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Resumo por Emanuella Fonseca PROLIFERAÇÃO CELULAR PROBLEMA 1 1) Descrever o ciclo celular destacando suas fases. 2) Compreender a replicação do material genético. 3) Elucidar o sistema de correção dos erros no ciclo celular. 4) Explicar o DNA. OBJETIVO 4 A molécula de DNA consiste em duas cadeias de nucleotídeos complementares. Uma molécula de ácido desoxirribonucleico (DNA) consiste em duas longas cadeias polipeptídicas compostas por quatro tipos de subunidades nucleotídicas. Cada uma dessas cadeias é conhecida como uma cadeia de DNA, ou fita de DNA. As cadeias são antiparalelas entre si, e ligações de hidrogênio entre a porção base dos nucleotídeos unem as duas cadeias. A estrutura principal alternada de açúcar-fosfato-açúcar-fosfato, chamada de cadeia principal. Como apenas a base difere em cada uma das quatro subunidades nucleotídicas, cada cadeia polinucleotídica no DNA assemelha-se a um colar de açúcar-fosfato (cadeia principal) do qual os quatro tipos de contas se projetam (as bases A, C, G e T). Esses mesmos símbolos (A, C, G e T) normalmente são usados para representar as quatro bases. A forma na qual os nucleotídeos estão ligados confere uma polaridade química à fita de DNA. Se imaginarmos cada açúcar como um bloco com uma protuberância (o fosfato 5’) em um lado e uma cavidade (a hidroxila 3’) no outro (ver Figura 4-3), cada cadeia completa, formada por protuberâncias e cavidades entrelaçadas, terá todas as suas subunidades alinhadas na mesma orientação. Além disso, as duas extremidades da cadeia serão facilmente distinguíveis por apresentarem, uma delas, uma cavidade (a hidroxila 3’), e a outra, uma protuberância (o fosfato 5’). Essa polaridade na cadeia de DNA é indicada pela denominação das extremidades como extremidade 3’ e extremidade 5’, nomes derivados da orientação do açúcar desoxirribose. Em relação à sua capacidade de carregar a informação, a cadeia de nucleotídeos em uma fita de DNA, sendo direcional e linear, pode ser lida quase como as letras nesta página. Resumo por Emanuella Fonseca Em cada um dos casos, a base mais resistente, com dois anéis (uma purina, ver Painel 2-6, p. 100-101), forma par com uma base com um anel único (uma pirimidina). A sempre forma par com T, e G, com C (Figura 4-4). Esse pareamento de bases complementares permite que os pares de bases sejam dispostos em um arranjo energético mais favorável no interior da dupla-hélice. Nesse arranjo, cada par de bases possui uma largura similar, mantendo a estrutura de açúcar- fosfato equidistante ao longo da molécula de DNA. Para otimizar a eficiência do empilhamento dos pares de bases, as duas cadeias principais de açúcar- - fosfato enrolam-se um sobre o outro formando uma dupla- hélice orientada à direita, completando uma volta a cada 10 pares de base. Os membros de cada par de bases somente encaixam-se na dupla-hélice se as duas fitas da hélice estiverem na posição antiparalela – isto é, somente se a polaridade de uma fita estiver em orientação oposta à da outra fita. A estrutura do DNA fornece um mecanismo para a hereditariedade Como? Resumo por Emanuella Fonseca Pela natureza helicoidal dupla da sua estrutura: como cada fita de DNA contém uma sequência de nucleotídeos que é exatamente complementar à sequência de nucleotídeos da fita associada, cada fita pode atuar como um molde para a síntese de uma nova fita complementar. Em outras palavras, se designarmos as duas fitas de DNA com S e S’, a fita S pode servir como um molde para síntese de uma nova fita S’, enquanto a fita S’ pode ser usada como molde para fazer uma nova fita S. Ou seja, cópias fiéis. Processo simples no qual a fita S separa-se da fita S e cada fita separada atua como molde para a produção de novas fitas complementares idênticas a sua fita associada. Resumo por Emanuella Fonseca Como essa sopa de letrinhas produz mensagens? Se os genes são formados por DNA, este deve, de alguma forma, codificar proteínas. as propriedades de uma proteína – que são responsáveis pela sua função biológica – são determinadas pela sua estrutura tridimensional. Essa estrutura, por sua vez, é determinada pela sequência linear de aminoácidos que a compõe. A sequência linear de nucleotídeos em um gene deve, portanto, corresponder à sequência linear de aminoácidos em uma proteína. A correspondência exata entre as quatro letras do alfabeto de nucleotídeos do DNA e as 20 letras do alfabeto dos aminoácidos das proteínas – o código genético – não é óbvia a partir da estrutura do DNA e somente foi compreendida uma década após a descoberta da dupla-hélice. O conteúdo total da informação de um organismo é o seu genoma, que codifica todas as moléculas de RNA e proteínas que o organismo poderá sintetizar durante toda vida. Em eucariotos, o DNA é limitado ao núcleo celular Quase todo o DNA de uma célula eucariótica está contido em um núcleo que ocupa cerca de 10% do volume celular total. Esse compartimento é delimitado por um envelope nuclear formado por duas membranas de bicamada lipídica concêntricas. O DNA CROMOSSÔMICO E SUA COMPACTAÇÃO NA FIBRA DE CROMATINA A função mais importante do DNA é carregar os genes, a informação que especifica todas as moléculas de RNA e proteínas que formam um organismo. O DNA nuclear dos eucariotos é dividido em cromossomos e, nesta seção, veremos como os genes estão organizados em cada cromossomo. O desafio do empacotamento do DNA: A complexa tarefa de compactar o DNA é realizada por proteínas especializadas que se ligam ao DNA e fazem seu enovelamento, gerando uma série de espirais e alças ordenadas com níveis crescentes de organização e evitam que o DNA se torne um emaranhado desordenado. Resumo por Emanuella Fonseca O DNA eucariótico é compactado em um conjunto de cromossomos Cada cromossomo em uma célula eucariótica consiste em uma única e enorme molécula de DNA linear juntamente com proteínas que enovelam e empacotam a fina fita de DNA em uma estrutura mais compacta. Além das proteínas envolvidas na compactação, os cromossomos estão associados a várias outras proteínas (e a diversas moléculas de RNA). Estas são necessárias para os processos de expressão gênica, replicação e reparo do DNA. O complexo que engloba o DNA e as proteínas fortemente associadas é chamado de cromatina (do grego, chroma, “cor”, devido às suas propriedades de coloração). Com exceção dos gametas (óvulos e espermatozoides) e uns poucos tipos celulares altamente especializados que não podem se multiplicar ou não possuem DNA (p. ex., os eritrócitos), ou tenham replicado seu DNA sem completar o ciclo de divisão celular (por exemplo os megacariócitos), cada núcleo celular humano contém duas cópias de cada cromossomo, uma herdada da mãe e outra herdada do pai. Os cromossomos maternos e paternos de um par são chamados de cromossomos homólogos. O único par de cromossomos não homólogos é o dos cromossomos sexuais do macho, onde um cromossomo Y é herdado do pai e um cromossomo X é herdado da mãe. Assim, cada célula humana contém um total de 46 cromossomos – 22 pares comuns, tanto para indivíduos masculinos quanto femininos – mais os dois cromossomos sexuais (X e Y nos indivíduos do sexo masculino e dois X nos indivíduos do sexo feminino). A representação dos 46 cromossomos mitóticos é chamada de cariótipo humano. Caso partes de cromossomos sejam perdidas ou estejam trocadas entre cromossomos, essas alterações podem ser detectadas tanto pela alteração no padrão de bandas ou – com maior sensibilidade – por alterações no padrão de coloração dos cromossomos. Os cromossomos contêm longas sequências de genes Os cromossomos carregam os genes – as unidades funcionais da hereditariedade. Um gene normalmente é definido como um segmento de DNA que contém as instruções paraproduzir uma determinada proteína (ou uma série de proteínas relacionadas), mas essa definição é muito limitada. Os genes que codificam proteínas são realmente a grande maioria, e a maior parte dos genes com fenótipos claramente mutantes caem nessa categoria. Entretanto, existem diversos “genes de RNA” – segmentos de DNA que originam uma molécula de RNA funcionalmente importante, em vez de proteínas como produto final. Resumo por Emanuella Fonseca A sequência nucleotídica do genoma humano mostra como nossos genes são organizados Com a publicação da sequência completa de DNA do genoma humano em 2004, foi possível ver em detalhes como os genes estão dispostos ao longo de cada um dos nossos