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Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 41743 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.4, p. 41743-41762 apr 2021 jan. 2021 A influência do polimorfismo rs9939609 do gene FTO na predisposição à obesidade e na responsividade a diferentes intervenções nutricionais The influence of the rs9939609 polymorphism of the FTO gene on the predisposition to obesity and responsiveness to different nutritional interventions DOI:10.34117/bjdv7n4-575 Recebimento dos originais: 04/02/2021 Aceitação para publicação: 01/03/2021 Rebeka Correia de Souza Cunha Graduada em Nutrição (Uninassau – João Pessoa) Mestranda na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Endereço: Rua Sargento Antônio Benedito de Oliveira, 120, Mangabeira – João Pessoa/PB E-mail: rebekacorreia0@gmail.com Rafaela Correia de Souza Cunha Graduada em Fisioterapia (Universidade Federal da Paraíba) Residente em Saúde da Criança (SES/PB) Endereço: Rua Sargento Antônio Benedito de Oliveira, 120, Mangabeira – João Pessoa/PB E-mail: raafaelacorreiaa@gmail.com Suênia Mousinho Da Silva Graduada em Nutrição (Uninassau – João Pessoa) Residente em Saúde da Criança e Adolescente (HULW/UFPB) Endereço: Rua Ricardo Loureiro Cavalcante, 225, Jardim Aeroporto, Bayeux/PB E-mail: sueniamousinhos@gmail.com Adriana Paula Braz de Souza Mestre em Recursos Naturais (UFCG) Docente Uninassau – João Pessoa Endereço: Rua Venâncio José Neto, 163, Bancários – João Pessoa/PB E-mail: adriana.bioam@gmail.com Juliana Padilha Ramos Neves Doutora em Ciências da Nutrição (UFPB) Docente Uninassau – João Pessoa Endereço: Rua Manoel Bezerra Cavalcante, 31, Manaíra, João Pessoa – PB E-mail: nutrijuliana.prn@gmail.com RESUMO Com a crescente incidência da obesidade e o grande avanço que se tem atribuído à nutrigenética, a relação entre polimorfismos de nucleotídeo simples (SNP) do gene FTO Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 41744 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.4, p. 41743-41762 apr 2021 jan. 2021 tem sido bastante investigada junto a essa manifestação fenotípica. Dessa maneira, objetivou-se avaliar a relação entre o SNP rs9939609 do gene FTO e a predisposição à obesidade para a formulação de estratégias dietéticas mais eficazes. O presente estudo compreende uma revisão sistemática da literatura científica, na qual foram selecionados artigos publicados entre os anos de 2009 a 2018, utilizando de bancos de dados como o Science Direct, Scielo e PubMed, incluindo estudos publicados na língua inglesa e portuguesa. Estratégias dietéticas baseadas na modulação de componentes como os ácidos graxos saturados e proteínas demonstrou exercer efeitos significativos no processo de emagrecimento aos portadores do SNP rs9939609. Analisando o contexto de possíveis alterações que predispõem a obesidade, o desenvolvimento de estratégias nutricionais otimizadoras da homeostase metabólica, que levem em conta a variabilidade genética individual para a formulação de intervenções mais efetivas, é de extrema relevância na prevenção e no combate à obesidade por portadores do alelo de risco do SNP rs9939609 do gene FTO. Palavras chave: Gene FTO. Obesidade. SNP rs9939609. Saciedade. ABSTRACT With the increasing incidence of obesity and the great progress that has been attributed to nutrigenetics, the relationship between single nucleotide polymorphisms (SNP) of the FTO gene has been widely investigated along with this phenotypic manifestation. Thus, we aimed to evaluate the relationship between the SNP rs9939609 of the FTO gene and predisposition to obesity for the formulation of more effective dietary strategies. The present study comprises a systematic review of the scientific literature, in which articles published between the years 2009 to 2018 were selected, using databases such as Science Direct, Scielo, and PubMed, including studies published in English and Portuguese. Dietary strategies based on the modulation of components such as saturated fatty acids and proteins were shown to exert significant effects on the weight loss process in carriers of SNP rs9939609. Analyzing the context of possible alterations that predispose to obesity, the development of nutritional strategies to optimize metabolic homeostasis that take into account individual genetic variability for the formulation of more effective interventions is of extreme relevance in preventing and fighting obesity in carriers of the SNP rs9939609 risk allele of the FTO gene. Keywords: FTO gene. Obesity. SNP rs9939609. Satiety. 