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BIOSSEGURANÇA AULA 2 Profª Sabrina Calado A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, nos Temas 1, 2 e 3, falaremos sobre biossegurança, os riscos e a avaliação de riscos nos ambientes para profissionais da área da saúde e do meio ambinte, com um enfoque mais voltado para o profssional da área do meio ambiente. Além disso, também será discutido sobre os organismos geneticamente modificados (OGMs) e os riscos e avaliações de risco de profissionais que trabalham no gerenciamento de efluentes domésticos e industriais. Para fechar a nossa segunda aula, abordaremos as questões de como evitar ou mesmo reduzir os riscos no ambiente de trabalho, focando nas normas básicas de biosseguranca e nos equipamentos de proteção individual e coletiva (EPIs e EPCs). TEMA 1 – BIOSSEGURANÇA E MEIO AMBIENTE Até agora abordamos sobre as questões de biossegurança para diferentes profissionais, como da área da saúde, pesquisa e ambiental. Agora vamos focar o nosso aprendizado para a biossegurança e o meio ambiente. Além dos ambientes de trabalho como hospitais e laboratórios de análises clínica, outros ambientes também devem seguir as normas de biossegurança como: as empresas e indústrias que lidam com a manipulação e produção de elementos químicos; e com a biotecnologia. Visto isso, a biossegurança também deve ser trabalhada em conjunto com a gestão ambiental em função da proteção da vida humana e do meio ambiente. 1.1 Os impactos negativos das atividades humanas Os avanços industriais e tecnológicos têm levado ao surgimento de novos produtos a fim de melhorar a qualidade de vida da população, porém esses avanços podem causar impactos negativos para o meio ambiente, por isso o termo biossegurança surgiu a fim de minimizá-los. A Lei de Biossegurança surgiu no Brasil primeiramente em função de regular a produção e a manipulação dos organismos geneticamente modificados (OGMs), os quais podem levar a um risco biológico para os ecossistemas, podendo resultar no comprometimento do solo e na extinção de espécies A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 3 nativas. Por isso é necessária a realização da avaliação de riscos dos OGMs antes de eles serem introduzidos no ambiente. Não apenas os OGMs podem causar efeitos negativos aos ecossistemas, mas também produtos químicos que são produzidos em larga escala e cada vez mais utilizados em indústrias, empresas e laboratórios precisam ser regulados e descartados de maneira correta para que não resultem em um risco para saúde ambiental e humana. Além da avaliação de risco desses compostos químicos, faz-se necessário o correto manuseio e o descarte desses resíduos. 1.2 O papel do profissional de meio ambiente na biossegurança A utilização de equipamentos de proteção, assim como a higienização de materiais e das mãos são apenas algumas ações na biossegurança que podem ajudar a reduzir e minimizar riscos no ambiente. Além dessas ações que asseguram a proteção individual dentro do ambiente de trabalho, também é necessário garantir a proteção e a preservação dos ecossistemas. Sendo assim, órgãos como a Anvisa e Conama regulamentam e fiscalizam empresas e indústrias que fazem a manipulação, produção, tratamento e descarte de materiais biológicos, químicos e dos organismos geneticamente modificados (OGMs) para que esses agentes não causem efeitos deletérios para os ambientes aquáticos e terrestres, uma vez que podem levar à contaminação e à desestruturação dos ecossistemas, por isso o gerenciamento desses agentes precisa ser realizado corretamente. Esse gerenciamento é realizado pelos profissionais do meio ambiente, os quais controlam, avaliam riscos e realizam o planejamento de ações para e segurança do meio ambiente. O papel do gestor ambiental está principalmente em planejar e desenvolver a sustentabilidade em função de melhorar a qualidade de vida da população humana, preservando a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos. Uma das importantes funções desse profissional está em gerenciar os resíduos produzidos por indústrias, empresas privadas, órgãos governamentais e institutos de pesquisa. Essa gestão também engloba o desenvolvimento de um plano de descarte consciente de resíduos. Apesar da importância dessas ações, muitas indústrias e empresas ainda não seguem uma conduta consciente de descarte, mostrando a necessidade da implementação da biossegurança em todos os setores, abrangendo o A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 4 treinamentos dos trabalhadores, avaliação de risco desses agentes e a fiscalização eficiente. 