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16. Trombofilias e Gestação Conceito Trombofilias são distúrbios hemostáticos, hereditários ou adquiridos, que podem predispor o paciente a fenômenos tromboembólicos. *Cascata de Coagulação Condições Trombofílicas · Fatores Primários de Risco para Tromboembolismo Venoso: · Deficiência de antitrombina · Deficiência de proteína S · Deficiência de proteína C · Disfibrinogenemia congênita · Hiper- homocisteinemia · Fator V de Leiden · Síndrome antifosfolípide · Deficiência do fator XII · Mutação 20210A de protrombina · Fatores Secundários de Risco para Tromboembolismo Venoso: · Fratura · Trauma · AVC · Idade avançada · Cateter venoso central · IVC · Tabagismo · Gravidez/puerpério · Doença de Crohn · Síndrome nefrótica · Hiperviscosidade (policitemia, macroglobulinemia de Waldenstrom) · Anomalias plaquetárias · Cirurgia · Imobilização · Neoplasia · Obesidade · IC · Viagens de longa distância · Anticoncepcional oral · Síndrome de hiperestimulação ovariana · Lúpus · Próteses valvares cardíacas · As trombofilias podem estar relacionadas à trombose da microcirculação placentária, que podem acarretar maior taxa de abortamento, óbito fetal, pré- eclâmpsia severa, HELLP, restrição de crescimento fetal e descolamento prematura de placenta. · Gestantes com tromboembolismo prévio apresentam maior risco de complicações por doença placentária na gestação subsequente. · Gestantes com antecedente de complicações obstétricas, como descolamento prematuro de placenta, abortamento, restrição de crescimento ou pré- eclâmpsia, não se recomenda o rastreio de trombofilia hereditária. Classificação · Adquiridas · Síndrome Antifosfolípide (SAF) · Hereditárias · Deficiência de antitrombina · Deficiência da proteína S · Deficiência da proteína C · Mutação genética do fator V (fator de Leiden) · Mutação genética do fator II (protrombina) · Adquiridas/Hereditárias · Hiper- homocisteinemia · Mais de 60% da predisposição a trombose é atribuível a componentes genéticos. · Trombofilia genética: · Trombose tende a acontecer em idade precoce (antes dos 45-50 anos) · Um terço dos casos: história familiar de trombose venosa profunda pode ser identificada Em quem devo Investigar? · Ocorrência passada ou recente de qualquer evento trombótico · Aborto de repetição · Óbito fetal prévio · Pré - eclâmpsia grave ou eclâmpsia nas formas graves · História prévia de descolamento prematuro de placenta · Restrição de crescimento fetal grave · Insuficiência placentária prévia · História familiar · Gestação = Oportunidade Observação: gravidez já tem um aumento de risco de trombose - tem hiperestrogenismo, estase sanguínea (pelo aumento do volume abdominal), lesão endotelial (por fatores inflamatórios). Indicações de Rastreio de Trombofilias na Gestação · Os exames a serem solicitados no rastreamento de trombofilias são: · Fator V de Leiden · Mutação da protrombina · Teste de reatividade da proteína C · Antitrombina · Proteína S · Anticorpos antifosfolipídicos (anticardiolipina, anticoagulante lúpico e antibeta-2- glicoproteína I) · Esses exames devem ser solicitados sem uso de anticoagulante, terapia hormonal e após a fase aguda da trombose. Por quê? · Gestação e puerpério potencializam a predisposição à trombose com incidência de 4 a 50 x maior quando comparado com mulheres não gestantes. · Hiperestrogenismo · Estase venosa · Aumento de fatores de coagulação - principalmente, no puerpério para não exsaguinar. · Lesão endotelial #DESCOMPLICANDO Simplificando a Cascata de Coagulação · Durante a ativação do sistema de coagulação, proteases séricas com atividade pró-coagulante são geradas sequencialmente, o que culmina na formação de um coágulo estável de fibrina. · A atividade dessas proteases é inibida por um grupo de proteínas denominadas