1 INTRODUÇÃO A obesidade é considerada uma epidemia do século XXI, e é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o acúmulo de gordura corporal, com implicações à saúde do indivíduo. Em 2016, mais de 1,9 bilhão de adultos estavam acima do peso, destes, mais de 650 milhões eram obesos (BJORNTORP et al., 2000; GONZÁLEZ-MUNIESA et al., 2017; WHO, 2018). Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 41745 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.4, p. 41743-41762 apr 2021 jan. 2021 O excesso de peso corporal que sempre foi visto como manifestação fenotípica resultante do balanço energético positivo, entre o desequilíbrio da ingestão e do despendido de energia, demonstra complexa etiologia, evolvendo aspectos neurais na regulação dos hábitos alimentares de cada indivíduo (JAUCH-CHARA; OLTMANNS, 2014). E ainda que fatores ambientais estejam estreitamente associados à prevalência da obesidade, a genética vem demonstrando exercer forte regulação sobre o peso corporal, atestando variação de herança em um intervalo de 40% a 70% (LEOŃSKA-DUNIEC et al., 2016). Com o processo de genotipagem de alto rendimento e a disponibilidade de dados do Projeto Genoma Humano, estudos de associação genômica ampla (Genome Wide Association Studies - GWAS) puderam prover metodologia para pesquisas de genes de suscetibilidade à obesidade. Diferentemente dos estudos de genes candidatos, que são guiados por hipóteses, os estudos de ligação genômica ampla rastreiam todo o código genético, identificando regiões cromossômicas relacionadas ao fenótipo de interesse (DAY; LOOS, 2011). O gene FTO (fat mass and obesity associated), descrito pela primeira vez por meio de um estudo de genômica ampla, localiza-se na região cromossômica 16q12.2, locus gênico que abriga grupos de polimorfismos de nucleotídeo simples (SNPs) no primeiro íntron, que regularmente são relacionados ao índice de massa corporal. O alelo de risco “A” do SNP rs9939609 “A/T”, é um dos mais frequentes marcadores gênicos investigados em relação ao excesso de peso em muitas populações, ao qual se confere um risco aumentado a cada cópia adicionada de seu alelo de risco (EMOND et al., 2017; GOUTZELAS et al., 2017). Por ser bastante expresso no hipotálamo, região relevante no que se refere ao comportamento de apetite, o FTO tem sido amplamente associado à regulação da homeostase energética, atribuindo-se ao alelo de risco, a diminuição da saciedade e aumento do apetite, além de perda do controle sobre a ingestão alimentar (LEOŃSKA- DUNIEC et al., 2015). Diante da multicausalidade atribuída à obesidade, e do grande avanço pelo qual perpassa a nutrigenética, o desenvolvimento de estratégias nutricionais que levem em consideração a variabilidade genética individual, para formulação de intervenções mais efetivas, é de extrema relevância para a prevenção e combate à obesidade. Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 41746 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.4, p. 41743-41762 apr 2021 jan. 2021 Desta forma, o objetivo dessa revisão de literatura é descrever a influência do SNP rs9939609, do FTO, na responsividade de estratégias dietéticas com características específicas,aos portadores do alelo de risco A rs9939609. 1.1 OBESIDADE E PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA A obesidade tornou-se um problema de saúde pública em todo o mundo, por ser considerada fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas, diabetes tipo 2, hipertensão arterial sistêmica, eventos cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Estima-se que mais da metade da população mundial esteja acima do peso ou obesa até 2030 (SALDAÑA-ALVAREZ et al., 2016). A OMS estabelece valores do índice de massa corpórea (IMC) como parâmetro para estipular o diagnóstico nutricional dado pela relação peso e estatura, determinando para adultos o IMC igual ou superior a 25 kg/m² como sobrepeso, e o IMC igual ou superior a 30 kg/m² como obesidade. Os aumentos mais acentuados de excesso de peso são observados na população de países desenvolvidos, embora a prevalência também esteja aumentando em países de média e baixa renda, incluindo nações populosas como a China e a Índia (LOOS; JANSSENS, 2017; WHO, 2018). De etiologia multifatorial, a obesidade se estabelece a partir da interação entre perfil genético de risco e fatores de risco ambientais, como inatividade física, ambiente intrauterino, medicamentos, condição socioeconômica e, possivelmente, por novos fatores associados ao sono insuficiente, desreguladores endócrinos e a microbiota intestinal (GOODARZI, 2018). A suscetibilidade genética à obesidade é heterogênea. Em uma pequena fração da população, o excesso de peso se deve a mutações raras, em genes únicos, ou anormalidades cromossômicas que geralmente