1.3 Avaliação de riscos na biossegurança ambiental A biossegurança nos dias de hoje é vista como uma disciplina multidisciplinar, a qual engloba diferentes áreas do conhecimento, como ecologia, epidemiologia, biotecnologia, saúde pública e economia. Sendo assim, a avaliação de risco deve ser o primeiro passo para a elaboração de medidas preventivas e corretivas, trabalhada de maneira integrada ajudando na tomada de decisões e ações de intervenção. TEMA 2 – ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS (OGMs) Como já falamos um pouco no início desta aula, os organismos geneticamente modificados (OGMs) são organismos de preocupação na área da biossegurança. Os OGMs são organismos que tiveram seu material genético alterado em função de favorecer características desejadas, por exemplo: cor, tamanho ou ausência da semente, resistência a agentes biológicas, entre outros. E essas alterações na molécula do DNA desses organismos só foram possíveis devido aos avanços da biotecnologia ou da engenharia genética. Apesar de parecerem sinônimos, os OGMs e os transgênicos apresentam diferença entre eles. Os transgênicos são organismos modificados devido à introdução de genes de outros organismos e outras espécies no seu material genético; já os OGMs, apesar de eles apresentarem a introdução de genes no material genéticos, não são provenientes de outros organismos ou outras espécies. Entretanto, ambos são organismos geneticamente modificados. Existem diversos debates na ciência em relação ao uso dos OGMs, assim como posturas a favor e contra o seu uso. No próximo subitem, iremos abordar as vantagens e desvantagens do uso desses organismos. 2.1 Vantagens versus desvantagens Os OGMs, como discutidos no item anterior, marcaram um avanço da engenharia genética, porém, quando discutimos sobre esses organismos, precisamos lembrar que a produção, manipulação e a introdução deles no A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 5 ambiente apresentam vantagens e desvantagens tanto para a meio ambiente quanto para a população humana. Neste item iremos listar as vantagens e desvantagens dos OGMs. 2.1.1 Vantagens do OGMS Produção de alimento: o aumento na produção de alimento é, sem dúvida, a primeira vantagem listada do uso dos OGMs. Especialistas afirmam que, devido ao grande crescimento populacional, a produção de OGMs será de grande importância para o futuro. A introdução de organismos com genes resistentes a pragas pode resultar em uma menor perda no momento da colheita; Tolerância dos organismos às condições adversas: diferentes locais na biosfera apresentam condições adversas, por exemplo, o déficit hídrico no Nordeste do Brasil. Alguns estudos mostraram que a introdução de genes em plantas levaram à maior tolerância ao déficit hídrico, resultando em uma maior produção de alimento; Nutrientes nos alimentos: também é possível com a engenharia genética introduzir genes nas plantas que aumentemo potencial nutricional dos alimentos; Resistência de pagas e uso de agrotóxicos: a introdução de genes nas plantas também pode levar à resistência delas a diferentes pragas, por exemplo, vírus e bactérias, resultando na diminuição do uso de agrotóxicos e contaminação dos alimentos e ecossistemas; Produção de materiais biodegradáveis: alguns pesquisadores também discutem a possiblidade da produção de plásticos biodegradáveis, os quais utilizam bactérias geneticamente modificadas. 