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1 – Explique a relação entre a Constituição e o Direito Eleitoral. Inicialmente, é preciso compreender que, com a consolidação do Estado Democrático de Direito, o Direito passou a ser interpretado de maneira sistemática e racionalizada, de modo que os princípios e regras do ordenamento jurídico estão sempre em constante interação. Neste sentido, surgem os microssistemas jurídicos, tais como o Direito do Consumidor; o Direito do Trabalho; o Direito Ambiental; etc. Aqui, interessa-nos o Direito Eleitoral, que pode ser entendido como um conjunto de normas e princípios que regulam e garantem o direito ao voto e à soberania popular. Com efeito, resta claro que existem relações jurídicas entre o Direito Eleitoral e os demais ramos do Direito, especialmente com o Direito Constitucional, como ensina o professor Jaime Barreiros Neto. Neste sentido, tem-se que o Direito Constitucional, mesmo quando não possui uma teoria constitucional mais bem desenvolvida, ainda assim traceja os direitos e garantias fundamentais, as formas de participação política - ocorrendo a sua instrumentalização - e a organização político-social. É evidente, portanto, que o principal objetivo do Direito Constitucional é a regulamentação de preceitos políticos fundamentais, capazes de viabilizar a organização das instituições da sociedade. Assim, considerando que um dos viés indispensáveis ao Direito Constitucional é a própria instrumentalização da participação política, resta categoricamente comprovada a íntima relação existente entre o Direito Constitucional e o Direito Eleitoral. Em resumo, o Direito Eleitoral é indispensável ao Estado Democrático de Direito, regido por uma Constituição dirigente e garantista, uma vez que ele torna possível a operacionalização da participação política direta dos cidadãos, dos instrumentos do plebiscito e do referendo, e, por fim, do próprio processo eleitoral. 2 – Como se dá a composição de um Tribunal Regional Eleitoral? Quais os processos de escolha dos seus membros? A princípio, é necessário ter em mente que, conforme dispõe o art. 120 da Constituição Federal, existe um Tribunal Regional Eleitoral no Distrito Federal e na capital de cada unidade federativa. Ainda nesse artigo da Constituição, tem-se as peculiaridades relativas à composição dos Tribunais Regionais Eleitorais, dispostas nos incisos I, II e III, do §1º, bem como também há previsões no Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65). A partir da observância da legislação pátria, compreende-se que cada TRE será composto por: dois juízes, escolhidos entre os desembargadores do Tribunal de Justiça; dois juízes de Direito escolhidos pelo próprio Tribunal de Justiça; um juiz do TRF que tenha sede na capital da unidade federativa ou no DF - caso não haja, um juiz federal escolhido pelo TRF; por fim, dois advogados indicados pelo Tribunal de Justiça, que são escolhidos por meio de lista tríplice (6 nomes são apresentados, com notório saber jurídico e idoneidade moral), sendo nomeados pelo Presidente da República. Ainda, é importante ressaltar que os presidentes e os vice-presidentes dos TRE´s são escolhidos, obrigatoriamente, dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça estadual, enquanto que, por sua vez, o corregedor-regional eleitoral não precisa atender a qualquer requisito, ou seja, pode ser qualquer um dos membros do TRE. Nesta matéria, há algumas jurisprudências pertinentes, que fazem valer a menção: o parentesco entre os desembargadores e o indicado não configura como um empecilho para que este conste na lista tríplice (Ac. -TSE, de 29/06/2017, na LT nº 51740); as irregularidades relativas ao procedimento administrativo da escolha e formação das listas tríplices devem ser refutadas em Corte Estadual (Ac. - TSE, de 27/06/2017, na LT nº 060207476); por fim, os advogados não podem estar em mais de uma lista ao mesmo tempo, exceto nos casos em que em uma disputa pelo cargo efetivo e, na outra, pelo cargo de substituto ( Res. - TSE nº 23.517/2017, art. 6º e Ac. - TSE, de 11/02/2014, na LT nº 80068). 