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Infecções das vias aéreas superiores

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INFECÇÕES DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES 
AULA 1 – PEDIATRIA II 
Como devemos conduzir o paciente com queixas 
respiratórias? 
 
Porção condutora: região de via aérea superior: fossas 
nasais, cavidade bucal, faringe, laringe. 
Porção respiratória: 2/3 inferiores da traqueia, pulmões, 
brônquios. 
ABORDAGEM INICIAL 
O diagnóstico apropriado de uma criança que se apresenta 
com sinais e sintomas respiratórios depende muito da 
história e exame físico cuidadosos. Em alguns pacientes, 
são necessários testes e modalidades diagnosticas 
complementares. 
A ausculta é muito importante para essas queixas. Assim 
como exames complementares laboratoriais (hemograma, 
PCR e outros) e imagens (raio-x simples de tórax AP e 
perfil). 
HISTÓRIA: a história deve incluir perguntas sobre os sinais 
respiratórios: 
→ Dispneia 
→ Tosse seca ou produtiva 
→ Dor – onde? Tórax, cabeça... 
→ Sibilos 
→ Roncos 
→ Apneia 
→ Cianose de extremidade ou central 
→ Cronicidade dos sintomas ou agudo? Nunca 
apresentou anteriormente? 
→ Ocorrência dos sintomas – durante o dia ou noite 
ou ambas 
→ Os sintomas estão associados as atividades como 
exercícios ou alimentação. – Reação a alimentos: 
alergia? 
O sistema respiratório interage com inúmeros outros 
sistemas, os problemas relacionados aos sistemas cardíaco, 
gastrointestinal, sistema nervoso central, hematológico e 
imune podem ser relevantes. Portanto, podemos ter 
cardiopatias que levam a criança a dispneia, DRGE leva a 
tosse crônica e se houver aspiração, pode levar a uma 
pneumonia aspirativa. 
Questões relacionadas ao refluxo gastrointestinal (comum 
principalmente em lactentes) ou ao estado imunológico 
podem ser importantes em um paciente com pneumonias 
de repetição. 
A história familiar é essencial, deve incluir perguntas sobre 
irmãos ou outros parentes próximos com sintomas 
semelhantes ou qualquer doença crônica com 
componentes respiratórios. 
É importante para fazer o diagnóstico de doenças, no caso, 
como autoimunes como doenças respiratórias. É muito 
comum que isso se manifeste nos pais, tios, avós, irmãos, 
primos de primeiro grau. 
EXAME FÍSICO: a disfunção respiratória geralmente 
produz alterações detectáveis no padrão da respiração, 
portanto a frequência respiratória muda, padrão 
respiratório muda, a ausculta confirma a presença de um 
prolongamento inspiratório ou expiratório e gera 
informações sobre simetria e qualidade do movimento de 
ar, geralmente detectando sons anormais e adventícios. 
Prolongamentos inspiratórios: a favor de uma obstrução em 
região extratorácica. Portanto, a porta de entrada do 
pulmão está obstruída. 
Prolongamentos/esforço expiratórios: obstrução em região 
intratorácica. A porta de saída do pulmão está obstruída e 
consequentemente tem esforço expiratório maior. 
Normalmente leva ao uso de musculatura acessória – 
batimento de asa do nariz, afundamento da fúrcula eternal. 
Pela ausculta conseguimos avaliar a simetria da ausculta do 
pulmão direito e esquerdo/ápice com ápice/base com base. 
Portanto, a ausculta sempre deve ser comparando o ápice 
de um pulmão com outro, região média de um com outro e 
base com outra. Porque podemos ter só um pulmão com 
sua capacidade respiratória reduzida e alterada. 
Qualidade do movimento do ar: se esse ar inspira ou expira 
de forma normal. Porque alteração nesses leva a um som 
que classificamos como anormal ou adventício. Esse som 
adventício que pode ser um sibilo, estridor, estertor 
crepitante. De acordo com o tipo desse som adventício 
também temos a ideia de qual diagnostico e qual região 
anatômica está com processo inflamatório, edema, 
obstrução. 
Medir a FR, principalmente na criança é fundamental. É 
extremamente sensível a criança e aos estímulos. 
Alteração na FR para mais (taquidispneia) é o sintoma único 
individual que faz diagnostico de pneumonia, por exemplo. 
DE 0-2 MESES: normal até 60 ipm. Acima desse valor, fala 
favor de pneumonia. 
DE 2 MESES COMPLETOS ATÉ 1 ANO DE IDADE: 50 ipm. 
Acima disso – pneumonia. 
APARTIR DE 1 ANO: 40 ipm. 
ACIMA DE 5 ANOS: 30 ipm. 
 