cromossomos. O genoma humano (3,2 × 109 pares de nucleotídeos) é a totalidade da informação genética que pertence a nossa espécie. Quase todo esse genoma está distribuído pelos 22 autossomos diferentes e dois cromossomos sexuais encontrados dentro do núcleo. Uma fração mínima do genoma humano (16.569 pares de nucleotídeos – em cópias múltiplas por célula) é encontrada na mitocôndria. A primeira característica marcante do genoma humano é que apenas uma parte muito pequena (somente cerca de 1,5%) codifica proteínas (Tabela 4-1 e Figura 4-16). Também é interessante notar que quase metade do DNA cromossômico é formada por segmentos de DNA móveis, que se inseriram gradativamente nos cromossomos durante a evolução, multiplicando-se no genoma como parasitas. Para codificar uma proteína de tamanho médio (com cerca de 430 aminoácidos em humanos), são necessários apenas cerca de 1.300 pares de nucleotídeos. A maior parte da sequência restante no gene consiste em inúmeros segmentos de DNA não codificador que interrompem uma sequência relativamente curta de pequenos segmentos de DNA codificador da proteína. Como discutido em detalhes no Capítulo 6, as sequências codificadoras são chamadas de éxons; as sequências intercalantes, não codificadoras, são denominadas íntrons. Além dos éxons e íntrons, cada gene está associado a sequências de DNA regulador, as quais são responsáveis por assegurar que cada gene será ativado e desativado no devido tempo, expresso no nível adequado e apenas em determinados tipos celulares. Cada molécula de DNA que forma um cromossomo linear deve conter um centrômero, dois telômeros e origens de replicação Para formar um cromossomo funcional, uma molécula de DNA deve fazer mais do que simplesmente transportar os genes. Ela deve ser capaz de replicar, e as cópias replicadas devem ser separadas e fielmente divididas entre as duas células-filhas a cada divisão celular. Esse processo ocorre por meio de uma série de estágios ordenados conhecidos coletivamente como ciclo celular, que fornece uma separação temporal entre a duplicação dos cromossomos e sua separação entre as duas células-filhas. Resumidamente, durante a longa interfase, os genes são expressos e os cromossomos são replicados, e as duas réplicas são mantidas unidas formando um par de cromátides-irmãs. Durante esse período, os cromossomos estão estendidos e muito de sua cromatina está disposta no núcleo na forma de longas linhas enroladas, de modo que os cromossomos individuais não podem ser distinguidos facilmente. Apenas durante um período muito breve da mitose, os cromossomos são condensados, permitindo que as duas cromátides-irmãs sejam separadas e distribuídas aos núcleos-filhos. Os cromossomos altamente condensados nas células em divisão são denominados cromossomos mitóticos (Figura 4-18). Essa é a forma na qual os cromossomos são mais facilmente visualizados. Resumo por Emanuella Fonseca 1. Um tipo de sequência nucleotídica atua como origem de replicação do DNA, o local em que a duplicação do DNA é iniciada. Os cromossomos eucarióticos contêm muitas origens de replicação para assegurar que todo o cromossomo seja replicado rapidamente. 2. Após a replicação do DNA, as duas cromátides-irmãs que formam cada cromossomo permanecem unidas uma à outra e, com a progressão do ciclo celular, são mais condensadas para produzir cromossomos mitóticos. A presença de uma segunda sequência especializada de DNA, chamada de centrômero, permite que uma cópia de cada cromossomo duplicado e condensado seja levada para cada célula-filha no momento da divisão celular. Um complexo proteico chamado de cinetocoro é formado no centrômero e liga o fuso mitótico aos cromossomos duplicados, permitindo que eles sejam separados. 3. Uma terceira sequência especializada de DNA forma os telômeros, as extremidades dos cromossomos. Os telômeros contêm sequências nucleotídicas repetidas que permitem que as extremidades dos cromossomos sejam replicadas de maneira eficiente. Os telômeros também desempenham uma outra função: as sequências de DNA repetidas, juntamente com as regiões adjacentes a elas, formam estruturas que evitam que as extremidades cromossômicas sejam confundidas com uma molécula de DNA quebrada que necessita de reparo pela célula. As três sequências de DNA necessárias para produzir um cromossomo eucariótico que pode ser replicado e, então, segregado de forma precisa na mitose. Resumo por Emanuella Fonseca As moléculas de DNA estão extremamente condensadas nos cromossomos Esse impressionante feito de compressão é realizado por proteínas que enrolam e enovelam o DNA sucessivamente em níveis cada vez mais altos de organização. Vimos que cada cromossomo sofre um grau de condensação extremo na fase M do ciclo celular. Muito menos visível, mas de enorme interesse e importância, regiões específicas dos cromossomos de interfase sofrem uma descondensação para permitir o acesso a sequências de DNA específicas para a expressão gênica, o reparo e a replicação de DNA – e então se recondensam após o término desses processos. Os nucleossomos são as unidades básicas da estrutura dos cromossomos eucarióticos As proteínas que se ligam ao DNA e formam os cromossomos eucarióticos são divididas em duas classes: as histonas e as proteínas cromossômicas não histonas, cada uma contribuindo com cerca da mesma massa no cromossomo que o DNA. O complexo dessas duas classes de proteínas com o DNA nuclear eucariótico é conhecido como cromatina. Resumo por Emanuella Fonseca As histonas são responsáveis pelo primeiro e mais básico nível de organização cromossômica, o nucleossomo, um complexo de DNA-proteína descoberto em 1974. Quando o núcleo interfásico é delicadamente rompido, e seu conteúdo examinado sob microscópio eletrônico, a maior parte da cromatina parece estar na forma de uma fibra com 30 nm de diâmetro (Figura 4-21A). Se essa cromatina for submetida a um tratamento que a desenrole parcialmente, observa-se, ao microscópio eletrônico, uma série de “contas em um colar” (Figura 4-21B). O colar é o DNA, e cada conta é uma “partícula do cerne do nucleossomo”, que consiste em DNA enrolado em um núcleo de histonas. O octâmero de histonas forma um cerne proteico ao redor do qual a fita dupla de DNA é enrolada. A estrutura da partícula do cerne do nucleossomo revela como o DNA é compactado As quatro histonas que formam o cerne são relativamente pequenas (contendo de 102 a 135 aminoácidos) e apresentam um motivo estrutural comum, conhecido como enovelamento de histonas, formado por três a-hélices ligadas por duas alças (Figura 4-24). Na formação do nucleossomo, primeiro as histonas ligam-se umas às outras para formar os dímeros H3-H4 e H2A-H2B, e os dímeros H3-H4 combinam-se para formar tetrâmeros. Então, um tetrâmero H3- H4 se combina a dois dímeros H2A-H2B para formar o octâmero compacto do cerne, ao redor do qual o DNA é enrolado. Quase metade dessas ligações forma-se entre os aminoácidos da estrutura das histonas e a cadeia principal açúcar- -fosfato do DNA. Numerosas interações hidrofóbicas e pontes salinas também mantêm o DNA ligado às proteínasno nucleossomo. Mais de um quinto dos aminoácidos em cada cerne de histonas são lisina ou arginina (dois aminoácidos com cadeias laterais básicas), e suas cargas positivas neutralizam a carga negativa da cadeia principal fosfodiéster do DNA. Essas múltiplas interações explicam, em parte, por que praticamente qualquer sequência de DNA pode ser ligada a um octâmero de histonas. Os nucleossomos possuem uma estrutura dinâmica e frequentemente estão sujeitos a alterações catalisadas pelos complexos de remodelagem da cromatina dependentes de ATP Isso ocorre porque é preciso fazer leitura e reparo. Também prejudicaria a rápida passagem das maquinarias de transcrição e replicação de DNA pela cromatina. Porém, experimentos de cinética mostraram que o DNA em um nucleossomo isolado é desenrolado a partir de cada extremidade a uma taxa de cerca de quatro vezes por segundo, permanecendo exposto por 10 a 50 milissegundos antes que a estrutura parcialmente desenrolada se feche novamente. Há um “afrouxamento”. Esses complexos incluem uma subunidade que hidrolisa ATP (uma ATPase relacionada evolutivamente às DNA-helicases discutidas no Capítulo 5). Essa subunidade liga-se tanto à proteína do cerne do nucleossomo como à dupla-fita de DNA enrolada nele. Usando a energia da hidrólise do ATP para deslocar o DNA do cerne, esse complexo de proteínas altera, temporariamente, a