resultam em obesidade extrema e de início precoce, caracterizada como obesidade monogênica. No entanto, a obesidade poligênica, que acomete grande parte da população que manifesta esse fenótipo, se configura pelas múltiplas variantes genéticas comuns e de pequenos efeitos, mas que contribuem para a suscetibilidade ao ganho de peso (LOOS; JANSSENS, 2017). A identificação de genes que determinam a predisposição à obesidade pode contribuir com a compreensão sobre os mecanismos fisiopatológicos adjacentes à Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 41747 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.4, p. 41743-41762 apr 2021 jan. 2021 regulação do peso corporal, e levar à novas abordagens, do que pode vir a compor novas estratégias de tratamento e prevenção (GONZÁLEZ-MUNIESA et al., 2017). 1.2 GENE FTO E POLIMORFISMOS Do ponto de vista evolutivo, a principal consequência dos erros fixados na sequência de DNA é a variabilidade genética. Essas mutações podem ser tanto benéficas, quanto maléficas, podendo ou não, contribuir com uma adaptação positiva à existência de um indivíduo. Quando uma mutação se encontra presente em uma população (>1%), denomina-se de polimorfismo. O gene inicial possui, então, uma forma não modificada e uma polimórfica. (LIMA; GLANER; TAYLOR, 2010). Juntamente à conclusão do Projeto Genoma Humano, e ao progresso da genotipagem de alta produtividade, os estudos de ligação genômica ampla (GWAS) forneceram metodologia alternativa para a pesquisa de genes que possuem suscetibilidade à obesidade. Diferentemente dos estudos por meio de genes candidatos, que se relacionavam à hipóteses de que teriam suposto papel na regulação do metabolismo e na ingestão de alimentos – limitado pela falta de compreensão da biologia adjacente pra muitos dos genes propostos – o GWAS busca identificar loci gênicos relacionados ao fenótipo de interesse que são previamente desconhecidos, potencializando o andamento das pesquisas (DAY; LOOS, 2011). O FTO foi o primeiro gene identificado pelo GWAS a estar intimamente relacionado à obesidade. O gene codifica uma proteína nuclear, desmetilase dependente de 2-oxoglutarato e Fe (II), que pode estar envolvida em processos fisiológicos como o controle da homeostase. Localizado na região 16q12.2 do cromossomo, abriga um grupamento de ~40kb de polimorfismos de nucleotídeo simples associados ao IMC em seu primeiro íntron (Figura 1). Embora o GWAS tenha apontado o FTO como um gene de suscetibilidade à obesidade, o estudo identificou o SNP rs9939609 A/T como um dos SNPs mais associados ao IMC (ABDELMAJED et al., 2017; GOUTZELAS et al., 2017; LEOŃSKA-DUNIEC et al., 2015). Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 41748 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.4, p. 41743-41762 apr 2021 jan. 2021 Fonte: Genetics Home Reference (2018). Figura 1. Cariograma contendo a sinalização da posição do gene FTO ao longo do cromossomo 16. A esse polimorfismo em especial, atribui-se risco aumentado para obesidade. De acordo com Froguel (2013), a cada cópia do alelo de risco “A”, associa-se um aumento de 0,4 kg/m² ao IMC, como exposto na Figura 2. Figura 2. Efeitos relatados para variantes genéticas associadas ao aumento do IMC por alelo de risco. Fonte: El-Sayed Moustafa; Froguel (2013). Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 41749 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.4, p. 41743-41762 apr 2021 jan. 2021 Em concordância, Reuther (2016) relata o aumento de 1,31 vezes, no desenvolvimento da obesidade. O que realça a influência do FTO, em relação a outros genes que também se associam ao índice de massa corpórea. Dang (2017), descreve que estudos subsequentes do genoma relacionam outros loci à suscetibilidade à obesidade, mas o FTO continua sendo o locus de maior efeito e maior replicabilidade entre grupos étnicos, com frequência do alelo de risco variando em 12% nos asiáticos orientais e em 42% em europeus. Estudo envolvendo indivíduos norte- americanos demonstrou que portadores de, pelo menos, um alelo “A” da variante genética rs9939609 são mais suscetíveis ao ganho de peso, devido a alterações na saciedade, maior resposta por imagem de ressonância magnética aos alimentos e perda mais frequente sobre o controle da alimentação, do que aqueles que tinham dois alelos “T”. Dessa forma as alterações de IMC mediante a esse SNP relaciona-se o aumento da circunferência de quadril, gordura corporal, além da ingestão de energia (OBREGÓN et al., 2018). 