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Análise de viabilidade econômico-financeiro aula 4

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ANÁLISE DE VIABILIDADE
ECONÔMICO-FINANCEIRA
AULA 4
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Almir Cléydison Joaquim da Silva
CONVERSA INICIAL
ESTUDO DE ENGENHARIA DO PROCESSO DE PRODUÇÃO
O estudo de engenharia concentra-se na discussão de elementos e informações técnicas sobre
a estrutura de produção necessária para manufatura de bens ou para transferência e prestação de
serviços. Mas você sabe qual a razão para a identificação dos aspectos de funcionamento de um
empreendimento? Ou, ainda, quais os impactos da escolha dos fatores de produção na obtenção do
produto/serviço final e no desempenho dos negócios?
Nesta aula, concentramos nossos estudos na discussão desses e de outros aspectos que
encerram a análise técnica de um projeto de viabilidade econômico-financeira. Para tanto, os
esforços de aprendizagem se voltarão para as seguintes discussões:
a. processo de produção;
b. classificações dos sistemas de produção;
c. processo administrativo: estrutura física e equipamentos;
d. etapas e fluxograma de produção;
e. programa de produção.
CONTEXTUALIZANDO
A definição do sistema de produção para fabricação de bens ou para prestação de serviços,
assim como a utilização e combinação de fatores produtivos (fixos e variáveis) e a identificação da
estrutura física para funcionamento de um empreendimento, possui impactos diretos no
desempenho de qualquer negócio. Esses impactos ocorrem especialmente do ponto de vista
financeiro, de necessidades de construções, reformas ou demais adaptações de infraestrutura e de
eficiência na obtenção de produtos finais ou na prestação de serviços.
Por conseguinte, o planejamento da capacidade instalada também é fundamental para uma
perspectiva de sustentabilidade e de ampliação dos negócios ao longo do tempo, em decorrência de
elevações na demanda de produtos ou de serviços. Mas você sabe quais variáveis e fatores
produtivos auxiliam na compreensão e na tomada de decisões a respeito da estrutura e do processo
físico de produção? Nesta aula, avançaremos na discussão dessas e de outras questões
relacionadas ao estudo de engenharia de um negócio, projeto ou obras específicas.
TEMA 1 – PROCESSO DE PRODUÇÃO
Crédito: EtiAmmos/Shutterstock.
O processo produtivo refere-se à estrutura e ao fluxo organizacional da produção de um
empreendimento que viabiliza a realização de ações e atividades produtivas necessárias para o
alcance de bens e serviços finais. Desse modo, configura-se como um sistema de tarefas e
operações inter-relacionadas que utiliza e combina fatores produtivos, dispostos em um programa e
em fases, visando à transformação de produtos ou à transferência de serviços (Moreira, 2012;
Fonseca, 2012). Mas você sabe qual a importância de conhecer e definir o processo produtivo de um
empreendimento?
A estrutura e a forma como produtos são manufaturados ou como serviços são ofertados para
os clientes finais possuem impactos em termos financeiros, para os negócios. Com o conhecimento
e da definição do processo produtivo é possível o detalhamento técnico dos fatores fixos e dos
fatores variáveis envolvidos e necessários para a produção de determinado bem ou serviço, definido,
anteriormente, nos estudos de mercado (Correia Neto, 2009).
É importante destacar que o processo produtivo direcionado para a manufatura de bens físicos
está ligado, especialmente, às atividades industriais para transformação ou mudança de
composição de matérias-primas e insumos. Enquanto que as operações de serviços referem-se a
ações vinculadas a transferências de conhecimento e criação de tecnologias baseadas em know-
how (conhecimento de como se faz), por exemplo. Nesse sentido, mesmo que um empreendimento
não conte com um processo produtivo para transformação de matérias-primas em produtos
acabados, os serviços a serem prestados por ele lhe demandam alguma estrutura física mínima, de
equipamentos ou de tecnologias fundamentais para a realização e prestação desses serviços
(Buarque, 1984; Correia Neto, 2009; Moreira, 2012). Esses aspectos de distinção da natureza da
fabricação de produtos e da prestação de serviços refletem na escolha do sistema de produção,
conforme discutiremos mais à frente.
