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Maria Eduarda Mendonça Bet – A estética barroca A ESTÉTICA BARROCA INTRODUÇÃO A origem do termo barroco é objeto de muitas especulações. Segundo alguns estudiosos, a palavra se associava a um tipo de pedra de formato irregular e era usada para designar algo imperfeito, sem harmonia. Em arte (literatura, pintura, música, etc.), o termo foi aplicado a uma estética que não apresentava os valores renascentistas. Seu uso buscava evidenciar que determinada obra não seguia as regras clássicas de harmonia e equilíbrio, entendidas como princípios imutáveis do belo artístico difundido pelo Renascimento. Com o tempo, o Barroco passou a ser aceito como uma estética legitima, que criava as próprias convenções e instituía novos padrões de beleza. Esse padrão predominou ao longo do século XVII, período designado como seiscentismo – termo que também se associa à estética barroca. REFORMA E CONTRARREFORMA Para custear suas despesas e a construção de obras monumentais, a Igreja Católica costumava levantar fundos com a venda de indulgencias. Indulgência significava perdão dos pecados, concedido em caráter especial. Tal procedimento, adotado ainda na Idade Média, sempre mereceu críticas de setores da hierarquia eclesiástica. No início do século XVI, a oposição a esse tipo de pratica passou a ocorrer de maneira mais firme. Em 1517, o religioso alemão Martinho Lutero protestou de forma veemente, levando contra si a fúria das autoridades católicas, que determinaram sua excomunhão. Lutero recebeu o apoio de importantes autoridades europeias, fazendo surgir o movimento da Reforma protestante, fato que provocou uma cisão na Igreja Católica. A Igreja Católica reagiu com uma série de medidas, que, no seu conjunto, configuraram a Contrarreforma. Entre os anos 1545 e 1563, a cidade italiana de Trento foi palco de uma assembleia de autoridades católicas denominada Concilio de Trento. O concilio produziu documentos que determinavam a obediência rigorosa aos dogmas, a criação de um índex – lista de livros proibidos – e o desenvolvimento de estratégias que visavam à popularização do ritual católico. Paralelamente, os tribunais da Santa Inquisição, que funcionavam desde o período medieval, foram usados para perseguir os protestantes, enquanto a Companhia de Jesus, organização fundada em 1534, foi utilizada para difundir a fé católica, impondo-as às populações dos territórios que vinham sendo colonizados na América, na Índia, na África e na Ásia. Assim, a Europa viveu crises internas e experimentou o choque cultural com costumes até então desconhecidos. As supostas irregularidades da arte barroca transmitiam de forma bastante viva a falta de harmonia de um mundo em crise. A ARTE BARROCA DUALIDADE O Barroco, como expressão artística, ocorreu em um período histórico preciso. No entanto, ele tratou de contradições experimentadas pelo ser humano em qualquer época. Tais contradições foram expostas na estética barroca por meio de recursos expressivos próprios daquele tempo. O fragmento a seguir evidencia as preocupações mais contundentes daquele momento, conforme as entendia o Padre Antônio Vieira, um dos maiores representantes da estética barroca em língua portuguesa: {...} Os homens, temos três vidas: vida corporal, vida espiritual, vida eterna. A morte tira somente a vida corporal; o pecado tira a vida espiritual, tira a vida eterna, e também tira a vida corporal, porque do pecado nasceu a morte {...} A morte mata o corpo que é mortal; o pecado mata a alma, que é imortal, e morte que mata o imortal, vede que morte será! Os estragos que faz a morte no corpo, consome-os em poucos dias a terra; os estragos que faz o pecado na alma, não basta uma eternidade para os consumir no fogo. E sendo sobre todo o excesso de comparação tanto mais para temer a morte da alma que a morte do corpo, e tendo mais para amar e para estimar a vida espiritual e eterna que a vida temporal, em que fé, e em que juízo cabe, que pela vida e saúde do corpo se façam tão extraordinários extremos, e que da vida e saúde da ama se faça tão pouco caso? VIEIRA, Padre Antônio. Sermão de Nossa Senhora da Penha de França. Sermões. LINGUAGEM REBUSCADA Para os representantes da estética barroca, a simplicidade defendida pelos clássicos era demonstração de falta de criatividade. De maneira oposta à estética renascentista, o Barroco valorizava o ornamento, o enfeite, o rebuscamento, características expressivas que tornavam a manifestação barroca mais tortuosa. A arte literária do século XVIII tinha jogos de palavras, proposições e comparações inusitadas, que exigiam perspicácia do leitor. A criação desses tipos