Prévia do material em texto
1 ANÁLISE CRÍTICA DAS PRÁTICAS DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL SEGUNDO A BNCC Patrícia Aparecida da Silva. 1 INTRODUÇÃO A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) está prevista na Constituição de 1988, na Lei de Diretrizes e Bases e no Plano Nacional de Educação. Todas as redes públicas e particulares devem construir seus currículos a partir da BNCC. Nessa análise, vamos falar sobre o ensino de língua portuguesa para o ensino fundamental. O currículo de língua portuguesa deve ser elaborado e a partir de quatro eixos organizadores: Leitura; Produção de Textos; Oralidade; Análise Linguística/Semiótica. Ele deve conter habilidade e competências que os alunos deverão desenvolver nos nove anos do ensino fundamental. Em outro tópico, falaremos daquele que é o é o elo entre o conhecimento e os alunos _ o professor. Sua formação é fator determinante para que sejam atingidos os objetivos da BNCC. Seus conhecimentos são construídos e reconstruídos durante toda sua trajetória. 2 EIXOS ORGANIZADORES DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA SEGUNDO A BNCC A BNCC é o documento que define os conhecimentos essenciais que os estudantes têm o direito de aprender ao longo das etapas da Educação Básica, desde a Educação Infantil até o final do Ensino Médio. Ela detalha e abrange a elaboração de currículos e projetos pedagógicos da em escolas públicas ou privadas. Para auxiliar o professor em sala, o documento traz quatro eixos norteadores para compor os currículos da área de Língua Portuguesa – Leitura; Produção de Textos; Oralidade; Análise Linguística/Semiótica. 2 A unidade central de trabalho é o texto em todas as suas formas verbais e não verbais, escritos, filmes, musicas e pinturas. Objetivando capacitar o educando para que faça o uso “correto” da língua dentro do contexto e de seu convívio social, levando em conta as variações linguísticas, a BNCC, direciona as atividades de leitura, escuta e produção de texto utilizando várias mídias e semioses (BRASIL, 2018, p. 69). Aliás, uso de mídias e meios digitais tem destaque em todo texto do documento, principalmente em sala de aula. A oralidade é um dos eixos mais importantes. Aprendemos a falar muito antes de escrever, apesar disso a BNCC privilegia a escrita como principal eixo. Lá no primeiro ano do ensino fundamenta I, as crianças tem contato com a oralidade através da fonética. Elas aprendem a escutar e diferenciar os fonemas e são levadas a entender que esses fonemas podem ser escritos, ai começa a alfabetização. A contação de histórias é uma forma de trabalhar da oralidade. O eixo escrita e leitura dialogam durante todo o percurso de ensino. O texto a ser trabalhado deve levar em conta contexto de sua produção e seu autor e também se deve trabalhar com gêneros de discurso diversos. Trazer para sala de aula gêneros atuais é uma forma de chamar a atenção do aluno. Textos como blogs, vídeos, podcasts são ótimos para desenvolver a capacidade criativa e de compreensão dos alunos. A análise semiótica de acordo com a BNCC é a possibilidade que o professor tem de levar o aluno a interpretar além dos símbolos linguísticos, além da própria palavra e os outros símbolos que existem em sociedade e que também devem ser lidos de acordo com a visão da semiótica. Então saem de cena somente textos escritos por meio de palavra entre agora outras Produções carregadas de significados que devem também ser exploradas e interpretadas e analisadas na aula de língua portuguesa, exemplos disso são filmes, telas e textos digitais. Já á análise linguística é a gramática trabalhada através do texto no seu sentido reflexivo é preciso entender a gramática para compreender melhor o texto, para escrever melhor. A prática de análise linguística e semiótica perpassam pelo outros três eixos, conectando-os. Trabalhando todos os eixos, através da língua portuguesa espera-se que tenhamos alunos letrados ao final do ensino fundamental. O letramento vem antes mesmo da alfabetização, começa lá no ensino infantil, e permeia durante toda fase escolar. Letramento, termo muito utilizado na BNCC na verdade, trata-se da 3 habilidade de não só decodificar símbolos escritos, mas de compreender e interpretar e usar a capacidade de leitura e escrita na pratica social. Espera-se que um leitor letrado seja capaz de refletir e ser crítico daquilo que esta lendo. 