Os fatores produtivos, como elementos constituintes de um sistema de produção, podem ser
fixos e/ou variáveis. Os fatores fixos de produção correspondem a investimentos em bens de capital
(a exemplo de máquinas, equipamentos, imóveis e veículos) que viabilizam o processamento e
transformação dos insumos em produtos acabados. Essa infraestrutura básica apresenta uma
elevada vida útil, que implica uma baixa frequência de aquisição dos bens de capital necessários
para a produção. Contudo, não se deve desconsiderar a deterioração e as necessidades de
manutenção e/ou de substituição, ao longo do tempo, de máquinas e equipamentos para tornar o
processo de produção cada vez mais inovador e eficiente (Correia Neto, 2009; Fonseca, 2012).
Ao contrário dos fatores fixos, os fatores variáveis de produção possuem uma elevada
frequência de aquisições, cujo volume varia de acordo com o nível das atividades produtivas
realizadas, da incorporação de insumos na produção e da composição de produtos finais. Os fatores
variáveis de produção referem-se, portanto, a custos produtivos com insumos diretos, a exemplo de
matérias-primas, embalagens, mão de obra e outros elementos necessários para a fabricação de
produtos acabados ou para a prestação de serviços específicos (Correia Neto, 2009). A Figura 1
apresenta o fluxo de um sistema de produção, considerando a incorporação de fatores de produção
e sua consequente transformação em bens e serviços finais.
Figura 1 – Elementos e fluxo de um processo de produção
Fonte: Adaptado de Correia Neto, 2009, p. 41.
Antes de analisarmos com mais detalhes as variáveis presentes em um programa de produção,
é importante a caracterização das classificações dos sistemas de produção em função do tipo de
fluxo dos produtos, assim como do tipo de atendimento prestado ao consumidor, em um
empreendimento.
TEMA 2 – CLASSIFICAÇÕES DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO
Crédito: Oil and Gas Photographer/Shutterstock.
Existem diferentes formas de se chegar à produção final de um mesmo bem ou à realização de
serviços os mesmos. Contudo, algumas alternativas podem se mostrar mais eficientes do que
outras, especialmente no que se refere à melhor combinação e utilização dos fatores fixos e
variáveis, assim como à redução de desperdícios de produção. Esses e outros aspectos possuem
implicações diretas nos resultados financeiros de um empreendimento. A escolha de um processo
produtivo implica, ao menos em curto prazo, a desistência ou a exclusão de outros (Correia Neto,
2009). Feitas essas considerações, é importante classificar e definir qual sistema de produção
apresenta-se mais adequado para processamento e manufatura de produtos e serviços. Mas você
sabe quais os sistemas de produção tradicionais e suas principais características?
Os sistemas de produção podem apresentar diferentes formas de classificação em função da
dimensão do fluxo de produção, ou seja, da forma pela qual a produção de bens e serviços é
organizada. As classificações tradicionais consideram três grandes categorias de sistemas de
produção:
1. contínua (produção em massa ou em fluxo em linha);
2. intermitente (produção por lote ou por encomenda);
3. por grandes projetos (produção para atender a projetos específicos e sem repetição) (Perales,
2001; Moreira, 2012).
O Quadro 1 apresenta uma síntese das principais características de cada sistema de produção
orientada pelo fluxo do produto.
Quadro 1 – Características dos sistemas de produção tradicionais
Sistema de
produção Principais características Exemplos
Produção
contínua
- Produtos padronizados. 
- Sequência linear na realização do produto ou
serviço. 
- Fluxo de produção previsto e etapas do
processamento balanceadas (para não interferir na
velocidade do processo). 
- Elevada eficiência, decorrentede uma produção
intensiva em máquinas e equipamentos e
padronização de tarefas repetitivas para a mão de
obra. 
- Subdivide-se em: 
a) produção em massa: fabricação em larga escala e
produtos com pequeno grau de diferenciação. 
b) produção contínua propriamente dita: processos
altamente automatizados e produtos com elevado
grau de padronização.
- Contínua propriamente dita: indústrias de
processo químico, papel, aço. 
- Produção em massa: automóveis, geladeiras,
fogões, entre outros itens.
Produção
intermitente
- Fatores de produção organizados e agrupados por
conjunto de operações, habilidades e por tipo de
arranjo físico do processo. 
- Flexibilidade e adaptabilidade de máquinas e
equipamentos às particularidades das operações
realizadas para cada tipo de produto. 
