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TIPOS DE FAMÍLIA 
Existentes no Direito brasileiro 
 
 
 
Existem diversos formatos de Família na Sociedade Brasileira, e todos merecem especial proteção do Estado. 
A Constituição Federal, em seu art. 226, faz explicitamente a referência a três categorias de família, o casamento, a união 
estável e o núcleo monoparental. 
Entretanto, a CF, assim como o nosso ordenamento jurídico, não teve a intensão de esgotar os modelos e formatos de 
família em um legislações, especialmente por considerar que o conceito de família não tem matiz único, consagrando uma 
estrutura paradigmática aberta, calcada no princípio da afetividade, visando a permitir, ainda que de forma implícita, o 
reconhecimento de outros ninhos ou arranjos familiares socialmente construídos. 
PAULO LÔBO, em sua obra Entidades Familiares Constitucionalizadas: 
“Os tipos de entidades familiares explicitados nos parágrafos do art. 226 da Constituição são meramente exemplificativos, 
sem embargo de serem os mais comuns, por isso mesmo merecendo referência expressa. As demais entidades familiares 
são tipos implícitos incluídos no âmbito de abrangência do conceito amplo e indeterminado de família indicado no caput. 
Como todo conceito indeterminado, depende de concretização dos tipos, na experiência da vida, conduzindo à tipicidade 
aberta, dotada de ductilidade e adaptabilidade” 
“A família é sempre socioafetiva, em razão de ser grupo social considerado base da sociedade e unida na convivência 
afetiva. A afetividade, como categoria jurídica, resulta da transeficácia de parte dos fatos psicossociais que a converte em 
fato jurídico, gerador de efeitos jurídicos” 
FAMILIAS MATRIMONIAIS 
A sociedade brasileira, nas primeiras décadas do século XX, era majoritariamente rural. A Família era marcada pelo 
patriarcalismo, a hierarquização, a origem fundada exclusivamente no matrimônio. 
A monogamia era postulado básico da família imposta pela Igreja Católica e o casamento tornou-se instituto imprescindível 
para formação da entidade familiar. 
O modelo de família monogâmico foi inserido no Brasil desde o processo de colonização portuguesa. 
• A separação entre Estado e Igreja no âmbito do direito matrimonial apenas restou configurada com o advento 
da Carta Magna de 1891, que dispôs no seu Art. 72, parágrafos 4º, in verbis: 
§ 4º - A República só reconhece o casamento civil, cuja celebração será gratuita". 
§ 7º - Nenhum culto ou igreja gozará de subvenção oficial, nem terá relações de dependência ou aliança com o Governo 
da União ou dos Estados. 
• Constituição de 1946 ratificava, em seu Art. 163 a indissolubilidade do casamento ao dispor que: “A família é 
constituída pelo casamento de vínculo indissolúvel e terá direito à proteção especial do Estado. 
• A Constituição Federal de 1988 revolucionou completamente a concepção normativa de família existente à época 
de sua entrada no ordenamento jurídico pátrio, trazendo uma visão descentralizada de Direito de Família, 
amparando a família constituída pelo afeto, a durabilidade da instituição e o reconhecimento público de seus 
O art. 226, caput, da Constituição Federal estabelece ser a família a 
“base da sociedade”, gozando de especial proteção do Estado. 
 