3 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL A BNCC traz em seu texto além das competências gerais, 10 competências especificas para língua portuguesa. Tais competências devem ser desenvolvidas pelo aluno progressivamente ao longo do ensino fundamental. Para que isso aconteça, através de suas áreas de conhecimentos traz habilidades que devem ser trabalhadas pelos professores a fim de direcionar o aluno a atingir a competência esperada. Por meio da orientação por competências, o aluno é instigado a deixar sua posição passiva na rotina da sala de aula para muito além de apenas compreender conceitos vivenciar e produzir soluções, interligadas a sua realidade. O estudante é exposto a situações que o tornarão ativo em sua comunidade, com capacidade para argumentar e atuar como cidadão. As competências específicas tratam de assuntos como o reconhecimento da diversidade linguística existente no país. E traz também que a língua é um meio para construir identidades. É preciso que o estudante compreenda nesse ponto que a heterogeneidade da língua vai muito além do sotaque. Temos comunidades que são identificadas apenas pelo modo como falam, como exemplo os rappers com seu palavreado próprio ou as drag queens que conseguem se comunicar com vocabulários criados por elas. . É preciso respeitar a fala do outro, desde que claro, seja observado seu contexto. Do aluno é esperado que ao fim do ensino fundamental ele tenha competência para ser crítico em relação a situações e problemas dentro e fora de sala, que seja atuante em sua comunidade. Saiba usar recursos tecnológicos, e se expressar verbalmente. Usar a escrita para se comunicar e trabalhar em grupos. Muito é esperado do aluno, mas será que ele tem tudo o que precisa para desenvolver essas competências? 4 Alguns terão a sorte de ter esses recursos, pois apesar da BNCC visar uma educação igualitária e com equidade a realidade é muito diferente. Mesmo com um currículo igual, nem todas as escolas tem a mesma capacidade para se adequar a esse currículo. Nem todos os professores tem a mesma formação para ensinar o que foi proposto e nem todos os alunos tem as mesmas condições de aprendizado. Logo, nem todos vão ser capazes de desenvolver as competências esperadas. .4 REFLEXÃO SOBRE A FORMAÇÃO EM LETRAS E AS DIRETRIZES DE ENSINO DA BNCC A formação de professores tem suas diretrizes na RESOLUÇÃO Nº 2, de 1º de julho de 2015, disposta no portal do MEC e sua ultima atualização é a resolução CNE/CP Nº 1, de 27 de outubro de 2020. Ela existe antes mesmo da BNCC ser implementada e funciona como uma base para compor os currículos dos cursos das instituições superiores que formam professores, incluindo o curso de letras. O documento é um norteador para as instituições de ensino superior, sendo que cada instituição tem a flexibilidade para adaptar a construção de seus projetos políticos pedagógicos. A BNCC traz em seu texto que “A primeira tarefa de responsabilidade direta da União será a revisão da formação inicial e continuada dos professores para alinhá-las à BNCC” (BRASIL, 2017, pg 23). Essa necessidade de formação continuada pode ser vista como a importância que o professor tem na implementação dos currículos orientados pela Base. De nada adianta ter excelentes projetos se que os executa não estiver preparado. É o professor que o faz, é ele que tem a função de projetar e mediar o conhecimento, instigar oaluno a transpor os saberes que estão nos livros e buscar seu próprio saber. O professor na condição de agentes formativos de conhecimentos e culturas tem a sua formação Continuada como componente essencial da sua profissionalização, já que seu trabalho é complexo e em constante mutação. Podemos dizer que o que ele aprendeu em quatro anos de formação, ao entrar em prática, esse conhecimento já estará desatualizado, mundo evolui rapidamente. Segundo Imbernón (2016, p.51), As escolas vão mudando e os professores têm de fazê-lo no mesmo ritmo. 