1.3 SNP rs9939609 E A SINALIZAÇÃO EM NEURÔNIOS DOPAMINÉRGICOS NO ESTÍMULO ALIMENTAR Apesar de fatores ambientais e sociais exercerem influência sobre o comportamento da ingestão de alimentos em seres humanos, mecanismos biológicos internos também podem atuar como moduladores. A maioria dos modelos que explicam a regulação da ingestão alimentar propõe dois tipos de mecanismos distintos, mas relacionados, que são os mecanismos homeostáticos e os mecanismos não homeostáticos – hedônicos. O primeiro inclui reguladores hormonais de fome, saciedade e níveis de adiposidade, como a leptina, grelina e a insulina, que atuam em circuitos cerebrais hipotalâmicos, estimulando ou inibindo o apetite. Enquanto que o segundo trata do sistema de recompensa cerebral (RIBEIRO; SANTOS, 2013). A atuação do genoma sobre o comportamento alimentar pode ser bastante expressiva. As influências mais importantes de um único gene em nível populacional, no entanto, são alelos específicos de risco à obesidade, de nucleotídeo simples, dentro do primeiro íntron do FTO (MELHORN et al., 2018). Os mecanismos pelo qual os polimorfismos do gene FTO interferem na predisposição à obesidade ainda não são totalmente esclarecidos, no entanto, este gene Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 41750 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.4, p. 41743-41762 apr 2021 jan. 2021 codifica um fator de transcrição expresso em regiões cerebrais importantes na regulação da massa corpórea e composição corporal, e vem demonstrando amplo espectro de respostas comportamentais alteradas em portadores de alelo de risco, associados à obesidade (KÜHN et al., 2016; OBREGÓNet al., 2018). Investigações que buscavam associações entre características do FTO e do comportamento alimentar mostraram relação entre alelos de risco do gene e algumas características, dentre as quais, a perda do controle alimentar, encontrada sob influência de estruturas cerebrais relacionadas à recompensa (GROOT et al., 2015). De forma geral, alimentos de baixa palatabilidade não são consumidos em excesso, enquanto alimentos saborosos são frequentemente consumidos mesmo após as necessidades energéticas terem sido atingidas, sobrepondo os sinais homeostáticos. Esses alimentos modulam a expressão dos sinais metabólicos da fome e saciedade e prolongam a ingestão, o que ativa o sistema de recompensa cerebral, aumentando a motivação para procura de alimentos (RIBEIRO; SANTOS, 2013). Tal motivação demonstra que, apesar do importante papel dos mecanismos homeostáticos sobre manutenção do balanço energético, os caminhos hedônicos impulsionam o consumo de alimentos saborosos, promovendo a ativação da via mesolímbica dopaminérgica. Via responsável por detectar estímulos recompensadores e motivar comportamentos para reproduzir novas exposições a esses estímulos (GILBERT- DIAMOND et al., 2017). O sistema de recompensa mesolímbico funciona como um centro de recompensa em que vários mensageiros químicos como a serotonina, encefalina, ácido gama- aminobutírico (GABA), dopamina (DA), acetilcolina (ACH), entre outros, atuam em conjunto para proporcionar liberação de DA no nucleus accumbens, constituindo a hipótese mais consensual de que a DA promove a motivação para a obtenção de recompensa. Dessa forma, pode não desempenhar papel central na resposta hedônica, mas na motivação para obtenção da mesma (RIBEIRO; SANTOS, 2013). Dada à importância da DA para recompensa do comportamento, foi verificado que a inativação do gene FTO prejudicou as respostas neuronais de recompensa dependente de receptores dopaminérgicos (DRD2) em camundongos (HESS et al., 2013). No entanto, Dang et al., (2017), explorou a mesma proposta no que diz respeito ao DRD2 na influência do peso corporal e não observou nenhuma associação significativa Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 41751 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.4, p. 41743-41762 apr 2021 jan. 2021 entre a disponibilidade de FTO rs9939609 e DRD2, nem qualquer relação entre a disponibilidade de DRD2 e a compulsão por comida. Sugerindo que a relação entre o FTO e o DRD2 pode ser mais discernível entre indivíduos obesos, pela hipótese de que o FTO possa interagir com uma dieta obesogênica para alterar a função do receptor e o peso corporal. 