- Mão de obra especializada para os rearranjos de
máquinas e equipamentos. 
- Subdivide-se em: 
a) por lote: fabricação de cada um dos produtos
Sistema de engarrafamento de uma empresa de
bebidas; e algumas indústrias de roupas,
alimentícias, móveis e de máquinas e
equipamentos.
ocorre por lotes, em que outros produtos são
produzidos apenas ao término de cada lote
específico. 
b) por encomenda: clientes apresentam o projeto de
determinado produto para fabricação, que segue as
especificações demandadas.
Produção
por projetos
- Produto único. 
- Sequência de tarefas ao longo do tempo, de longa
duração e com baixa ou nenhuma repetição (não
existência de um fluxo do produto). 
- Elevado custo.
Produção de navios, aviões, edifícios ou outras
grandes estruturas.
Fonte: Elaborado com base em Perales, 2001; Moreira, 2012.
Cabe destacar que, na adoção de um sistema de produção contínua, deve-se atentar para o
risco de obsolescência de produtos, de mudanças tecnológicas em processos ou de problemas
decorrentes da monotonicidade e repetição de tarefas pela mão de obra. Enquanto que, no sistema
de produção intermitente, a flexibilidade de equipamentos pode levar a perda de volume e
ineficiência do processo de produção ou a necessidades de controle de estoques, qualidade e
programação da produção mais rigorosa. Esses são aspectos que devem ser levados em conta na
definição do sistema de produção de um empreendimento (Moreira, 2012).
Por outro lado, ao considerar os sistemas de produção de acordo com a dimensão do fluxo do
produto, a tipologia tradicional contempla diretamente as atividades de transformação industrial de
produtos, dando pouca atenção aos processos de transferência de conhecimento relacionados à
prestação de serviços. Para suprir essa lacuna, a classificação cruzada de Schroeder amplia a
compreensão de casos aplicados também aos serviços. Além da dimensão do fluxo do produto, a
classificação cruzada de Schroeder considera outra dimensão, que associa o processo de produção
ao tipo de atendimento oferecido ao consumidor. Nessa dimensão, o sistema de produção pode
estar orientado para estoque ou para encomenda (Moreira, 2012).
Entre as principais características de sistemas orientados para estoque estão:
a. oferta de serviços rápidos ao consumidor;
b. baixo custo do serviço;
c. reduzida flexibilidade na escolha do produto por parte do cliente (Perales, 2001; Moreira, 2012).
Já no sistema orientado para encomendas, os aspectos centrais são:
a. operações de produção vinculadas diretamente a um cliente particular;
b. informações de preço e prazo de entrega discutidos e negociados diretamente com o cliente
(Perales, 2001; Moreira, 2012).
Ainda com relação ao sistema orientado para estoque, destaca-se que as atividades de
produção estão centradas na reposição dos estoques, que são criados antes da formação da
demanda. Nesse sentido, o grande desafio de sistemas orientados para estoque está na previsão da
demanda de produtos padronizados, na administração de estoques e no planejamento da
capacidade de produção, tendo em vista que “os pedidos atuais são atendidos pelo estoque e a
produção atual vai atender à demanda futura” (Moreira, 2012, p. 12).
Considerando a classificação cruzada, o Quadro 2 apresenta alguns exemplos em uma matriz
que contempla as duas dimensões de sistemas de produção discutidas – de acordo com o tipo de
fluxo do produto e o tipo de atendimento oferecido ao consumidor. Nesse caso, levam-se em conta
tanto as atividades de transformação industrial de produtos quanto as atividades relacionadas a
serviços.
Quadro 2 – Exemplos para a classificação cruzada de Schroeder
  Orientação para estoque Orientação para encomenda
Produção contínua
- Refinarias de petróleo. 
- Indústrias químicas de grandes volumes. 
- Fábricas de papel. 
- Veículos especiais. 
- Companhias telefônicas. 
- Companhias elétricas.
- Companhias de gás.
Produção intermitente
- Móveis. 
- Metalúrgicas. 
- Restaurantes fast-food.
- Móveis sob medida. 
- Peças especiais. 
- Restaurantes.
Produção por projetos
- Artes para exposição. 
- Casas pré-fabricadas. 
- Fotografias artísticas.