estrutura do nucleossomo, tornando a ligação do DNA ao cerne mais livre. Por meio de ciclos repetidos de hidrólise de ATP que impulsionam o cerne do nucleossomo ao longo da dupla-hélice de DNA, os complexos de remodelagem podem catalisar o deslizamento Resumo por Emanuella Fonseca dos nucleossomos. Dessa forma, eles podem reposicionar os nucleossomos para expor regiões específicas do DNA, tornando-as acessíveis a outras proteínas na célula (Figura 4-26). Além disso, pela cooperação com uma variedade de outras proteínas que ligam-se às histonas e atuam como chaperonas de histonas, alguns complexos de remodelagem são capazes de remover todo ou partes do cerne do nucleossomo. Normalmente, os nucleossomos são condensados para formar uma fibra de cromatina compacta Embora cordões de nucleossomos extremamente longos sejam formados no DNA cromossômico, a cromatina de uma célula viva raramente apresenta a forma de “colar de contas”. Na verdade, os nucleossomos são compactados uns em cima dos outros, produzindo arranjos nos quais o DNA encontra-se altamente condensado. Assim, quando o núcleo é delicadamente lisado e colocado na tela de microscopia eletrônica, uma grande parte da cromatina é vista na forma de uma fibra. ESTRUTURA E FUNÇÃO DA CROMATINA Como a memória celular resultante é fundamentada em uma estrutura de cromatina herdada e não em alterações da sequência de DNA, essa é uma forma de herança epigenética. O prefixo epi, do grego “em cima”, é apropriado porque a epigenética representa uma forma de herança que se sobrepõe à herança genética com base no DNA. A heterocromatina é altamente organizada e restringe a expressão gênica : uma forma altamente condensada, chamada de heterocromatina, e todo o resto, uma forma menos condensada, chamada de eucromatina. A heterocromatina representa uma forma compacta especial (ver Figura 4-9), e ainda há muito a ser entendido sobre suas propriedades moleculares. Ela é grandemente concentrada em algumas regiões especializadas, particularmente nos centrômeros e telômeros Portanto, a heterocromatina não deve ser considerada simplesmente como uma forma de isolamento do DNA “morto”, e sim como um modo de descrever domínios compactos de cromatina que possuem em comum a característica de ser anormalmente resistentes à expressão gênica. Resumo por Emanuella Fonseca O estado da heterocromatina é autopropagável observações, juntas, levam a uma estratégia fundamental da formação da heterocromatina: heterocromatina gera mais heterocromatina. Esse mecanismo de retorno positivo pode atuar tanto no espaço, causando a propagação do estado de heterocromatina pelo cromossomo, como no tempo, por meio das gerações, propagando o estado de heterocromatina da célula- mãe às células-filhas. O desafio é explicar os mecanismos moleculares que dirigem esse surpreendente comportamento. As histonas do cerne são modificadas covalentemente em vários sítios diferentes A cromatina adquire mais variedade pela inserção sítio-específica de um pequeno conjunto de variantes de histonas Além das quatro histonas-padrão do cerne altamente conservadas, os eucariotos contêm algumas variantes de histonas que podem formar os nucleossomos. Essas histonas estão presentes em quantidades muito pequenas comparadas às histonas principais e foram bem menos conservadas durante a evolução. Variantes de histonas são conhecidas para todas as histonas do cerne, exceto H4. As histonas principais são sintetizadas especialmente durante a fase S do ciclo celular e montadas nos nucleossomos das duplas-hélices de DNA das células-filhas logo atrás da forquilha de replicação. Em contraste, a maior parte das variantes de histonas é sintetizada durante a interfase. Elas normalmente são inseridas na cromatina já formada, o que requer um processo de troca de histonas catalisado pelos complexos de remodelagem dependentes de ATP. A ESTRUTURA GLOBAL DOS CROMOSSOMOS A estrutura da cromatina interfásica é fluida e frequentemente sofre alterações em resposta às necessidades da célula. Os cromossomos são dobrados em grandes alças de cromatina Entretanto, a maior parte do DNA não está nas alças, mas condensada no eixo do cromossomo, onde os genes normalmente não são expressos. Parece que os cromossomos de interfase de todos os eucariotos estão organizados em alças de maneira semelhante. Embora essas alças em geral sejam muito pequenas e frágeis para serem observadas ao microscópio óptico, outros métodos podem ser usados para inferir sua presença. Os cromossomos politênicos de Drosophila fornecem um bom ponto de partida para a análise de como a cromatina é organizada em larga escala. Na seção anterior, vimos que existem várias formas de cromatina, cada uma contendo nucleossomos com diferentes combinações de histonas modificadas. Grupos específicos de proteínas não histonas se associam aos nucleossomos e afetam a função biológica de várias maneiras. Resumo por Emanuella Fonseca As alças de cromatina são descondensadas quando os genes nelas contidos são expressos A cromatina pode se mover para sítios específicos dentro do núcleo para alterar a expressão gênica Uma variedade de diferentes tipos de experimentos concluiu que a posição de um gene no interior do núcleo é alterada quando este é muito expresso. Assim, uma região que torna-se ativamente transcrita às vezes é encontrada fora de seu território cromossômico, como se fosse uma alça distendida. O nucléolo é o local da célula destinado à formação da subunidade ribossômica, bem como o sítio onde muitas outras reações especializadas ocorrem (ver Figura 6-42): ele consiste em uma rede de RNAs e proteínas concentradas em torno dos genes de RNA ribossômico que estão sendo ativamente transcritos. Em eucariotos, o genoma contém inúmeras cópias dos genes de RNA ribossômico, que, embora normalmente apresentem-se juntos em um único nucléolo, estão muitas vezes separados em diversos cromossomos. Uma diversidade de organelas menos óbvias também está localizada no núcleo. Por exemplo, estruturas esféricas chamadas de corpos de Cajal e aglomerados de grânulos de intercromatina são encontrados na maior parte de células de plantas e animais (Figura 4-57). Da mesma forma que o nucléolo, essas organelas são compostas por proteínas específicas e moléculas de RNA que se ligam entre si formando redes altamente permeáveis a outras proteínas e moléculas de RNA no nucleoplasma das proximidades. Tais estruturas podem originar ambientes bioquímicosdistintos pela imobilização de determinados tipos de macromoléculas, assim como fazem as proteínas e moléculas de RNA associadas aos poros nucleares e ao envelope nuclear. Resumo por Emanuella Fonseca Alterações no genoma são causadas por falhas nos mecanismos normais que copiam e mantêm o DNA e por elementos de DNA transponíveis A evolução depende de acidentes e erros seguidos de sobrevivência não aleatória. A maioria das alterações genéticas que ocorrem simplesmente resulta de falhas nos mecanismos normais pelos quais os genomas são copiados e corrigidos quando danificados, embora o movimento dos elementos transponíveis de DNA (discutidos abaixo) também desempenhe uma função importante. Erros na replicação do DNA, na recombinação ou no reparo do DNA podem causar tanto alterações locais simples na sequência de DNA – as chamadas mutações pontuais, como a substituição de um par de base por outro – quanto rearranjos genômicos de larga escala, como as deleções, duplicações, inversões e translocações de DNA de um cromossomo para outro. OBJETIVO 3 Replicação, reparo e recombinação do DNA MANUTENÇÃO DAS SEQUÊNCIAS DE DNA Resumo por Emanuella Fonseca Como mencionado anteriormente, embora alterações genéticas ocasionais aumentem a sobrevivência em longo prazo de uma espécie durante a evolução, a sobrevivência de um indivíduo necessita de alto grau de estabilidade genética. Raramente os processos de manutenção do DNA celular falham, resultando em uma alteração permanente no DNA. Tal alteração é chamada de mutação, podendo destruir um organismo se ocorrer em uma posição vital na sequência do DNA. As taxas de mutação são extremamente baixas. Taxas de mutação baixas são necessárias à vida que conhecemos. Como a maioria das mutações é prejudicial, nenhuma espécie pode permitir seu acúmulo em altas taxas nas células germinativas As células de um animal ou planta com reprodução sexual são de dois tipos: células germinativas e células somáticas. As células germinativas transmitem a informação genética