Criança com doença obstrutiva respiratória como vai 
respirar? Normalmente, a doença obstrutiva vai fazer com 
que a criança respire de forma lenta e profunda. Diminui a 
frequência e tenta aprofundar a respiração para tentar uma 
tomada de ar de maior. 
Quando a obstrução é extratorácica e fala anatomicamente 
cavidade nasal até meados da traqueia, a inspiração é mais 
prolongada porque a porta de entrada que está fechada. A 
dificuldade para inspirar. E o estridor inspiratório é a 
ausculta característica. Por isso, a laringite se chama 
estridurosa. 
Já na obstrução intratorácica, como é a porta de saída do ar 
que está obstruída. A expiração é que vai ser prolongada e 
portanto, é um ausculta de expiração prolongada. Que 
normalmente é o sibilo expiratório. 
O paciente com obstrução intratorácica, para poder 
esvaziar o pulmão porque inspira, enche o pulmão de ar, a 
porta de saída está obstruída, ele relaxa e o ar fica retido no 
pulmão, então, ele usa a musculatura acessória para fazer o 
processo expiratório, para fazer com que o pulmão expulse 
o ar que ele inspirou. 
A percussão pulmonar, principalmente em lactentes, ela 
tem um valor limitado. Não conseguimos pela percussão 
identificar o ruído se ele é originado de um tecido ou de 
outro pela proximidade, anatomia pequena do lactente. 
Já no adolescente, adulto, a percussão tem um valor que 
não é muito grande, mas deve ser realizada. 
Na doença pulmonar restritiva, como derrame pleural por 
exemplo, pneumonia e atelectasia – MACICEZ. Porque? 
Porque tem um processo inflamatório que aumenta a 
densidade daquela localização anatômica. Tem uma 
densidade maior, o pus do processo inflamatório é denso. 
Já nas doenças obstrutivas como asma e pneumotórax, pela 
pressão externa maior e se tem uma lesão, vai entrar e 
colabar o pulmão. O ar não é denso. Na asma não temos 
inspiração e expiração de forma normal, o pulmão fica com 
ar retido. Nesses dois, temos um excesso de gás, portanto 
vamos ter uma percussão TIMPANICA. 
A ausculta confirma a presença de um prolongamento 
inspiratório ou expiratório e gera informações sobre a 
simetria e qualidade do movimento de ar, além disso, ela 
geralmente detecta sons anormais ou adventícios, como 
um estridor (um ruído monofásico predominantemente 
inspiratório), estertores (sons interrompidos de alto grau, 
encontrados durante a inspiração e mais raramente 
durante o início da expiração, o que denota a abertura de 
espaços aéreos previamente fechados) ou sibilos (sons 
musicais contínuos, geralmente causados pelo 
desenvolvimento de um fluxo turbulento em vias aéreas 
estreitas). 
O sibilo normalmente é expiratório. É continuo, causado 
por alteração no fluxo turbulento. O processo inflamatório 
nos brônquios e bronquíolos terminais faz com que o ar 
circule quando ele é inspirado. E essa circulação, por conta 
do estreitamento da via aérea com edema faz aquele som 
que lembramos de assobio – sibilo. 
O baqueteamento digital é um sinal de hipóxia crônica. A 
etiologia normalmente não é pulmonar. Normalmente, é 
cardíaca. 
INTERPRETAÇÃO DE SINAIS CLÍNICOS PARA 
LOCALIZAR O LUGAR DA PATOLOGIA: a interpretação 
apropriada desses achados clínicos constitui o primeiro 
passa para entender e estabelecer um diagnóstico 
adequado e localizar o local do processo inflamatório. 
A angustia respiratória pode ocorrer sem doença 
respiratória, e insuficiência respiratória grave pode estar 
presente sem angustia respiratória significativa. 
Quais doenças podem causar uma angustia respiratória e 
não ser doença respiratória? Principalmente as que causam 
excitação no SNC – meningites, encefalites, uso de droga 
neuroexcitadora. – hiperventilação neurogênita central. 
Criança taquidispneica não pode 
receber alimentação enteral. Durante 
esse período, não é recomendado 
amamentação porque a chance dela 