de associação Maria Eduarda Mendonça Bet – A estética barroca era definida como agudeza. Ela pode ser exemplificada pelo texto a seguir. Foi no mar de um cuidado Meu coração pescado; Anzóis os olhos belos; São linhas teus cabelos Com solta gentileza, Cupido pescador, isca a beleza. OLIVEIRA, Manuel Botelho de. Música do Parnaso. Rio de Janeiro. A complexidade da expressão barroca pode ser didaticamente compreendida levando em consideração dois conjuntos de recursos expressivos: o cultismo e o conceptismo. CULTISMO E CONCEPTISMO Os recursos que foram explorados pela linguagem barroca podem ser agrupados em duas grandes correntes. De um lado, havia o conceptismo, que dava maior destaque ao conteúdo. De outro lado, o cultismo, que se concentrava mais na própria expressão, explorando, por exemplo, as figuras de linguagem. Eram duas vertentes de um mesmo movimento, que podiam estar presentes simultaneamente na mesma obra. É muito difícil que um texto seja puramente cultista ou conceptista. DINAMISMO O Barroco pode ser concebido como a arte do movimento. Isso não significa dizer que a arte clássica era estática. O que ocorre é que o classicismo renascentista privilegiava a imagem fixa, parada, como se a pintura, por exemplo, reproduzisse uma estatua, enquanto o Barroco preferia o dinâmico. Esse dinamismo é facilmente percebido nas artes plásticas (desenho, pintura, escultura, etc.). Mas como percebê-lo na literatura? Algumas figuras de linguagem criam a sugestão de um verdadeiro labirinto sintático, conferindo movimento à expressão verbal ao torna-la tortuosa. É o que ocorre, por exemplo, com o hipérbato, que é a inversão da ordem natural da frase. Outra forma de manifestação do dinamismo na estética barroca diz respeito à temática da instabilidade do mundo, já presente nos poemas maneiristas de Camões. INSTABILIDADE O equilíbrio clássico é substituído, no Barroco, pela concepção de um mundo efêmero, em constante movimento e transformação. A consciência de que a vida é breve assume ares dramáticos, com o pressentimento da morte, da punição pelos pecados e da destruição gradativa de todos os bens da existência. A literatura barroca se volta, assim, para o processo de decadência moral e física do ser humano. Leia o soneto a seguir, de Gregório de Matos: Ao dia do juízo O alegre do dia entristecido, O silencio da noite perturbado O resplendor do sol todo eclipsado, E o luzente da lua desmentido! Rompa todo o criado em um gemido, Que é de ti mundo? Onde tens parado? Se tudo neste instante está acabado, Tanto importa o não ser, como haver sido. Soa a trombeta da maior altura, A que vivos, e mortos traz o aviso Da desventura de uns, d’outros ventura. Acabe o mundo, porque é já preciso, Erga-se o morto, deixe a sepultura, Porque é chegado o dia do juízo. No contexto do Barroco, o homem era fruto do pecado, e todo pecado necessariamente seria punido. Qual alternativa restava, então, aos que se sentiam angustiadosdiante dessa perspectiva? A resposta estava na fé. EXPRESSÃO DE FÉ Diante da inevitabilidade da morte e da punição pelos pecados cometidos, a alternativa que se descortinava ao ser humano, segundo a concepção barroca, consistia no esforço de obter o perdão divino. Comentado [MEB1]: Inquietação, preocupação Comentado [MEB2]: Brilho Comentado [MEB3]: Criação Comentado [MEB4]: Referência à concepção católica do Juízo Final Comentado [MEB5]: Infelicidade Comentado [MEB6]: Felicidade Maria Eduarda Mendonça Bet – A estética barroca Para a Igreja Católica, tal perdão só poderia ser alcançado por meio da obediência às suas determinações – o que visava, entre outras coisas, manter a ligação do fiel com o catolicismo, afastando-o de qualquer aproximação com as ideias reformistas. A ARTE DE ALEIJADINHO Antônio Francisco Lisboa (1730? – 1814) foi o mais importante artista plástico do Barroco brasileiro. Sua biografia é ainda hoje envolta em mistério, mas sua obra é reconhecida pela qualidade e pela expressividade dramática de suas figuras, características estéticas que permitem sua inserção nas convenções barrocas. PADRE ANTÔNIO VIEIRA A UNIÃO IBÉRICA (1580 – 1640) O desaparecimento do rei português D. Sebastião (1554 – 1578) na batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos, criou uma crise sucessória, já que o monarca não deixara herdeiros. A partir de 1580, o trono português foi ocupado pelo rei Felipe da Espanha, inaugurando um período de domínio espanhol que duraria 60 anos. O episodio foi o ponto mais marcante da decadência lusitana, já prevista por Camões no epilogo de Os Lusíadas, publicado em 1572. O sentimento de frustração gerado pela morte do rei fez surgir o sebastianismo. Em 