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1 Gastroenterologia Izadora Bohier – medUfes 103 ANATOMIA DA ÁRVORE BILIAR • Os ductos biliares, que vão drenar todo o suco pancreático, que vai ser armazenado na vesícula, ele tem o ultimo contato com o pâncreas e com uma parte inclusive intra pancreática • O canal do ducto biliar sai junto com o ducto pancreático, onde a bile e o suco pancreático saem no intestino delgado, na papila de Vater • A colecistite é a formação de cálculos biliares, que podem ser de colesterol (cálculos brancos) ou de bilirrubina (cálculos negros e quebradiços) • Ocorre em até 20% dos adultos, por isso é importante conhecer. Porém, poucos pacientes desenvolvem sintomas • Doença da vesícula biliar e da via biliar → Litíase biliar e litíase coledociana → presença de cálculos na vesícula ou no ducto biliar comum e os sintomas e complicações PATOGÊNESE • Fatores genéticos • Hipersecreção hepática do colesterol (pacientes que têm distúrbios de lipídios têm mais calculo biliar) • Hipomotilidade da vesícula • Hipersecreção e acúmulo de mucina na vesícula • Alterações intestinais (absorção de colesterol, tempo de trânsito intestinal, neuro-hormônios intestinais e microbiota intestinal) FATORES ASSOCIADOS A LITÍASE BILIAR • Doença cardiovascular (40% a mais a mortalidade) • Cânceres gastrointestinais (30% a mais) • Doença hepática gordurosa não alcóolica (2x mais que a população controle) 2 Gastroenterologia Izadora Bohier – medUfes 103 FATORES DE RISCO PARA TER CALCULO DE COLESTEROL • Aumento da idade • Sexo feminino • Gravidez • Síndrome metabólica e resistência a insulina • Vida sedentária • Obesidade • Rápida perda de peso • Dieta rica em colesterol • Estase da vesícula biliar • Estrogênio e contraceptivos orais • Diabetes FATORES DE RISCO PARA TER CALCULOS DE BILIRRUBINA • Anormalidades no metabolismo da bilirrubina no eixo intestinal e hepática • Cirrose hepática • Anemia hemolítica • Fibrose cística • Doença de Crohn • Ressecção ileal extensa • Infecção biliar • Dietas deficientes em ácido fólico ou vitamina B12 • Envelhecimento RISCO DE COLECISTITE • Sexo feminino • Múltiplos cálculos • Cálculos maior que 10mm • Mais de 50 anos DIAGNÓSTICO • Incidental • Se cólica biliar o USG abdominal o Enzimas hepáticas • Se USG normal e enzimas hepáticas alteradas o Colangioressonância o USE (ultrassom endoscópico) HISTÓRIA NATURAL DE PACIENTES ASSINTOMATICOS • Maioria dos pacientes permanecem assintomáticos o Incidência de sintomas de 1 a 4% ao ano • Complicações incomuns em pacientes assintomáticos • Considerando a história natural benigna e os custos e riscos gerais da cirurgia (morbidade e mortalidade), pacientes assintomáticos ou com sintomas atípicos devem realizar tratamento conservador. • Quando teve sintomas: grande possibilidade de recorrência e complicações. Nesse caso, o tratamento é cirúrgico. 3 Gastroenterologia Izadora Bohier – medUfes 103 COLECISTECTOMIA PROFILÁTICA EM PACIENTES ASSINTOMÁTICOS CONDUTA NOS PACIENTES SINTOMÁTICOS • Analgésicos não narcóticos de ação rápida, como AINEs (superiores aos antiespasmódicos) • Opioides (meperidina, hidromorfona, butorfanol) podem ser usados TRATAMENTO CIRÚRGICO • Colecistectomia → tratamento de cálculos biliares sintomáticos e não complicados o Realizada em pacientes com cólica biliar há menos de 24h o 24 a 72h em pacientes com colecistite aguda → realizar cirurgia após 6 semanas o 48h em pacientes com pancreatite aguda • Colecistectomia videolaparoscópica (VL) e colecistectomia por pequena incisão (<8cm de comprimento) • Mortalidade de 0,1-0,7% • Internação breve, inclusive com o hospital dia TRATAMENTO MEDICAMENTOSO • Ácido ursodesoxicólico → cálculos de colesterol pequenos (≤ 5mm de diâmetro) e não calcificados, em vesícula funcionante, com ducto cístico “patente”, que não podem ser operados. o Reduz a secreção hepática do colesterol biliar e dessatura a bile da vesícula biliar. COMPLICAÇÕES DOS CÁLCULOS BILIARES Colecistite aguda: • Critérios diagnósticos e gravidade da colecistite aguda: o Sinais locais de inflamação como: (1) sinal de Murphy (2) massa, dor e plastrão no quadrante superior direito do abdome o Sinais sistêmicos de inflamação: (1) febre (2) elevação da proteína C reativa, (3) leucocitose o Exames de imagens sugestivas de colecistite o Suspeita diagnostica → um sinal do item 1 e um sinal do item 2 o Diagnostico definitivo → 1 sinal do item 1 e 1 sinal do item 2+3 • Tratamento: o Analgesia o Antimicrobianos 4 Gastroenterologia Izadora Bohier – medUfes 103 o Cuidados de suporte o Monitoramento de parâmetros vitais e hemodinâmica • Videolaparoscopia X cirurgia aberta o A VL tem metade da morbidade pós-operatória o Menor mortalidade o Menor infecção e pneumonia o Menos dias de internação o Não houve diferença nas complicações cirúrgicas Coledocolitíase: • Condição primária (cálculos no ducto biliar comum) • Migração do cálculo da vesícula biliar • Pressão ductal > 25cm → refluxo colangiovenoso e colangiolinfático, com bacteremia e endotoxinemia • Estase biliar prolongada – cirrose biliar secundária • Translocação bacteriana – colangite • Ocorre 6 a 9% em pacientes com cálculo biliar • VL com colangiografia intraoperatória, com ou sem CPRE pós-operatória → custo efetiva e deve ser realizada Pancreatite biliar aguda: • Micro litíase → principal causa de PA • Para o diagnostico faz-se ultrassom endoscópico (USE) ou colagioressonância pancreática (CPRM) • CPRE precoce (24h de admissão) com papilotomia para remover cálculos em PA e colangite Íleo de cálculos biliares (parada dos movimentos peristálticos no intestino): • Complicação rara (<0,5%) • Secundária a uma fístula biliar-entérica • Altas taxas de mortalidade e morbidade, especialmente em pacientes idosos • Pode levar à obstrução mecânica do intestino quando o cálculo atinge a válvula ileocecal Síndrome de Mirizzi: • Complicação rara • Cálculo impacta no ducto cístico ou na bolsa de Hartmann e leva à compressão e obstrução do ducto hepático comum ou do ducto biliar comum • Formação de fístula colecistoentérica Carcinoma de vesícula biliar: • Litíase biliar → principal fator de risco para o câncer de vesícula biliar • É raro, ocorre em menos de 3% dos pacientes com cálculos biliares Colecistite aguda acalculosa: • Doença necroinflamatória aguda na ausência de calculo biliar • Patogênese multifatorial • Ocorre em 0,2-0,4% em pacientes criticamente enfermos, principalmente acima de 60 anos, com trauma, cirurgia, choque e sepse. • Mortalidade é alta 5 Gastroenterologia Izadora Bohier – medUfes 103 RESUMO DAS INDICAÇÕES CIRÚRGICAS CONCLUSÃO • Litíase biliar, principalmente cálculos de colesterol, pode indicar maior risco de mortalidade principalmente por doenças cardiovasculares e neoplasias • A presença de doença biliar indica atenção especial ao tratamento das alterações metabólicas • O desenvolvimento e conhecimento de protocolos clínicos são importantes para definir o tempo correto para colecistectomia na doença biliar