integrantes, em confronto ao CC/1916, tinha por base o conceito de família constituída exclusivamente pelo 
casamento civil, havendo gritantes desigualdades entre homens e mulheres. 
Nessa seara, Rolf Madaleno (2015, p.36) faz importante comentário acerca das mudanças ocorridas no conceito tradicional 
de família: 
A família matrimonializada, patriarcal, hierarquizada, heteroparental, biológica, institucional vista como unidade de produção 
cedeu lugar para uma família pluralizada, democrática, igualitária, hetero ou homoparental, biológica ou socioafetiva, 
construída com base na afetividade e de caráter instrumental. 
CF: Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
§ 1º - O casamento é civil e gratuito a celebração. 
§ 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. 
CC: Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. 
Art. 1.512. O casamento é civil e gratuito a sua celebração. 
União estável 
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência 
pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. 
§ 1º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso 
VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. 
§ 2º As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável. 
União Estável é a relação entre homem e mulher que não tenham impedimento para o casamento. A grande característica 
é a informalidade e, em regra, ser não-registrada, embora possa obter registro. 
→ Não existe tempo mínimo ou máximo para que o seu relacionamento seja considerado união estável. 
→ A união estável não muda o estado civil igual ao casamento 
→ No que pese fins previdenciários, a lei exige o prazo de dois anos para se obter os benefícios. 
→ Ao companheiro sobrevivente será garantido todos os direitos sucessórios decorrentes da união. 
Reconhecimento e dissolução de união estável. Prova. 1 - A união estável exige convivência pública, contínua e duradoura, 
com o objetivo de constituir família. 2 - A estabilidade do relacionamento é externada pela durabilidade e continuidade da 
convivência com aparência de casamento. O nascimento de filho, por si só, não significa a existência de reconhecimento 
da união estável. 3 - Apelação não provida. (TJ-DF - 20150910163729 Segredo de Justiça 0016198-94.2015.8.07.0009 (TJ-
DF). Data de publicação: 30/08/2016). 
União homoafetiva 
O art. 226, § 3º, CF, dispõe que: “Para efeito de proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre homem e a 
mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”. 
No mesmo sentido, o art. 1.723, CC, estabelece que: “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem 
e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de 
família”. 
Observa-se que, em ambos os diplomas, consta a expressão “homem e mulher”, ou seja, duas pessoas para caracterização 
da união estável, porém, de sexos distintos. No entanto, o STF, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 
4.277 estabeleceu o seguinte entendimento: 
 