3 – Destaque um Princípio do Direito Eleitoral e discorra sobre o mesmo De antemão, faz-se imprescindível compreender a importância dos princípios para a correta e satisfatória aplicação do Direito Eleitoral, uma vez que esses preceitos consagrados são dotados de alta carga normativa, bem como servem como linhas interpretativas para todo o ordenamento jurídico. Neste sentido, são diversos os princípios do Direito Eleitoral, no entanto, aqui, atentemo-nos ao princípio do aproveitamento do voto. Com esse princípio, é possível a comparação com o instituto do Direito Penal do “in dubio pro reo”, de modo que, paralelamente, com o aproveitamento máximo dos votos, há o “in dubio pro voto”. É com essa perspectiva que, em uma eleição proporcional, por exemplo, se um voto for dado em um candidato inexistente, mas que, mesmo assim, seja possível identificar o partido político, o voto não será anulado, de modo que será computado para o partido político, como é ilustrado pelo professor Jaime Barreiros Neto. Essa orientação pode ser obtida por meio da leitura do art. 176 do Código Eleitoral, o qual dispõe: Art. 176. Contar-se-á o voto apenas para a legenda, nas eleições pelo sistema proporcional: I – se o eleitor escrever apenas a sigla partidária, não indicando o candidato de sua preferência; II – se o eleitor escrever o nome de mais de um candidato do mesmo partido; III – se o eleitor, escrevendo apenas os números, indicar mais de um candidato do mesmo partido; IV – se o eleitor não indicar o candidato através do nome ou do número com clareza suficiente para distingui-lo de outro candidato do mesmo partido. Indo além, é, igualmente, relevante relembrar o art. 224 do Código Eleitoral, no qual entende-se que caso a nulidade atinja mais da metade dos votos em uma eleição, deverá ocorrer a marcação de novas eleições dentro de um prazo de vinte até quarenta dias. Neste sentido, encontra-se algumas jurisprudências, tais como o Agravo Regimental em Mandado de Segurança (AgR - MS - 4896 BA - TSE): EMENTA. MANDADO DE SEGURANÇA. ELEIÇÕES 2012. PREFEITO. REGISTRO DE CANDIDATURA INDEFERIDO. NULIDADE DE MAIS DE 50% DOS VOTOS VÁLIDOS. REALIZAÇÃO DE NOVA ELEIÇÃO. ART. 224 DO CÓDIGO ELEITORAL. SEGURANÇA DENEGADA. 1. Consoante o entendimento deste Tribunal, para fins de aplicação do art. 224 do CE, a validade da votação deve ser aferida levando-se em consideração o percentual de votos dados a todos os candidatos participantes do pleito, excluindo-se somente os votos em branco e os votos nulos decorrentes de manifestação apolítica do eleitorado. Precedentes. 2. Na espécie, é incontroverso que o candidato Márcio Césare Rodrigues Mariano “que teve seu registro indeferido em todos os graus de jurisdição (REsp 352-57, de minha relatoria)” obteve mais da metade dos votos na referida eleição, executando os brancos e os nulos decorrentes de manifestação apolítica do eleitorado. Consequentemente, impõe-se a realização de pleito suplementar no referido Município, a teor do art. 224 do CE. 3. Segurança denegada. Agravo regimental prejudicado. (Data de publicação: 20/05/2013). Assim, com a jurisprudência em tela, pode-se concluir que o TSE busca não pronunciar nulidades sem prejuízo, de modo que sejam respeitados os votos em branco e os nulos, enaltecendo-se a soberania popular. Por fim, o princípio do aproveitamento dos votos além de se relacionar com a lisura do pleito eleitoral, também evita a nulidade dos votos, separando os nulos dos que não foram fraudados. 