anticoagulantes naturais ou inibidores fisiológicos da coagulação. · A antitrombina (AT), a proteína C (PC) e a proteína S (PS) são componentes cruciais do sistema anticoagulante. Defeitos genéticos nesses inibidores da coagulação resultam em risco trombótico elevado. · Proteína C e S - anticoagulantes naturais, quando ativadas. · Proteína C ativa, proteína S - ambas controlam a formação de trombina com a inibição dos fatores V e VIII (fatores pró- coagulantes) · Antitrombina (III) - inibidor da trombina tendo papel anticoagulante natural Trombofilias Hereditárias Mutação do Fator V de Leiden · Mais comum das hereditárias (20 a 50% de pacientes com TEV) · É altamente prevalente em populações caucasianas · Mutação do gene localizado no cromossomo 1 · Autossômica dominante · Resistência à proteína C ativada (RPCA) · Diminui a inativação do fator V (pró- coagulante) · Heterozigota: 2 a 15% da população geral · Aumenta em três a oito vezes o risco de trombose venosa · 20 a 40% das mulheres com essa alteração apresentam 1 episódio de trombose na vida · Homozigota: rara · 0,02 a 0,1% · Risco 50 a 100x maior de evento tromboembólico · Muito associado com descolamento prematuro de placenta Mutação Genética do Fator II (Protrombina) · Mutação no gene que codifica a protrombina (fator II da coagulação). Essa mutação provoca níveis séricos muito elevados de protrombina pró- coagulante, aumentando o risco de eventos tromboembólicos. · Aumento de 150 a 200% dos níveis de protrombina (pró- coagulante) · 2 a 3% da população mundial é heterozigota · Aumenta 2 a 3 vezes a chance de tromboembolismo · Há risco de perda fetal no segundo e terceiro trimestre, descolamento prematuro de placenta, restrição de crescimento fetal e formas graves de pré- eclâmpsia. Deficiência da Proteína C · Glicoproteína dependente de vitamina K · Sintetizada pelo fígado · Inibe fatores V e VIII ativados - função · Níveis são mantidos na gestação - diferente da proteína S em que se tem uma queda natural. · Herança autossômica dominante de penetrância incompleta · O gene localiza-se no cromossomo 2 (2q13-14) · 0,2 a 0,5% prevalência · 5 a 20% de chances de evento tromboembólico · Homozigose: morte neonatal por púrpura fulminante · Deficiência da proteína C: atividade inferior a 72% (MS) - diagnóstico Deficiência da Proteína S · Proteína vitamina K dependente · Cofator para atividade anticoagulante da proteína C · Herança autossômica recessiva · Redução esperada na gestação · Prevalência de 0,8% população geral · Homozigose: morte neonatal por púrpura fulminante · Cromossomo 3 (3p11.1- q11.2) · Deficiência da proteína S: atividade inferior a 55% (MS) - diagnóstico · Chance de 5 a 20% de evento tromboembólico *S parece com 5 → 55% Deficiência de Antitrombina · A mais trombogênica das trombofilias · Risco de 70 a 90% de evento · Autossômica dominante · Homozigose é letal · 1: 5.000 indivíduos · 1% das pacientes com tromboembolismo · Deficiência de antitrombina: atividade inferior a 85% (MS) - diagnóstico · Anticoagulação plena #IMPORTANTE Trombofilias Hereditárias/Adquiridas · Hiper- Homocisteinemia: · Fatores genéticos e adquiridos interagem para determinar as concentrações de homocisteína no plasma · Maior chance de trombose arterial e venosa: um fator de risco “misto” de TEV · Ativação do fator V (protrombótico) no endotélio · Inibe ativação da proteína C · Alteração na fibrinólise e função plaquetária aumento de risco trombótico da ordem de duas a quatro vezes. - A homocisteína é um produto intermediário na conversão de metionina para cisteína. A enzima MTHFR (enzima metileno- tetraidofolato redutase), assim como a CBS, vitamina B12 e B6 e ácido fólico, participa da conversão da homocisteína em cisteína, e a redução desses fatores culmina no aumento da homocisteína. · Hiper- homocisteinemia