1640, o movimento da Restauração expulsou os espanhóis de Portugal e colocou uma nova família no poder, a dinastia de Bragança, iniciada com D. João IV. Desde então, a influência política do Padre Antônio Vieira cresceu, pois ele se tornara um dos conselheiros do rei. BIOGRAFIA Nascido em Portugal, Antônio Vieira (1608 – 1697) veio com a família para o Brasil aos 6 anos. Em Salvador, Bahia, frequentou o Colégio Jesuíta e iniciou sua carreira eclesiástica em 1635. Sua pregação religiosa logo chamou a atenção. Após a Restauração de 1640, passou a exercer funções administrativas no reino português, mas não abandonou sua vida eclesiástica. Em 1652, esteve no Maranhão, desenvolvendo um trabalho de catequese junto aos indígenas e combatendo a escravatura dessa população, praticada pelos fazendeiros locais. Estes últimos conseguiram sua expulsão em 1661. Enfrentamentos desse tipo fizeram Vieira perder o apoio político que tinha, enfraquecendo-o também junto às autoridades eclesiásticas. Acusado de praticar futurologia, foi impedido de pregar e transferido de volta para Salvador, onde passou os últimos anos, dedicando-se à organização de sua obra máxima, os Sermões. A ARTE DE PREGAR SERMÕES Em um de seus textos mais famosos, o “Sermão da Sexagésima”, pregado em 1655, Vieira apresenta aos seus ouvintes uma verdadeira aula de como se deve desenvolver a pregação. Trata-se de um exercício de metalinguagem, isto é, um sermão que tem como tema a própria atividade do sermonário. Para Vieira, a função dl pregador era esclarecer a palavra de Deus aos fieis. O Padre Vieira defendia com seus sermões a ideologia católica, atacando de forma decidida os reformistas, considerados então hereges, isto é, contrários aos dogmas católicos. DEFESA DO CATOLICISMO Um dos grandes exemplos da defesa da moral católica contra o protestantismo, na obra de Vieira, é o “Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda”. Os holandeses, que eram protestantes em sua maioria, pretendiam estender seus domínios à América e, em 1640, tentaram invadir a Bahia. Com seu sermão, Vieira estimulou a resistência dos brasileiros. Sua argumentação parte do episódio do Antigo Testamento no qual o rei hebreu Davi recorre a Deus para proteger seu povo. Vieira pede proteção aos que, para ele, constituem o novo povo de Deus: os portugueses e todos os que lutam ao seu lado. Curiosamente, esse mesmo religioso que tanto defendia a Igreja Católica foi perseguido por essa instituição. Isso ocorreu porque Vieira perdeu o apoio politico com que ele contava. Essa perda, por sua vez, ocorreu por causa de certas atitudes do pregador, que feriram interesses de poderosos. TEMÁTICA SOCIAL Nos sermões de Vieira, predomina a temática religiosa, porém, por meio dela, ele também tratava de questões sociais. O fato de ele exercer funções administrativas não o inibia de fazer críticas aos vícios da sociedade. Vieira fazia do púlpito um espaço de defesa e difusão de suas ideias. Defesa que, muitas vezes, era sinônimo de ataque. Foi o que aconteceu, por exemplo, em 1665, quando Vieira pregou o “Sermão do bom ladrão”, em Lisboa. Nele, o sermonário se refere aos funcionários do reino. Maria Eduarda Mendonça Bet – A estética barroca Em 1656, com a morte de D. João IV, o grande protetor de Vieira, este ficou a mercê de seus inimigos, que tramaram para afastá-lo de suas atividades administrativas. As autoridades eclesiásticas, por sua vez, já não viam com bons olhos a forma liberal como Vieira tratava os judeus, cujas praticas religiosas eram condenadas pela Igreja. O padre fazia vista grossa a essas práticas, pois sabia que os judeus eram importantes para as finanças do reino. Como consequência, Vieira perdeu seu apoio dentro e fora da instituição, tendo sido relegado ao esquecimento nos seus últimos anos de vida. A VISÃO DA ESCRAVIDÃO Em mais de uma ocasião, Vieira criticou os latifundiários brasileiros pela crueldade ao tratar a população indígena, que era condenada à escravidão. No entanto, sua posição era diferente em relação à escravidão negra, que o padre via como uma importante fonte de mão de obra para a economia colonial. A fim de justificar suas opiniões, Vieira utilizava argumentos religiosos. O BARROCO NO BRASIL E A POESIA DE GREGÓRIO DE MATOS O BARROCO BRASILEIRO Quando pensamos no Barroco brasileiro, é muito comum nos lembrarmos da obra de Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho. Literariamente, porém, o Barroco já se havia desenvolvido no Brasil desde o início do século XVII, mais especificamente no Nordeste, quando ainda havia o processo de colonização, sob a égide rigorosa da Inquisição europeia, em um clima de repressão