- Edifícios. 
- Navios. 
- Aviões.
Fonte: Adaptado de Moreira, 2012, p. 12.
Pela classificação cruzada, é possível observar a vinculação das características dos sistemas
das duas dimensões abordadas – tipo de fluxo do produto e tipo de atendimento prestado ao
consumidor. Ainda que ocorra adaptabilidade para atividades industriais e para serviços, a “produção
contínua ou fluxo em linha leva tipicamente a sistemas orientados para estoque, enquanto a
produção ou fluxo intermitente, por sua vez, leva tanto a um como a outro tipo de sistema” (Moreira,
2012, p. 12).
Conforme visto, existem vários sistemas de produção possíveis para se chegar a determinado
produto ou serviço. Nesse momento, também podem surgir situações de trade-off, conflito de
escolhas entre processos produtivos muito ou pouco modernos, assim como entre processos com
elevado ou baixo nível de automatização. Essas escolhas incorrem no nível de investimento, com o
maior ou menor grau de incorporação tecnológica. Nos estudos de engenharia, é importante a
participação de profissionais com conhecimento, para auxiliar na decisão sobre qual processo é
mais adequado aos objetivos do empreendimento (Correia Neto, 2009).
Além de observar a melhor adequação do sistema de produção aos objetivos do negócio, outros
fatores que auxiliam na determinação do processo de produção são:
a. tipo de matéria-prima;
b. disponibilidade de recursos humanos e financeiros;
c. tipo de tecnologia disponível;
d. normas vigentes, estabelecidas pelas autoridades econômicas e por órgãos de regulação,
entre outros (Buarque, 1984).
TEMA 3 – PROCESSO ADMINISTRATIVO: ESTRUTURA FÍSICA E
EQUIPAMENTOS
Crédito: Panuwat Phimpha/Shutterstock.
Após a realização de estudos preliminares para coleta de informações técnicas sobre as
alternativas dos processos de produção viáveis para orientar a tomada de decisão de qual deles
melhor se adapta aos objetivos do negócio em questão, cabem observações a respeito do processo
administrativo. Mas você sabe quais atividades estão ligadas ao processo administrativo?
De forma geral, as atividades vinculadas à administração de um empreendimento envolvem
estrutura física (construção civil e infraestrutura) e equipamentos adequados e necessários para seu
funcionamento. Aqui também se retoma o argumento de que mesmo que um empreendimento
esteja mais direcionado a atividades do setor de serviços e não conte diretamente com um processo
produtivo para manufatura de produtos, deve-se considerar e analisar tecnicamente a estrutura física
e os equipamentos necessários para seu funcionamento e execução das suas atividades (Buarque,
1984; Correia Neto, 2009).
Atrelados aos estudos preliminares para definição do processo produtivo mais adequado,
alguns projetos de empreendimento também demandam investigações e estudos preliminares para
conhecimento de máquinas e equipamentos principais, secundários e auxiliares. Embora em
algumas situações se tenha conhecimento acumulado quanto ao processo e aos equipamentos
necessários, a realização de pesquisaspreliminares é importante em decorrência do dinamismo e
do avanço de tecnologias disponíveis no mercado, bem como para identificar aspectos que
possibilitem o máximo rendimento (Buarque, 1984).
Para a identificação, seleção e descrição técnica de máquinas e equipamentos, alguns fatores
são imprescindíveis para seu mapeamento e planejamento, a exemplo de:
a. custos;
b. país de origem;
c. marca e fornecedor;
d. facilidades de crédito e outras considerações financeiras;
e. moeda de pagamento;
f. possibilidades de ampliar a capacidade produtiva;
g. assistência técnica;
h. disponibilidade de manutenção e de peças para reposição;
i. facilidades de montagem no país, caso os equipamentos sejam de origem estrangeira
(Buarque, 1984).
A Tabela 1 apresenta um exemplo de descrição de máquinas e equipamentos necessários,
considerando especificações técnicas, quantidade e valores unitários e totais.