causa trombose. Causas Adquiridas de Hiper- Homocisteinemia · Deficiências nutricionais: vitamina B12, vitamina B6, folato* · Idade avançada · IRC · Uso de medicações antifólicas: · Anticonvulsivantes: fenitoína e fenobarbital · Sulfassalazina e metotrexato · Metformina · Trimetoprima sulfametoxazolCausas Genéticas de Hiper- Homocisteinemia · Defeitos nos genes das enzimas metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR) e cistationina b- sintase (CBS) · Metabolismo intracelular da homocisteína · Numerosas mutações na MTHFR e CBS foram identificadas · Somente apresentam consequências clínicas em homozigose · Essa condição, quando leva a quadro de hiper-homocisteinemia grave, é caracterizada por homocistinúria, múltiplos déficits neurológicos, retardo psicomotor, convulsões, anormalidades esqueléticas, ectopia lentis, doença arterial prematura e TEV. · Em caso de heterozigose não se faz nada! · Mutação na MTHFR homozigota cursa com outras alterações além do perfil trombogênico: retardo mental, malformação do tubo neural e malformação esquelética. Observação: a mutação da MTHFR não é mais considerada uma trombofilia e não deverá ser tratada com protocolos de profilaxia antitrombótica na gestação. Nesse caso, deve-se avaliar a presença de hiper- homocisteinemia como marcador de aumento no risco de trombose. #PEGADINHA MTHFR C677T · Variação polimórfica com alta prevalência na população geral · Em estado homozigótico reduz atividade enzimática · Pode levar a hiper- homocisteinemia (leve a moderada) · É controverso seu papel como um fator de risco genético independente para a ocorrência de TEV ou como modificador de risco trombótico conferido por outras anormalidades trombofílicas. · Quando investiga a trombofilia → não investiga o MTHFR, investiga a homocisteína. Fator VIII - Pró-coagulante As concentrações plasmáticas do fator VIII da coagulação refletem a influência combinada de fatores hereditários e adquiridos. · Tipagem sanguínea · Fator de von Willebrand · Doenças ou situações inflamatórias: aumentam fator VIII · Proteína de fase aguda · Aumento de aproximadamente cinco vezes no risco de trombose - Fator VIII quando não é inibido por nossos anticoagulantes naturais aumentam a chance de fazer evento de trombose. Trombofilias Adquiridas Síndrome dos Anticorpos Antifosfolípides (SAF) · Estado de hipercoagulabilidade mediada por autoanticorpos trombogênicos. · A síndrome do anticorpo antifosfolipídico é causada pela presença de autoanticorpos que levam a aumento no risco de trombose - trombofilia. #IMPORTANTE · Critérios Diagnósticos: · Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia · 1 ou mais critérios clínicos + · 1 ou mais critérios laboratoriais · *A presença apenas desses anticorpos não é suficiente para diagnosticar SAF. Critérios Clínicos 1. TROMBOSE VASCULAR: · Um ou mais episódios de trombose arterial, venosa ou de pequenos vasos em qualquer órgãos ou tecido, confirmados por achados de exames de imagem ou biópsia, que deve excluir vasculite. · Se confirmação histopatológica, a trombose deve estar presente e não pode haver evidência de inflamação na parede do vaso. · Atenção: trombose venosa superficial não entra como critério clínico para diagnóstico de SAF. 2. MORBIDADE GESTACIONAL: (a) Uma ou mais mortes de feto normal com mais de 10 semanas de gestação, com morfologia fetal normal detectada por USG ou exame direto do feto. Observação: óbitos com 10 semanas ou mais de gestação são óbitos fetais e não embrionários, além disso são menos causados por aneuploidias e outras alterações genéticas. (b) Um ou mais nascimentos prematuros de feto morfologicamente normal com 34 semanas ou menos em virtude eclâmpsia ou pré- eclâmpsia grave ou insuficiência placentária (c) Três ou mais abortamentos espontâneos