2.1.2 Desvantagens dos OGMS Geração de novas pragas: com a presença de novas espécies nos ambientes, é possível que novas pragas surjam nas lavouras em resultado, por exemplo, da transferência gênica; Danos a espécies não alvo e à dinâmica dos ecossistemas: a introdução de novas espécies no ambiente pode levar a danos às espécies nativas, levando ao desaparecimento ou até mesmo à extinção. Dessa forma, A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 6 esse resultado pode levar à desestruturação da dinâmica dos ecossistemas e à perda dos serviços ecológicos; Perda da biodiversidade: assim como no item anterior, os danos a espécies nativas pode resultar na perda da biodiversidade; Mercado de sementes: produção de sementes por empresas multinacionais e a possível exclusão dos pequenos agricultores. TEMA 3 – EFLUENTES DOMÉSTICOS E INDUSTRIAIS Não apenas o uso dos organismos geneticamente modificados (OGMs) deve ser de preocupação da biossegurança mas também o tratamento, descarte consciente e a segurança do profissional que trabalha com efluentes domésticos e industriais devem ser considerados. Neste tema, vamos abordar os problemas dos efluentes nos ecossistemas, além do correto gerenciamento e ações de biossegurança envolvendo esses resíduos. Como já sabemos, o descarte de efluentes domésticos e industriais é um tema de grande preocupação para a saúde ambiental e humana. Devido ao aumento demográfico e à demanda das populações modernas, a produção de substâncias químicas assim como o poluição dos ecossistemas se tornam cada vez mais comuns. Sendo assim, a manipulação e o descarte de resíduos tóxicos devem primeiramente seguir as recomendações e legislações do órgão governamental responsável. O resíduo final gerado é de responsabilidade das mesmas empresas e indústrias que o geraram, as quais devem fazer tratamento eficiente para a liberação no ambiente desse efluente, que não pode causar efeitos deletérios para os ecossistemas. Além disso, os resíduos sólidos tóxicos gerados pelos setores no dia a dia do trabalho devem sempre ser devidamente identificados com a data da sua produção, facilitando assim o seu destino correto. Além do cuidado no gerenciamento dessas substâncias proporcionando a segurança do meio ambiente, os profissionais que trabalham nessas áreas também precisam seguir a conduta de boas práticas de biossegurança. Esses profissionais estão expostos a situações de perigo diariamente e precisam de treinamento, local de trabalho seguro e atitudes individuais e coletivas baseadas nas normas básicas de biossegurança. A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 7 TEMA 4 – NORMAS BÁSICAS DE BIOSSEGURANÇA Neste tema abordaremos as normas básicas de biossegurança, as quais são baseadas no conjunto de ações e regras de segurança que visam minimizar, prevenir e eliminar riscos presentes nas atividades de trabalhos em laboratórios, empresas e indústrias na área da saúde ambiental. Essas ações integram os seguintes itens: cumprimento de regras; higiene e postura do profissional e uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPI) e coletiva (EPC) (Figura 1). Figura 1 – Ações baseadas nas normas básicas de biossegurança Dentre as normas básicas de biossegurança, listaremos a seguir algumas delas que devem ser cumpridas no dia a dia do trabalho: Unhas limpas e curtas; Cabelos presos; Uso de calça comprida e sapatos fechados; Uso de jaleco (de preferência de algodão, com punho e abertura de velcro); Evitar o uso de lentes de contato no laboratório, se necessário o uso das lentes utilizar óculos de proteção; Evitar o uso de anéis, pulseiras e correntes; Quando são utilizados crachás em volta do pescoço, este deve estar sob o jaleco; A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 8 Higienização das mãos; Desinfecção da bancada, instrumentos e matérias; É proibido comer ou beber dentro do laboratório; Não tocar as mucosas durante as atividades de trabalho; Não pipetar com boca, utilizar sempre pipetadores; Utilizar todos os equipamentos de proteção