do progenitor aos seus descendentes; as células somáticas formam o corpo do organismo As alterações nucleotídicas em células somáticas podem gerar células variantes, algumas das quais, pela seleção natural “local”, proliferam-se rapidamente às custas do resto do organismo. Em casos extremos, o resultado é a proliferação celular descontrolada conhecida como câncer MECANISMOS DE REPLICAÇÃO DO DNA Esse processo exige a separação da hélice de DNA em duas fitas-molde e implica no reconhecimento, de cada nucleotídeo nas fitas-molde de DNA, por um nucleotídeo complementar livre (não polimerizado). Essa separação expõe os grupos doador e aceptor das ligações de hidrogênio em cada base do DNA, permitindo o pareamento com o nucleotídeo livre a ser incorporado e alinhando-o para a polimerização catalisada pela enzima na nova cadeia de DNA. A primeira enzima que polimeriza nucleotídeos, a DNA-polimerase, foi descoberta em 1957. Os nucleotídeos livres que servem como substratos para essa enzima são desoxirribonucleosídeos trifosfato, e sua polimerização requer um molde de DNA de fita simples. A forquilha de replicação de DNA é assimétrica Durante a replicação do DNA na célula, cada uma das duas fitas originais atua como um molde para a formação de uma fita inteiramente nova. Como cada uma das duas células- -filhas resultantes da divisão celular herda uma nova dupla-hélice de DNA formada por uma fita original e uma fita nova (Figura 5-5), diz-se que a replicação da dupla-hélice de DNA é produzida de forma “semiconservativa”. Resumo por Emanuella Fonseca Na forquilha de replicação, um complexo multienzimático que contém a DNA-polimerase sintetiza o DNA das duas fitas novas. Inicialmente, o mecanismo mais simples para a replicação do DNA parecia ser o crescimento contínuo das duas fitas, nucleotídeo a nucleotídeo, na forquilha de replicação, à medida que esta se desloca de uma extremidade à outra de uma molécula de DNA. No entanto, devido à orientação antiparalela das duas fitas de DNA na dupla- hélice (ver Figura 5-2), esse mecanismo necessitaria que uma das fitas fosse polimerizada na direção 5 -3 e a outra na direção 3 -5 . Uma forquilha desse tipo requer duas enzimas DNA- polimerase diferentes. Entretanto, apesar de ser um modelo atraente, as DNA-polimerases nas forquilhas de replicação somente podem sintetizar na direção 5 -3 . Esse experimento revelou a existência de segmentos transitórios com 1.000 a 2.000 nucleotídeos de comprimento, geralmente conhecidos como fragmentos de Okazaki, presentes na forquilha de replicação crescente Foi demonstrado que os fragmentos de Okazaki são polimerizados apenas na cadeia de direção 5 -3 e são unidos após sua síntese, formando longas cadeias de DNA. Assim, a forquilha de replicação possui uma estrutura assimétrica (Figura 5-7). A fita-filha de DNA sintetizada continuamente é denominada fita-líder, ou fita contínua. Sua síntese precede levemente a síntese da fita-filha sintetizada de modo descontínuo, conhecida como fita retardada, ou fita descontínua. Na fita retardada, a direção da polimerização dos nucleotídeos é oposta à direção Resumo por Emanuella Fonseca do crescimento da cadeia de DNA. A síntese dessa fita pelo mecanismo descontínuo e “ao contrário” significa que apenas o tipo de DNA-polimerase 5 para 3 é utilizado na replicação de DNA A alta fidelidade da replicação do DNA requer diversos mecanismos de correção Se a DNA-polimerase não fizesse nada quando um pareamento errado ocorresse entre o DNA- molde e o desoxirribonucleotídeo recém-polimerizado, o nucleotídeo errado seria incorporado à cadeia nascente de DNA, produzindo mutações frequentes. A alta fidelidade da replicação do DNA depende, dessa forma, não apenas do pareamento entre as bases complementares, mas também de vários mecanismos de “correção” que atuam de forma sequencial para corrigir qualquer pareamento incorreto que possa ter ocorrido A DNA-polimerase realiza a primeira etapa da correção e ocorre imediatamente antes da adição covalente de um novo nucleotídeo à cadeia crescente. O nucleotídeo correto tem uma maior afinidade pela polimerase em movimento em comparação ao incorreto, porque o pareamento correto é energeticamente mais favorável. Além disso, após a ligação do nucleotídeo, mas antes da sua ligação covalente à cadeia crescente, a enzima precisa sofrer uma alteração conformacional que promove um ajuste desse “encaixe” em torno do sítio ativo (ver Figura 5- 4). Como essa alteração ocorre mais prontamente com o pareamento correto do que com o incorreto, a polimerase pode verificar novamente a geometria exata do pareamento de bases antes de catalisar a adição do novo nucleotídeo. A próxima reação de correção de erro, conhecida como correção exonucleolítica, ocorre imediatamente após os raros casos em que um nucleotídeo incorreto é covalentemente adicionado à cadeia crescente. As DNA-polimerases são altamente específicas para os tipos de cadeias de DNA que alongam: elas necessitam de um pareamento de bases previamente formado, com extremidade 3 -OH, de uma fita iniciadora (iniciador) (ver Figura 5-4). Essas moléculas de DNA com um malpareamento (pareamento impróprio) de nucleotídeos na extremidade 3 -OH da fita iniciadora não servem como molde eficiente porque a polimerase tem dificuldades em alongar a fita. As moléculas de DNA-polimerase corrigem essas fitas iniciadoras com pareamentos incorretos por um sítio catalítico separado (em uma subunidade separada ou em um domínio separado da molécula, dependendo da polimerase). Essa exonuclease de correção de erro 3 - 5 remove qualquer nucleotídeo não pareado ou mal pareado na extremidade do iniciador, Resumo por Emanuella Fonseca continuando até que um número suficiente de nucleotídeos tenha sido removido, e daí regenerar uma extremidadeterminal 3 -OH corretamente pareada capaz de iniciar a síntese de DNA. Dessa forma, a DNA-polimerase atua como uma enzima de “autocorreção”, que remove seus próprios erros de polimerização conforme se desloca pelo DNA As RNA-polimerases são capazes de iniciar novas cadeias polinucleotídicas sem um iniciador. Uma enzima especial de polimerização de nucleotídeos sintetiza pequenas moléculas de iniciadores de RNA na fita retardada Na fita-líder, apenas um iniciador é necessário para o início da replicação: uma vez que a forquilha de replicação esteja estabelecida, a DNA-polimerase é continuamente apresentada à extremidade da cadeia com o pareamento ao qual irá adicionar novos nucleotídeos. No lado descontínuo da forquilha, por outro lado, cada vez que a DNA- -polimerase completa um pequeno fragmento de Okazaki (o que leva alguns segundos), ela deve novamen Um mecanismo especial produz uma fita iniciadora complementar necessária à DNA- polimerase. Esse mecanismo depende de uma enzima chamada de DNA-primase, que utiliza ribonucleosídeos trifosfato para sintetizar pequenos iniciadores de RNA na fita retardada . A síntese de cada fragmento de Okazaki termina quando a DNA-polimerase encontra o iniciador de RNA ligado à extremidade 5 do fragmento anterior. Para produzir uma cadeia contínua de DNA a partir de vários fragmentos na fita retardada, um sistema especial de reparo atua rapidamente para retirar o iniciador de RNA e substituí-lo por DNA A seguir, uma enzima chamada de DNA-ligase liga a extremidade 3 do novo fragmento de DNA à extremidade 5 do fragmento anterior, completando o processo (Figura Por que um iniciador de RNA, que necessita ser removido, é preferível no lugar de um iniciador de DNA, que não teria a necessidade de remoção? O argumento de que uma polimerase autocorretiva não seria capaz de iniciar cadeias de novo também implica o contrário: uma enzima que inicia cadeias de modos diferentes não pode ser eficiente em autocorreção. E As DNA-helicases foram primeiramente isoladas como proteínas que hidrolisam adenosina trifosfato (ATP, adenosine triphosphate) quando ligadas a cadeias simples de DNA. Como descrito no Capítulo 3, a hidrólise do ATP pode alterar a conformação de uma molécula proteica de maneira cíclica, permitindo o trabalho mecânico executado pela proteína. As proteínas ligadoras de fita simples de DNA (SSB, single strand DNA-binding), também denominadas proteínas desestabilizadoras de hélices, ligam-se fortemente e de maneira cooperativa para expor fitas simples de DNA sem encobrir suas bases, que permanecem disponíveis como moldes. E Resumo por Emanuella Fonseca Um ensaio para as enzimas DNA-helicases. Um pequeno