Tabela 1 – Relação de máquinas e equipamentos necessários
Descrição e especificações técnicas* Quantidade Valor unitário (R$) Valor total (R$)
Computador de mesa 4 1.619,10 6.476,40
Multifuncional 1 799,90 799,90
Telefone de mesa 4 99,90 399,60
Equipamentos do processo de produção 1 5 2.850,00 14.250,00
Equipamentos do processo de produção 2 4 6.400,00 25.600,00
Equipamentos do processo de produção n 8 3.100,00 24.800,00
Equipamentos de proteção individual (EPIs) 20 200,00 4.000,00
Total - - 76.325,90
* Deve-se apresentar descrição da configuração das máquinas e equipamentos, a exemplo de marca, modelo, memória, entre
outros aspectos.
Com o conhecimento do processo produtivo e a definição das máquinas e equipamentos
adequados, é possível estabelecer as demandas de construção civil ou de serviços de infraestrutura
para funcionamento de um empreendimento. Nesse sentido, um estudo de engenharia deve
descrever tecnicamente a necessidade de infraestrutura física, reformas e/ou adaptações
estruturais. Esses são elementos importantes para funcionamento do empreendimento. Deve-se ter
em conta também a área de atuação do empreendimento; se vinculado ao segmento varejista, por
exemplo, “é fundamental elaborar o projeto arquitetônico da loja, a fim de que os clientes sejam
atendidos, verifiquem e testem os produtos e efetuem os pagamentos das compras” (Correia Neto,
2009, p. 42-43).
Logo, o projeto arquitetônico deve considerar e prever as etapas e especificações de
construções, reformas ou demais adaptações de infraestrutura. Além disso, deve estar atento às
restrições ou demandas de circulação de matérias-primas e da mão de obra, no processo produtivo
(Buarque, 1984). A Tabela 2 apresenta um exemplo de descrição das etapas de obras civis, com a
indicação de sua execução em dias e previsão de investimento em materiais necessários e do valor
empregado com mão de obra.
Tabela 2 – Descrição de obras civis de reforma em edificações, por etapas
Etapas das obras civis Duração,em dias*
Mão de obra
empregada (R$)
Materiais
empregados
(R$)
Total por
etapa (R$)
Projeto arquitetônico 8 2.200,00 - 2.200,00
Paredes e vedações (fissuras, trincas, manchas ou
descolamentos do revestimento) 12 3.600,00 6.000,00 9.600,00
Instalações hidráulicas (caixas d’água e redes de
distribuição de água fria e quente, de coleta de esgoto) 12 3.600,00 8.000,00 11.600,00
Instalações elétricas 10 2.000,00 5.000,00 7.000,00
Cobertura (forro) 10 2.000,00 7.500,00 9.500,00
Esquadrias (janelas, portões e outras) 5 1.000,00 8.000,00 9.000,00
Piso interno e externo 15 4.500,00 4.800,00 9.300,00
Pintura interna e externa 8 1.200,00 2.000,00 3.200,00
Total 80 17.900,00 41.000,00 61.400,00
* Mês de trabalho de 26 dias (desconsideram-se os domingos). Fonte: Elaborado com base em Fonseca, 2012; Pereira, 2017.
É importante destacar que, ao se desenvolver o projeto de estrutura física de um
empreendimento, devem-se ter em conta as possibilidades de ampliações futuras. Isso não implica
construir instalações elevadas e muito discrepantes da procura atual, mas tentar prever a
maximização do negócio ao longo do tempo com base nas projeções da demanda, realizadas no
estudo de mercado.
TEMA 4 – ETAPAS E FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO
Crédito: NicoElNino/Shutterstock.
Para que um produto seja fabricado ou um serviço seja prestado, os processos produtivos
apresentam atividades planejadas e ordenadas em fases de um projeto, a saber:
a. etapas;
b. subetapas;
c. tarefas.
As etapas correspondem aos centros de decisão sobre a produção de determinado produto ou
serviço, ou seja, sobre o emprego de mão de obra e de matérias-primas para elaboração e
continuação da produção. O processo produtivo de determinado produto é constituído, portanto, por
grandes etapas de produção, a exemplo de requisição e recebimento de insumos, produção parcial
dos componentes, montagem final do produto, estoque e distribuição de bens acabados. As
subetapas envolvem atividades subordinadas e executadas em cada uma das etapas do processo
de produção. Enquanto as tarefas referem-se à realização das atividades de produção, vinculadas a
cada uma das subetapas estabelecidas (Fonseca, 2012).