broncoaspirar é muito grande.Velocidade e profundidade da respiração, presença ou não 
de retração, uso de musculatura acessória, estridor, 
sibilancia e gemidos são sinais valiosos para localização do 
sitio de patologia respiratória. 
Estridor respiratório é uma marca de obstrução da via 
aérea extratorácica. 
Sibilância expiratória é característica de obstrução da via 
aérea intratorácica, seja extrapulmonar seja intrapulmonar. 
Gemido é produzido pela expiração contra uma glote 
parcialmente fechada, sendo uma tentativa de manter 
pressão positiva nas vias aéreas no momento da expiração, 
durante tanto tempo quanto possível, o gemido também é 
eficaz na obstrução das pequenas vias aéreas – bronquíolos 
terminais (bronquiolite) para manter uma pressão positiva 
mais alta na via aérea durante a expiração, diminuindo o 
colapso da via aérea. 
Se quando expirar a pressão não se mantiver positiva, o 
bronquíolo vai colabar. Para manter a pressão positiva e no 
caso da bronquiolite, o bronquíolo terminal sem colabar, a 
criança apresenta o gemido. 
A região da glote e subglote quando está edemaciada, 
temos a tosse de cachorro que é uma tosse metálica. Pode 
produzir gemido na expiração. 
Portanto, a criança para tentar manter a pressão positiva 
na via aérea, principalmente na expiração, ela inspira e ela 
expira forçando a saída do ar. Condição que chamamos de 
gemido. 
Então, diante de uma criança com gemido, temos que 
pensar: em região glote destruída por edema ou região de 
bronquíolo terminal. 
SONS ADVENTÍCIOS 
Se percebemos na ausculta o som adventício, dependendo 
do tipo já pode começar a fechar o diagnóstico. 
CONTÍNUOS 
RONCO: são sons grosseiros e ásperos que ocorrem 
quando o ar está bloqueado por muco, podendo ocorrer 
tanto na inspiração como na expiração. Bloqueado pela 
secreção livre (catarro, muco) em uma área de grande 
calibre causa esse som ao se mover com a entrada e saída 
de ar nos pulmões – ronco de transmissão. 
Quando o paciente pigarra ou tosse e levar esse catarro 
para boca (a criança costuma engolir) não temos mais o 
ronco naquele momento. 
SIBILO: é um som musical continuo, geralmente causados 
pelos desenvolvimentos de um fluxo turbulento em vias 
aéreas estreitas pelo muco, catarro e edema. Parece um 
assobio. 
ESTRIDOR: também é um som continuo, mas é 
monofásico e inspiratório. Principalmente na laringite 
estriduosa, o paciente quando inspira força. Não é um 
assobio agudo como o sibilo, mas é próximo ao sibilo. 
DESCONTÍNUO 
ESTERTORES (CREPITANTES OU SUBCREPITANTES): sons 
interrompidos de alto graus, encontrados durante a 
inspiração e mais raramente durante o início da expiração, 
o que denota a abertura de espaços aéreos previamente 
fechados. 
Na pneumonia, tem o crepitante. – Inspiração profunda. 
O crepitante é o som do fio do cabelo passando no outro. 
Fala a favor da pneumonia. Na pneumonia, o alvéolo está 
inflamado, o parênquima também – pulmão fechado. 
Quando inspira com força, faz com que esse espaço aéreo 
que tá previamente fechado se abre e tem esse som. 
 
→ Roncos: Asma, Doença Pulmonar Obstrutiva 
Crônica (DPOC) ou Corpo Estranho. 
→ Sibilos: Indicam Broncoespasmo, Asma ou DPOC. 
→ Estridor: Epiglotite, Crupe, Tumor, Corpo Estranho 
ou Estenose/Espasmo Laringotraqueal. 
→ Estertores: 
Crepitantes: Pneumonia, Bronquite, Tuberculose, 
Doença Intersticial ou Edema Pulmonar. 
Subcrepitantes: Fibrose 
Pulmonar ou Bronquiectasia. 
EXAMES COMPLEMENTARES 
→ Analise dos gases sanguíneos (gasometria). 
→ Radiografia do tórax, das vias aéreas superiores 
(lateral do pescoço), da região nasal e seios da 
face. 
→ TC e RM do tórax. 
→ Broncografia. 
→ Microbiologia – exames das secreções 
pulmonares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	abordagem inicial
	SONS ADVENTÍCIOS
	CONTÍNUOS
	descontínuo
	EXAMES COMPLEMENTARES

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