fragmento de DNA é hibridizado a uma longa molécula de DNA de fita simples, formando uma região de DNA de fita dupla. A dupla-hélice é desfeita à medida que a helicase passa pelo DNA de fita simples, liberando o pequeno fragmento de DNA em uma reação que requer a presença da proteína helicase e de ATP. O movimento sequencial rápido da helicase é promovido pela hidrólise de ATP (mostrada esquematicamente na Figura 3-75A). Como indicado, várias DNA-helicases são compostas por seis subunidades. Uma cinta deslizante mantém a DNA-polimerase em movimento sobre o DNA A tendência à rápida dissociação da molécula de DNA permite que a DNA-polimerase que recém terminou a síntese de um fragmento de Okazaki na fita retardada seja reciclada rapidamente e possa iniciar a síntese do próximo fragmento de Okazaki na mesma fita. . Essa rápida dissociação, entretanto, dificultaria a síntese, pela DNA-polimerase, de longas fitas produzidas na forquilha de replicação caso não houvesse uma proteína acessória (chamada de PCNA em eucariotos) que atuasse como uma cinta deslizante. Essa cinta mantém a polimerase firmemente associada ao DNA enquanto está em movimento, mas a libera tão logo a polimerase encontre uma região de DNA de fita dupla. Na forquilha de replicação, as proteínas cooperam para formar uma maquinaria de replicação Na frente da forquilha de replicação, a DNA-helicase abre a dupla-hélice de DNA. Duas moléculas de DNA-polimerase trabalham na forquilha uma na fita-líder, e outra na fita retardada. Enquanto a molécula de DNA-polimerase na fita-líder pode operar de modo contínuo, a molécula de DNA- Resumo por Emanuella Fonseca polimerase na fita retardada deve reiniciar em intervalos curtos, utilizando os pequenos iniciadores de RNA produzidos pela DNA- -primase. A íntima associação de todos esses componentes proteicos aumenta bastante a eficiência da replicação, sendo possível graças à conformação da fita retardada que parece enovelar-se para trás como mostra a Figura 5-18A. Esse arranjo também facilita a formação da cinta da polimerase cada vez que um fragmento de Okazaki é sintetizado: o montador da cinta e a molécula de DNA-polimerase da fita retardada são mantidos unidos como parte da maquinaria proteica mesmo quando dissociados do DNA- molde. As proteínas da replicação são, portanto, mantidas unidas formando uma única unidade de grande tamanho (massa molecular total > 106 dáltons), permitindo que o DNA seja sintetizado dos dois lados da forquilha de modo eficiente e coordenado. Um sistema de reparo de pareamento incorreto remove erros de replicação que escapam da maquinaria de replicação Esse sistema de reparo de pareamento incorreto detecta o potencial de distorção na hélice de DNA que resulta da interação incorreta entre bases não complementares. Se o sistema de correção simplesmente reconhecesse um malpareamento no DNA recém-sintetizado e corrigisse de forma aleatória qualquer um dos dois nucleotídeos, o sistema “corrigiria” erroneamente o molde original da metade dos casos e, portanto, não reduziria a taxa total de erros. Para ser eficiente, esse sistema deve ser capaz de diferenciar e remover o nucleotídeo incorreto apenas na fita recém-sintetizada, onde o erro ocorreu. A fita retardada de DNA recém-sintetizada contém quebras temporárias (antes de serem unidas pela DNA-ligase), e essas quebras (também chamadas quebras de fita-simples) fornecem o sinal que direciona o sistema de correção de malpareamento à fita correta. Essa estratégia requer que as fitas de DNA recém-sintetizadas na fita-líder também sejam transitoriamente clivadas; ainda não está claro como isso ocorre. Resumo por Emanuella Fonseca As DNA-topoisomerases evitam o emaranhamento do DNA durante a replicação O deslocamento da forquilha de replicação ao longo da fita dupla de DNA cria o chamado “problema do enrolamento”. As duas fitas parentais, que estão enroladas uma sobre a outra, devem ser desenroladas e separadas para ocorrer a replicação. Para cada 10 pares de nucleotídeos replicados na forquilha, uma volta completa na dupla-hélice parental deve ser desenrolada. Em princípio, esse desenrolamento pode ser obtido pela rotação acelerada de todo cromossomo à frente da forquilha em movimento; contudo, isso é muito desfavorável energeticamente (em especial em cromossomos longos) e, pelo contrário, o DNA à frente da forquilha de replicação torna-se supertorcido (Figura 5–20). Essa supertorção, por sua vez, é continuamente aliviada por proteínas conhecidas como DNA- topoisomerases. Uma DNA-topoisomerase pode ser entendida como uma nuclease reversível que se liga covalentemente a um fosfato da cadeia principal do DNA, clivando uma ligação fosfodiéster na fita de DNA. Essa reação é reversível, e a ligação fosfodiéster é regenerada quando a proteína é liberada. Um tipo de topoisomerase, chamado de topoisomerase I, produz uma clivagem temporária na fita simples; essa quebra na cadeia permite que as duas porções da hélice de DNA, formadas dos dois lados da quebra, girem livremente uma em relação à outra, usando a ligação fosfodiéster na fita oposta à quebra como ponto desuporte para a rotação (Figura 5-21). Qualquer tensão na hélice de DNA irá ditar a rotação na direção que alivia essa tensão. Como resultado, a replicação pode ocorrer com a rotação de pequenos segmentos da hélice – a porção logo à frente da forquilha. Como a ligação covalente que une a proteína DNA-topoisomerase ao fosfato do DNA mantém a energia da clivagem da ligação fosfodiéster, a religação é rápida e não requer fornecimento adicional de energia. Um segundo tipo de DNA-topoisomerase, a topoisomerase II, forma uma ligação covalente com ambas as fitas da hélice de DNA ao mesmo tempo, formando uma quebra de fita dupla temporária na hélice. Essas enzimas são ativadas em sítios nos cromossomos onde duas duplas hélices foram cruzadas uma sobre a outra como as produzidas por superespirais à frente de uma Resumo por Emanuella Fonseca forquilha de replicação (ver Figura 5-20). Uma vez que a molécula de topoisomerase II liga-se a um desses sítios de cruzamento, a proteína utiliza a hidrólise do ATP para executar, de maneira eficiente, um conjunto de reações: (1) clivagem reversível de uma dupla-hélice, criando uma “abertura” no DNA; (2) passagem da segunda dupla-hélice, que está próxima, pela abertura; e (3) religação da quebra e dissociação do DNA. Nos pontos de entrecruzamento produzidos pela superespiral, a passagem da dupla-hélice pela abertura ocorre na direção que reduz a espiral. Desta forma, as topoisomerases do tipo II podem aliviar a tensão do superenrolamento formada à frente da forquilha. Seu mecanismo de reação também permite que as topoisomerases do tipo II separem dois círculos entrelaçados de DNA de maneira eficiente. Existem mais componentes proteicos na maquinaria de replicação eucariótica em comparação aos seus análogos em bactérias, apesar de as funções básicas serem as mesmas. Assim, por exemplo, a proteína SSB eucariótica é formada por três subunidades, enquanto apenas uma única subunidade é encontrada em bactérias. Da mesma forma, a DNA-primase eucariótica é incorporada em uma enzima com múltiplas subunidades que também contém a polimerase, chamada de DNA-polimerase a-primase. Esse complexo proteico inicia cada fragmento de Okazaki na fita retardada com o RNA e estende, então, o iniciador de RNA com um pequeno segmento de DNA. Nesse ponto, as duas principais DNA-polimerases replicativas eucarióticas, Pold e Pol , entram em ação: Pold completa cada fragmento de Okazaki na fita retardada e Pol alonga a fita-líder. A replicação do DNA necessita da cooperação de várias proteínas, incluindo (1) a DNA- polimerase e a DNA-primase, que catalisam a polimerização dos nucleosídeos trifosfato; (2) as DNA-helicases e as proteínas ligadoras de DNA de fita simples (SSB), que auxiliam na abertura da dupla-hélice para permitir que as fitas sejam copiadas; (3) a DNA-ligase e uma enzima que degrada os iniciadores de RNA, para ligar os fragmentos descontínuos de DNA formados na fita retardada, e (4) as DNA-topoisomerases, que aliviam a tensão causada pelo enrolamento helicoidal e os problemas de emaranhamento do DNA. Muitas dessas proteínas associam-se entre si na forquilha de replicação, formando uma “maquinaria de replicação” altamente eficiente, em que as atividades e os movimentos espaciais dos componentes individuais são coordenados. Resumo por Emanuella Fonseca A síntese de DNA inicia na origem