1.4 SNP rs9939609 E A SACIEDADE Quando o alimento é consumido, muitos hormônios e enzimas são secretados para permitir o processo de digestão e absorção de nutrientes. Denominados como sinais de saciedade, muitos hormônios relacionados à digestão também influenciam na ingestão de alimentos, como a colecistocinina (CCK). Outros peptídeos gastrointestinais que influenciam o tamanho da refeição incluem o GLP-1, glucagon, apolipoproteína A-IV, peptídeo YY e a grelina, que são sinalizados via nervo vago, onde a informação interage com outros sinais para coordenar a atividade ao longo de todo o trato gastrointestinal (BEGG; WOODS, 2013). Alterações nos sistemas neurais podem estar associados a mudanças de comportamento alimentar via controle neuroendócrino. A leptina e a insulina são hormônios secretados em proporção à massa adiposa, e no sistema nervoso central (SNC) interagem com receptores hipotalâmicos, favorecendo à saciedade. Indivíduos obesos têm maiores concentrações séricas destes hormônios e apresentam resistência à sua ação. Peptídeos intestinais, combinados a outros sinais podem estimular (grelina e orexina), ou inibir (CCK, leptina e oximodulina) a ingestão alimentar (LANDEIRO; QUARANTINI, 2011). Os mecanismos pelos quais o SNC regula o consumo alimentar em resposta à redução das reservas de gordura corporal perpassam mudanças adaptativas em sistemas neuronais, que regem tanto o comportamento de busca por comida, importante para iniciação da refeição, quanto à percepção de saciedade, importante para o final da refeição. O efeito cíclico é que, em resposta à perda de peso, a motivação e o aumento do tamanho das refeições tendem a aumentar até que os estoques de energia sejam reabastecidos (Figura 3), e a mutação de qualquer uma das várias moléculas-chave envolvidas nesse processo tem demonstrado causar obesidade em modelos animais e humanos (MORTON et al., 2006). Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 41752 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.4, p. 41743-41762 apr 2021 jan. 2021 Fonte: Morton et al. (2006). Figura 3. Modelo de regulação de feedback negativo da ingesta de alimentos de acordo com o conteúdo de gordura corporal. Ao se tratar do FTO, gene que pode estar relacionado ao aumento do peso por meio da regulação do apetite, a sensibilidade central a insulina e redução da supressão pós-prandial de grelina são potenciais ligações hormonais entre genótipos de risco homozigotos rs9939609A e a saciedade prejudicada (EMOND et al., 2017; MELHORN et al., 2018). Em concordância, Speakman (2015), reporta que o impacto de SNPs na ingestão de alimentos parece estar relacionado à redução da saciedade pós-prandial, além da plenitude e fome elevada, atribuindo a possibilidade de relação com os níveis pós- prandiais de leptina e grelina. O conjunto de achados obtidos por Emond et al., (2017) fornece mais suporte à hipótese de que os alelos de risco do FTO podem se relacionar ao aumento do IMC, por meio da diminuição da responsividade à saciedade e do aumento do consumo calórico, quando evidenciou a relação entre o sobrepeso e obesidade e crianças norte-americanas portadoras do SNP rs9939609. Enquanto Melhorn et al., (2018) afirma que de maneira geral, seus achados suportam um mecanismo no qual a variação alélica no FTO pode aumentar o risco de obesidade através do seu impacto no processamento da saciedade pelo SNC. Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 41753 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.4, p. 41743-41762 apr 2021 jan. 2021 2 MATERIAL / MÉTODOS Realizou-se uma revisão sistemática da literatura científica, sobre a responsividade de dietas com características específicas aos portadores do alelo de risco do SNP rs9939609 do gene FTO. Utilizou-se as bases de dados eletrônicas Pubmed, ScienceDirect e Scielo, de acordo com os seguintes descritores: “obesity”, “SNP rs9939609”, “satiety” e “FTO gene” nos idiomas português e inglês. O processo de seleção dos artigos considerou como critério de inclusão, publicações no período de 2009- 2018, avaliados quanto ao título, seguido da triagem dos resumos, e posteriormente pela leitura dos trabalhos na íntegra. Como critério de exclusão, considerou-se os que não se encaixavam nos critérios de inclusão, totalizando o número de 10 artigos. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram selecionados artigos de estudos originais que condiziam com o objetivo deste trabalho – analisar a responsividade de estratégias dietéticas com características específicas, aos portadores do alelo de risco A do SNP rs9939609, do gene FTO. O quadro 1, de extração de dados, apresenta a distribuição dos artigos, segundo autores, ano de publicação, objetivos, amostra/metodologia e resultados. Quadro 1. Extração de dados dos estudos selecionados sobre a responsividade a dietas de características específicas aos portadores do alelo de risco A do SNP rs9939609. Autores/Ano Objetivo Amostra/Metodologia Resultados Labayen et al., 2016 Avaliar se o consumo de macronutrientes se diferenciava entre os genótipos do rs9939609 em adolescentes,e explorar se a ingestão de gordura na dieta modificou a associação do SNP com a adiposidade. Estudo transversal, com 652 adolescentes genotipados com o SNP