antes de 10 semanas de gestação excluindo malformações do feto, além de causas cromossômicas maternas ou paternas. Critérios Laboratoriais · Anticorpo Anticoagulante lúpico no plasma materno em 2 ou mais ocasiões com intervalo de 12 semanas · Anticorpo Anticardiolipina IgG/IgM em títulos moderados a altos em 2 ou mais ocasiões com intervalo de 12 semanas (> 40 MLP ou GLP ou > percentil 90) medidos por ELISA. · Anticorpo Antibeta- 2- glicoproteína 1 > percentil 90 IgG ou IgM no plasma materno em 2 ou mais ocasiões com intervalo de 12 semanas medidos por ELISA. Cuidado! · Há elevação dos anticorpos antifosfolípides/anticardiolipina em titulação baixa em outras situações: · Traumas · Tromboses de outras etiologias · Infecções: sífilis, HIV, mononucleose, hepatites · Medicamentos · Gestação · Anemias hemolíticas · Atrofia alba de Milian - úlceras de pele · Mielite transversa - Não adianta vir só positiva, tem que ver a titulação. Repetir após 12 semanas e vir + de novo. Complicações Gestacionais associadas à Trombofilia · O abortamento de repetição é mais associado à SAF · Perda gestacional de primeiro trimestre é mais associado à hiper- homocisteinemia · Perda gestacional de segundo trimestre é mais associado à mutação da protrombina heterozigota · Perda gestacional de terceiro trimestre é mais associado a deficiência de proteína S · Pré- eclâmpsia é mais associada a deficiência da proteína C · Descolamento prematuro de placenta é mais comum em pacientes com mutação no fator V de Leiden homozigótico e mutação da protrombina heterozigota · Restrição de crescimento fetal é mais associada a SAF · Entre as trombofilias hereditárias, a que provoca mais evento tromboembólico na gestação é a deficiência de antitrombina. Seguido da mutação no fator V de Leiden homozigótico, mutação da protrombina homozigótica e mutação no fator V de Leiden heterozigótico com mutação da protrombina heterozigótica. Tratamento Medidas Antitrombose! · Meia de compressão, atividade física, uso de vitaminas (folato), AAS (alteração na agregação plaquetária), colocar as pernas para cima, uso de heparina. · Meias elásticas durante gestação, parto e puerpério · Deambulação precoce após o parto · Individualizar caso a caso · Planejar gestação · Investigar patologias associadas · Suplementação vitamínica · Ácido Acetilsalicílico (AAS): indicado para pacientes com SAF ao diagnóstico de gravidez, em todas as pacientes com risco de pré- eclâmpsia. · Na dose 100 mg/d. · Suplementação com ácido fólico 5 g/dia por 3 meses antes da gestação e durante todo o período · Observe que as pacientes sem trombofilia fazem uso de ácido fólico apenas no 1° trimestre de gestação Anticoagulação · Quem já fazia uso? Mudar dicumarínicos para heparina no diagnóstico de gravidez · Quem não fazia? · Iniciar após USG obstétrico inicial precoce 5-6 semanas · Checar se é tópica e viável - sempre que entrar com a anticoagulação com paciente gestante espera ter certeza se é uma gravidez tópica e viável, pois o risco da anticoagulação irá superar os benefícios (óbito). · Dose Profilática: · Heparina de baixo peso (enoxaparina) · 40 mg SC por dia - paciente muito acima do peso faz uma dose muito mais elevada · Dalteparina 5.000 UI/dia · Nadroparina 1.850 UI/dia · Heparina não fracionada: 2.500 a 5.000 UI a cada 12 horas, de forma a não alterar o TTPA Anticoagulação Plena · Enoxaparina 2 mg/kg dia · Dalteparina 100 UI/kg a cada 12 horas · Heparina não fracionada mantendo TTPA entre 1,5 e 2,5 Observação: Como iniciar ou trocar o esquema de anticoagulação na gestação e período pré- concepcional #IMPORTANTE Efeitos Colaterais a Heparina (Principalmente não fracionada) · Alertar a grávida dos riscos de ela sangrar - evitar atividades que tenham um risco de trauma importante. · Plaquetopenia: dosagem mensal