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gastroenterologia Clínico Pira T9 Síndromes dispépticas Doença do refluxo gastroesofágico Todos nós temos refluxo, mas algumas pessoas têm de forma tão frequente que desencadeia um mecanismo de doença = esfíncter esofágico não é um esfíncter perfeito. MECANISMOS ⤷ Resultado de desequilíbrio dos mecanismos defesa e de agressão da mucosa do esôfago. ⤷ Zona de alta pressão: junção esôfago- gástrica. ⤷ Situações que aumentam a chance de desenvolver doença do refluxo. → Relaxamento do esfíncter. → Diminuição do tônus do esfíncter ▻ Por estômago muito cheio – distensão. ▻ Ou por reflexo da presença do alimento – vago-vagal. → Lesão anatômica = parte do estômago projetada para dentro do tórax (hérnia de hiato). Mecanismos de defesa anatômicos ⤷ Diafragma fazendo um anel no esôfago. ⤷ Esfíncter inferior do esôfago. ⤷ Musculatura circular do esôfago que propele o alimento para frente. ⤷ Ângulo de His: entre o esôfago e o estômago – quanto mais acentuado, mais alta a bolha gástrica e mais difícil a ocorrência de refluxo. ⤷ Transição entre epitélio (linha Z) – mucosa gástrica protege contra o refluxo. #Nas situações em que esses mecanismos de defesa não ocorrem como deveriam, podemos ter a doença ⤷ Esfíncter está mais alto. ⤷ Estômago projeta sua mucosa para dentro do esôfago. ⤷ Aumento da pressão do estômago → Obesidade, gravidez e dificuldade esvaziamento gástrico. ⤷ Diminuição da pressão do tórax – doença pulmonar crônica, tosse crônica. → Migração de pressão para cima – conteúdo do estômago sobe para o esôfago. ⤷ Disfunção da musculatura do esôfago. #Hiato/anel diafragmático frouxo – hipotônia do esfíncter ou hérnia hiatal = EEI passa a não contar mais com ajuda do diafragma como reforço mecânico. Mecanismo de defesa bioquímicos/epiteliais ⤷ Esôfago tem a capacidade de depuração ácida = por muco e saliva que banham o esôfago. → O próprio muco pode fazer com que haja difusão do hidrogênio (separação HCL em H+ e Cl- = tirando ácido). → Tampão de bicarbonato que é parte do muco esofágico. Mecanismos de agressão ⤷ Através de pepsina, ácido clorídrico, sais biliares e enzimas pancreáticas. ⤷ Piloro incompetente → Retorna ao estômago conteúdo do duodeno. → Estômago não esvazia direito = aumenta pressão do estômago e sobe conteúdo (refluxo alcalino). ⤷ Piloro normal, mas algum processo que aumenta pressão do estômago sobe conteúdo gástrico (refluxo ácido). QUADRO CLÍNICO Sintomas da doença típica ⤷ Pirose: necessariamente é queimação retroesternal. → investigar se a azia que o paciente refere é realmente pirose e não queimação epigástrica. → Ocorre geralmente 30-60 minutos após ingestão de alimentos e ao deitar (nas primeiras 3 horas). → Pode ser aliviada com ingestão de água. ⤷ Regurgitação: volta espontânea de um conteúdo que já foi ingerido. ⤷ Náusea: alimento volta por um processo comandado por um reflexo de vômito. ⤷ Sintomas associados → Disfagia (1/3 dos casos) – sugere complicações. → Dor retroesternal: ter sempre certeza de que não é cardíaca. → Rouquidão → Eructação → Tosse → Dor abdominal → Bolo: sensação de bolo no esôfago – empachamento. ⤷ Fatores desencadeantes comuns → Alimentos gordurosos, picantes ou cítricos, carminativos, refrigerantes, café, álcool, refeições volumosas, tabaco, medicamentos e o hábito de se deitar logo após as refeições. → Aumentam pressão intra- abdominal ▻ Ganho de peso, gravidez, exercícios de peso, abdominais ou isométricos. Sintomas de doença atípica – componentes não esofágicos relacionados à doença do refluxo, em geral por disfunção do esfíncter superior também. ⤷ Pulmonar → Asma: conteúdo ácido chega até a via aérea, o que causa broncoespasmo. → Tosse, hemoptise, bronquite, bronquiectasia e pneumonia. ⤷ Otorrino: rouquidão, pigarro, laringite, sinusite crônica e otalgia. ⤷ Oral: desgaste do esmalte dentário, halitose e aftas. #No atípico, a pessoa não tem lesão no esôfago (defesa eficaz), mas tem tanto conteúdo, que acaba lesando outros sistemas. #Na criança o refluxo é mais postural tendo em vista que seu desenvolvimento anatômico e funcional ainda não está completo. ⤷ Ainda não tem muita glândula secretora de ácido. ⤷ É basicamente uma regurgitação, volta do conteúdo alimentar. ⤷ Dificuldade de ganho de peso. DIAGNÓSTICO ⤷ Teste terapêutico → Indicações: paciente < 45 anos, com clínica de refluxo e sem sinais de alarme ▻ Sinais de alarme: disfagia, odinofagia, perda de peso, hemorragia digestiva, náusea, vômitos e história familiar de câncer. → Uso de inibidor de bomba de prótons por 4 semanas + medidas comportamentais ▻ Positivo se os sintomas são abolidos ▻ Sugere fortemente o diagnóstico de DRGE. ⤷ Endoscopia digestiva alta → Exame mais frequentemente solicitado para diagnóstico na suspeita. → Quando não é indicado o teste terapêutico. → Não é o melhor, mas é mais rápido, mais fácil de fazer e menos desconforto para o paciente. → Identifica complicações. → Biópsia importante principalmente em casos de esôfago de Barrett para avaliar câncer. #Classificação endoscópica da intensidade da esofagite – Los Angeles ⤷ PHmetria → Fica com uma sonda nasogástrica por 24 horas. → Sonda tem sensor para acidez nos últimos 5 cm do esôfago → Anota toda vez que o pH ficar < 4. → Se a área do gráfico de pH < 4 for > 14,32, a pessoa tem doença do refluxo. → Só é capaz de ver refluxo ácido. ⤷ Manometria → Mede a pressão do esfíncter inferior do esôfago. → Verde (aumento de pressão) e vermelho (baixa pressão). → Do trajeto da deglutição até o estômago. → No caso abaixo, no fim do esôfago, ele tem uma grande área de baixa pressão. → Não fazemos manometria isolada, sempre com Phmetria ou Impedânciometria junto. ⤷ Impedânciometria → Mede qualquer variação eletrostática que ocorra no esôfago → Indica variação de pressão e se o refluxo é ácido ou básico. → Melhor exame, mas caro e pouco acessível. Ordem geral de investigação: endoscopia → PHmetria → Manometria ou Impedânciometria. COMPLICAÇÕES ⤷ Esofagite de refluxo - paciente desenvolve alterações inflamatórias na mucosa esofagiana visíveis à endoscopia. ⤷ Úlcera esofágica - lesões que alcançam submucosa e muscular → Dor ao deglutir – odinofagia. → Hemorragia digestiva oculta com anemia ferropriva. ⤷ Estenose esofágica – causa disfagia, às vezes só passa líquido. → Processo inflamatório crônico por conta do refluxo sem tratamento ou tratamento ineficaz = fibrose. → Nessa situação, o paciente muda o sintoma de pirose para a disfagia = estreita tanto, que nem tem o refluxo direito. ⤷ Esôfago de Barret → Alteração epitelial do esôfago, que após sofrer tanta agressão, modifica-se tentando produzir glândulas. ▻ Epitélio estratificado escamoso → epitélio colunar glandular. → Epitélio com glândulas secretoras de muco que se assemelha ao epitélio intestinal. → Metaplasia intestinal do epitélio do esôfago → Esôfago inflamado que ainda não é metaplásico apresenta epitélio edemaciado e pálido. → Lesão pré-carcerosa ▻ Não desenvolve carcinoma epidermóide (normal para esôfago) ▻ E sim um adenocarcinoma, semelhante ao do intestino. TRATAMENTO Medidas comportamentais ⤷ orientação individualizada de acordo com anamnese. Tratamento farmacológico ⤷ Inibidores de bomba de prótons (primeira escolha) → Dose plena de 4-8 semanas de uso, e depois, manutenção em dose mínima. → Inibem a H+/K+ATPase (“bomba de prótons”) bloqueando a via final para a secreção de ácido pelas células parietais do estômago. → Melhora da pirose e m 80-90% dos pacientes. → Utilizar 30 minutos antes das refeições (de jejumpela manhã). ⤷ Segunda linha → Antagonistas dos receptores H2 de histamina: ranitidina, famotidina, cimetidina. → Prócinéticos: relaxam o esfíncter inferior do esôfago – domperidona e metoclopramida. #Tratamento cirúrgico ou endoscópio: quando os medicamentos não conseguem controlar os sintomas do paciente. Tratamento endoscópico ⤷ Fechamento do hiato ⤷ Estreitamento do esfíncter inferior do esôfago. → Com o endoscópio, faz uma prega na muscular e sutura, diminuindo o espaço do esfíncter. → Endoscópio com aparelho cirúrgico (pinça) que faz uma curva dentro do estômago virado para o esôfago, fazendo uma prega na grande curvatura, aumentando o ângulo de Hiss. → Endoscópio com uma bola que emite ondas de radiofrequência, que causa estenose do esôfago por fibrose. Tratamento cirúrgico – Fundoplicatura de Nissen ⤷ Indicado sempre em pacientes com hérnia de hiato > 4 cm, úlcera esofágica e esôfago de Barret. ⤷ Fechar a grande curvatura em volta do esôfago. ⤷ Faz com que a bolha gástrica envolva a parte final do esôfago. Outras alterações esofágicas HÉRNIA DE HIATO ⤷ Protusão do estômago ou parte dele para acima do diafragma ⤷ Pode haver estrangulamento da hérnia, com dor torácica aguda, disfagia e sensação de massa mediastinal. ⤷ Pode ocorrer isquemia pelo encarceramento. SÍNDROME DE MALLORY-WEISS ⤷ Laceração do esôfago distal e do estômago proximal, que ocorre em resposta a vômitos vigorosos. → Acomete apenas mucosa. ⤷ Comum em alcoólatras, principalmente quando há hipertensão portal e varizes esofágicas. ⤷ Comum também em pessoas com bulimia. ⤷ Qualquer situação de aumento súbito da pressão intra-abdominal pode gerar laceração da JEC (tosse intensa, grande esforço durante evacuação, etc). ⤷ Sintoma mais comum: sangramento digestivo alto. ⤷ Tratamento: hemostasia endoscópica. Gastrite Inflamação gástrica que, em geral, causa dor epigástrica. ⤷ Mucosa com alteração macroscópica e microscópica. APRESENTAÇÕES ⤷ Gastrite atrófica: paciente com atrofia da mucosa gástrica, causando mudança das características das glândulas – pouco comum → Pode ser determinada por doença autoimune. → Pode ser multifocal ▻ Agressão do Helicobacter pilori. ▻ Alteração dietética. ▻ Hábito alimentar. ⤷ Paciente com mucosa sem atrofia. → Principalmente pelo H. pilori. → Superficial ou crônica segundo a endoscopia. ⤷ Gastrites especiais: menos comuns. → Fatores desencadeantes muito específicos. → Química: reação a químicos que causam inflamação (principal). → Granulomatosa: doença com reação granulomatosa sistêmica que pode atingir o estômago. → Corpo estranho: como balão gástrico para obesidade. → Eosinofílica: alérgica por resposta imune. → Infecciosa: vírus, fungos e bactérias (menos Helicobacter). Geralmente em paciente imunossuprimido. Química AINES, Bile Granulomatosa Doença de Chron, Sarcoidose Não infecciosa Corpo estranho Eosinofílica Glúten, fármacos, imunobiológicos Infecciosa Vírus, fungos e bactérias #Gastrite pode mudar de característica na evolução da doença. ⤷ Piora gradual: normal → inflamação aguda → atrofia → metaplasia → displasia → neoplasia/câncer (Cascata de Correia) ⤷ Aguda pode cronificar e provocar alterações no epitélio que eventualmente culminam em câncer gástrico. #Mais comum ⤷ gastrite por H. pilori. ⤷ gastrite que evolui para atrófica. ⤷ dieta rica em indutores de acidez que provocam gastrite multifocal. Gastrite aguda ⤷ Forma mais grave - paciente geralmente vai direto para o hospital. ⤷ Lesão Aguda da Mucosa Gastroduodenal (LAMG). ⤷ Pontos de alteração grave do epitélio, podendo ter hemorragia. ⤷ Geralmente em paciente de internação prolongada – estresse orgânico. → Grande queimado. → Pós-AVC. Gastrite por Helicobacter pilori ⤷ H. pilori é um gram-negativo que sobrevive na mucosa gástrica pela secreção de urease – enzima converte ureia em amônia → Deixa o ambiente alcalino. → Estimula resposta inflamatória. → Geralmente infecção adquirida na infância. ⤷ Crônica → Mais comum → 10% dos portadores complicam para úlcera péptica. Gastrite atrófica autoimune ⤷ Envolve predominantemente mucosa de corpo e fundo gástricos. ⤷ Associada a doenças como tireoidite de Hashimoto e doença de Graves. ⤷ Autoanticorpos: anticelula parietal e antifator intrínseco. → Falta do fator intrínseco = anemia perniciosa ⤷ Fator de risco para adenocarcinoma. Gastrite por AINES ⤷ Aguda ou crônica, podendo cursar com sintomas dispépticos e sangramento digestivo alto (hematêmese/melena). ⤷ Os AINES inibem formação de prostaglandinas pelas células gástricas, prejudicando a proteção contra o ácido gástrico e a regeneração epitelial. DIAGNÓSTICO ⤷ Endoscopia digestiva alta com biópsia e pesquisa de H. pilori. TRATAMENTO ⤷ Inibidores de bomba de prótons. ⤷ Suspensão de AINES e tratamento de H. pilori se for o caso. Úlcera gástrica Importante lembrar que a gastrite não piora em úlcera. DEFINIÇÃO ⤷ Lesão que ultrapassa os limites do epitélio, podendo atingir e ultrapassar a camada muscular do órgão. ⤷ Pode ter depósito de fibrina tentando fazer cicatriz – pode fazer até com que as pregas fiquem mais grudadas. ⤷ Se pegar algum vaso grande, vai ter hemorragia digestiva. Causas ⤷ Helicobacter pilori ⤷ AINES e bisfosfonados. ⤷ Tabagismo ⤷ Fatores genéticos. ⤷ Quimioterapia e radioterapia ⤷ Síndrome de Zollinger-Ellison: presença de gastrinoma de pâncreas – excesso produção gastrina. MECANISMO ⤷ Há desequilíbrio entre mecanismos de defesa e agressão. Mecanismo de defesa ⤷ Muco: bicarbonato e fosfolípides. ⤷ Epitélio: migração e regeneração celular. ⤷ Pós epitélio: fluxo sanguíneo e prostaglandinas. → Pessoa com úlcera, tem fluxo sanguíneo gástrico ruim e prostaglandina ineficiente (produz ↓ muco). ▻ Ambiente desprotegido – maior chance de úlcera. Mecanismos de agressão ⤷ Durante muito tempo, acreditou-se que para ter úlcera, precisava ter acidez. ⤷ Estimulam secreção ácida: acetilcolina, gastrina e histamina (possuem receptores específico nas células parietais). ⤷ Mecanismos – em geral são vários juntos. → HCL e pepsina – acidez. → Helicobacter pilori (80%) → AINES (25%) TIPOS DE ÚLCERA GÁSTRICA ⤷ Tipo 1: localizada na pequena curvatura do estômago + associada à gastrite antral ou atrófica. ⤷ Tipo 2: Localizada na pequena curvatura + associada à úlcera duodenal. → Úlcera duodenal fibrosa a saída do estômago – esvaziamento gástrico ruim – agressão pelo conteúdo. ⤷ Tipo 3: localizada na região pré-pilórica (antro) → Segunda mais comum. ⤷ Tipo 4: localizada na região da cárdia. → Mais rara. Helicobacter pilori ⤷ Fica no epitélio abaixo do muco, ele não fica diretamente exposto ao suco gástrico. ⤷ Adenocarcinoma é o mais relacionado. ⤷ Ocorre ativação de macrófagos – liberação de interleucina (processo inflamatório humoral – sensibilização). ⤷ Interleucina = interferência no gradiente de prostaglandina. ⤷ Mediação de reação inflamatória por polimorfonucleares (neutrófilos). ⤷ Processo inflamatório interfere fisiologia normal do estômago → Diminuição da produção de muco + outros fatores (como tabagismo) = úlcera. → E apena o Helicobacter com infiltração maciça pode causar também. → Helicobacter com pouca infiltração (mecanismos de defesa bons) + fator alimentar discreto (como pimenta) = gastrite atrófica (dietética + helicobacter). #A agressão pode ser a mesma, mas vários fatores comportamentais e gravidade de defesa ou agressão vão determinar se o indivíduo tem gastrite, úlcera ou nada. Cascata de Correia ⤷ Infecção pelo Helicobacter que inicialmente é aguda e tem poucos sintomas.⤷ Pode ficar crônico e evoluir para infecção assintomática, podendo chegar ao câncer = cascata de correia. ⤷ Ou pode, por fatores predisponentes, desenvolver úlcera. ⤷ À medida que avança a idade, uma vez que a contaminação pelo Helicobacter acontece na juventude. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ⤷ Epigastralgia em queimação 2-3 horas após refeições e à noite. ⤷ Paciente pode acordar de noite com dor ⤷ Síndrome dispéptica. ⤷ Piora ao comer DIAGNÓSTICO ⤷ Endoscopia digestiva alta com biópsia de 7 amostras no mínimo. ⤷ Controle endoscópico 2-3 meses. ⤷ Investigar câncer e H.pilori. ⤷ Pode fazer os mesmos testes descritos na úlcera duodenal. Mesmo tratamento descrito Úlcera duodenal MECANISMO ⤷ Indivíduo com susceptibilidade é infectado por H. pilori e desenvolve uma gastrite. ⤷ Essa gastrite em um indivíduo suscetível interfere na secreção de gastrina, somatostatina e ácida, além da secreção de bicarbonato duodenal. ⤷ Pode desenvolver metaplasia gástrica no duodeno = favorece duodenite → Duodenite + outros fatores (tabagismo, alimentação) + ruptura da barreira mucosa = úlcera duodenal. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ⤷ Semelhante aos sintomas da úlcera péptica. ⤷ É mais característico da duodenal que a dor abdominal irradie para o dorso. ⤷ Melhora ao comer DIAGNÓSTICO ⤷ Endoscopia com biópsia. ⤷ Biópsia: presença de linfócitos no cório da mucosa (inflamação) + presença de bactérias compatíveis com H. pilori. ⤷ Endoscopia: teste da urease – pesquisa do H. pilori. → Já no momento do exame, rápido. → Coloca biópsia do estômago em frasco com ureia (cor vermelha). ▻ Frasco ficou verde: alguma coisa desnaturou a ureia em amônia (pois nosso corpo não metaboliza ureia). ▻ Urease do H. pilori. TRATAMENTO ⤷ Inibidores de bomba de próntons. ⤷ Bloqueadores de H2 em associação ao IBP quando paciente refere muitas dores de noite. ⤷ Terapia básica tripla - Helicobater. → Claritromicina 500 mg 2x/dia. → Amoxacilina 1g 2x/dia. → Inibidor de bomba de próton 2x/dia (prazol). ⤷ 14 dias de tratamento. #Tratamento cirúrgico em casos de instabilidade clínica e presença de complicações. TESTES DE CONTROLE TERAPÊUTICO ⤷ Após o controle da Helicobacter pilori. ⤷ Fazer nova endoscopia com teste de urease/biópsia ou fazer testes não invasivos Testes não invasivos – auxílio diagnóstico ⤷ Teste respiratório: ureia marcada com carbono 14 via EV. → Se tiver bactéria no estômago, ela vai metabolizar a ureia e a amônia vai sair na urina. → Mas o carbono marcado sai no CO2 = paciente sopra num saco. → Aparelho mede radiação do carbono que o paciente soprou e se tiver, ainda tem bactéria. ⤷ Sorologia IgG e IgM ⤷ Exame de fezes → Pesquisa do antígeno fecal. → Veio do estômago ou da placa dentária. → Dentição ruim: mais fácil do paciente se reinfectar. Dispepsia funcional ⤷ Dispepsia é um conjunto de sintomas que acomete 20-40% da população → não são explicáveis por anormalidades estruturais ou bioquímicas. → (portanto de causa idiopática). ⤷ Sintomas: epigastralgia, desconforto epigástrico, náuseas, vômitos, saciedade precoce, plenitude pós-prandial, distensão abdominal e eructações. ⤷ Diagnóstico: são necessárias pelo menos 12 semanas de sintomatologia. ⤷ Alterações motoras no estômago são encontradas em 20-60% dos pacientes, não se sabendo, contudo, a relação entre elas e os sintomas. → Principal: hipersensibilidade visceral Hemorragia digestiva Introdução ⤷ 2% das internações hospitalares correspondem a hemorragias digestivas. ⤷ 60% dos casos em pacientes > 60 anos = doença mais comum no idoso. ⤷ 100 casos a cada 100.000 habitantes por ano ⤷ 8% dos casos termina em morte. ⤷ Em mais de 80% dos casos, a hemorragia para espontaneamente (sem medida terapêutica invasiva). ⤷ Divisão em 2 grandes grupos → Hemorragia digestiva