — romance
● Histórias do desencontro (1958) — contos
● Verão no aquário (1963) — romance
● Antes do baile verde (1970) — contos
● As meninas (1973) — romance
● Seminário dos ratos (1977) — contos
● A disciplina do amor (1980) — memórias 
Obras
● Venha ver o pôr do sol e outros contos (1987) — contos
● As horas nuas (1989) — romance
● A estrutura da bolha de sabão (1991) — contos
● A noite escura e mais eu (1995) — contos
● Oito contos de amor (1996) — contos
● Invenção e memória (2000) — contos
● Durante aquele estranho chá (2002) — memórias
● Conspiração de nuvens (2007) — conto
● Passaporte para a China (2011) — crônicas
● Um coração ardente (2012) — contos
● O segredo e outras histórias de descoberta (2012) — contos
Obras

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