4 – Conceitue Domicílio eleitoral explicando as peculiaridades frente ao domicílio civil. Primeiramente, faz-se necessário compreender o conceito de domicílio eleitoral, que pode ser encontrado no parágrafo único do art. 42 do Código Eleitoral: “o lugar de residência ou moradia do requerente e, verificado ter o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas”. Com efeito, é imprescindível ter em mente que o domicílio eleitoral não se confunde em nada com o domicílio civil, isto porque aqueleé muito mais flexível e amplo do que este. Inclusive, neste mesmo sentido, há jurisprudência do TSE (Ac. 18.124, de 16/11/2000, do TSE, v. 12, t. 3): o eleitor que reside em um domicílio não encontra empecilhos para alistar-se como eleitor de outro domicílio, no qual mantenha outros vínculos, como negócios jurídicos, atividades políticas, comunitário, afetivo, social, patrimonial, etc. Esse é o conceito do domicílio eleitoral afetivo (Art. 65 da resolução do TSE nº 21.538/03). Por outro lado, o domicílio civil é entendido a partir de duas perspectivas: uma subjetiva e outra objetiva. A objetiva diz respeito ao local físico propriamente dito, enquanto que a subjetiva diz respeito ao ânimo definitivo para residir naquele determinado local. É subjetivo justamente porque é relativo à vontade do indivíduo. Desse conceito, pode-se extrair uma diferença primordial: o domicílio civil exige o ânimo definitivo para residir, já o domicílio eleitoral apenas requer que exista um vínculo especial. Assim, a diferenciação entre o domicílio eleitoral e o civil é extremamente benéfica aos eleitores e aos candidatos de modo geral, uma vez que é permitida uma maior flexibilidade ao suavizar o rigor dos requisitos para a caracterização do domicílio eleitoral. De toda maneira, fica o alerta: por mais que haja tal maleabilidade, é preciso que o eleitor escolha apenas um domicílio eleitoral. Em resumo, portanto, o principal objetivo do domicílio eleitoral ser mais amplo do que o domicílio civil se deve à permissão de que os eleitores, por mais que não residam em determinado município, possam votar onde possuam vínculos especiais. Da mesma forma, que os candidatos possam se candidatar onde se observarem tais vínculos especiais. Por fim, há a facilitação na organização e no planejamento das eleições. 5 - Defina Inelegibilidades e fale acerca da mesma no direito positivo brasileiro. De modo geral, a inelegibilidade pode ser entendida como a inexistência de capacidade eleitoral passiva, isto é, trata-se da condição do indivíduo em ser candidato. Por óbvio, em consequência desse obstáculo, o indivíduo não poderá ser votado, de modo que o exercício passivo da cidadania é vetado. É perceptível, portanto, que a principal finalidade da inelegibilidade é proteger o pleito eleitoral de possíveis fraudes, tais como o abuso do exercício da função, cargo ou emprego - no âmbito da administração direta ou indireta - e a influência por ocasião do elevado poder econômico. Neste diapasão, é preciso ter em mente quais são os requisitos indispensáveis para a elegibilidade, quais sejam: a) nacionalidade brasileira; b) pleno exercício dos direitos políticos; c) o domicílio eleitoral na circunscrição; d) a filiação partidária; por fim, e) a idade mínima a depender do cargo disputado (35 anos para Presidente e Senador; 30 anos para Governador e Vice-Governador; 21 anos para Prefeito e Deputado Estadual, Federal ou Distrital; 18 anos para vereador). Indo além, são inelegíveis e inalistáveis os analfabetos. Com efeito, a ausência de um desses requisitos gera a inelegibilidade absoluta ou relativa. A absoluta diz respeito às características pessoais, de modo que não pode ser afastada. Por outro lado, as relativas são aquelas que se devem em razão de um cargo ou função pública ou, ainda, por parentesco, o que pode ser afastado. Sumariamente, a inelegibilidade pode ser entendida como a impossibilidade do indivíduo pleitear por um mandato eletivo. Na própria Constituição Federal, há disposições gerais que versam acerca desse instituto, mais especificamente no art. 14, §4º ao §7º), que possuem eficácia plena e aplicabilidade imediata. Além disso, ainda no art. 14, no §9º, é estabelecido que a lei complementar discorrerá sobre outras causas de inelegibilidade. Cumprindo-se o que foi orientado pelo legislador constituinte, vem a Lei Complementar nº 64/1990, de modo que foram causas para inelegibilidade, mais detalhadamente. 