rs9939609, avaliados por dois REC 24h não consecutivos - para mensuração da ingesta calórica - e por antropometria. O efeito do SNP rs9939609 sobre a adiposidade é exacerbado (P < 0,05 para todas as estimativas de adiposidade mensuradas) em adolescentes que consomem dietas ricas em gorduras. Por outro lado, dietas com baixo teor de gordura (<30% do VET) podem atenuar a predisposição à obesidade em portadores do alelo de risco A. de Luis et al., 2015 (a) Investigar a influência do SNP rs9939609 na perda de peso, após Durante nove meses, 195 pacientes foram alocados, aleatoriamente, para uma A perda de peso foi mais acentuada em portadores do alelo A, Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 41754 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.4, p. 41743-41762 apr 2021 jan. 2021 administração de dieta rica em proteínas/baixa em carboidratos, em comparação com uma dieta hipocalórica padrão (1000 kcal/dia). dieta hipocalórica e hiperproteica, e uma dieta hipocalórica padrão. e a melhora metabólica foi favorecida pela dieta hipocalórica e hiperproteica. de Luis et al., 2015 (b) Investigar o papel do SNP rs9939609 na resistência à insulina, alterações metabólicas e perda de peso secundária em relação a dietas hipocalóricas ricas em gordura monossaturada ou rica em gordura poli- insaturada. Amostra de 233 indivíduos obesos, em que foram alocados aleatoriamente, em um período de 3 meses para o consumo de dieta M (hipocalórica rica em gordura monoinsaturada) ou dieta P (hipocalórica rica em gordura poli- insaturada). Após o tratamento com as duas dietas, ambos os genótipos tiveram diminuição de peso, massa gorda e circunferência de cintura. Níveis mais baixos de IMC, peso e massa gorda foram detectados após dieta P em portadores do alelo A, do que em indivíduos genotipados como TT. Em portadores do alelo A, a dieta P promoveu diminuição significativa nos níveis de insulina e com a dieta M, ambos os grupos genotípicos tiveram diminuição nos níveis de leptina. Huang et al., 2014 Examinar a interação entre genótipo de risco e a ingestão de proteínas nas mudanças de longo prazo no apetite. Ensaio clínico randomizado de dois anos, para perda de peso, com 737 adultos com excesso de peso, genotipados rs9939609 do FTO. Indivíduos com o alelo A rs9939609 obtêm maior benefício na redução de desejos por comida e apetite, optando por uma dieta de perda de peso hipocalórica e hiperproteica. de Luis et al., 2013 Analisar os efeitos do SNP rs9939609 do FTO nas alterações de peso corporal e parâmetros metabólicos, após 3 meses de dieta hipocalórica. Antes e após os 3 meses de dieta hipocalórica, com baixo teor de gordura, a população branca, composta por 106 indivíduos com obesidade, foi analisada. Dos sujeitos do estudo, 33% (TT), 67% tinham os seguintes genótipos: 46 (TA) e 25 (AA). Após tratamento dietético, o estudo confirmou maior perda de peso em portadores A do SNP rs9939609 do que nos indivíduos com genótipo TT. Phillips et al., 2012 Investigar associações entre o FTO rs9939609 e medidas de obesidade e fenótipos de síndrome metabólica em adultos e determinar o potencial de modulação pela As mensurações genotípicas, bioquímicas, dietéticas e de estilo de vida foram determinadas no estudo LIPGENE- SU.VI.MAX (n = 1754). O consumo elevado de ácidos graxos saturados (AGS) na dieta (15,5% de energia) e baixa ingestão de ácido graxo poli-insaturado AGPI:AGS (0,38) acentuaram ainda mais Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 41755 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.4, p. 41743-41762 apr 2021 jan. 2021 ingesta de gordura dietética no início e após acompanhamento de 7,5 anos, quando casos e controles de síndrome metabólica foram selecionados. o risco de alcançar o IMC de 25 kg/m² e obesidade abdominail. Homozigotos TT pareceram não responsivos à ingestão de AGS na dieta, com relativamente nenhuma mudança na circunferência de cintura. Lappalainen et al., 2012 Investigar a associação entre o alelo de risco A do rs9939609 e a ingestão alimentar, e avaliar como essa ingestão afeta a associação entre FTO e IMC. Estudo Finlandês de Prevenção do Diabetes que se deu durante um acompanhamento médio de 3,2 anos, com um total de 479 indivíduos genotipados para o rs9939609. Os participantes completaram um registro alimentar de 3 dias, no início e antes de cada visita anual do estudo. No início, um maior IMC pelo genótipo de risco envolvendo o alelo A foi detectado, especialmente naqueles que referiam dieta rica em gordura, com IMC médio de 30,6 kg/m², 31,3 kg/m² e 34,5 kg/m² para TT, TA e AA, respectivamente. Maior IMC também foi observado naqueles que tinham dieta pobre em carboidratos e