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Urolitíase: Fatores de Risco e Manifestações Clínicas

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1 UROLOGIA - TORTO 
UROLITÍASE 
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EPIDEMIOLOGIA 
A incidência de cálculos varia com a idade, 
sendo baixa na infância e nos idosos e picos 
da quarta à sexta década de vida. É 
relativamente rara antes dos 20 anos de 
idade. 
 
Fisiopatologia 
Fatores de risco 
Fatores genéticos familiares; HAS, DM e 
obesidade; infecções urinárias de repetição; 
baixa ingesta hídrica; distúrbios hormonais 
e alterações anatômicas do trato urinário 
etc. 
 
Formação do cálculo 
• Saturação: uma quantoidade 
excessiva de minerais deve estar 
presente na urina para que ocorra a 
formação de cálculo. Quando essa 
concentração passa o valor de 
saturação da urina, há a formação 
de cristais. 
• Nucleação: formação de núcleos a 
partir dos cristais. Quando atingem 
um tamanho crítico, começam a 
acumular mais cristais caso não 
sejam eliminados antes. 
• Agregação: Processo pelo qual 
cristais e cúcleos em solução 
juntam-se para formar uma 
partícula maior. 
• Retenção: se os cristais forem 
eliminados com o fluxo urinário, não 
haverá a formação do cálculo. Se 
esses cristais ficarem retidos nos 
túbulos renais ou no sistema 
coletor, haverá uma exposição 
constante a solução saturada, 
levando ao aumento desses núcleos 
e formar o cálculo. 
• Inibidores da litogênese: o citrato, 
magnésio e pirofosfato (20% da 
inibição). Algumas glicoproteínas, 
como a de Tamm-Horsfall, também 
atuam. Sua deficiência genética 
predispõe a formação de cálculos. 
 
Classificação dos cálculos 
 
 
2 UROLOGIA - TORTO 
Fatores de risco 
Hipercalcinúria 
• Primária ou idiopática; 
• Excreção urinária de cálcio >4 
mg/kg/dia. 
• 40% tem história familiar positiva; 
evidência de componentes 
genéticos. 
 
Hiperuricosúria 
• Excreção maior que 600 mg/dia; 
 
Hiperoxalúria 
• Excreção de oxalato > 40 mg/dia; 
• Causa dietética: excesso de 
consumo de oxalato e baixa ingestão 
de cálcio são fatores de risco. 
• Entérica: ressecção intestina, snd 
desabsortivas ou doença de Crohn; 
levam a hiperabsorção do oxalato 
livre (não conjugado ao cálcio). 
• Primária: hiperoxalúrias 
hereditárias tipo I ou II. 
 
Hipocitratúria 
• < 320 mg/dia. 
• Citrato é inibidor da litogênese. 
• Hipocitratúria essencial ou 
idiopática está presente em 10 a 
40% dos portadores de nefrolitíase. 
Cistinúria 
• Doença hereditária, atossômica 
recessiva, caracterizada por 
aumento na absorção de 
aminoácidos dibásicos nas 
microvilosidades. 
 
Baixo volume urinário 
Desidratação, baixa ingestão líquida e 
exposição ocupacional a altas temperaturas. 
 
Hiperparatireoidismo primário 
• Nefrolitíase presente em 20% dos 
pacientes. 
 
Cálculo coraliforme 
São cálculos em que a calcificação corre 
preenchendo todo o espaço das vias renais 
superiores, tomando uma forma semelhante 
a um coral. Além disso, possui inúmeros 
orifícios que permitem a passagem da urina 
(por isso geralmente não causam obstrução 
e dor). A principal etiologia é a infecção de 
repetição por bactérias, sobretudo a 
Proteus mirabilis. 
 
 
3 UROLOGIA - TORTO 
Manifestações clínicas 
• Cálculos remanescentes no rim ou 
no coletor renal são 
frequentemente assintomáticos, a 
menos que causem obstrução ou 
infecção. 
• A dor intensa está associada com 
cálculos que migraram para o 
ureter e causaram obstrução 
aguda. 
• A dor é em cólica, muito intensa e 
tipicamente excruciante, ocorre 
ciclicamente de forma intermitente. 
Pode causar náuseas e vômitos, A 
localização varia de acordo com o 
trajeto da pedra, podendo ser em 
hipocrôndio, fossa ilíaca, região 
supra púbica e até nas genitais. 
• Urgência urinária, tenesmo e 
polaciúria são sintomas de cálculo 
em ureter distal. 
• Pode apresentar hematúria 
macroscópica. 
• A ITU e pielonefrite complicada são 
evoluções comuns nesses pacientes 
e exigem uma abordagem mais 
rígida, podendo ser indicada a 
internação e drenagem de 
abscessos. 
 
 
 
 
Diagnóstico 
Imagem 
• Ultrassom: rápido e barato, pode 
identificar cálculos nos rins, pelve 
renal e bexiga, além de mostrar 
sinais que podem acusar a presença 
de cálculo no ureter, como a 
hidronefrose (dilatação do trato). 
• TC sem contraste: é o padrão ouro 
para diagnóstico de urolitíase. 
 
OBS: para grávidas, o padrão ouro é o US 
 
Laboratório 
• Emergência (dor aguda): sedimento 
urinário, creatinina, ácido úrico, 
sódio, cálcio, potássio, PCR e provas 
de coagulação. 
• Sem emergência: sedimento 
urinário, creatinina, cálcio e ácido 
úrico. 
 
 
 
 
 
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Tratamento clínico 
Cálculos renais 
• Não há um consenso de quando 
fazer tratamento invasivo. 
• Recomendado segmento semestral; 
• Orientações: elevação da ingesta de 
líquidos, dieta balanceada em cálcio, 
pobre em sódio, com certa restrição 
proteica e rica em frutas ácidas, 
fibras e vegetais, além de prática de 
atividade física. 
 
Cálculos ureterais 
• Na crise emergencial, o alívio da dor 
é prioridade: analgesia (se opioide 
for usado, não ser morfina por 
causa do risco de vício) e AINES. 
• Após o controle da dor, considerar a 
estimulação da eliminação pela 
administração de alfabloqueadores. 
Geralmente usado para cálculos 
ureterais com < 10 mm em qualquer 
segmento do trato. 
• Além do alfabloqueador (se 
indicado), o paciente tem alta com 
analgésicos e AINEs. 
• Se há infecção como complicação, o 
paciente deve ser internado com 
antibioticoterapia EV + 
desobstrução e drenagem de 
abscessos com cateter duplo J. 
 
 
Tratamentos cirúrgicos 
Litotripsia extracorpórea por ondas 
de choque (LECO) 
Feita com ondas de ultrassom. Está 
classicamente indicada para cálculos renais 
de até 2 cm. 
 
Nefrolitotripsia percutânea 
Indicado em: cálculos renais > 2cm; cálculos 
duros como os de cistina; cálculos no polo 
inferior maior que 1 cm; cálculos 
coraliformes; falhas de tratamento ou 
contraindicações para LECO; variações 
anatômicas. 
 
Uretrolitotripsia 
Por via endoscópica pela uretra, vai até o 
local da obstrução pela pedra e, com um 
laser, despedaça o cálculo e o puxa para 
fora. É minimamente invasiva, tem boa 
recuperação. 
 
Nefrectomia 
Faz-se uma perfuração por acesso 
percutâneo do rim. Um aparelho é 
introduzido e a pedra é despedaçada e 
retirada. Principal complicação são as 
hemorragias. 
 
 
 
 
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