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introdução à parasitologia

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Cynara Lisbino – Medicina (T26) 
 
 
INTRODUÇÃO
➢ A parasitologia estuda os organismos 
(parasitos) que vivem no interior ou 
exterior de outro hospedeiro, 
extraindo deste seu alimento e abrigo, 
sendo que esta associação nem sempre 
é nociva ao hospedeiro. Este estudo 
abrange estudos sobre protozoários, 
helmintos e artrópodes. 
➢ Quando somos infectados pelos 
parasitas, podemos desenvolver 
doença parasitária. A doença 
parasitária sempre vai ser o reflexo da 
luta entre o hospedeiro e o agente 
causador da doença (mecanismos de 
defesa do organismo x mecanismos de 
agressão do parasito). 
➢ Na maioria das vezes há um equilíbrio 
de forças entre o parasito e o 
hospedeiro. 
➢ Temos uma força de ação do parasita 
(FP) e uma força de defesa do 
hospedeiro (FH). Quando FP é maior 
que FH, temos o doente parasitário. 
Quando FP menor que FH, temos a 
morte do agressor. Quando há o 
equilíbrio entre FP e FH, temos o 
portador são. 
FATORES PARA O DESENVOLVIMENTO DA 
DOENÇA PARASITÁRIA 
➢ Fatores inerentes ao parasita: número 
de exemplares, tamanho, localização e 
virulência. 
I) Número de exemplares 
Para que o parasita cause doença no ser 
humano, é necessário que esteja em 
quantidade ideal, como exemplo temos a 
Giardia lamblia, que pode estar em 
quantidade no nosso corpo em alta 
quantidade ou em baixa quantidade. A Giardia 
é um protozoário que se gruda na mucosa 
intestinal, impedindo a absorção de 
nutrientes pela mucosa intestinal. Logo, 
quanto mais Giardia na mucosa, menos 
nutriente vai ser absorvido pelo corpo do ser 
humano, provocando deficiência de 
vitaminas, ácidos graxos e ácido fólico. 
II) Tamanho 
Existem parasitas com variados tamanhos 
como as tênias. Nesse caso, quanto maior a 
tênia, mais espaço ela vai ocupar, mais 
acentuados serão os sintomas. 
 
III) Localização 
Dependendo da localização do parasita, o 
paciente pode ter sintomatologias diferentes. 
Como exemplo temos o Ascaris lumbricoides, 
que pode ir para o ducto pancreático e causar 
uma pancreatite aguda. 
Cynara Lisbino – Medicina (T26) 
 
 
IV) Virulência 
É definido como a severidade e rapidez que o 
agente etiológico age sobre o hospedeiro, 
como por exemplo, o Trypanosoma cruzi que 
possui cepas com diferentes virulências. 
➢ Fatores inerentes aos hospedeiros: 
idade, imunidade, nutrição, hábitos e 
costumes e medicamentos. 
I) Idade 
Dependendo da idade, o hospedeiro pode ser 
mais susceptível a uma parasitose. 
Geralmente, as crianças são mais susceptíveis 
do que os adultos. 
II) Imunidade 
Existem parasitas que causam infecções 
sanguíneas e teciduais. Quando uma 
parasitose atinge a corrente sanguínea, ela 
está mais exposta a células de defesa. Com 
isso, o paciente desenvolve melhor resposta 
imunológica do que as intestinais. 
III) Nutrição 
O estado nutricional do paciente vai 
influenciar no quadro de doença parasitária. 
Quando temos um bom estado nutricional, a 
ação do parasita pode ser bloqueada. Porém, 
se o estado nutricional do paciente é 
deficiente, a instalação do parasita pode ser 
evidente. 
Exemplo: Ancilostomose 
IV) Hábitos e costumes 
Os maus hábitos deixam o paciente mais 
susceptível a parasitose. 
V) Medicamentos 
O uso de medicamentos antiparasitários em 
doses inadequadas ou o uso de medicamentos 
que deprimem o organismo pode exacerbar os 
sintomas de uma parasitose. 
MECANISMOS DE AÇÃO DO PARASITA 
SOBRE O HOSPEDEIRO 
➢ Ação obstrutiva 
O parasita vai ter a capacidade de obstruir os 
canais ou ductos glandulares e órgãos. 
Exemplo: Ascaris lumbricoides. 
➢ Ação Compressiva 
O parasita cresce e comprime órgãos 
próximos e provoca modificações estruturais 
nos tecidos, podendo causar grandes e graves 
lesões. 
Exemplo: Echinococcus granulosus. Esse 
parasita se instala no fígado, pulmão, cérebro, 
comprimindo os tecidos. 
➢ Ação Destrutiva 
Quando o parasita tem a capacidade de agir 
sobre o tecido e causar a destruição dele. Essa 
destruição pode ser causada por órgãos de 
destruição que esse parasita apresente ou 
pode ser causada pela produção de alguma 
substância que faça com que o sistema 
imunológico seja ativado e destrua o tecido 
onde o parasita está presente. 
Exemplo: Ancilostomídeos (arrancam 
pedaços da mucosa intestinal) e Leshimania 
braziliensis (deforma a face do hospedeiro). 
➢ Ação alergizante 
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O parasita sensibiliza o organismo, causando 
fenômenos alérgicos. 
Exemplo: Picada de ectoparasitos. Pode 
provocar edema ou prurido na região afetada. 
➢ Ação tóxica 
Resulta da inoculação ou da introdução de 
secreções do parasita. 
Exemplo: Entamoeba histolytica. Essa parasita 
secreta substância lítica que destrói células 
próximas, no intestino ou em outros órgãos. 
➢ Ação espoliadora 
Parasita absorve e consome diferentes 
nutrientes do hospedeiro. 
Exemplo: todos os parasitas do tubo digestivo, 
incluindo platelmintos – Classe Cestoda. 
MECANISMO DE AÇÃO DE DEFESA DO 
HOSPEDEIRO 
➢ Mecanismos de resistência natural 
O ser humano tem alguns mecanismos de 
resistência natural, como por exemplo, a 
impossibilidade de certos parasitos de 
animais conseguirem colonizar o homem. 
 