fibra. Moleres et al., 2011 Avaliar se a distribuição de ingestão de ácidos graxos na dieta poderia exercer influência sobre o risco de obesidade em indivíduos genotipados pela variante rs9939609. Estudo de caso-controle, em 354 espanhóis, entre crianças e adolescentes (6 a 18 anos). Parâmetros antropométricos foram tomados e consumo de energia foi estimado por meio de QFA semi- quantitativo. Nessa população, os portadores do alelo de risco A que consomem >12,6% de ácido graxo saturado (AGS) do VET, tiveram um aumento do risco de obesidade em comparação com os genotipados TT. De forma semelhante, portadores do alelo A com taxa de ingestão <0,43 AGPI:AGS, apresentaram maior risco de obesidade em relação aos indivíduos TT. Grau et al., 2009 Examinar se o FTO rs9939609 afeta a resposta de indivíduos obesos a uma dieta hipocalórica, com baixo teor de carboidrato e rica em gordura, ou pobre em gordura e rica em carboidrato. Estudo europeu multicêntrico de intervenção dietética de 10 semanas, envolvendo 771 indivíduos obesos, em que foram randomizados para dieta hipocalórica rica em gordura ou rica em carboidrato. Para os portadores do alelo A, a taxa de abandono foi maior na dieta rica em gordura/pobre em carboidrato do que na rica em carboidrato/pobre em gordura. Razquin et al., 2009 Analisar os efeitos da variante rs9939609 nas Um total de 776 indivíduos com alto risco Portadores do alelo A, tiveram menor ganho Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 41756 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.4, p. 41743-41762 apr 2021 jan. 2021 alterações de peso corporal após 3 anos e sua modificação por uma intervenção nutricional, randomizada, com dieta mediterrânea, em uma população de indivíduos com alto risco cardiovascular. cardiovascular, entre 55 e 80 anos, foram distribuídos aleatoriamente em três grupos de intervenção nutricional: dois deles com a dieta mediterrânea, e o terceiro compôs o grupo controle (aconselhados a seguir uma dieta convencional com baixo teor de gordura). de peso corporal após os três anos de intervenção nutricional em comparação com os genotipados como TT (independente da intervenção nutricional). Efeito estatisticamente significativo em portadores do alelo A se deu apenas em alocados para os grupos com dieta mediterrânea e não para o grupo controle. Observa-se que os estudos acerca da influência de dieta com características específicas, sobre aspectos que envolvem amodulação do peso corporal e parâmetros metabólicos aos portadores do SNP rs9939609 do gene FTO, desperta questionamentos da comunidade científica há alguns anos. A influência obesogênica do FTO pode ser exacerbada pela maior ingestão de energia e gordura, embora ainda haja pouca informação sobre as ligações entre o genótipo e a ingestão total de alimentos ou padrões alimentares (LIVINGSTONE et al., 2016). Ao investigar apenas a gordura dietética, faz-se necessário aprofundar-se nos tipos de ácidos graxos que possam implicar nessa interação, partindo da hipótese de que AGS podem ter um papel importante na modulação dos efeitos dos polimorfismos do FTO (CORELLA et al., 2011). Moleres et al., (2012) relataram pela primeira vez, a influência da distribuição de ácidos graxos na dieta, sobre os efeitos do polimorfismo rs9939609 do FTO, no risco de obesidade em crianças e adolescentes. O estudo demonstrou a influência da mutação, mediante a composição das gorduras da dieta (AGS, AGPI e AGPI:AGS), especialmente nos portadores do alelo A, referindo que o consumo <12,6% de AGS do valor energético total (VET) não afetou o IMC. Ao passo que, portadores do alelo A com um maior consumo de AGS, tiveram um aumento significativamente maior no IMC em relação aos sujeitos TT. De maneira similar, em estudo mais recente, em que foi explorada a influência da ingestão de gordura em adolescentes portadores do SNP rs9939609, Labayen et al., (2016) evidenciaram que diferente dos adolescentes que consumiam <30%, adolescentes Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 41757 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.4, p. 41743-41762 apr 2021 jan. 2021 que consumiam entre 30% e 35% da energia consumida em gordura, demonstraram significativa associação entre o alelo A e maior escore Z de IMC (+0,20 kg/m² por alelo de risco A), maior gordura corporal (+1,9% por alelo de risco A), maior índice de massa gorda (+0,6 kg/m² por alelo de risco A) e maior circunferência de cintura (+1,6 cm por alelo de risco A). Esses dados são corroborados pelas pesquisas de Phillips et al., (2012) que ao investigarem associações entre o rs9939609 em indivíduos adultos portadores de síndrome metabólica, e medidas de obesidade, pelo potencial