6 - A rejeição de contas de administrador público enseja inelegibilidade? Quem pode rejeitar as contas e quais os requisitos para gerar inelegibilidade? Sim, a rejeição de contas do administrador público enseja a inelegibilidade, conforme o que está previsto no art. 1°, I, ‘g’, da Lei Complementar 64/1990: “"os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão (...)”. A nova redação, dada pela Lei da Ficha Limpa, torna evidente que a rejeição das contas é uma causa de inelegibilidade, o que encerrou a antiga polêmica do Direito Eleitoral. Polêmica esta que girava em torno da Súmula nº 01 do TSE, a qual dispunha que caso fosse proposta ação que visasse desconstituir a decisão que rejeitara as contas, ficava suspensa a inelegibilidade, desde que fosse antes da impugnação. Atualmente, essa súmula está revogada. Nesta toada, a nova perspectiva nos orienta da seguinte forma: a simples apreciação do Poder Judiciário da decisão de rejeição de contas não afasta a inelegibilidade, de modo que é necessário que tal decisão seja suspensa ou anulada pelo juízo. Ainda, é imperativo pontuar que a competência para a “decisão irrecorrível” depende de quem está tendo as suas contas auditadas ou, também, de onde vieram os recursos que estão sob suspeita. Logo, por exemplo, cabe ao Tribunal de Contas do Município, onde existe, ou ao Tribunal de Contas do Estado julgar as contas dos prefeitos. Após a decisão do TCM ou do TCE por rejeitar as contas dos prefeitos, tal decisão apenas perderá força por decisão de 2/3 dos vereadores. Caso contrário, o parecer do TCE não é capaz de gerar inelegibilidade (RE 729744). Finalmente, destaca-se que os requisitos para a inelegibilidade do administrador público são: natureza insanável e que constitua ato doloso de improbidade administrativa. 7 – Quanto à filiação partidária: ela é exigida de todos os candidatos? Qual o tempo que se exige de prévia filiação? O legislador constituinte, principalmente por reconhecer a importância dos partidos políticos, no art. 14, §3°, V, da Constituição Federal, estabeleceu que a filiação partidária é uma causa de elegibilidade, de modo que é exigida de todos os candidatos. Dessa forma, coube à Lei nº 9.096/1995 regulamentar essa causa de elegibilidade, de modo que fossem esclarecidas as regras para a filiação partidária. Faz-se importante salientar que, após a eleição, os candidatos eleitos aos cargos majoritários podem deixar seus partidos sem implicar na perda de seus mandatos. Para além disso, conforme dispõe o art. 9° da Lei das Eleições (Lei nº http://www.tse.jus.br/legislacao/codigo-eleitoral/lei-das-eleicoes/sumario-lei-das-eleicoes-lei-nb0-9.504-de-30-de-setembro-de-1997 9.504/1997), para que a disputa pelo pleito seja possível, é preciso que o candidato tenha sua filiação partidária aprovada pela agremiação política pelo menos seis meses antes da eleição. Essa diminuição do prazo acarreta em uma problemática relacionada aos prazos previstos nas agremiações partidárias, uma vez que no art. 20, da Lei nº 9.096/1995, é dito que: “ é facultado ao partido político estabelecer, em seu estatuto, prazos de filiação partidária superiores aos previstos nesta Lei, com vistas a candidatura a cargos eletivos”. Assim, é evidente o choque entre o novo prazo de seis meses e os prazos superiores a um ano previstos nos estatutos que não estão atualizados com a nova redação. 