individual e coletiva necessários para cada tarefa. TEMA 5 – EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPIs) E COLETIVA (EPCs) Como discutido no tema anterior, para conseguirmos evitar ao máximo os riscos aos quais estamos expostos em nosso ambiente de trabalho, precisamos ter uma conduta baseada nas regras básicas de biossegurança. Uma dessas regras básicas é o uso de equipamentos de proteção. Dentre os equipamentos de proteção, nós temos: os de proteção individual (EPIs), os quais cada profissional deve utilizar o seu não podendo ser compartilhado; e os equipamentos de proteção coletiva (EPCs), os quais devem estar presentes no laboratório e podem ser compartilhados pelos trabalhadores. Os EPIs e EPCs também devem ser utilizados por profissionais que fazem trabalhos em campo. Para esse tipo de trabalho, os equipamentos são diferentes do pessoal que trabalha em laboratório, mas com a função da segurança e minimização de riscos para o profissional. 5.1 EPIs Aqui iremos listar os equipamentos de proteção individual que devem fazer parte da rotina de laboratório. Lembre-se de que, dependendo da função do profissional, o conjunto de EPIs necessário irá mudar. Devido à importância do uso desses equipamentos de proteção, o uso deles é uma das normas regulamentadoras propostas (NR – 6 – 06/1978) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os EPIs podem ser: Proteção dos membros superiores: touca; máscara, luvas e óculos de proteção; Proteção dos membros inferiores: calçados; A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 9 Jaleco (de preferência de algodão; com punho e abertura com velcro); Proteção auditiva; Obs.: O tipo de material de cada EPI (ex.: luvas de nitrila, látex, PVC) vai depender do tipo de trabalho que será realizado. 5.2 EPCs Além do uso dos EPIs, também é de extrema necessidade o uso dos EPCs, os quais devem estar disponíveis no laboratório ou em qualquer outro ambiente em que o profissional esteja exposto a riscos. A utilização desses equipamentos não deve ser somente uma conduta individual mas também uma responsabilidade do empregador, que deve sempre manter esses equipamentos em funcionamento, com manutenção frequente e treinamento dos funcionários para o seu uso. Alguns desses EPCs estão listados a seguir: Lava olhos e chuveiro de emergência; Capela de exaustão; Capela de fluxo laminar; Extintores de incêndio; Sirenes de alarme; Placas sinalizadoras; Ar condicionado; Fitas antiaderentes nos degraus da escada; Barreiras de proteção contra radioatividade; Enclausuramento acústico de fontes de ruído. NA PRÁTICA Suponhamos que você trabalha em uma empresa e que a sua função seja a de trabalhar no tratamento de efluentes domésticos. Como vimos nos conteúdos abordados em aula, a quais tipos de risco você estará exposto? Além disso, quais são os EPIs e EPCs que devem ser utilizados para a realização do seu trabalho? A luno: JE F F E R S O N GO N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 10 FINALIZANDO Na aula de hoje discutimos um pouco mais sobre a questões de biossegurança, principalmente voltadas ao profissional da área ambiental. Pudemos ver um pouco mais sobre os OGMs, além de discutir o papel do profissional do meio ambiente. Nesta aula, também já fizemos uma introdução a conteúdos voltados para as normas básicas de biossegurança e os equipamentos de proteção individual e coletiva. A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com 11 REFERÊNCIAS ALVES, G. S. A biotecnologia dos transgênicos: precaução é a palavra de ordem. Holos, ano 20, p. 1-10, out. 2004. CARVALHO, P. R. Boas práticas químicas em biossegurança. Rio de Janeiro: Interciência, 2013. HIRATA, M. H.; HIRATA, R. D. C.; MANCINI FILHO, J. Manual de biossegurança. Barueri, SP: Manole, 2012. ROCHA, S. S., BESSA, T. C. B., ALMEIDA, A. M. P. Biossegurança, proteção ambiental e saúde: compondo o mosaico. Ciência e Saúde Coletiva, v. 17, n. 2, p. 287-292, 2012. A luno: JE F F E R S O N G O N Ç A LV E S LO P E S E m ail: jefferson.g.lopes@ gm ail.com