alta (75%) ▻ Ângulo de Treitz: separa o segmento digestivo alto do baixo. ▻ Causa mais comum: úlcera péptica. → Hemorragia digestiva baixa (25%) ▻ Mais comum em idosos. ▻ 90% autolimitada (mais que a alta). ▻ Mortalidade é mais alta, pois os mais velhos têm mais comorbidades. ▻ 12% das hemorragias abaixo do ângulo de Treitz não são identificadas na colonoscopia. ▻ Causa mais comum: doença diverticular. QUADRO CLÍNICO Sangramento ⤷ Hematêmese: vomitar sangue, que se apresenta mais escuro – fica em contato com a bolha gástrica, perdendo O2. → Tende a ser hemorragia digestiva baixa. → Melenêmese: vomitar sangue preto e costuma ocorrer quando a pessoa demora muito para vomitar. ⤷ Melena: evacuar sangue escuro, em borra de café. → Tende a ser hemorragia digestiva alta. ⤷ Hematoquesia/enterorragia: evacuar sangue vivo nas fezes. → Tende a ser hemorragia digestiva baixa. ⤷ Sangramento oculto: comum de causar anemia. ⤷ Pode haver hipovolemia (choque). ⤷ Quando mais perto da saída, maior o volume e maior a pressão no vaso, mais vermelho é o sangue. Outros sintomas ⤷ Dor, dispepsia ⤷ Náusea ⤷ Vômito ⤷ Palidez ⤷ Extremidades podem estar cianóticas e frias. ⤷ Taquicardia, hipotensão = síncope. ⤷ Emagrecimento (câncer). #Investigar etilismo, doença hepática, doença hematológica, equistossomose = pode ser a causa da hemorragia, e parecer que é digestiva. #Todo paciente com hemorragia digestiva faz parte do exame físico de toque retal. AVALIAÇÃO DA INTENSIDADE DE SANGRAMENTO ⤷ Obter por parâmetros clínicos uma estimativa de quanto ele perdeu. ⤷ Maciça: colocar paciente na UTI. Medidas iniciais ⤷ Jejum ⤷ Verificar vias aéreas ⤷ Garantir acesso venoso calibroso, de preferência duas (periféricas, ou a central e uma periférica). ⤷ Sondagem vesical ⤷ Monitoramento cardíaco rigoroso. ⤷ Reposição de volume hidroeletrolítica (cristalóide). → Para cada 1 mL de sangue perdido = colocar 3 mL solução cristalóide. ESTABILIZAÇÃO HEMODINÂMICA DO PACIENTE ⤷ Avaliar necessidade de instalar pressão venosa central (PVC) para ver perfusão com maior nitidez. ⤷ Avaliar diurese → Desidratação por vômito/diarreia. → Isso, com pressão baixa, diminui a diurese – baixa perfusão renal. → Se necessário, passar sonda vesical. ⤷ Sonda nasogástrica → Não é medida terapêutica! → Utilizada para limpar o estômago para a endoscopia e para evitar aspiração de sangue para via aérea. → Pode até induzir náusea e voltar a sangrar. Alterações hemodinâmicas ⤷ Perda de sangue - ↓ volemia - ↓ retorno venoso - ↓ DC - ↓ PA = ativação de catecolaminas. ⤷ Desde que o sangramento não seja muito grande, o corpo consegue compensar e reestabelecer a PA. ⤷ Efeitos das catecolaminas → Sudorese → Palidez cutânea → Aumento da FC Exames laboratoriais (após estabilizar) ⤷ Hemograma → Quantificar a perda ⤷ Tipagem sanguínea → Caso precisar transfundir) ⤷ Coagulograma → Avaliar capacidade de coagular e parar de sangrar ⤷ Eletrólitos (diarreia/vômito – desidratado) ⤷ Ureia e creatinina → avaliar função renal, pois se tiver alguma disfunção, não adianta colocar soro, ele não vai urinar. HEMOTRANFUSÃO ⤷ Devemos considerar quando → Choque hipovolêmico → Coronariopatia: evitar infarto. → Insuficiência renal: já tem anemia crônica pela falta de eritropoetina → Insuficiência hepática: distúrbio de coagulação. ⤷ Indivíduos sem esses riscos → Hematócrito em torno de 25-30% → Hemoglobina em torno de 7-8 g/dL ⤷ Reposição de 1 concentrado de hemácias sobe nas primeiras horas. → 3% de Ht + 1g/dL de Hb. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO ⤷ Ácido gástrico diminui a agregação plaquetária e a pepsina digere a fibrina. → Utilizar, portanto, um inibidor de bomba de pronton → Mesmo sem ainda sabermos de onde vem a hemorragia, uma vez que 75% é digestiva alta. INVESTIGAÇÃO Apósa estabilização do paciente, transfusão (se necessária) e o inibidor de bomba = agora sim uma endoscopia digestiva alta investigativa. Endoscopia ⤷ Por termos maior chance de ser alta. ⤷ Abordagem quando achamos algum vaso (também são utilizadas como prevenção). → Esclerose do vaso: injeta substância hipertônica – vasopressina ou álcool 70% = volume na submucosa comprime o vaso e causa fibrose na região, impedindo o sangramento. → Ligadura elástica: se for varizes de esôfago. Elástico vai para a base das varizes, aperta, provocando isquemia e necrose dessa veia. → Hemoclipes: clipes metálicos que fecham o vaso sangrando. → Coagulação à laser: laser que argônio que queima e causa coagulação do vaso. → Eletrocoagulação: feita com uma espécie de cautério. Onda elétrica cauteriza e faz fibrose. #Quando não conseguimos estabilidade hemodinâmica nem sucesso com a endoscopia = cirurgia para retirada do órgão sangrando. ⤷ Operamos → Na falência dos tratamentos menos invasivos. → Sangramento persistente por > 24h. → Paciente que sangrou, parou e retornou a sangrar, na mesma internação. → Quando já tivermos dado > 6 concentrados de hemácias ▻ Significa que não parou de sangrar. Colonoscopia ⤷ Quando não achamos causa de sangramento na endoscopia ⤷ Não fazemos antes pois → Menos frequente → Quando não temos dados que suspeitem de ser baixa. → Volume de sangramento permitiu que investigasse só depois – tende a estabilizar. ⤷ Abordagens mais utilizadas → Laser de argônio. → Hemoclipe. → Eletrocoagulação. Hemorragia digestiva baixa de causa obscura 5% das hemorragias digestivas são recorrentes e de causa desconhecida (não identificada pela endoscopia nem pela colonoscopia). ⤷ Mas sabemos que ela existe, pois paciente consegue identificar ou descobrimos pela anemia. ⤷ Investigação = cápsula endoscópica → Não substitui endoscopia, pois não serve para esôfago (passa muito rápido), estômago (imagem fora de foco) nem duodeno (passa rápido) → Serve para intestino delgado → Cápsula com câmera, que envia imagens por bluetooth para o aparelho com sensores que fica no paciente. ⤷ Arteriografia → Injeta contraste no sistema da mesentérica e observa se tem contraste fora do vaso. ⤷ Cintilografia → Ingestão endovenosa de tecnécio. → Pouquíssimo utilizada. CLASSIFICAÇÃO - INTENSIDADE DA HEMORRAGIA ⤷ Os parâmetros de FR, FC, PA e volume urinário dão o volume da perda de sangue ⤷ Mostra como o paciente vai estar mentalmente de acordo com a perda. ⤷ O tipo de reposição de acordo com a perda. → Lembrar que a reposição é diferente em pacientes com doença renal. → Paciente com doença renal fica mais difícil de identificar a classe. Disfagia CASO 1 Homem 68 anos. Dificuldade para engolir alimentos há 12 meses com dificuldade de engolir sólido e há 6 meses, alimentos pastosos. Hoje tem dificuldade de engolir líquidos, apresentando regurgitação e dor retroesternal. Nas últimas semanas relata fezes pretas. Perdeu 21 kg desde o início do quadro. Usou antieméticos sem ajuda. Tabagista e etilista. CASO 2 Mulher, 62 anos. Dificuldade intermitente para engolir alimentos há meses. Há cerca de 6 meses dificuldade de engolir sólidos e líquidos, sente alimento parado no pescoço. Tosse e engasgo alguma vezes após deglutir. Eliminação de partículas de alimento não digeridos e halitose. Sem perda de peso. Deglutição – abertura da epiglote, palato se fecha e respiração para. Depende de: ⤷ diâmetro da comida ⤷ diâmetro da luz ⤷ intensidade da contração peristáltica ⤷ parada da deglutição, com retorno de passagem de ar. Termos ⤷ Disfagia: dificuldade para deglutir. ⤷ Odinofagia: deglutição dolorosa ⤷ Globofaríngeo: sensação de bolo parado na garganta. ⤷ Afagia: não consegue deglutir. ⤷ Fagofobia: medo de deglutir. DISFAGIA OROFARÍNGEA ⤷ Enfermidades que impedem a passagem do alimento no começo da deglutição ou nem consegue deglutir – fase inicial. Neurológico/musculares ⤷ Situações de espasmo muscular estriado na região posterior. → Hipertrofia e fibrose muscular ⤷ Ou incoordenação muscular. ⤷ Pode tem sensação de contração excessiva ou diminuída – desconforto. ⤷ Causas → Lesões isquêmicas do tronco cerebral – disfagia súbita, para qualquer alimento e regurgitação (pode ter aspiração) → Doença de Parkinson: desorganização progressiva do comando. → Neuropatia diabética/alcoólica: dificuldade de iniciar o processo e regurgitação. → Miastenia Gravis: alteração muscular, dificuldade de deglutir principalmente de noite. Obstrutiva – Divertículo de Zenker ⤷ Na transição da musculatura estriada para lisa no esôfago posterior, temos o entrelaçamento das fibras musculares estriada e começo das circulares lisa. ⤷ Entre elas, pode haver um espaço descoberto de músculo. ⤷ Com o passar dos anos (doença de pessoas mais velhas), a mucosa é projetada para fora, formando um saquinho que fica cada vez maior. ⤷ Alimento entra ali, fica cheio e comprime o esôfago, alimento não desce e engasga. ⤷ Tratamento → Abordagem endoscópica. → A parede do divertículo faz comunicação com a parede do esôfago, então faz uma incisão nessa parte. → Favorece a passagem do conteúdo do divertículo. Obstrução por tumores ⤷ Progressivo, gradual, para qualquer tipo de alimento. DISFAGIA ESOFÁGICA ⤷ Dificuldade do trânsito do alimento no esôfago. ⤷ Consegue deglutir, mas sente que o alimento entala no esôfago. ⤷ Orgânica e funcional → Funcional: não tem nenhuma alteração. mas o paciente se queixa. → Orgânica: tem causa Estenose (fibrose) ⤷ processo inflamatório crônico ⤷ acalasia → estreitamente do esôfago, doença de Chagas ou idiopática – hipertonicidade do esfíncter → progressiva, lenta. ⤷ Tumores → começa com