A estruturação e descrição de todas essas fases, considerando as particularidades de cada
projeto, possibilita uma maior visualização das atividades produtivas, das relações e demandas de
outras etapas de produção, assim como uma melhor alocação de mão de obra, redução de custos e
desperdícios e maior rentabilidade para o negócio (Buarque, 1984; Correia Neto, 2009; Fonseca,
2012). A Figura 2 apresenta um exemplo de fluxograma do processo produtivo de confecção de
transformadores de energia de porte médio, em que são observadas atividades produtivas
distribuídas em quatro etapas de produção.
Figura 2 – Fluxograma de um processo produtivo
Fonte: Adaptado de Fonseca, 2012, p. 75.
O fluxograma do processo produtivo fornece, portanto, uma boa representação para
visualização da sequência de atividades produtivas e de todas as relações entre as fases e etapas
da produção. Existem diferentes formas para essa representação, como a descrição de cada
operação do processo ou com a utilização de símbolos para ilustrar as operações necessárias. Para
um maior detalhamento das proporções de matérias-primas, produtos intermediários, produtos
acabados, resíduos e perdas, pode-se também elaborar um fluxograma funcional que observe a
transformação e utilização de cada um desses aspectos (Buarque, 1984).
TEMA 5 – PROGRAMA DE PRODUÇÃO
Crédito: NicoElNino/Shutterstock.
Conhecidas as etapas do processo de produção, o programa de produção concentra-se no
planejamento das variáveis que viabilizam o seu funcionamento. Assim sendo, “enquanto o processo
de produção é o eixo central das atividades da empresa, o programa é representado pelas variáveis
que animam o processo” (Fonseca, 2012, p. 76).
Além de se considerar o estudo de projeção da demanda e a definição do tamanho ótimo de
produção – vistos em aulas anteriores –, na fixação do programa de produção deve-se estruturar um
planejamento de funcionamento e de utilização da capacidade de produção a ser instalada. O
processo de produção deve ser planejado para sua ampliação ao longo dos anos. Por exemplo, deve-
se iniciar o processo produtivo com funcionamento de 60% da capacidade produtiva no primeiro ano,
70% no segundo e assim sucessivamente até se atingir a totalidade, com 100% da capacidade
instalada no quinto ano de funcionamento do empreendimento (Buarque, 1984; Correia Neto, 2009;
Fonseca, 2012).
Para estabelecimento de um programa de produção, é importante observar algumas das
principais variáveis presentes em um processo, a exemplo de mão de obra e regime de trabalho,
volume de matérias-primas, tempo de realização das atividades produtivas, emprego de máquinas e
equipamentos, entre outras (Fonseca, 2012). Sobre essas variáveis, cabe registrar:
a. Mão de obra e regime de trabalho: para atendimento das atividades previstas nas etapas e no
fluxograma do processo produtivo, é importanteo detalhamento das necessidades de
profissionais, turnos de trabalho e demais informações que auxiliem na composição do
orçamento operacional (Buarque, 1984; Fonseca, 2012), a ser melhor discutido nas próximas
aulas. A Tabela 3 apresenta um exemplo de detalhamento da mão de obra, regime de trabalho
e remunerações.
Tabela 3 – Quadro de funcionários e respectivas jornadas de trabalho e remunerações
Função Quant.
Horas
semanais
Remuneração mensal
(R$)
Total mensal
(R$)
Representante comercial 1 40 3.500,00 3.500,00
Motoristas 2 40 2.200,00 4.400,00
Gerente de produção 1 40 3.500,00 3.500,00
Encarregados de produção 4 40 2.000,00 8.000,00
Auxiliares de limpeza e de armazenamento de
produtos
2 40 2.000,00 4.000,00
TOTAL 10 - - 23.400,00
b. Volume dos principais insumos, por etapas de produção: com base na delimitação do
tamanho da produção e das atividades previstas nas etapas do processo de produção, devem-
se identificar os insumos anuais necessários para o cumprimento do fluxograma de produção,
tentando-se estimar a sua quantidade para os primeiros anos de funcionamento, à medida que
se expandir a utilização da capacidade instalada (Fonseca, 2012).
c. Estoque médio previsto: três tipos de estoques podem surgir durante um processo produtivo:
de matérias-primas, de produtos em processo e de produtos acabados. Eles surgem em
decorrência da defasagem temporal entre o fornecimento de insumos e a demanda do produto,
em meio ao fluxo das etapas do processo produtivo. Estão, portanto, atrelados ao ciclo
operacional do projeto para atendimento da produção mensal (Fonseca, 2012).