8 – Em que condições uma condenação criminal gera inelegibilidade ? A alínea "e" do artigo 1°, I da LC 64/90, prevê quais são as condições em que a condenação criminal gera inelegibilidade. Inelegibilidade esta que ocorrerá da condenação por órgão colegiado até o prazo de oito anos, que deve ser contado a partir do momento em que se termina o cumprimento da pena.Os crimes são: 1. Crimes contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e 0 patrimônio público 2. Crimes contra 0 patrimônio privado, 0 sistema financeiro, 0 mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência; 3- Crimes contra 0 meio ambiente e a saúde pública; 4- Crimes eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; 5- Crimes de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para 0 exercício de função pública; 6. Crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; 7- Crimes de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; 8. Crimes de redução à condição análoga à de escravo; 9 - Crimes contra a vida e a dignidade sexual; e 10. Crimes praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando. Com efeito, urge ressaltar que a causa de inelegibilidade apenas será aplicada caso a condenação se dê por sentença irrecorrível ou por órgão colegiado. Por outro lado, caso não seja um crime desses elencados na alínea ‘e’, o eleitor terá os seus direitos políticos suspensos enquanto se fizerem presentes os efeitos da condenação (art. 15, III, CF). 9 – Filho de Prefeito reeleito pode vir a ser candidato nas próximas eleições municipais, caso o seu pai renuncie hoje ao seu atual mandato? Explique. Nesse caso, é preciso relembrar a causa de inelegibilidade reflexa, originada em decorrência do parentesco, que se encontra prevista no art. 14, §7°,da Constituição Federal, que dispõe: "são inelegíveis, no território de jurisdição do titular, 0 cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até 0 segundo grau ou por adoção, do presidente da república, de governador de estado ou território, do Distrito Federal, de prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição." http://www.tse.jus.br/legislacao/codigo-eleitoral/lei-das-eleicoes/sumario-lei-das-eleicoes-lei-nb0-9.504-de-30-de-setembro-de-1997 Neste sentido, a princípio, restaria claro que o filho do prefeito não seria elegível para as próximas eleições. Contudo, o prefeito renunciou hoje (09/09/2021). Aqui, lembremo-nos da jurisprudência Ac. TSE n°. 19.442, de 21.08.2001, em que foi entendido que a inelegibilidade estaria afastada caso a renúncia do parente ocorresse em um prazo mínimo de até seis meses. Portanto, considerando-se que as próximas eleições municipais irão ocorrer em 2024 e o prefeito renunciou ao cargo hoje, a causa para a inelegibilidade está afastada. 10 – Escolha uma hipótese de inelegibilidade ainda não tratada neste exercício, explique-a e exemplifique. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos, o que está previsto no art. 14, §4º, da Constituição Federal. Por inalistáveis, entende-se os estrangeiros, uma vez que não possuem capacidade política aqui no Brasil (salvo os portugueses), bem como os conscritos, os quais são aqueles que estão prestando serviço militar de caráter obrigatório. Ainda, é possível pontuar que os menores de 16 anos e os que tiveram os seus direitos políticos suspensos também são inalistáveis. Por sua vez, os analfabetos são considerados inelegíveis, entendendo-se que essa causa não diz respeito a alguma punição ao indivíduo, mas apenas a impossibilidade de exercer a função, visto que não há o domínio da Língua Portuguesa. Seguindo adiante, é importante destacar que os ditos “analfabetos funcionais” são aptos à disputa das eleições. No entanto, havendo dúvida acerca do analfabetismo do candidato, este poderá ser submetido ao teste de alfabetização, que deve ocorrer de maneira individual e privada, para que não ocorra o constrangimento do candidato. Indo além, esse teste não pode ser realizado por juiz, mas, sim, por um profissional que trabalhe com linguagens. Essas orientações são consolidadas pela jurisprudência ((Ac. TSE n°. 24.343/2004). Um caso famoso que exemplifica essa causa de inelegibilidade é o do Deputado Federal Tiririca, que foi acusado pelo MPE-SP de não ser alfabetizado. Logo, foi submetido ao teste de alfabetização, ocasião na qual foi observado que embora o deputado possuísse dificuldade para ler e escrever, ainda assim o fazia, de modo que foi considerado alfabetizado e habilitado a ser diplomado pelo TRE-SP.