sólido, depois pastoso, depois líquido. → Perde peso muito mais rápido e intenso. ⤷ Esofagite péptica (refluxo) ou cáustica (ingestão de produto alcalino potente) ⤷ Infecção (inapetência e tratamento prévio com ATB, CO ou QT). Motora - espasmo ⤷ Contrações esofágica simultâneas repetidas. ⤷ Atinge o corpo esofágico. ⤷ Espasmo e intervalo de relaxamento. ⤷ Hipertrofia da camada muscular. ⤷ Degeneração dos ramos vagais, podendo relacionar com idade. ⤷ Queixas → Dor retroesternal → Disfagia que pode começar só ao deglutir saliva, mas não é sempre que ocorre, mais leve. → Alimentos frios e estresse podem desencadear Mecânica ⤷ Compressão extrínseca: alguma estrutura fora do esôfago dificulta a descida → Aneurisma de aorta → Cardiomegalia do átrio esquerdo → Bócio mergulhante DIAGNÓSTICO ⤷ Raio-X contrastado do esôfago → mostra melhor as contratilidades, estenoses. → Paciente bebe contraste e faz sequência de radiografias, avaliando a descida do líquido. ⤷ Endoscopia digestiva alta → Importância maior para tumores. ⤷ Anomalias motoras → Manometria → Impedânciometria – mais eficiente. → Videofluoroscopia. Microbiota intestinal Temos microbiota no estômago, intestino delgado e grosso. Mas a população em nosso intestino grosso é muito maior e mais variável que nos resto A grande maioria desses microorganismos são as bactérias. ⤷ Intestino grosso → Firmicutis (50%) e bacterioideas (30%): bactérias mais populosas no intestino grosso de indivíduos saudáveis. → Resto composto por actinobactérias e as protobactérias. ⤷ Microbiota produz cerca de 25 mil substâncias químicas e cerca de 58 mil enzimas têm participação delas. ⤷ Algumas doenças tem predominância de algumas microbiotas específicas – relacionadas com algum grau de disbiose. PAPEL DAS BACTÉRIAS ⤷ Complementa a digestão → Diminuição da massa fecal = contribuem no processode digestão das sobras indigestas (degradar substâncias eliminadas em moléculas menores ou absorvidas). → Intestino grosso usa bactérias para degradas substâncias, aumentar a absorção de vitaminas. → Principalmente no cólon. ⤷ Permite síntese de metabólitos: vitaminas e ácidos graxos curtos. ⤷ Função de defesa: atua contra os microorganismos, toxinas e agressão por doenças sistêmicas. → Induzem o epitélio a atrair células de defesa → Induzem produção de imunoglobulinas. → Principalmente no delgado. ⤷ Função de preservação → Quanto mais saudável a microbiota, maior a estabilidade da mucosa. → Ex: diarreia pode retirar a microbiota saudável, alterar esse epitélio que fica instável sem a microbiota e causar diarreia crônica. Quanto mais diversificada a microbiota = melhor para a pessoa, mais saudável é seu corpo. Relação entre microbiota e neurônios ⤷ Dependendo da diversidade da microbiota, temos liberação de citocinas específicas que podem auxiliar no processo de sensibilidade intestinal mediado pelo SNC. ⤷ À medida em que diminui a diversidade, a resposta neural pode ser diferente, com maior liberação de neurotransmissores de processo inflamatório. → Processos de ansiedade, estresse, doenças que podem provocar dor, liberação de neurotransmissores = também pode alterar a composição da microbiota. ⤷ Eixo cérebro-intestino-microbiota ⤷ Doenças funcionais podem ter relação direta com essa proporção de microbiota → Sem causa clara, relacionada ao estresse. → Síndrome do intestino irritável, dispepsia péptica. DESENVOLVIMENTO DA MICROBIOTA ⤷ Nascemos com o intestino estéril. ⤷ Existem fatores externos que passam a colonizar o nosso intestino e o organismo humano aprendeu a conviver com esses mecanismos com grau de equilíbrio dinâmico estabelecido. ⤷ Cada indivíduos tem um tipo de variedade e equilíbrio diferente. → Tudo depende da evolução da alimentação da pessoa conforme cresce e com a idade. → Mudanças de microbiota são adaptáveis. ⤷ Firmicutis aumenta na infância, bacterioidea aumenta na adolescência e na vida adulta-idoso proporção de finicutis predomina. ⤷ Alteração da microbiota: desnutrição, antibióticos, obesidade, etc. Definições ⤷ Eubiose: indivíduos com equilíbrio da microbiota. ⤷ Disbiose: alteração da quantidade da microbiota em qualquer parte do trato digestório → Pode haver uma reação inflamatória que estabiliza um novo equilíbrio. → Pode ser que haja processo inflamatório descontrolado, gerando mecanismo de doença. Controle da microbiota ⤷ Dieta balanceada ⤷ Em indivíduos com disbiose para acelerar o processo de eubiose → Probióticos: preparos de microorganismos que devem chegar viáveis à região intestinal para produzir o efeito de eubiose. ▻ Os mais frequentes da microbiota da população normal. → Pré-bióticos: alimentos que vão beneficiar as bactérias eubiônticas para permanecerem mais tempo. → Transplante fecal (transferir microbiota das fezes de uma pessoa saudável, colocar em cápsulas e oferecer para indivíduos com disbiose). Abdome agudo Dor abdominal de início súbito ou progressiva, que pode ter várias causas, paciente costuma procurar emergência (potencial cirurgia). QUADRO CLÍNICO ⤷ Por conta da complexa rede sensorial visceral e parietal que inerva a região abdominal = dor não é localizada com exatidão. ⤷ Dor provocada por distensão, inflamação ou isquemia. → Dor visceral costuma ser mais percebida na linha média. → Acometimento de peritônio parietal por pus, urina, bile ou secreção gastrointestinal = dor localizada. ⤷ Locais de dor → Duodeno proximal (intestino anterior) – dor epigástrica → Ceco/apêndice (intestino médio) - dor periumbilical. → Cólon distal – dor suprapúbica. → Estímulos no diafragma podem causar dor referida no ombro (como doença biliar). → Renal/uretra – dor nos flancos. → Úlcera péptica, colecistite aguda, pancreatite – dor andar superior. → Cistos ovarianos, diverticulite e abcessos nos tubos ovarianos – dor no andar inferior. → Apendicite aguda: dor que se move da região periumbilical até a fossa ilíaca direita. ⤷ Início → Súbito, explosivo = sugere perfuração de víscera para o peritônio livre. → Progressivo = doenças que provocam abdome agudo ▻ Colecistite aguda, pancreatite aguda, obstrução de delgado. → Desconforto abdominal que evolui para dor em algumas horas = apendicite, hérnia encarcerara, diverticulite, etc. ⤷ Vômitos podem acompanhar em colecistite, pancreatite e obstrução intestinal. ⤷ Impossibilidade de evacuar: sugere obstrução intestinal mecânica. Anamnese ⤷ Investigar tudo sobre a dor. ⤷ Colher história menstrual se for mulher. ⤷ Medicamentos: anticoagulantes, antiagregantes, corticoides. EXAME FÍSICO ⤷ Aspecto geral ⤷ Febre (diverticulite, apendicite, colecistite) ⤷ FC e PA: avaliar choque por conta da peritonite (causa hipovolemia). ⤷ Sempre realizar o toque retal Palpação ⤷ Ponto de McBurney: dor na fossa ilíaca direita - sugere apendicite aguda. ⤷ Dor na fossa ilíaca esquerta – diverticulite. ⤷ Dor no hipocôndrio direito sugere inflamação de vesícula biliar. → Sinal de Murphy: paciente reage em sua respiração de forma rápida à palpação profunda da vesícula biliar. ⤷ Irritação peritoneal (sinal de peritonite) → comprime profundamente o abdômen do paciente e a retirada súbita da mão causa aumento agudo da dor = dor à descompressão brusca em todo o abdome. ⤷ Defesa abdominal: aumento do tônus muscular abdominal durante a palpação. Ausculta ⤷ Silencioso: íleo paralítico ⤷ Hiperativo: gastrenterite aguda. ⤷ Períodos de silêncio intercalados com peristalse hiperativa: obstrução mecânica do delgado. Percussão ⤷ Dor: irritação peritoneal. ⤷ Hipertimpanismo: distensão gasosa do intestino ou estômago ⤷ Timpanismo sobre o fígado: ar livre intra- peritoneal = perfuração de víscera oca. INVESTIGAÇÃO ⤷ Exames laboratoriais → Hemograma com plaquetas → Urina → Amilase → Teste de gravidez para mulheres em idade fértil. ⤷ Radiografia de abdome → primeiro a ser pedido. → Detecta pneumoperitôneo de até 1 mL (ortostática). → 10% das colelitíases e 90% dos cálculos renais = radiopacos e visíveis. → Calcificações pancreáticas (pancreatite) e vasculares. → Dilatação de alças intestinais. ▻ Sinais de empilhamento de moeda: bem escuro e com linhas brancas (delgado). ▻ Raio X em pé, sobre o intestino, por conta do gás e o líquido cai. ⤷ Ultrassonografia → Vesícula biliar principalmente. → Baço, rins, sistema coletor, apêndice, útero. ⤷ TC → Abcessos intra-abdominais. → Pâncreas, rins, etc. TIPOS DE ABDOME AGUDO Inflamatório ⤷ Dor de início insidioso com agravamento e localização com o tempo. ⤷ Sinais sistêmicos: febre e taquicardia. Náuseas, vômitos. ⤷ Íleo adinâmico secundário à peritonite. ⤷ Mais comuns → Apendicite aguda: causa mais comum de abdome agudo cirúrgico no mundo. → Colecistite aguda → Diverticulite aguda → Pancreatite Perfurativo ⤷ Dor súbita e intensa ⤷ Defesa abdominal e irritação peritoneal ⤷ Derrame de conteúdo de víscera oca no peritônio → Em geral, secundário à úlcera gastroduodenal, diverticulite, corpos estranhos e neoplasias. ⤷ Sinal de pneumoperitônio: raio X em pé, gás abaixo do diafragma (ele sobe), gás está fora do intestino. Obstrutivo ⤷ Dor em cólica, geralmente periumbilical. ⤷ Náuseas, vômitos, distensão abdominal, parada da eliminação de flatos e fezes. → Vômitos aparecem mais rápido quando atinge partes proximais do intestino. ⤷ Oclusão mecânica por → Bridas (aderências) → Hérnias inguinais → Neoplasias → Invaginação/intussuscepção (alça entra dentro dela mesma). →Volvo de sigmoide: sigmoide se torce = distensão gasosa (gás das bactéricas) = risco