5 Outro Ponto sobre a formação de professores é que devem desenvolver a capacidade de usar a tecnologia, traze-la para sala de aula e ampliar as formas de aprendizado de seus alunos. Após sair da universidade, espera-se que além do conhecimento adquirido ao longo do curso, o professor recém-formado tenha a habilidade de interagir com outros professores e trabalhar em equipe. Esse deverá estar preparado para solucionar problemas, tomar decisões e se comunicar claramente tanto perante seus alunos quanto a seus colegas. Falando especificamente sobre o conteúdo de formação do curso de letras. O conteúdo é vasto, abrange diversas áreas de conhecimento como a filosofia da educação, psicologia da educação, ética, didática e muitos outros. Porém, a maior parte é teoria, pouco se tem de prática no curso. A lei obriga a ter horas de estagio, mas ainda sim o futuro professor não esta preparado para enfrentar a sala de aula logo após sair da universidade. Pensar em uma sala de aula cheia de alunos com conteúdos a ensinar sem ter pleno conhecimento de como fazê-lo, é uma forma de pesadelo dos alunos/futuros professores. A formação do futuro professor deve focar não só em conteúdo a ser ensinado, mas também prepara-lo para desenvolver as competências e habilidades que constam na BNCC. O professor deve receber apoio no processo de planejamento de aulas sobre essa nova perspectiva advinda da BNCC, e também durante a sua formação vivenciar práticas que o levem a desenvolver as competências nele próprio. É muito importante lembrar que qualidade de aprendizagem dos alunos esta ligada a qualidade de aprendizagem e formação dos professores. Segundo Maurice Tardif (2002) O saber não vem apenas da sua formação profissional. Os saberes que servem de base para o professor são adquiridos através das experiências pessoais, da formação recebida na escola e universidade, através de contato com outros professores mais experientes e claro com os alunos em sala de aula. Logo, um professor bem formado, traz consigo muito além do que esta nos livros, ele traz toda sua vivência de mundo e dentro da universidade irá somar ao conteúdo desenvolvido e sua vivencia com professores. 6 REFERÊNCIAS Acervo da construção da BNCC. Disponível em :https://movimentopelabase.org.br/acervo-da-construcao-da-bncc/. Acesso em 14 de jul. 2021. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. 2017. Disponível em http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/base/o-que. Acesso em 08 de Jul. 2021. Cruz, Priscila. Canal Futura: Qual a importância da formação de professores para o ensino? Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kb7bsjvys80. Acesso em 15 de Jul. 2021. Drumond, Kelly. Alfabetização e letramentos. Disponivel em: https://www.sistemamaxi.com.br/alfabetizacao-e-letramento/. Acesso em: 07 de jul. 2021. Editora Moderna. BNCC NA PRÁTICA #4| Formação de Professores. Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=BLIX1HIauPA. Acesso em 15 de jul. 2021. IMBERNÓN, Francisco. Qualidade do ensino e formação do professorado: uma mudança necessária. São Paulo: Cortez, 2016. PEREZ, Tereza (org.). BNCC: a Base Nacional Comum Curricular na prática gestão escolar e pedagógica. São Paulo: Moderna, 2018 Tardif, Maurice. Saberes docentes e formação profissional.Petrópolis, RJ : Vozes, 2002. Ximenes, Salomão; Cássio ,Fernando. Uma base em falso. 2017. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2017/Uma-Base-em-falso. Acesso em 13 de Jul. 2021. . http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/base/o-que https://www.youtube.com/watch?v=kb7bsjvys80 https://www.youtube.com/watch?v=BLIX1HIauPA https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2017/Uma-Base-em-fals.%20Acesso%20em%2013