d. Controle da produção e da qualidade: tanto o controle da produção quanto o da qualidade
requerem a observância e o acompanhamento das operações sequenciais dos produtos ou
serviços em cada etapa do processo. Enquanto, no controle da produção, o foco recai sobre o
percurso eficaz do produto entre as operações, etapas e no tempo estipulado, no controle da
qualidade dedica-se atenção à realização de testes e acompanhamento do desempenho para
que o produto desempenhe sua finalidade e supere as expectativas dos clientes finais
(Fonseca, 2012).
TROCANDO IDEIAS
Sabendo-se que existem diferentes formas para se obter um mesmo produto ou serviço final,
em um fórum de discussão, apresente argumentos sobre:
a. os fatores que auxiliam na determinação do melhor sistema de produção;
b. os elementos de convergência e divergência das duas dimensões de um sistema de produção,
de acordo com o tipo de fluxo do produto e o tipo de atendimento oferecido ao consumidor.
NA PRÁTICA
Considerando os sistemas de produção tradicionais, analise as afirmativas adaptadas de
Consulplan (2011, p. 10), indicando-as como verdadeiras ou falsas, e justifique cada uma de suas
respostas:
a. (   ) O processo de fluxo em linha envolve a manufatura de um produto exclusivo e único e os
custos variáveis da produção são baixos.
b. (  ) O processo intermitente envolve a manufatura de produtos em pequenos lotes e os custos
fixos da produção são altos.
c. (   ) O processo de projeto envolve a manufatura de grande volume de produtos e os custos
variáveis são baixos.
d. (    ) A construção de um barco a vela, para competição nos Jogos Mundiais Militares, é um
exemplo de processo de projeto.
e. (    ) A produção de camisas, por conjuntos de dez, tendo como critério o tamanho, é um
exemplo de processo de projeto.
Orientação para resolução:
analise criticamente cada uma das afirmativas anteriores, identificando as características
convergentes ou divergentes das classificações tradicionais dos sistemas de produção;
indique se as sentenças são verdadeiras ou falsas;
justifique cada uma de suas respostas, indicando quais características correspondem ou não
aos sistemas de produção em questão.
FINALIZANDO
Nesta aula, discutimos os principais aspectos relacionados a um estudo de engenharia. De
forma geral, procuramos compreender e descrever tanto a estrutura física quanto os processos
produtivo e administrativo necessários para funcionamento e manufatura de bens ou para
transferência de conhecimento e prestação de serviços de um negócio. Ao realizar um detalhamento
das informações técnicas para funcionamento de um empreendimento, vimos que o estudo de
engenharia auxilia na análise e na tomada de decisão sobre o melhor sistema de produção a ser
utilizado e a combinação de fatores produtivos (fixos e variáveis) para funcionamento desse
processo. Esse estudo encerra a análise técnica de um projeto de viabilidade econômico-financeira e
subsidiará a análise posterior dos seus aspectos financeiros.
REFERÊNCIAS
BUARQUE, C. Avaliação econômica de projetos: uma apresentação didática. 26. reimpr. Rio de
Janeiro: Elsevier, 1984.
CONSULPLAN. Caderno de prova do Concurso Público da Prefeitura do Município de Porto
Velho-RO: cargo de administrador. [S.l.], 2011. Disponível em: <https://arquivo.pciconcursos.com.br/
provas/16549710/ff585fdac9bf/administrador.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2020.
CORREIA NETO, J. F. Elaboração e avaliação de projetos de investimento: considerando o risco.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
FONSECA, J. W. F. Elaboração e análise de projetos: a viabilidade econômico-financeira. São
Paulo: Atlas, 2012.
MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning,
2012.
PERALES, W. Classificações dos sistemas de produção. In: ENCONTRO NACIONAL DE
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 21., 2001, Salvador. Anais... Salvador: Abepro, 2001. p. 1-6.
PEREIRA, L. A. Aspectos técnicos e legais em obras de reforma em edificações. 109 f. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Escola Politécnica, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017. Disponível em:
<http://www.monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10020822.pdf>. Acesso em: 22 jun.
2020.

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