de modulação da gordura dietética, referiram estreita relação. Sobretudo, naqueles que possuíam a síndrome aliada ao alto consumo de AGS na dieta. O elevado consumo de AGS (15,5% de energia) e baixa ingestão de AGPI:AGS (0,38), acentuaram ainda mais o risco de serem obesos abdominais, já os não portadores do alelo de risco A, pareceram não responder à relação entre o fenótipo analisado, com nenhuma mudança na circunferência de cintura. Indo de encontro à influência exercida pelos genótipos, de Luis et al., (2015) (b) e de Luis et al., (2013) que avaliaram a perda de peso secundária em relação a dietas hipocalóricas ricas em gordura monoinsaturada ou rica em gordura poli-insaturada, e dietas hipocalóricas com baixo teor de gordura, respectivamente, relataram maior perda de peso em portadores do alelo de risco A do rs9939609 em relação aos indivíduos TT. De posse de achados que sugerem que a associação entre o FTO e a obesidade são influenciadas pelos componentes da ingestão alimentar, Lappalainen et al., (2012) alegam que as recomendações dietéticas são particularmente benéficas para aqueles que são geneticamente suscetíveis à obesidade. Ao explorar a relação entre os genótipos e o IMC, observaram que durante o seguimento de três anos, os indivíduos AA não diferiam dos demais genótipos quando seguiam uma dieta com baixo consumo energético. Por outro lado, referem o consumo de AGS e a ingestão de proteínas como preditores significativos. Com o objetivo de contrapor a influência de uma dieta hipocalórica padrão (S) de 1000 kcal/dia, com uma dieta hiperproteica/hipoglicídica (HP) junto ao SNP rs9939609 no processo de emagrecimento, de Luis et al., (2015) (a) menciona perda de peso mais acentuada em indivíduos A, com significativa diferença entre os efeitos da dieta HP em parâmetros antropométricos como peso, IMC, circunferência de cintura e massa gorda. Huang et al., (2014) evidenciou interações significativas entre o FTO rs9939609 e a ingestão dietética de proteínas nas mudanças dos escores de apetite, enquanto que Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 41758 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.4, p. 41743-41762 apr 2021 jan. 2021 Grau et al., (2009) defende que essa interação pode ocorrer entre o macronutriente em dietas de perda de peso de várias maneiras, declarando que indivíduos A na dieta LF (pobre em gordura e rica em carboidrato) têm chances reduzidas de abandono. Ademais, ao se tratar da adesão a dietas, no que se refere ao padrão alimentar mediterrâneo, pode ser útil para prevenção ou tratamento de fenótipos de obesidade a adesão dos indivíduos com alelos de risco do FTO (HOSSEINI-ESFAHANI et al., 2017). O estudo de Razquin et al., (2009) se propôs a estudar os efeitos da variante rs9939609 (A/T) do FTO nas alterações de peso corporal, após três anos de modificação por intervenção nutricional, randomizada, com uma dieta mediterrânea (DM) em uma população de indivíduos com alto risco cardiovascular. O estudo confirmou a associação entre o peso corporal e o polimorfismo rs9939609, no entanto os resultados mostraram que apesar de no início do estudo o alelo A estivesse associado com maior peso corporal, após os três anos de intervenção nutricional, os portadores do alelo A tiveram menor ganho de peso em comparação aos TT. 4 CONCLUSÃO O gene com maior efeito sobre a massa corporal é o FTO. A relação do metabolismo junto ao polimorfismo do DNA pode influenciar a dinâmica entre os nutrientes, o que contribui para as diferentes respostas individuais à dieta e, consequentemente, à variabilidade fenotípica (CHMURZYNSKA; MLODZIK, 2017). Apesar das limitações metodológicas nos trabalhos analisados – no que tange à mensuração do consumo de alimentos, por compreenderem apenas aproximações de ingestão oral – a modulação dos componentes dietéticos como a diminuição de AGS e aumento da quantidade de proteínas demonstrou exercer efeitos significativos no processo da perda de peso de indivíduos portadores do polimorfismo rs9939609 do gene FTO. Diante da influência exercida pelo FTO, identificar interações para estabelecer estratégias nutricionais mais efetivas, que visem à prevenção ou tratamento de indivíduos de maior suscetibilidade genética à obesidade, é de extrema relevância. Sobretudo aos portadores do alelo de risco A do SNP rs9939609. Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 41759 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.4, p. 41743-41762 apr 2021 jan. 2021 REFERÊNCIAS ABDELMAJED, S. S. et al. Association analysis of FTO gene polymorphisms and obesity risk among Egyptian children and adolescents. 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