de plaquetas · Redução do cálcio ósseo com risco de osteoporose: suplementar cálcio e atividades físicas leves · Redução cutânea: suspender e mudar para baixo peso Observação: contraindicações ao uso da heparina de baixo peso molecular - · Sangramento - hemofilia, doença de Von Willebrand ou coagulopatia adquirida · Hemorragia ativa pré- natal ou pós- parto · Mulheres consideradas com maior risco de hemorragia grave (como placenta prévia) · Trombocitopenia (contagem de plaquetas menor que 100.000/mm³) · AVC agudo nas quatro semanas precedentes (hemorrágico ou isquêmico) · Doença renal grave - tx de filtração glomerular menor que 30 mL/min/1,73m² · Doença hepática grave (tempo de protrombina acima da faixa normal ou varizes conhecidas) · Hipertensão não controlada (PAS > 200 mmHg ou PAD > 120 mmHg) Pré- Natal · Consultas mensais ou quinzenais até 20a semana · Depois, consultas quinzenais ou semanais · Avaliação com Doppler: riscos de trombose placentária/ insuficiência placentária · Doppler vai ver o fluxo sanguíneo; a trombofilia faz mais trombose. Consultas Pré- Natal · Até 20 semanas de gestação → mensais ou de 15 em 15 dias · Mais de 20 semanas de gestação → de 15 em 15 dias ou semanais · 8 semanas de gestação → USG endovaginal · 12 semanas de gestação → USG translucência nucal · Mais de 12 semanas de gestação → USG obstétrica mensal · 15 semanas de gestação → Doppler obstétrico · 15 a 26 semanas de gestação → Doppler obstétrico de 15 em 15 dias · Mais de 26 semanas a 34 semanas de gestação + Doppler normal → Mensal · Mais de 26 semanas e 34 semanas de gestação + Doppler alterado → Realizar de acordo com as alterações fetoplacentárias · 37 a 40 semanas de gestação → programação do parto Parto · Via obstétrica - não precisa ser necessariamente cesária · Pode-se utilizar misoprostol na maturação do colo e indução do trabalho de parto · Atenção para anticoagulação · Orientar a paciente que, em caso de contrações ou perda líquida vaginal, não administrar heparina e procurar assistência médica imediatamente. · Programar parto? - 37 a 40 semanas a depender do caso · MS não se pronuncia sobre isso · Suspender AAS? (Sim? Não? Quando?) - hoje em dia não suspende mais AAS · Possa ser mantido até o momento do parto, muitos protocolos recomendam a suspensão com 36 semanas de gestação para evitar sangramento aumentado no parto. · Suspender heparina 24 horas antes do procedimento · Heparina de baixo peso molecular em dose profilática: suspender 12 horas antes do parto · Heparina de baixo peso molecular em dose plena: suspender 24 horas antes do parto · Meias elásticas durante procedimento · Orientar a não usar a dose de anticoagulante em caso de início de contrações antes de avaliação médica Puerpério · Reiniciar heparina 6 a 8 horas após parto (ou 10 - 12 horas) · Meia elástica · Deambulação precoce · Dicumarínicos (varfarina) não possuem contraindicações ao aleitamento materno, podendo ser reintroduzidos em caso de altíssimo risco de trombose · Manter anticoagulação por 6 semanas Tromboembolismo na Gestação · Importante causa de morte materna no mundo · 10 x mais comum em gestantes · Fatores de Risco: · Obesidade · Idade > 35 (10 x mais comum) · Varizes em MMII · Imobilização prolongada · Hiperestímulo ovariano · Neoplasia · Trombofilias · Cardiopatias · Nefropatias · Doenças do colágeno Trombose Venosa Profunda (TVP) · Formação de coágulo no sistema venoso profundo · Mm. inferiores · Aumento de risco no pós- parto: cesariana · 90% das TVPs na gestação ocorrem na perna esquerda, sendo 72% na veia iliofemoral (com maior chance de embolia pulmonar) e 9% nas veias inferiores. Diagnóstico · Difícil, pois seus sintomas são facilmente confundidos com os de gestação normal · Dor unilateral da perna e edema · Calor, rubor, empastamento de panturrilhas · 2 cm de diferença no diâmetro das panturrilhas, indica-se investigação · Sinal de Homan (dor a dorsiflexão do pé) é inespecífico e pode ser encontrado em 50% das gestantes sem TVP #PEGADINHA · Se houver forte suspeita de TVP, deve-se iniciar a anticoagulação até a confirmação diagnóstica · Exames subsidiários: · USG com Doppler MMII · RNM para avaliação de veias pélvicas Observação: na gestante, começar com um exame mais simples para o mais complexo. Tromboembolismo Pulmonar · Ocorre quando os coágulos se desprendem do sistema venoso profundo nos casos de TVP e se alojam nas aa. pulmonares. · ⅔ dos casos ocorre no puerpério - aumenta a quantidade de fatores de coagulação para que não exaguine pós- parto. · Sinais e sintomas inespecíficos · Dispneia de início súbito · Taquicardia · Taquipneia · Dor torácica · Hemoptise (raro) Exames Subsidiários · Gasometria - pO2 < 80 mmHg pCO2 > 30 mmHg · ECG: taquicardia, inversão de onda T, sinais de sobrecarga de câmera direita, S1 Q3 T3 · D- dímero: aumenta na gestação até 10 x - valor preditivo negativo · Ecocardiograma: pouco invasivo · Sinais indiretos: aumento do volume/pressão nas câmaras direitas · Cintilografia pulmonar: estudo ventilação/ perfusão com radiação segura · Tomografia helicoidal: valor preditivo negativo de 100% e positivo de 94% - radiação segura · Angiotomografia: seguro e de mais fácil acesso · Angiografia é o padrão- ouro, mas uso restrito Tratamento · Anticoagulação plena durante gestação e até 6 semanas pós- parto · Enoxaparina 2 mg/kg dia · Dalteparina 100 UI/kg a cada 12 horas · Heparina não fracionada mantendo TTPA entre 1,5 e 2,5 · Se ocorrer no fim da gestação, manter por até 6 meses. Profilaxia Antitrombótica Gestantes Trombofílicas Condutas a gestantes com trombofilias · Gestantes com SAF que não respondem adequadamente ao tratamento preconizado anteriormente (AAS e heparina de baixo peso molecular) podem ser tratadas com hidroxicloroquina, gamaglobulina, glicocorticóides e plasmaférese. · Essas pacientes devem usar meias elásticas e carbonato de cálcio 500 mg/d durante a gestação e no puerpério. · Todas as gestantes em uso de HBPM e/ou AAS na gestação devem manter a medicação no puerpério por 6 semanas após o parto. · Fatores de moderado a alto risco de recorrência incluem: · Único episódio de TEV não provocado · TEV relacionado a gestação · TEV relacionado a anticoncepção hormonal com estrogênio · Múltiplos TEVs não provocados · Fatores de baixo risco de recorrência são: · Trauma · Imobilização · Cirurgia de longa duração · Sem relação com anticoncepcional com estrogênio · Sem relação com gestação Puerpério · Pacientes com trombofilia devem usar método contraceptivos não hormonais ou com apenas progesterona. · Febrasgo (2019) · Todas as gestantes em uso de anticoagulante na gestação devem manter a medicação, na mesma dose, até 6 semanas após o parto, assim como o AAS. · Gestante com mutação homozigótica no fator V de Leiden ou na protrombina, sem trombose prévia, sem HF de TVP ou TEP: dose profilática de HBPM apenas no puerpério. · Gestantes com deficiência da proteína C ou S, ou da antitrombina. Gestante com mutação heterozigota no fator V de Leiden ou na protrombina, sem trombose prévia, com HF de TVP ou TEP: dose profilática de HBPM apenas no puerpério. · Ausência de trombofilia + com história de TVP: dose profilática de HBPM apenas no puerpério · MS (2019) · Gestante com um episódio de TEV com baixo risco de recorrência: dose profilática de HBPM apenas no puerpério · Gestante sem história de TEV, sem familiar de TEV, trombofilia de alto risco: dose profilática de HBPM apenas no puerpério. Exceto nos casos de SAF (supracitado) · Gestante sem TEV, com TEV em parentes de primeiro grau, trombofilia de baixo risco: dose profilática de HBPM apenas no puerpério.