de replicação Para iniciar a replicação do DNA, a dupla-hélice deve primeiramente ser aberta e as duas fitas separadas para expor as bases não pareadas. Como veremos, o processo de replicação de DNA é iniciado por proteínas iniciadoras especiais As posições onde a hélice inicialmente é aberta são chamadas de origens de replicação (Figura 5-23). Em células simples, como bactérias e leveduras, as origens são determinadas por sequências de DNA formadas por várias centenas de pares de nucleotídeos. Esse DNA contém pequenas sequências de DNA que atraem as proteínas iniciadoras e segmentos de DNA especialmente fáceis de separar. Vimos na Figura 4-4 que o par de base A-T é unido por menos ligações de hidrogênio do que o par G-C. Portanto, segmentos de DNA ricos em pares de bases A-T são relativamente mais fáceis de serem separados, e essas regiões de DNA ricas em pares A-T estão normalmente presentes nas origens de replicação. Os cromossomos eucarióticos contêm múltiplas origens de replicação Vimos como, nas bactérias, duas forquilhas de replicação são formadas em uma única origem de replicação. Essas forquilhas procedem em direções opostas, distanciando-se da origem até que todo o DNA contido em um único cromossomo circular seja replicado. O genoma bacteriano é relativamente pequeno, levando cerca de 30 minutos para ser totalmente duplicado a partir Resumo por Emanuella Fonseca das duas forquilhas. Como os cromossomos eucarióticos são muito maiores, uma estratégia diferente é utilizada para permitir sua replicação em um tempo hábil. Experimentos desse tipo demonstraram o seguinte: (1) De 30 mil a 50 mil origens de replicação são utilizadas cada vez que uma célula humana se divide. (2) O genoma humano possui muitas outras origens em potencial (talvez 10 vezes mais), e diferentes tipos celulares usam diferentes combinações de origens. Isso pode permitir que a célula coordene suas origens ativas com outras características de seus cromossomos como a expressão seletiva de seus genes. O excesso de origens também fornece “reserva de segurança” caso a origem principal falhe. (3) Como nas bactérias, as forquilhas de replicação A replicação de DNA em eucariotos ocorre apenas durante uma etapa do ciclo celular Durante o crescimento rápido, as bactérias replicam o seu DNA quase de forma contínua. Em contraste, a replicação do DNA na maioria das células eucarióticas ocorre apenas durante uma parte do ciclo de divisão celular, chamada de fase de síntese de DNA, ou fase S. As quatro fases sucessivas de um ciclo celular padrão em eucariotos. Durante as fases G1, S e G2, a célula cresce continuamente. Na fase M o crescimento para, ocorre a divisão nuclear e a célula se divide em duas. A replicação do DNA é limitada à parte do ciclo celular conhecida como fase S. G1 é o intervalo entre as fases M e S; G2 é o intervalo entre as fases S e M. Resumo por Emanuella Fonseca INTERMEDIARIA PB1 Como as células leem o genoma: do DNA à proteína DO DNA AO RNA A transcrição e a tradução são os meios pelos quais as células leem, ou expressam, as instruções genéticas de seus genes. Como muitas cópias idênticas de RNA podem ser produzidas a partir do mesmo gene, e como cada molécula de RNA pode promover a síntese de várias moléculas idênticas de proteína, as células podem, quando necessário, sintetizar uma grande quantidade de proteína a partir de um simples gene. As moléculas de RNA são fitas simples A primeira etapa executada pela célula para ler a informação necessária a partir de suas instruções genéticas é a cópia de um segmento específico da sequência de nucleotídeos do DNA – um gene – sob a forma de uma sequência de nucleotídeos de RNA (Figura 6-4). A informação na forma de RNA, embora copiada em uma forma química distinta, ainda é escrita essencialmente na mesma linguagem do DNA – a linguagem de uma sequência de nucleotídeos. Por isso, o nome dado para a produção de moléculas de RNA a partir do DNA é transcrição. Assim como o DNA, o RNA é um polímero linear composto por quatro tipos diferentes de subunidades nucleotídicas unidas entre si por ligações fosfodiéster (ver Figura 6-4). O RNA difere quimicamente do DNA em dois aspectos: (1) os nucleotídeos do RNA são ribonucleotídeos – isto é, eles contêm o açúcar ribose (de onde vem o nome ácido ribonucleico) em vez de desoxirribose; (2) embora, assim como o DNA, oRNA contenha as bases adenina (A), guanina (G) e citosina (C), ele contém a base uracila (U), em vez da timina (T), que ocorre no DNA (Figura 6-5). Uma vez que U, assim como T, pode formar pares pelo estabelecimento de ligações de hidrogênio com A (Figura 6-6), as propriedades de complementaridade por pareamento de bases descritas para o DNA nos Capítulos 4 e 5 também se aplicam ao RNA (no RNA, G forma par com C, e A forma par com U). No entanto, é possível encontrar outros tipos de pareamento de bases no RNA: por exemplo, G ocasionalmente forma par com U. Resumo por Emanuella Fonseca A transcrição produz uma molécula de RNA complementar a uma das fitas do DNA Todo o RNA de uma célula é produzido a partir da transcrição do DNA, em um processo que apresenta certas similaridades em relação ao processo de replicação do DNA, discutido no Capítulo 5. A transcrição inicia com a abertura e a desespiralização de uma pequena porção da dupla-hélice de DNA, o que expõe as bases em cada fita do DNA. Quando um pareamento adequado é estabelecido (A com T, U com A, G com C e C com G), o ribonucleotídeo a ser incorporado é covalentemente ligado à cadeia de RNA em formação, através de uma reação catalisada enzimaticamente. A cadeia de RNA produzida por transcrição – o transcrito – é, a seguir, aumentada 1 nucleotídeo por vez e possui uma sequência de nucleotídeos exatamente complementar à fita de DNA utilizada como molde (Figura 6-8). No entanto, a transcrição difere da replicação de DNA em vários aspectos importantes. Diferentemente de uma fita de DNA recém-formada, a fita de RNA não permanece ligada à fita de DNA-molde por ligações de hidrogênio. Em um ponto situado imediatamente após a região onde os ribonucleotídeos foram adicionados, a cadeia de RNA é deslocada, e a hélice de DNA se reassocia. Assim, as moléculas de RNA produzidas pela transcrição são liberadas do DNA- molde sob a forma de fita simples. Além disso, como essas moléculas de RNA são copiadas apenas de uma região definida do DNA, as moléculas de RNA são muito menores que as moléculas de DNA.. RNA-polimerases realizam a transcrição As enzimas que realizam a transcrição são denominadas RNA-polimerases. Assim como a DNA- polimerase catalisa a replicação do DNA, as RNA-polimerases catalisam a formação de ligações fosfodiéster que conectam os nucleotídeos entre si formando uma cadeia linear. A RNA- polimerase se desloca passo a passo sobre o DNA, desespiralizando a dupla-hélice à frente do sítio ativo de polimerização e expondo, dessa forma, uma nova região da fita-molde para o pareamento de bases complementares. Dessa maneira, a cadeia de RNA em formação é estendida, nucleotídeo a nucleotídeo, na direção de 5’ para 3’. Os substratos são ribonucleosídeos trifosfato (ATP, CTP, UTP e GTP); assim como na replicação do DNA, a hidrólise de ligações altamente energéticas fornece a energia necessária para promover a reação. Resumo por Emanuella Fonseca Apesar de a RNA-polimerase catalisar essencialmente a mesma reação química que a DNA- polimerase, existem algumas diferenças importantes entre essas duas enzimas. Primeiramente, e mais óbvio, a RNA-polimerase catalisa a ligação de ribonucleotídeos, e não de desoxirribonucleotídeos. Segundo, ao contrário das DNA-polimerases envolvidas na replicação de DNA, as RNA- polimerases podem começar a síntese de uma cadeia de RNA sem um iniciador. Acredita-se que essa diferença seja possível porque a transcrição não necessita ser tão exata quanto a replicação do DNA (pois o RNA não armazena de modo permanente a informação genética nas células). Por fim, diferentemente das DNA-polimerases, que fazem seus produtos em segmentos posteriormente unidos, as RNA-polimerases são absolutamente processuais; isto é, a mesma RNA-polimerase que inicia uma molécula de RNA deve terminar sua síntese sem dissociação do molde de DNA. Se um ribonucleotídeo incorreto for adicionado à cadeia de RNA em formação, a polimerase pode retroceder e o sítio ativo da enzima pode realizar uma reação de excisão que é semelhante ao procedimento reverso da reação de polimerização, exceto que uma