➢ Pele 
A pele bloqueia a invasão parasitária. 
Exemplo: Trypanosoma cruzi – doença de 
Chagas. Para que esse parasita consiga 
penetrar na corrente sanguínea, precisa ter 
uma obstrução na pele. 
➢ Suco gástrico 
O suco gástrico destrói o parasita e dificulta a 
liberação de formas infectantes ingeridas pelo 
hospedeiro. Além disso, impede o 
desenvolvimento do parasita no interior do 
hospedeiro. 
➢ Alimentação 
O parasita acostumado ao mesmo alimento, só 
consegue sobreviver se o hospedeiro lhe 
fornecer a sua dieta obrigatória (monofagia). 
Exemplo: Trichinella spirallis. A falta de 
vitamina A pode dificultar o desenvolvimento 
em ratos. 
FORMAS DE ASSOCIAÇÃO 
➢ Forésia 
Associação entre dois organismos de espécies 
diferentes. Uma delas busca apenas abrigo 
e/ou transporte. 
Exemplo: veiculação de ovos de Dermatobia 
hominis por moscas ou mosquitos. 
➢ Mutualismo 
Associação entre dois organismos de espécies 
diferentes. As espécies vivem em íntima 
associação, há benefício mútuo. 
Exemplo: protozoários que digerem celulose 
no intestino do cupim. 
➢ Comensalismo 
Associação entre duas espécies. Uma obtém 
vantagens sem promover prejuízos a outra. 
Exemplo: Entamoeba coli vivendo no intestino 
grosso. 
➢ Parasitismo 
Associação entre seres vivos. Há 
unilateralidade de benefícios. O parasita 
promove danos ao hospedeiro. 
Exemplo: Entamoeba histolytica no intestino 
grosso humano. 
Cynara Lisbino – Medicina (T26) 
 
CICLOS BIOLÓGICO, HOSPEDEIRO E VETOR 
➢ O ciclo biológico é definido pelas 
diversas fases etapas que um parasito 
passa durante sua vida. 
➢ Durante o ciclo biológico pode ocorrer 
a passagem de um hospedeiro para 
outro de forma direta ou a utilização de 
um hospedeiro intermediário. 
➢ Hospedeiro definitivo: alberga o 
parasito em sua forma adulta ou 
reprodutiva final. 
➢ Hospedeiro intermediário: usualmente 
é um molusco ou artrópode no qual se 
desenvolvem as fases jovens ou 
assexuadas de um parasita. 
➢ Tipos de ciclo biológico: ciclo 
monoxênico (participação de um 
hospedeiro definitivo) e ciclo 
heteroxênico (participação de um 
hospedeiro intermediário). 
➢ Vetor: artrópode, molusco ou outro 
veiculo capaz de transmitir o parasito 
entre dois hospedeiros. 
➢ Vetor biológico: parasita se desenvolve 
no molusco ou no artrópode. 
➢ Vetor mecânico: o vetor apenas 
transporta o parasito. 
➢ Vetor inaminado ou fômite: o parasito 
é transportado por objetos.

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