de romper. → Bezoares: corpos estranhos dentro do intestino (lombriga, cabelo, pano, etc). ⤷ Difícil ter febre. ⤷ Gás dentro da alça, raio-X com empilhamento de moeda. Vascular/isquêmico ⤷ Dor difusa e mal definida. ⤷ Desproporção entre a dor e o exame físico, dor moderada, mas o paciente muito mal = ele entra em sepse antes de ter peritonite. ⤷ Causa mais comum → Embolia e trombose de mesentérica com isquemia intestinal. ⤷ Podemos pensar em pacientes com algum antecedente de doença coronariana ou vascular. ⤷ Bactéria entra na corrente sanguínea facilmente pelo enfraquecimento na necrose. ⤷ Muito letal. Hemorrágico ⤷ Dor intensa com rigidez e dor à descompressão ⤷ Sinais de hipovolemia → Hipotensão → Taquicardia → Palidez → Sudorese ⤷ Causas mais comuns → Gravidez ectópica → Ruptura de cistos ou aneurismas (como de aorta). → Rotura de baço #Cirurgião deve saber se deve ou não operar. Diverticulite DEFINIÇÕES Divertículo: protusão semelhante a um saquinho na parede do cólon Diverticulose: é a presença do divertículo, podendo ser sintomático ou assintomático. ⤷ Mais prevalente em indivíduos acima dos 60 anos. ⤷ 4% dos indivíduos com diverticulose desenvolvem diverticulite. Doença diverticular: é a diverticulose sintomática e com significância clínica, podendo estar associada a ⤷ Sangramento diverticular → Hematoquezia indolor associada a fraqueza da vascular pelo divertículo. ⤷ Diverticulite → Inflamação do divertículo podendo ser aguda ou crônica → Complicações: abcesso, fístula, obstrução intestinal e perfuração. ⤷ Colite → Inflamação da mucosa interdiverticular, sem envolver os orifícios diverticulares. ⤷ Pode ser apenas sintomática, mas não complicada. → Dor abdominal persistente por conta do divertículo, sem haver colite ou diverticulite. → Presença de espessamento da parede intestinal na ausência de inflamação. → Alteração da motilidade do cólon. Fatores de risco ⤷ Dieta → Pouca fibra → Muita gordula → Muita carne vermelha ⤷ Sedentarismo ⤷ Obesidade (IMC > 25 kg/m²) ⤷ Tabagismo (> 40 anos-maço) ⤷ Uso crônico de AINES, esteroides e opioides. ⤷ Baixo nível de vitamina D está relacionado a um maior número de hospitalizações por diverticulite. PATOGÊNESE Diverticulose ⤷ Divertículos se desenvolvem em pontos de fraqueza = onde a vasa recta penetra na musculatura circular do cólon. ⤷ Fator predisponente – motilidade anormal do cólon - exagerada. → Hipótese: que isso aumente a pressão intraluminal. ⤷ Ocorre principalmente no sigmóide. → Lei de Laplace: ↓ diâmetro = ↑ pressão. Sangramento diverticular ⤷ Quando há herniação do divertículo – vaso responsável pela sua parede fica muito próximo do lúmem e lesionado. ⤷ Podendo romper dentro do lúmen Diverticulite ⤷ Micro/macro perfurações de um divertículo associadas à inflamação e necrose focal. ⤷ Principal causa: ↑ pressão intraluminal ou partículas de comida grandes. ⤷ Pequena perfuração fica limitada à gordura pericólica e mesentérica. QUADRO CLÍNICO ⤷ Dor abdominal, em geral, na fossa ilíaca esquerda (sigmóide). → Constante e o paciente pode vir tendo essa dor há alguns dias. → 50% já tiveram dor similar prévia. ⤷ Náusea e vômitos em casos mais graves. ⤷ Histórico de constipação intestinal crônica. ⤷ Massa macia pode ser palpável no exame físico por conta da inflamação pericólica ou abscessos peridiverticulares. EXAMES Laboratoriais ⤷ Proteína C reativa aumentada ⤷ Moderada leucocitose ⤷ Urina. ⤷ Eletrólitos ⤷ Teste de gravidez em mulheres férteis Imagem ⤷ TC (melhor exame) → Espessamento localizado da parede intestinal > 4 mm = sugere diverticulite aguda. → Espessamento do tecido ao redor do cólon, como da gordura. → Avalia presença de complicações. ⤷ Colonoscopia → Não estabelece diagnóstico e não deve ser realizada em pacientes com suspeita de diverticulite aguda = risco de perfuração. → Deve ser realizada 6 semanas após a recuperação – ver presença de câncer subjacente. #20-40% dos pacientes após o primeiro ataque de diverticulite apresentam outros ataques e 20% apresentam dor crônica. TRATAMENTO ⤷ Na ausência de complicações, o tratamento não requer cirurgia. ⤷ Internação - liberar o paciente apenas quando houver → Normalização dos sinais vitais → Resolução da dor abdominal e da leucocitose → Tolerância à dieta oral. ⤷ Antibióticos orais por 7-10 dias que cubram anaeróbios e gram-negativos. → Escherichia coli e Bacteroides fragilis, principalmente. → Esquemas principais ▻ Ciprofloxacino (500mg, 12/12h) + metronidazol (500mg, 8/8h). ▻ Levofloxacino (750mg, dia) + metronidazol (500mg, 8/8h). ⤷ Repor volume ⤷ Analgesia. ⤷ Após sair da internação → Cessação de tabagismo → Atividade física → Perda de peso → Melhora da alimentação (maior quantidade de fibras e menos gordura/carne vermelha). ⤷ Caso haja melhoras, não é necessário repetir exame de imagem. Doenças biliares FISIOLOGIA DA BILE Bilirrubina ⤷ Bilirrubina: produto da degradação do heme (ferroprotoporfirina IX). ⤷ 250-300 mg produzida por dia (70-80% derivadas do catabolismo da Hb) ⤷ Formação nos macrófagos do baço e fígado e dos hepatócitos é enviada para os canalículos biliares (transportador MRP2). ⤷ Bilirrubina conjugada (ácido glicurônico) excretada na bile é liberada no duodeno e não é absorvida pela mucosa intestinal. ⤷ No íleo distal e cólon ela sofre ação de enzimas bacterianas e 80-90% é excretada nas fezes → Como urobilinas/estercobilinas = dão a coloração marrom das fezes ⤷ Restante reabsorvido na circulação portal. ⤷ Comprometimento do metabolismo da bile – acúmulo em plasma e tecidos = icterícia + ↓ bilirrubina plasmática. Bile ⤷ Bilirrubina ⤷ Fosfolípides (20%) → Secretados pelos hepatócitos pelo transportador MRP3. → Principal: lectinas. ⤷ Colesterol (4%) → Sua principal forma de excreção. → Se a quantidade de colesterol estiver aumentada em relação à quantidade de fosfolípides = maior chance de formação de cristais e cálculos biliares. ⤷ Ácidos graxos e proteínas (5%), com destaque para imunoglobulina A (inibe proliferação bacteriana nas vias biliares). Litíase Biliar ⤷ Muito prevalente, sendo que 10-15% da população adulta abriga cálculos na vesícula. → Pode se formar nas vias biliares, mas menos frequente – quando há infecção ou estase biliar. ⤷ Cálculos biliares → Cálculos de colesterol (70-80%): cor castanho-clara/amarelo, polidos ou facetados. ▻ Associado ao excesso de colesterol. → Pigmentares (<25%): geralmente de bilirrubinato de cálcio. Em homens mais idosos. ▻ Negros: associados à cirrose ou hemólise crônica. ▻ Castanhos: associados a infecções bacterianas ou parasitas. ⤷ Etiologia: predomínio a partir da 5ª década de vida e nas mulheres Fatores de risco ⤷ Mulher com idade avançada ⤷ Gravidez – aumento do risco conforme maior número de gravidez. ⤷ Hereditariedade ⤷ Diabetes mellitus ⤷ Dislipidemia ⤷ Obesidade: 3x mais frequente o cálculo de colesterol (25-45% dos obesos mórbidos). → 3ª doença mais frequente na obesidade. ⤷ Rápida perda de peso, como após bariátrica. ⤷ Cirrose ⤷ Doença de Chron ⤷ Estados hemolíticos ⤷ Hiperbilirrubinemia. ⤷ Medicamentos: fibratos, ceftriaxone, análogos de somatostatina (octreotide), reposição hormonal, anticoncepcionais. ⤷ Nutrição parenteral prolongada e lesão de medula espinal = estase da vesícula. Fatores de proteção ⤷ Ácido ascórbico (vitamina C) ⤷ Alimentos → Gordura poli/monossaturada e castanhas. → Café → Proteínas vegetais ⤷ Atividade física ⤷ Estatinas, AAS e AINES. #Lamabiliar: massa fluida que se deposita nas porções de maior declive da vesícula – formado por colesterol, bilirrubinato de cálcio e mucina. Profilaxia ⤷ Melhora dos hábitos alimentares, visando também a redução de peso. ⤷ Atividade física. ⤷ Ácido ursodesoxicólico: recomendado em situações de rápida perda ponderal = dieta hipocalórica ou cirurgia bariátrica (até estabilizar o peso). → Não é indicada colecistectomia profilática durante a bariátrica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ⤷ Cerca de 80% dos portadores são assintomáticos. ⤷ Crises episódicas de dor no quadrante abdominal superior direito ou região epigástrica (cólica biliar). → Dor intensa (>5 na escala 0-10). → Ocorrem por obstrução transitória do ducto cístico pelo calcula. → A maioria das crises desaparece espontaneamente ⤷ Duração de pelo menos 15-30 minutos com radiação posterior ou ombro direitos. ⤷ Reação positiva aos analgésicos. ⤷ Início cerca 1 hora após refeições, fim de tarde/noite ou durante sono. → Geralmente demora > 1 hora. ⤷ Pode ter náuseas e vômitos. ⤷ As complicações do cálculo, como a colecistite geralmente é precedida por histórico cólica biliar. ⤷ Sintomas comuns fora da crise: azia, dispepsia, inchaço e flatulência. DIAGNÓSTICO ⤷ Doente com história de dor biliar = realizar o ultrassom abdominal. → 95% de sensibilidade e especificidade na detecção e cálculos com mais de 2 mm. → Apresentam-se com imagens ecogênicas móveis. ⤷ Colecistografia: quando USG não identifica a litíase em quadros sugestivos. ⤷ Raio X detecta apenas cálculos de bilirrubinato de cálcio. → Parede calcificada da vesícula = vesícula em porcelana. ⤷ Exames laboratoriais: normais. ⤷ 10% dos indivíduos com colelitíase evoluem para colecistite aguda → Suspeitar: febre + dor intensa durando horas, no quadrante superior direito com sinal de Murphy Complicações ⤷ Colecistite aguda ⤷ Coledocolitíase ⤷ Pancreatite aguda ⤷ Colangite ⤷ Vesícula em porcelana. TRATAMENTO DA CÓLICA BILIAR ⤷ AINES: diclofenaco, indometacina. ⤷ Usar também antiespasmódico (butilescopolamina) ⤷ Sintomas graves: opioides (buprenorfina). ⤷ Colecistectomia laparoscópica em casos sintomáticos ou complicações prévias da doença (colecistite, pancreatite). → Complicações cirúrgicas: lesão de vias biliares extra-hepáticas e coleperitônio são as mais comuns (bile irrita muito o peritônio). Coledocolitíase É a presença de cálculo biliar no ducto colédoco Etiologia ⤷ Primária: cálculo formado dentro do colédoco, geralmente ocorre por estase biliar = em geral, acastanhados. → Cálculos descobertos há mais de 2 anos após colecistectomia em geral são primários. ⤷ Secundária (95%): passagem dos cálculos da vesícula para dentro do colédoco = em geral, negros. → Ocorre em 6-12% dos pacientes com colelitíase. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ⤷ Maioria dos pacientes são assintomáticos. ⤷ Dor no quadrante superior direito ou epigástrica de longa duração (várias horas). ⤷ Náusea e vômito. ⤷ Pode vir acompanhada de síndrome colestática (icterícia, colúria, acolia fetal). Exame físico ⤷ Dor à palpação da região. ⤷ Icterícia ⤷ Sinal de Courvoisier: vesícula palpável por conta da obstrução grande. DIAGNÓSTICO Exames laboratoriais ⤷ Lesão hepática: TGO e TGP ↑ (>100 U/L). ⤷ Acometimento hepático → ↑↑↑ Bilirrubina sérica (2-5 mg/dL). ⤷ Lesão canalicular: ↑↑↑ fosfatase alcalina (>150 U/L) e ↑ gama-GT (>100 U/L #Valor preditivo negativo dos testes hepáticos são altos para coledocolitíase = valores normais excluem a doença. Exames de imagem ⤷ Ultrassom abdominal: primeiro exame a ser realizado. ⤷ Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) → Exame padrão ouro para diagnóstico (e terapêutica) de coledocolitíase. TRATAMENTO ⤷ Deve ser tratada, mesmo assintomática. ⤷ Remoção do cálculo através do CPRE = papilotomia endoscópica. → Quando falha, faz-se cirurgia laparoscópica. ⤷ Em seguida = colecistectomia laparoscópica eletiva. ⤷ Antibioticoterapia em caso de colangite (leucocitose). Complicações ⤷ Colangite aguda ⤷ Abcesso hepático ⤷ Pancreatite aguda biliar ⤷ Cirrose biliar secundária. Colecistite aguda Colecistite é a inflamação da vesícula, que geralmente ocorre como complicação da colelitíase (principalmente nos pacientes com histórico sintomático – cólica biliar). ⤷ Aguda: síndrome – dor no quadrante superior direito + febre + leucocitose = inflamação. → Maioria causada por colilitíase (90- 95%). ⤷ Crônica: infiltração inflamatória crônica na vesícula (histopatologia). → Associada à colelitíase – irritação mecânica na parede = fibrose e espessamento. → Poucos sintomas. Patologia ⤷ Quando a obstrução do ducto é persistente e ocorre estase da bile com dano da mucosa vesicular. ⤷ Obstrução do ducto cístico + produção de lisolectina (produto da lectina, convertido pela fosfolipase A). → Fosfolipase A é liberada após trauma na parede da vesícula pelo cálculo. ⤷ Liberação de mediadores inflamatórios como prostaglandina - ↑ pressão intraluminal. ⤷ Comum haver infecção da bile (50% pacientes) → E. coli, Enterococcus, Klebsiella, Enterobacter e Proteus. QUADRO CLÍNICO ⤷ Dor abdominal no quadrante superior direito ou epigástrio. → Constante e duração prolongada - persiste por > 6 horas. → Pode irradiar para lado direito do ombro ou costas. ⤷ Febre baixa a moderada ⤷ Náusea ⤷ Vômito ⤷ Anorexia ⤷ Histórico de alimentação gordurosa 1 hora ou mais antes do início da dor. ⤷ Paciente costuma ter histórico de dor biliar, geralmente mulher de meia-idade. Exame físico ⤷ Fáscies de dor. ⤷ Febre ⤷ Taquicardia ⤷ Paciente deita-se imóvel na mesa, pois a colecistite tem irritação peritoneal parietal local = piora com movimento. ⤷ Sinal de Murphy presente – ↑ sensibilidade → Paciente inspira profundamente e palpa-se a região subcostal direita. O sinal é positivo se ele interrompe a inspiração durante a palpação por dor. ⤷ Pode haver leve icterícia - Síndrome de Mirizzi por compressão do colédoco pelo ducto cístico com cálculo. ⤷ 15% dos paciente apresentam massa palpável – vesícula distendida. Complicações ⤷ Sepse (gangrena) ⤷ Peritonite generalizada (perfuração) ⤷ Obstrução intestinal (íleo biliar – pedra no íleo) ⤷ Fístulas ⤷ Colecistite enfisematosa: infecção da vesícula por agentes produtores de gás (como Clostridium). DIAGNÓSTICO Exames laboratoriais ⤷ Leucocitose com desvio à esquerda. ⤷ Moderado aumento da amilase ⤷ Aumento leve das aminotransferases, fosfatase alcalina e bilirrubina. #Além do quadro e dos exames laboratoriais, para diagnosticar colecistite precisamos ver ⤷ Espessamento ou edema da parede. ⤷ Ou Sinal de Murphy ultrassonográfico. ⤷ Ou falha do preenchimento da vesícula durante a cintilografia das vias biliares. Exame de imagem ⤷ Ultrassonografia → Espessamento da parede da vesícula (>4-5 mm), fluido pericolecístico ou edema → Sinal de Murphy ultrassonográfico: compressão com o aparelho do USG ▻ Consegue ver que é de fato a vesícula que está sendo pressionada quando o paciente prende a respiração. ⤷ Cintilografia das vias biliares → Quando o diagnóstico por USG permanece incerto. → Exame de maior acurácia, porém menos acessível. #Diagnóstico diferencial: apendicite aguda, pancreatite e úlcera péptica perfurada. TRATAMENTO ⤷ Internação e hidratação ⤷ Dieta zero. ⤷ Analgesia, geralmente de dipirona IV + antiespasmódico. ⤷ Antibioticoterapia (cobrir anaeróbios e gram-negativos) → Cefalosporina de 1ª + clindamicina com gentamicina. → Cefalosporina de 3ª (ceftriaxone) + metronidazol. ⤷ Colecistectomia laparoscopia precoce, idealmente nas primeiras 24 horas. #Colecistite alitiásica ⤷ Colecistitepor causa sem ser cálculo biliar. ⤷ Fisiopatologia pouco conhecida, provável falta de estímulo para contração da vesícula – estase = lama biliar = inflamação ⤷ Fatores de risco: politrauma, homens, queimados, pós-operatório de grande porte, jejum prolongado com nutrição parenteral e doenças como LES e sarcoidose. ⤷ Existe também a colecistite causada pela febre tifóide. Colangite É a infecção bacteriana do trato biliar, quase sempre associada a uma síndrome obstrutiva. ⤷ Quando a pressão do trato fica alta, as bactérias com a bile extravasam para os sinusoides hepáticos e podem atingir a circulação sistêmica. ⤷ Causa mais comum: coledocolitíase (60%). → Outros: tumores obstrutivos, como carcinoma de vias biliares, tumor de cabeça de pâncreas. Pancreatite crônica. Parasitas. ⤷ Incidência entre 55 e 70 anos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ⤷ Tríade de Charcot: febre/calafrio, icterícia e dor abdominal. → Dor não costuma ser forte como na colecistite. → Sinal de Murphy ausente. ⤷ Em caso de obstrução completa das vias = colangite supurativa (pus na bile). → Pêntade de Reynolds: tríade de Charcot + hipotensão (choque) + depressão do SNC. → Síndrome progressiva e fatal = sepse. DIAGNÓSTICO Exames laboratoriais ⤷ Leucocitose com desvio à esquerda. ⤷ Hiperbilirrubinemia, principalmente direta. ⤷ Aumento FA, Gama-GT (lesão canalicular). ⤷ Aumento TGO e TGP (lesão heoática). ⤷ Hemocultura – os mais frequentes são E. coli, Klebsiella, Enterococucus, faccalis e B. fragilis. Diagnóstico clínico! TRATAMENTO ⤷ Antibioticoterapia – gram negativos e anaeróbios. → Betalactâmicos + inibidores de betalactamase ▻ Amoxicilina + clavulanato. ▻ Ampicilina + sulbactam. → Cefalosporia de 3ª (ceftriaxona) + metronidazol. → Quinolona (ciprofloxacina) + metronidazol. ⤷ Papilotomia por CPRE (desobstrução). Diarreia É um grande problema de saúde mundial, sendo significante causa de mortalidade, principalmente em jovens e idosos. Em condições normais, temos 75% (200 mL) de água nas fezes. DEFINIÇÕES ⤷ Passagem de fezes soltas ou líquidas por 3 ou mais vezes no dia. ⤷ Mais objetivo: volume de fezes > 200 gramas/dia em adultos ⤷ Diarreia aguda: durou < 2 semanas. ⤷ Diarreia crônica: durou > 2 semanas. Aguda ⤷ Por infecção, drogas, alimento, isquemia. Crônica ⤷ Mecanismo de absorção e secreção (insuficiência pancreática, colestase, motilidade, ressecção intestinal, doenças inflamatórias, tumores neuroendócrinos, alterações congênitas, drogas). ⤷ Duração a partir de 30 dias. Persistente ⤷ Manutenção do quadro de resposta do intestino a estímulos. ⤷ Duração 15-30 dias. ETIOLOGIA ⤷ O movimento de água no intestino ocorro por osmose na barreira do epitélio. ⤷ Diarreia ocorre por excesso de líquido no lúmen intestinal. ⤷ Pode ocorrer por aumento de secreções dentro do intestino (partículas osmoticamente ativas – nutrientes, eletrólitos) ou redução da reabsorção de água. → Perda de absorção de nutrientes ou presença de partículas não absorvíveis = doença celíaca, inflamação, laxativos. → Aumento secreção ou redução da absorção de eletrólitos (Na+, Cl-, K+, HCO3-) = infecção (Vibrio cholerae). → Rápido trânsito intestinal: menos tempo de reabsorção de nutrientes e líquido = hipermotilidade intestinal (crianças). ⤷ Doenças associadas → Intolerância à lactose. → Patógenos que estimulam secreção de fluidos (enterotoxinas) = V. cholerae, E. coli. → Patógeno que causa inflamação = Salmonella e Shigella. CLASSIFICAÇÃO DE DIARREIA CRÔNICA Diarreia osmótica/diabsortiva ⤷ Presença de solutos ou nutrientes não absorvíveis pela luz intestinal (osmoticamente ativos) = aumentam a pressão osmótica. ⤷ Deficiências de enzimas, defeito de absorção e transporte de nutrientes, abusos dietéticos, laxativos. ⤷ Causa mais comum: intolerância à lactose. → Pode ser por pancreatite crônica – deficiência enzimática. ⤷ Geralmente após alimentação. ⤷ Ânion Gap aumentado. Diarreia secretória ⤷ A mucosa do delgado é estimulada a secretar para aumentar conteúdo de líquido e permitir a absorção dos solutos nutricionais ⤷ Toxinas bacterianas (alimento estragado), drogas, hormônios podem fazer um estímulo excessivo de secreção ativa de íons dentro do intestino. ⤷ Não cessa com o jejum, pois independe de alimentação. ⤷ Doenças → Síndrome do Cólera Pancreático: produção excessiva de VIP por tumores pancreáticos Diarreia funcional/motora ⤷ Causada pela hipermotilidade que reduz o tempo de absorção pelo cólon. ⤷ É mais comum em crianças ⤷ Pode ocorrer em → síndrome do intestino irritável → hipertireoidismo → infecções. → redução da área de absorção (cirurgias ou fístulas enterais). ⤷ Diminuição do peristaltismo – redução da absorção do alimento + ambiente propício para supercrescimento bacteriano, aumentando a quantidade de líquido = diarreia. → Desnutridos, diabéticos, fármacos antiperistálticos. Diarreia inflamatória/exsudativa ⤷ Inflamação pode causar destruição das células epiteliais e perda da absorção e aumento de líquido por osmose. ⤷ Pode causar distúrbio eletrolítico, com secreção de Cl – e não absorção de Na+. ⤷ Pode também quebrar a barreira intestinal resultando na liberação de muco, proteína e sangue, causando diarreia ⤷ Principal causa: infecção → Salmonella → Campylobacter → C. difficile ⤷ Outras: alergia à proteína do leite, doenças inflamatórias intestinais, tuberculose intestinal. TRATAMENTO ⤷ Refeições leves ⤷ Solução de reidratação oral, como soros caseiros ou prontos = estímulo absorção de Na+ e glicose e, portanto, de água. ⤷ Drogas antimotilidade: aumenta absorção de Na+ e fluidos → Loperamida (imosec) e atropina ⤷ Drogas antissecretórias: redução da secreção do fluido intestinal → Racecadotril e subsalicilato de bismuto. ⤷ Antibioticoterapia nos casos indicados → Fluorquinolonas: ciprofloxacino 500 mg, levofloxacino 500 mg = 1-3 dias. → Trimetropina+sulfametoxazol → Ou doxiciclina. #Quando internar ⤷ Desidratação severa, como após vômito. ⤷ Diarreia com sangue ⤷ Dor abdominal intensa ⤷ Sinais de infecção grave/sepse = temperatura > 39,5ºC, leucocitose, rash. ⤷ Diarreia severa em paciente > 70 anos ou imunossuprimido. ⤷ Sinais de Síndrome de Uremia Hemolítica: lesão hepática, trombocitopenia e anemia hemolítica. Doenças intestinais inflamatórias Representa duas doenças intestinais crônicas e idiopáticas: Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa. Etiologia ⤷ Não se sabe a causa das DII, mas se sabe que existe um distúrbio na regulação da imunidade da mucosa intestinal. ⤷ Processo inflamatório que surge provavelmente direcionado contra germes da microbiota fisiológica. ⤷ Pico de incidência 15-40 e 50-80 anos. Fator de risco ⤷ História familiar positiva é o principal, presente em 10-25% dos pacientes. ⤷ São mais frequentes conforme nos deslocamos para o norte. ⤷ Presença do gene NOD2/CARD15. ⤷ Mais comuns em brancos, principalmente em judeus. ⤷ Tabagismo: não associado para RCU, mas está associado com DC. ⤷ Agudizações do quadro podem ocorrer com AINES. #Calprotectina fecal ⤷ Dosar em pacientes com diarreia e “sinais de alarme” → Sinais: emagrecimento, febre, história de doença intestinal, idade > 40 anos, sangue nas fezes e história de câncer digestivo. ⤷ Teste não invasivo para detectar a presença de inflamação intestinal. ⤷ Também para controle de pacientes com DII – seu nível tem relação com atividade da doença. Retocolite ulcerativa Doença exclusiva do cólon, que acomete apenas mucosa e é tipicamente ascendente e uniforme. ⤷ Surgimento inexplicável de lesões inflamatórias. ⤷ Localização → 40-50% dos pacientes doença se restringe à mucosaretal até 15 cm da linha denteada (proctite) OU atinge o sigmóide até 30 cm da linha denteada (proctossigmoidite) → 30-40% o processo estende até a flexura esplênica (colite esquerda). → 20-30% inflamação vai além da flexura esplênica (pancolite). ⤷ Padrão da mucosa – completo desnudamento (contínua, sem áreas de mucosa normal entremeadas). → Desaparecimento do padrão vascular típico. → Hiperemia, edema, erosões, mucosa friável, ulcerações e exsudações de muco, pus, sangue. → Mucosa pálida, atrófica e aspecto tubular. → Pseudopólipos. ⤷ Raio-X (em longo tempo de doença) → Perda de haustrações. → Espessamento da musculatura lisa em aspecto de “cano de chumbo” ⤷ Com tratamento, a recuperação começa na extremidade mais proximal – reto é o último a melhorar. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ⤷ Episódios de diarreia invasiva (sangue, muco e pus) intercalados de períodos assintomáticos. → Diarreia sanguinolenta principal. ⤷ Dor abdominal. ⤷ Pode haver febre. ⤷ Início insidioso e diagnóstico costuma ser feito em média 9 meses após início do quadro com → Crescente urgência para defecar. → Leves cólicas abdominais baixas. → Sangue e muco nas fezes pastosas. DIAGNÓSTICO ⤷ Retossigmoideoscopia com biópsia é o exame de escolha. → Basicamente todos apresentam lesão inflamatória do reto (proctite) e do sigmoide (proctossigmoidite). ⤷ Colonoscopia com biópsia é indicada em suspeita de gravidade (sinais sistêmicos). ⤷ Anticorpos p-ANCA, principalmente, além do ASCA (ANCA + e ASCA -) Doença de Crohn Também conhecida como enterite regional, que pode acometer qualquer parte do tubo digestivo (da boca ao ânus) de forma heterogênea, descontínua. ⤷ Acometimento macroscópico em diferentes locais ao mesmo tempo, separadas por trechos de mucosa normal (lesões salteadas). ⤷ Alterações transmurais = por isso pode haver estreitamento do lúmen (estenose) e chances de formação de fístula. ⤷ Padrão da mucosa → Geralmente se inicia com a formação de úlceras aftóides sobre as placas de Peyer (delgado) e conglomerados linfoides no cólon. ▻ Úlceras lineares, que entremeiam a mucosa normal = “pedras de calçamento”. ▻ Aprofundamento através das camadas intestinais = fístulas em mesentério e órgãos vizinhos. → Podem haver granulomas não caseosos (30%) – indicados por pequenos nódulos esbranquiçados (semente de milho). → Invasão serosa por tecido adiposo (fat wrapping). ⤷ Localização → Mais acometida: íleo distal e cólon ascendente (ileocolite, 70-75%). → 10-20% exclusivo de cólon. → 20% limitado ao intestino delgado. → 5% predomina na cavidade oral. Cerca de 10-20% dos casos não conseguimos diferenciar. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ⤷ As mais comuns são de ileocolite → Diarreia crônica invasiva com dor abdominal. → Febre, anorexia e perda de peso. → Massa palpável no quadrante inferior direito (alça edemaciada, dolorosa à palpação ou abcesso). → Doença perianal. ⤷ Síndrome disabsortiva grave Manifestações extraintestinais ⤷ Manifestações articulares → Artragias ou artrite aguda, com dor e edema. → Não é deformante e tem caráter migratório. → Mais comum quando a DII atinge o cólon. → Geralmente periférica. ⤷ Manifestações cutaneomucosas → Mais comum quando atinge cólon. → Eritema nodoso: relação com intensidade da doença, mais comum em mulheres. → Pioderma gangrenoso: lesão ulcerativa, relativamente indolor (mais comum na RCU). → Lesões labiais e úlceras aftosas orais (estomatite). ⤷ Manifestações oculares → Uveíte, conjuntivite e episclerite. ⤷ Manifestações hepáticas e biliares → Anormalidades na prova de função hepática (fosfatase alcalina, aminotransferases). → Hepatite focal e esteatose hepática são os mais comuns. → Pericolangite, cirrose biliar, câncer, colangite esclerosante. ⤷ Manifestações renais → Cálculos de oxalato de cálcio: comum em condições em que há má absorção – resulta hiperoxalúria → Ocorre por comprometimento de delgado. → Cálculo de ácido úrico. ⤷ Manifestações ósseas → Osteoporose e osteomalácia. → Principalmente por corticoterapia prolongada. ⤷ Distúrbios nutricionais → Perda de peso, retardo de crescimento em crianças, desnutrição, deficiências vitamínicas. ⤷ Distúrbios tromboembólicos → Hipercoagulabilidade = TVP e TEP. DIAGNÓSTICO ⤷ Ileocolonoscopia com biópsias é o exame de escolha. → Maioria dos pacientes apresente acometimento de íleo terminal e cólon ascendente/ceco. → Aspecto salteado, de “pedras em calçamento". ⤷ Enterro-TC ou entero-RNM ⤷ Anticorpos ASCA, principalmente, além do p-ANCA (ASCA + e ANCA -) ⤷ Anti-OmpC (+) e anti-CBir1 (+) = DC. COMPLICAÇÕES DAS DII ⤷ Sangramento → sangue oculto nas fezes geralmente presente na DC. → Hematoquezia (sangre macro) é mais frequente na RCU. ⤷ Megacólon tóxico → Inflamação compromete a camada muscular, com perda de tônus e adelgaçamento da parede = dilatação do cólon, predomina em transverso e no cólon direito. → Diâmetro > 6 cm (raio-x), dor abdominal, febre alta e diminuição → de peristalse = diagnóstico. → Pode haver perfuração da parede enfraquecida e peritonite séptica. ⤷ Estenoses → Costuma resultar de acometimento grave dos planos profundos da parede = mais comum na DC. → Obstrução parcial, cólica, distensão abdominal pós-prandial, constipação + diarreia paradoxal e massa palpável. ⤷ Fístulas → Típicas da DC e podem resultar em massas inflamatórias ou abcessos. → Mais comuns da DC ▻ Enterovesicais. ▻ Enteroentéricas. ▻ Enteromesentéricas. ▻ Enterocutâneas ▻ Retovaginais ▻ Perianais. ⤷ Câncer → Mais prevalente na RCU, geralmente em duração > 8 anos. → Ocorre por extensão do acometimento da mucosa e duração da doença. → Displasia epitelial alto grau confirmada na colonoscopia = indicação de