O STF, na ADI n. 4.277, em 2011, tendo em vista a omissão do legislador ordinário na disciplina da matéria e as controvérsias 
reinantes na jurisprudência dos tribunais, decidiu, aplicando diretamente a Constituição, que a união homoafetiva é espécie 
do gênero união estável. Para o STF, a norma constante do art. 1.723 do CC, que alude à união estável entre homem e 
mulher, não obsta que a união de pessoas do mesmo sexo possa ser reconhecida como entidade familiar apta a merecer 
a proteção estatal. Assim, sua interpretação em conformidade com a Constituição exclui qualquer significado que impeça 
o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar, entendida 
esta como sinônimo perfeito de família. Esse reconhecimento deve ser feito segundo as mesmas regras e com idênticas 
consequências da união estável heterossexual” (LÔBO, 2015, p. 80). 
Casamento homoafetivo 
 No ano de 2012, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do REsp 1.183.378, evocou os princípios constitucionais 
e decidiu pela legalidade e constitucionalidade do casamento direto de casais homossexuais e não apenas por conversão 
da união estável. 
Um avanço notável da temática se deu com a edição da Resolução n.º 175, de 2013, pelo Conselho Nacional de Justiça 
(CNJ), a qual passou a determinar que os oficiais de registro de casamento recebam ashabilitações para casamento 
homoafetivo, ou seja, entre pessoas do mesmo sexo, vedando às autoridades competentes a recusa de habilitação, 
celebração de casamento civil ou conversão de união estável em casamento entre essas pessoas. 
Família monoparental 
O art. 226 § 4º, CF/88, dispõe sobre o conceito de família monoparental, a saber: “Entende-se, também, como entidade 
familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes” 
ECA - Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em 
família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. 
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 
Família Monoparental é a relação protegida pelo vínculo de parentesco de ascendência e descendência. É a família 
constituída por um dos pais e seus descendentes, que podem estar na condição de solteiros, separados, divorciados ou 
viúvos, e seus filhos. 
O fato de o filho receber valores a título de pensão alimentícia, não afasta a característica da Família Monoparental 
FAMÍLIA ANAPARENTAL 
Família Anaparental é a relação que possui vínculo de parentesco, mas não possui vínculo de ascendência e descendência. 
Esta modalidade familiar não foi contemplada expressamente na Constituição. Trata-se de modelo familiar constituído “por 
pessoas que convivem em uma mesma estrutura organizacional e psicológica visando a objetivos comuns, sem que haja 
a presença de alguém que ocupe a posição de ascendente. Têm-se como exemplos dois irmãos que vivem juntos ou 
duas amigas idosas que decidem compartilhar a vida até o dia de sua morte” (BAPTISTA, 2014, p.23). 
Para Maria Berenice Dias (2006, p. 184): “Quando não existe uma hierarquia entre gerações e a coexistência entre ambos 
não dispõe de interesse sexual, o elo familiar que se caracteriza é de outra natureza, é a denominada família anaparental”. 
Família mosaico, Pluriparental Famílias reconstituídas ou recompostas. 
São consideradas Famílias mosaicos, o modelo pelo qual se reconstitui família pela junção de duas famílias anteriores, 
unindo filhos de um e de outro dos genitores, além dos filhos comuns que eventualmente venham a ter”. 
O mosaico é designado para caracterizar essas famílias com sucessivas recomposições, fartura de vínculos e com grande 
afeto entre seus membros. Esta tem como requisito primordial a presença de pelo menos um filho anterior à atual união 
(VALADARES, 2010). 
O elemento central dessas famílias é o afeto. 
Na família mosaico é muito comum a figura da madrasta e do padrasto, mas eles não têm o direito de interferir no 
exercício da autoridade parental do seu cônjuge ou companheiro com os filhos somente deste. 
Art. 1.636. O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou estabelece união estável, não perde, quanto aos filhos do 
relacionamento anterior, os direitos ao poder familiar, exercendo-os sem qualquer interferência do novo cônjuge ou 
companheiro. 
Parágrafo único. Igual preceito ao estabelecido neste artigo aplica-se ao pai ou à mãe solteiros que casarem ou 
estabelecerem união estável. 
Família EUDEMONISTA 
Família eudemonista é aquela decorrente do afeto 
Maria Berenice Dias observa: 
Surgiu um novo nome para essa tendência de identificar a família pelo seu envolvimento efetivo: família eudemonista, que 
busca a felicidade individual vivendo um processo de emancipação de seus membros. O eudemonismo é a doutrina que 
enfatiza o sentido de busca pelo sujeito de sua felicidade. 
Eudemonista é considerada a família decorrente da convivência entre pessoas por laços afetivos e solidariedade mútua, 
como é o caso de amigos que vivem juntos no mesmo lar, rateando despesas, compartilhando alegrias e tristezas, como 
se irmãos fossem, razão por que os juristas entendem por bem considerá-los como formadores de mais um núcleo 
familiar. 
Família Unipessoal: 
Apenas uma pessoa, como uma viúva, por exemplo. 
Na doutrina, esse tipo de entidade familiar tem sido conceituado como: “famílias singles”, onde seus habitantes, sozinhos, 
ganham reconhecimento jurídico, a exemplo da aplicação em seu favor do instituto do bem de família, a tornar 
impenhorável o imóvel onde residam, independentemente da constituição de família tradicional.” (BAPTISTA, 2014, p. 32) 
Acolhendo esse entendimento, o STJ editou a súmula n.º 364, a qual dispõe que "o conceito de impenhorabilidade de 
bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas". 
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. LOCAÇÃO. BEM DE FAMÍLIA. MÓVEIS GUARNECEDORES DA RESIDÊNCIA. 
IMPENHORABILIDADE. LOCATÁRIA/EXECUTADA QUE MORA SOZINHA. ENTIDADE FAMILIAR. CARACTERIZAÇÃO. 
INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA. LEI 8.009/90, ART. 1º E CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 226, §4º. RECURSO 
CONHECIDO E PROVIDO. 1. O Conceito de entidade familiar deduzido dos arts. 1º da Lei 8.009/90 e 226, §4º da CF/88, 
agasalha, segundo a aplicação da interpretação teleológica, a pessoa que, como na hipótese, é separada e vive sozinha, 
devendo o manto da impenhorabilidade, destarte, proteger os bens móveis guarnecedores de sua residência. 2. Recurso 
especial conhecido e provido. (Recurso Especial nº 205.170-SP, DJ de 07.02.2000) 
Concubinato não é meio de constituir família 
• Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. 
Assim, o Código Civil denomina de concubinato as relações não-eventuais existentes entre homem e mulher impedidos 
de casar. 
De acordo com doutrina atual de Carlos Roberto Gonçalves: 
“A expressão concubinato é hoje utilizada para designar o relacionamento amoroso envolvendo pessoas casadas, que 
infringem o dever de fidelidade, também conhecido como adulterino. Configura-se, segundo o novo código civil, quando 
ocorrem “relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar”. (GONÇALVES, 2013, p.609)

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