molécula de água substitui o pirofosfato e um nucleosídeo monofosfato é liberado. As células produzem diferentes categorias de moléculas de RNA A maioria dos genes presentes no DNA das células especifica a sequência de aminoácidos de proteínas; as moléculas de RNA que são copiadas a partir desses genes (e que consequentemente promovem a síntese de proteínas) são chamadas de moléculas de RNA mensageiro (mRNA). O produto final de outros genes, entretanto, é a própria molécula de RNA. Esses RNAs são conhecidos como RNAs não codificadores, pois eles não codificam proteínas. Os seres humanos provavelmente produzem em torno de 10 mil moléculas de RNA não codificador. Tais moléculas de RNA, assim como as proteínas, servem como componentes estruturais, reguladores e enzimáticos para uma ampla gama de processos na célula. No Capítulo 5 encontramos um deles atuando como o molde carregado pela enzima telomerase. Resumo por Emanuella Fonseca A iniciação da transcrição nos eucariotos requer várias proteínas Em contraste com as bactérias, que contêm um único tipo de RNA-polimerase, os núcleos eucarióticos têm três: RNA-polimerase I, RNA-polimerase II e RNA-polimerase III. As três polimerases são estruturalmente similares entre si e compartilham algumas subunidades, mas transcrevem diferentes categorias de genes (Tabela 6-2). As RNA-polimerases I e III transcrevem os genes que codificam RNA de transferência, RNA ribossômico e vários pequenos RNAs. A RNA-polimerase II transcreve a grande maioria dos genes, inclusive todos aqueles que codificam proteínas; assim, nossa discussão subsequente será focada nessa enzima. A RNA-polimerase II requer um conjunto de fatores gerais de transcrição Resumo por Emanuella Fonseca PS.: Quando a holoenzima polimerase desliza sobre uma sequência especial de nucleotídeos que indica o ponto de início para a síntese de RNA = promotor. Quando a enzima encontra um segundo sinal, o terminador, é onde a polimerase para e libera tanto a molécula de RNA recém-sintetizada quanto o molde de DNA. Os fatores gerais de transcrição ajudam a posicionar corretamente a RNA-polimerase eucariótica sobre o promotor, auxiliando a separação das duas cadeias de DNA para permitir o início da transcrição e liberando a RNA-polimerase do promotor para dar início ao seu modo de alongamento. As proteínas são “gerais”, porque elas são necessárias para praticamente todos os promotores utilizados pela RNA-polimerase II. São elas: TFIIA, TFIIB, TFIIC, TFIID, e assim por diante (TFII significando “fator de transcrição para a polimerase II”, do inglês transcription factor for polymerase II). O processo de associação começa quando o TFIID se liga a uma curta sequência de DNA de dupla-hélice principalmente composta por nucleotídeos T e A. Por essa razão, essa sequência é conhecida como a sequência TATA ou TATA-box, e a subunidade de TFIID que a reconhece é chamada de TBP (proteína de ligação a TATA, do inglês TATA-binding protein). Para a maioria dos promotores de polimerase II, ela é a mais importante. A ligação de TFIID provoca uma grande distorção no DNA do TATA- -box (Figura 6-17). Acredita- se que essa distorção sirva como um marco físico para a localização de um promotor ativo no interior de um genoma extremamente grande e que mantenha as sequências de DNA de ambos os lados da distorção unidas para permitir as etapas subsequentes de associação das proteínas do complexo. Outros fatores são, então, reunidos, junto à RNA-polimerase II, para formar um complexo de iniciação da transcrição completo. O mais complexo dos fatores gerais de transcrição é TFIIH, que contêm DNA HELICASE.Após a formação de um complexo de iniciação de transcrição sobre o DNA, a RNA-polimerase II deverá ter acesso à fita-molde no ponto de início da transcrição. A DNA-helicase como uma de suas subunidades, torna possível essa etapa com a hidrólise de ATP, desespiralização do DNA e consequente exposição da fita-molde. A seguir, a RNA-polimerase II, da mesma forma que a polimerase bacteriana, se liga ao promotor, sintetizando pequenos fragmentos de RNA até sofrer uma série de alterações Resumo por Emanuella Fonseca estruturais que permitem sua dissociação ao promotor e início da fase de extensão (ou alongamento) da transcrição. Uma etapa-chave para essa transição é a adição de grupos fosfato à “cauda” da RNA- polimerase (conhecida como CTD, ou domínio C-terminal, do inglês C-terminal domain). Durante a iniciação da transcrição, a serina localizada na quinta posição da sequência repetida (Ser5) é fosforilada por TFIIH, que contém uma proteína-cinase como uma de suas subunidades. A polimerase pode, então, separar-se do agrupamento de fatores gerais de transcrição. fortalecem sua interação com o DNA e adquire novas proteínas que lhe permitem transcrever por longas distâncias e, em muitos casos, por várias horas, sem se dissociar do DNA. Uma vez que a polimerase II tenha iniciado a extensão do transcrito de RNA, a maioria dos fatores gerais de transcrição é liberada do DNA de forma que eles estarão disponíveis para iniciar outro ciclo de transcrição, com uma nova molécula de RNA- -polimerase. Como vimos resumidamente, a fosforilação da cauda da RNA-polimerase II tem uma função adicional: ela também faz os componentes da maquinaria do processamento do RNA se associarem à polimerase e, dessa forma, estarem em posição para modificar o RNA recém- transcrito assim que ele emergir da polimerase. A polimerase II também requer proteínas ativadoras, mediadoras e modificadoras de cromatina O DNA das células eucarióticas está empacotado em nucleossomos, os quais ainda são organizados em estruturas de cromatina de maior complexidade. Como resultado, a iniciação da transcrição nas células eucarióticas é mais complexa e requer mais proteínas do que a iniciação da transcrição em DNA purificado. Primeiramente, as proteínas reguladoras de genes conhecidas como ativadoras transcricionais devem se ligar a sequências específicas sobre o DNA (denominadas enhancers ou estimuladores) e auxiliar a atrair a RNA-polimerase II para o ponto de iniciação da transcrição. Em segundo lugar, a iniciação da transcrição eucariótica in vivo necessita da presença de um grande complexo proteico conhecido como Mediador, o qual permite que as proteínas ativadoras se comuniquem adequadamente com a polimerase II e com os fatores gerais de transcrição. Por fim, a iniciação da transcrição nas células eucarióticas normalmente requer o recrutamento de enzimas modificadoras da cromatina, como complexos remodeladores de cromatina e enzimas modificadoras de histonas, para aumentar o acesso ao DNA da cromatina e, assim, facilitam a montagem da maquinaria de iniciação da transcrição sobre o DNA. Como ilustrado na Figura 6-18, várias proteínas (bem mais de uma centena de subunidades individuais) devem se associar no ponto de início da transcrição para promover a iniciação da transcrição em uma célula eucariótica. Para iniciar a transcrição, a RNA-polimerase II deve ser liberada desse grande complexo de proteínas. Além das etapas descritas na Figura 6-14, essa liberação muitas vezes requer a proteólise in situ da proteína ativadora. Resumo por Emanuella Fonseca O alongamento da transcrição nos eucariotos requer proteínas acessórias As RNA-polimerases em funcionamento, tanto em bactérias quanto em eucariotos, estão associadas a uma série de fatores de alongamento (ou fatores de extensão), proteínas que diminuem a probabilidade de dissociação da RNA-polimerase antes que esta chegue ao término de um gene. As RNA-polimerases eucarióticas também devem lidar com a estrutura da cromatina conforme elas se movem sobre o molde de DNA e, para isso, geralmente são auxiliadas por complexos de remodelagem da cromatina dependentes de ATP que podem mover-se com a polimerase ou simplesmente podem procurar e resgatar uma polimerase que eventualmente esteja paralisada. Além disso, as chaperonas de histonas ajudam a dissociar parcialmente os nucleossomos a frente de uma RNA-polimerase em movimento e a associá- -los após sua passagem. A transcrição cria tensão super-helicoidal Propriedade sutil inerente ao DNA de dupla-hélice denominada supertorção do DNA. A criação de alças ou dobras em uma molécula de DNA dupla hélice pode criar tal tensão. A tensão super-helicoidal é criada conforme a RNA-polimerase se move ao longo da fita de DNA que possui extremidades fixas (ver Figura 6-19C). Considerando que a polimerase não é livre para girar rapidamente (e que tal rotação é pouco provável devido ao tamanho das RNA- polimerases e de seus transcritos acoplados), uma polimerase em movimento gera tensão positiva da super-hélice no DNA à sua frente e tensão helicoidal negativa atrás de si. Para eucariotos, acredita-se que essa situação represente um bônus: embora a tensão super- helicoidal positiva à frente da polimerase torne a hélice de DNA mais difícil de abrir, a tensão deve facilitar o desenrolamento parcial do DNA nos nucleossomos. Nos eucariotos, as enzimas DNA-topoisomerases removem rapidamente essa tensão da super- hélice. Resumo por Emanuella Fonseca Outras etapas essenciais incluem a modificação covalente de ambas as extremidades do RNA e a remoção de sequências de íntrons que são retiradas do transcrito de RNA pelo processo de splicing do RNA. Ambas as extremidades do mRNA eucariótico são modificadas: pelo capeamento na extremidade 5’ e pela poliadenilação na extremidade 3’. Essas extremidades especiais permitem que a célula verifique se ambas as extremidades de uma molécula de mRNA estão presentes (e, como consequência, se a mensagem está intacta), antes de exportar o RNA do núcleo para ser traduzido em proteína. A retirada de íntrons do RNA une as diferentes porções de uma sequência codificadora de proteínas e permite que os eucariotos superiores tenham a capacidade de sintetizar várias proteínas diferentes a partir do mesmo gene. Uma etapa-chave da iniciação da transcrição pela RNA-polimerase II é a fosforilação da cauda da RNA-polimerase II, também denominada CTD (domínio C-terminal). Essa fosforilação, que ocorre gradualmente à medida que a RNA-polimerase inicia a transcrição e move-se ao longo do DNA, não apenas ajuda a dissociar a RNA-polimerase II das outras proteínas presentes no ponto de início da transcrição, como também permite que um novo conjunto de proteínas que atuam no alongamento da transcrição e no processamento do RNA se associe à cauda da RNA- polimerase. Como discutiremos a seguir, algumas dessas proteínas de processamento parecem “saltar” da cauda da polimerase sobre a molécula de RNA em formação para começar seu processamento, conforme ela emerge da RNA-polimerase. Resumo por Emanuella Fonseca Assim, podemos ver a RNA polimerase II no seu modo de alongamento, como uma fábrica de RNA que não apenas se move sobre o DNA sintetizando uma molécula de RNA, mas que também processa o RNA produzido (Figura 6-22). A CTD totalmente estendida é quase 10 vezes mais longa que o restante da RNA-polimerase. Por ser um domínio proteico flexível, a CTD atua como um suporte ou como uma corda, mantendo próximas uma ampla variedade de proteínas que poderão atuar de forma rápida, quando necessário. Essa estratégia, que acelera significativamente a taxa global de uma série de reações consecutivas, é amplamente utilizada nas células. O capeamento do RNA é a primeira modificação dos pré-mRNAs eucarióticos P 352 O splicing... Intron eexons são transcritos, sendo que o exon, porção codificante ´ebem menor que o intron. As sequencias do sintrons são removidos do RNA jovem por meio do splicing. Ele atua na produção do mRNA por isso chamamos de plicing precursor do Mrna OU PR-Erna. Só dps do splicing que o chamamos de mRNA. Cada evento do splicing remove um intron por duas reações sequenciais de fosforil = transesterificações, que unem dois exons. A vantagem é que durante o slipicing os exons podem ser unidos de diversas maneiras, = um gene produzindo diversas proteínas. As sequencias nucleotidicas... p 349 O ribossomo é uma ribozima O ribo é feito de proteína – um terço – e rna – dois terços. São os rRNAs e não as proteínas os reponsabeis pela sua estrutura e capacidades, como de colocar trna sobre mrna. Geralmente ficam na supericie e preenchem frestas da estrutura dobrada do rna. Os stitios A P E são formados por rrnas. As moléculas de rna que possuem atividade catalítica são conhecidas como ribozimas. Ex.: atuar no auto splicing do rna. A exatidão na tradução requer gasto de energia livre A síntese de ptn na maioria das células consome mais energia do que qualquer outro processo de biossíntese. Pelo menos 4ligações fosfato altamente energéticas são rompidas para produzir uma nova. Duas são consumidas ao se carregar trna com um AA e outras duas direcionam passos no ciclo de reações que ocorrem no ribossomo. Assim como há gasto quando há reparo no processo (por hidrolise). Diversos processos biológicos superam as limitações inerentes ao pareamento de bases complementares O primeiro é o encaixe induzido. Vimos que, antes de um aminoácido ser adicionado a uma cadeia polipeptídica em crescimento, o ribossomo se enovela em torno da interação códon- Resumo por Emanuella Fonseca anticódon e apenas quando o pareamento está correto este enovelamento é interrompido e a reação pode prosseguir. Assim, a interação códon-anticódon é verificada duas vezes, a primeira pelo pareamento de bases complementares e uma segunda pelo enovelamento do ribossomo, que depende da exatidão do pareamento. Um segundo princípio usado para aumentar a especificidade do pareamento de bases complementares é a chamada correção cinética. Vimos que após o pareamento inicial códon- anticódon e a alteração conformacional do ribossomo, o GTP é hidrolisado. Isso cria uma etapa irreversível e marca o início do intervalo de tempo durante o qual a aminoacil-tRNA se move para a posição apropriada para a catálise. Durante esse intervalo, os pares de códon-anticódon incorretos, que de alguma forma escaparam ao escrutínio do encaixe induzido, apresentam uma maior probabilidade de se dissociar do que os pares corretos. Há duas razões para isso: (1) a interação do tRNA errado com o códon é mais fraca, e (2) o intervalo é mais longo para os pareamentos incorretos do que para os corretos. OBJ 3 COMO FUNCIONAM OS COMUTADORES TRANSCRICIONAIS A transcrição é controlada por proteínas que se ligam em sequências regulatórias de DNA Além do promotor, praticamente todos os genes, tanto bacterianos como eucarióticos, possuem sequências regulatórias de DNA que são usadas para ativar ou desativar o gene. Sequências regulatórias de DNA não trabalham sozinhas. Para funcionarem, essas sequências precisam ser reconhecidas por proteínas chamadas de reguladores transcricionais que se ligam ao DNA. É a combinação de uma sequência de DNA e as suas moléculas de proteína associadas que atua como o comutador de controle da transcrição. Comutadores da transcrição permitem às células responderem a mudanças no ambiente m óperon – um conjunto de genes que é transcrito em um único mRNA Quando a proteína de regulação gênica se liga a essa sequência nucleotídica, denominada operador, ela bloqueia o acesso da RNA-polimerase ao promotor; isso impede a transcrição do óperon e a produção das enzimas produtoras de triptofano. Essa proteína de regulação gênica é conhecida como o repressor do triptofano e é regulada de forma engenhosa: o repressor pode ligar-se ao DNA somente se ele estiver também ligado a várias moléculas do aminoácido triptofano. epressor do triptofano é uma proteína alostérica (ver Figura 4-37): a ligação do triptofano induz uma sutil alteração na sua estrutura tridimensional de maneira que ela pode agora ligar-se ao operador de DNA. Quando a concentração de triptofano livre na célula cai, o repressor não mais se liga ao triptofano e, assim, não mais se liga ao DNA, e o óperon do triptofano é transcrito. O repressor é, dessa forma, um simples mecanismo que ativa e desativa a produção de um conjunto de enzimas biossintéticas de acordo com a disponibilidade do produto final da via que as enzimas catalisam. A bactéria pode responder muito rapidamente ao aumento na concentração do triptofano, porque a própria proteína repressora do triptofano está sempre presente na célula. O gene que a codifica é continuamente transcrito em um nível baixo, de Resumo por Emanuella Fonseca maneira que uma pequena quantidade da proteína repressora está sempre sendo produzida. Tal expressão gênica não regulada é conhecida como expressão gênica constitutiva. Repressores inativam genes, ativadores ativam genes O repressor do triptofano, como o seu nome sugere, é uma proteína repressora: na sua forma ativa, ela desliga os genes, ou os reprime. Essas proteínas ativadoras atuam nos promotores que – ao contrário do promotor para o operador do triptofano – são, por si próprios, apenas marginalmente hábeis a ligarem-se e a posicionarem-se na RNA-polimerase;