colectomia. TRATAMENTO DAS DII Derivados de 5-ASA ⤷ Anti-inflamatório de ação tópica na mucosa intestinal. ⤷ Indução da remissão e também na manutenção. ⤷ Não ligados a sulfa: mesalamina (asacol, apriso, lialda, pentasa). ⤷ Ligado a sulfa: sulfassalazina, olsalazina e balsalazina. Glicocorticoides ⤷ Usados apenas para indução de remissão, visando melhora rápida da inflamação! → Controle de crises agudas em casos moderados-severos. ⤷ Hidrocortisona e metilprednisolona EV ⤷ Budesonida ou prednisona VO. Imunomoduladores ⤷ Tiopurinas são as principais: azatioprina e mercaptopurina. ⤷ Geralmente em combinação com algum agente biológico anti-TNF. ⤷ Segunda linha: metotrexate SC. Agentes biológicos ⤷ Anti-TNF: infliximab, adalimumab, golimumab. ⤷ Anti-integrina: natalizumab e vedolizumab. #Sempre evitar antidiarreicos na fase aguda – risco de megacólon tóxico. TRATAMENTO CROHN ⤷ Leve: derivado de 5-ASA (pentasa, asacol) → Sem melhoras 3-4 semanas = antibiótico → metronidazol + ciprofloxacina → amoxicilina + clavulanato ⤷ Moderado a grave: imunomodulares, biológicos. → Principalmente anti-TNF + imunomodulador, ⤷ Grave: considerar a cirurgia. TRATAMENTO RETOCOLITE ULCERATIVA ⤷ Possibilidade proctolectomia total em casos graves. ⤷ Mesalamina via retal. ⤷ Corticoide retal ou derivados de 5-ASA VO de segunda opção. ⤷ Podemos associar os 3 conforme necessidade. ⤷ Antibioticoterapia em caso grave. #sempre cessar tabagismo Pancreatite Pancreatite aguda Condição inflamatória aguda do pâncreas, com autodigestão tecidual pelas próprias enzimas do pâncreas, podendo acometer estruturas adjacentes. ⤷ Em casos mais graves, comporta-se como uma doença multissistêmica = Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS) – alta letalidade. ⤷ Após resolução do quadro, não deixa sequelas pancreáticas. ⤷ 80-90% dos casos cursam apenas com edema, sem necrosee autolimitada em 3- 7 dias = pancreatite aguda edematosa/ intersticial. ⤷ 10-20% pancreatite necrosante, evolução de 3-6 semanas. INTRODUÇÃO Patologia e etiologia ⤷ Reação inflamatória aguda difusa do pâncreas + áreas de necrose gordurosa. ⤷ Pode pegar omento, mesentério. ⤷ Não se sabe ao certo como se inicia. ⤷ Dano de lesão endotelial também ocorre, além de translocação bacteriana, quando cólon afetado pela inflamação. ⤷ Infecção em 30-40% dos casos. ⤷ Ocorre principalmente edema intersticial. Causas ⤷ Litíase biliar → Ocorre pela passagem de cálculos biliares através da ampola de Valter (mais comum). → Cálculos pequeno (< 5 mm). → Obstrução transitória ou edema gerado por sua passagem. → Não se associa à pancreatite crônica, ao contrário da alcoólica. → Colecistectomia em todos os pacientes com pancreatite aguda biliar - previne futuras recidivas. → Mais comum em mulheres, entre 50-70 anos. ⤷ Alcoólica → Observada em 5-10% dos alcoólatras. → Em etilista inveterado (> 25g etanol/ dia) por pelo menos 5 anos = já existe acometimento crônico (pancreatite crônica) → Crônica marcada por vários episódios de pancreatite aguda, em geral, após beber. → Patogênese pouco conhecida. ⤷ Outras causas (25%) → Hipertrigliceridemia (<4%), em geral em diabéticos mal controlados. → Hipercalcemia (<0,5%) → Pós-operatório de cirurgias abdominais e cardíacas. → Induzida por fármacos: principais são os imunossupressores. ▻ Principal causa de pancreatite em HIV positivo. → Idiopática (20%) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ⤷ Principais sintomas → Dor abdominal aguda, predomina em andar superior direito do abdome → Náuseas → Vômitos ⤷ Importante causa de dor abdominal associada à vômito (90% casos). ⤷ Dor tem disposição “em barra” e irradia para o dorso e se mantém por dias. → Progressão rápida, intensidade máxima em 10-20 min. → Relacionada com álcool aparece 1-3 dias após exagero no consumo. ⤷ Inquietação e agitação #Retinopatia de Purtscher: rara complicação da pancreatite aguda (escotomas e perda súbita da visão). Exame físico ⤷ Achados sistêmicos: febre, desidratação, taquicardia. Coma e choque em casos graves. ⤷ Pode haver derrame pleural esquerdo por inflamação da hemicúpula diafragmática esquerda. ⤷ Dor leve à palpação até sinais de irritação peritoneal (dor à descompressão brusca). ⤷ Distensão abdominal. ⤷ Obstrução de ducto biliar por edema do pâncreas = icterícia (10%). ⤷ Sinais cutâneos (pouco comum) → Sinal de Grey-Turner: equimose em flancos. → Sinal de Cullen: equimose peri umbilical. → Paniculite: necrose gordurosa subcutânea → Sinal de fox: equimose base pênis. LABORATÓRIO ⤷ Leucocitose ⤷ Aumento de PCR ⤷ Hiperglicemia, principalmente pela SIRS. ⤷ Hipocalcemia (aumenta conforme a gravidade). ⤷ Alterações de provas de coagulação. ⤷ Pode ter prova hepática aumentada, principalmente TGP. DIAGNÓSTICO ⤷ Caso clínico típico + dosagem sérica de amilase e lipase (> 3x limite superior normal) ⤷ Amilase sérica: LSN de 160 U/L → fica alta por 3-5 dias. → Elevações > 500 – muito específico para pancreatite. ⤷ Lipase sérica: permanece alta por mais tempo que a amilase (7-10 dias) → Normal até 140 U/L ⤷ Especificidade e sensibilidade de amilase+ lipase é de 95%. ⤷ TC com contraste → Avaliar complicações e necrose = gravidade. → Em casos de dúvida. ⤷ USG: investigar vias biliares (litíase). PROGNÓSTICO Critério de Ranson ⤷ 5 critérios são avaliados na admissão do paciente e outros 6 são avaliados ao longo das 48 horas iniciais ⤷ Mostra complicações e grau de perda volêmica. ⤷ Presença de no mínimo 3 critérios indica pancreatite grave. Escore APACHE-II ⤷ Avaliação de pacientes graves em geral. ⤷ Consta de 14 parâmetros e pode ser calculado já nas primeiras 24 horas. ⤷ Grave: 8 ou mais pontos. Escore BISAP ⤷ Fácil aplicação à beira do leito. ⤷ 5 parâmetros para definir a pancreatite aguda como grave, Escore de Atlanta ⤷ Um dos scores mais utilizados na prática. ⤷ Considera a gravidade a partir do grau da inflamação sistêmica (SIRS). TC contratada ⤷ Padrão ouro no diagnóstico de necrose pancreática. Pode avaliar extensão do processo inflamatório. TRATAMENTO ⤷ 1º momento: reposição volêmica, analgesia e dieta zero. ⤷ Avaliar a gravidade Forma leve ⤷ Paciente internado, mas não UTI. ⤷ Dieta zero até que melhore a dor e há peristalse audível (em geral, 3-5 dias). ⤷ Analgesia: meperidina ou outros opiáceos. ⤷ Hidratação venosa ⤷ Controle eletrolítico e ácido-básico Forma grave ⤷ UTI ⤷ Analgesia: meperidina, morfina, ⤷ Hidratação venosa ⤷ Dieta zero e nutrição enteral. ⤷ Antibiótico quando haver necrose infectada. → Sinal da bolha de sabão é sugestivo = indica gás no pâncreas. #CPRE: empregada nas primeiras 72 horas da pancreatite aguda biliar, quando há colangite e icterícia. Pancreatite crônica Doença crônica caracterizada por reação inflamatória do pâncreas, com consequente fibrose. Patologia ⤷ Acometimento de algumas porções do pâncreas e poupa outras partes na fase inicial. ⤷ Atrofia progressiva de células acinares e ilhotas de Langerhans. ⤷ Caráter heterogêneo. ⤷ Pode haver agudização da doença com edema intersticial e pode ter necrose. Classificação ⤷ Pancreatite calcificante crônica (95%) → Presença de plugs de proteína que podem se calcificar = cálculos pancreáticos, causando obstrução de ductos. → Fibrose progressiva atinge os ductos, com estenoses e dilatações. → Causa mais comum: etilismo ⤷ Pancreatite obstrutiva crônica → Lesão que obstrui o ducto pancreático principal (Wirsung) = dilatação homogênea e generalizada da árvore pancreática. → Atrofia e fibrose difusa e uniforme. → Causa mais comum: tumor intraductar (adenocarcinoma). ⤷ Pancreatite inflamatória crônica → Agressão inflamatória crônica acometendo o pâncreas, sem presença de plugs ductais ou obstrução de ducto principal. → Raro → Causas: doenças autoimunes, como síndrome de Sjogren. ETIOLOGIA Alcoólica (70-80%) ⤷ Consumo diário de no mínimo 100 g de etanol por pelo menos 5 anos para desenvolver a doença. ⤷ Aparece em 5-10% dos etilistas crônicos. ⤷ Cessação do etilismo pode melhorar os sintomas, mas não evita a progressão Tropical ⤷ Forma calcificante não alcoólica, rara no Brasil, principalmente em África e Ásia. ⤷ Afeta tipicamente crianças = insuficiência pancreática na adolescência e morte nos primeiros anos de vida adulta. ⤷ Causa desconhecida, provável relação com desnutrição. Hereditária (2%) ⤷ Início aos 20 anos sem história de etilismo. ⤷ Parentes de primeiro grau apresentando mesma doença. ⤷ Dominante: cerca de 80% dos indivíduos com a mutação apresentam doença. ⤷ Alto risco adenocarcinoma pancreático. Autoimune (4-6%) ⤷ Principalmente em idosos do sexo masculino em associação com outras doenças autoimunes. ⤷ Corticoterapia. Idiopática (10-30%) ⤷ Sem causa conhecida. ⤷ Picos da doença: forma juvenil (10-20 anos) e forma senil (50-60). Outras causas: radioterapia, trauma, pâncreas divisium, hiperparatireoidismo, deficiência de alfa- 1-antitripsina. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ⤷ Tríade clássica (<1/3 das pessoas) = esteatorreia + DM + calcificações. ⤷ Dor abdominal: sintoma mais comum → Epigástrica, frequentemente irradiada para dorso. → Após se alimentar. → Intermitente. → Pode ter episódios álgidos e depois de remissão. → Surge em crises nas fases iniciais e pode se tornar mais contínua com a progressão da doença. ⤷ Emagrecimento e desnutrição → Com medo da dor piorar ou iniciar após refeição, o paciente acaba reduzindo sua alimentação. → Esteatorreia, DM descompensada, infecções podem ser a causa. ⤷