decorrente da Contrarreforma religiosa. Didaticamente, considera-se que o marco inicial do Barroco literário no Brasil foi a publicação, em 1601, do livro Prosopopeia, de Bento Teixeira, poema épico inspirado na tradição camoniana. Naquela época, havia no Brasil colonial pouco espaço para o desenvolvimento da literatura, e os autores só tinham seus livros publicados em Portugal. Assim, na colônia, os poemas só tornavam-se conhecidos ou pela tradição oral ou por folhetos manuscritos e distribuídos por seus próprios autores. Salvador, também conhecida como “cidade da Bahia”, era o grande centro político e econômico do Brasil colônia, que vivia da exploração da cana-de-açúcar e do algodão. E foi em consequência disso que o Barroco brasileiro se desenvolveu primeiramente em território baiano. O POETA GREGÓRIO DE MATOS Gregório de Matos Guerra (1633 – 1696), nascido em Salvador, era o terceiro filho de uma família abastada. Depois de completar a educação básica em um colégio jesuíta da Bahia, foi mandado a Coimbra, onde se graduou em Direito. Embora não tenha publicado nada em vida, durante sua estada em Portugal adquiriu fama como poeta satírico e improvisador.De volta ao Brasil, em 1679, trabalhou como desembargador e tesoureiro-mor da Sé, cargos dos quais foi destituído por não aceitar usar batina nem acatar ordens superiores da igreja. A partir desse fato, Gregório passou a se dedicar a fazer criticas a todas as classes sociais da Bahia, em textos geralmente corrosivos que lhe custaram a perseguição pelas autoridades locais, a prisão e o exilio na África. Ao final da vida, voltou para Recife, onde morreu, sem nunca mais ter pisado em solo baiano. BOCA DO INFERNO As poesias satíricas, que apresentam termos chulos e ataques pessoais violentos, são um aspecto muito conhecido da obra do poeta baiano, considerado por muitos o verdadeiro precursor da literatura brasileira. Foram seus textos críticos, associados à vertente erótica e muitas vezes pornográfica, que lhe valeram a alcunha de Boca do Inferno. POESIA SATÍRICA (CRÍTICA SOCIAL) Mesmo tendo nascido em Salvador, Gregório de Matos nunca poupou a capital baiana de críticas em seu trabalho literário. O poeta não se conformava em viver em um mundo usurpado por aquilo que, para ele, era oportunismo dos pretensos e falsos nobres, os negociantes portugueses. Como advogado, vivia a farsa das instituições jurídicas e, como poeta culto, via-se em um meio que considerava iletrado. POESIA ERÓTICA (ENTRE O GRACIOSO E O PORNOGRÁFICO) O trabalho de Gregório de Matos é fortemente marcado pelo erotismo. O poeta é lembrado não só por sua capacidade de produzir textos ferinos sobre a sociedade baiana, como também por textos que fazem menção a encontros sexuais e às genitálias masculina e feminina. Normalmente, esses trabalhos são classificados como graciosos, quando sugerem algum traço malicioso, ainda que não explicitado; ou pornográficos, quando atingem o terreno da licenciosidade, com termos de baixo calão, extremamente ofensivos. A outra freira, que satirizando a delegada fisionomia do poeta lhe chamou “Pica-flor” Maria Eduarda Mendonça Bet – A estética barroca Se Pica-flor me chamais, Pica-flor aceito ser, mas resta agora saber, se no nome, que me dais, meteis a flor, que guardais no passarinho melhor! Se me dais este favor, Sendo só de mim o Pica, E o mais vosso, claro fica, Que fico então Pica-flor POESIA AMOROSA Além de ter escrito poesia de crítica social e textos marcados por erotismo e obscenidade, Gregório de Matos também cultuou o lirismo amoroso. Seus poemas líricos apresentam um homem angustiado diante do amor que muitas vezes se revela dividido entre os desejos corporais que nele se manifestam e a culpa e angústia pelo pecado, dualidade tipicamente barroca. POESIA RELIGIOSA Como traço comum do Barroco, o questionamento religioso aparece entre as principais preocupações dos autores. Os textos revelam um eu lírico dividido entre a atração pelo pecado e a necessidade do perdão, ou em busca de uma integração entre o espiritual e o carnal em suas atitudes. A referência a objetos sagrados, como o símbolo da cruz ou a imagem de Jesus Cristo, também é um recuso muito utilizado por Gregório de Matos. POESIA REFLEXIVA O tema da efemeridade é um dos mais presentes no movimento Barroco e a percepção de que o mundo está em desacerto também é um pressuposto importante para desencadear o processo reflexivo a respeito daquilo que se vive e do que se vê acontecer ao redor. O eu poético de Gregório de Matos assume em vários poemas essa postura reflexiva, em que a questão filosófica transcende a religiosa e se estende a outros aspectos da existência.